Buscar

A resolução do contrato no novo código civil

Prévia do material em texto

A RESOLUÇÃO DO CONTRATO NO NOVO CÓDIGO CIVIL 
 
Daniel Ustárroz 
 
Publicado na Revista Jurídica nº 304, p. 32 
 
Sumário: I. Introdução. 1. Necessárias precisões terminológicas. 1.1 
Rescisão. 1.2 Resolução. 2. A Resolução do Contrato por Incumprimento 
do Devedor. 3. Responsabilidade civil na resolução por inadimplemento. 4. 
O restabelecimento do statu quo ante. 5. A Resolução do contrato por 
excessiva onerosidade superveniente. 5.1 Particularidades da resolução por 
onerosidade excessiva II. Principais conclusões. III. Referências 
bibliográficas. 
 
 
I. Tal como as pessoas, o contrato também nasce, cresce e morre. Este 
último fenômeno, sua extinção, pode dar-se de diversas maneiras: seja comumente pelo 
adimplemento, assim como pela vontade da(s) parte(s), pelo implemento do termo ou 
condição fixados, etc. Enfim, a relação obrigacional é um processo complexo que conta 
com início, meio e fim. 
 
Dentro dos contratos bilaterais, nos quais a obrigação de um sujeito é a 
causa da do outro, normalmente se verifica uma relação de reciprocidade. Isto é, as 
prestações oferecidas pelas partes possuem valor similar, de forma que a razão de uma 
existir é exatamente a obrigação alheia (a velha regra: toma lá – dá cá). Dentro desse 
contexto, somente interessa ao obrigado prestar, quando o parceiro também o fizer. 
Do contrário, desaparece a razão de ser do contrato. Para corrigir tal anomalia, 
verificada a partir da quebra do sinalagma funcional e da conseqüente descaracterização 
1 
 
da economia contratual, existe a figura da resolução, cujo escopo é extinguir a relação 
negocial tão-logo seja verificado o incumprimento.1 
 
Portanto, pressuposto lógico para a resolução do contrato é a inexecução. 
Esta, uma vez configurada, pode abrir ao credor uma série de direitos, dentre os quais 
a opção pela execução específica da prestação convencionada ou a própria extinção do 
vínculo criado, sem embargo da reparação dos danos ocasionados, uma vez 
caracterizada a falta alheia.2 A resolução surge a partir do sentimento de eqüidade que 
deve pautar as relações humanas, facultando à vítima do comportamento antijurídico 
(inadimplemento) o direito de extinguir o vínculo mediante unilateral manifestação de 
vontade. Cumpre, por isso, função de cunho preventivo, na medida em que encerra a 
relação obrigacional, livrando o contraente fiel do pesado encargo de seguir prestando 
sem obter a contraprestação, ou mesmo necessitar socorrer-se das vias judiciais, cujo 
custo, econômico e temporal, é por todos conhecido. 
 
Em preciosa monografia sobre o tema, o Professor RUY ROSADO DE 
AGUIAR JÚNIOR definiu a resolução como um instituto do Direito das Obrigações, 
conseqüência de fato superveniente à celebração do contrato, com efeito extintivo 
 
 st
s
s
t
i t
r
1 Anota ORLANDO GOMES que nos contratos bilaterais a interdependência das obrigações ju ifica a 
sua resolução quando uma das partes se torna inadimplemente. Na sua execução, cada contratante tem a 
faculdade de pedir a resolução, se o outro não cumpre as obrigações contraídas. E ta faculdade resulta 
de estipulação ou de presunção legal. Quando a partes acordam-na, diz-se que estipulam o pacto 
comissório expresso. Na ausência de estipulação, tal pacto é presumido pela lei, que suben ende a 
existência da cláusula resolut va. Neste caso, diz-se que é implícita ou tácita. (In Con ratos, p.171) 
2 Nesse sentido, acerca da dificuldade da execução específica, observa DELL’AQUILLA que ed il 
ricorso assai più frequente all’istituto della risoluzione, rispetto all’azione di manutenzione, è certamente 
dovuto al fatto che i mezzi di coazione in grado di constringere il debitore ad eseguire la prestazione 
sono divenuti nel corso del empo via via più deboli ed inefficaci, di guisa che spesso il creditore 
preferisce por e termine a un rapporto dal quale ritiene ormai di non poter trarre alcuna utilità, e la cui 
sopravviveza costituisce per lui solo un incomodo ostacolo nella sua vita di relazione con gli altri 
soggetti di diritto. (In La ratio della risoluzione del contratto per inadempimento, p.836) 
2 
 
sobre a relação bilateral.3 Efetivamente, a resolução decorre de fato posterior à 
formação da avença e que impede que o mesmo atinja os fins a que se propunha. 
 
O regime da resolução contratual foi significativamente alterado pelo novo 
Código Civil, a começar pela própria nomenclatura utilizada, que tomou o lugar da 
dita rescisão contratual. Outra importante inovação diz respeito ao aproveitamento da 
onerosidade excessiva como causa de resolução contratual. 
 
Dentro desse contexto de meditação acerca da valia do novo diploma civil, 
breves considerações serão alinhavadas. 
 
 
1. Antes de ingressar na resolução propriamente dita, necessário apontar 
para o significado contextualizado de alguns termos que serão doravante empregados. 
Tal medida tem por fito, longe de representar qualquer amor ao tecnicismo exagerado, 
contribuir para que as idéias sejam expostas e entendidas com maior clareza. 
 
Já se disse que a extinção dos contratos pode resultar de diversos fatores, 
cujo mais comum é o adimplemento. Todavia, nada impede que as partes extingam o 
pacto por comum acordo, ou mesmo alterem-no naquilo que lhes interessar. Pode 
acontecer, também, que um sujeito simplesmente perca o interesse em prestar, 
frustrando a expectativa do par. Outras vezes, será a alteração das circunstâncias 
externas que determinará a impossibilidade de cumprir a obrigação. Nessa medida – 
atento às peculiaridades do direito material discutido - o direito confere um tratamento 
específico para cada hipótese aventada. 
 
 
3 In A Extinção do Contrato por Incumprimento do Devedor, p. 16. 
3 
 
Sabe-se que, no Direito brasileiro, costuma-se utilizar indiscriminadamente 
conceitos diversos, como resolução e rescisão, tal como se sinônimos fossem.4 Quiçá o 
maior motivo para que não exista ainda no direito brasileiro homogeneidade na 
utilização desses termos (rescisão e resolução) seja justamente a preferência feita pelo 
legislador de 1916 ao disciplinar a matéria. Felizmente, o novo Código intentou 
colocar os termos em seus precisos lugares. Veja-se, por exemplo, a redação do novo 
art. 475 (a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se
não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização 
por perdas e danos), que toma o posto do parágrafo único do vetusto art. 1.092: a 
parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas e 
danos. 
 
s
t
 
 
Nesse sentido, oportuno registrar que essa discussão, acerca da correta 
nomenclatura, não foi observada tão-somente no Brasil. Já no livro quinto do Código 
Civil suiço de 1911 (conhecido popularmente por Código das Obrigações), ela se 
encontrava presente. Com efeito, dispunha o art. 107, ao tratar do tormentoso 
problema do inadimplemento contratual, sobre o droit de résiliation assentando que: 
1. Lorsque, dans un contrat bilatéral, l’une des parties est en demeure, l’autre peut lui 
fixer ou lui faire fixer par l’autoritá compétente un délai convenable pour s’exécuter. 2. 
Si l’exécution n’est pas intervenue à l’expiration de ce délai, le droi de la demander et 
d’actionner en dommages-intérêts pour cau e de retard peut toujours être exercé; 
cependant, le créancier qui en fait la déclaration immédiate peut renoncer a ce droit et 
réclamer des dommages-intérêts pour cause d’inexécution ou se dépar ir du contrat. 
 
 
t4 Já advertiaORLANDO GOMES que a matéria da extinção dos con ratos não se acha ordenada numa 
teoria geral que ponha termo à confusão proveniente inicialmente da terminologia usada na legislação e 
na doutrina, e, em seguida, das divergências e vacilações nos conceitos, classificações e distinções 
necessárias. In Contratos, p. 169. 
4 
 
Dentro desse contexto, pertinente, antes que se entre propriamente no 
objeto do presente estudo, conceituar fenômenos distintos do processo obrigacional, 
no caso a rescisão e a resolução. Adiante, trataremos de cada qual. 
 
