______________________________________________________________________ 1 _______________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br ATUALIZAÇÃO EM INFECÇÃO HOSPITALAR 1. APRESENTAÇÃO As infecções hospitalares são as mais frequentes e importantes complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. No Brasil, estima-se que 5% a 15% dos pacientes internados contraem alguma infecção hospitalar. Uma infecção hospitalar acresce, em média, 5 a 10 dias ao período de internação. Além disso, os gastos relacionados a procedimentos diagnósticos e terapêuticos da infecção hospitalar fazem com que o custo seja elevado. A epidemiologia e a prática do controle das infecções hospitalares são disciplinas dinâmicas que estão sofrendo evolução constante. O conhecimento dos mecanismos de transmissão, aliados a ampliação dos recursos diagnósticos laboratoriais, delineou medidas objetivas para o controle. Entre os principais meios de prevenção incluem-se a lavagem de mãos, isolamento de doenças transmissíveis e medidas específicas para cada sítio de infecção. 2. OBJETIVOS Atualizar os graduandos e profissionais de enfermagem acerca do controle das infecções hospitalares. Esclarecer dúvidas a cerca dos procedimentos utilizados para o controle da infecção hospitalar. 3. PREMISSAS Ignaz Philipp Semmelweis, médico obstetra é considerado o pai do controle de infecções hospitalares. Em meados de 1840, este médico observou diferença de número de casos de infecções puerperais (infecções pós-parto) em duas clínicas do hospital de Viena. Na primeira clínica, as gestantes eram examinadas por estudantes de medicina que circulavam livremente entre a sala de autópsia nesta enfermaria. Na segunda clínica, os atendimentos eram realizados por parteiras e o número de infecções puerperais era muito menor. É importante lembrar que nesta época ainda não se conheciam os estudos de Pasteur a respeito da origem das infecções, então a existência de microrganismos não era conhecida. Certa vez, durante a realização de uma necropsia, um dos amigos de Semmelweis, foi ferido acidentalmente por um bisturi. Este profissional adquiriu uma infecção similar à das puérperas, levando Semmelweis a concluir que o mesmo havia sido contaminado pela “matéria cadavérica” que foi introduzida no sistema sanguíneo. Tal qual o bisturi da dissecção que introduziu material cadavérico na corrente sanguínea do patologista, as mãos contaminadas dos médicos estudantes carregavam material cadavérico da sala de autópsia para a mulher durante o exame de toque vaginal e o parto. Em maio de 1847 Semmelweis tornou compulsório para todos os médicos, estudantes de medicina e pessoal da enfermagem a lavagem das mãos com uma solução clorada, reduzindo drasticamente a mortalidade por infecção puerperal. A queda dos índices de infecção puerperal foi importante: de 12,24% para 1,89%. ______________________________________________________________________ 2 _______________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br 4. CONCEITOS IMPORTANTES Flora residente: permanente (os microorganismos vivem e se multiplicam). Flora transitória: passageira (os microorganismos sobrevivem apenas por curto período). Colonização: presença de flora bacteriana na pele ou mucosa. Infecção é uma doença que envolve microrganismos (bactérias, fungos, vírus e protozoários). Inicialmente ocorre a penetração do agente infeccioso (microrganismos) no corpo do hospedeiro (ser humano) e há proliferação (multiplicação dos microrganismos), com consequente apresentação de sinais e sintomas. Estes sinais e sintomas podem ser, entre outros: febre, dor no local afetado, alteração de exames laboratoriais, debilidade, etc. As infecções podem acometer diversas localizações topográficas de um indivíduo (partes do corpo), ou disseminar-se pela corrente sanguínea. Alguns agentes têm “preferência” por determinadas localizações topográficas, assim a localização da infecção depende do tipo de microrganismo. Método de Transmissão: Contato direto, Contato indireto, Fluidos contaminados e vias aéreas. 5. INFECÇÃO HOSPITALAR Infecção hospitalar ou infecção nosocomial é qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta quando essa infecção estiver diretamente relacionada com a internação ou procedimento hospitalar, como, por exemplo, uma cirurgia. Há mais de vinte anos, a infecção hospitalar era um fantasma que pairava nos quartos e corredores dos hospitais, assombrando apenas os médicos e enfermeiros. Termos como septicemia, diverticulite, infecção generalizada se popularizam. Desde então, a infecção hospitalar não mudou, apenas tornou-se mais conhecida, permanecendo como um dos flagelos mundiais na área de saúde, pois nenhum país tem o controle absoluto da infecção hospitalar, apenas existem países que possuem números mais baixos de contaminação. ______________________________________________________________________ 3 _______________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br O atendimento em unidades de saúde apresenta atualmente grande evolução tecnológica. Pacientes que no passado iriam evoluir a óbito, atualmente não só sobrevivem, como têm boa expectativa de vida, muitas vezes, sem sequelas. Situações como as de acidentes automobilísticos graves, recém-nascidos prematuros ou de baixo peso e indivíduos que necessitam de transplante de órgãos, são uma demonstração de como o atendimento hospitalar evoluiu. Em contrapartida, esta melhoria no atendimento e avanço tecnológico aumentou o número de procedimentos possíveis de serem realizados num hospital. Procedimentos que, ao mesmo tempo em que prolongam a vida, trazem consigo um risco aumentado de infecção. Muitos destes procedimentos são invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano. A primeira barreira de proteção do corpo é a pele, entretanto, a que mais frequentemente é rompida por procedimentos hospitalares (ex.: punção de veia para instalação de soro ou coleta de sangue). Ou seja, a melhoria no atendimento possibilita maior sobrevida, mas têm o ônus de elevar o risco de infecção. Estas técnicas invasivas favorecem a penetração de microrganismos que não pertencem ao corpo do hospedeiro. Para evitar que esta penetração ocorra, os procedimentos precisam ser padronizados de modo a serem desenvolvidos de maneira asséptica (sem a penetração de microrganismos). 6. COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possui profissionais que deverão executar as seguintes tarefas: ▪ Detectar casos de infecção hospitalar, seguindo critérios de diagnósticos previamente estabelecidos. ▪ Conhecer as principais infecções hospitalares detectadas no serviço e definir se a ocorrência destes episódios de infecção está dentro de parâmetros aceitáveis. Isto significa conhecer a literatura mundial sobre o assunto e saber reconhecer as taxas aceitáveis de infecção hospitalar para cada tipo de serviço.