Buscar

Geofísica Introdução

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 3 
1.1. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO .......................................................................................... 3 
1.2. GEOFÍSICA GLOBAL ...................................................................................................... 3 
2. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO................................................................................ 3 
2.1. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................ 4 
2.1.1. MÉTODO GRAVIMÉTRICO................................................................................. 4 
2.1.2. MÉTODO MAGNÉTICO....................................................................................... 4 
2.1.3. MÉTODOS ELÉTRICOS E ELETROMAGNÉTICOS ........................................... 5 
2.1.4. MÉTODO RADIOMÉTRICO ................................................................................ 6 
2.1.5. MÉTODO SÍSMICO .............................................................................................. 6 
2.1.6. MÉTODO TÉRMICO............................................................................................. 6 
2.1.7. MÉTODO DA LUMINESCÊNCIA ........................................................................ 7 
2.2. TIPOS DE LEVANTAMENTOS ......................................................................................... 7 
2.2.1. LEVANTAMENTOS TERRESTRES....................................................................... 7 
2.2.2. LEVANTAMENTOS AÉREOS ............................................................................... 8 
2.2.3.LEVANTAMENTOS MARINHOS ........................................................................... 8 
2.3. APLICAÇÕES.................................................................................................................. 8 
2.3.1. PROSPECÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS................................................... 9 
2.3.2. PROSPECÇÃO DE MINERAIS-MINÉRIO ......................................................... 11 
2.3.3. PROSPECÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ...................................................... 11 
2.3.4. PROSPECÇÃO GEOTÉRMICA .......................................................................... 11 
2.3.5. MAPEAMENTO GEOLÓGICO........................................................................... 12 
2.3.6. CONSTRUÇÃO CIVIL......................................................................................... 12 
2.3.7. PROCURA DE MATERIAIS PRODUZIDOS PELO HOMEM ........................... 13 
2.3.8. PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................................. 13 
2.4. GASTOS....................................................................................................................... 14 
2.5. RECURSOS HUMANOS ................................................................................................. 15 
 1
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3. PROSPECÇÃO GEOFÍSICA .................................................................................... 17 
3.1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 17 
3.2. A GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO MINERAL ..................................................................... 17 
3.2.1. RECONHECIMENTO ......................................................................................... 18 
3.2.2. DETALHAMENTO .............................................................................................. 20 
3.2.3. AVALIAÇÃO DO DEPÓSITO ............................................................................. 22 
3.3. A GEOFÍSICA NO MAPEAMENTO GEOLÓGICO .............................................................. 22 
3.4. ETAPAS DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA........................................................................... 23 
3.4.1.ESTUDOS GEOFÍSICOS PRELIMINARES......................................................... 24 
3.4.2. PREPARAÇÃO DA ÁREA E DA ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO ........................ 27 
3.4.3. MEDIDAS DE CAMPO ....................................................................................... 30 
3.4.4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: CONSTRUÇÃO DE PERFIS E MAPAS ....... 31 
3.4.5. TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................. 32 
3.4.6. INTERPRETAÇÃO .............................................................................................. 35 
3.5. RESULTADOS DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA.................................................................. 37 
3.5.1.PROBLEMA DIRETO E PROBLEMA INVERSO ................................................ 37 
3.5.2. REGIÕES TROPICAIS E EXTRATROPICAIS .................................................... 40 
3.5.3. AVALIAÇÃO DO MÉRITO DA GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO ..................... 40 
4. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 42 
 2
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
No início do século XX, a escassez crescente de depósitos minerais aflorantes ou 
pouco profundos levou a desenvolver um método que fosse possível mapear estes depósitos 
em subsuperfície através das diferentes propriedades físicas das rochas: GEOFÍSICA. 
Geofísica vem do grego e significa Física da Terra; e refere-se, portanto, à investigação do 
nosso planeta a partir de fenômenos físicos naturais ou provocados que nele se manifestam. 
Desta forma, a geofísica tem como objeto de estudo e como objeto de investigação a Terra 
e os fenômenos físicos que nela manifestam, respectivamente. 
Existem dois ramos principais: a geofísica de prospecção e a geofísica global. 
 
1.1. Geofísica de Prospecção 
A geofísica de prospecção investiga feições de pequenas dimensões com a 
finalidade da extração mineral e estruturas importantes para a acumulação dos mesmos 
(profundidade inferior a 5km) = geofísica de exploração ou aplicada 
 
1.2. Geofísica Global 
A Geofísica global envolve o estudo da Terra em larga escala, vista como um 
sistema global = geofísica pura, básica, fundamental ou acadêmica. 
 
2. GEOFÍSICA DE PROSPECÇÃO 
As rochas diferem em uma ou mais de suas propriedades, provocando variações 
nos campos físicos e na prospecção de ondas que atuam sobre elas. Consequentemente, 
essas variações, ao serem detectadas, podem fornecer informações dos materiais que as 
provocaram. 
Essa é a base da Geofísica de Prospecção, a investigação de feições da 
subsuperfície de dimensões relativamente pequenas, a partir da observação de seus efeitos 
nos campos físicos e na propagação de ondas. 
 3
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
2.1. Métodos de investigação 
 Densidade - Método Gravimétrico ou Gravimetria 
 Susceptibilidade magnética - Método Magnético ou Magnetometria 
 Condutividade elétrica - Métodos Elétricos ou Eletromagnéticos 
 Radioatividade - Métodos Radiométricos ou Radiometria 
 Elasticidade - Métodos Sísmico ou Sísmica 
 Condutividade Térmica - Método Térmico ou Termometria 
 Luminescência - Método da Luminescência 
 
2.1.1. MÉTODO GRAVIMÉTRICO 
Todas as massas estão sob o efeito da atração mútua, regido pela lei de Newton da 
gravitação. Mudanças laterais na densidade da Terra produzem variações locais no valor do 
campo gravitacional
terrestre que, embora muito pequenas, podem freqüentemente ser 
detectadas, permitindo deduções sobre a subsuperfície. 
A Gravimetria está voltada para o estudo dessas pequenas perturbações locais do 
campo gravitacional terrestre, geradas pela distribuição de massas no subsolo, ou seja, pela 
presença de rochas de diferentes densidades. Materiais mais densos contribuem mais 
fortemente para o campo gravitacional do que os menos densos, quando se considera o 
mesmo volume e a mesma profundidade para ambos; se os materiais apresentam a mesma 
densidade, a contribuição maior é daqueles mais próximos da superfície, se eles ocupam 
igual volume, ou, se os materiais ocorrem à mesma profundidade, daqueles que perfazem o 
maior volume. 
 
2.1.2. MÉTODO MAGNÉTICO 
Cada rocha magnetiza-se de acordo com a sua susceptibilidade magnética, que 
depende da quantidade e do modo de distribuição dos minerais magnéticos presentes. A 
concentração de minerais magnéticos produz distorções locais no campo magnético da 
Terra, que podem ser detectadas e fornecem informações sobre a subsuperfície. 
 4
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
A Magnetometria baseia-se no estudo das variações locais do campo magnético 
terrestre, derivadas da existência, na subsuperfície, de rochas contendo minerais com forte 
susceptibilidade magnética, tais como a magnetita, ilmenita e pirrotita. 
 
OBSERVAÇÃO: Tanto na Gravimetria como a Magnetometria, os campos físicos estão 
presentes; com isso, não é necessário que as rochas em subsuperfície sejam excitadas para 
que se obtenha uma medida do campo físico. Estes métodos obedecem à Teoria do 
Potencial e guardam várias semelhanças entre si. São referenciadas como Métodos 
Potenciais. 
 
