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NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 3 1.1. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO .......................................................................................... 3 1.2. GEOFÍSICA GLOBAL ...................................................................................................... 3 2. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO................................................................................ 3 2.1. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................ 4 2.1.1. MÉTODO GRAVIMÉTRICO................................................................................. 4 2.1.2. MÉTODO MAGNÉTICO....................................................................................... 4 2.1.3. MÉTODOS ELÉTRICOS E ELETROMAGNÉTICOS ........................................... 5 2.1.4. MÉTODO RADIOMÉTRICO ................................................................................ 6 2.1.5. MÉTODO SÍSMICO .............................................................................................. 6 2.1.6. MÉTODO TÉRMICO............................................................................................. 6 2.1.7. MÉTODO DA LUMINESCÊNCIA ........................................................................ 7 2.2. TIPOS DE LEVANTAMENTOS ......................................................................................... 7 2.2.1. LEVANTAMENTOS TERRESTRES....................................................................... 7 2.2.2. LEVANTAMENTOS AÉREOS ............................................................................... 8 2.2.3.LEVANTAMENTOS MARINHOS ........................................................................... 8 2.3. APLICAÇÕES.................................................................................................................. 8 2.3.1. PROSPECÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS................................................... 9 2.3.2. PROSPECÇÃO DE MINERAIS-MINÉRIO ......................................................... 11 2.3.3. PROSPECÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ...................................................... 11 2.3.4. PROSPECÇÃO GEOTÉRMICA .......................................................................... 11 2.3.5. MAPEAMENTO GEOLÓGICO........................................................................... 12 2.3.6. CONSTRUÇÃO CIVIL......................................................................................... 12 2.3.7. PROCURA DE MATERIAIS PRODUZIDOS PELO HOMEM ........................... 13 2.3.8. PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................................. 13 2.4. GASTOS....................................................................................................................... 14 2.5. RECURSOS HUMANOS ................................................................................................. 15 1 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3. PROSPECÇÃO GEOFÍSICA .................................................................................... 17 3.1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 17 3.2. A GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO MINERAL ..................................................................... 17 3.2.1. RECONHECIMENTO ......................................................................................... 18 3.2.2. DETALHAMENTO .............................................................................................. 20 3.2.3. AVALIAÇÃO DO DEPÓSITO ............................................................................. 22 3.3. A GEOFÍSICA NO MAPEAMENTO GEOLÓGICO .............................................................. 22 3.4. ETAPAS DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA........................................................................... 23 3.4.1.ESTUDOS GEOFÍSICOS PRELIMINARES......................................................... 24 3.4.2. PREPARAÇÃO DA ÁREA E DA ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO ........................ 27 3.4.3. MEDIDAS DE CAMPO ....................................................................................... 30 3.4.4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: CONSTRUÇÃO DE PERFIS E MAPAS ....... 31 3.4.5. TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................. 32 3.4.6. INTERPRETAÇÃO .............................................................................................. 35 3.5. RESULTADOS DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA.................................................................. 37 3.5.1.PROBLEMA DIRETO E PROBLEMA INVERSO ................................................ 37 3.5.2. REGIÕES TROPICAIS E EXTRATROPICAIS .................................................... 40 3.5.3. AVALIAÇÃO DO MÉRITO DA GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO ..................... 40 4. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 42 2 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO No início do século XX, a escassez crescente de depósitos minerais aflorantes ou pouco profundos levou a desenvolver um método que fosse possível mapear estes depósitos em subsuperfície através das diferentes propriedades físicas das rochas: GEOFÍSICA. Geofísica vem do grego e significa Física da Terra; e refere-se, portanto, à investigação do nosso planeta a partir de fenômenos físicos naturais ou provocados que nele se manifestam. Desta forma, a geofísica tem como objeto de estudo e como objeto de investigação a Terra e os fenômenos físicos que nela manifestam, respectivamente. Existem dois ramos principais: a geofísica de prospecção e a geofísica global. 1.1. Geofísica de Prospecção A geofísica de prospecção investiga feições de pequenas dimensões com a finalidade da extração mineral e estruturas importantes para a acumulação dos mesmos (profundidade inferior a 5km) = geofísica de exploração ou aplicada 1.2. Geofísica Global A Geofísica global envolve o estudo da Terra em larga escala, vista como um sistema global = geofísica pura, básica, fundamental ou acadêmica. 2. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO As rochas diferem em uma ou mais de suas propriedades, provocando variações nos campos físicos e na prospecção de ondas que atuam sobre elas. Consequentemente, essas variações, ao serem detectadas, podem fornecer informações dos materiais que as provocaram. Essa é a base da Geofísica de Prospecção, a investigação de feições da subsuperfície de dimensões relativamente pequenas, a partir da observação de seus efeitos nos campos físicos e na propagação de ondas. 3 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 2.1. Métodos de investigação Densidade - Método Gravimétrico ou Gravimetria Susceptibilidade magnética - Método Magnético ou Magnetometria Condutividade elétrica - Métodos Elétricos ou Eletromagnéticos Radioatividade - Métodos Radiométricos ou Radiometria Elasticidade - Métodos Sísmico ou Sísmica Condutividade Térmica - Método Térmico ou Termometria Luminescência - Método da Luminescência 2.1.1. MÉTODO GRAVIMÉTRICO Todas as massas estão sob o efeito da atração mútua, regido pela lei de Newton da gravitação. Mudanças laterais na densidade da Terra produzem variações locais no valor do campo gravitacional terrestre que, embora muito pequenas, podem freqüentemente ser detectadas, permitindo deduções sobre a subsuperfície. A Gravimetria está voltada para o estudo dessas pequenas perturbações locais do campo gravitacional terrestre, geradas pela distribuição de massas no subsolo, ou seja, pela presença de rochas de diferentes densidades. Materiais mais densos contribuem mais fortemente para o campo gravitacional do que os menos densos, quando se considera o mesmo volume e a mesma profundidade para ambos; se os materiais apresentam a mesma densidade, a contribuição maior é daqueles mais próximos da superfície, se eles ocupam igual volume, ou, se os materiais ocorrem à mesma profundidade, daqueles que perfazem o maior volume. 