Buscar

Da Ordem Social

Prévia do material em texto

DA ORDEM SOCIAL
Com forte influência por parte da Constituição de Weimar de 1919, a ordem social foi introduzida na Constituição brasileira de 1934, elencada juntamente com a ordem econômica. No entanto, a partir da Constituição Federal de 1988, a ordem social foi destacada em um Título próprio (Título VIII). 
Em princípio, cabe ressaltar que “a ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social”, conforme art. 193, da Constituição Federal. 
Dessa maneira, destaca José Afonso da Silva, que:
“ter como objetivo o bem-estar e a justiça sociais quer dizer que as relações econômicas e sociais do país, para gerarem o bem-estar, hão de propiciar trabalho e condição de vida, material, espiritual e intelectual, adequada ao trabalhador e a sua família, e que a riqueza produzida no país, para gerar justiça social, há de ser equanimemente distribuída” (SILVA, 2007, p. 758).
O Título VIII, Da Ordem Social, abarca os seguintes temas: seguridade social (saúde, previdência social e assistência social); educação, cultura e desporto; ciência, tecnologia e inovação; comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente, jovem e idoso; e o índio. Como afirma Marcelo Novelino, “ algumas dessas matérias nada têm de sociais e não possuem qualquer relação entre si, exceto pelo fato de evidenciarem, ainda mais, a prolixidade de nossa Constituição” (NOVELINO, 2012, p. 1041).
1. SEGURIDADE SOCIAL
“A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”, conforme art. 194, da Constituição Federal de 1988. Desse modo, configuram-se como direitos de segunda geração, no qual possuem caráter positivo por exigir uma atuação do Estado. 
O objetivo central da seguridade social, é proteger aqueles que estejam impedidos de provisionar as necessidades própria e de sua família (CUNHA JÚNIOR, 2014). Possui como princípios: 
“I – universalidade da cobertura e do atendimento;
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
V – equidade na forma de participação no custeio;
VI – diversidade da base de financiamento;
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgão colegiados” (art. 194, parágrafo único, incisos I a VII, da CF/88).
Por fim, “a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”, conforme art. 195, da Constituição Federal. Também será financiada de acordo com as seguintes contribuições sociais:
“I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro;
II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III – sobre a receita de concursos de prognósticos;
IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar” (art. 195, incisos I a IV, da CF/88).
Ainda, segundo o § 3º, do art. 195, da Constituição Federal de 1988, “não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei”.
Conforme art. 195, § 7º, da Constituição, “são isentas de contribuições para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”.
1.1. SAÚDE
“A saúde é direito de todos e dever só Estado, garantindo mediante políticas públicas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, conforme art. 196, da Constituição Federal de 1988.
Tal direito, possui relação direta com a dignidade da pessoa humana, e é concedida para qualquer pessoa humana que estiver em território brasileiro, sendo este brasileiro ou estrangeiro. A saúde compõe o seleto grupo do mínimo existencial, sendo de responsabilidade do Estado a prestação desta. No entanto, não é descartado o papel da família e também da sociedade nesta área, que são de extrema relevância. 
Cabe ressaltar que “são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica”, de acordo com o art. 197 da Constituição. 
Ainda, quando tal direito fundamental não for devidamente prestado, ou ocorrer omissão do Estado em tal prestação, é legítimo para acionar o Poder Judiciário qualquer pessoa, brasileiro ou estrangeiro. 
“As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem o sistema único, que será financiado pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios”, como dispõe o art. 198 e o § 3º, do art. 198, da Constituição Federal de 1988. Por fim, o sistema único de saúde será organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
“I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III- participação da comunidade” (art. 198, incisos I a III, da CF/88).
A Emenda Constitucional n. 51 de 2006, integrou no § 4º, do art. 198, do texto constitucional, a possibilidade da contratação de “agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação”.
Dispõe o art. 199, da Constituição que “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada”. E no § 1º, do mesmo artigo, institui-se que “as instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos”. 
Por fim, é competência do sistema único de saúde:
“I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II – executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (art. 200, incisos I a VIII, da Constituição Federal de 1988).
