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JURISDIÇÃO
Etimologia
A palavra jurisdição deriva do latim juris (direito) dictionis (direção; ação de dizer). Portanto, o termo jurisdição significa exatamente isso: dizer o direito.[1: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 163.]
Jurisdição no Direito romano
A jurisdição não fazia parte, na república romana, dos poderes de império. Diferenciava-se a jurisdictio (dizer o direito) do imperium (poder executar o que foi decidido). A jurisdictio era efetuada pelos jurisconsultos nomeados pelos pretores e a execução das decisões era feita pelos próprios pretores (imperium). O pretor nomeava árbitros para decidir as causas e o próprio pretor as executava. [2: Antes da última guerra civil que vem a transformar em Império Romano.][3: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 109.]
Durante o Império Romano houve a concentração do poder, passando a jurisdição a integrar os poderes do império de forma a não haver jurisdição sem execução.[4: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 110.]
Houve um retrocesso na Idade Média por se entender que a jurisdição consistiria apenas no conhecimento e não na execução das decisões, como se decidir fosse mais importante do que executar o que foi decidido.[5: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 110.]
Jurisdição para Carnelutti
Para Francesco Carnelutti: “o fim da jurisdição é o da justa composição da lide, ou seja, do conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro.”[6: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 164.]
Em outras palavras:
“Carnelutti faz referência ao fato de que a jurisdição tem como característica uma atividade exercida sempre com relação a uma lide.”[7: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 92.]
Segundo essa teoria não há jurisdição na jurisdição voluntária, porque não existe um autêntico conflito de interesses. Inicialmente entendia também não existir jurisdição no processo de execução, o que foi superado. [8: Alvará, interdição etc.][9: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 110.]
Crítica: “A conceituação finalística de jurisdição proposta por Carnelutti apresenta pelo menos dois problemas. O primeiro reside no próprio conceito de lide – o conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro -, sem o qual para ele não haveria processo. Esse conceito é inadequado para caracterizar os conflitos de interesses contemporâneos, como os que envolvem os direitos difusos. O segundo é que não é apenas o estado-juiz que compõe a lide. A lide pode ser composta, no âmbito do estado, através de sua função administrativa, bem como no âmbito das relações privadas.”[10: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 165.]
Jurisdição para Chiovenda
“Segundo Chiovenda, é possível definir a jurisdição como a função do estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la praticamente efetiva.”[11: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 111.]
Em outras palavras:
“Chiovenda afirma que a jurisdição tem um caráter substitutivo, pois substitui a vontade das partes. Há a substituição da vontade das partes pela vontade imperativa do Estado. A atividade privada é substituída pela atividade pública. A outra característica é que a jurisdição tem por fundamento a atuação do direito, de forma a fazer justiça ou de dar a quem o tem, pacificando a relação social.”[12: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 91-92.]
Traço característico dessa teoria é atividade substitutiva, alvo de críticas.
O ponto positivo é que demonstrou a natureza jurisdicional da execução.
Defende que as funções do estado de legislar e de aplicar a lei são absolutamente separadas e antagônicas.
Caberia ao juiz apenas aplicar a lei produzida ao caso concreto, mas hoje se percebe que para a aplicação da lei também é necessária uma interpretação dessa ao caso concreto.[13: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 165.]
Jurisdição para Mauro Capeletti
Para o fato de que o juiz não pode ter interesse pessoal na relação entre as partes, deve ser imparcial para o exercício da jurisdição. “Na jurisdição, o juiz atua acima das partes ou super partes.”[14: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 92.]
Jurisdição de acordo com Cintra, Grinover e Dinamarco
“sabe-se que é uma das funções assumidas e exercidas pelo Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça.”[15: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 165.]
A função pacificadora da jurisdição a distingue das demais funções do Estado (legislação e administração).
Para alcançar os objetivos da jurisdição que o Estado instituiu o sistema processual, ditando normas a respeito (direito processual), criando órgãos jurisdicionais e exercendo o seu poder através deles.
As atividades do Estado são exercidas através de pessoas físicas, seus agentes que não agem em seu próprio nome, mas como órgãos do Estado e sua imparcialidade é uma exigência da lei. Caso tenha interesse no litígio ou razão para favorecer uma das partes, não deve atuar no processo.
Jurisdição na expressão contemporânea
Objeto de conflito: “Os bens da vida (isto é, as coisas ou valores necessários ou úteis à sobrevivência do homem, bem como a seu aprimoramento) nem sempre existem em quantidade suficiente para atender, com sobra, às exigências de todos os indivíduos (tal como se passa com a luz do sol e o ar atmosférico). Daí que, com frequência, os mesmos objetos são utilizados ou disputados por mais de uma pessoa. Assim, o dono e o inquilino utilizam, simultaneamente, o mesmo bem da vida, mas a título e modo distintos. O dono obtém uma renda e o locatário, um lugar onde morar. Logra-se, por acordo de vontade, uma harmonização de interesses concorrentes.