2.1.2. MÉTODO MAGNÉTICO Cada rocha magnetiza-se de acordo com a sua susceptibilidade magnética, que depende da quantidade e do modo de distribuição dos minerais magnéticos presentes. A concentração de minerais magnéticos produz distorções locais no campo magnético da Terra, que podem ser detectadas e fornecem informações sobre a subsuperfície. 4 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO A Magnetometria baseia-se no estudo das variações locais do campo magnético terrestre, derivadas da existência, na subsuperfície, de rochas contendo minerais com forte susceptibilidade magnética, tais como a magnetita, ilmenita e pirrotita. OBSERVAÇÃO: Tanto na Gravimetria como a Magnetometria, os campos físicos estão presentes; com isso, não é necessário que as rochas em subsuperfície sejam excitadas para que se obtenha uma medida do campo físico. Estes métodos obedecem à Teoria do Potencial e guardam várias semelhanças entre si. São referenciadas como Métodos Potenciais. 2.1.3. MÉTODOS ELÉTRICOS E ELETROMAGNÉTICOS O fluxo de corrente elétrica na subsuperfície é governado primordialmente pela condutividade elétrica das rochas ali presentes. A corrente elétrica pode ser contínua ou alternada, e os fenômenos observados refletem a distribuição da condutividade da subsuperfície e, portanto, a distribuição dos materiais nela presentes. Os Métodos Elétricos lidam com fenômenos puramente galvânicos e, portanto, utilizam corrente contínua ou mesmo alternada, mas de freqüência muito baixa ( < 10Hz), tal que o fenômeno de indução possa ser desprezado. A corrente pode ser introduzida no terreno através de eletrodos enquanto a diferença de potencial é medida através de outros eletrodos, trazendo as informações sobre a subsuperfície. Dentre estes métodos elétricos destacam-se: Método do Potencial Espontâneo ( SP – utiliza correntes naturais que podem aparecer, por exemplo, nas imediações de concentrações de minerais condutivos); Método da Eletrorresistividade ( as correntes são geradas artificialmente ); Método da Polarização Induzida ( IP – correntes também geradas artificialmente, porém a diferença de potencial é medida após cessada a corrente ou fazendo-se variar a sua freqüência, o que permite avaliar a capacidade das rochas de armazenar energia elétrica) Nos Métodos Eletromagnéticos (EM), a investigação tem como base o fenômeno de indução. Uma corrente, sempre de baixa freqüência (< poucas dezenas de milhares de Hz), que pode circular numa bobina, inicia o processo de excitação da subsuperfície através do fenômeno de indução; condutores elétricos, por ventura presentes no subsolo, provocam distorções no campo eletromagnético, detectáveis por meio de uma outra bobina, que fornecem informações sobre os condutores que as provocaram. 5 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 2.1.4. MÉTODO RADIOMÉTRICO Alguns isótopos de vários elementos desintegram-se espontaneamente emitindo partículas e radiações eletromagnéticas que podem ser detectadas e permitir a locação do material que as produziu. Esse fenômeno, cuja ocorrência é probabilística, é conhecido como radioatividade e tem origem no núcleo dos átomos instáveis. Por isso mesmo, a radioatividade não é considerada uma propriedade física, mas uma propriedade do núcleo atômico. O estudo da distribuição de material radioativo nos materiais terrestres é realizado na Radiometria, levando em consideração, em especial, a radiação eletromagnética emitida quando de sua desintegração. 2.1.5. MÉTODO SÍSMICO Rochas com elasticidades diferentes permitem a propagação de ondas com velocidades diferentes. Essas ondas, ao encontrarem meios com propriedades elásticas diferentes, têm a sua energia em parte refletida e em parte refratada. Conhecendo-se o tempo de percurso das ondas em diferentes pontos bem como a distância entre esse pontos, pode-se deduzir as velocidades de propagação das ondas e a posição das interfaces que separam os meios com diferentes valores de elasticidade. Associando-se a esses meios os diferentes tipos de rochas, é possível conhecer-se a distribuição das rochas em subsuperfície. A Sísmica baseia-se na medição, em vários pontos, do tempo de percurso de ondas elásticas induzidas artificialmente, em geral nas imediações da superfície do terreno. Há duas técnicas distintas: uma que faz uso das ondas refletidas, a Sísmica de Reflexão, e a outra, das ondas refratadas, a Sísmica de Refração. 2.1.6. MÉTODO TÉRMICO A propagação de calor na Terra, seja ele de origem interna, devido às desintegrações radioativas ou processos químicos e físicos de menor expressão, ou de origem externa, devido à energia radiante do Sol, depende da condutividade térmica das rochas. 6 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO O Método Térmico investiga, através da medição de temperatura, diferenças na propagação de calor, cuja origem remonta à existência, na subsuperfície, de rochas com diferentes valores de condutividade térmica ou de fontes de calor anômalo, o que permite a identificação e a delimitação de ambas. 2.1.7. MÉTODO DA LUMINESCÊNCIA Alguns minerais podem emitir luz independente de sua incandescência. Essa emissão de luz pode ser produzida de diferentes maneiras e ser utilizada na identificação dos minerais que exibem essa propriedades, conhecida como luminescência. O Método da Luminescência tem como base a detecção de emissão de luz por minerais após a sua exposição à luz ultravioleta (uma modalidade da luminescência conhecida como fluorescência) e corresponde a uma extensão do método de identificação dos minerais como o auxílio da lâmpada ultravioleta, conhecido dos geólogos. OBS.: A luminescência é um fenômeno de natureza eletromagnética, mas o Método da Luminescência, por envolver uma metodologia bem diferente da utilizada nos Métodos Eletromagnéticos, é referenciado separadamente, embora pouco utilizado. 2.2. Tipos de Levantamentos As variações nos campos físicos podem ser observadas em terra, do ar e em meios aquosos. Pode-se, portanto, falar em levantamentos geofísicos terrestres, aéreos e marinhos. 2.2.1. LEVANTAMENTOS TERRESTRES Também conhecido como geofísica terrestre. Os levantamentos são realizados com equipes portando os equipamentos de medições (sensores e receptores), e se for o caso de produção do campo físico a ser utilizado (transmissores) e de registro dos dados (registradores). Todos os métodos geofísicos podem ser utilizados em levantamentos terrestre. Estes métodos a princípio foram desenvolvidos para este tipo de levantamento. 7 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 2.2.2. LEVANTAMENTOS AÉREOS Também conhecidos como Geofísica Aérea. Os equipamentos são conduzidos por pequenos aviões (tipo DC-3 ou Bandeirantes), ultraleves e helicópteros, bem como por meio de satélites artificiais e aeronaves de altas altitude. Nos aerolevantamentos, os sensores, e se for o caso, os transmissores podem ser instalados na aeronave ou num reboque da mesma (bird), para evitar os efeitos da aeronave. Os registradores ficam acondicionados dentro da aeronave. Este levantamento caracteriza-se pelo baixo custo e rapidez com que permitem obter os resultados. Em uma única passagem podem ser feitas medidas concomitantes com mais de um método geofísico. À exceção dos Métodos Elétrico, Sísmico e térmico, todos os demais (radiação eletromagnética, campos magnéticos e gravitacionais) podem ser utilizados em levantamentos aéreos convencionais. 2.2.3.LEVANTAMENTOS MARINHOS Levantamentos conduzidos no mar, rios, lagos ou em barragens são conhecidos como levantamentos marinhos ou Geofísica Marinha. Utilizam-se embarcações de diferentes dimensões; os sensores e, se for o caso, os transmissores podem ser acondicionados para evitar os efeitos da embarcação, num reboque da mesma (fish), que fica nas imediações da superfície ou do fundo do meio aquoso. Os registradores são acomodados na embarcação. Todos os métodos podem ser utilizados neste tipo de levantamento. 