2.1.3. MÉTODOS ELÉTRICOS E ELETROMAGNÉTICOS 
O fluxo de corrente elétrica na subsuperfície é governado primordialmente pela 
condutividade elétrica das rochas ali presentes. A corrente elétrica pode ser contínua ou 
alternada, e os fenômenos observados refletem a distribuição da condutividade da 
subsuperfície e, portanto, a distribuição dos materiais nela presentes. 
Os Métodos Elétricos lidam com fenômenos puramente galvânicos e, portanto, 
utilizam corrente contínua ou mesmo alternada, mas de freqüência muito baixa ( < 10Hz), 
tal que o fenômeno de indução possa ser desprezado. A corrente pode ser introduzida no 
terreno através de eletrodos enquanto a diferença de potencial é medida através de outros 
eletrodos, trazendo as informações sobre a subsuperfície. Dentre estes métodos elétricos 
destacam-se: Método do Potencial Espontâneo ( SP – utiliza correntes naturais que 
podem aparecer, por exemplo, nas imediações de concentrações de minerais condutivos); 
Método da Eletrorresistividade ( as correntes são geradas artificialmente ); Método da 
Polarização Induzida ( IP – correntes também geradas artificialmente, porém a diferença 
de potencial é medida após cessada a corrente ou fazendo-se variar a sua freqüência, o que 
permite avaliar a capacidade das rochas de armazenar energia elétrica) 
Nos Métodos Eletromagnéticos (EM), a investigação tem como base o fenômeno de 
indução. Uma corrente, sempre de baixa freqüência (< poucas dezenas de milhares de Hz), 
que pode circular numa bobina, inicia o processo de excitação da subsuperfície através do 
fenômeno de indução; condutores elétricos, por ventura presentes no subsolo, provocam 
distorções no campo eletromagnético, detectáveis por meio de uma outra bobina, que 
fornecem informações sobre os condutores que as provocaram. 
 5
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
2.1.4. MÉTODO RADIOMÉTRICO 
Alguns isótopos de vários elementos desintegram-se espontaneamente emitindo 
partículas e radiações eletromagnéticas que podem ser detectadas e permitir a locação do 
material que as produziu. Esse fenômeno, cuja ocorrência é probabilística, é conhecido 
como radioatividade e tem origem no núcleo dos átomos instáveis. Por isso mesmo, a 
radioatividade não é considerada uma propriedade física, mas uma propriedade do núcleo 
atômico. 
O estudo da distribuição de material radioativo nos materiais terrestres é realizado 
na Radiometria, levando em consideração, em especial, a radiação eletromagnética emitida 
quando de sua desintegração. 
 
2.1.5. MÉTODO SÍSMICO 
Rochas com elasticidades diferentes permitem a propagação de ondas com 
velocidades diferentes. Essas ondas, ao encontrarem meios com propriedades elásticas 
diferentes, têm a sua energia em parte refletida e em parte refratada. Conhecendo-se o 
tempo de percurso das ondas em diferentes pontos bem como a distância entre esse pontos, 
pode-se deduzir as velocidades de propagação das ondas e a posição das interfaces que 
separam os meios com diferentes valores de elasticidade. Associando-se a esses meios os 
diferentes tipos de rochas, é possível conhecer-se a distribuição das rochas em 
subsuperfície. 
A Sísmica baseia-se na medição, em vários pontos, do tempo de percurso de ondas 
elásticas induzidas artificialmente, em geral nas imediações da superfície do terreno. Há 
duas técnicas distintas: uma que faz uso das ondas refletidas, a Sísmica de Reflexão, e a 
outra, das ondas refratadas, a Sísmica de Refração. 
 
2.1.6. MÉTODO TÉRMICO 
A propagação de calor na Terra, seja ele de origem interna, devido às 
desintegrações radioativas ou processos químicos e físicos de menor expressão, ou de 
origem externa, devido à energia radiante do Sol, depende da condutividade térmica das 
rochas. 
 6
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
O Método Térmico investiga, através da medição de temperatura, diferenças na 
propagação de calor, cuja origem remonta à existência, na subsuperfície, de rochas com 
diferentes valores de condutividade térmica ou de fontes de calor anômalo, o que permite a 
identificação e a delimitação de ambas. 
 
2.1.7. MÉTODO DA LUMINESCÊNCIA 
Alguns minerais podem emitir luz independente de sua incandescência. Essa 
emissão de luz pode ser produzida de diferentes maneiras e ser utilizada na identificação 
dos minerais que exibem essa propriedades, conhecida como luminescência. 
O Método da Luminescência tem como base a detecção de emissão de luz por 
minerais após a sua exposição à luz ultravioleta (uma modalidade da luminescência 
conhecida como fluorescência) e corresponde a uma extensão do método de identificação 
dos minerais como o auxílio da lâmpada ultravioleta, conhecido dos geólogos. 
 
OBS.: A luminescência é um fenômeno de natureza eletromagnética, mas o Método da 
Luminescência, por envolver uma metodologia bem diferente da utilizada nos Métodos 
Eletromagnéticos, é referenciado separadamente, embora pouco utilizado. 
 
2.2. Tipos de Levantamentos 
As variações nos campos físicos podem ser observadas em terra, do ar e em meios 
aquosos. Pode-se, portanto, falar em levantamentos geofísicos terrestres, aéreos e marinhos. 
 
2.2.1. LEVANTAMENTOS TERRESTRES 
Também conhecido como geofísica terrestre. Os levantamentos são realizados com 
equipes portando os equipamentos de medições (sensores e receptores), e se for o caso de 
produção do campo físico a ser utilizado (transmissores) e de registro dos dados 
(registradores). Todos os métodos geofísicos podem ser utilizados em levantamentos 
terrestre. Estes métodos a princípio foram desenvolvidos para este tipo de levantamento. 
 
 7
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
2.2.2. LEVANTAMENTOS AÉREOS 
Também conhecidos como Geofísica Aérea. Os equipamentos são conduzidos
por 
pequenos aviões (tipo DC-3 ou Bandeirantes), ultraleves e helicópteros, bem como por 
meio de satélites artificiais e aeronaves de altas altitude. 
Nos aerolevantamentos, os sensores, e se for o caso, os transmissores podem ser 
instalados na aeronave ou num reboque da mesma (bird), para evitar os efeitos da aeronave. 
Os registradores ficam acondicionados dentro da aeronave. 
Este levantamento caracteriza-se pelo baixo custo e rapidez com que permitem 
obter os resultados. Em uma única passagem podem ser feitas medidas concomitantes com 
mais de um método geofísico. À exceção dos Métodos Elétrico, Sísmico e térmico, todos os 
demais (radiação eletromagnética, campos magnéticos e gravitacionais) podem ser 
utilizados em levantamentos aéreos convencionais. 
 
2.2.3.LEVANTAMENTOS MARINHOS 
Levantamentos conduzidos no mar, rios, lagos ou em barragens são conhecidos 
como levantamentos marinhos ou Geofísica Marinha. Utilizam-se embarcações de 
diferentes dimensões; os sensores e, se for o caso, os transmissores podem ser 
acondicionados para evitar os efeitos da embarcação, num reboque da mesma (fish), que 
fica nas imediações da superfície ou do fundo do meio aquoso. Os registradores são 
acomodados na embarcação. Todos os métodos podem ser utilizados neste tipo de 
levantamento. 
 
2.3. Aplicações 
As principais aplicações da Geofísica de Prospecção são: 
¾ prospecção de bens minerais: 
- combustíveis fósseis 
- minerais-minério 
- água subterrânea 
¾ prospecção geotérmica 
¾ mapeamento geológico 
¾ construção civil 
 8
¾ procura de materiais produzidos pelo homem 
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
¾ proteção ambiental 
 
Materiais de interesse econômico, materiais de ocorrência associada aos anteriores 
ou a estruturas geológicas, via de regra, favoráveis à acumulação de materiais de interesse 
são as feições investigadas através da Geofísica. 
No caso de prospecção de bens minerais, a aplicação da Geofísica é dita direta, 
bem como a investigação de minerais radioativos através da Radiometria ou de utensílios 
arqueológicos magnéticos através da Magnetometria. No caso de ocorrências associadas 
aos bens-minerais e estruturas geológicas (traps), a aplicação da Geofísica é dita indireta. 
 
