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14/03/2016 1 MISTURA Disciplina: Operações Unitárias Prof. Dr. José Lamartine Msc. João Pontes (Doutorando: Estágio Docência) Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos IMPORTÂNCIA • Excipientes Vs. Fármaco. DEFINIÇÃO • Operação unitária que tem por objetivo trabalhar dois ou mais componentes, a princípio segregados ou parcialmente misturados, de modo que cada unidade de cada componente passe a entrar em contato o mais próximo possível com as unidades de outro componente ou de cada um dos componentes. TIPOS DE MISTURA • Misturas positivas: • São formadas a partir de materiais como gases ou líquidos miscíveis, os quais se misturam por difusão de uma forma espontânea e irreversível, tendendo a aproximar-se à condição de mistura perfeita. • Misturas negativas: • Há tendência à separação dos componentes da mistura. Quando isso acontece rapidamente, para manter os componentes dispersos de modo adequado, e necessário fornecer energia continuamente. Para outros casos de mistura negativa, os componentes tendem à separação muito lentamente, sendo exemplos disso as emulsões, os cremes e as suspensões viscosas. • Misturas neutras: • Uma vez que o trabalho de mistura foi realizado, os componentes não apresentam mais tendência à mistura nem à segregação espontâneas, como acontece na mistura de pós, nas pastas ou unguentos. MECANISMOS DE MISTURAS • Misturas por convecção; • Misturas por fluxo turbulento; • Misturas por fluxo laminar; • Misturas por difusão molecular. MISTURAS POR CONVECÇÃO • Ocorre o movimento de uma porção relativamente grande do material a ser misturado de um lugar do sistema para outro. Para que haja uma mistura eficaz, deve-se utilizar pás, laminas giratórias ou qualquer outro dispositivo do misturador para garantir a remoção de porções adjacentes em direções diferentes, dispersando o sistema em diferentes dimensões. 14/03/2016 2 MISTURAS POR FLUXO TURBULENTO • Caracteriza-se por uma variação aleatória da velocidade de um líquido em qualquer ponto do sistema. • Ocorre a formação de redemoinhos de tamanhos variados. Um redemoinho pode ser definido como a porção do líquido que se desloca como uma unidade normalmente em direção contrária àquela do líquido. • É um mecanismo bastante eficaz para mistura de líquidos, pois promove uma maior distribuição das gotículas do líquido. MISTURA POR FLUXO LAMINAR • As camadas de fluidos deslizam umas sobre as outras. O fluxo laminar ocorre quando líquidos viscosos tem que ser misturados, quando a agitação é suave em camadas de líquidos adjacentes às superfícies dos equipamentos. MISTURAS POR DIFUSÃO MOLECULAR • Mecanismo primário responsável pela mistura a nível molecular. Consiste num movimento molecular aleatório que leva à mistura completa a partir de um gradiente de concentração. • Esse transporte microscópico independe de qualquer convecção dentro do sistema. AVALIAÇÃO DO GRAU DE MISTURA • Por que avaliar o grau de mistura num determinado processo? AVALIAÇÃO DO GRAU DE MISTURA • Por que avaliar o grau de mistura num determinado processo? • Determinar o grau e/ou extensão da mistura; • Determinar quando o grau de mistura obtido chegou ao nível adequado; • Avaliar a eficiência de um misturador; • Estabelecer o tempo de mistura apropriado para um processo específico. MECANISMOS DE MISTURA • Mecanismos de mistura de pós: • Convecção - acontece quando há uma transferência de grupos relativamente grandes de partículas de uma região para outra do leito pulvéreo, como ocorre quando um misturador de palhetas ou pás desloca-se no seio da mistura. • Cisalhamento - ocorre quando o material desloca-se na forma de camadas, as quais deslizam uma sobre as outras. Isso pode ser causado pela remoção de uma massa de pó por efeito do mecanismo de mistura por convecção, originando um plano de cisalhamento/deslizamento. • Difusão - Isso acontece porque as partículas de pó passam a apresentar uma organização menos compacta, com aumento dos espaços vazios entre essas partículas. Nessas circunstâncias, existe a tendência de que as partículas, por efeito da gravidade, desabem pelos espaços vazios assim criados. 