2.3. Aplicações As principais aplicações da Geofísica de Prospecção são: ¾ prospecção de bens minerais: - combustíveis fósseis - minerais-minério - água subterrânea ¾ prospecção geotérmica ¾ mapeamento geológico ¾ construção civil 8 ¾ procura de materiais produzidos pelo homem NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO ¾ proteção ambiental Materiais de interesse econômico, materiais de ocorrência associada aos anteriores ou a estruturas geológicas, via de regra, favoráveis à acumulação de materiais de interesse são as feições investigadas através da Geofísica. No caso de prospecção de bens minerais, a aplicação da Geofísica é dita direta, bem como a investigação de minerais radioativos através da Radiometria ou de utensílios arqueológicos magnéticos através da Magnetometria. No caso de ocorrências associadas aos bens-minerais e estruturas geológicas (traps), a aplicação da Geofísica é dita indireta. 2.3.1. PROSPECÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS Neste grupo estão os hidrocarbonetos (petróleo e gás) e o carvão. Na prospecção de petróleo e gás, é de interesse cartografar os traços estruturais do embasamento de grandes bacias sedimentares que podem ter influências sobre os sedimentos sobrepostos formando armadilhas estruturais – armadilhas para as quais os métodos geofísicos fornecem os melhores resultados – bem como determinar a espessura e a natureza dos sedimentos. Como o embasamento cristalino apresenta, via de regra, densidade e susceptibilidade magnética muito maior do que as rochas sedimentares, a Gravimetria e a Magnetometria podem indicar modificações sofridas pelo topo do embasamento e como conseqüência as dobras (fig. 1 a) e falhas (fig. 1b) podem ser reconhecidas, pois deslocam sedimentos mais recentes, e indicam a presença de armadilhas estruturais favoráveis à presença de petróleo e gás. A Gravimetria tem sido utilizada também na prospecção de hidrocarbonetos em camadas arqueadas por domos de sal (fig. 1c), devido à baixa densidade destas rochas. A Sísmica tem se mostrado especialmente útil na determinação da espessura de pacotes sedimentares pois a velocidade das ondas elásticas é maior no embasamento cristalino e difere consideravelmente entre alguns tipos de sedimentos. Na prospecção de carvão, o interesse recai também na cartografia do embasamento. Por exemplo, paleovales podem ter permitido o acúmulo de matéria vegetal no passado (fig. 1g). A localização de paleovales e outras feições do embasamento de 9 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO interesse na investigação de carvão têm sido realizado pela sísmica e pela Eletrorresistividade. Figura 1 – Prospecção e as diversas situações geológicas. 10 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 2.3.2. PROSPECÇÃO DE MINERAIS-MINÉRIO A Geofísica pode ser utilizada na localização de depósitos de calcário, argila, areia, cascalho e de vários outros minerais, mas tem-se destacado na prospecção de sulfetos e minérios de ferro. A maioria dos corpos de sulfetos maciços (fig. 1j) possui alta susceptibilidade magnética devido à presença de materiais magnéticos (magnetita e pirrotita), bem como elevada condutividade elétrica e densidade. Por conseqüência, a Magnetometria, os Métodos Elétricos e Eletromagnéticos e a Gravimetria têm sido utilizados na prospecção desses corpos. Nos corpos de sulfetos disseminados (fig. 1k), utiliza-se o Método da Polarização Induzida, pois o fenômeno base do método ocorre nas faces de grãos metálicos. Depósitos de ferro têm sido investigados comumente através da Magnetometria devido à magnetita associada. A Gravimetria pode ser usada se a densidade desses depósitos for suficientemente maior que a das rochas encaixantes. 2.3.3. PROSPECÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA Aqui, o interesse recai na localização de rocha aqüífera, isto é, rica em poros ou fraturas que ligados uns aos outros, permitem circulação fácil da água, e portanto, sua extração, bem com recarga direta pela infiltração de água de chuva, ou indireta, a partir de rios e lagos. As melhores rochas aqüíferas são as sedimentares. Nas rochas cristalinas, as condições aqüíferas ficam restritas às zonas fraturadas ou muito alteradas. A presença de água, seja em poros de lentes de arenito (fig. 1h), seja em zonas fraturadas ou alteradas de rochas cristalinas, devido aos íons nela presentes, aumenta consideravelmente a condutividade elétrica desses materiais. Os Métodos Elétricos (Eletrorresistividade, principalmente) e Eletromagnéticos têm sido, por isso, usados na localização de aqüíferos. É possível, uma vez que a presença de sais na água aumenta sua condutividade, mapear os limites entre água doce e salobra (fig. 1i). 2.3.4. PROSPECÇÃO GEOTÉRMICA Depósitos de água e vapor quentes são o alvo da prospecção geotérmica. 11 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Esses depósitos ocorrem em zonas de elevado fluxo de calor que podem ser detectadas através do Método Térmico, a menos que estejam capeadas por material impermeável ao fluxo térmico. Os Métodos Elétricos e Eletromagnéticos têm sido freqüentemente aplicados à investigação de depósitos geotermais, pois a presença de fluidos, devido a sua alta temperatura com uma considerável quantidade de sais dissolvidos, bem como de argilas resultantes de alterações hidrotermal fornece uma alta condutividade elétrica a esses depósitos. 2.3.5. MAPEAMENTO GEOLÓGICO São tarefas do mapeamento geológico cartografar as diferentes litologias e traços estruturais. Rochas diferentes possuem propriedades diferentes, de modo que, a princípio, qualquer método geofísico pode ser utilizado para separar litologias de propriedades físicas diferente. A Radiometria tem-se destacado nesta tarefa, porque como possibilita investigações muito rasas, seus resultados guardam considerável semelhança com aqueles obtidos com o mapeamento geológico. Quando a continuidade de unidades geológicas em profundidade é investigada, outros métodos Têm sido utilizados, como a Magnetometria e a Gravimetria que permitem separar grandes blocos magnéticos (rochas ígneas, por exemplo) e de alta densidade (rochas ígneas intrusivas e outras), respectivamente. Estruturas como falhas e fraturas apresentam, com freqüência, uma condutividade elétrica elevada, devido à presença de minerais condutivos depositados em suas paredes a partir da circulação de fluidos e à circulação destes últimos; podem , portanto, ser localizadas por Métodos Elétricos e Eletromagnéticos. Ademais, falhas e fraturas são zonas de escapamento de gás (radônio) que a Radiometria pode mapear. A Magnetometria e a Gravimetria podem fornecer indicações sobre falhamentos que deslocam blocos de mesma susceptibilidade magnética ou densidade, respectivamente. 2.3.6. CONSTRUÇÃO CIVIL 12 É necessário conhecer a espessura das camadas superficiais de material inconsolidado (manto de intemperismo, por exemplo), ou seja, a profundidade do material resistente para sustentar edificações, bem como a existência de zonas de fraqueza (falhas, NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO fraturas) ou de fácil desmoronamento (como galerias de minas antigas abandonadas, cujo registro é impreciso) para se eleger a área mais favorável às obras de engenharia. A Gravimetria tem-se destacado na detecção de cavidades subsuperficiais de diferentes origens, uma vez que estas correspondem a zonas de deficiência de massa. A Sísmica, a Eletrorresistividade e os Métodos Eletromagnéticos têm sido usados na investigação de espessura de camadas. A Sísmica, em adicional, tem sido utilizada nos trabalhos realizados no mar, com vistas à instalação de portos, barragens de maré, oleodutos e canais (GPR). 2.3.7. PROCURA DE MATERIAIS PRODUZIDOS PELO HOMEM Vários materiais arqueológicos (objetos metálicos e fornos de argila) e materiais de obras subterrâneas (oleodutos e aquedutos), cujo registro tenha sido perdido, são comumente magnéticos e a Magnetometria pode ser utilizada para localizá-los. Os sítios arqueológicos, ademais, raramente constituem uma camada de ocupação onde podem se misturar sambaqui, ossos, restos de fogueira, utensílios humanos e pisos de antigas habitações, representando uma camada que pode possuir condutividade elétrica diferente das camadas vizinhas. Oleodutos e aquedutos são comumente metálicos e, portanto, bons condutores. Sítios arqueológicos, oleodutos e aquedutos podem ser detectados através dos Métodos Elétricos e Eletromagnéticos (GPR). 