2.3.1. PROSPECÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS 
Neste grupo estão os hidrocarbonetos (petróleo e gás) e o carvão. 
Na prospecção de petróleo e gás, é de interesse cartografar os traços estruturais do 
embasamento de grandes bacias sedimentares que podem ter influências sobre os 
sedimentos sobrepostos formando armadilhas estruturais – armadilhas para as quais os 
métodos geofísicos fornecem os melhores resultados – bem como determinar a espessura e 
a natureza dos sedimentos. 
Como o embasamento cristalino apresenta, via de regra, densidade e 
susceptibilidade magnética muito maior do que as rochas sedimentares, a Gravimetria e a 
Magnetometria podem indicar modificações sofridas pelo topo do embasamento e como 
conseqüência as dobras (fig. 1 a) e falhas (fig. 1b) podem ser reconhecidas, pois deslocam 
sedimentos mais recentes, e indicam a presença de armadilhas estruturais favoráveis à 
presença de petróleo e gás. A Gravimetria tem sido utilizada também na prospecção de 
hidrocarbonetos em camadas arqueadas por domos de sal (fig. 1c), devido à baixa 
densidade destas rochas. 
A Sísmica tem se mostrado especialmente útil na determinação da espessura de 
pacotes sedimentares pois a velocidade das ondas elásticas é maior no embasamento 
cristalino e difere consideravelmente entre alguns tipos de sedimentos. 
Na prospecção de carvão, o interesse recai também na cartografia do 
embasamento. Por exemplo, paleovales podem ter permitido o acúmulo de matéria vegetal 
no passado (fig. 1g). A localização de paleovales e outras feições do embasamento de 
 9
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
interesse na investigação de carvão têm sido realizado pela sísmica e pela 
Eletrorresistividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Prospecção e as diversas situações geológicas. 
10
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
2.3.2. PROSPECÇÃO DE MINERAIS-MINÉRIO 
A Geofísica pode ser utilizada na localização de depósitos de calcário, argila, 
areia, cascalho e de vários outros minerais, mas tem-se destacado na prospecção de sulfetos 
e minérios de ferro. 
A maioria dos corpos de sulfetos maciços (fig. 1j) possui alta susceptibilidade 
magnética devido à presença de materiais magnéticos (magnetita e pirrotita), bem como 
elevada condutividade elétrica e densidade. Por conseqüência, a Magnetometria, os 
Métodos Elétricos e Eletromagnéticos e a Gravimetria têm sido utilizados na prospecção 
desses corpos. 
Nos corpos de sulfetos disseminados (fig. 1k), utiliza-se o Método da Polarização 
Induzida, pois o fenômeno base do método ocorre nas faces de grãos metálicos. 
Depósitos de ferro têm sido investigados comumente através da Magnetometria 
devido à magnetita associada. A Gravimetria pode ser usada se a densidade desses 
depósitos for suficientemente maior que a das rochas encaixantes. 
 
2.3.3. PROSPECÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA 
Aqui, o interesse recai na localização de rocha aqüífera, isto é, rica em poros ou 
fraturas que ligados uns aos outros, permitem circulação fácil da água, e portanto, sua 
extração, bem com recarga direta pela infiltração de água de chuva, ou indireta, a partir de 
rios e lagos. As melhores rochas aqüíferas são as sedimentares. Nas rochas cristalinas, as 
condições aqüíferas ficam restritas às zonas fraturadas ou muito alteradas. 
A presença de água, seja em poros de lentes de arenito (fig. 1h), seja em zonas 
fraturadas ou alteradas de rochas cristalinas, devido aos íons nela presentes, aumenta 
consideravelmente a condutividade elétrica desses materiais. Os Métodos Elétricos 
(Eletrorresistividade, principalmente) e Eletromagnéticos têm sido, por isso, usados na 
localização de aqüíferos. É possível, uma vez que a presença de sais na água aumenta sua 
condutividade, mapear os limites entre água doce e salobra (fig. 1i). 
 
2.3.4. PROSPECÇÃO GEOTÉRMICA 
Depósitos de água e vapor quentes são o alvo da prospecção geotérmica. 
 11
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
Esses depósitos ocorrem em zonas de elevado fluxo de calor que podem ser 
detectadas através do Método Térmico, a menos que estejam capeadas por material 
impermeável ao fluxo térmico. 
Os Métodos Elétricos e Eletromagnéticos têm sido freqüentemente aplicados à 
investigação de depósitos geotermais, pois a presença de fluidos, devido a sua alta 
temperatura com uma considerável quantidade de sais dissolvidos, bem como de argilas 
resultantes de alterações hidrotermal fornece uma alta condutividade elétrica a esses 
depósitos. 
 
2.3.5. MAPEAMENTO GEOLÓGICO 
São tarefas do mapeamento geológico cartografar as diferentes litologias e traços 
estruturais. 
Rochas diferentes possuem propriedades diferentes, de modo que, a princípio, 
qualquer método geofísico pode ser utilizado para separar litologias de propriedades físicas 
diferente. A Radiometria tem-se destacado nesta tarefa, porque como possibilita 
investigações muito rasas, seus resultados guardam considerável semelhança com aqueles 
obtidos com o mapeamento geológico. Quando a continuidade de unidades geológicas em 
profundidade é investigada, outros métodos Têm sido utilizados, como a Magnetometria e a 
Gravimetria
que permitem separar grandes blocos magnéticos (rochas ígneas, por exemplo) 
e de alta densidade (rochas ígneas intrusivas e outras), respectivamente. 
Estruturas como falhas e fraturas apresentam, com freqüência, uma condutividade 
elétrica elevada, devido à presença de minerais condutivos depositados em suas paredes a 
partir da circulação de fluidos e à circulação destes últimos; podem , portanto, ser 
localizadas por Métodos Elétricos e Eletromagnéticos. Ademais, falhas e fraturas são zonas 
de escapamento de gás (radônio) que a Radiometria pode mapear. A Magnetometria e a 
Gravimetria podem fornecer indicações sobre falhamentos que deslocam blocos de mesma 
susceptibilidade magnética ou densidade, respectivamente. 
 
2.3.6. CONSTRUÇÃO CIVIL 
 12
É necessário conhecer a espessura das camadas superficiais de material 
inconsolidado (manto de intemperismo, por exemplo), ou seja, a profundidade do material 
resistente para sustentar edificações, bem como a existência de zonas de fraqueza (falhas, 
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
fraturas) ou de fácil desmoronamento (como galerias de minas antigas abandonadas, cujo 
registro é impreciso) para se eleger a área mais favorável às obras de engenharia. 
A Gravimetria tem-se destacado na detecção de cavidades subsuperficiais de 
diferentes origens, uma vez que estas correspondem a zonas de deficiência de massa. A 
Sísmica, a Eletrorresistividade e os Métodos Eletromagnéticos têm sido usados na 
investigação de espessura de camadas. A Sísmica, em adicional, tem sido utilizada nos 
trabalhos realizados no mar, com vistas à instalação de portos, barragens de maré, 
oleodutos e canais (GPR). 
 
2.3.7. PROCURA DE MATERIAIS PRODUZIDOS PELO HOMEM 
Vários materiais arqueológicos (objetos metálicos e fornos de argila) e materiais 
de obras subterrâneas (oleodutos e aquedutos), cujo registro tenha sido perdido, são 
comumente magnéticos e a Magnetometria pode ser utilizada para localizá-los. 
Os sítios arqueológicos, ademais, raramente constituem uma camada de ocupação 
onde podem se misturar sambaqui, ossos, restos de fogueira, utensílios humanos e pisos de 
antigas habitações, representando uma camada que pode possuir condutividade elétrica 
diferente das camadas vizinhas. Oleodutos e aquedutos são comumente metálicos e, 
portanto, bons condutores. Sítios arqueológicos, oleodutos e aquedutos podem ser 
detectados através dos Métodos Elétricos e Eletromagnéticos (GPR). 
 
2.3.8. PROTEÇÃO AMBIENTAL 
Proteção ambiental tem como um de seus alvos manter o solo, as águas e o ar a 
salvo da poluição. 
É impossível processar e limpar todos os elementos poluentes antes de sua 
descarga. Resíduos tóxicos de indústrias químicas e outros rejeitos nocivos devem ser 
depositados de modo a não poluir nem o solo e nem as fontes de água, evitando por em 
perigo a vida orgânica. Isto é possível quando o espaço dedicado ao depósito dos rejeitos 
encontra-se encerrado em material impermeável ao fluxo dos mesmos ou de seus derivados. 
Materiais naturais que comumente preenchem esse pré-requisito são as argilas que, 
ademais, têm a vantagem de ser relativamente estáveis à movimentação tectônica; as argilas 
são bons condutores de eletricidade, logo podem ser mapeadas pelos Métodos Elétricos e 
Eletromagnéticos. 
 13
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
A Geofísica não é útil apenas em trabalhos de prevenção contra a poluição, mas 
também no monitoramento de processos em que esta se encontre em desenvolvimento. No 
controle de escapamento radioativo tem sido utilizado a Radiometria; no mapeamento do 
fluxo subsuperficial de água poluída, se esta possui uma condutividade distinta devido a 
presença de produtos químicos, podem ser usados os Métodos Elétricos e 
Eletromagnéticos. Diversos vazamentos associados a falhamentos têm sido localizados por 
meio da Sísmica. 
 
