Buscar

O modo de produção feudal 2015 2 com retomada MdP escravista

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Dinâmica militar e econômica da Antiguidade
A expansão econômica, o aumento da produção nunca derivava do aumento da produtividade; 
“A civilização clássica foi, por conseguinte, de caráter intrinsecamente colonial: a cidade-Estado celular reproduzia-se invariavelmente, nas fases de ascensão, pelo povoamento e pela guerra” (28). 
Crescimento econômico = poder militar de expansão territorial.
Ciclos de expansão da Antiguidade eram “solução para os problemas políticos e organizacionais da conquista ultramarina, integrada e ultrapassada pelo seguinte, sem que as bases subjacentes de uma civilização urbana comum tenham sido alguma vez transgredida. 
“O meu propósito é antes o de por em causa a visão ultrassimplificada da economia antiga que está implícita em etiquetas como ‘sociedade escravista’ e ‘modo de produção escravista’. No primeiro capítulo... Perry Anderson logo revela qual a distância que o separa do dogmatismo tradicional e até que ponto as nossas posições são próximas uma da outra: só durante os grandes períodos clássicos, escreve Anderson, a escravidão foi ‘massiva e geral, entre outros sistemas de trabalho” (Finley, p. 10)
“O conjunto do mundo antigo nunca foi, na sua continuidade e extensão, marcado pela predominância de trabalho escravo. Mas as suas grandes épocas clássicas, em que floresceu a civilização da Antiguidade foram aquelas em que a escravatura foi massiva e geral, entre outros sistemas de trabalho” (Anderson, p. 22)
Os modos de produção dos germânicos
Surgimento de imigrações para a Europa a partir do Século I d. C
Tribos sedentárias = economia predominantemente pastoril”
Terra comunal  chefes distribuíam as terras e determinavam quais seriam trabalhadas, entregando-as às famílias;
Contato com o Império se deu através do comércio: venda de gado ou de escravos, capturados em outras tribos;
Aumento da riqueza de algumas tribos;
Lutas entre guerreiros e chefes das tribos;
Aceleração da diferenciação social e a desintegração dos modos de produção comunitários;
Estímulo de avanço de diferenciação e organização militar;
Os Bárbaros e o Império Romano
Século II: dificuldades para manter os exércitos, exceto por aumento de impostos;
Século III d. C: os bárbaros já eram recrutados pelos exércitos romanos, ao mesmo tempo em que foram ocupando terras do Império, pagando tributos ao imperador;
Invasões Bárbaras  406 d. C a 480 d. C  Marco: 476 d. C  Saque e conquista de Roma
Queda demográfica;
Ruralização da sociedade: declínio das cidades, e do comércio portuário;
Fragmentação do poder central;
Desenvolvimento de relações pessoais;
Privatização da defesa;
Invasões Bárbaras
“O caráter dessa tremenda irrupção inicial era, de fato, muito complexo e contraditório, pois foi a um tempo o assalto mais radicalmente destrutivo dos povos germânicos ao Ocidente romano e, simultaneamente, a irrupção mais marcadamente conservadora no seu respeito pelo legado latino” (122);
Resolução o problema econômico:
“A solução normalmente adotada era, simultaneamente uma rigorosa imitação das práticas romanas anteriores, particularmente familiares aos soldados germânicos, e uma ruptura crítica com o passado tribal em direção a um futuro social nitidamente diferenciado” (124)
O modo de produção feudal
Perry Anderon
Feudalismo – Perry Anderson
O modo de produção feudal derivou de um “colapso ‘catastrófico’ e convergente de dois modos de produção distintos e anteriores, e foi a recombinação dos seus elementos desintegrados que verdadeiramente libertou a síntese feudal, a qual, por isso, conservou sempre um caráter híbrido” (17). 
Modo de produção escravista: em decomposição
Modo de produção dos germânicos após as invasões bárbaras
Origem do modo de produção feudal
Herança do modo de produção escravista:
Campo e a agricultura, que vão se tornando autossuficientes com a decadência do escravismo;
Passagem da escravidão ao colonato [regime no qual o trabalhador fica preso à terra, tendo que pagar tributos ao proprietário];
Igreja cristã.
