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Aula: ATO JURÍDICO LÍCITO E ILÍCITO Conceituação: Silvio Salvo Venosa “os atos jurídicos dividem-se em atos lícitos e ilícitos. Afasta-se, de plano, a crítica de que o ato ilícito não seja jurídico. Nessa classificação, como levamos em conta os efeitos dos atos para melhor entendimento, consideramos os atos ilícitos como parte da categoria de atos jurídicos, não considerando o sentido intrínseco da palavra, pois o ilícito não pode ser jurídico.(...).”. Divisão dos atos jurídicos lícitos: Ato jurídico em sentido estrito, são aqueles que derivam de um comportamento humano, nos quais os efeitos jurídicos estão fundamentalmente previstos na lei. A manifestação de vontade não se subordina ao campo da autonomia privada do agente. Exemplo: reconhecimento de filho ilegítimo: Digamos que uma pessoa teve um filho fora do casamento. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), em seu artigo 26, permite que este filho seja reconhecido no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura, etc. Nesse caso, o agente não possui a autonomia de impor condições para o reconhecimento da paternidade. Dessa forma, ele não poderá impor ao reconhecimento da paternidade, por exemplo, a condição de não contrair nenhuma relação jurídica com o filho, visto que do reconhecimento surgem efeitos jurídicos previstos na norma como a obrigação de prestar alimentos, direitos sucessórios, etc. negócio jurídico : contrário dos Atos Jurídicos em Sentido Estrito, condicionam seus efeitos jurídicos, principalmente, à livre manifestação de vontade dos agentes. Ato-fato jurídico (meramente lícitos): são aqueles emanados da vontade humana perfeitamente moldada pelas normas legais, ou seja, uma manifestação submissa à lei; devendo ainda, tais atos, gerarem consequência na esfera judicial. No entanto, ato-fato (quando não jurídico) é uma categoria intermediária que fica entre “o ato da natureza” e o “fato do homem”. O CC/2002 não trouxe norma específica a respeito desta categoria, desenvolvida por Pontes de Miranda e mais recentemente por Marcos Bernardes de Mello. O ato-fato jurídico consiste num fato jurídico qualificado pela atuação humana, produtor de efeitos jurídicos, onde a atuação humana é desprovida de voluntariedade e consciência. É a manifestação de vontade em que se despreza a capacidade do agente, preocupando-se o direito apenas com a legitimidade dos efeitos produzidos. Assim, para o ato-fato jurídico, a manifestação humana é da substância do fato, independendo para a norma se houve ou não a intenção de praticá-lo. Exemplos: criança achar um tesouro enterrado no quintal (invenção); louco pintar um quadro e se tornar uma obra de arte. Fundamento: art. 185 do CC. Ler. Ato jurídico ilícito: Fundamento: art. 187,187 e 188 do CC. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Silvio Salvo Venosa, que “os atos ilícitos, que promanam direta ou indiretamente da vontade, são os que ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários, lato sensu, ao ordenamento. No campo civil, importa conhecer os atos contrários ao Direito, à medida que ocasionam dano a outrem.” Atos ilícitos são aqueles que vão de encontro com o ordenamento jurídico, caracterizando-se por uma ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência de alguém, culminando na ofensa de um direito ou em prejuízo a outrem. ELEMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO DO ATO JURÍDICO ILÍCITO: o fato lesivo precisa ser voluntário, ou então imputável ao agente por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; o dano existente precisa ser material ou moral; nexo de causalidade, ou seja, relação causal entre o dano e o comportamento do agente. TIPOS DE ATO ILÍCITO: contratual (quando ocorrer o descumprimento de uma obrigação contratual e aquele que descumpriu fica obrigado a reparar o prejuízo por ele causado); extracontratuais (quando há violação uma lei penal ou civil). O ilícito civil, decorrente de ato jurídico ilícito, gera a de obrigação de seu causador indenizar o dano por ele causado, e em alguns casos indenizar ainda aquilo que a vítima deixou de lucrar com o dano provocado. Esta obrigação é decorrente da