2.4. Gastos 
Analisando-se os gastos realizados com a Geofísica de Prospecção, pode-se 
identificar a tendência no seu desenvolvimento que, por sua vez, refletem a filosofia 
exploratória vigente. 
No período de 1976-1990 no mundo capitalista mostra que estes foram vultosos, 
somente EUA, 40% (transparência). 
Na transparência mostra que 96% dos gastos com a geofísica neste mesmo período 
foram dedicados à prospecção de petróleo; a prospecção mineral ficou com apenas com 
2%, no que se refere a investimentos. 
Na América Latina, a Geofísica atuou em níveis mais modestos, onde : 
 Petróleo 98% 
 Prospecção mineral 37% 
 Construção civil 10% 
 Água subterrânea 2% 
 Ambiental 0% 
A prospecção de petróleo capta um alto percentual dos investimentos em Geofísica 
de Prospecção. Logicamente, os gastos refletem a flutuação do preço do barril de petróleo. 
A redução dos gastos ~1983 foi gerada pela queda do preço mundial do barril, com 
subsequente redução dos esforços e investimentos em sua investigação. 
95% dos gastos com Geofísica de Prospecção foram feitos apenas com um 
método, a Sísmica (transparência). São úteis os outros métodos para a prospecção de 
 14
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
petróleo, sendo a relação de ordem de grandeza dos custos ( para levantamentos terrestres) 
dos trabalhos com esses métodos: 
 Sísmica 10 000 -- 1 000 
 Magnetotelúrica 1 000 -- 10 
 Gravimetria 100 
 Eletrorresistividade 100 
 Magnetometria 100 
 
2.5. Recursos Humanos 
Embora 96% dos gastos com a Geofísica de Prospecção sejam dedicados à 
pesquisa de petróleo, o contingente de geofísicos dedicados à pesquisa de petróleo não 
segue tal proporção. Em vários países essa não é a aplicação que mais geofísicos absorve 
(Fig.2). 
Os recursos humanos advêm de pelo menos seis (6) escolas: americana, 
australiana, européia, russa, chinesa e japonesa. 
A distância entre as três primeiras é pequena, pois há transferência de tecnologia 
entre elas: 
¾ Escola Americana – bastante direcionada para a prospecção de petróleo e pouco para a 
mineral; a Índia, Arábia Saudita, Israel, México e Brasil (décimo maior número de 
geofísicos ativos na prospecção de petróleo) são alguns países que seguem este modelo. 
¾ Escola Australiana – acumularam experiência na prospecção mineral em regiões 
tropicais e demais regiões onde se desenvolve manto de intemperismo ou outros tipos 
de cobertura que podem prejudicar a aplicação dos métodos geofísicos. 
¾ Escola Européia – existem os dois modelos: voltados à prospecção de petróleo (França, 
Noruega, Holanda e Reino Unido) ou não (Alemanha e Itália); com freqüência mostram 
uma maior prática da Geofísica desenvolvida nos observatórios. 
 
 
 
 15
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
igura 2 – Distribuição de geofísicos nas diversas áreas de atuação 
em alguns países 
 
F
16
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
¾ Escolas Russa e Chinesa – por razões políticas, desenvolveram sua própria escola 
independente da influência externa. Em 1930, a Rússia desenvolveu know how europeu 
em Geofísica; em 1959 auxiliava a China especialmente na investigação de 
hidrocarbonetos. A cooperação durou até 1961, em conseqüência da ruptura ideológica 
entre ambas. 
¾ Escola Japonesa – país deficiente em recursos minerais e de terremotos freqüentes, os 
geofísicos voltaram-se
para os problemas relacionados à construção civil em áreas 
instáveis. 
 
3. PROSPECÇÃO GEOFÍSICA 
3.1. Introdução 
A Geofísica de prospecção abrange um amplo espectro de atividades voltado para 
a investigação de bens minerais e outras feições específicas, relativamente rasas e de 
pequenas dimensões, através de seus efeitos em campos físicos ou na propagação de ondas. 
Dentre estas atividades, destaca-se a prospecção geofísica (ou exploração geofísica, que é 
englobada pela Geofísica de Prospecção): um conjunto de trabalhos que inclui medidas dos 
campos físicos ou das variações na propagação de ondas e o estudo de sua relação com as 
feições de interesse. 
A prospecção geofísica não consiste de uma técnica aplicada isoladamente a uma 
área; ela faz parte de uma seqüência de trabalhos, cujo fim é, em geral, a busca de depósitos 
minerais de valor econômico. 
Assim, neste curso abordar-se-á a seqüência de trabalhos que fazem parte da 
campanha de prospecção mineral. Uma outra seqüência de trabalhos abordada é a do 
mapeamento geológico, que é conhecido como mapeamento geológico-geofísico; o 
mapeamento de uma área estabelece a base indispensável para a descoberta de depósitos 
minerais por meio da prospecção mineral. 
 
3.2. A Geofísica na prospecção mineral 
A prospecção sistemática de uma região com potencialidades minerais é realizada, 
geralmente, em três etapas sucessivas: 
 17
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
¾ reconhecimento ou levantamento regional; 
¾ detalhamento ou levantamento de detalhe; 
¾ avaliação do depósito ou cubagem 
A geofísica pode ser usada em todas essas etapas da prospecção mineral. Assim é 
comum usarem terminologias como reconhecimento ou levantamento regional geofísico; 
bem como prospecção geofísica a nível de reconhecimento ou geofísica de reconhecimento 
com a finalidade de identificar a etapa da prospecção mineral a que os trabalhos se referem 
A figura 1 (transparência) mostra a seqüência de trabalhos em cada uma das etapas 
da campanha de prospecção mineral. Os primeiros trabalhos são aqueles que envolvem as 
metodologias menos dispendiosas, enquanto que os últimos, as mais dispendiosas. 
 