1.2. PREVIDÊNCIA SOCIAL
Como bem conceitua Nathalia Masson, 
“a previdência social é o seguro social do contribuinte. É uma instituição pública, cuja principal função é a de garantir proteção ao trabalhador contribuinte e sua família,transferindo a eles uma renda sempre que houver a perda de capacidade de trabalho – seja por doença, invalidez, idade avançada, morte ou desemprego involuntário – , ou mesmo em razão da maternidade e da reclusão” (MASSON, 2015, p. 1263).
“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”, como dispõe o art. 201, da Constituição Federal de 1988. Ainda, a previdência social atenderá a:
“I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II – proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V – pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes” (incisos I a V, do art. 201, da CF/88).
Cabe destacar, que “nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo”, conforme § 2º, do art. 201, da Constituição. 
Ainda, “é assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei”, como dispõe o § 7º, do art. 201 da Constituição Federal de 1988, e possui as seguintes condições:
“I – 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher;
II – 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, reduzidos em 5anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal” (incisos I e II, do § 7º, do art. 201, da CF/88).
Por fim, “o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantem o benefício contratado, e regulado por lei complementar”, de acordo com o art. 202, da Constituição Federal de 1988. 
1.3. ASSISTÊNCIA SOCIAL
É deveras importante destacar que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”, conforme art. 203, da Constituição Federal de 1988, e possui como objetivos:
“I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; 
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provido por sua família, conforme dispuser a lei” (incisos I a V, do art. 203, da CF/88).
Ainda, “as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes” de acordo com o art. 204, da Constituição, e serão organizadas com base nas seguintes diretrizes:
“I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas ferais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II – participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis” (incisos I e II, do art. 204, da CF/88).
Por fim, “é facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida”, como dispõe o parágrafo único, do art. 204, da Constituição Federal de 1988.
2. EDUCAÇÃO
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, conforme art. 205, da Constituição Federal de 1988. 
Desse modo, anota Anísio Teixeira:
“Obrigatória, gratuita e universal, a educação só poderia ser ministrada pelo Estado. Impossível deixá-la confiada a particulares, pois estes somente podiam oferecê-la aos que tivessem posses (ou a 'protegidos') e daí operar antes para perpetuar as desigualdades sociais, que para removê-las. A escola pública, comum a todos, não seria, assim, o instrumento de benevolência de uma classe dominante, tomada de generosidade ou de medo, mas um direito do povo, sobretudo das classes trabalhadoras, para que, na ordem capitalista, o trabalho (não se trata, com efeito, de nenhuma doutrina socialista, mas do melhor capitalismo) não se conservasse servil, submetido e degradado, mas, igual ao capital na consciência de suas reivindicações e dos seus direitos” (TEIXEIRA, 1957, p. 80).
O art. 206 da Constituição, dispõe os princípios que serão base para o ensino:
“I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; 
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade; 
VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos da lei federal” (incisos I a VIII, do art. 206, da CF/88). 
É importante destacar que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”, de acordo com o art. 207, da Constituição.
Dispõe o art. 208, da Constituição Federal de 1988 que a educação é dever do Estado, e será efetivada mediante as seguintes garantias:
“I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde” (incisos I a VII, do art. 208, da CF/88).
“O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público”, conforme art. 209, incisos I e II, da Constituição.
“Os conteúdos mínimos para o ensino fundamental serão fixados, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”, como dispõe o art. 210, da Constituição Federal de 1988. Ainda, “o ensino religioso, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, e será de matrícula facultativa”, § 1º, do art. 210. Por fim, “o ensono fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processospróprios de aprendizagem”, § 2º, do art. 210.
Dispõe o art. 211, da Constituição Federal de 1988, que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”, do seguinte modo:
“§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
§ 2º Os municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio” (§§ 1º a 3º, do art. 211, da CF/88).
“A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”, conforme o art. 212, da Constituição. Ainda, o § 5º, do referido artigo, admite que “a educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei”.
Por fim, de acordo com o art. 214, da Constituição Federal de 1988:
“A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino; 
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto” (incisos I a VI, do art. 214, da CF/88).