Modo de produção dos germânicos
Economia baseada na troca natural;
Comitatus = relações de fidelidade e reciprocidades entre os proprietários de terra;
Unidade complexa
Modo de produção feudal  regido pela terra e por uma economia natural na qual nem o trabalho nem os produtos do trabalho eram bens. 
Não havia a separação do trabalhador dos meios de produção = o camponês era ligado à terra por uma “específica relação social”  servidão;
não era proprietário da terra, mas a utilizava compulsoriamente.
A propriedade da terra pertencia aos senhores feudais.
a relação dos senhores com os camponeses era uma relação “político-legal de coação” (143) 
Ou seja, “serviços, arrendamentos em espécies ou obrigações consuetudinárias do camponês para o senhor” = exploração econômica [entrega de uma parcela do trabalho] + autoridade política [as leis e os costumes legitimavam a entrega dos bens, em troca da terra];
A posse da terra pelo senhor, era uma posse “apenas de grau”  suserania e vassalagem 
Unidade complexa
As ligações se davam em graus diversos, marcando-se a especificidade da condição camponesa na base da pirâmide social.
Nesse sentido, o camponês devia obediência ao senhorio, ou senhor feudal, que devia serviços a outro senhor, até chegar-se ao poder do monarca. 
Como decorrência, havia uma descentralização e uma pulverização do poder, esta se constituindo como uma característica do modo de produção feudal. 
Baixa centralização política  parcelarização da soberania  constitutiva de todo o modo de produção feudal.
Consequências parcelarização do poder I
Formas residuais de propriedade plena, compatíveis com o feudalismo;
sobrevivência de terras aldeãs comunais (terras comunais, pastos, campos e florestas): setor de resistência camponesa com consequências para a produtividade agrária;
Zonas alodiais e terras comunais  resquícios das formas de produção germânicas
Uma parcelarização também das atividades camponesas [decisões tomadas pela comunidade] e das jurisdições;
Havia foros nos tribunais de um senhor feudal que controlava o feudo e outras em uma região geográfica que poderia abranger parcelas de dois ou mais feudos;
Classe camponesa “habitava um mundo social de direitos e poderes superpostos” (145)
Consequências parcelarização do poder II
2) As cidades medievais = produção de bens para consumo urbano.
O modo de produção feudal permitiu “um desenvolvimento autônomo” das cidades (146)  [a riqueza e a população citadina, não tinham relação direta com a produção rural]
No império romano, a cidade era o local de residência dos grandes proprietários agrários e era desta base agrícola que a sociedade se baseava;
Na idade média, as cidades “que praticavam o comércio e as manufaturas eram comunidades autogovernadas, tendo uma autonomia incorporada política e militar isolada da igreja e da nobreza” (146). 
“Oposição dinâmica de cidade e campo”: “a oposição entre uma economia urbana de crescente comércio de bens, controlada pelos mercadores e organizada em associações e corporações, e uma economia rural de troca natural, controlada pelos nobres e organizada em terras senhoriais e pequenas propriedades, em enclaves camponeses individuais” (146). 
Consequências parcelarização do poder III
3) Ambiguidade ou oscilação no topo da hierarquia feudal;
O monarca era um suserano feudal dos seus vassalos, aos quais estava ligado por laços recíprocos de fidelidade e não “um soberano supremo colocado acima dos seus súditos” (168). 
Possuía domínio e jurisdição política exclusivamente em seus domínios, para além disso ficando subordinado às diversas sub-instâncias feudais. 
Essa ausência de controle no topo da hierarquia “representava uma ameaça permanente à sua estabilidade e sobrevivência” (168).
“Contradição estrutural entre a sua própria tendência rigorosa para uma decomposição da soberania e a exigência absoluta de um centro final de autoridade onde pudesse ter lugar uma recomposição prática”
(168-9). 
A monarquia feudal possuía uma fragilidade estrutural. Havia sempre um conflito entre o monarca e as demais autoridades feudais, que iria se manifestar na história pelas tentativas de ampliação do poder estatal, por vezes contrabalançado pela resistência dos nobres a manterem sua jurisdição e sua autoridade em seus próprios domínios. 