2.3.8. PROTEÇÃO AMBIENTAL Proteção ambiental tem como um de seus alvos manter o solo, as águas e o ar a salvo da poluição. É impossível processar e limpar todos os elementos poluentes antes de sua descarga. Resíduos tóxicos de indústrias químicas e outros rejeitos nocivos devem ser depositados de modo a não poluir nem o solo e nem as fontes de água, evitando por em perigo a vida orgânica. Isto é possível quando o espaço dedicado ao depósito dos rejeitos encontra-se encerrado em material impermeável ao fluxo dos mesmos ou de seus derivados. Materiais naturais que comumente preenchem esse pré-requisito são as argilas que, ademais, têm a vantagem de ser relativamente estáveis à movimentação tectônica; as argilas são bons condutores de eletricidade, logo podem ser mapeadas pelos Métodos Elétricos e Eletromagnéticos. 13 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO A Geofísica não é útil apenas em trabalhos de prevenção contra a poluição, mas também no monitoramento de processos em que esta se encontre em desenvolvimento. No controle de escapamento radioativo tem sido utilizado a Radiometria; no mapeamento do fluxo subsuperficial de água poluída, se esta possui uma condutividade distinta devido a presença de produtos químicos, podem ser usados os Métodos Elétricos e Eletromagnéticos. Diversos vazamentos associados a falhamentos têm sido localizados por meio da Sísmica. 2.4. Gastos Analisando-se os gastos realizados com a Geofísica de Prospecção, pode-se identificar a tendência no seu desenvolvimento que, por sua vez, refletem a filosofia exploratória vigente. No período de 1976-1990 no mundo capitalista mostra que estes foram vultosos, somente EUA, 40% (transparência). Na transparência mostra que 96% dos gastos com a geofísica neste mesmo período foram dedicados à prospecção de petróleo; a prospecção mineral ficou com apenas com 2%, no que se refere a investimentos. Na América Latina, a Geofísica atuou em níveis mais modestos, onde : Petróleo 98% Prospecção mineral 37% Construção civil 10% Água subterrânea 2% Ambiental 0% A prospecção de petróleo capta um alto percentual dos investimentos em Geofísica de Prospecção. Logicamente, os gastos refletem a flutuação do preço do barril de petróleo. A redução dos gastos ~1983 foi gerada pela queda do preço mundial do barril, com subsequente redução dos esforços e investimentos em sua investigação. 95% dos gastos com Geofísica de Prospecção foram feitos apenas com um método, a Sísmica (transparência). São úteis os outros métodos para a prospecção de 14 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO petróleo, sendo a relação de ordem de grandeza dos custos ( para levantamentos terrestres) dos trabalhos com esses métodos: Sísmica 10 000 -- 1 000 Magnetotelúrica 1 000 -- 10 Gravimetria 100 Eletrorresistividade 100 Magnetometria 100 2.5. Recursos Humanos Embora 96% dos gastos com a Geofísica de Prospecção sejam dedicados à pesquisa de petróleo, o contingente de geofísicos dedicados à pesquisa de petróleo não segue tal proporção. Em vários países essa não é a aplicação que mais geofísicos absorve (Fig.2). Os recursos humanos advêm de pelo menos seis (6) escolas: americana, australiana, européia, russa, chinesa e japonesa. A distância entre as três primeiras é pequena, pois há transferência de tecnologia entre elas: ¾ Escola Americana – bastante direcionada para a prospecção de petróleo e pouco para a mineral; a Índia, Arábia Saudita, Israel, México e Brasil (décimo maior número de geofísicos ativos na prospecção de petróleo) são alguns países que seguem este modelo. ¾ Escola Australiana – acumularam experiência na prospecção mineral em regiões tropicais e demais regiões onde se desenvolve manto de intemperismo ou outros tipos de cobertura que podem prejudicar a aplicação dos métodos geofísicos. ¾ Escola Européia – existem os dois modelos: voltados à prospecção de petróleo (França, Noruega, Holanda e Reino Unido) ou não (Alemanha e Itália); com freqüência mostram uma maior prática da Geofísica desenvolvida nos observatórios. 15 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO igura 2 – Distribuição de geofísicos nas diversas áreas de atuação em alguns países F 16 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO ¾ Escolas Russa e Chinesa – por razões políticas, desenvolveram sua própria escola independente da influência externa. Em 1930, a Rússia desenvolveu know how europeu em Geofísica; em 1959 auxiliava a China especialmente na investigação de hidrocarbonetos. A cooperação durou até 1961, em conseqüência da ruptura ideológica entre ambas. ¾ Escola Japonesa – país deficiente em recursos minerais e de terremotos freqüentes, os geofísicos voltaram-se para os problemas relacionados à construção civil em áreas instáveis. 3. PROSPECÇÃO GEOFÍSICA 3.1. Introdução A Geofísica de prospecção abrange um amplo espectro de atividades voltado para a investigação de bens minerais e outras feições específicas, relativamente rasas e de pequenas dimensões, através de seus efeitos em campos físicos ou na propagação de ondas. Dentre estas atividades, destaca-se a prospecção geofísica (ou exploração geofísica, que é englobada pela Geofísica de Prospecção): um conjunto de trabalhos que inclui medidas dos campos físicos ou das variações na propagação de ondas e o estudo de sua relação com as feições de interesse. A prospecção geofísica não consiste de uma técnica aplicada isoladamente a uma área; ela faz parte de uma seqüência de trabalhos, cujo fim é, em geral, a busca de depósitos minerais de valor econômico. Assim, neste curso abordar-se-á a seqüência de trabalhos que fazem parte da campanha de prospecção mineral. Uma outra seqüência de trabalhos abordada é a do mapeamento geológico, que é conhecido como mapeamento geológico-geofísico; o mapeamento de uma área estabelece a base indispensável para a descoberta de depósitos minerais por meio da prospecção mineral. 3.2. A Geofísica na prospecção mineral A prospecção sistemática de uma região com potencialidades minerais é realizada, geralmente, em três etapas sucessivas: 17 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO ¾ reconhecimento ou levantamento regional; ¾ detalhamento ou levantamento de detalhe; ¾ avaliação do depósito ou cubagem A geofísica pode ser usada em todas essas etapas da prospecção mineral. Assim é comum usarem terminologias como reconhecimento ou levantamento regional geofísico; bem como prospecção geofísica a nível de reconhecimento ou geofísica de reconhecimento com a finalidade de identificar a etapa da prospecção mineral a que os trabalhos se referem A figura 1 (transparência) mostra a seqüência de trabalhos em cada uma das etapas da campanha de prospecção mineral. Os primeiros trabalhos são aqueles que envolvem as metodologias menos dispendiosas, enquanto que os últimos, as mais dispendiosas. 3.2.1. RECONHECIMENTO A prospecção de um bem mineral freqüentemente abrange uma área da ordem de centenas de milhares de km², de modo que é praticamente impossível efetuarem-se levantamentos detalhados de toda a superfície a ser estudada , pelo menos sob o ponto de vista econômico. Portanto, numa primeira etapa são estudadas as grandes áreas a nível de reconhecimento, para que se possa realizar a seleção de uma zona promissora e posteriormente detalhá-la. Esta seleção é geralmente realizada utilizando-se critérios tais como: ¾ controles de mineralização, ¾ guias de prospecção; ¾ indicações favoráveis de natureza geofísica, geoquímica e outras. Controles de mineralização correspondem a um conjunto de dados geológicos e fisiográficos que condiciona a localização dos depósitos minerais. Os principais são: ¾ litológicos e estratigráficos: muitas mineralizações se restringem a um determinado tipo litológico (jazida de cobre, Carajás, em xistos); ¾ paleogeográficos: jazidas com relações espaciais pretéritas (carvão no RS em antigos vales, água subterrânea no PA em antigos canais de rios); 18 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO ¾ estruturais: fornecem condições para a concentração de minerais (ouro na Serra Pelada, restringe-se ao eixo do sinclinal presente, enquanto que na Mina de Morro Velho, às zonas de fraqueza como falhas e fraturas), e para o aprisionamento de hidrocarbonetos (trapas estruturais); ¾ fisiográficos : depósitos aluvionares (como vários garimpos de ouro e de diamante) possuem enorme relação com a geomorfologia pois a concentração de minerais pesados geralmente acontece por uma redução da velocidade das águas do rio; Guias de Prospecção são representados por fatos diretos indicadores de mineralizações como a presença se minerais satélites, que quase sempre indicam a existência de rochas ou minerais sob investigação. Grãos de piropo (granada), por exemplo, podem indicar a presença de diamante, seu concomitante paragenético. Como indicações favoráveis compreendem-se os resultados geofísicos e geoquímicos, bem como geobotânicos, que possam significar ou conduzir a concentrações anômalas de minerais, petróleo e carvão. Por exemplo, zonas com radioatividade relativamente elevada indicadas pela Radiometria ou concentrações elevadas de U3O8 reveladas por análises químicas podem indicar ocorrências importantes de minerais de urânio. A etapa de reconhecimento tem início com um conjunto de estudos que permitem uma melhor definição do problema geológico levantado. Dentre esses estudos preliminares, destacam-se a pesquisa bibliográfica e investigação minuciosa de mapas, fotos aéreas, imagens de radar e satélite. A pesquisa bibliográfica tem como base os resultados dos trabalhos de mapeamento e de prospecção realizados na área investigada bem como nas áreas semelhantes. A investigação de fotos aéreas e de diversos tipos de cartas permite detectar, por exemplo, mudanças na declividade do leito de rios que geram a redução da velocidade de suas águas, permitindo a concentração de minerais pesados. As cartas nas escalas 1:100000 e 1:50000, ou maior, são as que permitem o melhor reconhecimento de controles de mineralizações bem como sua individualização; na faltas de mapas geológicos nessas escalas, podem ser utilizados mapas na escala de até 1:250000 para fornecer apenas o chamado fundo geológico. 19 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Ao final dos estudos preliminares, mapas com informações das diferentes cartas são construídos, e zonas interessantes são assinaladas para os levantamentos de campo. No campo, seções geológicas são elaboradas para testar as informações fornecidas pelos mapas. Depósitos minerais, quando existente, são visitados e lançados no mapa. Paralelamente a essas atividades e de forma interativa, são realizados levantamentos geofísicos e geoquímicos. Se o alvo são bens minerais, o levantamento geofísico, com os Métodos Magnéticos e Eletromagnéticos, são realizados; e se o alvo é petróleo, com os Métodos Sísmico, Magnético e Gravimétrico. Embora seja um método dispendioso para esta etapa de reconhecimento , a Sísmica é o método mais utilizado na prospecção de petróleo. A integração dos resultados de diferentes naturezas obtidos, permite o enriquecimento do mapa geológico inicial, que passa a apresentar os principais traços geológicos, a posição de jazidas e ocorrências cadastradas, as indicações geofísicas e geoquímicas e demais informações relevantes. A etapa de reconhecimento permite o desenvolvimento de noções vagas acerca do caráter das mineralizações e de suas continuidade; nas regiões capeadas pelo manto de intemperismo ou cobertura sedimentar, há de se levar em conta que essas camadas mascaram as informações que são levantadas, podendo conduzir ao falseamento das noções sobre as mineralizações. Torna-se, contudo, possível avaliar sob o aspecto geoeconômico, se a área deve ser abandonada ou tomada como alvo de estudos mais detalhados. Neste caso, áreas menores são selecionadas para detalhamento, com graus de prioridade ditados pelos resultados favoráveis a concentrações de bens minerais encontrados para as mesmas. 3.2.2. DETALHAMENTO Na etapa de detalhamento (pode existir uma etapa intermediária deita de semi- detalhe, que precede os trabalhos mais minuciosos), os alvos selecionados, na ordem decrescente de prioridade, são submetidos a pesquisas geológicas mais detalhadas que, comumente demanda a abertura de poços e trincheiras, bem como novas amostragens. Paralelamente a essas atividades e de forma interativa, levantamentos geofísicos e geoquímicos mais acurados são realizados. Em áreas emersas, os trabalhos geofísicos são conduzidos a pé (eventualmente usam-se veículos). Os métodos utilizados dependerá do 20 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 21 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO tipo de depósito sob investigação. Nas áreas submersas, se o alvo é petróleo, Magnetometria, Gravimetria, e principalmente Sísmica são os métodos utilizados. A integração dos resultados ao final do trabalho de detalhamento, tem como objetivo concluir sobre a existência ou não de depósito do material investigado, viável de ser explorado economicamente. Em caso positivo, o depósito deve ser com maior precisão avaliado economicamente, isto é, o depósito deve ser cubado; em caso contrário, a área de trabalho é abandonada. É possível ainda que a integração dos resultados não seja conclusiva, tornando necessário ainda novos detalhamentos, neste caso a etapa deve ser prolongada. 3.2.3. AVALIAÇÃO DO DEPÓSITO A última etapa da prospecção mineral engloba o levantamento das dimensões do depósito. Plantas topográficas detalhadas, furos de sondagem em malha, trabalhos mineiros (galerias, trincheiras, planos inclinados, chaminés e outros), geológicos, geofísicos e geoquímicos de maior detalhe são realizados de forma interativa. Ao final dos trabalhos, é feita a avaliação de reservas do depósito à luz dos custos de obtenção do material que será extraído e de seu valor de mercado. O depósito pode apresentar características econômicas que compensem a sua exploração (jazida) ou representar apenas uma concentração anormal se interesse econômico (ocorrência mineral). 3.3. A Geofísica no mapeamento Geológico Primeiramente é realizado o estudo de mapas geológicos bem como mapas geofísicos obtidos através de levantamentos aéreos convencionais. A integração dos resultados obtidos conduz à eleição de áreas cuja verificação geológica é imprescindível. Assim, por exemplo, quando uma litologia A representada no mapa geológico, corresponde a uma configuração específica no mapa geofísico, áreas com tal configuração podem ser preliminarmente atribuídas à litologia A, mesmo que o mapa geológico indique o contrário. Se A, por exemplo, é um basalto, o mapa magnético pode conter uma concentração de isovalores que se fecham (dipolos); esse padrão pode aparecer numa área onde o basalto se encontra capeado parcialmente por sedimentos recentes. 22 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO O mapeamento geológico-geofísico pode ser considerado um caso particular da etapa de reconhecimento da prospecção mineral. ESTUDOS ESTUDOS GEOLÓGICOS GEOFÍSICOS * INTEGRAÇÃO DE RESULTADOS ELEIÇÃO ÁREAS ÁREA P/ VERIFICAÇÃO MAPEADA LEVANTAMENTO GEOLÓGICO * INTERPRETAÇÃO 3.4. Etapas da prospecção Geofísica A prospecção geofísica sistemática de um alvo compreende em geral, as seguintes etapas: ¾ estudos geofísicos preliminares ¾ preparação da área e da estratégia de medição ¾ medidas de campo ¾ apresentação dos dados ¾ interpretação dos resultados Essas etapas são essencialmente as mesmas, independente da prospecção a ser realizada ao nível de reconhecimento, de detalhe ou de avaliação de depósito, bem como do levantamento ou método geofísico nela utilizado. Assim, por exemplo, o reconhecimento aéreo com Magnetometria compreende etapas análogas a do detalhamento terrestre com a Sísmica. 