3.2.1. RECONHECIMENTO 
A prospecção de um bem mineral freqüentemente abrange uma área da ordem de 
centenas de milhares de km², de modo que é praticamente impossível efetuarem-se 
levantamentos detalhados de toda a superfície a ser estudada , pelo menos sob o ponto de 
vista econômico. Portanto, numa primeira etapa são estudadas as grandes áreas a nível de 
reconhecimento, para que se possa realizar a seleção de uma zona promissora e 
posteriormente detalhá-la. 
Esta seleção é geralmente realizada utilizando-se critérios tais como: 
¾ controles de mineralização, 
¾ guias de prospecção; 
¾ indicações favoráveis de natureza geofísica, geoquímica e outras. 
Controles de mineralização correspondem a um conjunto de dados geológicos e 
fisiográficos que condiciona a localização dos depósitos minerais. Os principais são: 
¾ litológicos e estratigráficos: muitas mineralizações se restringem a um determinado tipo 
litológico (jazida de cobre, Carajás, em xistos); 
¾ paleogeográficos: jazidas com relações espaciais pretéritas (carvão no RS em antigos 
vales, água subterrânea no PA em antigos canais de rios); 
 18
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
¾ estruturais: fornecem condições para a concentração de minerais (ouro na Serra Pelada, 
restringe-se ao eixo do sinclinal presente, enquanto que na Mina de Morro Velho, às 
zonas de fraqueza como falhas e fraturas), e para o aprisionamento de hidrocarbonetos 
(trapas estruturais); 
¾ fisiográficos : depósitos aluvionares (como vários garimpos de ouro e de diamante) 
possuem enorme relação com a geomorfologia pois a concentração de minerais pesados 
geralmente acontece por uma redução da velocidade das águas do rio; 
Guias de Prospecção são representados por fatos diretos indicadores de 
mineralizações como a presença se minerais satélites, que quase sempre indicam a 
existência de rochas ou minerais sob investigação. Grãos de piropo (granada), por exemplo, 
podem indicar a presença de diamante, seu concomitante paragenético. 
Como indicações favoráveis compreendem-se os resultados geofísicos e 
geoquímicos, bem como geobotânicos, que possam significar ou conduzir a concentrações 
anômalas de minerais, petróleo e carvão. Por exemplo, zonas com radioatividade 
relativamente elevada indicadas pela Radiometria ou concentrações elevadas de U3O8 
reveladas por análises químicas podem indicar ocorrências importantes de minerais de 
urânio. 
A etapa de reconhecimento tem início com um conjunto de estudos que permitem 
uma melhor definição do problema geológico levantado. Dentre esses estudos preliminares, 
destacam-se a pesquisa bibliográfica e investigação minuciosa de mapas, fotos aéreas, 
imagens de radar e satélite. 
A pesquisa bibliográfica tem como base os resultados dos trabalhos de 
mapeamento e de prospecção realizados na área investigada bem como nas áreas 
semelhantes. 
A investigação de fotos aéreas e de diversos tipos de cartas permite detectar, por 
exemplo, mudanças na declividade do leito de rios que geram a redução da velocidade de 
suas águas, permitindo a concentração de minerais pesados. As cartas nas escalas 1:100000 
e 1:50000, ou maior, são as que permitem o melhor reconhecimento de controles de 
mineralizações bem como sua individualização; na faltas de mapas geológicos nessas 
escalas, podem ser utilizados mapas na escala de até 1:250000 para fornecer apenas o 
chamado fundo geológico. 
 19
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
Ao final dos estudos preliminares, mapas com informações das diferentes cartas 
são construídos, e zonas interessantes são assinaladas para os levantamentos de campo. No 
campo, seções geológicas são elaboradas para testar as informações fornecidas pelos 
mapas. Depósitos minerais, quando existente, são visitados e lançados no mapa. 
Paralelamente a essas atividades e de forma interativa, são realizados 
levantamentos geofísicos e geoquímicos. Se o alvo são bens minerais, o levantamento 
geofísico, com os Métodos Magnéticos e Eletromagnéticos, são realizados; e se o alvo é 
petróleo, com os Métodos Sísmico, Magnético e Gravimétrico. Embora seja um método 
dispendioso para esta etapa de reconhecimento , a Sísmica é o método mais utilizado na 
prospecção de petróleo. 
A integração dos resultados de diferentes naturezas obtidos, permite o 
enriquecimento do mapa geológico inicial, que passa a apresentar os principais traços 
geológicos, a posição de jazidas e ocorrências cadastradas, as indicações geofísicas e 
geoquímicas e demais informações relevantes. 
A etapa de reconhecimento permite o desenvolvimento de noções vagas acerca do 
caráter das mineralizações e de suas continuidade; nas regiões capeadas pelo manto de 
intemperismo ou cobertura sedimentar, há de se levar em conta que essas camadas 
mascaram as informações que são levantadas, podendo conduzir ao falseamento das noções 
sobre as mineralizações. Torna-se, contudo, possível avaliar sob o aspecto geoeconômico, 
se a área deve ser abandonada ou tomada como alvo de estudos mais detalhados. Neste 
caso, áreas menores são selecionadas para detalhamento, com graus de prioridade ditados 
pelos resultados favoráveis a concentrações de bens minerais encontrados para as mesmas. 
 
3.2.2. DETALHAMENTO 
Na etapa de detalhamento (pode existir uma etapa intermediária deita de semi-
detalhe, que precede os trabalhos mais minuciosos), os alvos selecionados, na
ordem 
decrescente de prioridade, são submetidos a pesquisas geológicas mais detalhadas que, 
comumente demanda a abertura de poços e trincheiras, bem como novas amostragens. 
Paralelamente a essas atividades e de forma interativa, levantamentos geofísicos e 
geoquímicos mais acurados são realizados. Em áreas emersas, os trabalhos geofísicos são 
conduzidos a pé (eventualmente usam-se veículos). Os métodos utilizados dependerá do 
 20
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
tipo de depósito sob investigação. Nas áreas submersas, se o alvo é petróleo, 
Magnetometria, Gravimetria, e principalmente Sísmica são os métodos utilizados. 
A integração dos resultados ao final do trabalho de detalhamento, tem como 
objetivo concluir sobre a existência ou não de depósito do material investigado, viável de 
ser explorado economicamente. Em caso positivo, o depósito deve ser com maior precisão 
avaliado economicamente, isto é, o depósito deve ser cubado; em caso contrário, a área de 
trabalho é abandonada. É possível ainda que a integração dos resultados não seja 
conclusiva, tornando necessário ainda novos detalhamentos, neste caso a etapa deve ser 
prolongada. 
 
3.2.3. AVALIAÇÃO DO DEPÓSITO 
A última etapa da prospecção mineral engloba o levantamento das dimensões do 
depósito. Plantas topográficas detalhadas, furos de sondagem em malha, trabalhos mineiros 
(galerias, trincheiras, planos inclinados, chaminés e outros), geológicos, geofísicos e 
geoquímicos de maior detalhe são realizados de forma interativa. 
Ao final dos trabalhos, é feita a avaliação de reservas do depósito à luz dos custos 
de obtenção do material que será extraído e de seu valor de mercado. O depósito pode 
apresentar características econômicas que compensem a sua exploração (jazida) ou 
representar apenas uma concentração anormal se interesse econômico (ocorrência mineral). 
 
3.3. A Geofísica no mapeamento Geológico 
Primeiramente é realizado o estudo de mapas geológicos bem como mapas 
geofísicos obtidos através de levantamentos aéreos convencionais. 
A integração dos resultados obtidos conduz à eleição de áreas cuja verificação 
geológica é imprescindível. Assim, por exemplo, quando uma litologia A representada no 
mapa geológico, corresponde a uma configuração específica no mapa geofísico, áreas com 
tal configuração podem ser preliminarmente atribuídas à litologia A, mesmo que o mapa 
geológico indique o contrário. Se A, por exemplo, é um basalto, o mapa magnético pode 
conter uma concentração de isovalores que se fecham (dipolos); esse padrão pode aparecer 
numa área onde o basalto se encontra capeado parcialmente por sedimentos recentes. 
 22
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
O mapeamento geológico-geofísico pode ser considerado um caso particular da 
etapa de reconhecimento da prospecção mineral. 
 
 
 ESTUDOS ESTUDOS 
 GEOLÓGICOS GEOFÍSICOS * 
 
 
 INTEGRAÇÃO DE 
 RESULTADOS 
 
 
 ELEIÇÃO ÁREAS ÁREA 
 P/ VERIFICAÇÃO MAPEADA 
 
 
 LEVANTAMENTO 
 GEOLÓGICO 
 
 * INTERPRETAÇÃO 
 
 
3.4. Etapas da prospecção Geofísica 
A prospecção geofísica sistemática de um alvo compreende em geral, as seguintes 
etapas: 
¾ estudos geofísicos preliminares 
¾ preparação da área e da estratégia de medição 
¾ medidas de campo 
¾ apresentação dos dados 
¾ interpretação dos resultados 
Essas etapas são essencialmente as mesmas, independente da prospecção a ser 
realizada ao nível de reconhecimento, de detalhe ou de avaliação de depósito, bem como do 
levantamento ou método geofísico nela utilizado. Assim, por exemplo, o reconhecimento 
aéreo com Magnetometria compreende etapas análogas a do detalhamento terrestre com a 
Sísmica. 
 
 23
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3.4.1.ESTUDOS GEOFÍSICOS PRELIMINARES 
Os métodos geofísicos são utilizados segundo uma padronização. Rochas 
acamadas, por exemplo, são comumente investigados através da Sísmica, mas se a área é 
pequena, a Eletrorresistividade obtém resultados satisfatórios, mais rápidos e menos 
dispendiosos. Porém, um método geofísico pode ser aplicado a um fim para o qual sua 
utilidade seja reconhecida e produzir resultados insatisfatórios. 
Assim, numa primeira etapa, para que se possa efetuar a seleção do conjunto de 
métodos geofísicos que poderá produzir os melhores resultados, são estudados diferentes 
aspectos do problema, dentre os quais destacam-se os seguintes: 
¾ caracterização geológico-geofísico do alvo; 
¾ propriedades físicas dos materiais; 
¾ razão sinal/ruído; 
¾ condições operacionais. 
 