14/03/2016 3 MECANISMOS DE MISTURA • Mecanismos de mistura de líquidos: • Transporte bruto - acontece movimento de quantidades de material relativamente grandes de uma região para outra do misturador, por ação de um misturador de pás, por exemplo. • Mistura por turbulência - origina-se do movimento ao acaso das moléculas, quando são forçadas a uma forma de fluxo turbulento. • Difusão molecular – mecanismo primário responsável mistura à nível molecular, próprio de fluidos miscíveis nos quais, desde que exista uma gradiente de concentração, o processo levará a um produto bem misturado. MISTURA DE PÓS • Exemplo prático de como obter uma mistura de pós homogênea numa formulação farmacêutica que apresenta pequena proporção de componente ativo. • Tal mistura homogênea pode ser alcançada misturando-se, inicialmente, volumes aproximadamente iguais de ativo e diluente; • Em seguida, podem ser adicionadas quantidades suplementares de diluente, equivalentes à quantidade de mistura contida no misturador, dando continuidade ao processo. • O processo acontece até que toda a quantidade do material a ser misturado seja adicionada. • Esse processo pode ser mais efetivo fazendo-se uma pré-mistura com o(s) diluente(s), utilizando, para isso, um misturador menor, para depois transferir a mistura para o misturador principal. MISTURA DE PÓS • Considerações práticas: • É necessário tomar cuidado especial para garantir que o volume de pó no misturador seja apropriado, considerando-se que tanto o enchimento excessivo como o deficiente do misturador pode reduzir de modo significativo a eficiência de mistura. • O misturador selecionado deverá apresentar os mecanismos de mistura apropriados à formulação. A mistura por difusão, por exemplo, é geralmente a preferida no caso de fármacos potentes, para desmanchar agregados de partículas de pó coesivas, onde se faz necessário um cisalhamento forte, de modo a garantir uma mistura no nível de partículas. • Para determinar o tempo de mistura apropriado, o processo deverá ser monitorado por meio da retirada e da análise de amostras representativas, a diferentes intervalos de tempo de mistura. Dessa forma, pode-se provar se está acontecendo a segregação durante a mistura ou se problemas ocorrerão, caso seja prolongado o tempo de mistura. SEGREGAÇÃO • Segregação é o efeito oposto à mistura, ou seja, os componentes tendem à separação. Importante na preparação de produtos farmacêuticos, uma vez que, em caso de segregação, a mistura pode passar de uma condição aleatória para outra não-aleatória ou, também, pode acontecer da mistura aleatória nunca ser obtida. SEGREGAÇÃO • A segregação origina-se do fato de as misturas de pós que encontramos não serem, na realidade, constituídas de partículas esféricas monodispersas, mas de partículas que diferem quanto ao tamanho, à forma e à densidade. • Ocorre com maior facilidade ou pode apresentar-se de modo mais acentuado nos casos em que o leito de pó é submetido à vibração e as partículas possuem elevadas propriedades de fluxo. SEGREGAÇÃO • Efeitos do tamanho de partícula: • A diferença entre o tamanho de partícula dos componentes de uma formulação é, na prática, a principal causa de segregação na mistura de pós. As partículas menores tendem a cair dentro dos espaços vazios existentes entre as partículas maiores, deslocando-se, dessa maneira, para o fundo da massa (segregação por percolação). • Efeitos da densidade da partícula: • Quando os componentes de uma mistura têm densidades diferentes, as substâncias de maior densidade terão a tendência de deslocar-se para baixo, ainda que os tamanhos de partícula sejamiguais, num fenômeno conhecido como segregação por trajetória. • Efeitos da forma das partículas: • As partículas esféricas são as que possuem as melhores características de fluxo e, por isso, são as mais fáceis de serem misturadas, mas segregam de modo mais fácil se comparadas com partículas de forma não esférica. 