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FICHAMENTO - FRANÇOIS DOSSE - A HISTÓRIA EM MIGALHAS

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FICHAMENTO
TEXTO: Os anos Braudel: a ofensiva. In: DOSSE, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo: Ensaio; Campinas: Ed. Da UNICAMP, 1992. 
O texto começa falando sobre a série de crises que a Europa atravessa no século XX, sobretudo a Segunda Guerra Mundial: “A Reconstrução da Europa vai de agora em diante passar ou por Nova York com o plano Marshall, ou por Moscou; a Europa encontra-se vassalada. Sua preponderância, já alcançada entre 1914 e 1918, desmorona-se na metade do século XX” (p. 101).
“O discurso do historiador fundamentado no estado-nação, na vocação europeia da missão civilizadora universal, não resiste a essas novas evoluções do mundo contemporâneo e a aspiração a uma história diferente é cada vez mais urgente” (p. 101).
“A barbárie vez mais urgente. A barbárie desencadeada durante esse segundo conflito mundial ultrapassou tudo o que se poderia imaginar. Ao reunir no bulldozer os cadáveres deixados pela Alemanha nazista, descobre-se o horror de suas atrocidades, a grandeza dos crimes contra a humanidade e o extermínio de seis milhões de judeus. Esta milhões de judeus. Esta barbárie perpetrada por uma sociedade tão avançada como a Alemanha abala as certezas sobre o sentido da história e sobre o avanço da humanidade em direção a um estado de civilização sempre em progresso. A capacidade decuplicada de destruição, revelada pelos bombardeios de Hiroshima e de Nagasaki, reforça ainda a inquietude diante do futuro: saberá a razão triunfar sobre a barbárie? Tudo é incerto após esses desastres” (p. 101 e 102).
“A Internacionalização não somente da economia, mas também da comunicação, da informação entre os homens dos diferentes continentes, torna necessária uma reorientação do discurso do historiador que se adapte à nova consciência do tempo histórico” (p. 102). 
“Sob o impulso das novas interpelações do pós-guerra, a revista modifica-se. Adota o título de Annales: économies, societés, civilisations. O desaparecimento do termo história evoca o anseio de avançar no projeto de reaproximação com as outras ciências sociais” (p. 102).
Sobre o fato do desaparecimento do termo história, Lucien Febvre se manifestou arguindo que “Os Annales modificam-se porque à sua volta tudo se modifica: os homens, as coisas, numa palavra o mundo. Expliquemos o mundo ao mundo." (p. 102).
“Esta reorientação do discurso do historiador é alimentada pelo desenvolvimento espetacular das ciências sociais. O crescimento necessita do conhecimento de indicadores fornecidos pelos novos organismos dotados de meios eficazes” (p. 105).
François Dosse segue discorrendo sobre fascínio que as denominadas ciências sociais despertaram ao longo dos anos 1950, a ponto de representar uma ameaça para a História: “Essa pressão das ciências sociais sobre a História torna-se, então, muita forte e vai influir, de maneira decisiva, no discurso do historiador, portanto, no discurso dos Annales (...) O perigo é vivido pelos historiadores até nas suas relações com o grande público, pois as ciências sociais abarcam as grandes tiragens e monopolizam os grandes eventos intelectuais” (p. 106 e 107).
 Dosse fornece vários exemplos de livros que atingiram esse sucesso, entre eles a Introdução à Psicanálise de Sigmund Freud, que ultrapassou a marca de 165.000 exemplares entre 1962 e 1967. 
Em seguida, o texto mostra a grande rivalidade entre a Etnologia e a História, representada entre Claude Lévi-Strauss e Fernand Braudel, cujo palco foi o Brasil, no caso a Universidade de São Paulo. Defensor da bandeira do anti-historicismo e da “des-historização”, Lévi-Strauss levanta um questionamento radical sobre a História e, tal fato, fará com que Fernand Braudel construa uma resposta a tal “questionamento com a mudança de linha das pesquisas históricas para lhes dar o caráter estrutural” (p. 110).
“Fernand Braudel opõe a herança de Marc Fernand Braudel opõe a herança de Marc Bloch e de Lucien Febvre à herança de Claude Lévi-Strauss, mas inova ao mudar as linhas das primeiras orientações a fim de conter a ofensiva estruturalista. A história dos Annales encontrou em Fernand Braudel o revitalizador da mesma estratégia, ao fazer da história a ciência federalista das ciências humanas, ao apoderar-se do programa dessas últimas” (p. 111).