1.1 Ocorre a rescisão do contrato, quando é verificado vício 
contemporâneo a sua formação. Isto é, na rescisão há um problema no contrato, em 
virtude de uma situação existente já à época de sua formação. 5 De regra, a 
rescindibilidade tutela a parte que se encontrava sob estado de perigo ou de 
necessidade, assumindo, para si, um negócio altamente lesivo. O exemplo clássico é a 
lesão, ora re-incorporada ao direito brasileiro, através do novo código civil, no artigo 
157.6 
 
O novo Código Civil traz ainda outras hipóteses de cabimento da rescisão 
contratual, como o estado de perigo, que sucede sempre que alguém, premido da 
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela 
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa (conforme art. 156). 
Novamente, observa-se que o vício é contemporâneo à própria celebração do 
contrato.7 Como refere BIANCA, l’irregolarità del contratto non è data dalla iniquità
in sé considerata ma dall’iniquità risultante dall’approfittamento di una situazione di 
 
 
t
 
5 Não é outro o alvitre do Professor ARAKEN DE ASSIS: em realidade, a ‘rescisão’ constitui 
modalidade de abertura do negócio jurídico ante defeito anterior à contratação, como deflui do 
chamado vício oculto (art. 1.101 do Código Civil) ou do objeto. (In A Resolução do Contrato por 
Inadimplemento, p. 77). 
6 Reza o dispositivo: ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
7 Já prelecionava ORLANDO GOMES que rescisão é ruptura de con rato em que houve lesão. Não é 
sempre que a lesão determina a dissolução do contrato, porquanto pode ser salvo, restabelecendo-se o
equilíbrio das prestações com a suplementação do preço (...) Outra hipótese da rescisão é a do contrato 
estipulado em estado de perigo, muito semelhante à anulação pelo vício da coação. Não se confundem, 
todavia, porque a rescisão requer, para ser decretada, o concurso de dois elementos: a) a ciência, por 
uma das partes, do estado de necessidade em que se encontra a outra; b) a iniqüidade das condições nas 
quais as obrigações são contraídas. (In Contratos, p.188). 
5 
 
anomala alterazione della libertà negoziale. Le cause di tale alterazione possono essere 
assimilate ai vizi del consenso poiché l’eccezionale pressione esercitata dal pericolo o 
dal bisogno esula dalle comuni motivazioni del contrarre fino a privare il soggetto della 
normale libertà decisionale.8 
 
Como dito, a grande confusão ocorrida entre os termos, rescisão e 
resolução, foi causada pela redação do parágrafo único do art. 1.092 do Código de 
1916. Este labutou em equívoco ao referir-se a rescisão, onde, pela mensagem do 
texto, conclui-se que se tratava da disciplina da resolução.9 
 
1.2. A resolução é fenômeno que ocorre após a celebração do contrato e 
durante sua execução. Decorre de fato posterior (inexecução do pactuado) que tem o 
condão de tornar sem valia prática o negócio jurídico estabelecido. É direito que se 
conserva ao contratante fiel em contratos bilaterais, que o exercita mediante 
manifestação de vontade, sujeitando o outro aos efeitos desta, posto que se trata de 
direito formativo. Como assevera ANTUNES VARELA, o titular do direito de 
resolução goza, efetivamente, do poder de, mediante um simples ato unilateral (isolado 
ou coadjuvado por decisão de autoridade judicial), alterar a esfera jurídica do outro 
contraente, destruindo os efeitos do contrato. Ao poder do titular do direito de 
resolução não corresponde, da parte do outro contratante, nenhum dever jurídico, mas 
um estado de sujeição. O outro contraente está apenas sujeito, enquanto pende o 
 
8 In Diritto Civile, Il Contrato, p. 682. 
9 PONTES DE MIRANDA criticou o legislador de 1916: lê-se, no art. 1.092, parágrafo único, do 
Código Civil, que ‘a parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas 
e danos`. O termo ‘rescisão`, aí erro crasso, deve ser evitado. De ‘resolução` é que se trata. (In Tratado 
de direito privado, v. 35, p. 337) 
6 
 
direito de resolução, a que o respectivo titular, a seu puro arbítrio, mantenha ou 
destrua os e eitos do contrato.10 f
 
 
A resolução pode ser legal ou convencional. Diz-se legal aquela que 
encontra fonte na lei, enquanto convencional quando resultante da vontade das partes, 
através da previsão explícita de determinado evento no próprio contrato. Enquanto na 
primeira modalidade, a cláusula é implícita, em razão da bilateralidade do pacto, na 
segunda, vem expressa. 
 
A grande vantagem da opção pela resolução convencional reside na 
circunstância de que ninguém melhor do que os próprios contraentes para saber quais 
os inadimplementos que, por sua natureza, são tão importantes de modo a frustrar 
substancialmente a operação econômica havida pelo contrato. Mediante a expressa 
previsão das atitudes ou omissões que podem acarretar desequilíbrio no sinalagma 
funcional, as partes garantem-se contra as incertezas do futuro (sidera litium).11 
 
 
 
 
t
r
r
 
10 In Direito das Obrigações, v.2, p. 281. Partilha MÁRIO JÚLIO DE ALMEIDA COSTA de idêntico 
entendimento: define-se a resolução como o acto de um dos contraentes dirigido à dissolução do 
vínculo contratual, em plena vigência deste, e que tende a colocar as partes na situação que teriam se o
contrato não se houvesse celebrado. É comum aos contratos de prestações instantâneas e aos contratos 
duradouros. (In Direito das Obrigações, p.281). Sobre o alcance da indenização discorremos a seguir. 
Semelhante o alvitre de ARAKEN DE ASSIS: o fato lesivo que desencadeia o mecanismo resolutório
surge no curso da relação contratual e, conquanto superveniente aos trâmites formativos, escapa ao 
plano da validade. Das causas de invalidade as de resolução se assemelham somente porque umas e 
outras ensejam desconstituição. Contudo, o instrumento resolutivo supõe uma declaração de vontade 
para seu atingimento, e não déficit do negócio bilateral, concretamente realizado, em relação ao suporte
abstrato. (Op. cit. 85) 
11 Refere AULETTA que Infatti, nel contratto le parti, collo stabilire che, quando si verificano quei 
determinati inadempimenti, la vittima dell’inadempimento ha il potere di risoluzione, implitamente 
stabiliscono che gli inadempimenti previsti hanno il caratteri di gravità. L ‘accordo su detto carattere 
impedisce che posteriormente una delle parti possa con estare la gravità dell’inadempimento.(...) In tal 
modo il potere di risoluzione viene nel contratto attribuito per inadempimenti specificamente 
determinati da cui le parti possono valutare il g ado di importanza. D’altra parte, se fosse concesso 
contestare l’importanza di un inadimpimento previsto nel contratto e quindi l’esistenza del potere di 
risoluzione in seguito al verificarsi dello stesso, finirebbe il maggio vantaggio della clausola risolutiva 
espressa. (...) Il vero vantaggio, dunque, della risoluzione per clausola espressa, è quello che, verificato si 
l’inadempimentoprevisto nel contratto e notificata la dichiarazione di risoluzione, il dichiarante è sicuro
7 
 
 
Como corolário lógico dessa legítima concretização da autonomia da 
vontade, que é tutelada com especial carinho pelo direito, não há espaço para o 
contratante faltoso argüir em juízo a nulidade ou irrelevância da cláusula que expunha 
a hipótese de inadimplemento. Decorre essa orientação do princípio da boa fé objetiva, 
que aqui assegura ao contraente fiel a higidez das expectativas que formou quando da 
celebração da avença. Ora, se, ao firmarem o pacto, as partes apontam de antemão 
casos nos quais o contrato é resolvido, descabe ao Judiciário outra conduta que não a 
de chancelar suas vontades. Dentro desse contexto, qualquer alteração do conteúdo do 
contrato deve se dar mediante o reconhecimento das figuras que permitem a anulação 
do negócio jurídico e jamais pela mera vontade do julgador e sua idéia particular de 
justiça. Quer isto dizer que, caso o contrato tenha sido celebrado longe de vícios, não 
cabe a terceiros analisar a gravidade ou não da conduta prescrita na cláusula resolutiva, 
pois a mesma fora elaborada pelos próprios interessados. Excetua-se, aqui, por 
evidente, as relações negociais havidas não pelo consenso dos participantes, mas pela 
adesão de uma parte à vontade alheia, pois nestas hipóteses não há espaço para se falar 
em consagração da autonomia da vontade. 
 
Soma-se a essa vantagem, outra de cunho econômico. Com efeito, reza o 
art. 474 que a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de 
interpelação judicial. Quer isto dizer que, tão logo seja verificado o inadimplemento, 
em situação prevista no contrato, a avença é eliminada no momento em que o 
contraente fiel dá ciência de sua intenção ao parceiro faltoso. Independe, portanto, de 
 
t
della risoluzione e può, perciò, disporre con sicureza della prestazione a sua carico, senza temere che 
questa possa in seguito risultare dovuta all’inadempien e per mancanza di risoluzione. Dare all’autorità 
giudiziaria il potere di indagare sull’importanza dell’inadempimento significa distruggere questo 
vantaggio. (Risoluzione e rescissione dei contratti, prima puntata, p. 648-9) 
 
8 
 
qualquer iniciativa judicial, circunstância que proporciona sensível economia de tempo 
e dinheiro. 
 
A resolução legal, como o próprio nome diz, opera-se através do 
reconhecimento judicial. Daí aduzir RUY ROSADO DE AGUIAR JÚNIOR que na 
resolução legal, sendo ela efeito de sentença judicial, é preciso, além da manifestação da 
vontade do interessado no desfazimento da relação descumprida, seja esse direito 
deduzido através de ação ou de reconvenção, a fim de que sobrevenha sentença 
constitutiva negativa, extinguindo a relação obrigacional, isto é, ao exercício do direito 
formativo pelo titular deve juntar-se o ato estatal do juiz e só então se tem por 
resolvida a relação.12 
 
Muito se discutiu na doutrina acerca dos efeitos e da eficácia preponderante 
da sentença que reconhecesse o direito à resolução do contrato. Tal polêmica foi 
fomentada pela peculiaridade dos efeitos que a decisão ensejava, isto é, a ordem para 
que fosse restabelecido o statu quo ante com a reposição patrimonial das partes, tal 
como antes da avença, acrescida da condenação referente ao interesse positivo. 
 