responsabilidade civil, que é a possibilidade jurídica que determinada pessoa tem de responder pelos seus atos, sejam eles lícitos ou não. Nosso CC adotou a chamada teoria da responsabilidade subjetiva ou culposa, também conhecida por doutrina clássica: o fundamento da responsabilidade civil é, portanto, a culpa, compreendendo seu duplo sentido, ou seja, tanto nas expressões ação ou omissão voluntária quando na negligência ou imprudência. Podendo esta ser tomada no sentido amplo, compreendendo o dolo, ou no sentido estrito, compreendendo somente a negligência, a imprudência, a imperícia. Maria Helena Diniz afirma que “é de ordem pública o princípio que estabelece e atribui ao agente delituoso à obrigação de se responsabilizar pelo ato, para tanto, deve indenizar o indivíduo que sofreu a por tal conduta.”. A responsabilidade em indenizar pode ser direta, quando se responde pelos próprios atos, ou indireta, quando se responde por atos de terceiros. Tipos de Dano: Dano material: é aquele que atinge o patrimônio de alguém. É classificado em dano imediato e lucros cessantes. Dano imediato é o que decorre diretamente do acidente, como o amassamento do carro após o acidente, por exemplo. Lucros cessantes é tudo aquilo que a vítima deixou de ganhar em razão das conseqüências do acidente. Exemplo>: valor devido ao motorista de táxi pelos dias em que ele ficou parado em virtude de acidente. . Dano corporal é todo aquele que atinja o físico de uma pessoa, e que implique em perda ou redução de membro ou função. Por exemplo, é o dano que deve se indenizado a pessoa que ficar com um encurtamento de perna, em razão de um atropelamento. Pode causar prejuízos anatômicos, como por exemplo, escoriações, feridas, cicatrizes, aleijão ou mutilação; ou pode resultar em perda ou diminuição de capacidade funcional, como por exemplo, dificuldade de respiração, circulação, de motricidade, ou mesmo, de equilíbrio psicológico. Dano moral é todo aquele que deve ser indenizado a pessoa que for atingida em sua personalidade, e ofendida em sua honra, liberdade, decoro, imagem, sentimentos afetivos, equilíbrio emocional, bom nome, a família, ou intimidade. Dano estético vem sendo considerado pela jurisprudência brasileira como uma forma autônoma de dano extrapatrimonial, ou seja, como um dano diferente do dano moral. Nesse sentido, o enquanto o dano moral se caracterizaria pela ofensa injusta causada à pessoa, o dano estético se caracteriza pela ofensa direta à integridade física da pessoa humana. Resta bem clara essa diferença quando lembramos que enquanto o dano moral pode ser causado à pessoa jurídica, o dano estético só pode ser causado à pessoa física, única que possui integridade física, corpo. Teoria da perda de uma chance: “A teoria enuncia que o autor do dano é responsabilizado quando privaalguém de obter uma vantagem ou impede a pessoa de evitar prejuízo. Nesse caso, há uma peculiaridade em relação às outras hipóteses de perdas e danos, pois não se trata de prejuízo direto à vítima, mas de uma probabilidade” (STJ, 2013) Não é rara a dificuldade de se distinguir o dano meramente hipotético da chance real de dano. Quanto a este ponto, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), avalia que “a adoção da teoria da perda da chance exige que o Poder Judiciário bem saiba diferenciar o ‘impsrovável’ do ‘quase certo’, bem como a ‘probabilidade de perda’ da ‘chance de lucro’, para atribuir a tais fatos as consequências adequadas” (STJ, 2013) Baseado nos textos de: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 21.ed. São Paulo: Saraiva, 2004. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral – Fatos, atos e negócios jurídicos. 5.ed. São Paulo : Atlas, 2005. SILVA, Robson Inacio da. Dos Atos Jurídicos Lícitos e Ilícitos. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 23 jun. 2012. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.37687&seo=1>. Acesso em: 22 out. 2013. Superior Tribunal de Justiça. Perda de uma chance: uma forma de indenizar uma provável vantagem frustrada. 21 out 2013. Disponível em < http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=99879. Acesso em> 22 out de 2013.
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