23 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.4.1.ESTUDOS GEOFÍSICOS PRELIMINARES Os métodos geofísicos são utilizados segundo uma padronização. Rochas acamadas, por exemplo, são comumente investigados através da Sísmica, mas se a área é pequena, a Eletrorresistividade obtém resultados satisfatórios, mais rápidos e menos dispendiosos. Porém, um método geofísico pode ser aplicado a um fim para o qual sua utilidade seja reconhecida e produzir resultados insatisfatórios. Assim, numa primeira etapa, para que se possa efetuar a seleção do conjunto de métodos geofísicos que poderá produzir os melhores resultados, são estudados diferentes aspectos do problema, dentre os quais destacam-se os seguintes: ¾ caracterização geológico-geofísico do alvo; ¾ propriedades físicas dos materiais; ¾ razão sinal/ruído; ¾ condições operacionais. 3.4.1.1. Caracterização Geológico-Geofísico do Alvo Reconhecimento de relações espacial e temporal do alvo com o meio, bem como a descrição de ambos quanto à constituição e origem e das condições ambientais pretéritas acompanhadas de seu significado físico. Por exemplo, a existência de uma soleira de diabásio prejudica o estudo da distribuição de propriedades elásticas abaixo da mesma por meio da propagação de ondas Sísmicas, o que desaconselha o uso da Sísmica em tais situações; a condutividade de um arenito formado no Paleozóico é, quase sempre, menor do que a de seu análogo formado em tempos recentes e aproximadamente igual a de rochas extrusivas recentes, de modo que, através da Eletrorresistividade, a descrição desses arenitos é possível , mas não entre o arenito paleozóico e as extrusivas recentes; em regiões submetidas a metamorfismo, o material não magnético pode ter se transformado em magnético (pirita para pirrotita), possibilitando o uso da Magnetometria para a investigação de minerais de interesse associado ao material que era não magnético no ambiente pretérito. 24 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO A caracterização geológico-geofísico do alvo pode ser levantada a partir da pesquisa bibliográfica, acompanhada da troca de idéias com membros da equipe de Geologia, e deve incorporar todo o conjunto de informações pertinentes que se tornar disponível. 3.4.1.2. Propriedades Físicas dos Materiais Na prospecção geofísica, informações sobre a subsuperfície são procuradas nas variações experimentadas por campos físicos ou ondas, provocadas por descontinuidades nas propriedades físicas dos materiais do terreno. O critério básico para a seleção do conjunto de métodos geofísicos a ser aplicado a uma certa área é, portanto, a existência de contraste nas propriedades físicas da subsuperfície. Interface geológica e interface de contraste nas propriedades físicas não são eqüivalentes, porque nem toda interface geológica – superfície real ou virtual que separa os estratos (plano de estratificação), blocos deslocados (planos de falha) e outras entidades geológicas – representa uma descontinuidade nas propriedades físicas. Ambas interfaces, é conveniente notar, podem ser tanto bruscas quanto graduais, bem como planas ou curvas. O contraste nas propriedades físicas pode se referir: ¾ ao material sob investigação e à sua encaixante, ¾ ao material de ocorrência associada àquele sob investigação e à sua encaixante, e ¾ às interfaces de estruturas favoráveis à acumulação do material buscado. Quanto maior o contraste na propriedade considerada, mais clara a definição da interface geológica que o provocou. O grau desse contraste, contudo, não é um critério decisivo para a seleção dos métodos geofísicos a serem aplicados a uma determinada área, porque os métodos em estágio tecnológico adiantado fornecem um conjunto de informações sobre o alvo mais rico do que os demais, podendo tornarem-se prioritários. Muitas vezes as propriedades não podem ser medidas, devido á falta de exposições ou amostras litológicas. Neste caso, o contraste nas propriedades pode ser avaliado com o auxílio de tabelas de valores obtidos de materiais geológicos de várias áreas. 25 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.4.1.3.Razão Sinal / Ruído As medidas geofísicas englobam efeitos de interesse, ditos sinal, como também efeitos indesejáveis, conhecidos como ruídos. Aqui, o sinal conjuntamente como ruído será chamado de medida, leitura, observação, dado, resposta ou informação. A medida (M) pode ser então representada sob a forma : M = f (S,R), sendo S o sinal e R o ruído. Uma razão sinal / ruído (S/R) baixa pode tornar proibitiva a aplicação da Geofísica, pois as medidas se mostrarão como uma amálgama de efeitos indistinguíveis. Nas regiões tropicais, é conveniente mencionar, essa razão é raramente alta, em se tratando de alguns métodos geofísicos, como Elétricos e Eletromagnéticos. Os ruídos podem ser classificados em : ¾ ruídos instrumentais: associado ao desempenho dos instrumentos, ¾ ruídos operacionais: imprecisões devidas a erros de leitura, ou mal posicionamento do instrumento em áreas de topografia acidentada ou de vegetação densa, ¾ ruídos de terreno: contribuições das heterogeneidades do subsolo sem importância para a campanha ( por exemplo, ocorrências minerais que promovem descontinuidades nas propriedades físicas mas não são alvo da prospecção e variações na constituição e espessura do manto intempérico – ruídos geológicos; relevo topográfico – ruídos topográficos); ¾ ruídos parasitários: demais efeitos indesejáveis como aqueles produzidos por ventos, campos naturais ( tempestades magnéticas, correntes telúricas, e eletrojato equatorial) e obras humanas (linhas de alta tensão, instalações industriais, zonas de teste atômico, oleodutos, regiões lavradas e fertilizadas, cercas metálicas e materiais enterrados – ruídos culturais ou ruídos humanos). 26 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.4.1.4. Condições operacionais A seleção do conjunto de métodos geofísicos a ser utilizado na área sob estudo e do modo de aplicação de cada método depende não só de sua possível contribuição para resolver o problema de prospecção, mas também das características da região bem como do pessoal, equipamentos e medidas de segurança necessários. Esses fatores guardam relações entre si e sua análise é feita de modo a compor um critério final tangível: o custo do trabalho geofísico. Em regiões tropicais de vegetação densa, o acesso à área de trabalho e a locomoção nesta são difíceis; logo, os levantamentos conduzidos a pé são lentos; por outro lado a mão de obra de apoio recebe baixas remunerações; mas, as condições climáticas da região e a dificuldade no transporte acarretam no mal funcionamento do equipamento, tornando-se fundamental a presença de pessoal especializado (em eletrônica), o que contribui para aumentar o custo da operação. Na prospecção mineral, é conveniente notar, o custo do trabalho geofísico pode oscilar dentro de níveis modestos, em comparação com o custo da prospecção geofísica para o petróleo, pois o capital de risco disponível para a investigação de petróleo é maior. 3.4.2. PREPARAÇÃO DA ÁREA E DA ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO Antes da tomada de medidas geofísicas de campo, uma série de procedimentos deve ser realizado de modo a torná-la viável, objetiva e racional. Entre ele, destacam-se a localização das posições de medidas e o planejamento de ocupação das mesmas. A tomada de medidas de campo é realizada, em geral, em posições conhecidas como estações ou pontos de medidas. Ela depende da direção (influencia a locação dos perfis, que são perpendiculares à direção); das dimensões e da profundidade esperada para as feições investigadas ( se pequenas e rasa, Ter-se-á um menor distanciamento entre as medidas), bem como se o objetivo do levantamento é a detecção ou a delineação dessas feições (se o corpo deve se detectado ele pode estar presente em apenas um perfil, para a sua delineação são necessários pelo menos três perfis nos quais seu efeito seja percebido). A coleta de dados depende também da altitude e da velocidade com que é realizada. Quanto mais próximo da superfície estiver o sensor, menor o volume amostrado da área; o sinal devido a feições profundas é melhor captado com sensores altos. Quando 27 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO for possível a altura do sensor à feição sob investigação deve ser maior do que a distância entre os perfis, de modo a propiciar uma ampla cobertura do terreno. A resolução espacial dos dados, em levantamentos realizado com o auxílio de veículos, varia inversamente com a velocidade dos mesmos. A coleta de dados depende de outras características do tipo de levantamento a ser utilizado: 3.4.2.1. Levantamentos terrestres O processo de demarcação de uma área consiste de três etapas a seguir: ¾ projeção de uma linha mestra, em geral, paralela à direção esperada para as feições sob investigação , passando pelo centro da zona de maior interesse ( preparada com teodolito); ¾ abertura de picadas perpendiculares à linha base, que corresponde aos perfis ( intervalos regulares de 25-500m, auxiliados com bússola, baliza e trena); ¾ demarcação de posições nas linhas transversais com estacas (ou piquetes), que correspondem às estações. Em geral, as estações são projetadas a intervalos regulares que variam de 10 a 200m, com auxílio de trena. Os levantamentos sísmicos podem ser realizados em cruz, leque e segundo outros arranjos. Com alguns métodos Elétricos e Eletromagnéticos, isto também ocorre. 3.4.2.2. Levantamentos Aéreos e Marinhos Levantamentos aerotransportados são especialmente indicados para a investigação de áreas de grande extensão ou de difícil acesso; com freqüência são utilizados na etapa de reconhecimento e, esporadicamente, fazem parte dos trabalhos de detalhamento. Esses levantamentos são realizados ao longo de linhas paralelas, previamente estabelecidas para o plano de vôo, em geral espaçadas de 100 a 1000 m ( ou de vários km, se estruturas crustais maiores são investigadas) e transversais à direção geológica da região; linhas adicionais, de controle, cruzam as demais. 28 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Os levantamentos aerotransportados de vem ser realizados a uma altitude (150 m) e velocidade constantes (200 km/h). A altitude pode ser tomada constante em relação ao terreno ou ser simplesmente uma altitude barométrica. Os levantamentos marinhos podem ser realizados para o reconhecimento e para o detalhamento ao longo de perfis. Quanto mais agitada as águas, mais imerso deve ficar o sistema de recepção para não acompanhar o movimento das ondas. A profundidade de equilíbrio do conjunto de sensores rebocados pelo cabo é tanto maior, quanto menor for a velocidade da embarcação (5 a 10 nós, onde 1 nó = 1.852 km/h) 3.4.2.3. Sistemas de posicionamento A comparação dentre dados geofísicos ou deles com outros tipos de dado, a determinação da posição das zonas promissoras por eles indicados e o planejamento de levantamento com um outro método de prospecção ou de perfuração sobre essas zonas exigem o conhecimento exato das posições de medida. Para o controle mais preciso das posições de medidas, bem como para o posicionamento do veículo nos locais desejados para o levantamento destacam-se os sistemas: ¾ radioposicionamento, ¾ posicionamento Doppler, ¾ posicionamento inercial, ¾ posicionamento por meio de satélites. Deve-se mencionar que diferentes técnicas de posicionamento podem ser utilizadas de forma complementar, de modo que as vantagens de uma compensem as deficiências da outra. 3.4.2.3.1. Radioposicionamento A diferença no tempo ou na fase entre a transmissão e a recepção de pulsos de ondas elétricas de radiofreqüência permite a localização da plataforma através dos sistemas de radioposicionamento, pois a velocidade das ondas é conhecida (3x108 m/s). 29 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO O radar é um dos sistemas de radioposicionamento mais populares. Através desse sistema, as microondas podem ser transmitidas da plataforma, retornando por reflexão ao atingirem alvos de localização conhecida no terreno e em bóias ou transmitidas de duas estações localizadas no terreno e as reflexões da plataforma serem observadas. 3.4.2.3.2. Posicionamento Doppler O efeito Doppler corresponde ao deslocamento aparente na freqüência de uma onda, devido à compressão da frente de onda pelo movimento de sua fonte com respeito à recepção ou vice-versa. Nos sistemas de posicionamento Doppler, a variação entre a freqüência das ondas transmitidas e recebidas pela plataforma após sofrerem reflexão no terreno ou em massa de água é detectada; como a variação na freqüência é proporcional à velocidade da plataforma, esta pode ser obtida e, uma vez integrada, fornece a posição desejada. 3.4.2.3.3.Posicionamento Inercial Nos sistemas de posicionamento inercial ou ISS (Inertial Survey Systems), a aceleração da plataforma é determinada e sua integração fornece a velocidade da plataforma bem como a sua posição, com mais uma integração. 3.4.2.3.4. Posicionamento por meio de satélites Os principais sistemas são: ¾ Transit – como base o efeito doppler ¾ GPS (global positioning system ) – são vários sistemas de radioposicionamento e a partir do tempo de propagação de ondas de rádio entre o satélite e a plataforma, conhece-se o posicionamento. 3.4.3. MEDIDAS DE CAMPO As medidas de campo devem ser obtidas o mais rápido e, especialmente, o mais preciso possível. Estas devem ser tomadas de modo a exprimir variações de alguma grandeza física, como uma função da distância ou do tempo. 30 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO As medidas feitas em termos das variações com a distância são ditas medidas no domínio do espaço. A quantidade medida pode ser a intensidade do campo magnético da Terra registrada em pontos pré definidos ou continuamente ao longo de um conjunto de perfis. As medidas feitas em termos das variações temporais são referidas como pertencentes ao domínio do tempo. A quantidade medida pode ser a voltagem após a interrupção da corrente elétrica em instantes pré definidos ou ao longo de um intervalo de tempo (Método da Polarização Induzida). As medidas podem ainda ser obtidas envolvendo a variação na freqüência da onda que energiza o terreno. Neste caso, as medidas são ditas no domínio da freqüência. As medidas feitas em pontos ou tempos pré definidos são ditas discretas. As medidas registradas continuamente ao longo de todo um conjunto de perfis ou intervalo de tempo são conhecidas como medidas contínuas. 3.4.4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: CONSTRUÇÃO DE PERFIS E MAPAS As medidas que foram coletadas no campo ou tratadas devem ser apresentadas graficamente. Algumas técnicas de apresentação gráfica são específicas a medidas com certos métodos físicos; a maioria dos dados pode ser lançada sob a forma de perfis e mapas. A reunião de perfis eqüiespaçados fornece o mapa de perfis rebatidos, ou simplesmente mapa de perfis (Fig.3). Antes do advento dos computadores, os mapas de contorno de isovalores, ou apenas, mapa de contorno eram desenhados manualmente. Os dados podem também ser apresentados sob a forma de bloco diagrama ou em três dimensões (3D). Se as medidas pertencem ao domínio do tempo ou ao domínio da freqüência, as abcissas representam tempos ou freqüências de operação, e as ordenadas representam as leituras, obtidas para os mesmos. Assemelha-se ao perfil, mas recebe diversas designações. As apresentações gráficas cujo o significado geológico é fácil de compreender são as melhores. As apresentações que apenas um intérprete experiente pode converter em termos geológicos devem ser evitadas. 31 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO W E Fiducial 95969798 0 1,0 Km 1 2 3 4 5 6 Canal 4 3 2 1 0 8W 4W 0 4E N Conveções 470 Hz 140 Hz Escala 0 400m 0 40° 120 80 40 0 6E 5E 4E 3E 2E 1E X Y Z A B (A) (B) (C) Filão Esperança 50m Figura 3 – Construção de perfis e mapas no domínio da frequência. 3.4.5. TRATAMENTO DOS DADOS Quando é possível, os dados de campo são submetidos a operações conhecidas como tratamento, redução ou processamento dos dados, realizados com o fim de torná- los mais apropriados para a interpretação (Fig.4 ). 