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Integrando os ministério através dos PGs

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PEQUENOS GRUPOS
EvEron Donato
21 FOCO NA PESSOA www.foconapessoa.org.br
IntroDução:
Um cliente de uma pequena loja descobriu que Eddie, o balconista vagaroso, não es-tava presente. “‘onde está o Eddie? Ele está doente?’
“‘não’, foi a resposta. ‘Ele não trabalha mais aqui.’
“‘você já tem alguém em mente para a vaga dele?’ 
Perguntou o cliente.
“‘não! Eddie não deixou nenhuma vaga!’”(BECKHaM, 
2007, p. 55)
na maioria das igrejas existem pessoas como Eddie, 
mas por que elas desaparecem e não deixam vagas?
Essa é uma particularidade marcante na igreja institu-
cional moderna. À semelhança de Eddie, uma grande 
fatia de membros (em torno de 80% ou mais) contribui 
muito pouco ou nada para a vida da igreja. uma das 
razões é que as igrejas não possuem um sistema que 
percebam os membros e os integrem aos os ministé-
rios da igreja.
os Pequenos Grupos permitem que a igreja tenha uma 
abordagem melhor a fim de obterem um ministério 
integrado. Podemos sugerir que os Pquenos Grupos 
integram a obra e o ministério da igreja quando con-
siderados em pelo menos quatro áreas:
1. IntEGração PsIColóGICa;
2. IntEGração soCIal;
3. IntEGração EsPIrItual;
4. IntEGração orGanIzaCIonal. 
1. Do ponto de vista psicológi-
co, as estruturas dos Pequenos 
Grupos possibilitam “a integração 
do pensamento comum, propósito 
compartilhado que permeia todo o 
grupo” (KornFIElD, 2002, p.50). o 
pequeno grupo oferece o contexto 
para uma visão geral que mantém o 
grupo unido, fortalecido e poderoso 
para ser um agente de mudanças. 
unidas, as pessoas podem con-
seguir muito mais do que o fariam 
individualmente. “Se tiver mais do 
que uma visão, o grupo poderá cair 
na maldição do ditado: ‘visão mais 
visão resulta em divisão’ ” (Idem).
um exemplo da integração psi-
cológica pode ser visto no pequeno 
grupo da casa de Áquila e Priscila. 
Onde quer que estivessem, Roma, 
Éfeso ou Corinto (rom. 16:3-5; I Cor. 
16:19), abriam a casa deles como 
um centro de evangelização para 
não crentes, e de apoio e discipu-
lado para os crentes. Este casal fazia 
parte do ministério de Paulo e dis-
cipularam apolo em Éfeso “decla-
rando mais pontualmente o Cami-
nho de Deus” At 18:26. Não restam 
dúvidas de que havia na igreja-lar 
de Áquila e Priscila um pensamento 
comum de transformar a casa deles 
num centro evangelístico.
2. Do ponto de vista social, es-
sas estruturas possibilitam e estimu-
lam “os relacionamentos primários, 
face a face, que dão à igreja coesão 
social e poder” (BARCLAY, 1983, p. 
31). a igreja tem um “sistema de 
entrega” na sociedade em que o 
crente e o descrente podem experi-
mentar a cura na comunidade.
a igreja em atos apresentava essa 
integração sociológica. “tinha o que 
alguém chamou a grande qualidade 
de estar juntos. nelson explicava 
uma de suas grandes vitórias di-
zendo: ‘tive a alegria de comandar 
um grupo de irmãos’. a Igreja só é 
uma verdadeira Igreja quando é um 
grupo de irmãos” (Idem). 
a expressão que marca a integra-
ção social na igreja primitiva é a de 
atos 2:42 “e perseveravam na [...] 
comunhão, e no partir do pão, e nas 
orações”. observe como era mar-
cante este tipo de integração: 
“A Igreja primitiva tinha um 
costume; tratava-se de uma festa 
chamada Ágape ou Festa de amor. 
todos os cristãos concorriam a ela, 
levando o que podiam, e quando 
se juntava todo o contribuído, sen-
tavam-se e tinham uma comida em 
comum [...]. A Igreja primitiva era o 
único lugar em todo mundo antigo 
em que as barreiras que o dividiam 
tinham caído. O mundo antigo es-
tava dividido rigidamente: havia os 
homens livres e os escravos, havia 
os gregos e os bárbaros [...]. a Igreja 
era o único lugar em que todos os 
homens podiam reunir-se” (Ibidem, 
p. 102 e 103).
Quando Cristo iniciou a primeira 
ceia, realizou-a “na sala do superior 
no formato simples da família juda-
ica, que ocorria após ocasiões espe-
ciais da família [...] Jesus deu signifi-
cado espiritual a um evento familiar 
muito comum” (BECKHaM,2007, 
p. 133). a informalidade e o calor 
pessoal dessa refeição eram mais 
apropriados para um contexto de 
pequeno grupo. 