Igreja  Coesão Ideológica
Igreja se constitui numa instituição eminentemente autônoma dentro da organização feudal. (169);
Não se insere nas lutas políticas entre senhores feudais, mas serve para legitimar o sistema de crenças e valores da sociedade;
O exercício da política, no feudalismo, era o exercício da justiça;
A parcelização do poder impedia o surgimento do executivo;
E as tradições jurídicas, vedevam a possibilidade de inovação, de criação de novas leis  a justiça era exercida pela preservação das leis tradicionais;
Funções autônomas e burocráticas, “fiscalização, decisão, coerção e administração local” eram feitas pelos próprios nobres  “coerção político-legal”
Em última instância, a Igreja legitima a própria dominação dos senhores feudais. 
Estrutura social do feudalismo
Clero [oratores];
Monopólio do sagrado;
Códigos de comportamento social e espiritual;
Grandes propriedades de terra;
Absorvia os filhos do senhor que não herdavam as propriedades
Guerreiros [bellatores];
Origem em grandes famílias antigas e chefes bárbaros;
Outros de origem mais humilde, sustentados pelos senhores feudais 
Campesinato [laboratores]:
Diversidade de condições: desde livres até escravos;
Existência de pequenas propriedades não ligadas a nenhum domínio – propriedade alodial – desapareceu a partir do século XI;
Servos: processo lento de formação;
Escravos domésticos;
Colonos e homens livres que se sujeitam ao domínio e um senhor em troca do uso da terra;
Transmissão hereditária
Estrutura social do feudalismo II
Senhores de terra e controladores do poder político-militar;
Camponeses sem a propriedade da terra e sujeitos por laços sociais ao senhor;
Relações pessoais: 
Sem intermediação do Estado;
Fortalecimento dos laços de sangue;
Solidariedade dentro de cada ordem;
Estrutura social do feudalismo III
Criação de laços sociais:
Camponeses-senhores: servidão  vínculos de subordinação econômica, política e religiosa;
Senhores-senhores: ritual vassálico: senhor feudal aceitava obediência de outro senhor feudal; 
O vassalo devia
Auxilium: 
serviço militar sempre que requisitado pelo senhor, até um limite de dias;
Pagamento de resgate do senhor; da cerimônia de armamento do primogênito, do casamento da filha e da partida do senhor para a Cruzada;
Consilium:
Conselhos ao senhor
O senhor devia:
Proteção e sustento [via doação de terra e parte de servos];
Quase todos os membros da aristocracia eram ao mesmo tempo, senhor e vassalo, valendo a relação direta;
Rei: ao mesmo tempo é um senhor feudal e um monarca escolhido por Deus
Estrutura econômica do feudalismo IV
Economia predominantemente agrária;
Pequeno comércio de produtos específicos [sal, ferro, p.ex];
Mercados locais de excedentes;
Domínio senhorial: procurava ser autônomo:
Produção agrícola;
Artesanal;
Instrumentos de trabalho: moinho, forno, etc;
Divisão do domínio senhorial
Reserva senhorial [30%]: propriedade do senhor, cultivada pelos servos [Corveia];
Lotes [40 a 50%]: distribuído entre as famílias para cultivo. As famílias pagavam:
Censo: taxa fixa de usufruto da terra;
Talha: uma parte do que produzia;
Chevage: valor anual para confirmar a condição de dependência;
Formariage: taxa para o casamento com pessoas fora do domínio;
Mão-morta: presente para poder transmitir o feudo hereditariamente;
Banalidades: uso das terras comuniais [pastoreio] e instrumentos: moinho, forno, etc;
Terras comuniais: [20 a 30%]: bosques, pastos, terrenos baldios: explorados pelo senhor [servos domésticos] e pelos camponeses
História econômica e social da Idade Média
Henri Pirenne
Compreender a “evolução social e econômica da Europa Ocidental, desde os fins do Império Romano até meados do século XV”;
“um todo único”;
“caráter essencial do fenômeno que descrevia”
Preferência aos países onde “a atividade econômica se desenvolveu mais rápida e completamente durante a Idade Média, tais como Itália e os Países Baixos, cuja influência, direta ou indireta, no resto da Europa, pode-se descrever com frequência”;
Preocupação principal do autor: 
“para que bem se compreenda o renascimento econômico que teve lugar na Europa Ocidental, a partir do século XI, deve-se examinar, rapidamente, o período anterior”. 