3. CULTURA
“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, conforme o art. 215, da Constituição Federal de 1988. Ainda, “o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”, como dispõe o § 1º, do referido artigo.
De acordo com tal direito, importante destacar as palavras de José Afonso da Silva:
“o direito à cultura é um direito constitucional que exige ação positiva do Estado, cuja realização efetiva postula uma política cultural oficial. A ação cultural do Estado há de ser ação afirmativa que busque realizar a igualação dos socialmente desiguais, para que todos, igualmente, aufiram os benefícios da cultura” (SILVA, 2007, p. 802).
De acordo com o § 3º, do art. 215, da Constituição, “a lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à”:
“I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura;
V – valorização da diversidade étnica e regional” (incisos I a V, do § 3º, do art. 215, da CF/88).
Segundo o art. 216, “constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem”:
“I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (incisos I a V, do art. 216, da CF/88).
Segundo o § 1º, do art. 216, “a proteção ao patrimônio cultural brasileiro será realizado pelo Poder Público, com a colaboração da comunidade, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e despropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”. Ainda, “a lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais”, como dispõe o § 3º, do referido artigo.
Conforme § 4º, do art. 216, “os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei”. E importante destacar, que “ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos”, como aduz o § 5º, de tal artigo.
“É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular ao fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais”, conforme o § 6º, do art. 216, da Constituição Federal de 1988.
Ainda, de acordo com o art. 216-A, acrescentado pela Emenda Constitucional n.71, de 2012, aduz que:
“o Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais” (art. 216-A, da CF/88).
Segundo o § 1º, do art. 216-A, “o Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios”:
“I – diversidade das expressões culturais; 
II – universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
III – fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;
IV – cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural;
V – integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;
VI – complementariedade nos papéis dos agentes culturais;
VII – transversalidades das políticas culturais;
VIII – autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
IX – transparência e compartilhamento das informações; 
X – democratização dos processos decisórios com participação e controle social;
XI – descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;
XII – ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura” (incisos I a XII, do § 1º, do art. 216-A, da CF/88).
Por fim, de acordo com o § 2º, do art. 216-A, “constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da Federação”:
“I – órgãos gestores da cultura;
II – conselho de política cultural;
III – conferências de cultura;
IV – comissões intergestores;
V – planos de cultura;
VI – sistemas de financiamento à cultura;
VII – sistemas de informação e indicadores culturais;
VIII – programas de formação na área da cultura;
IX – sistemas setoriais de cultura” (incisos I a IX, do § 2º, do art. 216-A, da CF/88).
4. DESPORTO
“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um”, como prevê o art. 217, da Constituição Federal de 1988. No entanto, observados:
“I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, emcasos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional” (incisos I a IV, do art. 217, da CF/88).
Segundo Araújo e Nunes Júnior, 
“os direitos sociais objetivam a formação do ser humano integral: agente da sociedade, das relações de trabalho, construtor do mundo moderno e, ao mesmo tempo, um ser relacional, humano, que, desse modo, deve integrar sua vida com o lazer, o convívio familiar e a prática desportiva. Assim, o desporto, quer como forma de lazer, quer como parte da atividade educativa, quer ainda em caráter profissional, foi incorporado ao nosso sistema jurídico no patamar de norma constitucional” (ARAUJO; NUNES JÚNIOR, 2006, p. 493).
Ainda, com base no § 1º, do art. 217, “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competências desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei”. Tendo esta, “prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final”, de acordo com o § 2º, do referido artigo.
E, por fim, “o Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social”, segundo o § 3º, do art. 217, da Constituição Federal de 1988.
5. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
“O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação”, conforme art. 218, da Constituição Federal de 1988. Ainda, de acordo com § 1º, do referido artigo, “a pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação”. 
Dispõe o § 2º, do art. 218, que “a pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional”. Já no § 3º, do mesmo artigo, aduz que “o Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho”. Ainda, 
“a lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho” (§ 4º, do art. 218, da CF/88).
Conforme o § 5º, do art. 218, é importante destacar, que “é facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica”.
