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Mistura de pós Universidade de Caxias do Sul Curso de Farmácia Profa. Valeria Weiss http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-free/42-23201288/brightly-colored-eyeshadow http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-free/42-23201288/brightly-colored-eyeshadow Ex: Comprimido contendo 1 mg de fármaco precisa de diluentes, aglutinantes, desintegrantes e lubrificantes para que a produção seja viabilizada e seja de fácil manipulação para o paciente Assim se o produto possui mais de um componente, estes precisam ser misturados. A mistura deve ser capaz de gerar distribuição homogênea do fármaco MISTURA DE PÓS Fármaco + adjuvantes Lista de produtos que invariavelmente necessitam de operação de mistura: · Comprimidos, cápsulas, mistura de pós para inalação · Poções (linctuses) – mistura de líquidos miscíveis · Emulsões e cremes – mistura de líquidos imiscíveis · Pastas e suspensões – dispersão de partículas sólidas “É uma operação unitária que objetiva o tratamento de dois ou mais compostos, inicialmente em um estado não misturado ou parcialmente misturado, de maneira que cada unidade (partícula, molécula, etc) de um dos compostos esteja próximo quanto possível das unidades dos outros componentes.” MISTURA a b c Fig. 1. Diferentes estados da mistura de pós. (a) segregação completa. (b) Mistura ideal ou perfeita. (c) mistura randômica. Misturas positivas: são misturas obtidas com gases e líquidos miscíveis que se misturam espontaneamente e irreversivelmente por difusão e tendem a formar uma mistura perfeita. Misturas negativas: os compostos tendem a se separar. Se isto ocorre rapidamente é preciso o fornecimento contínuo de energia para que os componentes sejam adequadamente dispersos (suspensão – loção de calamina). Em outras misturas negativas a separação ocorre lentamente (emulsões, cremes e suspensões viscosas). Misturas negativas são, geralmente, mais difíceis de se formar e manter e requer operações mais eficientes que para misturas positivas. Misturas neutras: são ditas como tendo comportamento estático, ou seja, os componentesnão têm tendência a mistura espontânea ou segregação (mistura de pós, pastas e pomadas). TIPOS DE MISTURAS Parâmetro de dose unitária (scale of scrutiny) – é a quantidade de material no qual a qualidade da mistura é importante. Por exemplo, se um comprimido tem peso de 200 mg então, 200 mg do misturador devem ser analisada s para verificar se a mistura está adequada; a escala de escrutínio é 200 mg. OPERAÇÃO DE MISTURA O nº de partículas na escala de escrutínio peso da amostra, tamanho de partícula e densidade da partícula e irá : Aumentar com aumento do peso e diminuir com aumento do tamanho de partículas e densidade O número de partículas deve ser suficiente para garantir o mínimo desvio de dose. Mistura Forma farmacêutica Final Subdivião em doses unitárias • Quanto menor a proporção de fármaco na mistura, mais difícil será obter uma mistura com desvio aceitável de fármaco • Quanto mais partículas presentes em uma dose, menor será o desvio do conteúdo. Conclusões · Indicar o grau/extensão da mistura · Para controlar a operação de mistura · Para indicar quando o processo de mistura é suficiente · Para acessar a eficiência do misturador · Para indicar o tempo de operação necessário para um processo particular SACT =desvio padrão da amostra sob investigação SR =desvio padrão de uma amostra com mistura randômica AVALIAÇÃO DO GRAU DE MISTURA Índice de mistura (M) Se SACT= SR M=1 Portanto, mistura aleatória M= SR / SACT Figura a: redução do desvio padrão do conteúdo à medida que o estado de mistura aleatória é alcançado. S ACT representa o desvio-padrão do conteúdo em amostras retiradas da mistura e SR o esperado para uma mistura aleatória Figura b: redução no tempo de , possível quando não é requerida uma mistura aleatória. S ACT representa o desvio-padrão do conteúdo em amostras retiradas da mistura e SR o esperado para uma mistura aleatória SE = px (vc /100)/ Za Onde: p =proporção de ativo na formulação; vc =variação do conteúdo médio; Za =probabilidade de passar o teste de doseamento. Considerando uma distribuição normal, 99,7% das amostras estarão dentro de ± 3 desvios. Assim, para um comprimido com proporção de 0,5 na formulação e uma variação aceitável de 95 – 105% no teor temos: SE= [ 0,5×(5 /100)]/3 SE = 8,33.10-3 DPR = (SE/p) x100 DPR=1,67% Logo, se o DPR calculado para o conteúdo é inferior a 1,67%, o produto possui grande probabilidade de atender às especificações estabelecidas. Atinge-se SE antes de SR : redução no tempo de mistura e custo da produção. Cuidados: · Número de amostras representativas e com plano de amostragem Mecanismos de mistura 1. Convecção: transferência relativa de uma quantidade grande de partículas de uma parte do leito do pó para outra. Responsável pela mistura macroscópica (rápida queda do Sact). A mistura, porém, não ocorre entre o conjunto das partículas deslocadas e para obter-se mistura aleatória necessita- se de tempo de mistura prolongado. 