14/03/2016 4 EQUIPAMENTOS • Misturadores de volteadura: Misturador em V Misturador em Y Misturador Cúbico Misturador de Cone OblíquoMisturador de Cone EQUIPAMENTOS • Misturadores-granuladores de alta velocidade: • Na indústria farmacêutica, muitas vezes é preferível empregar equipamentos únicos que permitam realizar mais de uma função, como os misturadores-granuladores. EQUIPAMENTOS • Misturadores de leito fluidizado: • O principal uso de equipamentos de leito fluidizado ocorre na secagem de grânulos ou no revestimento de materiais multiparticulados. Esse tipo de equipamento pode, porém, ser utilizado na mistura de pós, antes destes serem granulados na mesma câmara de mistura. EQUIPAMENTOS • Misturadores por agitação: • Baseia-se no movimento de uma palheta ou pá pelo produto e, por isso, seu principal mecanismo de mistura é por convecção. Misturador Nauta Misturador Planetário Misturador Agitador de Parafuso Helicoidal MISTURA DE LÍQUIDOS MISCÍVEIS E SUSPENSÕES • Os líquidos ditos móveis, de baixa viscosidade, são misturados facilmente entre si. De forma similar, as partículas sólidas podem ser suspensas em líquidos de baixa viscosidade sem dificuldade, embora tendam a sedimentar-se rapidamente, quando a mistura é descontinuada. • Já os líquidos viscosos são de agitação e mistura mais difícil, mas capazes de reduzir a velocidade de sedimentação das partículas em suspensão. MISTURA DE LÍQUIDOS MISCÍVEIS E SUSPENSÕES • Equipamentos (misturadores em hélice): • A hélice apresenta palhetas em ângulo, que forçam o fluido a circular tanto na direção axial como na radial. • Um vórtice forma-se quando a força centrífuga, transmitida ao líquido pelas palhetas da hélice, faz com que este retorne circularmente pelas paredes do misturador, criando uma depressão em torno da haste do agitador. • À medida que a velocidade de rotação é aumentada, o ar pode vir a ser sugado para dentro do fluido por ação do vórtice, o que pode provocar a formação de espuma e possíveis processos oxidativos 14/03/2016 5 MISTURA DE LÍQUIDOS MISCÍVEIS E SUSPENSÕES • Equipamentos (misturadores de turbina): • Pode ser utilizado em fluidos mais viscosos, porém não são apropriados para líquidos de viscosidade muito elevada, uma vez que estes não podem ser arrastados para dentro do cabeçote do misturador. • Conforme o líquido é forçado a passar em grande velocidade pelos pequenos orifícios dos anéis difusores, são produzidas forças de cisalhamento consideravelmente intensas. MISTURA DE SEMI-SÓLIDOS • O problema que surge durante a mistura de semi-sólidos (unguentos e pastas) origina-se do fluxo difícil que esses materiais apresentam, ao contrário de líquidos e pós. • Portanto, um misturador apropriado deverá ter elementos rotatórios, com uma folga estreita entre eles e a parede do recipiente misturador. Além disso, a parede do recipiente de mistura e esses elementos deverão produzir um elevado nível de mistura por cisalhamento, um vez que a mistura por difusão e por convecção não é verificada no caso de semi-sólidos. MISTURA DE SEMI-SÓLIDOS • Equipamentos (Misturadores planetários): • A lâmina misturadora está posicionada fora do centro e é transportada mediante auxílio de um braço que gira. Consequentemente, ela translada em torno da circunferência da bacia de mistura, enquanto gira, ao mesmo tempo sobre o seu próprio eixo. • Algumas vezes, os misturadores planetários são utilizados para misturar pós, principalmente quando o propósito é obter uma massa úmida destinada à granulação. MISTURA DE SEMI-SÓLIDOS • Equipamentos (Misturadores sigma ou malaxadores): • Esse tipo de misturador robusto é destinado ao trabalho com pastas firmes e unguentos, tendo pro princípio de ação o entrosamento próxima de duas lâminas. • Uma vez que as partículas de pós dispersas em uma ase semi-sólida são invisíveis a olho nu, torna-se muito difícil a sua dispersão completa por meio de misturadores primários.
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