Segundo o § 6º, do art. 218, cabe ao “Estado, na execução das atividades previstas no caput, estimular a articulação entre entes, tanto públicos quanto privados, nas diversas esferas de governo”. Ainda “o Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à execução das atividades previstas no caput”, como dispõe o § 7º, do referido artigo.
“O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal”, conforme art. 219, da Constituição Federal de 1988. Importante ressaltar ainda, que
“o Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia” (parágrafo único, do art. 219, da CF/88).
Dispõe o art. 219-A, da Constituição, que
“a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o compartilhamento de recursos humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante contrapartida financeira ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei” (art. 219-A, da CF/88). 
Por fim, “o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação”, de acordo com o art. 219-B, da Constituição Federal de 1988.
6. COMUNICAÇÃO SOCIAL
Importante vitória conquistada, o direito da comunicação social surge num período com resquícios de uma ditadura militar, no qual houve, restrições às liberdades democráticas e de imprensa (LENZA, 2015).
“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”, conforme art. 220, da Constituição Federal de 1988. Ainda, “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”, como dispõe o § 1º, do mesmo artigo. 
A Constituição ainda “veda toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”, prevista no § 2º, do art. 220. O § 3º, do mesmo artigo, prevê as competências à lei federal:
“I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televição que contrariem o disposto no art. 221, bem como a propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente” (incisos I e II, do § 3°, do art. 220, da CF/88).
O texto constitucional se preocupa em estabelecer que “os meios de comunicação social, não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”, conforme o § 5º, do art. 220. Ainda, o § 6º, do mesmo artigo, dispõe que “a publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade”.
É importante destacar, com base no art. 221, que “a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios”:
“I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção endependente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultutal, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família” (incisos I a IV, do art. 221, da CF/88).
“A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País”, corforme disposto no art. 222.
De acordo com o art. 223, “compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementariedade dos sistemas privado, público e estatal”, e deverão ser observados os seguintes fatores:
“§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do recebimento da mensagem.
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitoslegais após deliberação do Congresso Nacional, na forma ds parágrafos anteriores.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão” (§§ 1º a 5º, do art. 223, da CF/88).
Por fim, “para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei”, de acordo com o art. 224, da Constituição Federal de 1988.
7. MEIO AMBIENTE
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”, conforme o art. 225, da Constituição Federal de 1988.
José Afonso da Silva, afirma que 
“... a expressão meio ambiente se manifesta mais rica de sentido (como conexão de valores) do que a simples palavra ambiente. Esta exprime o conjunto de elementos; aquela expressa o resultado da interação desses elementos. O conceito de meio ambiente há de ser pois, globalizante, abrangente de toda a natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico,turístico, paisagístico e arqueológico” (SILVA, 1995, p. 2).
Segundo o § 1º, do art. 225, “para assefurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público”:
“I – preservar e restaurar os processos ecológiocos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, e que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (incisos I a VII, do § 1º, do art. 225, da CF/88).
A presente Constituição se preocupou em estabelecer que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”, previsto no § 2º, do art. 225. Ainda, “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, de acordo com o § 3º, do referido artigo.
É deveras importante destacar, com base no § 4º, do art. 225, que
“a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais” (§ 4º, do art. 225, da CF/88).
Ainda, “são indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais”, conforme § 5º, do art. 225. 
Finalmente, “as usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas”, como prevê o § 6º, do art. 225, da Constituição Federal de 1988.
8. DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, conforme o art. 226, da Constituição Federal de 1988. Ainda, “o casamento é civil e gratuita a celebração”, como prevê o § 1º, do art. 226. Finalmente, dispõe o § 2º, do mesmo artigo, que “o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. 
Segundo o § 3º, do referido artigo, “para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendoa lei facilitar sua conversão em casamento”. No entanto, como bem ensina Lenza, deve-se ter uma interpretação mais ampla quanto à união estável, a fim de abarcar também a união homoafetiva, por fim, Pedro Lenza justifica,
“parece, então, que a união homoafetiva, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III – regra-matriz dos direitos fundamentais), do direito à intimidade (art. 5º, X), da não discriminação, enquanto objetivo fundamental do Estado (art. 3º, IV), da igualdade em relação ao tratamento dado à união estável entre um homem e uma mulher (art. 5º, caput), deva ser considerada entidade familiar e, assim, ter o tratamento e proteção especial por parte do Estado, exatamente como vem sendo conferido à união estável entre um homem e uma mulher” (LENZA, 2015, p. 1443).
