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Aula 16 Direito Eleitoral p/ TRE-SP - Todos os cargos Professor: Ricardo Torques Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 109 AULA 16 CRIMES ELEITORAIS Sumário 1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 2 2 - Tipos Previstos na Legislação ....................................................................................... 2 2.1 - Conceitos Introdutórios ......................................................................................... 2 2.2 - Código Eleitoral .................................................................................................... 5 2.3 - Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições) .................................................................... 56 2.4 - Lei Complementar nº 64/1990 (Lei de Inelegibilidade) ............................................ 59 2.5 - Lei nº 6.091/1974 (Lei do Transporte em Zonas Rurais no dia das Eleições) .............. 59 2.6 - Lei nº 7.021/1982 .............................................................................................. 62 3 - Questões ................................................................................................................. 62 3.1 ± Questões sem Comentários ................................................................................. 63 3.2 ± Gabarito ........................................................................................................... 73 3.3 ± Questões com Comentários ................................................................................. 74 4 - Resumo da Aula ..................................................................................................... 100 5 - Considerações Finais .............................................................................................. 109 Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 109 CRIMES ELEITORAIS 1 - Considerações Iniciais A aula abordará os crimes eleitorais. Esse é um assunto relevante e com significativa incidência em provas de concurso público. Conheceremos condutas tipificadas como crime eleitoral. Boa aula! 2 - Tipos Previstos na Legislação Em relação a esse assunto não temos outra alternativa a não ser sistematizar os tipos penais previstos na legislação eleitoral. Notamos que as questões centram a cobrança no teor dos dispositivos penais, sem maiores aprofundamentos. Desse modo, nosso estudo será dirigido a compreensão dos tipos. Como é uma matéria cansativa e, em razão disso, nossa capacidade de absorção torna-se reduzida, sugere-se a revisão desse assunto ao menos uma vez antes da prova. Há, ainda, algumas questões que exigem posicionamento dos tribunais superiores, especialmente do TSE e do STF. Em função disso, traremos os principais julgados relativos à matéria. 2.1 - Conceitos Introdutórios Antes de iniciarmos o estudo dos tipos penais-eleitorais previstos na legislação, vamos trazer de forma objetiva alguns conceitos gerais de direito penal, tais como tipo objetivo, tipo subjetivo, consumação etc. Esses conceitos são relevantes em razão da estrutura utilizada para análise dos tipos nesta aula. É importante destacar, antes de iniciarmos, que esses conceitos são estudamos de forma pormenorizada em Direito Penal. Não é nossa pretensão aqui analisar esses dispositivos com profundidade, mas apenas trazer alguns conceitos gerais, para auxiliar na memorização das informações relativas à nossa aula. Tipo Objetivo O tipo constitui um conjunto de elementos que descrevem as informações previstas na lei penal. No tipo são descritas as formas possíveis de violação do bem jurídico tutelado. O tipo objetivo consiste no comportamento descrito no preceito da norma incriminadora, sem análise da intenção do agente. O tipo objetivo descreve a conduta, o objeto do crime e o respectivo resultado. Além disso, o tipo objetivo poderá definir as circunstâncias externas do fato, bem como eventuais circunstâncias relativas ao agente. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 109 Tipo Subjetivo O tipo subjetivo, por sua vez, refere-se à atitude psíquica interna do agente, segundo cada tipo objetivo. Constituem componentes da figura típica exigidos para a compreensão do significado do tipo praticado, por intermédio de um juízo de valor. Analisar o tipo subjetivo envolve o estudo do dolo. De acordo com a teoria finalista da ação, dolo é o elemento subjetivo do tipo; é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo. Teorias sobre o dolo Existem três teorias a respeito do conteúdo do dolo: a) Teoria da vontade, segundo a qual dolo é a vontade de praticar uma ação consciente, um fato que se sabe contrário à lei. Exige, para sua configuração, que quem realiza a ação tenha consciência de sua significação, estando disposto a produzir o resultado. b) Teoria da representação, segundo a qual dolo é a vontade de praticar a conduta, em que o agente prevê a possibilidade de o resultado ocorrer, sem, entretanto, desejá-lo. É suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito. c) Teoria do assentimento (ou do consentimento), segundo a qual basta para o dolo basta a previsão ou consciência do resultado, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente o assentimento do agente ao resultado. O Brasil adotou: x a teoria da vontade Æ para que exista dolo é preciso consciência e vontade de produzir o resultado (dolo direto); x a teoria do assentimento - quando o agente aceita o risco de produzir o resultado (dolo eventual). Sujeito Passivo O sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pela norma penal. Deve-se mencionar que o Estado será sempre sujeito passivo, ao menos, no aspecto formal do bem jurídico, dado o interesse jurídico em punir aquele que cometer delitos. Contudo, a depender do tipo considerado, poderá ser sujeito passivo (material ou eventual) o titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do agente. Sujeito Ativo O sujeito ativo, por sua vez, será a pessoa que pratica a conduta descrita na norma penal incriminadora. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 109 Classificação A classificação dos crimes tem por objetivo facilitar a sistematização das várias espécies de crimes praticados. Não vamos nos alongar aqui também. Veremos apenas as classificações mais importantes e citadas para a classificação dos crimes eleitorais. Desse modo veremos as seguintes classificações: PRÓPRIO São os crimes que exigem sujeito especial ou qualificado para praticá-lo (servidores da Justiça Eleitoral, Juiz, membro do Ministério Público etc.). COMUM São os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa. COMISSIVO São os crimes praticados por intermédio de uma ação. OMISSIVO São os crimes cometidos por intermédio de uma abstenção. MATERIAL São os crimes cujo tipo penal descreve uma conduta e um resultado material (ou naturalístico) e exige que ambos sejam verificados para efeito de consumação. FORMAL São aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado, necessitando apenas, para consumação, da conduta dirigida a um resultado.DE MERA CONDUTA São aqueles cujos tipos penas descrevem a conduta, sem fazer qualquer menção ao resultado naturalístico. PERMANENTE São crimes que, embora sejam consumados em uma única conduta, a situação antijurídica gerada se prolonga no tempo pelo período em que o agente desejar. Consumação O crime será consumado a partir do momento em que realizar todos os elementos do tipo penal. Será considerando tentado o crime enquanto ainda não houver reunido todos os elementos e que, por circunstâncias alheias ao agente, for interrompido. Tentativa A tentativa constitui a realização incompleta da conduta típica. Em razão disso, ela não será punida como crime autônomo. Segundo a doutrina, a tentativa próprio comum comissivo omissivo material permanente formal de mera conduta Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 109 constitui uma ampliação da tipicidade, por intermédio de uma fórmula geral aplicada sobre o crime doloso. Finalizamos, assim, os conceitos gerais a que nos propomos. Agora vamos aprofundar a análise nos crimes previstos na legislação eleitoral. Há tipos penais previstos nas seguintes leis: Como o edital mencionou expressamente apenas o Código Eleitoral daremos maior atenção aos tipos penais do Código Eleitoral. De todo modo, citaremos os demais dispositivos, os quais vocês devem ler. 2.2 - Código Eleitoral Inscrição Fraudulenta do Eleitor O tipo penal-eleitoral vem previsto no art. 289, do CE, do seguinte modo: Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: Pena ± reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Desse modo, vejamos: Inscrição Fraudulenta do Eleitor TIPO OBJETIVO Inscrever fraudulentamente eleitor no cadastro eleitoral. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado REQUISITOS início de execução; não consumação; por circunstâncias alheias à vontade do agente. CRIMES PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL Código Eleitoral Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/1990) Lei do Transporte Rural no dia das Eleições (Lei nº 6.091/1974) Lei nº 7.021/1982. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 109 CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Quanto ao momento de consumação, existe divergência na jurisprudência: 1ª corrente: basta a protocolização do Requerimento de Alistamento do Eleitor (RAE) 2ª corrente: é necessária a inscrição do eleitor no rol dos alistados, quando há, efetivamente, o alistamento. Prevalece o entendimento de que é necessária a inscrição do eleitor no rol dos alistados, conforme a segunda correte. TENTATIVA É possível, quando há, por exemplo, o protocolo da RAE com tentativa de fraudar, contudo, o juiz, ao analisar o pedido a indefere. PENA Reclusão: 5 anos e Multa: 5 a 15 dias-multa Ainda quanto ao tipo em análise devemos lembrar que a jurisprudência do TSE também considera incurso no art. 289 quem realizar a transferência mediante fraude. Vejamos, nesse sentido, o Acórdão TSE nº 15.177/19981: RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS. TRANSGRESSAO A NORMA ELEITORAL: INDUZIMENTO. INSCRICAO ELEITORAL: TRANSFERENCIA. TIPICIDADE: ART. 284 E 290, CE. 1- NAO SE CONHECE DE RECURSO ESPECIAL QUE NAO INDICA O PRECEITO LEGAL QUE REPUTA VIOLADO OU A DIVERGENCIA DE JULGADOS. 2- INDUZIMENTO DE TERCEIROS PARA TRANSFERENCIA DE TITULO ELEITORAL, SOB PROMESSA DE VANTAGENS. ART. 289 E 290, CE. 2.1- A JURISPRUDENCIA DA CORTE E NO SENTIDO DE QUE A EXPRESSAO "INSCRICAO", CONTIDA NO ART. 290 DO CODIGO ELEITORAL, E GENERO DO QUAL A "TRANSFERENCIA" E ESPECIE. TIPICIDADE DA CONDUTA. 2.2- A ACAO TIPICA DE INDUZIR CORRESPONDE A CARACTERIZACAO DE CRIME UNISSUBSISTENTE, DE MODO QUE A PRATICA DESSA CONDUTA, POR SI SO, E CAPAZ DE ACARRETAR A SUA CONSUMACAO, INDEPENDENTEMENTE DO FATO DE TER SIDO DEFERIDA A INSCRICAO OU TRANSFERENCIA. RECURSO ESPECIAL NAO CONHECIDO. Induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta Vejamos o art. 290, do Código Eleitoral, que nos traz o tipo penal: Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código: 1 RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 15177, Acórdão nº 15177 de 16/04/1998, Relator(a) Min. MAURÍCIO JOSÉ CORRÊA, Publicação: DJ - Diário de Justiça, Data 22/05/1998, Página 72 RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 10, Tomo 1, Página 241. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 109 Pena ± reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa. Assim, vejamos o quadro sinóptico: Induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta TIPO OBJETIVO Induzir para que seja realizada a inscrição do eleitor com alguma fraude que infrinja o dispositivo legal. TIPO SUBJETIVO Dolo genérico, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e a pessoa de boa-fé que acredita que são verdadeiras as informações prestadas. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Trata-se de crime formal, para o qual basta o induzimento. TENTATIVA Não admitida em regra. PENA Reclusão: até 2 anos e Multa: 15 a 30 dias-multa Crime de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima é de 02 anos. Quanto a esse tipo, algumas informações jurisprudenciais são de suma importância. 1º. Segundo entendimento do TSE, exarado no Ac.-TSE nº 68/2005, induzir alguém abrange as condutas de instigar, de incitar ou de auxiliar terceiro a alistar-se fraudulentamente, aproveitando-se de sua ingenuidade ou de sua ignorância. 2º. O crime de falsidade ideológica eleitoral (art. 350, do CE) não é meio necessário nem fase normal de preparação para a prática do delito de induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta. Os crimes descritos são autônomos e podem ser praticados sem que um dependa do outro, de acordo com a doutrina do TSE no REspe nº 233102. Recurso especial. Falsidade ideológica para fins eleitorais. Acórdão recorrido que aplicou o princípio da consunção. Crime previsto no art. 350 do Código Eleitoral, absorvido pelo delito tipificado no art. 290 do mesmo diploma legal: impossibilidade. O princípio da consunção tem aplicação quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de outro crime e nos casos de antefato ou pós-fato impuníveis, o que não ocorre nos autos. O tipo incriminador descrito no art. 350 do Código Eleitoral trata de crime formal, que dispensa a ocorrência de prejuízos efetivos, sendo suficiente a potencialidade lesiva da conduta. Afastada a possibilidade de aplicação do princípio da consunção ao delito imputado ao réu, não há que se falar em prescrição em abstrato da pretensão punitiva estatal. Recurso provido. 2 Recurso Especial Eleitoral nº 23310, Acórdão de 18/08/2011, Relator(a) Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 06/09/2011, Página 70. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 109 3º O tipo descrito neste artigo deve ser afastado quando houver o concurso de vontadesentre o eleitor e o suposto autor da conduta, conforme decisão do REspe nº 1983. AÇÃO PENAL PÚBLICA - DIVISIBILIDADE. Ao contrário da ação penal privada, a ação penal pública é divisível. ELEITOR - INSCRIÇÃO. O tipo do artigo 290 do Código Eleitoral pressupõe o induzimento do eleitor, ou seja, o fato de o agente, valendo-se da boa-fé, levá-lo à inscrição. VOTO - OBTENÇÃO OU DAÇÃO - PRÁTICA CRIMINOSA. A teor do disposto no artigo 299 do Código Eleitoral, pratica crime quem dá, oferece, promete, solicita ou recebe, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Em síntese, o tipo alcança não só aquele que busca o voto ou a abstenção, mas também o que solicita ou recebe vantagem para a prática do ato à margem da cidadania. TESTEMUNHA - CORRÉU. O sistema processual exclui a possibilidade de ter-se como testemunha copartícipe da prática criminosa, não conduzindo a divisibilidade da ação penal pública - o fato de o Ministério Público haver acionado apenas alguns dos envolvidos - a transmudar os demais em testemunhas. Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz Vejamos o tipo penal do art. 291, do CE: Art. 291. Efetuar o Juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando: Pena ± reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Façamos a análise dos elementos do tipo. Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz TIPO OBJETIVO Realizar, o juiz, a inscrição fraudulenta do eleitor. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o alistando, se de boa-fé SUJEITO ATIVO O juiz. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio (pois pode ser cometido somente pelo juiz), comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Ocorre com a realização da inscrição. É irrelevante o recebimento do título ou o exercício do voto. TENTATIVA Há controvérsia na doutrina quanto à possibilidade de tentativa. PENA Reclusão: até 5 anos 3 Recurso Especial Eleitoral nº 198, Acórdão de 26/02/2013, Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 101, Data 31/5/2013, Página 48. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 109 e Multa: 5 a 15 dias-multa Negativa ou retardamento de inscrição eleitoral O tipo vem previsto no art. 292, do Código Eleitoral: Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição requerida: Pena ± pagamento de 30 a 60 dias-multa. Assim, vejamos: Negativa ou retardamento de inscrição eleitoral TIPO OBJETIVO Negativa ou retardo por parte da autoridade judiciária, sem justificativa, da inscrição requerida. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o alistando. SUJEITO ATIVO O juiz. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio (pois pode ser cometido somente pelo juiz), comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Ocorre com a mera negativa ou com o retardamento da inscrição. TENTATIVA Há controvérsia na doutrina quanto à possibilidade de tentativa. PENA Multa: 30 a 60 dias-multa Perturbação do alistamento Trata-se do tipo previsto no art. 293, do CE. Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento: Pena ± detenção de 15 dias a 6 meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. Vejamos os elementos do tipo: Perturbação do alistamento TIPO OBJETIVO Ato de perturbar ou de impedir o alistamento eleitoral de qualquer forma. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado, aquele que teve seu alistamento perturbado ou impedido, e o servidor da justiça eleitoral que foi perturbado ou impedido de realizar a inscrição eleitoral do alistando. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 109 SUJEITO ATIVO Em tese pode ser realizado por qualquer pessoa, crime comum. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO A mera perturbação já consuma o tipo. TENTATIVA É admitida tanto no caso de perturbação quanto de impedimento. PENA Detenção: 15 dias a 6 meses ou Multa: 30 a 60 dias-multa Retenção indevida de título eleitoral O tipo penal-eleitoral vem disposto no art. 295 no seguinte sentido: Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor: Pena ± detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. A Lei 9.504 também disciplina a matéria em seu art. 91, parágrafo único. Art. 91, parágrafo único: "a retenção de título eleitoral ou do comprovante do alistamento eleitoral constitui crime, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade por igual período, e multa no valor de cinco mil a dez mil Ufirs." Vejamos o quadro abaixo: Retenção indevida de título eleitoral TIPO OBJETIVO Contra a vontade do eleitor, efetuar a retenção do título eleitoral. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor que teve seu título retido. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum que pode ser atribuído a qualquer pessoa. Ressalta- se que há corrente doutrinária que alega que tal conduta delituosa somente pode ser cometida por servidor da Justiça Eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Ocorre com a retenção indevida do título. Note que a retenção deve ser indevida. O impedimento do voto não é necessário para a consumação do delito. TENTATIVA Não é admitida pela doutrina, em geral. PENA Detenção: até 2 meses ou Multa: 30 a 60 dias-multa Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 109 Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Desordem nos trabalhos eleitorais Trata-se do tipo previsto no art. 296, do CE, nos seguintes termos: Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais: Pena ± detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Passemos à análise do tipo penal-eleitoral: Desordem nos trabalhos eleitorais TIPO OBJETIVO Promover desordem, de modo a prejudicar os trabalhos eleitorais. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e as pessoas envolvidas nos serviços eleitorais. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, uma vez que exige que o resultado, qual seja a desordem que prejudique os serviços, de fato ocorra. CONSUMAÇÃO O crime está consumado com a instauração da desordem que prejudique os serviços. TENTATIVA Admissível. PENA Detenção: até 2 meses e Multa: 60 a 90 dias-multa Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Impedimento ao exercício do sufrágio Vejamos o tipo previsto no art. 297, do Código Eleitoral. Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio: Pena ± detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa. Vejamos o quadro a seguir: Impedimento ao exercício do sufrágio TIPO OBJETIVO Atrapalhar ou impedir o exercício do sufrágio. DireitoEleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 109 TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, se a conduta for de impedir, e formal, se a conduta visar embaraçar o exercício do sufrágio. CONSUMAÇÃO Com o efetivo impedimento ou com o mero embaraço. TENTATIVA Não é admissível, tendo em vista que a tentativa de impedir acarretaria no embaraço que já é previsto no tipo. PENA Detenção: até 6 meses e Multa: 60 a 100 dias-multa Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Prisão ou detenção indevida de eleitor no período de votação Vejamos o art. 298, do Código Eleitoral: Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de Mesa Receptora, Fiscal, Delegado de partido ou candidato, com violação do disposto no art. 236: Pena ± reclusão até quatro anos. Vamos nos atentar para o que dispõe o art. 236, referenciado acima. Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. § 1º Os membros das Mesas Receptoras e os Fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser, detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição. § 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do Juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade do coator. Vamos analisar o tipo em sua integralidade: Prisão ou detenção indevida de eleitor no período de votação TIPO OBJETIVO Efetuar a prisão ou a detenção de: eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato no período de 5 dias antes e 48 horas após o encerramento das eleições. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 109 TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e a pessoa presa ou detida. SUJEITO ATIVO Há divergência na doutrina: 1º crime próprio ± pois somente pode ser pratica pela polícia ou autoridade judiciária. 2º crime comum ± pois não existe indicação de quem poderia efetuar a prisão ou detenção. A 1ª corrente prevalece, pois o art. 236 menciona a autoridade. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e permanente, pois o crime se mantém enquanto durar a prisão ou detenção. CONSUMAÇÃO Ocorre com a prisão ou detenção. TENTATIVA É admitida. PENA Reclusão: até 4 anos Lembre-se que, no caso de reclusão, a pena mínima é de 1 ano. Corrupção Eleitoral Trata-se de um dos tipos mais importante e recorrente em provas de concurso. O tipo penal-eleitoral vem previsto no art. 299, do CE. Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena ± reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Façamos a análise completa do tipo: Corrupção Eleitoral TIPO OBJETIVO Dar, oferecer, solicitar e até mesmo receber dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem para obter ou dar voto ou abstenção. TIPO SUBJETIVO Dolo específico, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado, o eleitor e os demais candidatos. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Não há necessidade de aceitação da vantagem, a mera incidência em uma das condutas indicadas no tipo já é suficiente. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 109 TENTATIVA Não é admitida. PENA Reclusão: até 4 anos e Multa: 5 a 15 dias-multa. Lembre-se que, no caso de reclusão, a pena mínima é de 1 ano. Primeiramente cabe destacar que a esse princípio não se aplica o princípio da significância, segundo o qual uma ação qualificada penalmente como crime é considerada irrelevante, uma vez que não causa qualquer lesão à sociedade, ao ordenamento jurídico ou à própria vítima. Trata-se do entendimento exarado pelo TSE no julgamento do AgR-AI nº 106724: Agravo regimental em agravo de instrumento. Inviabilidade de reexame de fatos e provas na instância extraordinária. Súmula 279 do Supremo Tribunal Federal. Inocorrência de prescrição. Ausência dos requisitos exigidos para a aplicação do princípio da insignificância. Crime continuado. Aplicabilidade do art. 71 do Código Penal. Dissídio jurisprudencial não configurado. Similitude fática entre os julgados não verificada. Manutenção da decisão atacada. Agravo regimental ao qual se nega provimento. Portanto, lembrem-se: Precisamos ainda tratar das peculiaridades do artigo na jurisprudência do TSE. ª ³$�UHJUD�VHJXQGR�D�TXDO�R�FRUUpX�QmR�SRGH�ILJXUDU��QR� processo em que o é, como testemunha há de ser tomada de forma estrita, não cabendo partir para ficção jurídica, no que, envolvido na prática criminosa ± compra de votos, art. 299 do Código Eleitoral ±, não veio a ser denunciado." Trata-se da decisão do TSE no HC nº 78048. ª A configuração da corrupção eleitoral não exige pedido expresso de voto, mas sim a comprovação da finalidade de obter ou de dar voto ou prometer abstenção. Isso é o que foi decidido no ED-REspe nº 58245, do TSE. ª O art. 41-A, da Lei nº 9.504/1997, não alterou a disciplina da corrupção eleitoral e não implicou abolição do crime de corrupção eleitoral aqui tipificado. Vejamos o julgamento do TSE no Ag nº 6.553: A absolvição na representação por captação ilícita de sufrágio, na esfera cível-eleitoral, ainda que acobertada pelo manto da coisa julgada, não obsta a persecutio criminis pela prática do tipo penal descrito no art. 299, do Código Eleitoral. 4 Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 10672, Acórdão de 28/10/2010, Relator(a) Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 226, Data 25/11/2010, Página 41. Princípio da Insignificância NÃO se aplica ao caso de Corrupção eleitoral Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 109 ª O TSE tem entendido que, para a configuração do crime de corrupção eleitoral é necessário o dolo específico que exige o tipo penal, qual seja, a finalidade de obter ou dar voto ou prometer abstenção. ª De acordo com o Ag nº 8.905 do TSE, o crime de corrupção eleitoral é crime formal que não admite a forma tentada, sendo o resultado mero exaurimento da conduta criminosa. ª O TSE entende que para a configuração do ilícito penal exige-se que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa que possa votar. ª O TSE decidiu no AgR-AI nº 58648 que, para a configuração do crime de corrupção eleitoral, a promessa de vantagem deve estar vinculada à obtenção do voto de determinadoseleitores, não podendo se confundir com a realização de promessas de campanha. Coação Eleitoral É o tipo previsto no art. 300, do CE, vejamos: Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido: Pena ± detenção até 6 meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa. Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo a pena é agravada. Segue quadro explicativo: Coação Eleitoral TIPO OBJETIVO Coagir alguém a votar, ou não, em determinado candidato, valendo-se, o servidor público, de sua autoridade. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor que sofre a coação. SUJEITO ATIVO O servidor Público, observe-se que pode ou não integrar a Justiça Eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal, pois é necessário que haja o voto. CONSUMAÇÃO Com a coação séria, capaz de provocar o constrangimento ao eleitor TENTATIVA Não é admitida, em regra, por tratar-se de crime formal. Contudo, parte da doutrina entende ser possível a tentativa se utilizado o meio escrito. PENA Detenção: até 6 meses e Multa: 60 a 100 dias-multa. Se o agente é membro da Justiça Eleitoral a pena é agravada de 1/5 a 1/3. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 109 Coação violenta de eleitores De acordo com o art. 301, do CE, incide nesse tipo quem: Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos: Pena ± reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Desse modo: Coação violenta de eleitores TIPO OBJETIVO Coagir alguém a votar em determinado partido ou candidato com uso de violência ou grave ameaça. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor que sofre a coação. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal, tendo em vista que o próprio tipo informa que não é necessária a consecução do resultado. CONSUMAÇÃO Com o uso da violência ou grave ameaça de modo a coagir o eleitor. TENTATIVA É admissível. PENA Reclusão: até 4 anos e Multa: 5 a 15 dias-multa. Cabe mencionar, ainda, o entendimento do TSE no AgR- REspe nº 51635985, no sentido de que não se exige que o crime acima tenha sido praticado necessariamente durante o período eleitoral. Vejamos a ementa do julgado: Ação penal. Coação. Votação. Denúncia. 1. Para modificar o entendimento da Corte de origem - que considerou atendidos os requisitos dos arts. 41 do Código de Processo Penal e 357, § 2º, do Código Eleitoral, em face da demonstração de indícios de materialidade e autoria do delito previsto no art. 301 do Código Eleitoral -, concluindo pelo recebimento de denúncia contra prefeito, seria necessário o reexame do conjunto fático-probatório, o que é vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula nº 279 do Supremo Tribunal Federal. 5 Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 5163598, Acórdão de 17/02/2011, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 11/04/2011, Página 37-38. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 109 2. O tipo do art. 301 do Código Eleitoral refere-se ao uso de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos. 3. A circunstância de ausência de poder de gestão de programa social não afasta a eventual configuração do delito do art. 301 do Código Eleitoral diante do fato alusivo à ameaça a eleitores quanto à perda de benefício social, caso não votassem no candidato denunciado. Agravo regimental não provido. Concentração ilegal de eleitores Vejamos o tipo expresso no art. 302, do Código Eleitoral. Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma: Pena ± reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa. Assim: Concentração ilegal de eleitores TIPO OBJETIVO Com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, promover a concentração de eleitores no dia da eleição. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado, o eleitor e os candidatos prejudicados. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Com a mera concentração com intuito criminoso. TENTATIVA É admissível. PENA Reclusão: de 4 anos a 6 anos. e Multa: 200 a 300 dias-multa. Observe-se que a Lei nº 6.091/1974, em seu art. 11, III, revogou a parte final dessH� DUWLJR�� D� TXDO� SUHYLD� ³LQFOXVLYH� R� IRUQHFLPHQWR� JUDWXLWR� GH� DOLPHQWR� H� WUDQVSRUWH�FROHWLYR´��SRU�FRQVLGHUDU�FRPR�FULPH�WDO�prática, dilatando o período de proibição de transporte de eleitores desde o dia anterior até o posterior à eleição. De acordo com o julgamento do TSE no HC nº 70543, o crime de concentração ilegal de eleitores não alcança o transporte de cidadãos no dia da realização de plebiscito. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 109 Majoração de preços na eleição O tipo vem previsto no art. 303, do CE. Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral: Pena ± pagamento de 250 a 300 dias-multa. Vamos analisar os elementos do tipo: Majoração de preços na eleição TIPO OBJETIVO Majorar o preço de produtos e serviços necessários para que se possa realizar o pleito eleitoral. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado, o eleitor e os candidatos ou partidos políticos eventualmente prejudicados. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa que forneça os produtos ou serviços de transporte e de alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de material eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Ocorre com o aumento propositado dos preços TENTATIVA É admissível, embora de difícil ocorrência fática. PENA Multa: 250 a 300 dias-multa. Ocultação ou recusa de fornecimento de bens e serviços nas eleições Esse tipo pode ser observado da análise do art. 304, do CE. Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato: Pena ± pagamento de 250 a 300 dias-multa. Desse modo: Ocultação ou recusa de fornecimento de bens e serviços nas eleições TIPO OBJETIVO O ato de ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar o fornecimento de bens ou serviços no dia das eleições TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e os consumidores eventualmente prejudicados. Direito EleitoralTRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 109 SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Com a ocultação, sonegação ou recusa de fornecimento. TENTATIVA É admissível, embora de difícil ocorrência fática. PENA Multa: 250 a 300 dias-multa. Intervenção de autoridade estranha à mesa receptora Trata-se do tipo penal-eleitoral previsto no art. 305. Art. 305. Intervir autoridade estranha à Mesa Receptora, salvo o Juiz Eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer pretexto: Pena ± detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Os elementos do tipo são os seguintes: Intervenção de autoridade estranha à mesa receptora TIPO OBJETIVO Intervir no funcionamento da mesa receptora, autoridade estranha, salvo o juiz eleitoral. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e aqueles que integram a mesa receptora. SUJEITO ATIVO Qualquer autoridade, exceto o juiz eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Com a mera intervenção da autoridade estranha. TENTATIVA É admissível PENA Detenção: até 6 meses e Multa: 60 a 90 dias-multa. Infração de menor potencial ofensivo. Inobservância da ordem de votação. Esse é o tipo exposto no art. 306, do Código Eleitoral. Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar: Pena ± pagamento de 15 a 30 dias-multa. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 109 A ordem a ser observada no dia da votação, tendo em vista certas prioridades, está prevista no art. 143, do CE. Art. 143. Às 8 (oito) horas, supridas as deficiências declarará o Presidente iniciados os trabalhos, procedendo-se em seguida à votação, que começará pelos candidatos e eleitores presentes. § 1º Os membros da Mesa e os Fiscais de partido deverão votar no correr da votação, depois que tiverem votado os eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos trabalhos, ou no encerramento da votação. § 2º Observada a prioridade assegurada aos candidatos, têm preferência para votar o Juiz Eleitoral da Zona, seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos e as mulheres grávidas. Outros casos de prioridades foram criados pelas Resolução nº 22.154/2006 e nº 22.712/2008 para: a) promotores eleitorais; b) policiais militares que estejam em serviço; c) pessoas portadoras de necessidades especiais; d) lactante. Além disso, o estatuto do idoso prevê prioridade garantida aos maiores de 60 anos. Passemos à análise do tipo: Inobservância da ordem de votação TIPO OBJETIVO Deixar de observar a ordem em que os eleitores devem ser convocados a votar. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e os eleitores que possuem prioridade de voto e forem preteridos. SUJEITO ATIVO Os mesários e o juiz eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Quanto por ordem do mesário ou do juiz o eleitor é colocado em ordem diversa daquela em que deveria votar. TENTATIVA É admissível. PENA Multa: 15 a 30 dias-multa. Fornecimento de cédula já assinada Vejamos o tipo previsto no art. 307. Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada: Pena ± reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 109 Com o advento da votação eletrônica esse crime se tornou de pouca incidência, pelo fato de que, em caso de falha da urna eletrônica, é possível a utilização da cédula. Nesse caso, então, o crime se torna perfeitamente possível. Façamos uma análise detalhada dos elementos do tipo: Fornecimento de cédula já assinada TIPO OBJETIVO Fornecer ao eleitor cédula assinada ou marcada de alguma forma. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor que receber a cédula assinada. SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal, pois não é exigida a fraude ao voto. CONSUMAÇÃO Com o recebimento da cédula em condições inadequadas. Sequer é necessário que o eleitor deposite essa cédula na urna. TENTATIVA É admissível. PENA Reclusão: até 5 anos. e Multa: 5 a 15 dias-multa. Fornecimento de cédula em momento inoportuno Pelas mesmas razões expostas no crime anterior, esse delito somente ocorrerá em caso de falha da urna eletrônica e realização da votação por meio de cédulas de papel. Vejamos o tipo do art. 308. Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor: Pena ± reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Vamos desmembrar o tipo penal-eleitoral: Fornecimento de cédula em momento inoportuno TIPO OBJETIVO Rubricar e fornecer a cédula em momento inoportuno TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor que receba a cédula. SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 109 CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal, pois não é exigido o resultado do voto. CONSUMAÇÃO Com o recebimento da cédula em condições inadequadas. Sequer é necessário que o eleitor deposite essa cédula na urna. TENTATIVA É admissível. PENA Reclusão: até 5 anos. e Multa: 60 a 90 dias-multa. Exercício irregular do voto Trata-se da disciplina do art. 309. Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena ± reclusão até três anos. Exercício irregular do voto TIPO OBJETIVO Tentar votar, ou efetivamente votar, mais de uma vez no lugar de outro eleitor. TIPO SUBJETIVO Dolo. SUJEITO PASSIVO Estado, candidato ou o eleitor em lugar do qual foi realizado o voto. SUJEITO ATIVO O eleitor ou qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, quando se tratar do voto efetivo, e de mera conduta, quando se tratar da tentativa de voto no lugar de outrem. CONSUMAÇÃO Com a tentativa de realizar o voto já se incide no crime. TENTATIVA Não é possível, pois o tipo já criminaliza a figura da tentativa. PENA Reclusão: até 3 anos. Práticas irregulares na votação O art. 310, do CE, dispõe o seguinte: Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da Mesa Receptora que seja praticada, qualquer irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do art. 311: Pena ± detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. Veremos o que é abordado no art. 311 em seguida, no momento vamos focar no exame do presente dispositivo legal. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 109 Práticas irregulares na votação TIPO OBJETIVO Praticarqualquer irregularidade que cause a anulação da votação ou, ao membro da mesa receptora, permitir que seja praticada irregularidade que determine a anulação da votação. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o eleitor em caso de anulação da votação. SUJEITO ATIVO Membros da mesa receptora. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio (de acordo com o entendimento majoritário), comissivo e material, pois exige-se que a votação seja anulada. CONSUMAÇÃO Diz-se que ocorre com a anulação dos votos, embora tal entendimento não seja totalmente pacífico. TENTATIVA É admissível PENA Detenção: até 6 meses ou Multa: 90 a 120 dias-multa. Infração de menor potencial ofensivo. Voto fora da seção Agora sim vamos realizar o estudo do art. 311, que é excetuado no artigo acima. Art. 311. Votar em Seção Eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente previstos, e permitir, o Presidente da Mesa Receptora, que o voto seja admitido: Pena ± detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o Presidente da Mesa. Esse tipo é de difícil ocorrência em nosso sistema de votação atual, tendo em vista os aspectos eletrônicos de votação. De qualquer modo, segue o desmembramento do artigo. Voto fora da seção TIPO OBJETIVO Votar em seção eleitoral a qual não está inscrito. Além disso, o tipo objetivo prevê a conduta do Presidente da mesa receptora em permitir o voto. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO O eleitor ao votar e o Presidente da mesa ao permitir o voto. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 109 CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e material, pois exige-se o voto. CONSUMAÇÃO Com a efetiva realização do voto. TENTATIVA É admissível PENA Detenção: até 1 mês ou Multa: 5 a 15 dias-multa. Infração de menor potencial ofensivo. Violação ou tentativa de violação ao sigilo do sufrágio O tipo objetivo previsto no art. 312 é extremamente direto, vejamos: Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: Pena ± detenção até dois anos. Violação ou tentativa de violação ao sigilo do sufrágio TIPO OBJETIVO Violar o sigilo do voto ou tentar violar. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, candidatos ou o eleitor cujo sigilo foi violado. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material ao violar e de mera conduta no caso de tentativa de violação. CONSUMAÇÃO Ocorre com a mera tentativa de violação. TENTATIVA A tentativa já é uma conduta criminalizada. PENA Detenção: até 02 anos. Infração de menor potencial ofensivo. Omissão de expedição de boletim de apuração de urna Trata-se do previsto no art. 313, do Código Eleitoral. Art. 313. Deixar o Juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos Fiscais, Delegados ou candidatos presentes: Pena ± pagamento de 90 a 120 dias-multa. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 109 Parágrafo único. Nas Seções Eleitorais em que a contagem for procedida pela Mesa Receptora incorrerão na mesma pena o Presidente e os Mesários que não expedirem imediatamente o respectivo boletim. O parágrafo único trata-se de obrigação inclusa pelo art. 68, § 1º, da Lei 9.504. Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá os nomes e os números dos candidatos nela votados. § 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a entregar cópia do boletim de urna aos partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos representantes o requeiram até uma hora após a expedição. Passemos ao exame da conduta criminalizada. Omissão de expedição de boletim de apuração de urna TIPO OBJETIVO Deixar de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO O Estado. SUJEITO ATIVO Os mesários ou o juiz eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, omissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Com o mero ato de deixar de enviar o boletim. TENTATIVA Por ser crime omissivo não comporta tentativa. PENA Multa: 90 a 120 dias-multa. Omissão no recolhimento das cédulas apuradas da urna Vejamos, agora, o art. 314. Art. 314. Deixar o Juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada Seção e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos Fiscais, Delegados ou candidatos presentes: Pena ± detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. Parágrafo único. Nas Seções Eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela Mesa Receptora incorrerão na mesma pena o Presidente e os Mesários que não fecharem e lacrarem a urna após a contagem. Assim: Omissão no recolhimento das cédulas apuradas da urna TIPO OBJETIVO Deixar de recolher as cédulas apuradas na urna, fechá-la e lacrá-la, assim que findar a apuração. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 109 TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO Os integrantes da Mesa e o juiz eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, omissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Ocorre com o ato omissivo. TENTATIVA Não é admissível, tendo em vista que é crime omissivo. PENA Detenção: até 02 meses. ou Multa: 90 a 120 dias-multa. Infração de menor potencial ofensivo. Alteração de mapas ou boletins de apuração ou votação O art. 315 disciplina o seguinte: Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas: Pena ± reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Cabe, ainda, trazer mais dois dispositivos legais. Vejamos o art. 15 da Lei nº 6.996. Art. 15 - Incorrerá nas penas do art. 315 do Código Eleitoral quem, no processamento eletrônico das cédulas, alterar resultados, qualquer que seja o método utilizado. Também está relacionado ao dispositivo o art. 72, da Lei nº 9.504. Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos: I - obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim de alterar a apuração ou a contagem de votos; II - desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou programa de computador capaz de destruir, apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar qualquer outro resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados usados pelo serviço eleitoral; III - causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização de votos ou a suas partes. Como sabemos, a apuração dos votos por meio de cédulas em papel é extremamente incomum no sistema eletrônico eocorre apenas em caso de falhas. Dessa forma, esse tipo penal também se torna pouco corriqueiro. De todo o modo, vamos julgar o tipo. Alteração de mapas ou boletins de apuração ou votação Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 109 TIPO OBJETIVO Alterar a votação obtida por qualquer candidato ou lançar votação que não corresponda às cédulas apuradas nos mapas ou nos boletins de apuração. TIPO SUBJETIVO Dolo. SUJEITO PASSIVO Estado, candidato ou o eleitor que não teve seu voto apurado. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, muito embora caiba à Junta Eleitoral totalizar os votos. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material. Observe-se que parte da doutrina classifica como crime formal. CONSUMAÇÃO Ocorre com a efetiva alteração dos dados incorretos. TENTATIVA É admitida PENA Reclusão: até 5 anos. e Multa: 5 a 15 dias multa. Recusa à consignação de protestos em ato de eleição ou de apuração Vejamos o art. 316. Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior: Pena ± reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Vejamos, ainda, de forma relacionada e sem excluir o tipo previsto acima, o art. 70, da Lei das Eleições. Art. 70. O Presidente de Junta Eleitoral que deixar de receber ou de mencionar em ata os protestos recebidos, ou ainda, impedir o exercício de fiscalização, pelos partidos ou coligações, deverá ser imediatamente afastado, além de responder pelos crimes previstos na Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. Assim: Recusa à consignação de protestos em ato de eleição ou de apuração TIPO OBJETIVO Deixar de receber ou de mencionar os protestos ou deixar de remetê-los à instância superior. TIPO SUBJETIVO Dolo. SUJEITO PASSIVO Estado e aquele que formulou o protesto. SUJEITO ATIVO Mesários ou integrantes da Junta Eleitoral. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e de mera conduta. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 109 CONSUMAÇÃO Ocorre com o não recebimento ou falta de menção dos protestos ou, ainda, com a falta de envio dos protestos à instância superior. TENTATIVA Não é admitida por ser crime omissivo. PENA Reclusão: até 5 anos. e Multa: 5 a 15 dias multa. Violação ou tentativa de violação do sigilo de urna Trata-se do tipo penal-eleitoral disposto no art. 317, do CE. Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros: Pena ± reclusão de três a cinco anos. Assim: Violação do Sigilo de Urna TIPO OBJETIVO Violar o sigilo de urna eletrônica ou dos invólucros. Abrange, também, o tipo objetivo e a tentativa de violação do sigilo da urna ou invólucros. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO A consumação ocorre com a tentativa ou com a violação efetiva do sigilo da urna. TENTATIVA É admitida. PENA Reclusão: 3 a 5 anos. Multa: não há Contagem Indevida de Votos Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 318, do CE: Art. 318. Efetuar a Mesa Receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob impugnação (art. 190): Pena ± detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. Trata-se de um tipo penal pouco utilizado tendo em vista o processamento eletrônico de votos. Contudo, como poderá ser utilizado excepcionalmente ± com em casos em que a votação se dê por cédulas ± devemos analisá-lo. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 109 Assim: Contagem Indevida de Votos TIPO OBJETIVO Efetuar, a mesa receptora, a contagem dos votos da urna quando houver qualquer voto sob impugnação. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Havendo impugnação, a mesa receptora deverá suspender a contagem dos votos. Caso o voto seja computado antes de analisada a impugnação haverá a consumação do tipo. TENTATIVA É admitida. PENA Detenção: até 1 mês. ou Multa: 30 a 60 dias-multa. Subscrição múltipla de ficha para registro de partido Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 319, do CE: Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos: Pena ± detenção até um mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa. 3ULPHLUDPHQWH��SRU�³ILFKD�GH�UHJLVWUR´�GHYHPRV�OHU�D�DVVLQDWXUD�QDV�OLVWDV�SDUD� apoiamento mínimo. O apoiamento mínimo é uma das condições para a criação de partidos políticos. Assim, ao se criar um partido político é necessária a colheita de centenas de milhares de assinaturas com a indicação dos respectivos títulos eleitorais para que seja demonstrado o caráter nacional do partido político. Assim: Subscrição múltipla de listas de apoiamento mínimo TIPO OBJETIVO Assinar por duas vezes ou mais a lista de apoiamento mínimo. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e demais partidos políticos. SUJEITO ATIVO Há uma divergência doutrinária. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 109 1ª corrente: afirma que se trata de crime comum e, em razão disso, poderá ser cometido por qualquer eleitor. 2ª corrente: afirma que se trata de crime próprio uma vez que não poderá ser cometido por qualquer pessoa, mas pelo eleitor. Não há um posicionamento que prevaleça. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum ou próprio (segundo as correntes acima), comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Consuma-se o tipo penal com o ato de inscrever a segunda filiação na Justiça Eleitoral. De acordo com a doutrina, no dia seguinte, caso o eleitor não efetue o requerimento de desfiliação do partido anterior, restaria configurado o delito. Contudo, a jurisprudência entende que somente restará configurado o tipo penal quando houver comunicação pelo partido político da lista de filiados à Justiça Eleitoral. De acordo com o art. 19 da lei nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos) as agremiações deverão enviar as listas de filiados sempre na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada ano. Art. 19. Na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada ano, o partido, por seus órgãos de direção municipais, regionais ou nacional, deverá remeter, aos Juízes Eleitorais, para arquivamento, publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o número dos títulos eleitorais e das Seções em que estão inscritos. TENTATIVA É admitida, quando o eleitor utilizar o sistema Filiaweb para informar a filiação. PENA Multa: 10 a 20 dias-multa. Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menorpotencial ofensivo. Múltipla filiação partidária Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 320, do CE: Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos: Pena ± pagamento de 10 a 20 dias-multa. Esse tipo possui relação com a previsão do art. 22, § único, da Lei nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Político), que estabelece o dever que o eleitor possui de informar à Justiça Eleitoral a nova filiação. Se não o fizer, terá cancelada a filiação mais antiga, o qual não elide a apuração da responsabilidade penal em razão do tipo penal que estamos estudando. Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais. Assim: Múltipla Filiação Partidária Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 109 TIPO OBJETIVO Inscrever filiado simultaneamente em dois ou em mais partidos políticos. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e demais partidos políticos. SUJEITO ATIVO Há uma divergência doutrinária. 1ª corrente: afirma que se trata de crime comum e, em razão disso, poderá ser cometido por qualquer eleitor. 2ª corrente: afirma que se trata de crime próprio uma vez que não poderá ser cometido por qualquer pessoa, mas pelo eleitor. Não há um posicionamento que prevaleça. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum ou próprio (segundo as correntes acima), comissivo e de mera conduta. CONSUMAÇÃO Haverá a consumação com a assinatura da ficha. TENTATIVA Não é admitida. PENA Detenção: até 1 mês. ou Multa: 10 ± 30 dias-multa. Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Colheita Indevida de Apoio para Registro de Partido Político Vimos um pouco mais acima que o eleitor que assina duas vezes a lista de apoiamento mínimo incorre no tipo penal do art. 319, do CE. Aqui é o inverso. Vejamos o que dispõe o art. 321, do CE: Art. 321. Colher assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido: Pena ± detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa. Colheita Indevida de Apoio para Registro de Partido Político TIPO OBJETIVO Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 109 CONSUMAÇÃO Ocorrerá a consumação com a mera colheita da assinatura do eleitor, ainda que não se venha utilizar a ficha para registro do partido político no TSE. TENTATIVA É admitida. PENA Detenção: até dois meses. ou Multa: 20 a 40 dias-multa. Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 322, do CE: Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado: Pena ± detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa. Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda TIPO OBJETIVO Divulgar na propaganda eleitoral fatos que sabe inverídicos em relação a partidos políticos ou a candidatos, que sejam capazes de exercer influência na decisão do eleitor. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado, eleitores, candidatos ofendidos e partidos políticos. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Ocorrerá com a consumação com a divulgação da propaganda. TENTATIVA É admitida. PENA Detenção: 2 meses a 1 ano. ou Multa: 120 a 150 dias-multa. Ao contrário do padrão dos tipos penais, nesse caso foi fixada a pena mínima. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo. Ademais, a pena será agravada se o crime for cometido pela imprensa, rádio ou televisão. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 109 Para finalizar, é importante ressaltar que o TSE entende que somente propaganda paga veiculada em confronto com o dispositivo acima é capaz de gerar a tipificação penal. Nesse sentido, vejamos a ementa do AgR-REspe nº 35.977/20096: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. CRIME ELEITORAL. ART. 323 DO CÓDIGO ELEITORAL. ATIPICIDADE. DIVULGAÇÃO. OPINIÃO. CANDIDATO. IMPRENSA ESCRITA. PROPAGANDA. NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. O art. 323 do Código Eleitoral refere-se à divulgação de fatos inverídicos na propaganda, conceito que deve ser interpretado restritivamente, em razão do princípio da reserva legal. 2. O art. 20, § 3º, da Resolução TSE nº 22.718/2008 estabelece que Não caracterizará propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável a candidato, a partido político ou a coligação pela imprensa escrita, desde que não seja matéria paga, mas os abusos e os excessos, assim como as demais formas de uso indevido dos meios de comunicação, serão apurados e punidos nos termos do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. 3. Na espécie, os textos jornalísticos publicados na imprensa escrita não eram matérias pagas, razão pela qual ainda que tivessem eventualmente divulgado opiniões sobre candidatos não podem ser caracterizados como propaganda eleitoral, impedindo, por consequência, a tipificação do crime previsto no art. 323 do Código Eleitoral. 4. Agravo regimental não provido. Calúnia Eleitoral Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 324, do CE: Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena ± detenção de seis meses a dois anos e pagamento de 10 a 40 dias-multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida: I ± se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado por sentença irrecorrível; II ± se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; III ± se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Vejamos, inicialmente, o conceito apresentado pelos professores Rodrigo Martiniano e Ayres Lins7: A calúnia eleitoral consiste na imputação falsa a alguém de um fato definido como crime, quer seja ele eleitoral ou não, na propaganda ou visando esta. A calúnia eleitoral assemelha-se, portanto, à difamação, pois imputa falsamente ao ofendido um fato desonroso com status de crime. Desse modo, podemos concluir que a imputação praticada deve ser falsa, de modo que, se o fato for verdadeiro, não há que se falar em crime. Desse modo, a exceção da verdade é o instrumento que poderá se valer o acusado para evitar a imputação. Ainda 6 Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 35977, Acórdão de15/10/2009, Relator(a) Min. FELIX FISCHER, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 7/12/2009, Página 15 RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 20, Tomo 4, Data 15/10/2009, Página 301 7 LINS, Ayres. e MARTINIANO, Rodrigo. Direito Eleitoral Descomplicado, p. 782. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 109 assim, é importante memorizarmos as hipóteses em que a exceção da verdade não será admitida nos termos do §2º do dispositivo estudado. Além disso, conforme ensina a doutrina não é necessário que o fato seja dirigido a candidato, desde seja veiculado em propaganda eleitoral ou visar à propaganda. Antes de analisarmos o nosso quadro, atente-se: Assim: Calúnia Eleitoral TIPO OBJETIVO Caluniar alguém na propaganda eleitoral imputando falsamente fato definido como crime. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o ofendido. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Consuma-se com a divulgação da propaganda e com o conhecimento por terceiros. TENTATIVA É admitida, exceto pela forma verbal. PENA Detenção: 6 meses a 2 anos. ou Multa: 10 a 40 dias-multa. Está previsto, ainda, causa de aumento de pena (1/3), quando cometido contra: se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. NÃO SE ADMITE A EXCEÇÃO DA VERDADE INCORRE EM CALÚNIA ELEITORAL AQUELE QUE, SABENDO SER FALSA A IMPUTAÇÃO, A PROPALAR OU A DIVULGAR. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 109 1. Presidente da República; 2. Chefe de Governo Estrangeiro; 3. Funcionário público em razão de suas funções; 4. Na presença de várias pessoas; 5. Utilizando-se de meios que facilitem a divulgação da ofensa. Difamação Eleitoral Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 325, do CE: Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena ± detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 30 dias-multa. Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Assim: Difamação Eleitoral TIPO OBJETIVO Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação. TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa. SUJEITO PASSIVO Estado e o ofendido. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal. CONSUMAÇÃO Consuma-se o delito com a divulgação da informação difamatória na propaganda visando à propaganda eleitoral, desde que chegue ao conhecimento de terceiros. TENTATIVA É admitida, exceto se realizada de forma verbal. PENA Detenção: de 3 meses a 1 ano. e Multa: 5 a 30 dias-multa. Infração de menor potencial ofensivo. Está previsto, ainda, causa de aumento de pena (1/3), quando cometido contra: 1. Presidente da República; 2. Chefe de Governo Estrangeiro; 3. Contra funcionário público em razão de suas funções; 4. Na presença de várias pessoas; 5. Utilizando-se de meios que facilite a divulgação da ofensa. Conforme dissemos, a conduta não precisa ser praticada contra candidato, deverá apenas ser veiculada com Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 109 finalidade de propaganda eleitoral. Nesse sentido, vejamos o HC nº 187.635/20108, pelo qual firmou a desnecessidade de que a ofensa seja praticada contra candidato para a tipificação do crime previsto neste artigo. HABEAS CORPUS. CRIME ARTS. 325 E 326 DO CÓDIGO ELEITORAL. OFENSA VEICULADA NA PROPAGANDA ELEITORAL. TIPICIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. 1. Para a tipificação dos crimes de difamação e injúria eleitorais, previstos nos arts. 325 e 326 do Código Eleitoral, não é preciso que a ofensa seja praticada contra candidato, uma vez que a norma descreve as condutas de difamar e injuriar alguém, sem especificar nenhuma qualidade especial quanto ao ofendido. 2. O que define a natureza eleitoral desses ilícitos é o fato de a ofensa ser perpetrada na propaganda eleitoral ou visar a fins de propaganda. 3. Na espécie, as ofensas foram veiculadas na propaganda eleitoral por rádio, o que determina a competência da Justiça Eleitoral para apurar a prática dos delitos tipificados nos arts. 325 e 326 do Código Eleitoral. 4. Ordem denegada. Mesmo entendimento foi firmado no HC nº 114080/2011, segundo o qual a incursão na difamação eleitoral relaciona-se ao contexto eleitoral em que ela é veiculada, não possuindo relação com o sujeito da conduta. Vejamos também a Ementa do RHC nº 761.681/20119, segundo a qual o deferimento do direito de resposta e a interrupção da divulgação da ofensa não evitam a apuração do tipo ora estudados, caso haja difamação ou divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ARTS. 323 E 325 DO CÓDIGO ELEITORAL. DIFAMAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE FATOS INVERÍDICOS NA PROPAGANDA ELEITORAL. TRANCAMENTO AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. O deferimento do direito de resposta e a interrupção da divulgação da ofensa não elidem a ocorrência dos crimes de difamação e de divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral, tendo em vista a independência entre as instâncias eleitoral e penal. 2. Para verificar a alegação dos impetrantes de que não houve dolo de difamar, injuriar ou caluniar, mas tão somente de narrar ou criticar, seria imprescindível minuciosa análise da prova dos autos, providência incabível na estreita via do habeas corpus, marcado por cognição sumária e rito célere. 3. Na espécie, não é possível verificar, de logo, a existência de nenhuma das hipóteses que autorizam o trancamento da ação penal, pois não está presente causa de extinção da punibilidade e a denúncia descreve fato que, em tese, configura crime eleitoral, apontando prova da materialidade do ilícito e indícios de autoria. 4. Recurso desprovido. Injúria Eleitoral Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 326, do CE: 8 Habeas Corpus nº 187635, Acórdão de 14/12/2010, Relator(a) Min. ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 033, Data 16/02/2011, Página 44-45. 9 Recurso em Habeas Corpus nº 761681, Acórdão de 17/05/2011, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 01/07/2011, Página 92. Direito Eleitoral TRE-SP Analistas e Técnico Aula 16 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 109 Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena ± detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. § 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena: I ± se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
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