32 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO N 0 12 Km Escala Horizontal 0 -10 U. M. Escala Vertical 12W 6W 0 6E 12E 15S 12S 9S 6S 3S 0 3N 6N 9N 12N 15N (B) (A) 0 A -5 -10 12W Distância (Km) 6 0 6 12E B E -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 12N 6N 0 6S 12S 12W 6W 0 6E 12E A B N 0 6 Km (D) N A B 1K m Figura 4 –Tratamento dos dados 33 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Na etapa de tratamento de dados, as medidas de campo são, comumente, referidas como dados de entrada ou simplesmente, entrada (input) e o resultado do processamento, dado de saída ou apenas, saída (output). O tratamento de dados geofísicos deriva da Teoria da Informação, um campo da Matemática que surgiu a partir dos esforços, durante a Segunda Guerra Mundial, para a detecção de sinais de radar afetados por ruído. Dentre as operações de tratamento estão a discretização e a transformação de domínio, que modificam a apresentação das medidas de campo, facilitando a sua manipulação, bem como as operações de correção, filtragem e empilhamento, que melhoram a qualidade de dados. 3.4.5.1. Discretização Comumente, a quantidade de medidas de campo é muito grande e as operações com as mesmas são complexas. É então necessário, para realizar essas operações de modo efetivo, rápido e econômico, o auxílio de computadores digitais. As medidas registradas analogicamente devem, portanto, ser convertidas para a forma digital, operação conhecida como discretização. 3.4.5.2. Transformação de domínio O domínio do tempo e da freqüência, assim como o domínio do espaço e do número de onda (ou freqüência espacial), correspondem a formas diferentes de se representar o mesmo tipo de informação. A passagem de um domínio para o outro é possível através de um par de transformadas de Fourier, definidas por: F ( ω ) = ∫ (domínio da freqüência) +∞∞− dt e f(t) ti- ω f ( t ) = ∫ ∞+∞− ωωπ ω d e )F(21 ti (domínio do tempo) 34 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.4.5.3. Correção, Filtragem e Empilhamento As medidas de campo são comumente influenciadas por ruídos, efeitos indesejáveis, naturais e artificiais, conhecidos ou não. Através dessas operações é possível eliminar ou reduzir vários destes efeitos. Os efeitos que sobram após a eliminação de efeitos indesejáveis representam o residual ou resíduo. A correção é introduzida por cálculo específico para cada operação. 3.4.6. INTERPRETAÇÃO A interpretação geofísica é o procedimento que permite a obtenção de informação geológica a partir de medidas geofísicas. 3.4.6.1. Anomalia Os efeitos a serem interpretados ( aqueles que podem revelar descontinuidade nas propriedades físicas causadas por feições de interesse) mostram um desvio do efeito padrão esperado. Valores localmente baixos ou altos formam anomalias, negativas ou positivas, respectivamente. 3.4.6.2. Modelos Para ser possível relacionar as medidas à subsuperfície, isto é, o efeito à sua causa, a subsuperfície deve ser representada por um modelo (geológico, físico ou matemático) (Fig.5 ). 3.4.6.3. Interpretações Qualitativa e Semi-Quantitativa Aqui procura-se estabelecer relações de igualdade/ não igualdade e relações de desigualdade entre certas características das anomalias evidenciadas pelas medidas geofísicas, de modo que, no final, se possam separar diferentes padrões anômalos e associá- 35 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO los aos corpos geológicos. Isto significa obter informações sobre: localização, forma, mergulho, profundidade e propriedades físicas destes corpos. 1 = 43 G a 3 H H 2( + X1 ) 3 2 KDPFS Variável dependente Propriedade Parâmetros Variável independente Modelo Matemático -10 -5 12W 6 0 -6 X (Km) 1 BA 1(U.m.) Medidas A BX1 H 2a = 2 - 1 1 Modelo Físico A B Campo A B Modelo Geológico Figura 5 - Modelos 36 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.4.6.4. Interpretação Quantitativa Consiste em estimar os valores dos parâmetros de um modelo, cuja geometria seja próxima da geometria esperada para a fonte de anomalia 3.5. Resultados da Prospecção Geofísica A análise dos resultados da prospecção geofísica demanda um exame dos problemas por ela abordados, e dos meios de solucioná-los. 3.5.1.PROBLEMA DIRETO E PROBLEMA INVERSO Seja um modelo representado pela seguinte função: y = ax + b sendo a e b parâmetros constantes. No problema direto, os valores dos parâmetros a e b são conhecidos e y, para um x qualquer, é calculado. No problema inverso, a e b são parâmetros procurados a partir de y, que é conhecido, porque é medido para um determinado x. Assim, no problema direto, o efeito do modelo é calculado a partir de valores dos seus parâmetros, enquanto no problema inverso ( ou inversão) os valores dos parâmetros do modelo-causa de um determinado efeito são procurados, usando-se medidas desse mesmo efeito. 3.5.1.1.Interpretação: Resolução do problema Inverso Na prospecção geofísica, a subsuperfície é investigada a partir do seu efeito nos campos físicos ou na propagação de ondas. Esse é um problema inverso. A interpretação geofísica lida, portanto, com problemas inversos. 37 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Figura 6 – Modelos Físicos 38 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO Figura 7 – Modelos geológicos 39 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 3.5.1.2. Modelamento: Resolução do Problema Direto O modelamento ou simulação tem como objetivo a previsão dos efeitos de modelos investigados pela geofísica (Fig. 6 e 7). A construção de soluções numéricas aproximadas exige o uso de ferramentas matemáticas simples, como a integração numérica e a convolução, mas também sofisticadas, como é o caso dos métodos das equações diferenciais (elementos finitos e diferenças finitas) e o método das equações integrais. 3.5.2. REGIÕES TROPICAIS E EXTRATROPICAIS As técnicas e os equipamentos geofísicos foram desenvolvidos em regiões extratropicais, o que explica o seu êxito. Nas regiões tropicais, a geofísica enfrenta vários problemas: 3.5.2.1. Problemas Físicos ¾ Escassez de afloramentos de rocha. ¾ Presença de manto intempérico bastante desenvolvido. ¾ Posicionamento difícil dos pontos medidos em regiões de florestas. ¾ Inadequação de váriass técnicas e instrumentos geofísicos. 3.5.2.2. Problemas sociais, políticos e econômicos ¾ Condições de trabalho árdua. ¾ Desenvolvimento dependente. 3.5.3. AVALIAÇÃO DO MÉRITO DA GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO O número de descobertas de jazidas das quais a geofísica participou não é uma forma adequada de avaliar o seu mérito, pois zonas estéreis são muito mais freqüentes. 40 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO A razão de retorno do trabalho geofísico é um tipo de avaliação mais consistente do seu mérito. Essa razão é muitíssimo elevada, da ordem de váriass centenas contra um, e, no seu cálculo, são consideradas todas as campanhas, inclusive aquelas que nada revelaram. São contudo, o tempo e os gastos que a geofísica permite economizar na eliminação de áreas sem interesse, evitando perfurações desnecessárias, que melhor representa o seu mérito na Prospecção. Os métodos geofísicos são abordados em diversos livros. A ênfase e o grau de detalhamento a eles atribuídos variam numa mesma obra, refletindo em parte a experiência profissional e em parte a preocupação em cobrir com maior detalhe os métodos dedicados á prospecção de petróleo, em especial a Sísmica. 41 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 4. BIBLIOGRAFIA DOBRIN, M.B. – 1981 – Introduction to Geophysical Prospecting. 3. Ed. International Student Edition. 630p. FERNANDES, C.E.M. – 1981 – Fundamentos de Prospecção geofísica. Rio de Janeiro: Interciência, 190p. LUIZ, J.G. & SILVA, L.M.C – 1995 – Geofísica de Prospecção. Belém: Cejup, 311p. PARASNIS, D.S. – 1971 – Geofísica Minera. Madrid: Elsevier Publishing Co. Ltda, 376p. TELFORD, W.M.; GELDART, L.P.; SHERIFF, R.E. & KEYS, D.A. – 1990 – 2. Ed. Cambridge: Cambridge University,: 770p. 42
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