Com efeito, ninguém duvida que a sentença que determina a resolução, no 
que toca à modalidade decorrente do inadimplemento, possui eficácia ex tunc, na 
medida em que busca corrigir, dentro do possível, a situação patrimonial dos 
contratantes frustrados, mediante a restituição patrimonial. Como conseqüência, 
podem os efeitos da sentença retroagir até a data da violação positiva. E essa 
característica, própria de sentenças declaratórias (mas também das constitutivas, 
excepcionalmente), causou grande celeuma. 
 
 
12 In A Extinção do Contrato por Incumprimento do Devedor, p.29. 
9 
 
2. O contrato existe para ser cumprido e alcançar, assim, as finalidades 
almejadas pelos participantes. A relação obrigacional, vista como um processo, é 
polarizada pelo adimplemento. Este é o objetivo traçado pelas partes quando da 
celebração do negócio jurídico e que vai espelhado na prestação que incumbe a outra. 
Considera-se adimplido o contrato, quando ambas as partes satisfazem as causas das 
obrigações. 
 
Dentro da normalidade dos casos, o que ocorre é a satisfação das 
expectativas, isto é, as partes extinguem a relação obrigacional mediante o 
cumprimento recíproco das prestações ajustadas. Paulo dirige-se até um corretor de 
imóveis que lhe apresenta um apartamento. Interessado, adquire-o, mediante 
pagamento de uma entrada e trinta e seis parcelas. Decorridos três anos, saldado todo 
débito, a relação vai extinta. É isso o que sucede na maioria dos casos e, se assim não o 
fosse, a vida em sociedade restaria impossível, pois, dependente que é do intercâmbio 
de bens, o homem necessita de segurança em sua vida negocial. 
 
Mas, em casos extraordinários, sucede que, por uma série de motivos, o 
adimplemento é inviabilizado, surgindo a crise no processo obrigacional. Não sendo 
cumprida a prestação na forma acordada, caracterizado está o não cumprimento, que 
se origina a partir de diversas situações, como se verá.13 
 
Como se viu, a resolução pressupõe: objetivamente, isto é, externamente ao 
sujeito, a existência de um contrato bilateral válido e o incumprimento do devedor; 
subjetivamente, a decisão pessoal de escolha da via resolutiva, e a sua condição de não 
inadimplência. 
 
i
13 Alerta ALMEIDA COSTA sobre o inadimplemento: este conceito representa, todavia, um simples 
ponto de partida, visto que na sua moldura ampla se incluem várias situações com efeitos juridicos 
muito diferentes. (In Direito das Obr gações, p.955) 
10 
 
 
Quanto à causa, o inadimplemento pode decorrer da ação ou omissão 
praticada pelo devedor contrariamente à obrigação assumida (inadimplemento 
imputável ao devedor) ou sem a participação decisiva do devedor, como em virtude de 
caso fortuito, força maior, da lei, fato de terceiro, etc. Quanto à gravidade do 
inadimplemento, este pode dividir-se em grave, quando afeta a economia do contrato 
(inadimplemento definitivo), ou sanável, quando mediante atos ulteriores ainda é 
possível salvar o interesse do credor em receber a prestação (casos do inadimplemento 
defeituoso e do atraso). 
 
O inadimplemento definitivo afeta, de forma insanável, o interesse do 
credor, inviabilizando que o negócio jurídico alcance os fins a que se destinava. O 
credor, em virtude do inadimplemento definitivo, perde o interesse na manutenção do 
negócio jurídico. Imaginemos a contratação de uma banda para animar o baile dos 
formandos de uma turma de Arquitetura. Caso, por qualquer motivo, os integrantes 
do conjunto não consigam estar presentes no local do espetáculo, na data aprazada, um 
concerto posterior em nada agradaria aos já arquitetos, que contavam com a 
pontualidade no cumprimento da obrigação. 
 
Situação diversa ocorreria caso a mesma turma tivesse contratado com uma 
gráfica a confecção de convites para a cerimônia de formatura e essa os entregasse com 
dez dias de atraso, porém a tempo de que os mesmos fossem distribuídos a todos 
convidados. Neste caso, o inadimplemento não teria o condão de afetar a estrutura do 
negócio, pois alguma utilidade restaria para ambas as partes. Haveria, isto sim, mora 
no compromissode prestar assumido pela empresa. Entretanto, é certo que tal situação 
poderia ser regularizada com a entrega tardia da coisa, sem embargo de eventual 
11 
 
indenização. Já no primeiro caso, nunca haveria lugar para o adimplemento atrasado, e 
sim resolução com eventual pleito indenizatório.14 
 
Interessante registrar que, no Direito brasileiro, a mora depende 
fundamentalmente da culpa do devedor, que mediante fato ou omissão antijurídica 
atinge a esfera jurídica do credor. Nessa linha, é sempre possível ao devedor afastar a 
figura da mora, demonstrando que o inadimplemento não lhe pode ser imputável. 
Dessa forma, elide eventual direito de indenização. 15 Todavia, existem tipos de 
obrigações nas quais os riscos pelo inadimplemento são assumidos pelo devedor, 
mesmo que decorrentes de fatos extraordinários. Daí que a mora – e mesmo o direito 
de resolver – possam depender da natureza da obrigação assumida. 
 
A mora encerra caráter transitório, pois, ou é purgada por iniciativa do 
devedor, ou finda por constituir-se em inadimplemento definitivo, quando o interesse 
do credor sucumbe. Comentando o regime da mora no Código de 1916, que vai 
reiterado no de 2002, o Professor ARAKEN DE ASSIS anota que ao credor a 
prestação tardia parece ‘inútil`, segundo os dizeres do art. 956, parágrafo único, do
Código Civil, se o descumprimento momentâneo rompe o ajuste qualitativo da 
reciprocidade obrigacional, porque o bem prestado – ou prometido prestar – teve seu 
valor alterado, fazendo o negócio desvantajoso, ou porque a incerteza quanto ao 
adimplemento retardado quebra o interesse na manutenção do vínculo. Sendo inútil
ou de escassa utilidade o cumprimento serôdio, em vista de tais motivos, admite-se a 
rejeição do credor, e o inadimplemento, de relativo, passa a absoluto. Enquanto mora, 
 
 
 
14 Nessa linha, o parágrafo único do art. 395: se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, 
este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. 
15 Assim o novo Código Civil, em seu art. 396: Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, 
não incorre este em mora. 
12 
 
o descumprimento do obrigado não implica o florescimento do direito à resolução do 
contrato bilateral.16 
 
Neste ponto, o que é importante ressaltar é o fato de que a regra pela qual a 
mora por si só não gera direito à resolução deve ser interpretada com parcimônia, pois 
não é justo ordenar que o credor aguarde indefinidamente por uma prestação 
convencionada com termo preciso. A mora é por natureza transitória. Ou vira 
inadimplemento definitivo ou é purgada com prontidão, de modo que, uma vez 
caracterizada e não enjeitada, permite ao contratante fiel que busque outros meios para 
conseguir os objetivos negociais, resolvendo o inútil contrato celebrado. 
 
Terceira espécie do inadimplemento é o cumprimento imperfeito. Nestes 
casos, ainda que o devedor tenha prestado sua obrigação, ele o faz não de forma 
perfeita, satisfazendo tão-somente em parte o interesse do credor. Novamente, o 
critério norteador para que se oferte ao credor a alternativa da resolução é o interesse 
que restou em receber a prestação corrigida. Analisa-se, assim, a importância da 
violação positiva operada em comparação com a economia global da relação. Caso 
persista o interesse na repetição da prestação, essa pode ser conseguida. Entretanto, se 
o defeito afetar a utilidade do negócio, sua resolução é direito do credor. 
 
Exatamente dentro do adimplemento defeituoso que se insere a doutrina da 
substancial performance, hoje sufragada em todas as cortes, sob a roupagem do 
adimplemento substancial. Esta figura visa justamente salvaguardar relações negociais 
que, se não lograram alcançar êxito pleno, muito próximo disto estiveram. Veja-se o 
exemplo do Recurso Especial nº 272.793, no qual a parte buscava reaver o bem que 
alienara para a outra com o compromisso de pagamento de sessenta parcelas. Tendo 
 
16 Op.cit.p.111. 
13 
 
sido constatado que restava em aberto apenas a última, de nada valeria resolver o 
contrato e ordenar o restabelecimento da situação anterior, posto que o interesse do 
credor não fora substancialmente afetado, mormente porque a derradeira prestação 
fora depositada em juízo.17 
 
Dentro do adimplemento defeituoso, a doutrina alemã elaborou a doutrina 
da violação positiva do contrato (Positivevertragsverle zungen). Haveria, assim, a 
quebra positiva do contrato sempre que o contratante, após executar sua prestação, 
praticasse atos que causassem outros danos a seu par. O exemplo clássico nos é dado 
por LARENZ, quando relata o caso no qual um sujeito, após consertar um telhado 
para o qual havia sido contratado, permite que o mesmo se incinere, ao provocar fogo 
na residência.18 
t
 
 
Questão interessante se põe sobre a possibilidade, ou não, da quebra 
antecipada do contrato. Indaga-se se seria possível, dentro do sistema brasileiro, 
permitir a resolução contratual mesmo antes do termo final previsto para o 
adimplemento da obrigação. Essa discussão ganha atualidade com a promulgação do 
novo código, afinal novos princípios norteadores da relação obrigacional nele vão 
positivados, como a função social dos contratos e o abuso de direito, ambos coloridos 
pela boa fé objetiva. 
 
t
 
 
. 
17 Integra da ementa: ‘Alienação Fiduciária. Busca e apreensão. Falta da última prestação. 
Adimplemento substancial. O cumprimen o do contrato de financiamento, com a falta apenas da última 
prestação, não autoriza o credor a lançar mão da ação de busca e apreensão, em lugar da cobrança da
parcela faltante. O adimplemento substancial do contrato pelo devedor não autoriza ao credor a 
propositura de ação para a extinção do contrato, salvo se demonstrada a perda do interesse na 
continuidade da execução, que não é o caso. Na espécie, ainda houve a consignação judicial do valor da
última parcela Não atende à exigência da boa-fé objetiva a atitude do credor que desconhece esses fatos
e promove a busca e apreensão, com pedido liminar de reintegração de posse. Recurso não conhecido.` 
(Resp. 272.793, STJ, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Fonte: DJ:02/04/2001, p. 
299 e RSTJ v. 150, p. 398) 
18 Derecho de obligaciones, v.1, p.362 e ss. Apud Ruy Rosado de Aguiar Júnior, Extinção dos contratos 
por incumprimento do devedor, p.124-5. 
14 
 
 
Com razão, é de se admitir a quebra antecipada do contrato sempre que, 
em face das circunstâncias adjacentes ao negócio jurídico, reste evidente que o mesmo 
será inadimplido na forma e no tempo combinados. É o caso, por exemplo, da 
manifestação séria do devedor cujo teor vai de encontro aos escopos almejados ou 
mesmo comportamentos dúbios que trazem insegurança à relação. Mormente nos dias 
atuais, nos quais a velocidade das transações comerciais é imperiosa para a segurança 
das relações sociais, de todo conveniente que, uma vez evidenciada a impossibilidade 
da prestação, as partes sejam liberadas do pacto e possam buscar a satisfação perante 
terceiros, em novo negócio. Figuremos o exemplo no qual uma construtora, após 
adquirir um terreno, prometendo em 24 meses erguer um edifício para que seu 
contratante obtenha moradia, ao fim de 20 meses sequer tenha iniciado os trabalhos. 
Pouco adiantaria ao contratante aguardar os meses derradeiros, ciente, de antemão, da 
impossibilidade prática de que o pacto fosse adimplido. 
 
É bem verdade que parcela dos problemas ocasionados pela previsão de 
inadimplemento são solucionados mediante a exceção de inseguridade, que assegura aocontratante fiel o direito de somente adimplir sua parcela quando o outro dê sinais de 
que estará em condições de ofertar a sua. Entretanto, tal previsão em casos não raros 
será insuficiente, afinal para que a mesma tenha lugar há que se demonstrar a 
diminuição de patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela 
qual se obrigou (art. 476). A questão aqui se coloca na necessidade de se proteger a 
parte livrando-a do pesado encargo de aguardar o escoamento do tempo, ciente de que 
o processo obrigacional está fadado ao fracasso. No caso das obrigações simultâneas, a 
figura mostra-se bastante útil. Todavia, nas hipóteses de prestações sucessivas, cuja 
duração é prolongada no tempo, sua valia pode ser contestada. 
 
15 
 
Como regra, apenas o inadimplemento absoluto possibilita ao credor a 
resolução do negócio. O inadimplemento relativo, normalmente, é vício que pode ser 
corrigido pela purga da mora ou pela correção da prestação. Mas essas regras devem 
ser vistas com tempero, afinal, caso o inadimplemento relativo jamais abrisse a porta 
ao remédio resolutório, periclitaria a ordem negocial. Daí que cada país tenha se 
preocupado com o grave problema da satisfação dos interesses do credor e da função 
social do contrato, elaborando meios do contratante frustrado conseguir curar a 
relação afetada pela mora. 
 
Como se vê, em oportunidades não raras será muito difícil de precisar se o 
cumprimento da prestação ainda interessa ao credor, ou se esse teve suas expectativas 
frustradas. Atento a tal situação, o direito comparado buscou regular meios para 
tutelar essa realidade. Analisando os principais ordenamentos europeus, observaremos 
que existe uma linha de raciocínio semelhante, embora as soluções não sejam 
uniformes. Cada país apresenta um quadro peculiar que merece breve menção. 
 
No Código napoleônico, cuja redação original não contemplava 
expressamente o remédio resolutório (que foi incorporada tão-somente após a revisão, 
embora fosse figura amplamente conhecida) o tratamento dispensado revela-se singelo. 
Tal orientação deve-se em parte ao pensamento dominante naquela época, que bem 
retrata a teoria voluntarista, no sentido de que em todo e qualquer contrato bilateral, 
mesmo que não fosse convencionada, sempre existiria uma cláusula dando conta da 
necessidade de manter-se a causa do contrato, seu sinalagma, de modo que, uma vez 
frustrada a expectativa do credor, em virtude da inadimplência do devedor, já não 
haveria razão para o pacto ser mantido.19 Em França, salvo em hipóteses tratadas pelo 
 
t
 
 
19 Salienta, novamente, DELL’AQUILA: In effetti essa si fonda sul dato – considera o certo – che nel 
contratto vi sia una clausola risolutiva. Si ritiene, infatti, che anche se essa non è stata insertia in modo
espresso nel programma contrattuale, la sua esistenza può igualmente esser dedotta per mezzo di una
16 
 
direito comercial, cujos usos e costumes servem de preciosa fonte, a regra no âmbito 
civil vem disciplinada no art. 1.184, que ordena ao interessado demandar a resolução 
mediante processo judicial.20 
 
O Código alemão mostrou-se mais flexível ao tema da resolução. O 
legislador tedesco elaborou dois meios para que o credor resolvesse o contrato: judicial 
e extra. O critério utilizado para que se desse preferência a um, em detrimento do 
outro, era a utilidade da prestação. Assim, caso o inadimplemento fosse de tal 
importância que nenhum interesse restasse ao contraente fiel, este poderia, mediante 
manifestação unilateral de vontade, resolver o vínculo, liberando-se de suas obrigações 
negociais. Entretanto, na hipótese de que o inadimplemento não fosse de tal gravidade, 
consta regra geral, pela qual é necessário que, antes de se considerar resolvido o 
contrato, seja ofertado ao devedor um prazo para que o mesmo satisfaça a obrigação, 
regularizando a relação obrigacional. Na oportunidade em que o credor comunicasse 
ao parceiro do interesse em obter a prestação tardia, podia aquele advertir-lhe que, 
passando o prazo in albis, a avença era desfeita. 
 
O Código das Obrigações da Suiça soube sistematizar o pensamento de seu 
tempo em torno do tema, ordenando que o credor emitisse duas declarações de 
vontade, a fim de extinguir o vínculo (art. 107). A primeira tinha por fito la fixation 
d’un délai. A segunda, em caso de nova mora do devedor, tinha o condão de extinguir 
a relação, com efeitos ex tunc, retroativos a data do inadimplemento original. 
 
 
interpretazione che tenga conto della volontà (ipotetica) dei contraenti, nel caso che questi avessero 
tenuto presente l’eventualità dell’inadempimento. L’esposta teoria, sotto mutate vesti, è nella sostanza 
una nuova formulazione di quell’antica posizione dottrinaria che supponeva l’esistenza nel contratto di 
una clausola (o condizione) tacita o sottintesa, convenuta tra le parti in modo inespresso, la quale 
opererebbe nel senso di far cessare il rapporto contrattuale quando accada che uno dei contraenti diviene 
inadempiente.(Op. cit. p. 850) 
20 Art. 1.184: La résolution doit être demandeé en justice. 
17 
 
Na Itália, vige regramento semelhante, porém ainda mais flexível, 
conhecido na doutrina como a diffida ad adempiere. Por força do Código Civil de 
1942, o credor poderá resolver o contrato tanto pela via judicial como extra. Neste 
último caso, para que ela se perfectibilize, é necessário que o mesmo dê ciência ao 
devedor de seu estado de mora e oferte um prazo, nunca inferior a quinze dias, para 
que a prestação seja satisfeita. Não atendida a solicitação, uma vez ultrapassado o lapso 
temporal, o contrato é resolvido automaticamente, sem necessidade de custoso 
processo judicial. 
 
A Common Law inglesa, de seu turno, não requer a fixação de prazo para 
execução no caso de adimplemento completo. Ciente do inadimplemento absoluto, o 
credor pode, mediante mera manifestação de vontade, acabar com a relação negocial, 
sujeitando o parceiro faltante a indenização pelos prejuízos ocasionados. O critério 
para que seja determinado o grau de inadimplemento não é outro que o valor que este 
tem perante a economia do contrato. Caso se configure relevante (fundamental 
breach), haverá lugar para a repudiation (nome que se dá ao ato informativo do credor 
no sentido do extinção da relação). Na terminologia britânica, são chamadas de 
conditions as cláusulas principais, enquanto de warranties as secundárias que não 
refletem a causa do negócio jurídico. A violação dessas últimas abre ensanchas tão-
somente ao ressarcimento do dano e à execução específica, não à resolução. 
 
Por fim, na Espanha, em que pese a ausência de previsão legislativa, vez que 
omisso o Código Civil sobre o tema, o Tribunal Supremo estatuiu um princípio pelo 
qual é justo que a parte leal possa resolver o contrato, sem necessidade de iniciativa 
judicial, contanto que dê ciência ao alter e que o vício afete o interesse do credor. 
 
No Brasil, nunca existiu semelhante dispositivo que permitisse ao credor 
libertar-se do negócio jurídico, facultando prazo peremptório ao devedor. Seguiu, 
18 
 
nesse aspecto, a orientação francesa. Como assinala ANTUNES VARELA, para 
libertar o credor de tais situações, em que a prestação vai perdendo gradualmente a sua 
utilidade por culpa do devedor, é que algumas legislações, como a portuguesa, lhe 
concedem a faculdade de fixar à outra parte um prazo razoável para a realiza ão da 
prestação, com a cominação de, uma vez findo o prazo sem que a prestação tenhasido 
efetuada, se considerar não cumprida definitivamente a obrigação. O direito brasileiro 
não atribui semelhante faculdade ao credor.21 
 ç
 
 
 O tema não sensibilizou o novo Código Civil. Entretanto, é certo que esse 
permite que a cláusula resolutiva, quando convencionada, opere automaticamente de 
pleno direito, tão logo seja verificado o inadimplemento. Entretanto, no caso da 
resolução tácita, para que esta seja legalmente reconhecida é imprescindível a 
interpelação judicial (art. 474). Como de regra, os casos graves de inadimplemento 
aparecem regrados do contrato, tão-logo haja inadimplemento, que constitui 
instantaneamente em mora o devedor, há a resolução. O problema é quando as partes 
não contam com o inadimplemento e este é desprezado no regramento contratual. 
Nesses casos, em que o tempo do processo é por demais custoso, o parceiro negocial 
que se encontra em melhor posição de direito material tende abusar dessa situação, 
tirando vantagens que o ordenamento não lhe assegura, valendo-se do processo para 
procrastinar a solução do conflito. 
 
3. Com o inadimplemento da obrigação, em vezes não raras, o contratante 
fiel sofrerá danos diretos em razão da expectativa frustrada pelo comportamento 
 
 
r
21 Op.cit, p.59. Mas o professor português a seguir alerta: mas, precisamente por faltar uma disposição 
adequada ao caso, não devem os tribunais aplicar com excessiva rigidez o critério da inutilidade da 
prestação tardia. Deve-se reconhecer ao credor de obrigação sinalagmática a faculdade de recusá-la 
resolvendo o contrato, a partir do momento em que, por culpa do devedor, a prestação perca parte 
substancial da sua utilidade para o credo , tornando objetivamente justificada a decisão do credor de se 
libertar da sua obrigação. Idem, p.60. 
19 
 
antijurídico de seu par. Nesse particular, surge a responsabilidade civil contratual para 
regular as relações jurídicas que, a partir do inadimplemento culposo, podem se dar. Já 
se viu que não é qualquer inadimplemento que pode dar ensejo a indenização do 
credor, mas tão-somente aquele provocado pelo devedor, ou melhor, que a ele seja 
imputável (seja em razão de comportamento ilícito, como em virtude da própria 
natureza da obrigação – v.g. de resultado ou de garantia). Esse tormentoso problema 
de disciplinar o dever de indenizar a partir da ocorrência do inadimplemento foi bem 
resumido por CESARE BIANCA: l‘inadempimento comporta quindi una situazione
antigiuridica che esige la riparazione dell’interesse leso, ma subordinatamente ad una
valutazione di imputabilità dell’inadempimento in cui possono avere rilevanza per 
l’inadempiente determinate cause di esonero dalla responsabilità. La rilevanza di queste 
cause trova il suo fondamento nell’esigenza di fissare dei limiti al sacrificio imposto al 
soggeto nell’altrui interesse.22 Daí mais um fundamento para a orientação 
predominante da doutrina brasileira pela exigência de culpa como condição do dever 
contratual de indenizar. 
 
 
 
 
Uma vez configurado o dever de indenizar, pela soma do inadimplemento 
imputável e do dano que dele decorre, surge o problema de apurar qual será o dano 
que deve ser efetivamente ressarcido. Isto é, como precisar o objetivo da indenização? 
Colocar o credor na mesma situação em que se encontrava antes da obrigação ser 
celebrada ou ofertá-lo desde logo os benefícios que a mesma razoavelmente lhe iria 
proporcionar? A questão é ainda hoje atual. 
 
Com razão, identificar se apenas o dano negativo (que decorre da 
celebração do contrato), ou, além dele, também o positivo (que decorre da não 
 
22 L’Obbligazione, p. 23. 
20 
 
satisfação das prestações) é devido não é questão que possa ser singelamente 
respondida. 
 
MÁRIO JÚLIO DE ALMEIDA COSTA aponta que, em Portugal, a 
solução ofertada pelo legislador e acolhida pela doutrina dominante vai ao encontro do 
acolhimento dos danos negativos, extirpando da pretensão do credor os danos 
positivos. É o que se vê na seguinte passagem: na verdade, optando o lesado pela 
resolução do contrato, seria em substância contraditório que, ao mesmo tempo, 
pedisse a indemnização pelo seu não cumprimento. O que decorre da lógica e 
coerência dessa opção é colocar o prejudicado na situação em que se encontraria se o 
contrato não houvesse sido celebrado. Portanto, não só exonerá-lo da obrigação que
assumiu ou restituir-lhe a prestação por ele já efectuada, mas também indemnizá-lo do 
prejuízo que teve do facto de celeb ar o contrato (dano ‘in contrahendo`). De resto, o 
interesse contratual negativo, do mesmo modo que o interesse contratual positivo, 
abrange, em princípio, tanto os danos emergentes como os lucros cessantes (ar . 564, 
n. 1). Ao p ejudicado cabe assim o direito de exigir o ressarcimento, quer dos danos 
que representam uma desvalorização ou perda patrimonial, quer ainda dos que se 
traduzem numa não valorização ou frustração do ganho. Estes últimos, na esfera do 
interesse contratual negativo, reconduzem-se, ‘maxime`, aos lucros ou vantagens 
proveniente de outros negócios que se realizariam e não tivesse sido celebrado o 
negócio resolvido.23 
 
r
t
r
s
 
r i
 
23 Direito das Obrigações, p.967-8. Na doutrina brasileira, a mesma posição é defendida pelo professor 
ARAKEN DE ASSIS: é por demais evidente a total incompatibilidade lógica entre a primeira teoria e a 
eficácia extintiva do remédio resolutório. Realmente, como situar o credor em posição equivalente à que 
resultaria do cumprimento, se o contrato foi destruído retroativamente? Por isso, embora o tema seja 
marginal à resolução e ao presente trabalho, o art. 1.092, parágrafo único, do Código Civil brasileiro 
contempla o chamado ‘inte esse negativo`; por conseguinte, a inden zação outorgada ao parceiro que 
cumpriu ou se ofereceu a isso recompõe o dano originado de se ter contratado inutilmente. A seguir, 
prossegue com ainda maior clareza: mas, na demanda de resolução, que implica retorno ao estado 
anterior, indenizar o interesse ‘positivo` implica conceder ao compromitente aquela vantagem – preço-
devidamente corrigida, mais o respectivo lucro, ou seja, a valorização do imóvel. Ora, isto não se 
21 
 
 
Opinião diversa é sustentada pelo saudoso PONTES DE MIRANDA, em 
seu Tratado de Direito Privado. Para o professor pernambucano, o interesse negativo é 
o que vem em primeira plano. Pre ensão pelo interesse negativo é a pretensão a que se 
preste ao figurante do negócio jurídico aquilo que pode dar ao titular do negócio 
jurídico o que há de repor na situação em que estaria se não houvesse contado com a 
eficácia do negócio jurídico. (...) No direito brasileiro, não se indeniza só o que 
concerne ao interesse negativo, como em direito suíço. O que o contraente ou pré-
contraente deixou de ganhar também é indenizado. Toma-se por base, por exemplo, o 
que valeria no momento da prestação da indenização o bem a ser prestado. O que se 
indeniza é o dano que resultou de se ter tornado sem efeito o que se cria que teria 
efeito.24 
t
 
 
A divergência que se observa na doutrina, mormente quando analisada a 
partir de modelos diversos do direito comparado, aponta para a não uniformidade do 
tema, que ganha novo fôlego com o novo Código. Com efeito, dentro do direito 
brasileiro, o art. 475 dispõe que a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a 
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo,em qualquer 
dos casos, indenização por perdas e danos, os quais abrangem, além do que foi 
efetivamente perdido, também o que razoavelmente deixou-se de lucrar.25 Agora 
 
 
 
justifica, consoante o programa contratual: ao compromitente, que reterá o objeto da promessa no seu 
patrimônio, não se afigura razoável incorporar, ainda, a valorização da coisa, já integrada naquele, 
descontado o preço. (In Resolução do Contrato por Inadimplemento, p. 133-4). ANTUNES VARELA 
é bastante claro ao externar sua posição: se optar pela rescisão do contrato, o credor não pode, 
evidentemente, vir a reclamar da outra parte o lucro que ele teria alcançado, se o contrato tivesse sido
cumprido e a prestação realizada na altura própria. O benefício que ele fundadamente pode reclamar,
optando pela rescisão, é o lucro que teria obtido, se o contrato não tivesse sido realizado. É o chamado 
interesse contratual negativo ou o interesse da confiança (Direito das Obrigações, v.2, p.135). 
24 In Tratado de Direito Privado, t. 38, p. 340. 
25 Lapidar a lição de CAIO MÁRIO: na sua apuração, há de levar-se em conta que o fato culposo privou 
o credor de uma vantagem, deixando de lhe proporcionar um certo valor econômico, e também o 
privou de haver um certo benefício que a entrega oportuna da res debita lhe poderia granjear, e que 
22 
 
indaga-se: as perdas e danos se referem tão-somente ao interesse negativo ou, além 
dele, ao positivo? Sistematicamente, e de acordo com a cultura brasileira, tanto os 
interesses negativos são contemplados com perdas e danos, assim como os positivos, 
senão vejamos. 
 
Em que pese a orientação predominante dos sistemas europeus pela 
exclusão dos interesses positivos do âmbito indenizatório da resolução culposa, aqui no 
Brasil a solução deve ser diferente. Isto porque a razão do instituto da resolução é a 
eqüidade, de modo que essa não seria respeitada caso, na presença de culpa, a parte 
lesada somente pudesse contar com a reposição patrimonial tal como se achava antes 
da negociação, sendo privada dos benefícios que a mesma lhe traria, por ato culposo 
imputável a seu parceiro.26 
 
Figuremos o seguinte exemplo: uma empresa produtora de eventos 
contrata uma prestigiada cantora para que no dia 13 de maio se apresente em 
 
,
,
i
s
 
também se inscreve na linha do dano. Como sua finalidade é restaurar o equilíbrio rompido seria 
insuficiente que o credor recebesse apenas a prestação em espécie, ou o seu equivalente pecuniário 
porque assim estaria reintegrado no seu patrimônio tão-somente o que lhe faltou, em razão do dano 
sofrido, mas continuaria com o desfalque correspondente ao benefício que a prestação completa e 
oportuna lhe poderia proporcionar. Não haveria, conseguintemente, restabelecimento patrimonial no 
estado em que ficaria, se o devedor tivesse cumprido a obrigação, e, ipso fato, não seria inden zado. As 
perdas e danos compreendem, em con eqüência, a recomposição do prejuízo correspondente ao que o 
credor efetivamente perdeu, e que as fontes denominam damnun emergens. Mas para serem completas
deverão abranger também o que ele tinha fundadas esperanças de auferir, e que razoavelmente deixou de 
lucrar, parcela designada como lucrum cessans, e que nós chamamos lucro cessante. In Instituições, v.II, 
p. 214. 
26 Nesse sentido, a seguinte ementa: “Promessa de compra e venda. Resolução. Mora configurada do 
promitente - comprador. Retenção por benfeitorias. Requisitos de admissibilidade. Art-744, parágrafo 
primeiro, incisos III e IV, CPC. Não merece amparo a pretendida indenização por benfeitorias, vez que 
esta não dispensa a prova de sua existência, conforme reza o artigo 744, parágrafo 1 e incisos, CPC, e 
deste ônus não se desimcumbiram os autores, vez que não comprovaram qualquer desembolso a titulo 
de benfeitorias no imóvel. Indenização. Perda do sinal de pagamento a titulo de indenização dos 
prejuízos oriundos da desistência do promitente - comprador. Manifesta a violação do interesse positivo 
da promitente vendedora no interesse do cumprimento do contrato implica em perda do sinal pago 
pelos promitentes compradores e indenização pelo uso do imóvel. Apelação parcialmente provida. (AC 
nº 598167831, 18ª C.C, TJRS, Rel. Des. Jorge Luís Dall’agnol, julgado em 17/12/98). 
23 
 
determinada Cidade. O contrato é celebrado, com o pagamento de substanciosa 
remuneração. Uma semana antes do evento, todos os ingressos já estão vendidos e 
diversos contratos de patrocínio são firmados, de modo que não há dúvidas de que o 
negócio seria altamente lucrativo para a produtora. Sucede que, um dia antes do 
evento, a música decide tirar férias pelo período de 10 dias, restando impossibilitada de 
cumprir o compromisso. Dentro dessa conjetura, certo que a produtora poderia, além 
de buscar o valor pago pela apresentação frustrada (interesse negativo), também aquilo 
que, caso o contrato fosse cumprido pontualmente, iria alcançar (interesse positivo, 
materializado na venda do televiosamento, nos bilhetes vendidos, nos patrocínios 
conseguidos). 
 
O cálculo da indenização deve levar em conta tanto o prejuízo suportado, 
como o grau de culpa do contraente agressor. Aqui, novamente o Código traz 
importante inovação, ao atenuar a aplicação do princípio da reparabilidade integral dos 
danos. O temperamento vem com a recepção da culpa como critério norteador para 
aferição da soma indenizatória.27 Aqui, dentro da responsabilidade contratual, a norma 
mostra-se preciosa, funcionando como meio de evitar o depauperamento injusto da 
parte que mediante culpa levíssima causa grandes danos à outra. O grande problema é 
definir quais os limites dessa proporcionalidade. A norma parece ter sido elaborada 
para coibir as situações extremas, de modo que sua utilização também deve limitar-se a 
tais hipóteses. Possui uma função secundária no sistema da responsabilidade civil, que 
é a de atenuar os efeitos que a aplicação cega do princípio da reparação integral dos 
prejuízos poderia importar. 
 
 
27 Assim reza o art. 944: a indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver 
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
24 
 
De toda sorte, enquanto não pacificado o tema pelas cortes, contam as 
partes com uma importante figura para disciplinar o tratamento da responsabilidade 
civil no que toca à avaliação da extensão do dano indenizável. Trata-se da cláusula 
penal, cuja função precípua, ao lado de quantificar atempadamente o dano sofrido, é 
limitar a responsabilidade decorrente do negócio jurídico, ofertando segurança aos 
contratantes à medida que obtêm ciência, de antemão, dos riscos a que se expõem. 
 
4. Uma vez resolvido o contrato, por força da eficácia ex tunc da sentença 
desconstitutiva, é ordenado o restabelecimento do patrimônio jurídico das partes, tal 
como se encontrava antes da relação negocial. Em outras palavras, o estado anterior à 
celebração do contrato merece ser reposto, transferindo-se tudo aquilo que fora 
prestado. O raciocínio parece lógico, afinal se o contrato é anulado nada mais natural 
que seus efeitos também o sejam. 
 
Como não poderia deixar de ser, tal regra serve a contento para aquelas 
relações negociais de rápida duração, cujas prestações não são prolongadas no tempo e 
se podem individualizar facilmente. Se Viviane transfere sua biblioteca a Handel, sob o 
compromisso deste em oferecer o preço em três parcelas, uma vez restando 
inadimplente o varão, poderá a donzela resolver o contrato, hipótese naqual será 
obrigada a devolver aquilo que nosso personagem houvesse prestado. A restituição é 
realizada in integrum, salvo de ser constatada alguma avaria indenizável nos livros. 
 
Todavia, muitas vezes sucede que a relação negocial se prolonga no tempo, 
e por um período considerável oferta satisfação aos participantes. Figuremos a hipótese 
na qual uma empresa durante anos fornece café a outra firma, que o embala e coloca 
no mercado. Caso a segunda, abusando de seu direito e resvalando no princípio da boa 
fé objetiva, alienasse o produto fabricado para outra empresa concorrente da primeira, 
por seguro aquela poderia resolver o contrato, inclusive ressarcindo-se dos danos. 
25 
 
Entretanto, de pouca ou nenhuma valia seria para os litigantes uma decisão que 
ordenasse a devolução do dinheiro recebido por uma e do café pela outra durante o 
período que antecedeu a falta – mesmo porque tal seria impossível. Daí a conveniência 
do provimento jurisdicional ajustar-se às particularidades do direito material posto em 
causa e reconhecido.28 Nesse sentido, resta evidente que, ao menos nos contratos de 
trato sucessivo, a restituição é, além de difícil execução, indesejada.29 A restituição, 
assim, deve preservar a comutatividade existente na relação, sendo inútil sua aplicação 
nos casos em que as partes obtiveram parcial satisfação com o negócio jurídico, ao 
menos antes do mesmo ruir pela conduta imputável ao devedor. 
 
Dessa circunstância, apercebeu-se ENRICO DELL’AQUILA concluindo 
que se l’evitare un depauperamento del patrimonio del contraente non inadempiente è 
stata la ragione che ha spinto il legislatore ad introdur e nell’ordinamento l’istituto 
della risoluzione per inadempimento, ci sembra che una interpretazione dell’art. 1.458 
c.c., che tenga conto dello scopo della norma, debba far propendere nem senso che sia 
disposta la restituzione parziale – e non totale – della somma che l’associante ha 
ricevuto, p oporzionandosi l’entità della res ituzione alla misura in cui egli abbia 
eseguito le proprie prestazione e, quindi, in rapporto all’utilità conseguita 
dall`associato.30 
r
r t
 
 
 
f 
r
28 Nesse sentido, o próprio Código Português de 1966, ao dispor sobre os casos em que a resolução é 
admitida, traça, em seu art. 432, um anteparo ao remédio resolutivo, proibindo a parte que, por 
circunstâncias não imputáveis ao outro contraente, não estiver em condições de restituir o que houver 
recebido de resolver o contrato. 
29 No mesmo sentido, ORLANDO GOMES: extinto o contrato pela resolução, apaga-se o que se 
executou, devendo-se proceder a restituições recíprocas, se couberem. Contudo, só é possível remontar à 
situação anterior à celebração do contrato se este não for de trato sucessivo, pois, do contrário, a 
resolução não tem efeito em relação ao passado; as prestações cumpridas não se restituem. O e eito da
resolução entre as partes varia, pois, confo me o conteúdo. In Contratos, p.175. 
30 In La Ratio della Risoluzione del contratto per inadempimento, p. 863-4 
26 
 
Uma situação bastante corrente em nossas Cortes diz respeito à resolução 
de promessa de compra e venda de bens imóveis. Em muitos casos, o promitente-
comprador utiliza-se do imóvel enquanto mensalmente vai saldando as parcelas, até 
compor o preço total, dia no qual a propriedade do bem lhe é transferida. Entretanto, 
por circunstâncias diversas, pode ocorrer que algum dia o comprador não tenha mais 
condições de honrar as mensalidades, abrindo ao promitente-vendedor a via da 
resolução contratual. A conseqüência natural dessa iniciativa é a restituição patrimonial 
das partes, tal como se encontravam antes da avença. Entretanto, pode ter passado 
muito tempo desde a formação do vínculo até sua eliminação. Isso sem contar com o 
benefício havido pelo promitente comprador com a utilização do imóvel, com a qual 
livrou-se do pagamento de alugueres durante o período. A seu benefício, podem ser 
incluídas as benfeitorias que tenha realizado, as quais, juntas com o bem, retornarão ao 
patrimônio alheio. Enfim, todas essas peculiaridades devem ser levadas em conta, de 
modo que já na restituição ao statu quo ante tais valores sejam analisados e 
eventualmente compensados, com o fito de se evitar o enriquecimento ilícito.31 
 
31 Nessa linha, inúmeras as manifestações do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: “ Promessa de 
compra e venda. Resolução. Restituição. Seja no sistema do Código Civil, seja no do Código de Defesa 
do Consumidor, a resolução do negócio leva a restituição das partes à situação anterior, nela incluída a 
devolução das parcelas recebidas pela vendedora, a quem se reconhece o direito de reter parte das 
prestações para indenizar-se das despesas com o negócio e do eventual benefício auferido pelo 
comprador quando desfrutou da posse do imóvel. - A perda do sinal em favor da promitente vendedora, 
- parcela de valor significativo, que a sentença não deferiu por excluída do pedido de restituição, - já é 
suficiente para satisfazer o direito de retenção, descabendo impor à promitente compradora, no caso, 
mais a perda de um percentual calculado sobre a "poupança". - Divergência não configurada. Recurso 
não conhecido.” STJ, Recurso Especial 171.951/DF, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 
DJ:13/10/1998, p.129, RT, v.762, p.205. Em semelhante sentido: “ Promessa de compra e venda. 
Anulação do negócio. Restituição. Anulado o negócio e restituídas as partes à situação anterior, entre as 
parcelas a considerar está o valor correspondente à ocupação do imóvel pelos promissários compradores. 
Recurso conhecido em parte e parcialmente provido.” STJ, Recurso Especial 236.281/SP, 4ª Turma, 
Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ: 28/02/2000, p.89. Ainda: “ Promessa de compra e venda. 
Resolução do contrato. Restituição das parcelas pagas. Benfeitorias voluptuárias. A restituição das 
parcelas pagas pela promissária compradora pode Ser compensada com a indenização devida a 
promitente vendedora pelo uso do imóvel durante mais de 4 anos. Acertamento que deve ser feito pela 
sentença que desfaz o negócio. As benfeitorias voluptuárias, se o proprietário não optar por indenizá-las, 
podem ser levantadas pelo possuidor, quando não ocasionar o detrimento da coisa. Recurso não 
27 
 
 
Como se vê, merece temperamento a aplicação da restituição integral das 
prestações, pois alguns efeitos, a despeito da extinção do contrato, merecem ser 
mantidos como forma de estabilizar as relações jurídicas havidas. 
 
5. A doutrina da resolução pela onerosidade excessiva encontrou na Itália 
seu berço legislativo. Dispunha o art. 1467, do Código Civil, que nei contratti a 
esecuzione continuata o periodica ovvero a esecuzione differita, se la prestazione di una 
delle parti è divenuta eccessivamente onerosa per il verificarsi di avvenimenti 
straordinari e imprevedibili, la parte che deve tale prestazione può domanda e la 
risoluzione del contratto, con gli effetti stabiliti dall`art. 1458. A seguir, vinham 
estabelecidas limitações: La risoluzione non può essere domandata se la sopravvenuta 
onerosità rientra nell`alea normale del contra o. La parte contro la quale è domandata 
la risoluzione può evitarla offrendo di modificare equamente le condizioni del 
contratto.32 
r
tt
 
 
A preocupação do legislador peninsular era a de proteger os contraentes 
contra eventuais desproporções das prestações assumidas em razão do largo tempo 
decorrido entre a estipulação do contrato e sua execução. É certo que tanto mais 
próximoseja o adimplemento, quanto menor será o risco de que, em virtude de 
eventos extraordinários, sua prestação torne-se subitamente demasiado onerosa para 
 
conhecido.’ STJ, Recurso Especial 64.147/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 
DJ:18/12/1995, p. 44.580. 
32 Seguiam outros dois artigos para disciplinar o instituto: art. 1468 (Contratto con obbligazioni di una 
sola parte). Nell`ipotesi prevista dall`articolo precedente, se si tratta di un contratto nel quale una sola 
delle parti ha assunto obbligazioni, questa può chiedere una riduzione della sua prestazione ovvero una 
modificazione nelle modalità di esecuzione, sufficienti per ricondurla ad equità. E art. 1469 (Contratto 
aleatorio). Le norme degli articoli precedenti non si applicano ai contratti aleatori per loro natura 
(1879) o per volontà delle parti (1448, 1472). 
 
28 
 
uma das partes. Daí a razão da figura da onerosidade excessiva, a qual visa tutelar 
primordialmente a vida dos contratos de execução diferida no tempo. 
 
A doutrina foi assimilada pelo Código Português de 1966, o qual, em seu 
artigo 437, disciplinando a figura da resolução por onerosidade excessiva, dispôs: 1.Se 
as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem sofrido uma 
alteração anormal, tem a parte lesada direito à resolução do contrato, ou à modificação 
dele segundo juízos de equidade, desde que a exigência das obrigações por ela 
assumidas afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos
próprios do contrato. 2. Requerida a resolução, a par e contrária pode opor-se ao 
pedido, declarando aceitar a modificação do contrato nos termos do número anterior. 
 
t
t
 
Sem dúvida, o Código lusitano melhorou a redação do artigo, substituindo 
a expressão ‘imprevisível` pela dicção ‘anormal`. Tal mudança em parte supera o grave 
problema suscitado na Itália em razão do vocábulo ‘prevedibile`. Lá, os magistrados 
enfrentaram grandes dificuldades para precisar quais eventos que poderiam ser tidos 
como imprevisíveis. Primeiro, recorreu-se a fórmula do uomo diligente, assentando-se 
a regra de que imprevisíveis seriam os fatos que o bom pai de família não pudesse 
imaginar ao tempo da contratação. Entretanto, logo se viu que a fórmula era por 
demais imprecisa, afinal a mente humana é capaz de imaginar os mais extraordinários 
eventos. Eventos estes graves e que podem afetar a reciprocidade da relação contratual, 
como a guerra e as epidemias. 
 
Buscando superar o desconforto apontado, GIUSEPPE AULETTA propôs 
interessante exegese, na linha do próprio ordenamento português. Assevera o professor 
que a mio parere, sia il concet o di straordinarietà che quello di prevedibilità possono, 
con risultati di chiarezza, essere ricondotti al concetto di probabilità: se un evento non 
29 
 
è probabile, non è da ritenersi prevedibile.33 Com razão, se o escopo das normas 
relativas à onerosidade excessiva não é outro que o de re-equilibrar uma relação 
obrigacional que, em decorrência de eventos anormais, oferta enriquecimento a uma 
parte e, ao mesmo tempo, sensível empobrecimento a outra, o critério norteador para 
avaliar a ‘previsibilidade` do evento não pode ser outro que a sua probabilidade ou 
normalidade. 
 
A onerosidade excessiva também vem contemplada no novo Código Civil 
brasileiro. Neste, dispõe o art. 478 que: se nos contratos de execução continuada ou 
diferida, se a prestação de uma das partes se torna excessivamente onerosa, com 
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação. A complementação necessária se dá através 
do art. 479, quando afirma que a resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a 
modificar eqüitativamente as condições do contrato.34 Embora encontre-se inserida no 
capítulo que trata da resolução do contrato, a onerosidade excessiva bem poderia ter 
sido posta em local destinado a disciplina da revisão do contrato, pois existe a 
possibilidade da resolução ser evitada mediante a modificação eqüitativa das condições 
do contrato. 
r
 
 
 
Como se vê do texto legal, em que pesem as boas intenções do legislador 
nacional, no sentido de ofertar segurança aos contratos de execução diferida, acabou 
por cair na mesma armadilha do direito italiano (que, não à toa, lhe serviu aqui de 
modelo). Isto porque o texto deixa margem a interpretação no sentido de que, uma 
 
33 In Risoluzione e rescissione dei contratti, seconda puntata, p.175. 
34 A complementação se dá através do art. 480: se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das 
partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de 
evitar a onerosidade excessiva. 
30 
 
vez abstratamente previsível o evento, não há lugar para a figura da onerosidade 
excessiva. Essa interpretação, por evidente, não pode prosperar, pois, do contrário, a 
norma ali insculpida restará carente da mais mínima concretização, afinal o homem 
diligente é justamente aquele que mais imagina hipóteses abstratas (como a disparada 
do dólar ou da inflação), mas, no jogo das probabilidades, as têm por remotas. 
Portanto, o critério norteador é a normalidade dos eventos e não a previsibilidade 
abstrata de ocorrência (afinal nenhum fenômeno sob o céu é inédito, sendo sempre 
possível imaginar sua repetição). 
 