“A história braudeliana pretende ser antes de tudo síntese, como a antropologia, mas com a superioridade do pensamento espaço-temporal. Retoma a herança da primeira geração do Annales. A duração condiciona todas as ciências sociais e confere um papel central à história. ‘O tempo, a duração, a história se impõem de fato, ou deveriam se impor a todas as ciências do homem’” (p. 113).
“Fernand Braudel Inova, então, ao tomar emprestado diretamente o discurso de Claude Lévi-Strauss. Ele lhe opõe o trunfo principal do historiador: a duração, não a da dupla tradicional acontecimento/datação, mas a longa duração que condiciona até as estruturas mais imutáveis que o antropólogo valoriza. (...) Reconhece a exatidão da crítica de François Simiand contra a singularidade do acontecimento e seu caráter fútil para
as ciências sociais: ‘A ciência social tem quase horror ao acontecimento. Não sem razão: o tempo curto é a mais caprichosa, a mais enganadora das durações’” (p. 115).
“Se Claude Lévi-Strauss ambicionava desvendar os mistérios da natureza humana nesse entremeio que permite a ligação entre o biológico e o psicológico, já Fernand Braudel lhe contrapõe a irredutibilidade da natureza física, e a lentidão da temporalidade geológica. Neurônios ou geologia? O factual é remetido à insignificância, mesmo que este nível represente um terço da tese O Mediterrâneo” (p. 118).
“Fernand Braudel, como Claude Lévi-Strauss, reverte a concepção linear do tempo que avança na direção de um aperfeiçoamento contínuo, ele a substitui por um tempo estacionário em que passado, presente e futuro não se diferenciam mais e se reproduzem sem descontinuidade. Só a ordem da repetição é possível, privilegia as invariantes e torna Ilusória a noção de acontecimento. ‘Na explicação histórica, tal como a vejo, é sempre o tempo longo que acaba por vencer. Negando uma multidão de acontecimentos’ (p. 120). 
“A ofensiva de Fernand Braudel, diante do desafio lançado pela antropologia estrutural, teve êxito na medida em que a história permaneceu a peça central no campo das ciências sociais, certamente ao preço de uma metamorfose que implicou mudança radical. Ao fracassar na desestabilização dos historiadores como instituição, Claude Lévi-Strauss retornou recentemente ao território deles para se apropriar de suas velhas roupagens usadas e abandonadas” (p. 122).
Lévi-Strauss durante uma entrevista chegou a afirmar que “velhas roupagens usadas e abandonadas: "Enquanto que a Nova História endossava nosso interesse por coisas que eles deveriam levar em conta, nós começávamos a nos interessar pelos domínios que a Nova História abandonava, como as alianças dinásticas e as relações de parentesco nas grandes famílias, que se tornaram atualmente o terreno predileto dos jovens etnólogos. Há, portanto, uma verdadeira troca recíproca". A história tornando-se antropológica, a antropologia tornando-se histórica” (p. 122 e 123).
Dosse destaca ainda o relevante papel de Braudel como construtor de impérios e na salvaguarda e defesa da História contra a Antropologia, nesse clima dissonante entre as ciências: “Fernand Braudel é, antes de tudo, um construtor de impérios, ourives em matéria de organização e preocupa-se sobretudo com a consolidação e a ampliação do território do historiador. Graças a ele, os Annales puderam resistir sem danos à investida estruturalista, pois se apoiam em uma cátedra institucional cada vez mais sólida. Ao desafio anti-histórico, ele traz uma dupla resposta, no plano das linhas de pesquisa e no plano das posições de poder. Assim "a guerra entre história e estruturalismo não acontecerá" (p. 123).
O texto conclui do renomado escritor conclui dizendo que Braudel é menos um historiador original na esfera da teoriado que um homem ativo, enérgico e de perfil arrojado e empreendedor: “Conhecido por seus escritos, Fernand Braudel terá sido, portanto, sobretudo um construtor, mais eficaz ainda pela solidez das construções, das instituições que criou do que pela originalidade de suas teorias. Mais homem de ação do que teórico, mudou a direção de um certo número de orientações dos Annales da primeira geração. Por essa razão, ele é o nó essencial na evolução dessa escola em direção a sua era triunfal” (p. 132).

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