3. Do ponto de vista teológico 
e bíblico, essas estruturas proveem 
o contexto para experimentar a co-
munhão do Espírito santo, a inte-
gração espiritual.
Foi este o caso da comunidade 
cristã que se reunia no andar supe-
rior de uma casa particular, da mãe 
de João Marcos em Jerusalém. sua 
integração espiritual era tão grande 
que a obra do Espírito santo pôde 
ser percebida de maneira irresistível 
na libertação de Pedro da prisão. os 
cristãos nessa casa, que provavel-
mente foi a sede da igreja cristã, es-
tavam orando para que Deus fizesse 
frente às dificuldades, retirando Pe-
dro da prisão. o relato diz que Deus 
ouviu a oração daquela comunidade 
que estava integrada espiritual-
mente (atos 12:1-17). 
4. a igreja em PGs também 
unifica a igreja de maneira orga-
nizacional. Jesus projetou a igreja 
do novo testamento para funcionar 
como um sistema integrado sim-
ples, organizado ao redor da vida 
em Pequenos Grupos. temos de-
senvolvido um sistema administrati-
vo compartimentalizado complexo, 
organizado ao redor de programas 
independentes.
o resultado é um sistema que 
exige cada vez mais administração, 
promoção, instalações e atividades. 
Exige-se um esforço cada vez maior 
por parte dos líderes para mantê-lo 
em movimento.
a complexidade da igreja brota 
do modelo de igreja. o “malabaris-
mo” é uma ilustração perfeita desse 
fenômeno. Esse tipo de artista, nor-
malmente, lança as esferas ao ar, 
acrescentando cada vez mais es-
feras, no entanto, esse é um desas-
tre programado, pois à medida que 
as esferas giram mais lentamente, 
elas estão em perigo de cair. o ar-
tista então aumenta a velocidade 
para mantê-las girando no ar. o pú-
blico se envolve encorajando o ar-
tista, apontando para as esferas que 
estão prestes a cair e expressando 
consternação quando uma cai.
Como líder de igreja, às vezes 
você se sente como esse artista? 
Coloca os “programas giratórios” no 
ar, mas não demora muito para per-
ceber que quanto mais programas 
coloca para girar, tanto mais precisa 
trabalhar para mantê-los todos gi-
rando. logo você está correndo de 
lá para cá entre todos os programas 
compartimentalizados, trabalhan-
do arduamente para mantê-los no 
ar. logo aprende que o problema 
não está na falta de esforço ou ha-
bilidade. o problema é que cada 
esfera deveria ter sua própria fonte 
de poder para mantê-la girando. 
a questão é encontrar uma fonte 
22 FOCO NA PESSOAwww.foconapessoa.org.br
vEJa alGuns 
EXEMPlos:
todos na igreja precisam ter o seu 
lugar. Precisamos parar de fabricar 
“Eddies” que não façam falta, jus-
tamente por que nunca se senti ram 
integrados e deixaram de ocupar 
seu espaço. assim, a igreja em PGs 
será poderosa para integrar seus 
membros psicologicamente, social-
mente, espiritualmente e organiza-
cionalmente. lideremos a igreja 
com o modelo de Jesus!
BECKHaM, William a. a segunda reforma: a igreja do novo testamento no século XXI. tradução Janzen, Harold. 
Curiti ba: Ministério Igreja em Células no Brasil, 2007.
KORNFIELD, David. Equipes de ministério que mudam o mundo: oito característi cas de uma equipe de alto ren-
dimento. são Paulo: sepal, 2002.
BARCLAY, William. A primeira carta aos corínti os. Tradução Piou, Dafne Sabanes de; Biagini, Carlos. Buenos Aires: 
Asociación Ediciones La Aurora, 1983.
BurrIll, russell. Como reavivar a igreja do século 21: o poder transformador dos Pequenos Grupos. tradução 
Franco, Ellen Mary t. B. tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2005.
de “poder giratório” para todas as 
esferas, a fi m de que o trabalho se 
torne possível e prazeroso.
É preciso que paremos de correr 
e lideremos a igreja à maneira de 
Jesus. Épreciso experimentar uma 
mudança, um novo modelo: “o novo 
paradigma é uma igreja onde o PG é 
o princípio organizador sobre o qual 
tudo na igreja está baseado” (Bur-
rIll, 2005, p. 172). 
Como seria o funcionamento de 
uma igreja assim na práti ca, toman-
do o PG como ponto de parti da das 
suas ações?
Pr. Pastor EvEron Donato 
É líder do Ministério Pessoal da Divisão sul-americana. É mes-
tre em teologia Pastoral e Mestre em liderança pela andrews 
university. sua experiência anterior inclui as funções de pas-
tor distrital em Palmares, Pernambuco e diretor de Ministé-
rio Pessoal na associação Pernambucana, associação Bahia e 
união nordeste. antes de aceitar o chamado para a Divisão sul-
americana o pastor Everon servia como presidente da Missão 
sergipe.
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