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3ºTema Texto 2 Dialética e Espiritualidade TRANSCENDENCIA E IMANENCIA

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3º encontro – Ciências da Religião – 2016-1
O SER HUMANO A DIALÉTICA E A ESPIRITUALIDADE
Profª Ir. Marcevania P. Sousa
TEXTO 2
TRANSCENDÊNCIA E IMANÊNCIA
Duas realidades que colocam o ser humano numa dimensão de busca e realização, de sonho e realidade.
Transcendência:
É preciso, antes de começar a empreitada de investigação sobre o tema, definir ou ver abrangência dos termos transcendência, transcendental ou transcendente. Não existe, obviamente, um conceito de transcendental, pois esta palavra tem sido usada em vários sentidos. Ela significa "o que é ou vai além". Na filosofia medieval, chamavam-se conceitos transcendentais aos mais universais, ou seja, aqueles que vão além das distinções entre diferentes categorias. Na idade moderna, o uso mais comum da palavra designa o suprassensível como aquilo que está além do mundo espaço-temporal. Se acreditarmos que os homens têm uma relação essencial com algo suprassensível tal como as ideias de Platão ou um Deus que está além do espaço, então, esta relação com algo transcendente pode ser chamada de relação transcendental. Muitos falam do metafísico neste mesmo sentido e quando dizem que a metafísica acabou, querem dizer que a crença numa coisa transcendente não se pode mais justificar. Neste sentido, o transcendente tem, em primeira instância, um sentido ontológico, quer dizer, refere-se a um tipo de ente; mas, também, pode-se dizer que este uso tem um sentido psicológico-antropológico, isto é, que os seres humanos relacionam-se não somente com o mundo espaço-temporal, mas também com o que transcende este mundo. Neste segundo sentido, ou seja, no antropológico, pode-se dizer que transcendência refere-se à relação dos seres humanos com o que está além. Transcender adquire assim um sentido dinâmico: refere-se às atividades dos homens que consistem em transcender. Fazendo uma ponte com o tema de uma aula anterior, podemos chamar transcendência de a dimensão águia no ser humano ou em outras realidades no mundo natural, cultural ou sobrenatural. Com dizia Leonardo Boff, nossos sonhos, nossas superações e nossa busca é como a capacidade da águia, que em oposição à galinha, pode voar, superar e buscar o infinito.
imanência:
O imanente ou a imanência seria a outra face da mesma realidade. Seria, a grosso modo, o contrário de transcendência. Realidade esta que pode ser humana, animal, material ou divina. É a dimensão do real, do concreto, do aqui e agora. Pode ser também, os projetos já realizados, já acabados.. O imanente é aquilo que já está dito, já faz parte da realidade. É aquilo que se pode conhecer sobre algo. É aquilo que é inerente às coisas ou seres.
 
