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Resenha: O que é Linguística Aplicada e como a ética é abordada em suas pesquisas

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Universidade Federal da Fronteira Sul- Campus Chapecó
Dsciplina: Linguística Aplicada ao ensino e aprendizagem da língua portuguesa
Curso: Letras, Portugês e Espanhol. 6ª fase, noturno
Aluna: Marina Mueller
O que é Linguística Aplicada e como a ética é abordada em suas pesquisas
	O artigo Questões de ética na pesquisa em Linguística Aplicada, de Maria Antonieta Celani, aborda temas inerentes à LA, esclarecendo as vertentes em que esta se divide e como é trabalhada a ética nas pesquisas. Por ser uma pesquisa com seres humanos, sentiu-se por volta de 2002 a necessidade da criação de comitês de ética, que evitaria prejuízos e danos aos envolvidos (pesquisador, participantes das pesquisas, e sociedade em geral). 
	Fica a dúvida, porém, de quem determina o que é adequado e o que não é, e para quem. Os procedimentos não éticos podem ser reduzidos à má conduta e fraude. Segundo a definição de Moraes, citado por Celani, a má conduta seria praticar qualquer ato que adulterasse os dados da pesquisa (entre outras coisas), na medida que a fraude seria o plágio (inventar ou falsificar dados). Os termos, no entanto, também são mutáveis, podendo confundir-se um com o outro. 
	Pennycook, por exemplo, considera as diferenças culturais como influenciadoras de plágio, pois na cultura oriental espelhar-se no mestre é motivo de honra e orgulho, portanto não configura-se como plágio. Além disso, no ensino fundamental e médio o termo "pesquisa" não é abordado de forma completa, normalmente sendo algo bem superficial. Celani salienta que "[...] É papel de todo professor, de qualquer disciplina no currículo escolar, discutir essas questões dos procedimentos considerados na nossa cultura acadêmica atual éticos ou não éticos. Faz parte da educação geral."1CELANI, Maria Antonieta. Questões de ética na pesquisa em Linguística Aplicada. In Linguagem e Ensino, Vol. 8, No. 1, Pelotas, 2005. Pág. 118-119
 
	Entrando na definição de LA, segundo Luiz Paulo da Moita Lopes no texto Afinal, o que é linguística aplicada?, a natureza da LA ainda é muito discutida nos encontros de Linguistica Aplicada no Brasil. O autor defende que esses debates são importantes para esclarecer os preceitos sob os quais operam, além de ser essencial para promover-se pesquisas. A busca por uma padronização, portanto, parece ser o objetivo no campo de LA. Moita Lopes defende, ainda, que não procura-se somente demarcar a Linguística Aplicada como diferente da Linguística, mas também refinar modos de se realizar pesquisa em LA. 
	Na tentativa de responder à pergunta primordial, Afinal, o que é Linguística Aplicada, o autor caracteriza um paradigma de investigação do qual faz uso e que é defendido por vários pesquisadores no Brasil. Segundo esse pardigma, a LA pode ser definida pelos seguintes pontos:
a. Trata-se de uma ciência social, na medida que estuda os problemas da linguagem em uso e seus falantes estão inseridos num contexto social. 
b. Conhecer a linguagem em interação linguística escrita e oral é importante para que o linguista aplicado consiga resolver as questões concernentes à sua área. 
c. A LA é uma mediadora entre o conhecimento de várias disciplinas, de um lado, e o problema de uso da linguagem que pretende investigar, do outro.
d. Por entrar no âmbito de várias disciplinas, a LA contribui com elas também, formulando seus próprios modelos teóricos. Portanto, não atua somente no campo da linguística.
e. Inicialmente a LA atuou baseada na natureza positivista, que "utilizava na área das ciências humanas os pressupostos e os procedimentos da pesquisa nas ciências exatas, os mesmos padrões de busca de objetividade e do suposto rigor da linguagem 'científica' nos relatos dos resultados."2CELANI, Maria Antonieta. Questões de ética na pesquisa em Linguística Aplicada. In Linguagem e Ensino, Vol. 8, No. 1, Pelotas, 2005. Pág. 106
	A LA passa a interessar-se cada vez mais pela pesquisa de base interpretativista, onde o foco é no processo de uso da linguagem.	Segundo Celani, devido ao caráter social da pesquisa, os sujeitos participantes são colaboradores na construção de sentido dela, e o método para descrevê-la deve ser dialógico, da mesma forma que as interações o são. Uma pesquisa interpretativista ou qualitativa deve, primeiramente, ser mais um desdobramento que um plano definitivo, sendo suscetível a imprevistos e requerendo uma concentração maior e monitoramento constante.
	Algumas dificuldades surgem quanto à preservação do anonimato do participante, ou melhor, até que ponto esse anonimato deve ser matido sem que isso altere o detalhamento das descrições da pesquisa. Quanto à posse dos dados também há toda uma discussão, visto ser propriedade tanto dos pesquisadores quanto dos participantes, com interesse da sociedade, portanto devem ser acessíveis ao público e adequar a linguagem para divulgação. Citando Cameron et al. (1993, p.83), Celani alega que a presença de enganos ou omissões na divulgação não necessariamente ferem os princípios éticos, sendo equilíbrio a palavra chave para que a pesquisa resulte positiva a ambas as partes. 
	Celani aponta a importância do professor como influenciador no promovimento de atitudes éticas, tanto com os participantes da pesquisa quanto com os colegas de formação e professores.
	Linguística Aplicada no Brasil
	O Brasil tem apresentado muitos trabalhos nos congressos internacionais de LA, e a cada três anos desde 1986 organizam-se congressos nacionais na área. A partir de 1990 passou a sentir-se a falta de uma política que auxiliasse a LA no Brasil, sendo a falta de recursos o fator que impulsionou essa preocupação. Foi criada então a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB), e, segundo Moita Lopes, o principal objetivo dessa fundação é divulgar a natureza da LA como área de investigação, visto ser muito confundida ainda com a linguística. 
	Atualmente, o desenvolvimento de programas de pós-graduação em LA existe em cinco universidades, sendo a pioneira a PUC-SP. Os projetos no campo de LA desenvolvidos na PUC-SP, UFSC, UFRJ, UFRN e UNICAMP giram em torno de quatro áreas: Ensino/Aprendizagem de Língua Estrangeira (LE), Ensino/Aprendizagem de Língua Materna (LM), Educação Bilingue e Tradução. 
	Moita Lopes conclui que o panorama geral da Linguística Aplicada no Brasil tem sido sua luta por reconhecimento como área de investigação, busca por financiamento de pesquisa, similaridades e diferenças entre a LA e a linguística e o distanciamento entre o que é desenvolvido nos programas de pós graduação do que acontece nas salas de aula, assemelhando-se portanto à situação da LA em outras partes do mundo. 
Referências
CELANI, Maria Antonieta. Questões de ética na pesquisa em Linguística Aplicada. In Linguagem e Ensino, Vol. 8, No. 1, Pelotas, 2005. Pág. 101-122.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Oficina de linguística aplicada. Campinas: Mercado de Letras, 1996. Pág. 17- 33.

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