3.4.1.1. Caracterização Geológico-Geofísico do Alvo 
Reconhecimento de relações espacial e temporal do alvo com o meio, bem como a 
descrição de ambos quanto à constituição e origem e das condições ambientais pretéritas 
acompanhadas de seu significado físico. 
Por exemplo, a existência de uma soleira de diabásio prejudica o estudo da 
distribuição de propriedades elásticas abaixo da mesma por meio da propagação de ondas 
Sísmicas, o que desaconselha o uso da Sísmica em tais situações; a condutividade de um 
arenito formado no Paleozóico é, quase sempre, menor do que a de seu análogo formado 
em tempos recentes e aproximadamente igual a de rochas extrusivas recentes, de modo que, 
através da Eletrorresistividade, a descrição desses arenitos é possível , mas não entre o 
arenito paleozóico e as extrusivas recentes; em regiões submetidas a metamorfismo, o 
material não magnético pode ter se transformado em magnético (pirita para pirrotita), 
possibilitando o uso da Magnetometria para a investigação de minerais de interesse 
associado ao material que era não magnético no ambiente pretérito. 
 24
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
A caracterização geológico-geofísico do alvo pode ser levantada a partir da 
pesquisa bibliográfica, acompanhada da troca de idéias com membros da equipe de 
Geologia, e deve incorporar todo o conjunto de informações pertinentes que se tornar 
disponível. 
 
3.4.1.2. Propriedades Físicas dos Materiais 
Na prospecção geofísica, informações sobre a subsuperfície são procuradas nas 
variações experimentadas por campos físicos ou ondas, provocadas por descontinuidades 
nas propriedades físicas dos materiais do terreno. O critério básico para a seleção do 
conjunto de métodos geofísicos a ser aplicado a uma certa área é, portanto, a existência de 
contraste nas propriedades físicas da subsuperfície. 
Interface geológica e interface de contraste nas propriedades físicas não são 
eqüivalentes, porque nem toda interface geológica – superfície real ou virtual que separa os 
estratos (plano de estratificação), blocos deslocados (planos de falha) e outras entidades 
geológicas – representa uma descontinuidade nas propriedades físicas. Ambas interfaces, é 
conveniente notar, podem ser tanto bruscas quanto graduais, bem como planas ou curvas. 
O contraste nas propriedades físicas pode se referir: 
¾ ao material sob investigação e à sua encaixante, 
¾ ao material de ocorrência associada àquele sob investigação e à sua encaixante, e 
¾ às interfaces de estruturas favoráveis à acumulação do material buscado. 
Quanto maior o contraste na propriedade
considerada, mais clara a definição da 
interface geológica que o provocou. O grau desse contraste, contudo, não é um critério 
decisivo para a seleção dos métodos geofísicos a serem aplicados a uma determinada área, 
porque os métodos em estágio tecnológico adiantado fornecem um conjunto de 
informações sobre o alvo mais rico do que os demais, podendo tornarem-se prioritários. 
Muitas vezes as propriedades não podem ser medidas, devido á falta de exposições 
ou amostras litológicas. Neste caso, o contraste nas propriedades pode ser avaliado com o 
auxílio de tabelas de valores obtidos de materiais geológicos de várias áreas. 
 
 25
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3.4.1.3.Razão Sinal / Ruído 
As medidas geofísicas englobam efeitos de interesse, ditos sinal, como também 
efeitos indesejáveis, conhecidos como ruídos. Aqui, o sinal conjuntamente como ruído será 
chamado de medida, leitura, observação, dado, resposta ou informação. 
A medida (M) pode ser então representada sob a forma : 
M = f (S,R), 
sendo S o sinal e R o ruído. 
Uma razão sinal / ruído (S/R) baixa pode tornar proibitiva a aplicação da 
Geofísica, pois as medidas se mostrarão como uma amálgama de efeitos indistinguíveis. 
Nas regiões tropicais, é conveniente mencionar, essa razão é raramente alta, em se tratando 
de alguns métodos geofísicos, como Elétricos e Eletromagnéticos. 
Os ruídos podem ser classificados em : 
¾ ruídos instrumentais: associado ao desempenho dos instrumentos, 
¾ ruídos operacionais: imprecisões devidas a erros de leitura, ou mal posicionamento do 
instrumento em áreas de topografia acidentada ou de vegetação densa, 
¾ ruídos de terreno: contribuições das heterogeneidades do subsolo sem importância 
para a campanha ( por exemplo, ocorrências minerais que promovem descontinuidades 
nas propriedades físicas mas não são alvo da prospecção e variações na constituição e 
espessura do manto intempérico – ruídos geológicos; relevo topográfico – ruídos 
topográficos); 
¾ ruídos parasitários: demais efeitos indesejáveis como aqueles produzidos por ventos, 
campos naturais ( tempestades magnéticas, correntes telúricas, e eletrojato equatorial) e 
obras humanas (linhas de alta tensão, instalações industriais, zonas de teste atômico, 
oleodutos, regiões lavradas e fertilizadas, cercas metálicas e materiais enterrados – 
ruídos culturais ou ruídos humanos). 
 
 26
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3.4.1.4. Condições operacionais 
A seleção do conjunto de métodos geofísicos a ser utilizado na área sob estudo e 
do modo de aplicação de cada método depende não só de sua possível contribuição para 
resolver o problema de prospecção, mas também das características da região bem como do 
pessoal, equipamentos e medidas de segurança necessários. Esses fatores guardam relações 
entre si e sua análise é feita de modo a compor um critério final tangível: o custo do 
trabalho geofísico. 
Em regiões tropicais de vegetação densa, o acesso à área de trabalho e a 
locomoção nesta são difíceis; logo, os levantamentos conduzidos a pé são lentos; por outro 
lado a mão de obra de apoio recebe baixas remunerações; mas, as condições climáticas da 
região e a dificuldade no transporte acarretam no mal funcionamento do equipamento, 
tornando-se fundamental a presença de pessoal especializado (em eletrônica), o que 
contribui para aumentar o custo da operação. 
Na prospecção mineral, é conveniente notar, o custo do trabalho geofísico pode 
oscilar dentro de níveis modestos, em comparação com o custo da prospecção geofísica 
para o petróleo, pois o capital de risco disponível para a investigação de petróleo é maior. 
 
3.4.2. PREPARAÇÃO DA ÁREA E DA ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO 
Antes da tomada de medidas geofísicas de campo, uma série de procedimentos 
deve ser realizado de modo a torná-la viável, objetiva e racional. Entre ele, destacam-se a 
localização das posições de medidas e o planejamento de ocupação das mesmas. 
A tomada de medidas de campo é realizada, em geral, em posições conhecidas 
como estações ou pontos de medidas. Ela depende da direção (influencia a locação dos 
perfis, que são perpendiculares à direção); das dimensões e da profundidade esperada para 
as feições investigadas ( se pequenas e rasa, Ter-se-á um menor distanciamento entre as 
medidas), bem como se o objetivo do levantamento é a detecção ou a delineação dessas 
feições (se o corpo deve se detectado ele pode estar presente em apenas um perfil, para a 
sua delineação são necessários pelo menos três perfis nos quais seu efeito seja percebido). 
A coleta de dados depende também da altitude e da velocidade com que é 
realizada. Quanto mais próximo da superfície estiver o sensor, menor o volume amostrado 
da área; o sinal devido a feições profundas é melhor captado com sensores altos. Quando 
 27
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
for possível a altura do sensor à feição sob investigação deve ser maior do que a distância 
entre os perfis, de modo a propiciar uma ampla cobertura do terreno. 
A resolução espacial dos dados, em levantamentos realizado com o auxílio de 
veículos, varia inversamente com a velocidade dos mesmos. 
A coleta de dados depende de outras características do tipo de levantamento a ser 
utilizado: 
 
3.4.2.1. Levantamentos terrestres 
O processo de demarcação de uma área consiste de três etapas a seguir: 
¾ projeção de uma linha mestra, em geral, paralela à direção esperada para as feições sob 
investigação , passando pelo centro da zona de maior interesse ( preparada com 
teodolito); 
¾ abertura de picadas perpendiculares à linha base, que corresponde aos perfis ( intervalos 
regulares de 25-500m, auxiliados com bússola, baliza e trena); 
¾ demarcação de posições nas linhas transversais com estacas (ou piquetes), que 
correspondem às estações. Em geral, as estações são projetadas a intervalos regulares 
que variam de 10 a 200m, com auxílio de trena. 
Os levantamentos sísmicos podem ser realizados em cruz, leque e segundo outros 
arranjos. Com alguns métodos Elétricos e Eletromagnéticos, isto também ocorre. 
 
3.4.2.2. Levantamentos Aéreos e Marinhos 
Levantamentos aerotransportados são especialmente indicados para a investigação 
de áreas de grande extensão ou de difícil acesso; com freqüência são utilizados na etapa de 
reconhecimento e, esporadicamente, fazem parte dos trabalhos de detalhamento. 
Esses levantamentos são realizados ao longo de linhas paralelas, previamente 
estabelecidas para o plano de vôo, em geral espaçadas de 100 a 1000 m ( ou de vários km, 
se estruturas crustais maiores são investigadas) e transversais à direção geológica da região; 
linhas adicionais, de controle, cruzam as demais. 
 28
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
Os levantamentos aerotransportados de vem ser realizados a uma altitude (150 m) 
e velocidade constantes (200 km/h). A altitude pode ser tomada constante em relação ao 
terreno ou ser simplesmente uma altitude barométrica. 
Os levantamentos marinhos podem ser realizados para o reconhecimento e para o 
detalhamento ao longo de perfis. Quanto mais agitada as águas, mais imerso deve ficar o 
sistema de recepção para não acompanhar o movimento das ondas. A profundidade de 
equilíbrio do conjunto de sensores rebocados pelo cabo é tanto maior, quanto menor for a 
velocidade da embarcação (5 a 10 nós, onde 1 nó = 1.852 km/h) 
 
3.4.2.3. Sistemas de posicionamento 
A comparação dentre dados geofísicos ou deles com outros
tipos de dado, a 
determinação da posição das zonas promissoras por eles indicados e o planejamento de 
levantamento com um outro método de prospecção ou de perfuração sobre essas zonas 
exigem o conhecimento exato das posições de medida. 
Para o controle mais preciso das posições de medidas, bem como para o 
posicionamento do veículo nos locais desejados para o levantamento destacam-se os 
sistemas: 
¾ radioposicionamento, 
¾ posicionamento Doppler, 
¾ posicionamento inercial, 
¾ posicionamento por meio de satélites. 
Deve-se mencionar que diferentes técnicas de posicionamento podem ser 
utilizadas de forma complementar, de modo que as vantagens de uma compensem as 
deficiências da outra. 
 
3.4.2.3.1. Radioposicionamento 
A diferença no tempo ou na fase entre a transmissão e a recepção de pulsos de 
ondas elétricas de radiofreqüência permite a localização da plataforma através dos sistemas 
de radioposicionamento, pois a velocidade das ondas é conhecida (3x108 m/s). 
 29
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
O radar é um dos sistemas de radioposicionamento mais populares. Através desse 
sistema, as microondas podem ser transmitidas da plataforma, retornando por reflexão ao 
atingirem alvos de localização conhecida no terreno e em bóias ou transmitidas de duas 
estações localizadas no terreno e as reflexões da plataforma serem observadas. 
 
3.4.2.3.2. Posicionamento Doppler 
O efeito Doppler corresponde ao deslocamento aparente na freqüência de uma 
onda, devido à compressão da frente de onda pelo movimento de sua fonte com respeito à 
recepção ou vice-versa. 
Nos sistemas de posicionamento Doppler, a variação entre a freqüência das ondas 
transmitidas e recebidas pela plataforma após sofrerem reflexão no terreno ou em massa de 
água é detectada; como a variação na freqüência é proporcional à velocidade da plataforma, 
esta pode ser obtida e, uma vez integrada, fornece a posição desejada. 
 
3.4.2.3.3.Posicionamento Inercial 
Nos sistemas de posicionamento inercial ou ISS (Inertial Survey Systems), a 
aceleração da plataforma é determinada e sua integração fornece a velocidade da 
plataforma bem como a sua posição, com mais uma integração. 
 
3.4.2.3.4. Posicionamento por meio de satélites 
Os principais sistemas são: 
¾ Transit – como base o efeito doppler 
¾ GPS (global positioning system ) – são vários sistemas de 
radioposicionamento e a partir do tempo de propagação de ondas de 
rádio entre o satélite e a plataforma, conhece-se o posicionamento. 
 
3.4.3. MEDIDAS DE CAMPO 
As medidas de campo devem ser obtidas o mais rápido e, especialmente, o mais 
preciso possível. Estas devem ser tomadas de modo a exprimir variações de alguma 
grandeza física, como uma função da distância ou do tempo. 
 30
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
As medidas feitas em termos das variações com a distância são ditas medidas no 
domínio do espaço. A quantidade medida pode ser a intensidade do campo magnético da 
Terra registrada em pontos pré definidos ou continuamente ao longo de um conjunto de 
perfis. 
As medidas feitas em termos das variações temporais são referidas como 
pertencentes ao domínio do tempo. A quantidade medida pode ser a voltagem após a 
interrupção da corrente elétrica em instantes pré definidos ou ao longo de um intervalo de 
tempo (Método da Polarização Induzida). 
As medidas podem ainda ser obtidas envolvendo a variação na freqüência da onda 
que energiza o terreno. Neste caso, as medidas são ditas no domínio da freqüência. 
As medidas feitas em pontos ou tempos pré definidos são ditas discretas. As 
medidas registradas continuamente ao longo de todo um conjunto de perfis ou intervalo de 
tempo são conhecidas como medidas contínuas. 
 
3.4.4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: CONSTRUÇÃO DE PERFIS E MAPAS 
As medidas que foram coletadas no campo ou tratadas devem ser apresentadas 
graficamente. Algumas técnicas de apresentação gráfica são específicas a medidas com 
certos métodos físicos; a maioria dos dados pode ser lançada sob a forma de perfis e 
mapas. 
A reunião de perfis eqüiespaçados fornece o mapa de perfis rebatidos, ou 
simplesmente mapa de perfis (Fig.3). 
Antes do advento dos computadores, os mapas de contorno de isovalores, ou 
apenas, mapa de contorno eram desenhados manualmente. Os dados podem também ser 
apresentados sob a forma de bloco diagrama ou em três dimensões (3D). 
Se as medidas pertencem ao domínio do tempo ou ao domínio da freqüência, as 
abcissas representam tempos ou freqüências de operação, e as ordenadas representam as 
leituras, obtidas para os mesmos. Assemelha-se ao perfil, mas recebe diversas designações. 
As apresentações gráficas cujo o significado geológico é fácil de compreender são 
as melhores. As apresentações que apenas um intérprete experiente pode converter em 
termos geológicos devem ser evitadas. 
 31
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
W E
Fiducial
95969798
0 1,0 Km
1
2
3
4
5
6
Canal
4
3
2
1
0
8W 4W 0 4E
N
Conveções
470 Hz
140 Hz
Escala
0 400m
0 40°
120
80
40
0
6E
5E
4E
3E
2E
1E
X Y Z A B
(A)
(B) (C)
Filão Esperança 50m
 
 
 
 
 
Figura 3 – Construção de perfis e mapas no domínio da frequência. 
 
 
 
 
3.4.5. TRATAMENTO DOS DADOS 
Quando é possível, os dados de campo são submetidos a operações conhecidas 
como tratamento, redução ou processamento dos dados, realizados com o fim de torná-
los mais apropriados para a interpretação (Fig.4 ). 
 32
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
N
0 12 Km
Escala Horizontal
0
-10 U. M.
Escala
Vertical
12W 6W 0 6E 12E
15S
12S
9S
6S
3S
0
3N
6N
9N
12N
15N
(B)
(A)
0
A
-5
-10
12W
Distância (Km)
6 0 6 12E
B
E
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
12N
6N
0
6S
12S
12W 6W 0 6E 12E
A B
N
0 6 Km
(D)
N
A
B
1K
m
 
 
 
Figura 4 –Tratamento dos dados 
33
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
Na etapa de tratamento de dados, as medidas de campo são, comumente, referidas 
como dados de entrada ou simplesmente, entrada (input) e o resultado do processamento, 
dado de saída ou apenas, saída (output). 
O tratamento de dados geofísicos deriva da Teoria da Informação, um campo da 
Matemática que surgiu a partir dos esforços, durante a Segunda Guerra Mundial, para a 
detecção de sinais de radar afetados por ruído. Dentre as operações de tratamento estão a 
discretização e a transformação de domínio, que modificam a apresentação das medidas 
de campo, facilitando a sua manipulação, bem como as operações de correção, filtragem e 
empilhamento, que melhoram a qualidade de dados. 
 