 TRANSCENDENTE EXISTE? QUEM É ELE(A)? COMO ELE(A)É?
Desde os primórdios, o ser humano não parou de interrogar-se sobre a sua própria sorte. A origem da vida, o destino, a doença e a morte sem explicações, a necessidade da dor e o impulso à felicidade, as energias e as forças que transcendem a inteligência e a vontade, o bem e o mal, de todas as questões que o homem levanta, três perguntas se destacam e exigem dele uma resposta: de onde venho? quem sou? para onde vou? 
Religiões e ciências têm se debatido desde os princípios da humanidade, na busca de responderem essas questões e nos ofereceram muitas respostas ao longo da história humana. No entanto, apesar de todos os progressos das ciências, e de toda liberdade para levantar hipóteses, ainda não há resposta humana satisfatória. [1: Este texto é uma síntese adaptada do livro O homem busca o Transcendente, organizado por Vicente Paulo Alves, da Universidade Católica de Brasília, em 1997, p.21-25.]
Há uma solução para essas questões? Depende da perspectiva de que se olha, pois estamos diante de questões transcendentes. Para essas questões, as respostas não podem ser materiais, concretas. A maioria das religiões afirma que as respostas poderão ser encontradas nas divindades. Para as religiões, a resposta se encontra em um Ser Transcendente. Porém se é assim, como seria este transcendente?
Vejamos alguns conceitos de pensadores que, ao longo da história da humanidade, buscaram uma definição do transcendente:
Buda – Existe uma lei cósmica que rege o universo.
Sócrates – O Transcendente é a providência que governa o mundo com sabedoria.
Platão – O Transcendente é uno, poderoso, onisciente e governa o mundo com sabedoria e providência.
Aristóteles – O Transcendente é o ser pleno, a essência pura, separada da realidade sensível.
Tomás de Aquino – É a causa não causada.
Galileu – O transcendente está ausente do mundo, mas não afastado dele.
Descartes – O Transcendente é a substância infinita, eterna, imutável, independente, absoluta, onisciente e onipotente.
Newton – O Transcendente é o ser infinito, supremo, eterno e absolutamente perfeito; O Transcendente governa o mundo, mas está fora dele.
Einstein – Não se pode chegar a nenhum conceito determinado sobre o Transcendente.
Darwin – Nunca neguei a existência do Transcendente.
Max Plank – A ciência e a religião confirmam a existência do Transcendente.
Paul Tilich – O Transcendente é o ser ou fundamento do ser, verdade simbólica. É a causa e o efeito de todas as coisas.
Kant – O Transcendente é o ser mais perfeito concebível.
Leibniz – O Transcendente é o ser perfeito, supremo, a inteligência ordenadora.
Teilhard de Chardin – O Transcendente é um meio universal; É o ponto final do qual convergem todas as realidades.
Entretanto, será que em todas as sociedades e em todos os tempos as pessoas aceitaram a idéia da existência de um Ser Transcendente? Será que este Ser pode oferecer respostas às nossas questões existenciais? Certamente que não. Esta idéia tem gerado um debate permanente nas mais diferentes sociedades e nos mais distintos momentos históricos. 
Eis alguns argumentos pró ou contra a existência do Transcendente:
	A FAVOR
	CONTRA
	O conceito de perfeição do Transcendente exige que ele seja considerado existente, pois, de outro modo, não seria perfeito (Anselmo e Descartes).
	A idéia de perfeição não sugere sua existência (materialistas).
	A natureza contingente ou causal da realidade exige que ela tenha uma base necessária, uma “primeira causa” identificada como Transcendente (Tomás de Aquino).
	A qualidade contingente da realidade não mostra nem que ela tenha tido um primeiro criador, nem que as qualidades de uma entidade primordial devam ser as de um Transcendente.
	Um ser necessário deve necessariamente existir, pois a existência está implícita na sua própria natureza do ser necessário (Anselmo).
	Só pelo fato de dizer que um ser necessário existe não implica que ele necessariamente exista (existencialistas).
	A obrigação moral só é adequadamente compreendida quando aponta para o Transcendente como fonte ou justificação do senso moral (Kant).
	A interpretação moral é contraditória, logo, ela não pode ser apontada como fonte ou justificativa de um ser perfeito.
	A realidade de um Transcendente é tão evidente por si mesma que basta refletir sobre ela para não poder ter dúvidas justificadas a seu respeito (Baillie e Taylor).
	A interpretação da existência não se justifica, nem é evidente por si mesma, pois a experiência individual não prova nada.
	Os princípios do divino governo moral encontram-se na história das nações tanto quanto na experiência da humanidade (Clarke).
	A natureza, mesmo contra sua vontade, sempre mantém seu ponto de vista e isto não implica em dizer que esta contradição seja obra de um ser moral e perfeito.
	A existência humana e suas qualidades morais, físicas e intelectuais são resultado de um ser com os mesmos atributos.
	Estas qualidades inerentes não provam que sejam resultados de um ser perfeito, mesmo porque a pessoa humana, com estas qualidades, é um ser imperfeito, o que daria margem à idéia de um deus imperfeito.
	O mundo, como um sistema de relações entre meios (fatos) e fins (causa final), sustenta a prova de que há um plano ou propósito no mundo, que ele tem um criador inteligente, oTranscendente (W. Paley).
	Sendo o Transcendente a causa final de todos os fatos, logo ele seria a causa final de si mesmo, o que é impossível por definição. Ainda que exista tal prova, ela não implica em dizer que tenha sido criada por um ser perfeito.
	A existência do Transcendente, através de sua natureza, é justificada pela bondade e justiça contidas no homem (Tomás de Aquino).
	Assim como a bondade e a justiça existem, o mal e a injustiça também existem e nem uma nem outra prova a existência de um ser que os tenha criado.
	O sentimento de crença universal é a prova de que existe uma divindade, pois não haveria tal sentimento se não houvesse em quem acreditar.
	A crença não é, de forma alguma, prova da existência de um ser supremo ou de vários seres. Para que algo realmente exista é necessário a sua existência evidenciada, e não a projeção da idéia formalizada.
Como resultado deste debate, surgiram diferentes filosofias, com suas diferentes conclusões e ensinamentos sobre o Transcendente:
Teísmo: é a crença na deidade, de que a divindade é transcendente e imanente. Sustenta a existência do Transcendente além do mundo e dentro dele.
Deísmo: refere-se à ideia de um “deus ausente”, que há tempos pôs o universo em movimento e depois o deixou sozinho.
Deísmo finito: o Transcendente está no universo, mas não é o seu governante.
Monoteísmo: acredita em um só Transcendente, criador e pai de todas as criaturas.
Agnosticismo: afirma que não podemos saber se existe ou não um Transcendente.
Ateísmo: acredita que não há Transcendente de qualquer espécie.
Hilozismo: doutrina filosófica que atribui à matéria qualidades espirituais. Só a matéria é a razão de todas as coisas, inclusive da existência da alma.
Ceticismo: doutrina filosófica que ensina que não podemos ter certeza de coisa alguma, ou seja, a pessoa humana não pode chegar a qualquer conhecimento indubitável.
Henoteísmo: sistema filosófico que admite a existência de deuses governados por um Transcendente superior.
Materialismo: filosofia que ensina que a matéria, incriada e indestrutível, é a substância de todas as coisas. Toda manifestação da vida e da mente vem simplesmente da força da matéria. Não existe, então, nenhum ser que a criou, ela é auto-existente.
Referências:
1- CAROLINA TELES LEMOS – Resumo de “O homem busca o Transcendente”, de Vicente Paulo Alves, da Universidade Católica de Brasília, 1997, p.21-25.) 
2- Leonardo Boff - em: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=30996
3- GAARDER, Jostein. Et AL. O livro das Religiões. Companhia das Letras, SP, 2002. Pág. 24
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Responda: com qual definição de Transcendente você mais concorda? Por quê?
Imagine-se conversando com um(a) amigo(a), tentando convencê-lo(a) sobre a existência ou não do Transcendente. Elabore um argumento a favor ou contra a existência do Transcendente com o qual você o(a) convenceria.
Dos argumentos ‘A favor ou Contra” qual você acha mais consistente? Porque?

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