A Constituição preocupou-se em integrar também importante acontecimento muito comum atualmente, no qual “entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”, previsto no § 4º, do art. 226. Ainda, “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”, como anota o § 5º, do referido artigo. 
Segundo o § 6º, do art. 226, entende-se que “o casamento civil pode ser dissolvido por divórcio”. Cabe ressaltar ainda, de acordo com o § 7º, do mesmo artigo, que 
“fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas” (§ 7º, do art. 226, da CF/88).
Ainda, “o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”, conforme § 8º, do art. 226, da Constituição Federal de 1988.
Segundo o art. 227, caput, com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 65, de 2010, 
“é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (art. 227, da CF/88).
De acordo com o § 1º, do art. 227, “o Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas”, e com obediência aos seguintes preceitos:
“I – aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social de adolescente e de jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso ao bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arrquitetônicos e de todas as formas de discriminação” (incisos I e II, doart. 227, da CF/88).
Ainda, em consonância ao inciso anterior, a própria Constituição no § 2º, do art. 227, garante que “a lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência”.
Conforme o § 3º, do art.227, da Constituição Federal de 1988, “o direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos”:
“I – idade mínima de quatorze anos para a admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II – garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV – garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V – obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI – estimulo do Poder Público, através da assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII – programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins” (incisos I a VII, do § 3º, do art. 227, da CF/88).
Importante destacar que “a lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente”, conforme prevê o §4º, do art. 227. 
Segundo o § 5º, do art. 227, “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Ainda, “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”, de acordo com o § 6º, do referido artigo.
A Constituição ainda prevê, no § 8º, do art. 227, que a lei estabelecerá:
“I – o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II – o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas” (incisos I e II, do § 8º, do art. 227, da CF/88).
Aduz o art. 228, da Constituição, que “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. Ainda, “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”, conforme art. 229.
“A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”, de acordo com o art. 230, da Constituição. Ainda, “os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares”, como prevê o § 1º, do art. 230. E por fim, “aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos”, conforme o § 2º, do art. 230, da Constituição Federal de 1988.
9. ÍNDIOS
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”, corforme o caput, do art. 231, da Constituição Federal de 1988.
Segundo o § 1º, do art. 231, 
“são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanete, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições” (§ 1º, do art. 231, da CF/88).
“As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”, como aduz o § 2º, do art. 231. Ainda, conforme o § 3º, do referido artigo, 
“o aproveitamento dos recursus hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei” (§ 3º, do art. 231, da CF/88).
Aduz o § 4º, do art. 231, que “as terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis”. Nesse sentido, estabelece o § 5º, do mesmo artigo, que 
“é vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação no Congresso Nacional, garantindo, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco” (§ 5º, do art. 231, da CF/88).
Finalmente, de acordo com o § 6º, do art. 231, da Constituição, 
“são nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé” (§ 6º, art. 231, da CF/88).
Ainda, segundo José Afonso da Silva, 
“... a relação entre o indígena e suas terras não se rege pelas normas de direito civil. Sua posse extrapola a órbita puramente privada, porque não é e nunca foi simples ocupação da terra para explorá-la, mas base de seu habitat, no sentido ecológico de interação do conjunto de elementos naturais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida humana” (SILVA, 2007, p. 870).
Por fim, “os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e intereses, intervindo o Ministério Público em todos os processos”, conforme art. 232, da Constituição Federal de 1988.
10. REFERÊNCIAS
Constituição da República Federativa do Brasil – 1988. 
SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 4ª Edição. São Paulo: Malheiros. 2007. 
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6ª Edição. São Paulo: Método. 2012.
CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional. 8ª Edição. 2014.
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 3ª Edição. Salvador: JusPODIVM. 2015.
TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. São Paulo: José Olympio. 1957.
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2006.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2015.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros. 1995.

Continue navegando