3.4.5.1. Discretização 
Comumente, a quantidade de medidas de campo é muito grande e as operações 
com as mesmas são complexas. É então necessário, para realizar essas operações de modo 
efetivo, rápido e econômico, o auxílio de computadores digitais. As medidas registradas 
analogicamente devem, portanto, ser convertidas para a forma digital, operação conhecida 
como discretização. 
 
3.4.5.2. Transformação de domínio 
O domínio do tempo e da freqüência, assim como o domínio do espaço e do 
número de onda (ou freqüência espacial),
correspondem a formas diferentes de se 
representar o mesmo tipo de informação. A passagem de um domínio para o outro é 
possível através de um par de transformadas de Fourier, definidas por: 
 
 F ( ω ) = ∫ (domínio da freqüência) +∞∞− dt e f(t) ti- ω
 
 f ( t ) = ∫ ∞+∞− ωωπ ω d e )F(21 ti (domínio do tempo) 
 
 
 34
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3.4.5.3. Correção, Filtragem e Empilhamento 
As medidas de campo são comumente influenciadas por ruídos, efeitos 
indesejáveis, naturais e artificiais, conhecidos ou não. Através dessas operações é possível 
eliminar ou reduzir vários destes efeitos. Os efeitos que sobram após a eliminação de 
efeitos indesejáveis representam o residual ou resíduo. A correção é introduzida por 
cálculo específico para cada operação. 
 
3.4.6. INTERPRETAÇÃO 
A interpretação geofísica é o procedimento que permite a obtenção de informação 
geológica a partir de medidas geofísicas. 
 
3.4.6.1. Anomalia 
Os efeitos a serem interpretados ( aqueles que podem revelar descontinuidade nas 
propriedades físicas causadas por feições de interesse) mostram um desvio do efeito padrão 
esperado. 
Valores localmente baixos ou altos formam anomalias, negativas ou positivas, 
respectivamente. 
 
3.4.6.2. Modelos 
Para ser possível relacionar as medidas à subsuperfície, isto é, o efeito à sua causa, 
a subsuperfície deve ser representada por um modelo (geológico, físico ou matemático) 
(Fig.5 ). 
 
3.4.6.3. Interpretações Qualitativa e Semi-Quantitativa 
Aqui procura-se estabelecer relações de igualdade/ não igualdade e relações de 
desigualdade entre certas características das anomalias evidenciadas pelas medidas 
geofísicas, de modo que, no final, se possam separar diferentes padrões anômalos e associá-
 35
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
los aos corpos geológicos. Isto significa obter informações sobre: localização, forma, 
mergulho, profundidade e propriedades físicas destes corpos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 = 43 G a
3 H
H
2( + X1 )
3
2
KDPFS
Variável
dependente
Propriedade
Parâmetros
Variável
independente
Modelo Matemático
-10
-5
12W 6 0 -6 X (Km)
1 
BA
1(U.m.)
Medidas
A BX1
H
2a
= 2 - 1
1
Modelo Físico
A
B
Campo
A B
Modelo Geológico
 
 
Figura 5 - Modelos 
36
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
3.4.6.4. Interpretação Quantitativa 
Consiste em estimar os valores dos parâmetros de um modelo, cuja geometria seja 
próxima da geometria esperada para a fonte de anomalia 
 
3.5. Resultados da Prospecção Geofísica 
A análise dos resultados da prospecção geofísica demanda um exame dos 
problemas por ela abordados, e dos meios de solucioná-los. 
 
3.5.1.PROBLEMA DIRETO E PROBLEMA INVERSO 
Seja um modelo representado pela seguinte função: 
y = ax + b 
sendo a e b parâmetros constantes. 
No problema direto, os valores dos parâmetros a e b são conhecidos e y, para um 
x qualquer, é calculado. No problema inverso, a e b são parâmetros procurados a partir de 
y, que é conhecido, porque é medido para um determinado x. Assim, no problema direto, o 
efeito do modelo é calculado a partir de valores dos seus parâmetros, enquanto no problema 
inverso ( ou inversão) os valores dos parâmetros do modelo-causa de um determinado 
efeito são procurados, usando-se medidas desse mesmo efeito. 
 
3.5.1.1.Interpretação: Resolução do problema Inverso 
Na prospecção geofísica, a subsuperfície é investigada a partir do seu efeito nos 
campos físicos ou na propagação de ondas. Esse é um problema inverso. A interpretação 
geofísica lida, portanto, com problemas inversos. 
 
 37
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 – Modelos Físicos 
 38
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 – Modelos geológicos 
 39
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
3.5.1.2. Modelamento: Resolução do Problema Direto 
O modelamento ou simulação tem como objetivo a previsão dos efeitos de 
modelos investigados pela geofísica (Fig. 6 e 7). A construção de soluções numéricas 
aproximadas exige o uso de ferramentas matemáticas simples, como a integração numérica 
e a convolução, mas também sofisticadas, como é o caso dos métodos das equações 
diferenciais (elementos finitos e diferenças finitas) e o método das equações integrais. 
 
3.5.2. REGIÕES TROPICAIS E EXTRATROPICAIS 
As técnicas e os equipamentos geofísicos foram desenvolvidos em regiões 
extratropicais, o que explica o seu êxito. Nas regiões tropicais, a geofísica enfrenta vários 
problemas: 
 
3.5.2.1. Problemas Físicos 
¾ Escassez de afloramentos de rocha. 
¾ Presença de manto intempérico bastante desenvolvido. 
¾ Posicionamento difícil dos pontos medidos em regiões de florestas. 
¾ Inadequação de váriass técnicas e instrumentos geofísicos. 
 
3.5.2.2. Problemas sociais, políticos e econômicos 
¾ Condições de trabalho árdua. 
¾ Desenvolvimento dependente. 
 
3.5.3. AVALIAÇÃO DO MÉRITO DA GEOFÍSICA NA PROSPECÇÃO 
O número de descobertas de jazidas das quais a geofísica participou não é uma 
forma adequada de avaliar o seu mérito, pois zonas estéreis são muito mais freqüentes. 
 40
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
A razão de retorno do trabalho geofísico é um tipo de avaliação mais consistente 
do seu mérito. Essa razão é muitíssimo elevada, da ordem de váriass centenas contra um, e, 
no seu cálculo, são consideradas todas as campanhas, inclusive aquelas que nada revelaram. 
São contudo, o tempo e os gastos que a geofísica permite economizar na 
eliminação de áreas sem interesse, evitando perfurações desnecessárias, que melhor 
representa o seu mérito na Prospecção. 
Os métodos geofísicos são abordados em diversos livros. A ênfase e o grau de 
detalhamento a eles atribuídos variam numa mesma obra, refletindo em parte a experiência 
profissional e em parte a preocupação em cobrir com maior detalhe os métodos dedicados á 
prospecção de petróleo, em especial a Sísmica. 
 41
 
 
 NOTAS DE AULA - INTRODUÇÃO 
 
 
4. BIBLIOGRAFIA 
 
 
DOBRIN, M.B. – 1981 – Introduction to Geophysical Prospecting. 3. Ed. International 
Student Edition. 630p. 
 
FERNANDES, C.E.M. – 1981 – Fundamentos de Prospecção geofísica. Rio de Janeiro: 
Interciência, 190p. 
 
LUIZ, J.G. & SILVA, L.M.C – 1995 – Geofísica de Prospecção. Belém: Cejup, 311p. 
 
PARASNIS, D.S. – 1971 – Geofísica Minera. Madrid: Elsevier Publishing Co. Ltda, 376p. 
 
TELFORD, W.M.; GELDART, L.P.; SHERIFF, R.E. & KEYS, D.A. – 1990 – 2. Ed. 
Cambridge: Cambridge University,: 770p. 
 
 42

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais