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Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL PROCESSO PENAL Praticado um fato definido como crime, surge para o Estado o direito de punir, que se exercita através do Processo Penal. O Processo Penal é o conjunto de atos praticados em juízo que visam à aplicação do Direito Penal. O Processo Penal é direito instrumental, pois é uma ferramenta de aplicação do Direito Penal. Princípios do Processo Penal Princípio do estado de inocência - Trata-se de princípio de base constitucional, que qualifica qualquer pessoa, ainda que respondendo a processo criminal, como inocente, somente sendo considerado culpado após uma sentença penal condenatória com trânsito em julgado, ou seja, que não caiba mais qualquer recurso. Princípio do contraditório – Assegura ao acusado o direito a uma defesa sem quaisquer restrições, dando ciência ao acusado de todos os atos processuais realizados, através da citação, intimação e notificação, instrumentos utilizados para comunicar as partes e terceiros da realização dos atos processuais. Princípio da verdade real – Significa que a investigação não encontra limites na iniciativa das partes, podendo o juiz determinar a produção de provas que entender necessárias para a elucidação do fato criminoso. Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas - Impõe a obrigação de repelir do processo aquelas provas de forma ilegal, violando direitos tutelados em lei. Ex: uma confissão obtida através de tortura, etc. Princípio da Comunhão da Prova – Significa que a prova, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, pertence ao processo e pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual, destinando-se a apurar a verdade dos fatos alegados e contribuindo para o correto deslinda da causa pelo juiz. Artigos do Código de Processo Penal sobre Inquérito Policial Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida à mesma função. Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I.De ofício; II. Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4º O inquérito, nos crimes em que ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I.Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II. Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, depois de liberados pelos peritos criminais; III. Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV. Ouvir o ofendido; V. Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura; VI. Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII. Determinar se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII. Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX. Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. Art 8º Havendo prisão em flagrante será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz competente. § 2º No relatório poderá a autoridade indiciar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 3 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. Art. 12 O inquérito policial acompanhará a denuncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 13 Incumbirá ainda a autoridade policial: I. Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II. Realizar as diligências requisitas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III. Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV. Representar acerca da prisão preventiva.Art. 14 O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Art. 15 Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. Art. 16 O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito á autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Art. 17ª autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, à autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Art. 19 Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou do seu representante legal, ou será entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. Art. 20 A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. Art. 21- A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese disposta no art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (lei nº 4.215, de 27 de abril de 1963). Parágrafo único com redação determinada pela lei nº 5.010, de 30 de maio de 1966, que organizou a Justiça Federal de primeira instância. Este parágrafo faz menção ao Estatuto da OAB (lei nº 4.215/63), hoje revogado pela lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto de Advocacia e OAB). Art. 22 No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 4 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. Art. 23 Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. COMENTÁRIOS: INQUÉRITO POLICIAL Introdução Praticado um fato definido em lei como infração penal surge para o estado direito de punir o autor de tal fato criminoso. Este direito será exercido através de um processo penal. Porém, para que seja instaurado tal processo, é imprescindível que exista um mínimo de provas que indiquem a prática de uma infração penal e de quem seja seu autor, como também a realização de diversos atos investigatórios para colheita de provas. Estas provas, geralmente, são obtidas através do inquérito policial, que ocorre antes da ação penal, tendo por objetivo a apuração de fato que configure infração penal e a respectiva autoria, não existindo ainda “processo”, mas é a fase que antecede a instauração deste. Conceito É o procedimento realizado pela autoridade policial destinado a fornecer os elementos necessários, ao órgão acusador, para a apuração de uma infração penal e sua respectiva autoria. Trata-se de mera peça de informação, sendo apenas um procedimento administrativo, destinado ao titular da ação penal (Ministério Público ou o ofendido). Características É um procedimento escrito, dispondo expressamente o artigo nove do Código de Processo Penal que “todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”. O inquérito é sigiloso, não sendo permitida a divulgação de seus atos, exceto para o Ministério Público e o Poder Judiciário, o que prejudicaria o êxito nas diligências realizadas pela autoridade policial para elucidar o fato criminoso, dispondo expressamente a este respeito o artigo 20 do Código de Processo Penal. Todavia, contemporaneamente, o sigilo do inquérito tem sido mitigado, ao menos para o próprio indiciado e para seus defensores, em razão do contraditório e da ampla defesa. O inquérito é indisponível, o que significa que uma vez instaurado, não poderá a autoridade policial dispor de seu conteúdo ou andamento, não poderá requerer seu arquivamento (artigo 17 do CPP), este obrigatoriamente deverá prosseguir e, após o seu encerramento, deverá a autoridade policial encaminhar os autos ao juízo competente. O inquérito é inquisitório, ou seja, não se aplica ao inquérito o princípio constitucional do contraditório, o indicado será mero objeto de investigação. Mais uma vez, a doutrina processual moderna tem entendido que há mera mitigação do contraditório no inquérito policial, e não seu total afastamento. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 5 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Autores e destinatários do inquérito De acordo com as normas penais e constitucionais, apenas o maior de 18 anos possui imputabilidade, ou seja, a capacidade penal de responder pela prática de uma infração. Desta forma, é correto afirmar que somente os maiores de 18 anos poderão ser indiciados em inquérito policial, pois os que possuem idade inferior a esta são considerados inimputáveis, não se aplicando a estas pessoas os Códigos Penal e Processual Penal, e sim o Estadual da Criança e do Adolescente. A função precípua do inquérito é fornecer elementos para o início da ação penal. Mas, se tais elementos já existirem, já tendo o Ministério Público, ou o ofendido, provas suficientes para ingressarem com a ação, não será necessário que a autoridade policial instaure o inquérito, pois já será possível o ingresso em juízo. Desta forma, é correto afirmar que o inquérito policial é dispensável quando já existirem elementos suficientes para o início da ação penal. A Notícia do Crime (notitia criminis) é o início do inquérito. Inicia-se o inquérito com a notícia do crime, que leva ao conhecimento da autoridade policial a prática de fato aparentemente criminoso, por qualquer meio, seja pelo encontro do corpo delito, pelo flagrante, comunicação de funcionário, informação da imprensa ou qualquer do povo, etc. Pode ocorrer, no entanto, que o próprio ofendido ou seu representante leve a notícia à autoridade denominadadelação do crime, que pode ser simples, constituindo-se apenas na comunicação, ou postulatória, na qual, além da comunicação, é pedida a instauração do inquérito, como no caso da representação para os crimes que a exigem para a instauração do inquérito. O inquérito tem ainda início mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, nos crimes de ação pública. Há que se fazer aqui uma distinção entre requerimento e requisição. No requerimento pode a autoridade policial achar que não deve abrir inquérito e indeferir o pedido que é feito pelo ofendido, enquanto que na requisição a autoridade policial está obrigada a agir, não cabendo discutir o mérito da requisição, pois não será ela quem promoverá a ação ou quem a julgará. Havendo indeferimento de requerimento formulado, cabe ao requerente recurso para o Chefe de Polícia, ou seja, para a autoridade superior. Chegando, por quaisquer dessas formas, ao conhecimento da Polícia a existência de infração penal, ele deverá agir, de acordo com o art. 6º do CPP. Não tem o inquérito rito estabelecido em lei, mas, de acordo com o citado dispositivo, existem diligências que devem ser efetuadas ordinariamente. Objetiva a que a autoridade possa colher in loco os elementos da infração, devendo agir antes que se altere o estado das coisas no local do crime ou desapareçam armas, instrumentos ou objetos do delito, colhendo as provas que sejam essências na elucidação do fato e suas circunstâncias, ouvindo o ofendido que, geralmente, dará as informações mais precisas e seguras, bem como a identificação e qualificação do acusado nos termos previstos em lei, ouvindo-o a seguir em forma de interrogatório, ao qual não está o indiciado obrigado a se submeter. É também dever da autoridade proceder ao reconhecimento de pessoas, coisas e acareações, que obedecerão às normas ditadas pelos artigos 226 a 230 do CPP, bem como requisitar dos órgãos próprios o exame Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 6 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br de corpo de delito e as perícias em geral, que são realizadas por peritos, os quais farão a verificação dos elementos exteriores ou de materialidade da infração penal (art. 150 ao 184 do CPP). Para a autoridade policial instaurar o inquérito, ela deverá, primeiramente, verificar a espécie de ação penal a que corresponde o delito praticado pelo indiciado. No próximo capítulo estudaremos a ação penal, seu conceito e suas espécies. Por ora, devemos esclarecer que dependendo do tipo de ação penal, seja esta pública, de iniciativa do Ministério Público, ou privada, cuja iniciativa pertence ao ofendido, a autoridade policial deverá observar o disposto no artigo 5º e seus parágrafos do Código de Processo Penal, que estabelece as regras para o início do procedimento investigatório. Instauração do inquérito na hipótese de crime de ação penal pública incondicionada: A autoridade policial deverá instaurá- lo do ofício, ou seja, sem provocação de qualquer pessoa. Assim que souber da prática de um delito desta natureza deverá, obrigatoriamente, instaurar inquérito. Mediante requisição do Juiz ou Ministério Público. Tais órgãos, ao tomarem conhecimento de um crime cuja ação penal seja pública incondicionada, determinarão a autoridade policial que instaure o inquérito. Mediante requerimento da vítima ou de seu representante legal. Nesta hipótese, a vítima formulará pedido a autoridade policial para que seja instaurado o inquérito, ficando a critério do Delegado acatar ou não tal pedido. Também será iniciado através do auto de prisão em flagrante. Instauração do inquérito na hipótese de crime de ação penal pública condicionada à representação: Nesta hipótese, somente poderá ser instaurado inquérito com a representação da vítima ou de seu representante legal, nos termos do artigo 5º, §4º, do Código de Processo Penal. Esta representação consiste, basicamente, em um pedido – autorização do ofendido, cuja ausência inviabiliza o inquérito como a ação penal. Instauração do inquérito na hipótese de ação penal privada: Tratando-se de crimes desta natureza, será imprescindível o requerimento da vítima ou de seu representante legal, não podendo a autoridade policial agir de ofício. Conclusão e prazos de encerramento Realizadas pela autoridade policial as diligências indicadas no artigo 6º, como também outras que entender necessárias à elucidação do crime, deverá o inquérito ser encerrado com um minucioso relatório do que foi apurado. Não deve a autoridade policial emitir qualquer juízo de valor, ou seja, expor opiniões ou julgamentos. Deverá apenas prestar todas as informações colhidas durante as investigações e as diligências realizadas, registrando eventual impossibilidade de realizar alguma delas. Após a apresentação do relatório, os autos serão remetidos ao Ministério Público ou ficarão à disposição do ofendido. Estando o indiciado preso, seja em flagrante ou preventivamente, o inquérito deverá ser concluído em 10 dias, sob pena de esta prisão ser relaxada por excesso de prazo. Se o indiciado estiver solto, o prazo de encerramento será de 30 dias, não havendo problemas se o período for ultrapassado, Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 7 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br posto que o indiciado encontra-se solto, e o próprio Código de Processo Penal prevê a hipótese de devolução dos autos do inquérito imprescindíveis para a propositura da ação penal (art. 16 do CPP). Se o delito investigado for de competência da Justiça Federal, a lei 5.010/66 estabelece que o prazo para concluir o inquérito, estando o indiciado preso, será de 15 dias, prorrogável por mais 15 dias. Tratando-se de inquérito relativo ao tráfico de entorpecentes, infração cujo processamento é disciplinado pela Lei 11.434/2006, o prazo de conclusão do inquérito é de 30 dias. Arquivamento Ainda que fique demonstrado que não ocorreu qualquer delito, ou que não foi possível caracterizar quem foi o autor do crime, NÃO poderá a autoridade policial mandar arquivar o inquérito, conforme dispõe expressamente o artigo 17 do CPP. Tal providência cabe ao juiz, a pedido do Ministério Público. Como este órgão será o destinatário dos autos do inquérito, caberá ao Promotor de Justiça manifestar-se sobre a existência de elementos suficientes ou não para iniciar a ação. Se o Juiz discordar do pedido de arquivamento, não poderá ele próprio iniciar a ação. Deverá o Magistrado proceder da maneira estabelecida no artigo 28 do CPP, ou seja, remeterá os autos do inquérito ao Procurador Geral de Justiça. Uma vez arquivado o inquérito, nada impede que a autoridade policial investigue sobre o mesmo fato, desde que surjam novas provas, conforme prevê o artigo 18 do CPP. Neste caso, o Ministério Público poderá pedir que o inquérito seja desarquivado, instaurando- se, posteriormente, a ação penal. Artigos do Código de Processo Penal que tratam da Ação Penal: Art. 24. Nos crimes de ação pública, estaserá promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministério da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador – geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Art.29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se essa não for Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 8 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Art.30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. Art.31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art.32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. Art.33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Art.34. Se o ofendido for menor de 21 anos e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. Art.35. Revogado pela lei 9.250 de 27/11/97. Art.36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou abandone. Art.37. As funções, associações ou sociedades legalmente construídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representados por quem os respectivos contratos ou estatutos designaram ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios – gerentes. Art.38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24. Parágrafo único, e 31. Art.39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurados com poderes especiais, mediante declaração, escritas ou orais, feitas ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. § 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração de fato e da autoria. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 9 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br § 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. § 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida a autoridade policial para que esta proceda a inquérito. § 5º O órgão do Ministério Dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. Art.40. Quando, em autos ou papeis de que conhecerem, os juízes ou tribunais, verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. Art.41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas. Art.42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art.43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art.44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato do criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Onde se lê querelante, leia-se querelado. Art.45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo. Art.46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de cinco dias, contando da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art.16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. § 1º Quandoo Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação. § 2º O prazo para o atendimento da queixa será de três dias, contados da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. Art.47. Se o Ministério Público julgar necessário maior esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê- los. Art.48. A queixa contra a qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Art.49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Art.50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 10 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Art.51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Art.52. Se o querelante for menor de 21 anos e meios de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro não produzirá efeito. Art.53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear. Art.54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Art.55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Art.56. Aplicar-se-á o perdão extraprocessual expresso no disposto art. 50. Art.57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art.58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Art.59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Art.60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I. Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II. Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III. Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV. Quando, sendo a querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Art.61. Em qualquer fase do processo, o juiz, pode se reconhecer extinta a punibilidade deverá declará-lo de ofício. Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelando ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. Art.62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. COMENTÁRIOS: AÇÃO PENAL DIREITO DE AÇÃO Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 11 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br O direito de ação é, em abstrato, o direito público que têm todos os indivíduos de pedir o exercício da jurisdição para decidir determinado conflito, consoante as normas processuais. A ação é um direito público subjetivo; é, pois, o direito que têm todo indivíduo de pedir a tutela jurisdicional do Estado. De forma simples podemos conceituar ação como o meio pelo qual o interessado pede ao Juiz, competente que lhe preste tutela jurisdicional, submetendo-se à sentença que for proferida. A ação pode ser vista em dois sentidos: no objetivo e no subjetivo. No sentido objetivo, concretamente, a ação nada mais é do que o pedido que o particular dirige ao órgão jurisdicional para que este lhe conceda um bem da vida, materializado em uma petição dirigida ao Estado, denunciando a existência de um conflito e, como não pode fazer justiça pelas próprias mãos, pede uma providência ao Poder Público, sendo neste sentido entendido como a demanda. Quanto ao sentido subjetivo é um direito público (nascido da Constituição) abstrato, pois preexiste a lesão; subjetivo, porque seu exercício pertence a todos, e instrumental, pois visa fazer atuar a jurisdição, para que solucione um conflito de interesses, podendo extrair-se deste conceito à natureza jurídica da ação direito público, abstrato, subjetivo e instrumental. DA AÇÃO PENAL (art. 62 do CPP) Ação penal é o direito que cabe ao Estado- administração ou, excepcionalmente, ao ofendido de provocar o exercício da jurisdição penal, para a aplicação adequada do direito material (direito penal). Cometido um crime, apuradas a autoria e materialidade, impõe-se a ação penal, como meio de reequilíbrio social, visando a dar a pena àquele que, de fato, tenha sido o autor da infração penal. A ação penal, como direito, encontra sua sede própria no Código Penal (arts. 100 a 106 do Código Penal). O Código de Processo Penal regula o exercício desse direito. Início da ação penal Duas correntes: Primeira corrente – Majoritária – o seu início será contado a partir do oferecimento da denúncia ou queixa. Segunda corrente – Minoritária – o seu início será contado a partir do recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz. Condições da Ação Para que ação penal possa ser exercida, deve satisfazer determinadas condições, denominadas de condições de ação ou requisitos necessários para que o órgão jurisdicional possa atuar diante de um pedido, decidindo o mérito da pretensão que lhe é oferecida. Três são as condições para que o autor possa agir: Possibilidade jurídica do pedido – a pretensão da demanda tem que encontrar apoio no direito objetivo, ou seja, a conduta descrita deve estar amparada a ser punível no ordenamento jurídico. Não é objeto de ação a pretensão não punível portal direito, como, por exemplo, o suicídio, porque é um fato não tipificado em nosso Direito Penal. Interesse de agir - o pedido pode se afirmar em um fato típico, mas, além deste, deve existir a adequação entre a situação concreta e o tipo. Há interesse de agir quando se pode, de Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 12 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br fato, obtiver o que se pretende com a decisão. Assim, faltaria tal interesse, por exemplo, na propositura de ação penal por fato em que o único autor da infração tivesse sido morto, pois extinta estaria sua punibilidade pela morte. Titularidade - o autor da ação é a pessoa a quem o Estado entrega, objetivamente, a ação penal e só ele pode propô-la. Observação: há corrente doutrinária que diz que a justa causa é mais uma condição da ação penal, conforme se percebe pela leitura do art. 395 do CPP: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. A definição de justa causa é algo muito difícil de encontrar. Por outro lado, entende- se como indicativo do conteúdo desse comando a relação entre o suporte fático da conduta ser típica, ilícita e culpável. Dessa forma, a denúncia, na ação penal pública, só o Estado pode oferecê-la. Nesse sentido, são os comandos que fala em ilegitimidade da parte. Classificação da ação penal Segundo o titular do direito de agir, a ação penal dividi-se em pública e privada, sendo que cada espécie apresenta suas respectivas subdivisões. Quem determina a natureza da ação penal é o Código Penal. Se após definir uma conduta como infração penal, ele fizer referência à queixa, este delito será de ação penal privada. Ex: Fraude à execução: Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Logo a seguir, no parágrafo único desse mesmo dispositivo, o legislador determina que somente se procede mediante queixa, o que significa afirmar que ação penal no crime de fraude à execução é de iniciativa privada. Se o Código Penal fizer referência a representação, a ação penal será pública condicionada a representação: Ex: art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto ou grave: Pena - Detenção de um a seis meses ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação. Se o legislador não fizer alusão à queixa ou representação, simplesmente silenciar, significa que ação penal é pública incondicionada, iniciando-se através de denúncia oferecida pelo Ministério Público. Subdivisões das ações penais: Pública: Incondicionada Condicionada Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 13 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Privada: Propriamente dita Personalíssima Subsidiária da ação penal pública Tipos de ação Ação Penal Pública Incondicionada Em primeiro lugar, cumpre destacar que a ação penal pública incondicionada tem origem na centralização do jus puniendi na figura no Estado. Com efeito, isto se deu com a evolução do direito penal e a passagem da fase da vingança, em que os próprios ofendidos exerciam as punições, para o período humanitário. A ação penal é pública quando promovida e movimentada pelo Ministério Público. Nesse contexto, a ação pública é incondicionada quando, para promovê-la, o Ministério Público independe de qualquer manifestação de vontade. A regra é esta: a ação penal é pública é incondicionada. Em se tratando de ação pública condicionada, haverá menção expressa na Parte Especial. Constituem princípios informadores da ação pública: 1) Oficialidade - O Ministério Público é o órgão incumbido de promover a ação penal, devendo fazê-lo de ofício, ou seja por iniciativa própria. 2) Indisponibilidade - O Ministério Público, como titular da ação penal, poderá intentá-la e acompanhá-la em todos os seus trâmites legais. Não poderá, entretanto, dela dispor, declinando do seu exercício, transigindo, desistindo e acordando. Princípio que vem expresso no art. 42 do CPP. 3) Obrigatoriedade ou legalidade - O Ministério Público, presentes os elementos que autorizam a propositura da ação penal, deverá fazê-lo obrigatoriamente, sem receber pressões políticas, atuando de forma totalmente independente, sem sofrer qualquer ingerência do Poder Executivo, do magistrado, do próprio procurador geral. Tanto que este, quando dele divergir, entendo de acordo com o juiz que é caso de denúncia, não pode ordenar daquele mesmo prometer que ofereça a denúncia, designando para tanto um outro promotor. 4) Indivisibilidade - Como corolário do princípio anterior deriva este princípio, segundo o qual o Ministério Público haverá de proceder contra todos os autores e partícipes da infração criminal. 5) Instranscendência - A pena não pode passar da pessoa do condenado. O princípio da instranscendência é decorrente do princípio da individualização da pena. Sendo assim, a pena não passa para os sucessores. Só que o que se transfere, é a obrigação de reparar os danos, no limite da herança. Ação Penal Pública Condicionada O caráter condicional da Ação Penal Pública Condicionada se dá pelo fato do Ministério Público só poder oferecer a denúncia se determinada ação acontecer, procedibilidade. No caso, são duas possibilidades: representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça. Apesar de ficar condicionada, a iniciativa para interposição da Ação Penal, continua sob titularidade do Ministério Público, não podendo nos casos, o ofendido ou o Ministro da Justiça apresentarem a denúncia para Ação Penal. Se o ofendido estiver ausente ou tiver morrido, o artigo 24 do CPP determina que o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. De acordo com o mestre Adilson Mehmeri, a condicionalidade da ação se dá, pois são delitos “em que o interesse público fica em segundo plano, dado que a lesão atinge primacialmente o interesse privado”. Nestes Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 14 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br casos, a instauração de um processo penal poderia gerar mais dano ao ofendido, cabendo à ele mesmo, definir se quer que este processo se inicie, ou se prefere resguardar-se. Deste modo, o nome da autorização dada ao Ministério Público pelo ofendido é: representação. Trata-se de uma autorização e de um pedido. O prazo para representação do ofendido é de seis meses, a contar do conhecimento da autoria, contando o dia do começo, aplicando-se o instituto do prazo legal. Não se admite interrupção do prazopor suspensões ou interrupções, uma vez que se trata de prazo decadencial. Quanto à forma da representação, não há forma prevista em lei, podendo esta ser feita oralmente ou de forma escrita, bastando a manifestação da vontade, como já consagrado na doutrina, e apresentando todos os requisitos necessários e conhecidos para que o Ministério Público possa fazer a denúncia. Ademais, a representação pode ser exercida tanto pela vítima, quanto por seu representante legal ou procurador, que não precisam ser necessariamente, profissionais com capacidade postulatória, são apenas representantes. Em caso de morte da vítima, o direito de representação passa para o cônjuge, ascendente, descendente e irmão, nesta ordem, de acordo com o Art. 24, parágrafo primeiro. A regra da representação é a irretratabilidade, entretanto, isto só se dá a partir do momento que a denuncia é oferecida, sendo assim a representação pode ser retratada até o oferecimento da denúncia, de acordo com o Art. 25 do Código de processo Penal. Existe exceção na lei Maria da Penha, no qual a retração só pode ser feita perante juízo, antes do recebimento da denúncia. Tal condição se dá para proteger a mulher que era ameaçada ou violentada para retirar o pedido de representação. Quanto à natureza jurídica da representação, a posição majoritária entende que se trata de direito de natureza processual, não podendo ser considerado um direito material. São exemplos de crimes dos quais se requer Ação Penal Pública Condicionada por representação: a) Perigo de contágio venéreo (art. 130, CP), b) Ameaça (art. 147, CP), c) Violação de correspondência comercial (art. 152, CP), d) Divulgação de segredo (art.153, CP), e) Furto de coisa comum (art. 156, CP). A requisição do Ministro da Justiça é o segundo tipo de condicionalidade. Ela existe devido à complexidade do tema e a conveniência política de se levar o caso à apreciação do Poder Judiciário. Também é uma exigência legal. Não dialoga diretamente com a figura da vítima, do ofendido, mas a do Ministro, sendo um exemplo de política criminal. Diferente da representação, a requisição é um ato formal, devendo ser endereçado ao Ministério Público, na figura do Procurador Geral da República. Não possui prazo para a requisição, pode ser feita até a prescrição do crime. O texto legal não expressa sobre a retratação da requisição do Ministro da Justiça, mas a doutrina entende que não há retratação válida. É exemplo de crime do qual se requer Ação Penal Pública Condicionada por requisição do Ministro da Justiça o crime contra honra do (a) Presidente (a) da República (art. 145, CP). É importante encerrar, lembrando que a falta de representação ou requisição é causa de nulidade absoluta, de acordo com o Art. 564, III, a, do CPP. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 15 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Ação penal privada É a ação cuja iniciativa e proposituras cabem ao ofendido ou seu representante legal. Nesta espécie de ação o Ministério Público atua fiscalizando a correta aplicação da lei, mas a instauração e prosseguimento cabem as pessoas indicadas no art. 30 do CPP. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou seus interesses colidirem com os deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para o ato (art.33 do CPP). Aqui há de se ressaltar dois prazos decadenciais: um para o ofendido, a partir dos 18 anos, e outro para o representante legal, a contar do conhecimento da autoria, nos termos da Súmula 594 do STF. Completando 18 anos, cessa imediatamente o direito de o representante legal ofertar a queixa, ainda que não decorrido seu prazo decadencial. No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de queixa, ou de dar prosseguimento à acusação, passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). A doutrina, seguida pela jurisprudência, tem considerado o rol como taxativo e preferencial, de modo que não pode ser ampliado (como, por exemplo, para incluir o curador do ausente). No tocante aos companheiros reunidos pelo laço da união estável, tem-se que a Constituição Federal, em seu art. 226, § 3o, reconhece expressamente a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. Assim, no conceito de cônjuge, devem ser incluídos os companheiros. Mencione-se que, recentemente, o Plenário do STF reconheceu a união de pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Exercida a queixa pela primeira das pessoas constantes do rol do art. 31, as demais se acham impedidas de fazê-lo, só podendo assumir a ação no caso de abandono pelo querelante, desde que o façam no prazo de sessenta dias, observada a preferência do art. 36 do Código de Processo Penal, sob pena de perempção (CPP, art. 60, II). As fundações, associações e sociedades legalmente constituídas podem promover a ação penal privada, devendo, entretanto, ser representadas por seus diretores, ou pessoas indicadas em seus estatutos (CPP, art. 37). Princípios aplicáveis a ação penal privada Oportunidade (ou conveniência) - Caberá ao ofendido ou seu representante legal a decisão de propor ou não a ação. Ao contrário da ação pública, onde o Ministério Público, presentes requisitos legais, obrigatoriamente deverá oferecer denúncia, na ação privada ficará a critério do seu titular oferecer ou não a queixa – crime, iniciando a ação. Disponibilidade – Uma vez proposta a cão, nada impede que o titular da ação desista desta, seja perdoando o autor (artigo 51), ou negligenciando no andamento do processo (artigo 60 do CPP). Indivisibilidade – Proposta a ação contra um dos autores do delito, obrigará o processo a todos, nos termos do artigo 48 do CPP, devendo o Ministério Público, fiscalizando a correta aplicação da lei, velar pela sua indivisibilidade, aditando a queixa para incluir algum criminoso não mencionado na queixa. Intranscendência – Princípio comum a qualquer ação penal, que consiste na limitação da ação penal à pessoa ou pessoas responsáveis pela infração. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 16 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Espécies de ação penal privada Ação penal privada propriamente dita ou exclusiva – é aquela ação penal que somente poderá ser proposta pelo ofendido ou por seu representante legal. Exemplos: Crimes contra a honra, artigo 145 do Código Penal; crimes contra os costumes, art. 225 do Código Penal, etc. Ação penal privada personalíssima – é aquela ação cujo exercício compete única e exclusivamente ao ofendido. Se este estiver ausente ou morto, a ação penal não poderá ser proposta por outra pessoa, ou se esta já tiver sido iniciada, não poderá mais prosseguir. Ocorre em duas hipóteses: artigo 236 do Código Penal (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento e adultério respectivamente). Açãopenal privada subsidiária da pública – a ação penal privada poderá ser intentada nos crimes de ação penal pública se o Ministério Público não oferecer denúncia prazo legal, conforme dispõe o artigo 29 do CPP. Essa ação subsidiária da pública passou a constituir garantia aos cidadãos na hipótese de inércia do Ministério Público. Qualquer que seja o delito que se apure mediante ação penal pública, se o Ministério Público não oferecer denúncia no prazo lega, (cinco ou quinze dias, estando o acusado preso ou solto), poderá ser instaurada a ação penal mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. DENÚNCIA E QUEIXA A denúncia e a queixa são as peças que inauguram as ações penais públicas e privadas respectivamente. Não deve ser confundida com a comunicação de um delito a autoridade policial feita na Delegacia pela vítima ou por qualquer pessoa. Conforme já estudado, a denúncia é privada do Ministério Público, exceto quando este órgão ficar inerte permitindo o ajuizamento da ação privada subsidiária da pública. Já a queixa, cuja iniciativa pertence ao ofendido ou seu representante legal, é peça técnica que instaura a ação privada. A denúncia deverá ser oferecida no prazo de cinco dias, se o acusado estiver preso, seja preventivamente ou em flagrante delito, ou quinze se o acusado estiver solto. Há prazos diferentes para o oferecimento da denúncia em leis especiais: será de dez dias na hipótese de crime eleitoral (art. 357 do Código Eleitoral); três dias no caso de crime previsto na lei 6.368 (Entorpecentes), etc. Desobedecidos estes prazos não estará caracterizada qualquer nulidade processual, apenas na hipótese do acusado estar preso, sua prisão deverá ser relaxada por caracterizar-se constrangimento ilegal manter o acusado preso sem que tenha sido oferecida a denúncia. O oferecimento da queixa também se submete a prazo, porém, tal prazo possui natureza decadencial, ou seja, se não exercido o direito no prazo de seis meses contados a partir da data em que a vítima descobrir quem foi o autor do delito, ocorrerá à extinção da punibilidade, não podendo mais em hipótese alguma ser ajuizada a ação penal. Requisitos da denúncia e da queixa Os requisitos da denúncia e da queixa são os mesmos, e estão previstos no artigo 41 do CPP. Se não existirem ou forem insuficientes, a denúncia ou a queixa será rejeitada. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 17 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Exposição do fato criminoso – A denúncia ou a queixa deverá narrar de forma precisa toda a conduta criminosa, indicando o local, a hora, e a forma como foi desenvolvida a conduta criminosa, sob risco de não ser recebida pela autoridade judicial. Qualificação do acusado – Deverá conter a qualificação do acusado ou indicar meios pelos quais o acusado poderá ser identificado, ou seja, o nome, pseudônimo, estado civil, sexo, cidadania, filiação, etc. Qualificação do delito – Além de descrever de forma precisa a conduta do acusado, deverá indicar qual dispositivo legal foi violado pela conduta criminosa do réu. Rol de testemunhas – É no momento de oferecimento da denúncia ou da queixa que deverão ser arroladas as testemunhas de acusação. Se Ministério Público ou o ofendido não indicarem testemunhas, não o recebimento da denúncia ou da queixa. Porém, não poderão arrolar testemunhas em outra fase processual. Artigos do CPP relativos à competência jurisdicional: Art.69. Derteminará a competência jurisdicional: I.O lugar da infração; II. O domicílio ou residência do réu; III. A natureza da infração; IV. A distribuição; V. A conexão ou continência; VI. A prevenção; VII. A prerrogativa de função. Art.70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. §2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. §3º Quando incerto o limite entre duas jurisdições ou mais, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art.71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticado em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art.72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. § 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento dos fatos. Art.73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Art.74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal de Júri. §1º Compete ao Tribunal de Júri o julgamento dos crimes previstos nos art. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 18 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. § 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for à jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. § 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio tribunal de júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º). Art.75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. Art.76. A competência será determinada pela conexão: I. Se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por varias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II. Se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III. Quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstânciaselementares influir na prova de outra infração. Art.77. A competência será determinada pela continência quando: I. Duas ou mais pessoas forem mais acusadas pela mesma infração; II. No caso de infração cometida nas condições previstas nos art. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. A referência aqui é feita a dispositivos originais do Código Penal. Vide arts, 70, 73 e 74 da nova Parte Geral do mesmo Código. Art.78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: I. No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá à competência do júri; II. No concurso de jurisdições da mesma categoria: a) Prepondera a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; b) Prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; c) Firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; III. No concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior graduação; IV. No concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. Art.79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I.No concurso entre a jurisdição comum e a militar; II. No concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores; §1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobreviver o caso previsto no art. 152. §2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer à hipótese do art. 461. Art.80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 19 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente à separação. Art.81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuara competente em relação aos demais processos. Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri à competência por conexão ou competência, o juiz, se, vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absorver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. Art.82. Se, não obstante a conexão ou continência for instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. Art.83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecipado aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, §3º, 71, 72, §2º, e 78, II, c). Art.84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal e dos Tribunais de Apelação, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns ou de responsabilidade. Art.85. Nos processos por crime a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida à exceção da verdade. Art.86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: I. Os seus ministros, nos crimes comuns; II. Os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; III. O procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os ministros e embaixadores diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. Art.87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. Art.88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da Republica. Art.89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da Republica, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 20 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Art.90. Os crimes praticados a bordo da aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo da aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Art.91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção. COMENTÁRIOS: JURISDIÇÃO Em sentido amplo, significa o poder que autoridade judicial possui de conhecer e decidir os incidentes que ocorrem nas relações sociais. Em sentido restrito significa a faculdade que possui o poder judiciário de pronunciar concretamente a aplicação do direito objetivo, aplicando as normas jurídicas para solucionar conflitos de interesses. A jurisdição penal é o poder de decidir o conflito entre a pretensão punitiva estatal e o direito de liberdade do individuo. Em princípio, a jurisdição só pode ser exercida por quem tenho sido regularmente investido no cargo de juiz e esteja exercendo este cargo, sob pena de praticar o crime previsto no artigo 328 do código penal (usurpação de função pública). A jurisdição pode ser inferior ou superior. Fala-se em jurisdição inferior àquela que corresponde à primeira instância, os juízes de primeiro grau de jurisdição. Superior seria aquela jurisdição integrada pelos tribunais para apreciar os recursos das decisões da jurisdição inferir. Quanto à matéria, a jurisdição pode ser civil, militar, penal, e eleitoral, exercida pelos órgãos estaduais e federais. COMPETÊNCIA Entendendo-se por jurisdição o poder de aplicar o direito ao casoconcreto, resta estabelecer regras para o exercício desta atividade jurisdicional. Desta forma, o poder de julgar é distribuído por diversos órgãos do poder judiciário e, chamando-se esta distribuição de jurisdição de competência. Competência é o medido e o limite da jurisdição, é a delimitação do poder jurisdicional e. O artigo 61 do CPP determina critérios básicos para o restabelecimento da competência em matéria criminal: O lugar da infração - O código de processo penal adotou como regra local onde se consumou a infração como aqueles competentes para apreciar e julgar a ação penal. Adotou o CPP a teoria do resultado, que determina ser o local da consumação do delito o competente. No caso de tentativa, prevalecerá o local onde foi praticado o último ato de execução. Se for incerto o local onde foi consumado o delito, ou for incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições (comarca), a competência será firmada pela prevenção. Prevenção significa anterioridade de conhecimento. Assim, por exemplo, se um delito ocorreu na divisa entre o Rio de Janeiro e a cidade de Petrópolis, não havendo meios de precisar qual cidade ocorreu o delito, àquela que praticar o primeiro ato processual (o pedido de prisão preventiva, oferecimento de denúncia, etc.), será a Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 21 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br comarca competente para apreciar e julgar o delito. O mesmo ocorre nas hipóteses de crime continuado ou crime permanente. A competência nestas hipóteses será determinada pela prevenção, pois nestes delitos será impossível, devido à natureza destes crimes, aplicarem a regra do local da consumação. Competência pelo domicílio ou residência do réu-Não sendo possível indicar o local onde foi consumada a infração, a competência será determinada pelo domicílio ou residência do réu. Domicílio é o local onde a pessoa exerce suas ocupações habituais e, o ponto central de seus negócios com a intenção definitiva de residir. Já residência não existe esta estabilidade, podendo ser transitória, como uma casa de campo, etc. Este poderá ser o critério adotado para determinar a competência se, tratando-se de ação penal privada e, ainda que conhecido local da infração, o ofendido ou seu representante legal preferir propor a ação no foro do domicílio ou residência do réu. Tal opção é denominada de foro de eleição, muito comum em direito privado, sendo esta a única hipótese de escolha de competência no processo penal. Competência pela natureza da infração - Existem leis que determinam antecipadamente a competência de determinados órgãos para julgar determinadas ações. Podendo citar como exemplo a lei 9.099/95 que determinou que são competentes para apreciar e julgar as infrações de menor potencial ofensivo aos juizados especiais criminais, ou ainda a constituição federal que atribuem ao tribunal do júri a competência para julgar os crimes determinadas ações. Podendo citar como exemplo a lei 9.099/95 que determinou que são competentes para apreciar e julgar as infrações de menor potencial ofensivo os juizados especiais criminais; ou ainda a Constituição Federal, que atribui ao tribunal do júri a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. Competência por distribuição – Ocorrerá sempre que na mesma comarca ou vierem mais de um juiz igualmente competente alto suponhamos que em uma determinada cidade existam dez varas criminais competentes para apreciar um determinado delito. Será necessária a realização de um sorteio para que possa ser definido qual o juízo a apreciará a ação penal e. Competência por conexão ou continência - Nos artigos 76 a 82, o CPP prevê normas sobre conexão e continência. Estas, porém, não são causas que determinam a competência, como é o local onde foi consumada a infração penal, mas motivos que determinam a sua alteração, atraindo para o juízo crime que seria atribuição de outro Muitas vezes, apesar de terem sido praticados vários crimes, é aconselhável que haja um só processo que aprecie todos os crimes em conjunto. É o que ocorre na conexão. Imagine a hipótese de várias pessoas que ocasionalmente reunidas depredam um estádio de futebol. Cada pessoa cometeu o seu crime de dano (art. 163 do código penal). Porém, para uma melhor visão das provas, é Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 22 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br aconselhável a existência de um só processo, nos termos do art. 76, I do CPP. Já na continência existe um vínculo que impossibilita a existências de processos distintos. As hipóteses estão previstas no art. 77 do CPP, o concurso de pessoas e o concurso de crimes. Quando duas pessoas ou mais forem acusadas pela prática de uma infração penal, a competência jurisdicional será definida pela continência. Ex: João e Pedro invadem uma lanchonete e mediante o emprego de arma de fogo subtraem o dinheiro do caixa, tendo ambos os agentes cometidos o crime de roubo, previsto no art. 157, I e II do Código Penal. Nesta hipótese é obrigatória a existência de um só processo para apreciação e julgamento de João e Pedro, pois o delito foi cometido com concurso de agentes, hipótese de continência. A outra hipótese de continência é o concurso de crimes, quando o agente com uma só ação comete dois ou mais delitos. Ex.: João entra em um ônibus e mediante o emprego de grave ameaça exercida com arma de fogo, subtrai os pertences de todos os passageiros do coletivo. Neste caso João cometeu diversos crimes de roubo em concurso formal, havendo um só processo para apreciar sua conduta criminosa. Competência por prevenção – Conforme já estudado, prevenção significa anterioridade de conhecimento. Estará prevenida a competência de um juiz quando ele se antecipa aos demais, também competentes, por ter praticado ou ordenado algum ato processual. O Código de Processo Penal estabelece a prevenção como forma de fixar competência nas seguintes hipóteses: Crime continuado; crime permanente; crime consumado em local incerto; e conexão. Competência por prerrogativa de função – Trata-se do último critério determinante de competência, tendo o CPP considerado a função que o autor do delito exerce. Há pessoas que exercem cargos e funções de especial relevância para o Estado, devendo ser julgadas por órgão superiores da justiça, como medida de utilidade pública. A constituição federal estabelece nos artigos 102, I b e c e 105, I, a, hipóteses de competência pela prerrogativa da função referente ao Supremo Tribunal Federal e Supremo Tribunal de Justiça. Prevê ainda a competência dos Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, a). Vale ressaltar que a competência determinada pelo foro por prerrogativa de função exclui a regra do foro local da infração. Artigos do CPP referentes à prisão: Art.301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
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