2. Cisalhamento: uma camada de pó se move sobre outra camada (deslocamento e gradiente de velocidade). 3. Difusão: importante para se obter mistura aleatória. O leito do pó forçado a se mover tende a se dilatar e ocupar mais espaço criando espaços vazios e as partículas, ao caírem por gravidade, favorecendo a formação de uma mistura aleatória. Durante um processo de mistura os três tipos de mistura ocorrem. O predomínio de um tipo depende do tipo de misturador, do nível de carga, velocidade de mistura e da fluxibilidade dos pós. Segregação de pós (“demixing”) Origina-se de as misturas de pós que não são constituídas de partículas esféricas monodispersas, mas de partículas que diferem quanto ao tamanho, à forma e à densidade. Mais acentuada quando o leito do pó está submetido a vibração e qdo possui grande fluxo Percolação das partículas menores por entre as maiores Pode ocorrer em leitos de pós em repouso, ou com perturbação (vibração, agitação ou transferência) Elutriação (dusting out): durante a transferência do pó, ar turbulento suspende as partículas finas que posteriormente sedimento sobre o leito de pó.. Segregação de trajetória (energia cinética de partículas grandes é maior): Assoociado a percolação : presença de partículas maiores nas bordas de um montículo de pó, Efeito do Tamanho de Partícula Segregação de pós (“demixing”) • Densidade das partículas: partículas de maior densidade têm a tendência de deslocarem-se para baixo. O efeito da densidade pode ser potencializado se as partículas mais densas são, também, as menores. Geralmente este efeito não é significativo, pois os materiais farmacêuticos utilizados têm densidades próximas. Para leitos fluidizados a densidade é um fator mais importante que o tamanho de partícula. * Forma das partículas (partículas esféricas – mistura e segregação + fácil) · Seleção de fração com determinado tamanho de partícula (faixa estreita) · Moagem dos componentes da formulação (redução do tamanho de partícula) –partículas abaixo de 30 mm não tendem a segregar (cuidado com agregação) · Controle da cristalização do ativo/excipiente para uma forma ou tamanho · Seleção de excipientes com densidade parecida com o ativo · Granulação da mistura de pós (“unidades”/grânulo) · Redução do tempo que a massa de pó é sujeita à vibração após a mistura · Uso de máquinas com enchimento que minimizam o tempo de residência do pó · Uso de equipamento que evita a transferência do pó (leito fluidizado e misturar/granulador de alta velocidade) Como minimizar a segregação Mistura ordenada É esperado que part ículas muito finas e grosseiras estejam sujeitas a segregação. Em alguns casos, se um dos pós é suficientemente fino (micronizado), este poderá se adsorver sobre sítios ativosexistentes na superfície de uma partícula maior (partícula carreadora). Desta forma a segregação é minimizada e o fluxo preservado. Exemplo: a mistura ordenada tem sido utilizada para preparação de formulações extemporâneas de antibióticos empregando como moléculas carreadoras a sacarose e sorbitol. Segregação em misturas ordenadas: · As partículas do carreador apresentam tamanhos diferentes; · Há competição pelos sítios ativos da partícula carreadora; · Há um número insuficiente de partículas carreadoras. • Corantes • Diluição geométrica • Adição de componentes em ordem crescente de suas massas Formas de Mistura Escala Magistral Escala Industrial Equipamentos Diluição Geométrica Triac 1g Lactose qsp 100 Diluição 1:100 1g do fármaco + 99,00 g de lactose Pesar em gral 1g do fármaco Adicionar 1g de lactose: homogeneizar Adicionar 2g de diluente no gral: Homogeneizar Adicionar 4g de diluente no gral: Homogeneizar Parar qdo consumir todo odiluente Pó desodorante para os pés Alantoína 0,50g Ácido bórico 1,00g Óxido de zinco 10,00g Essência de rosas q.s. Talco q.s.p 100g Preparar 50g de pós desodorante Mistura geométrica 100 – 11,5g= 88,5g de talco EQUIPAMENTOS · Formulações com peque nas proporções de ativo a adição seqüencial de material no misturador apresenta melhores resultados) Ativo em quantidades muito pequenas pode levar a pré- mistura com diluente em misturador menor; · O volume de pó no misturador deve ser apropriado. Quantidade excessiva: pode diminuir a expansão do leito de pó e dificultar a mistura por difusão ou fazer com que materiais com baixo fluxo não tenham mistura por cisalhamento satisfatória; · Quando utilizados equipamentos com força de cisalhamento