Outro requisito bastante criticável eleito pelo legislador brasileiro diz 
respeito a existência de extrema vantagem para a parte. Essa condição, com a máxima 
vênia de entendimento diverso, não se justifica, pois ainda que o credor tenha restado 
na mesma situação em que se encontrava – de modo que a onerosidade do par não lhe 
oferte extrema vantagem – a revisão ou resolução do contrato é possível. Justifica-se tal 
medida pela própria natureza da onerosidade excessiva, que é restabelecer o sinalagma 
funcional do negócio jurídico, livrando a parte ingênua de atingir seu patrimônio em 
virtude de circunstâncias alheias a que não deu causa. A medida é o dano do 
contratante afetado, e não o proveito do parceiro. 
 
Seja como for, valendo-se da redação italiana, portuguesa ou brasileira, é 
certo que a inspiração de todos os diplomas é similar, e isso se vê da própria 
semelhança dos textos, que retratam a preocupação com a higidez dos objetivos 
traçados quando da avença, mediante a precaução contra incertezas do destino. 
 
5.1 Uma vez assentado o critério pelo qual se deva admitir ou não a 
resolução, qual seja a probabilidade do evento desestabilizador e não sua mera 
 
 
31 
 
previsibilidade, resta ainda considerar algumas questões relativas a onerosidade 
excessiva. 
 
De plano, convém seja esclarecida até que ponto estaria vedada a aplicação 
da resolução por onerosidade excessiva em contratos aleatórios. Estes, é sabido, 
caracterizam-se justamente pelo risco que os contratantes conscientemente assumem. 
Nessa medida, uma análise apressada poderia sugerir que a onerosidade excessiva 
jamais pudesse ser reconhecida em contratos desse jaez. Tal não é a melhor exegese, 
como se verá. 
 
Com razão, para que se bem precise o quão aleatório o contrato é, urge que 
apontemos quais os riscos que foram assumidos pelas partes e quais hipóteses, dada 
sua remota probabilidade, deixaram se ser ventiladas, afinal raros são os contratos em 
que os parceiros aceitam uma álea total. Nesse ponto,GIUSEPPE AULETTA traz 
interessante julgado da Corte de Florença, na qual uma pessoa comprometera-se com 
uma empresa a abster-se de trabalhar para outra concorrente. Como contraprestação, 
receberia um valor mensal até o final de sua vida. Como se vê, estava-se diante de um 
contrato aleatório, afinal ninguém saberia ao certo por quantos anos viveria o 
contraente. Entretanto, sobrevém um grave surto inflacionário na Itália que corrói a 
soma mensal ajustada. Esta situação, portanto, afetou substancialmente a economia e a 
reciprocidade do contrato. Insatisfeito, o florentino ingressa com ação de resolução, a 
qual é rejeitada pela Corte em razão de a onerosidade excessiva não poder ser aplicada 
em contratos aleatórios. A decisão não parece ter sido a melhor, afinal, pois mais 
aleatório que fosse o contrato, não havia dúvidas de que, ao menos esse evento, não 
estava coberto pelos riscos normais da contratação (a troca de prestação mensal para 
digna subsistência por auxílio no mercado concorrencial).35 
 
35 In Risoluzione e rescissione dei contratti. Seconda puntata. 
32 
 
 
Como se vê, de todo conveniente que, antes de aplicarmos uma fórmula 
abstrata, no sentido de que em contratos aleatórios não há espaço para resolução por 
onerosidade excessiva, apontemos o raio da álea contratual, pois somente dentro dessa 
circunferência é que estará afastada a resolução. Quanto aos demais eventos, que 
afetem aspectos externos ao círculo, não há óbice para o reconhecimento da resolução. 
 
Outra questão interessante que se impõe registrar é a possibilidade do 
contratante inadimplente lançar mão da resolução por onerosidade excessiva, quando o 
evento atormentador tenha ocorrido após sua mora. No Direito italiano, não há 
dúvidas de que tal medida não é cabível. Entretanto, há que se estar ciente de que essa 
orientação pode acarretar de vez a extinção do vínculo e, em vezes não raras, importar 
em enriquecimento injustificado de um parceiro em detrimento do outro. Daí a 
conveniência de se vedar ao credor a opção da execução específica do pactuado quando 
essa prestação tenha se tornado manifestamente desproporcional e a mora de mínima 
duração. Resolve-se, por exceção, tudo por perdas e danos. 
 
Por fim, justifica-se a idéia de que a resolução por onerosidade excessiva 
não dá ensejo à responsabilização patrimonial pelo fato de que ela se assemelha ao 
inadimplemento inimputável. Ou seja, na excessiva onerosidade, não há como censurar 
o comportamento do devedor, que restou a mercê de acontecimentos improváveis e 
sofreu significativo ataque a seu patrimônio. Daí descaber indenização nesta hipótese 
de resolução. 
 
II. Já se vê que o novo Código alterou significativamente a disciplina da 
resolução contratual. Todavia, para que essas alterações específicas sejam entendidas, 
deve-se atentar para os novos paradigmas do direito contratual, também traçados pelo 
33 
 
diploma, através da incorporação de novos princípios, como a função social dos 
contratos e a boa fé objetiva. 
 
Não está a ruir o princípio da estabilidade do pacto, pois todos sabemos 
que o homem moderno, cada vez mais dependente dos pares, entabula vínculos 
negociais com notável freqüência, e sem o cumprimento sente-se inseguro. Entretanto, 
o contrato deve ser visto dentro do papel que lhe confia a sociedade, isto é, como 
elemento propulsor de trocas econômicas. Essas devem ser asseguradas e, somente por 
justificada exceção, inibidas. 
 
No que toca à resolução, observa-se a preocupação com a manutenção do 
contrato sempre que a troca abstratamente prevista quando de sua celebração tenha 
sido substancialmente alcançada. Quer isto dizer que não é todo e qualquer 
inadimplemento que gera a resolução, mas aqueles que, por sua gravidade, tornem sem 
valia o relacionamento havido. 
 
 
III. 
 
AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Extinção dos Cont atos por Incumprimento do 
Devedor. Rio de Janeiro: Aide, 1991. 
r
___ O poder judiciário e a concretização das cláusulas gerais: limites e 
responsabilidade. In Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, v. 18/221. 
___ A Convenção de Viena e a resolução do contrato por incumprimento. In Revista 
de Informação Legislativa, v. 31, n. 121, p. 211-225, jan-mar, 1994. 
ALMEIDA COSTA, Mário Júlio de. Direito das Obrigações. 8. ed. Coimbra: 
Almedina, 2000. 
34 
 
ANTUNES VARELA, João de Matos. Das Obrigações em Geral, v. 1. 10.ed. 
Coimbra: Almedina, 2000. 
___ Direito das Obrigações, v.2. Rio de Janeiro:Forense, 1978. 
ASSIS. Araken de. Resolução do Contrato por Inadimplemento. 3.ed. São Paulo: RT, 
1999. 
___ Dano positivo e dano negativo na dissolução do contrato. In Revista da Ajuri , 60. s
AULETTA, Giuseppe. Importanza dell´inadempimento e diffida ad adempiere. In 
Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile. Milano: Giuffrè, 1955. 
___ Inadempimento imputabile e non imputabile. Rivista Trimestrale di Diritto e 
Procedura Civile, anno 1959, v.3-4, p. 1.050-1.067. 
___ Risoluzione e rescissione dei contratti. Prima puntata. Rivista Trimestrale di 
Diritto e Procedura Civile, 1948, p.641-653. 
___ Risoluzione e rescissione dei contratti. Seconda puntata. Rivista Trimestrale di 
Diritto e Procedura Civile, 1949, 170-181. 
 BIANCA, Massimo Cesare. Diritto Civile. 3. Il Contratto. 2. ed. Ristampa. Milano: 
Giuffrè, 2000. 
CERVELLI, Francesco Maria. Profili della risoluzione del contratto per 
inadempimento. Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile, 1969, n.3, p. 1.801-
1.820. 
COUTO E SILVA, Clóvis Veríssimo do. A Obrigação como Processo. São Paulo: 
José Bushatski, 1976. 
DELL’AQUILA, Enrico. La ratio della risoluzione del contratto per inadempimento. 
Rivista di Diritto Civile, nov/dic. 1983, p. 836-864. 
FRADERA, Vera Maria Jacob de. A quebra positiva do contrato. In Revista da Ajuris, 
44/145. 
GOMES, Orlando. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Lesão nos contratos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
1999. 
35 
 
36 
t
r 
 
___ Instituições de Direito Civil, v. II. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. 
___ Ins ituições de Direito Civil, v. III. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992. 
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado, tomo 
35. São Paulo: RT. 
ROPPO, Enzo. O Contrato. Trad. Ana Coimbra e M. Januário C. Gomes. Coimbra: 
Almedina, 1988. 
___ La risoluzione per eccessiva onerosità soppravenuta. In Casi e Questioni di Diritto 
Privato, v.5 – obbligazioni e contratti. A cura di A. di Majo, B. Inzitari, V. Mariconda 
e E. Roppo. 8.ed. Milano: Giuffre, 1999. 
SALVESTRONI, Alberto. Sulla mancata´cooperazione` all´adempimento nel 
rapporto tra debitore e creditore divenuto incapace. In Rivista di Diritto e P ocedura
Civile, giugno 2001. 
SILVA. Luís Renato Ferreira da. A lesão enorme e o direito brasileiro. In Faculdade
de Direito: O Ensino Jurídico no Limiar do Novo Século. Org: Antonio Paulo 
Cachapuz Medeiros. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997. 
___ A teoria da causa sinalagmática como fonte de obrigações. Tese de doutoramento 
apresentada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Continue navegando