Reinos bárbaros fundados a partir do século V conservaram seu caráter mediterrânico. 
Apenas no século VII, com a ascensão do Islã altera-se as linhas de comunicação estabelecidas pelo mar mediterrânico. 	
Islã e mulçumano = religião baseada nos ensinamentos de Maomé;
Árabe = etnia e também a língua comum de 22 países tais como Egito, Líbia, Síria, Palestina, Iraque, etc.
A conquista do norte da África e do sudoeste da Europa, Portugal, Espanha, França e ilhas italianas irá fechar o Mar Mediterrâneo enquanto uma via de comércio e de comunicação. 
Reorientação do comércio para Bagdá, no extremo leste do mediterrâneo. 
“a partir do início do século VIII, os cristão “não conseguem que flutue no Mediterrâneo nem uma tábua” (8). 
Confronto de duas civilizações, dois mundos estranhos e hostil, o da “Cruz e o do Crescente”. 
A invasão mulçumana rompe o equilíbrio econômico e social existente desde a antiguidade. 
Império Carolíngio impede o avanço árabe, mas, em contraste com a história europeia de então, não será mais um império marítico, mas “puramente terrestre ou, se se quiser, continental” (9). 
Com o fechamento do Mediterrâneo, o comércio europeu se extingue. Com isso, o comércio e a vida urbana, a partir do século VII, desaparecem. 
As cidades romanas, centros da administração da igreja católica, permaneceram enquanto centros administrativos, mas sem importância econômica. 
Desaparecimento do ouro e adoção da prata carolíngia, indício de rompimento com a economia antiga. 
Merovíngios (séculos V – VIII). 
Carolíngios ( VIII –X). 
Batalha de Poitier 732, onde Carlos Martel derrota o Califado de Córdoba e marca o final da expansão mulçumana no continente europeu. 
Carlos Magno (742-814). 
Rei dos Francos em 768 e Imperador do Ocidente em 800.
Renascimento carolíngio
Para Pirenne:
É uma decadência em relação ao período anterior.
Consequências do fim do comércio são mais presentes no Sul de que no Norte
A atividade comercial nos rios do norte continuou, mas representava uma atividade antiga e que também foi sufocada aos finais de IX, pelos normanos
Aos finais do VIII Europa se torna uma grande região “exclusivamente agrícola”;
Todas as classes da população dependiam do solo enquanto lugar de trabalho, de riqueza e de sustento;
Toda a organização social deriva da posse da terra e, dessa forma, o poder se desintegra entre os senhores, os senhores feudais.
O feudalismo “é a repercussão, na ordem política, do retorno da sociedade a uma civilização puramente rural” (13). 
Características Econômicas
Latifúndio = Existiam desde o Império Romano, como zonas subordinadas (vassalas). Possuíam sua própria organização, mas pagam tributo à Roma. Reinos Bárbaros. 
Inexistência de comércio com o exterior ou, “economia sem mercados externos”;
O latifúndio, o feudo, se torna autossuficiente.
A compra e a venda de produtos em caso de extrema prosperidade ou carestia é ocasional. 
As inúmeras feiras e os mercados indicam apenas a sua inexpressividade. 
Judeus e o comércio de especiarias (o Judeu é o elemento por natureza fora do sistema feudal, que vaga, viaja e professa uma religião diferente da dominante europeia.
Sociedade feudal
Rural
Ausência quase total de circulação de mercadorias;
Proprietários leigos e eclesiásticos;
Rendeiros;
Servos;
“o fato essencial não é a condição jurídica, mas a condição social, e esta reduz à condição de
dependentes e de explorados, ao mesmo tempo que protege os que vivem na terra senhorial” (18)
Igreja
Ascendência Econômica (extensão territorial)
Ascendência Moral (cultural)
Concentra a elite instruída
Trabalho não serve para enriquecer, mas para permanecer onde está
Proibição à usura
Pirenne indica uma relação entre a proibição da usura e a reprovação da riqueza, do comércio, do lucro pelo lucro enquanto um ideal que corresponde ao feudo autossuficiente, fechado

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais