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REVISÃO G1 - CIVIL III

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REVISÃO G1 – DIREITO CIVIL III
1. Disposições Gerais
Conceito: o inadimplemento das obrigações consiste na falta da prestação devida ou no descumprimento, voluntário ou involuntário, do dever jurídico por parte do devedor.
A Obrigatoriedade nos Contratos
De acordo com o secular princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), estes devem ser cumprido, sendo que o não-cumprimento acarreta a responsabilidade por perdas e danos – CC, 389
A responsabilidade civil é patrimonial, pois todos os bens do devedor respondem pelo seu inadimplemento – CC, 391
Inexecução voluntária ocorre quando o devedor deixa de cumprir, dolosa ou culposamente, a prestação devida, exceto se por caso fortuito ou força maior, devendo responder por perdas e danos, além dos juros, correção monetária e honorários advocatícios. 
A redação do art. 389, pressupõe o não-cumprimento voluntário da obrigação, ou seja, culpa.
Em princípio, todo inadimplemento presume-se culposo.
Incumbe ao inadimplente elidir tal presunção de culpa, demonstrando a ocorrência do caso fortuito ou da força maior – CC, 393.
Modos de inadimplemento voluntário: 
Absoluto, quando a obrigação não foi cumprida total ou parcialmente; 
Relativo, se a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma devidos, mas podendo ser com proveito para o credor ( mora.
Obrigação de não fazer: o devedor será inadimplente a partir da data em que veio a executar, culposamente, o ato de não pagar (privar-se) – CC, 390
Contratos benéficos e onerosos (ex: comodato, transporte público, etc)
Conceito: são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere beneficio ou vantagem; nesses contratos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele que não favoreça – CC, 392
Como a culpa grave ao dolo se equipara, pode-se afirmar que responde apenas por dolo ou culpa grave aquele a quem o contrato não favorece.
Assim, só o dolo, relativamente àquele que não tira nenhum proveito (comodante) poderá dar fundamento à responsabilidade por perdas e danos; já o favorecido (comodatário) responderá pelo ressarcimento dos danos que culposamente causar.
Nos contratos onerosos, respondem os contratantes tanto por dolo como por culpa, em igualdade de condições, salvo exceções previstas em lei (caso fortuito, força maior, e a hipótese do parágrafo único do art. 927).
Caso fortuito e força maior
Caso fortuito e força maior constituem excludentes da responsabilidade civil, pois rompem o nexo de causalidade - cf. art. 393, CC
A lei não faz distinção. Em geral, porém, a expressão caso fortuito é empregada para designar fato ou ato alheio à vontade das partes, como greve, motim, guerra, etc., e força maior para fenômenos naturais, como raio, tempestade, etc.
O traço característico das referidas excludentes é a inevitabilidade, ou seja, é estar o fato acima das forças humanas.
Requisitos para a sua configuração: 
O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor;
O fato deve ser superveniente e inevitável;
O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
Inexecução da obrigação por fato inimputável ao devedor: a obrigação resolve-se e o credor não terá direito a qualquer indenização pelos prejuízos decorrentes do caso fortuito ou força maior
Exceções:
se as partes, expressamente, convencionaram a responsabilidade do devedor pelo cumprimento da obrigação, mesmo ocorrendo caso fortuito ou força maior;
se o devedor estiver em mora, devendo pagar os juros moratórios e os prejuízos decorrentes do caso fortuito ou da força maior ocorridos durante o atraso, salvo se provar que o dano ocorreria mesmo que a obrigação tivesse sido desempenhada oportunamente, ou demonstrar a insencao de culpa – art. 399
2. Da mora
2.1. Conceito: é o retardamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação; configura-se não só quando há atraso no cumprimento da obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada, mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada – CC, 394.
2.2. Mora e inadimplemento absoluto
Há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor (p.e. atraso no pagamento de parcelas); ainda interessa a este receber a prestação com os acréscimos legais – CC, 395
A hipótese será de inadimplemento absoluto se a prestação, por causa do retardamento ou do imperfeito cumprimento, tornar-se inútil para o credor (p.e. entrega de salgados para uma festa), que poderá não aceitar e exigir perdas e danos. 
Em ambos os casos, a conseqüência será a mesma: o devedor responde por perdas e danos.
É necessária a comprovação da culpa do devedor pelo inadimplemento.
3. Espécies de Mora
Mora do devedor: mora solvendi
Mora do credor: mora accipiendi
Mora de ambos os contratantes
3.1. Mora do devedor
Espécies: 
	a) mora ex re (em razão de fato previsto na lei – aplicação da regra dies interpellat pro homine, ou seja, o termo (vencimento) interpela em lugar do credor) – CC, 397, caput e 398;
	b) mora ex persona (não existe estipulação de prazo ou termo para a execução da obrigação, depende de providência judicial ou extrajudicial do credor) – ex: contrato de comodato sem fixação de prazo, o credor deve notificar o devedor a desocupar o imovel em dado prazo, e só a partir de então, estará em mora.
Requisitos: 
Exigibilidade da obrigação, ou seja, o vencimento da dívida liquida e cerda;
Inexecução culposa da obrigação – CC, 396
Constituição em mora (somente quando for ex persona, pois se for ex re o dia do vencimento já interpela o devedor).
Efeitos:
Responsabilização de todos os prejuízos causados ao credor – CC, 395
Perpetuação da obrigação (CC, 399), pela qual responde o devedor moroso pela impossibilidade da prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior (o que não aconteceria, segundo a regra geral, se a impossibilidade provocada pelo fortuito surgisse antes da mora, quando a obrigação do devedor se resolveria sem lhe acarretar qualquer ônus) – a única escusa admissível é que o dano ocorreria ainda quando a obrigação fosse cumprida a tempo.
3.2. Mora do credor
Requisitos:
Vencimento da obrigação (não quer entregar ou fazer)
Oferta da prestação
Recusa injustificada em receber (não quer receber)
Constituição em mora, mediante a consignação em pagamento.
Efeitos:
Liberação do devedor, isento de dolo, da responsabilidade pela conservação da coisa – CC, 240 
Obrigação do credor moroso de ressarcir ao devedor as despesas efetuadas com a conservação da coisa;
Obrigação do credor de receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e o pagamento; logo, se no dia da entrega efetiva do bem, o preço se elevar, deverá o credor moroso pagar de conformidade com a cotação mais elevada e não conforme o preço anteriormente avençado, mas se houver diminuição do preço após a mora, pagará o preço do dia da mora.
Possibilidade de consignação judicial da coisa devida.
3.3. Mora de ambos os contratantes
Quando simultâneas (nenhum dos contratantes comparece ao local escolhido de comum acordo para pagamento), uma elimina a outra, pela compensação; se ambas as partes nela incidem, nenhuma pode exigir da outra perdas e danos.
Quando sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma. Os danos que a mora de cada uma das partes haja causado não se cancelam pela mora superveniente da outra, pois cada um conserva seus direitos.
Exemplo: se, num primeiro momento, o credor não quer receber o que o devedor se dispõe a pagar e, mais tarde, este não quiser mais pagar, a situação será a seguinte: quando afinal o pagamento for realizado e também forem apurados os prejuízos, cada um responderá pelos ocorridos nos períodos em que a mora foi sua, operando-se a compensação; os danos quea mora de cada uma das partes haja causado à outra, não se cancelam pela mora superveniente da outra.
3.4. Purgação da mora (eliminar)
É um ato espontâneo do contratante moroso, que visa remediar a situação a que deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade.
Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos.
CC, 401
Não pode ser confundida com cessação da mora.
A purgação da mora só produz efeitos futuros, não apagando os pretéritos, já produzidos.
3.5. Cessação da mora
Decorre da extinção da obrigação, por anistia, perdão, entre outras, e não de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar sua falta ou omissão. Ex: o devedor em mora que tem suas dívidas fiscais anistiadas, deixa de estar em mora, sem o cumprimento da obrigação.
Produz efeitos pretéritos, ou seja, o devedor não terá de pagar a dívida vencida.
A purgação da mora só produz efeitos futuros, não apagando os pretéritos, já produzidos.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Janaína (residente na cidade de Itumbiara) comprou de Angélica (residente na cidade de Uberlândia) 2.000 unidades de bombons diversos, para serem servidos no seu casamento, pagando o preço no momento da celebração do negócio jurídico. Os bombons deveriam ser entregues no dia e local da festa do casamento, pelo menos três horas antes do início da cerimônia, ou seja, às 15h00, para que o buffet pudesse organizá-los no devido local. Ocorre que o carro de Angélica teve problemas mecânicos, ficando a mesma parada na estrada por mais de quatro horas, sendo posteriormente rebocada de volta à Uberlândia. Por conta disso, Angélica não conseguiu cumprir a obrigação no dia convencionado. No dia seguinte ao casamento, Angélica chega à casa de Janaína para entregar os bombons, purgando sua mora. Pergunta-se:
Quais as consequências jurídicas da mencionada situação? Explique, apontando os dispositivos legais pertinentes. 
Houve um descumprimento da obrigação, ou seja, uma inexecução voluntária relativa, pois Angélica teve culpa na não entrega dos bombos no dia, na hora e no local combinado. Portanto devendo responder por perdas e danos, além dos juros, correção monetária e honorários advocatícios. Configura-se também em mora “ex re”o não pagamento ou retardamento da obrigação, pois os salgados deveriam ser entregues na data estipulada.
Havendo recusa de Janaína em aceitar a prestação ofertada por Angélica, pode-se dizer que ela também está em mora? Por quê? 
Não, pois como os salgados não foram entregues na data, hora e local estipulado poderá Janaina não aceitar e exigir perdas e danos. 
2. Armando compra de Benedito, pelo preço de R$60.000,00 (sessenta mil reais), 1.000 sacas de café, para serem entregues no dia 02/09/2011, no Porto de Santos-SP, véspera da partida de um navio cargueiro em que as sacas de café serão embarcadas para a Europa. Esse navio é o único apto a chegar no tempo certo ao porto de destino, vez que Armando adquiriu o produto para revenda, se comprometendo a entregá-lo a uma empresa de beneficiamento européia no dia 20/09/2011, pelo preço de R$80.000,00 (oitenta mil reais). Ocorre que, vencida a obrigação, Benedito não entregou as sacas de café, e, consequentemente, Armando perdeu o negócio na Europa. 
	a) Considere que no dia 19/09/2011, Benedito procura Armando para entregar as 1.000 sacas de café, purgando a sua mora. Quais as consequências jurídicas dessa situação? Armando é obrigado a aceitar a prestação para que não se constitua em mora? A obrigação de pulgação de mora só será para o contratante e não para o contratado (devedor), portanto Armando não é obrigado a aceitar e Benedito responderá por todos os prejuízos causados ao credor – CC, 395.
 
b) O contrato celebrado por Armando e Benedito nada dizia acerca do direito de escolha. Considere que Benedito escolheu e separou as sacas de café de média qualidade, comparecendo no porto para cumprir a obrigação. No entanto, Armando se recusou a receber a prestação, ao argumento de que Benedito deveria lhe entregar o café de alta qualidade. Visando não se constituir em mora, no dia seguinte, Benedito ajuíza ação de consignação em pagamento. Nesse caso:
	
b.1) Quais as consequencias jurídicas decorrente dessa situação? 
	Deverá o credor moroso pagar de conformidade com a cotação mais elevada e não conforme o preço anteriormente avençado.
b.2) Quando foi proferida a sentença na ação de consignação em pagamento proposta por Benedito, o preço do café elevou-se para R$100,00 (cem reais) a saca. Esse fato altera a obrigação celebrada pelas partes? Explique. 
Não, ainda assim o credor moroso deve pagar de conformidade com a cotação mais elevada e não conforme o preço anteriormente avençado.
3. Por força de um contrato escrito, Caio, fazendeiro no Mato Grosso do Sul, deveria restituir o cavalo de José (cujo sítio encontra-se no interior de São Paulo) no dia 02 do mês de julho. Até o mês de agosto, Caio ainda não havia restituído o cavalo por pura desídia, quando uma forte chuva imprevisível causou a morte do cavalo, que foi inevitável, de​vido à altura atingida pela água, bem como à sua força. 
O que se entende por mora? 
É o retardamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação; configura-se não só quando há atraso no cumprimento da obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada.
O direito distingue mora ex re e mora ex persona. Qual a relevância jurídica da distinção? 
Em mora “ex re” pois Caio deveria restituir o cavalo de José em uma data estipulada. A mora “ex re” estipula vencimento/prazo e a mora “ex pernosa” não existe estipulação de prazo, mas a personificação da coisa a ser feita ou entregue.
Caio pode ser levado a alguma condenação? Explique.
Caio poderá responder por todos os danos causados, ou seja, deverá resitituir com perdas e danos pelo valor do cavalo. Já se o cavalo fosse entregue antes na data estipulado o caso fortuito não causaria a morte do animal. 
4. Carlos celebrou com Pierre, ar​tista plástico de renome internacional, um contrato, por meio do qual este se comprometia a pintar, pessoalmente, 2 (duas) telas com motivos alusivos à nova mansão campestre adquirida por Carlos. Pelo trabalho, Pierre receberia a quantia de R$ 200.000,00 (duzen​tos mil reais), dos quais, R$ 100.000,00 (cem mil reais) lhe foram adiantados, e as telas deveriam ser entregues no prazo de um ano. Passado o prazo, Pierre entregou as duas obras de arte a Carlos, as quais, contudo, foram elaboradas por Jacques, discípulo de Pierre. Carlos negou-se a receber as obras, uma vez que havia especifica​mente determinado que Pierre deveria ser seu autor. Nesse caso, Carlos, por ter se recusado a receber a prestação, está em mora? Quais as consequencias jurídicas da recusa? Explique. 
Sim, pois como se trata de mora “ex persona” em que Carlos estipulou que as obras de artes deveriam feitas por Pierre e na verdade foram feitas pelo seu discípulo Jacques. Portanto pode Carlos solicitar a constituição em mora, fixando a sua responsabilidade pelos juros do retardamento.
4. Das perdas e danos
4.1. Conceito: perdas e danos constituem o equivalente em dinheiro suficiente para indenizar o prejuízo suportado pelo credor, em virtude do inadimplemento do contrato pelo devedor, ou da prática, por este, de um ato ilícito → art. 403
4.2. Conteúdo: abrangem, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar, salvo as exceções expressamente previstas em lei (art. 402) → dano emergente e lucro cessante
4.3. Obrigações de pagamento em dinheiro
Atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários advocatícios de sucumbencia, sem prejuízo da pena convencional → art. 404
Se os juros de mora não cobrirem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode oi juiz conceder ao credor indenização suplementar → parágrafo único, art. 404 
5. Dos juros legais
Um dos efeitos da morado devedor é o pagamento de juros ao credor (395), principalmente nas obrigações de dar dinheiro ( = pecuniárias). 
Conceito de juro: é a remuneração que o credor exige por emprestar dinheiro ao devedor. Juro é igual a rendimento, é igual a fruto civil.
Lembrete: os frutos em direito podem ser civis, naturais ou industriais. Os frutos civis são os juros e os rendimentos; os frutos naturais são as frutas das árvores e as crias dos animais; os frutos industriais são, por exemplo, os carros produzidos por uma fábrica de automóveis. Não confundam frutos com produtos, pois estes se esgotam (ex: uma pedreira, uma mina de ouro, um poço de petróleo), enquanto os frutos se renovam. 
Os juros são livres, conforme art. 406, sendo fixados pelas partes no contrato ou pelo mercado financeiro. Depois de assinado o contrato, não adianta dizer que os juros são altos, pois contrato é para ser cumprido. Se as partes não fixarem os juros, estes serão de um por cento ao mês, conforme art. 406 do CC combinado com o art. 161, § 1º do Código Tributário Nacional, pois este é o juro devido no pagamento de impostos.
Realmente, os juros devem ser livres, fixados pelas partes ou pelo mercado. Não pode a lei querer limitar os juros, como acreditam alguns populistas, pois o Direito não manda na Economia. Caso as leis jurídicas fossem superiores às leis econômicas, bastaria um decreto/uma lei acabando com a inflação, acabando com o desemprego, acabando com a recessão, etc. Mas não é assim que o mundo moderno funciona, precisamos ser realistas e não demagógicos, por isso é que o art. 192, § 3º da CF, que limitava os juros em 12% ao ano, foi revogado em maio de 2003 sem nunca ter efetivamente sido aplicado, apesar de vigorado por quinze anos, desde 1988.
6. Da cláusula penal
Conceito: CP é a cláusula acessória a um contrato pelo qual as partes fixam previamente o valor das perdas e danos que por acaso se verifiquem em conseqüência da inexecução culposa da obrigação (408, ex: um promotor de eventos contrata um cantor para fazer um show, e já fixa no contrato que, se o artista desistir, terá que pagar uma indenização de cem mil).
A cláusula penal é acessória, não é obrigatória, então se a dívida não for paga no vencimento (= se o cantor não fizer o show), e não existir cláusula penal no contrato, é o Juiz quem irá fixar a indenização devida pelo cantor,  tornando a obrigação líquida, para só depois possibilitar o ataque pelo credor (o promotor de eventos) ao patrimônio do cantor.
Essa é a grande vantagem da cláusula penal: pré-fixar as perdas e danos, economizando tempo, eliminando recursos processuais ao dispensar o Juiz de calcular o valor previsto no art. 402 do CC.
Outra vantagem da CP é a de intimidar o devedor, ou seja, ele já fica sabendo que terá uma pena se não cumprir a obrigação. É verdade que a lei prevê automaticamente uma punição ao devedor (389), mas a CP reitera essa sanção.
Quando uso no conceito a expressão inexecução “culposa”, refiro-me à culpa em sentido amplo (lato sensu), que corresponde ao dolo (inexecução voluntária) e à culpa stricto sensu (em sentido restrito = imprudência e negligência). Então se o cantor não fez o show porque não quis (dolo) ou porque bebeu demais e perdeu a voz (imprudência), terá que pagar a CP. Mas se o cantor não fez o show porque pegou uma gripe, trata-se de um caso fortuito que isenta de responsabilidade (393 e pú).
Se a obrigação for cumprida pelo devedor, a cláusula penal se extingue; se a obrigação principal for nula, a cláusula penal também o será, afinal, como cláusula acessória, segue o destino da principal (184, in fine).
A CP geralmente reverte em favor do credor, mas o contrato pode prever que será paga a terceiros (ex: se o cantor não fizer o show, pagará cem mil ao Hospital do Câncer).  A CP geralmente é pactuada em dinheiro, mas pode corresponder a obrigação de dar outra coisa, ou a fazer, ou não-fazer algum serviço, com ampla liberdade para as partes. 
Espécies: a) CP compensatória: aplica-se em caso de inexecução (= inadimplemento) da obrigação pelo devedor (410, então o credor poderá optar pela obrigação principal ou pela cláusula penal, semelhante a uma obrigação alternativa); b) CP moratória: aplica-se em caso de atraso (= retardo, mora) do devedor no cumprimento da obrigação, pelo que o devedor pagará a multa pelo atraso e cumprirá a obrigação, 411 (ex: multa de 10% em caso de atraso no pagamento de aluguel, 416). Ambas as espécies estão previstas no art. 409.
Se a cláusula penal compensatória tiver um valor muito alto, o Juiz deverá reduzi-la (CC, arts. 412e 413). 
7. Das arras ou sinal
Conceito: esta palavra deriva do latim arrha e significa garantia. Assim é que as arras são um sinal de pagamento para a firmeza do contrato, inibindo o arrependimento das partes. Corresponde a uma quantia dada por um dos contratantes ao outro como sinal/garantia da confirmação de um contrato bilateral. 
As arras em geral são em dinheiro, mas podem ser em coisas. 
Espécies: a) arras confirmatórias – art. 419 – as arras não são consideradas como estimativa da totalidade das perdas e danos, podendo a parte inocente pleitear indenização suplementar; b) arras penitenciais e exclusão da indenização suplementar – art. 420 – direito de arrependimento fixado no contrato e retenção ou restituição das arras – exclusão da indenização suplementar
Quanto o contrato é fechado, as arras são devolvidas ou abatidas do preço (417). 
Se o contrato não for concluído por culpa/desistência da parte que deu as arras, elas serão perdidas em favor da parte inocente. Se quem desistir for a parte que recebeu as arras, terá que devolvê-las em dobro, devidamente corrigida (418). 
As arras se assemelham à cláusula penal, assunto do semestre passado. Só que as arras são logo entregues, enquanto a cláusula penal só terá aplicação se o contrato for futuramente desfeito.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Armando compra de Benedito, pelo preço de R$60.000,00 (sessenta mil reais), 1.000 sacas de café, para serem entregues no dia 02/09/2011, no Porto de Santos-SP, véspera da partida de um navio cargueiro em que as sacas de café serão embarcadas para a Europa. Esse navio é o único apto a chegar no tempo certo ao porto de destino, vez que Armando adquiriu o produto para revenda, se comprometendo a entregá-lo a uma empresa de beneficiamento européia no dia 20/09/2011, pelo preço de R$80.000,00 (oitenta mil reais). Ocorre que, vencida a obrigação, Benedito não entregou as sacas de café, e, consequentemente, Armando perdeu o negócio na Europa. 
	a) Considere que o contrato celebrado por Armando e Benedito continha uma cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais). Como a cláusula penal é compensatória, pode-se dizer que Armando, ao recorrer às vias judiciais, deve exigir somente o valor da pena convencional, mesmo que ela seja exígua diante dos prejuízos sofridos por Armando? Explique.
	b) Considere que o contrato celebrado por Armando e Benedito continha uma cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, no valor de R$100.000,00 (cem mil reais). Como a obrigação não foi cumprida, Armando pode exigir a pena convencional compensatória prevista no contrato? Por quê?
	c) Considere que, visando assegurar o cumprimento da obrigação, Armando deu a Benedito o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), a título de arras. Quais as consequencias jurídicas da mencionada situação? Há alguma quantia a ser devolvida? Explique.
2. Marina, proprietária do imóvel residencial situado na Av. Beira Rio, nº 913, Bairro Alto da Boa Vista, Itumbiara-GO, celebrou contrato de locação do referido imóvel com Judite, pelo período de dois anos, com o valor do aluguel fixado em R$1.000,00 (um mil reais), o qual deveria ser pago todo dia 01 de cada mês. O contrato continha cláusula prevendo multa de 2% para o caso de atraso no pagamento, e uma outra multa no valor de R$3.000,00 (trêsmil reais) para a hipótese de descumprimento de qualquer outra cláusula do contrato. Responda:
a) Quanto às multas previstas no contrato de locação, estamos diante de qual instituto? Explique, apontando e identificando as espécies inseridas no contrato. 
b) Considere que, passados três meses do início da locação, Judite entrega o imóvel à Marina, explicando que não tem condições financeiras de pagar aluguel naquele valor. Quais as consequências jurídicas decorrentes desse fato? Explique. 
c) Considere que, vencido o contrato de locação, por terem se passados os dois anos, Marina informa à Judite que não irá prorrogar o contrato, porque no imóvel residirá seu filho, que está prestes a se casar. No entanto, Judite se recusa a sair do imóvel, o que leva Marina a ajuizar a competente ação de despejo. Ocorre que, cerca de dois meses após o término do contrato, uma caminhonete em alta velocidade, atinge o imóvel residencial em questão, que fica em escombros. Qual a consequência jurídica decorrente desse fato? Explique. 
d) Considere que, passados seis meses do início do contrato, Marina pede que Judite desocupe o imóvel, tendo em vista que seu filho, que está prestes a se casar, residirá no imóvel. Qual a consequência jurídica decorrente desse fato? Explique. 
3. Divino compra um terreno de Fernando por R$150.000,00, dando, a título de arras, R$50.000,00, e se comprometendo a pagar o restante (R$100.000,00), no prazo de 06 meses. Em igual prazo, se comprometeu Fernando a fornecer as certidões negativas para registro da compra e venda no cartório competente. O contrato celebrado previa o direito de arrependimento para ambos.
a) Estamos diante de que tipo de obrigação quanto à natureza do objeto? Explique. 
b) Qual a espécie de arras prevista no contrato celebrado? Nessa espécie, caso o prejuízo da parte inocente seja maior do que o valor das arras, pode ela exigir indenização suplementar? Explique. 
c) Considere que, vencido o prazo para pagamento da quantia restante, Divino alega não ter condições de efetuar o pagamento. Como fica a obrigação? 
d) Na data do vencimento do prazo para pagamento da quantia restante, Divino procura Fernando para efetuar o pagamento e exigir as certidões negativas para transferência da propriedade, contudo, Fernando apresenta certidões positivas, as quais não permitem o registro de transmissão da propriedade no cartório competente. Como fica a obrigação? 
e) Considerando as situações expostas nas alíneas c e d, havia modificação nas consequências se o contrato não previsse o direito de arrependimento? Explique. 
Transmissão das Obrigações 
1. Introdução:
2. Tipos de transmissão:
	- mortis causa
	- inter vivos
3. Conteúdo:
cessão de crédito
assunção de dívida
cessão de contrato
4. Cessão de crédito
- Conceito: é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional; poderá ser:
a) gratuita, onde o cedente não exige uma contraprestação do cessionário, ou onerosa, onde o cedente exige a contraprestação;
b) total ou parcial, abarcando a transferência total do crédito, apesar do código civil não falar de cessão parcial, mas como não veda, é possível;
c) convencional (que decorrente da livre e espontânea declaração de vontade), legal (que decorre da lei) ou judicial (aquela que se faz em juízo, quando o crédito ou direito já está sendo demandado, mesmo na fase de execução, ou quando em inventário pendente);
d) pro soluto e pro solvendo: Ter-se-á a primeira quando houver quitação plena do débito do cedente para o cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente; a segunda é a transferência de um direito de crédito, feita com intuito de extinguir a obrigação, que, no entanto, não se extinguirá de imediato, mas apenas se e na medida em que o crédito cedido for efetivamente cobrado.
- Requisitos: capacidade genérica para os atos comuns da vida civil e capacidade especial, reclamada para os atos de alienação, tanto do cedente como do cessionário; objeto lícito e possível, de modo que qualquer crédito poderá ser cedido, constante ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei e a convenção com o devedor; não se exige formas específica para que se efetue a cessão, porém, para que possa valer contra terceiros, exceto nos casos de transferência de créditos, operados por lei ou sentença, será necessário que seja celebrada mediante instrumento público ou particular.
- Objeto: em regra, todos os objetos podem ser objeto da cessão, constem de título ou não, vencidos ou por vencer, salvo se a isso se opuser “a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor”i (art. 286). Logo, são créditos incessíveis: 
	a) por natureza: créditos personalíssimos e assistenciários
	b) por lei: créditos trabalhistas e previdenciários (ex: salários)
	c) por convenção: acordo de duas vontades expresso
- Eficácia perante terceiros: art. 228 – é necessário um instrumento público ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1º, do art. 654.
- Eficácia perante o devedor: não exige forma especial para valer entre as partes, salvo se tiver por objeto direitos em que a escritura pública seja da substância do ato.
	* notificação do devedor: a cessão não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita (art. 290).
	* defesas/exceções: dolo, erro, coação, simulação 
	* o devedor ficará desobrigado se, antes de ter conhecimento da cessão, pagar ao credor primitivo (art. 292), mas não se desobrigará se a este pagar depois de cientificado da cessão.
- Pessoas da transmissão de crédito:
	- devedor: cedido
	- credor: cedente
	- terceiro: cessionário
- Efeitos da cessão:
	- transferência de crédito – art. 289
	- existência de crédito – art. 295
- Responsabilidade do cedente pela solvência do devedor:
	- a responsabilidade imposta ao cedente pelo art. 295 refere-se apenas à existência do credito ao tempo da cessão; não se refere à solvência do devedor, pois por esta o cedente não responde, salvo estipulação em contrário (art. 296).
		- ficando convencionado que o cedente responde pela solvência do devedor, sua responsabilidade limitar-se-á ao que recebeu do cessionário, com juros, mais as despesas da cessão e as efetuadas com a cobrança. 
5. Assunção de Dívida 
- Conceito: Trata-se de negócio jurídico (também chamado cessão de débito) pelo qual o devedor transfere a outrem sua posição da relação jurídica (ex: cessão de financiamento para aquisição da casa própria).
- Espécies:
	a) delegação: caracterizada pelo acordo entre o devedor originário e o terceiro que vai assumir a dívida, cujo requisito para validade consiste na aceitação do credor.
	b) expromissão: ou seja, através de um contrato entre o credor e o terceiro que assume o pólo passivo da relação jurídica obrigacional, sucedendo o devedor principal. 
Obs: As duas modalidades podem ainda surtir efeitos liberatórios ou cumulativos. Quando ocorre a liberação do devedor primitivo, verifica-se a assunção liberatória. Contudo, quando ocorre o ingresso do terceiro no pólo passivo da obrigação, sem que ocorra a liberação do devedor primitivo, o qual ainda permanece na relação, com liame solidário com o novo, ocorre a assunção cumulativa.
- Características: 
	a) produz o efeito de exonerar o devedor primitivo, salvo se o assuntor (o terceiro) era insolvente e o credor o ignorava (art. 299);
	b)requer anuência expressa do credor, mas qualquer das partes pode assinar-lhe prazo para que consinta, interpretando o seu silêncio como recusa (art. 299, p. único);
	c) o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo (art. 302);
	d) o novo devedor assume a dívida como se fosse própria;
	e) o adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido. Na hipótese, entender-se-á concordado o credor se, notificado, não impugnar, em 30 dias, a transferência do debito (art. 303).
6. Cessão de contrato 
- Conceito: é a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída; possibilita a circulação do contrato em sua integralidade, permitindo que um estranho ingresse na relação contratual, substituindo um dos contrantes primitivos, assumindo todos os seus direitos e deveres.
- Não está regulamentada no direito brasileiro, mas considerando o princípio da autonomia negocial e a validade do negócio jurídico (capacidade das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita e não proibido em lei) juntamente com a admissibilidade da cessão de crédito e da cessão de débito, não há que se vedar a cessão do contrato. Ora, o contrato é composto de créditos e débitos para as partes que o compõem, logo, consoante DINIZ (2004:p.453), a cessão de contrato tem existência jurídica,e, transmitem-se ao cessionário não só os direitos, mas também as obrigações do cedente.
- Requisitos:
	- bilateralidade contratual, ou seja, aquele em que as partes estabelecem obrigações recíprocas; 
- contrato suscetível de ser cedido globalmente; 
- transferência ao cessionário dos direitos e deveres do cedente; 
- anuência do cedido; 
- observância dos requisitos do negócio jurídico.

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