excessiva, as forças de impacto ou de atrito podem gerar finos; · * O misturador deve vedar a passagem de pó, ser de fácil limpeza e permitir a descarga total do material. Desta forma, reduz-se o risco de contaminação cruzada entre os lotes e o operador é protegido do material misturado; · Para determinar o tempo apropriado de mistura deve -se retirar e analisar amostras representativas em diferentes intervalos de tempo; · O atrito causado no processo gera cargas eletrostáticas podendo formar aglomerados e causando a adesão do material à carcaça do equipamento, por isso, os misturadores devem ser aterrados. Misturadores de queda Faixa: 50 g – 100 kg (geralmente metade a dois terços do misturador ocupado) Bons para pós/grânulos de “fluxo livre” (menos eficiente para pós coesivos e baixo fluxo) Uso comum para mistura de lubrificantes e desintegrantes externos com grânulos, previamente a compressão. Misturador-granulador de alta velocidade Deve-se tomar cuidado com materiais fraturáveis Não é usado para mistura de lubrificantes (“overmixing”) Misturadores por agitação Principal mecanismo convenção Ribbon – insuficiente para quebrar agregados. Usado para mistura de pós com baixo fluxo e tem menor tendência a segregação que os misturadores de queda. Exercício 1. Para a formulação a seguir determine a porcentagem de cada componente na formulação. Considerando faixa de aceitação de 92,5 – 107,5% para o doseamento, qual o desvio máximo aceitável para termos 99,7% (3 desvios), de probabilidade de passar no teste de doseamento? Componente Função Quantidade (mg) % Fármaco Princípio ativo 40,0 Lactose Diluente 100,5 Amido Desintegrante 20,0 PVP Aglutinante 8,0 Celulose microcristalina Aglutinante seco 30,0 Estearato de magnésio Lubrificante 1,5 e e Exercício 2. Um misturador em “V”, contendo uma proporção de fármaco de 0,25, foi amostrado em 12 pontos, como descrito anteriormente, e os resultados estão apresentados a seguir. Considerando que o produto deve conter de 95 – 105%, determine a probabilidade de se atender à especificação. Discuta e conclua a respeito. 100,1; 101,0; 98,1; 97,6; 99,1; 98,6; 100,1; 100,2; 103,0; 100,0; 99,1; 102,1 Exercício 3. Amostras de um misturador foram retiradas e analisadas para liberação do pó para compressão. Considerando proporção de 0,10 de fármaco nos comprimidos, especificação de 90 – 110% e os resultados a seguir , decida sobre a liberação do pó do misturador para a compressão. 95,4; 96,3; 95,9; 94,5; 95,7; 95,5; 96,1; 96,9; 95,1; 95,0. Leitura de artigo INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE MISTURA DE PÓS NA PREPARAÇÃO MAGISTRAL DE CÁPSULAS DE IBUPROFENO Maiane Rosa*, Fernanda Cramer Flores**, Ruy Carlos Ruver Beck***, Andréa Inês Horn Adams****, Cristiane de Bona da Silva**** Universidade Federal de Santa Maria RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência do processo de mistura de pós na preparação magistral de cápsulas contendo ibuprofeno. Para a mistura dos pós foram utilizados o misturador e triturador automático e mistura manual em saco plástico. Depois de estabelecidos os tempos ótimo de mistura, cápsulas de ibuprofeno foram preparadas (3 lotes de 40 cápsulas), nas doses de 100 e 200 mg. O controle de qualidade das cápsulas foi realizado através da determinação do peso médio, doseamento e uniformidade de doses unitárias. Através dos resultados, diferenças entre os dois processos de mistura foram observadas, especialmente para a mistura de pós contendo ibuprofeno na dose de 100 mg. Os lotes obtidos pela mistura manual, neste caso, não cumpriram com as especificações em relação à uniformidade de doses. Para as cápsulas contendo ibuprofeno na dose de 200 mg os resultados foram satisfatórios. Descritores: Cápsulas; Ibuprofeno; Mistura Responda as seguintes questões 1. De acordo com o trabalho porque a etapa de mistura de pós é um processo de extrema importância na preparação de capsulas de gelatina dura? 2. Quais foram os métodos de mistura utilizados pelos autores? O que os autores quiseram observar/ comparar através da escolha destes métodos? 3. Qual o principio de funcionamento do equipamento misturador e triturador Powdermix (modelo 2004) ? 4. Como foi verificado pelos autores se a mistura dos pós foi eficiente? 5. Na preparação da mistura contendo ibuprofeno foram utilizados excipientes? Entre os excipientes utilizados qual ( ais) foi (foram) adicionado (s) com o objetivo de melhorar o fluxo da mistura? 6. Porque os pôs utilizados para a mistura, fármaco e excipientes foram submetidos ao processo de tamização antes da mistura? 7. As variáveis tempo, proporção de fármaco na mistura e tipo de agitação influenciaram nos resultados obtidos? De que forma?
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