Há conflito de interesses quando mais de um sujeito procura usufruir o mesmo bem. Mas o contrato, por exemplo, é uma das fontes de compor esse conflito, justamente porque concilia os interesses concorrentes, acomodando-os de acordo com as conveniências recíprocas. Há litígio quando o conflito surgido na disputa em torno do mesmo bem não encontra uma solução voluntária ou espontânea entre os diversos concorrentes. Aí o primeiro persistirá na exigência de que o segundo lhe entregue o bem e este resistirá, negando cumprir o que lhe é reclamado.” [16: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2011, v. 1, p. 47.]
 
Solução: “Na perspectiva contemporânea, a jurisdição consiste no poder-dever do estado-juiz de declarar e executar os direitos conforme as pretensões que lhe são formuladas, segundo os valores eprincípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, garantindo o seu respeito efetivo no âmbito dos fatos, na vida dos litigantes.”[17: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 169.]
É esse o sentido do art. 5º., XXXV, CF, ou seja, a inafastabilidade da jurisdição 
Art. 5º [CRFB]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
“(...)se a jurisdição institucionalizada é uma forma de expressão do poder do estado, é claro que por meio dela devem ser canalizados os fins desse estado. E se o objetivo do estado é assegurar o bem comum – realizar a justiça social -, pode-se dizer que, nos limites da jurisdição, o fim do estado também é a efetivação desse mesmo objetivo.” Para Dinamarco a finalidade da jurisdição está na realização do bem comum. Defende a necessidade de um sistema processual que se adapte à realidade social, considerando a interdependência e o princípio da solidariedade, assim como a facilitação do acesso à justiça.[18: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 166.]
Dinamarco defende que a decisão judicial deve ser justa, útil e possua legitimidade. Finalmente o Estado deve decidir e impor sua decisão, utilizando-se da força, se necessário, para afirmar sua autoridade. Considera, ainda, fundamental a existência de uma última instância para a qual possam os indivíduos recorrer, quando seus direitos forem desrespeitados. Considera e defende que o Estado contemporâneo é intervencionista, para alcançar sua função social. Sua teoria possui visão constitucional do Direito Processual e desempenha suma importância na teoria processual brasileira.[19: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 167-169.]
Os conflitos não resolvidos de forma espontânea deverão ser resolvidos pelo Poder Judiciário mediante o exercício da jurisdição. Há casos que poderão ser resolvidos por árbitros escolhidos pelas partes, mas devem tratar-se de direitos patrimoniais disponíveis. Nesse caso não se trata de jurisdição plena, eis que caso seja necessária a execução, terá que ser realizada pelo Poder Judiciário.[20: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 169.]
Dinamarco e Lopes destacam que “a jurisdição arbitral é exercida com fundamento em um poder, mas, diferentemente do que se dá com a jurisdição estatal, a fonte do poder do árbitro não é o imperium soberano do Estado, como a do Estado-juiz, mas a vontade bilateral das partes que houverem optado pela arbitragem, sem a qual esta não será admissível.”[21: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 79.]
Visão reducionista A grosso modo, jurisdição “deve ser compreendida no sentido de exercício da função jurisdicional, função típica (fim) do Poder Judiciário, que o caracteriza como tal.”[22: BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 111.]
Processo jurisdicional 
O processo jurisdicional é um meio que tem por finalidade de tutelar os direitos materiais das partes, solucionando os conflitos por meio da jurisdição.
Processo jurisdicional: “é o instrumento de que se serve o Estado, para no exercício da sua função jurisdicional, com a participação das partes e obedecendo ao procedimento estabelecido na legislação respectiva, eliminar os conflitos de interesses, solucionando-os.”[23: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 10.]
Princípios da jurisdição
a) Inafastabilidade - garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, o legislador não pode afastar nenhum conflito do Judiciário, não pode colocar limites ao direito de ação (é dele que decorre o próprio direito de ação).[24: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 171.]
Art. 5º [CRFB]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Nota: “Na arbitragem não é [o] legislador, mas as próprias partes que afastam um determinado conflito do Poder Judiciário, e só podem fazê-lo quando envolve bens patrimoniais disponíveis, conforme dispõe o art. 1º. da Lei nº. 9.307/1996. A lei de arbitragem prevê a possibilidade de as partes por ela optarem, mas não as obriga; portanto, o legislador não está afastando um conflito do Poder Judiciário, mas sim autorizando as partes a fazerem-no em situações muito específicas, nas quais claramente não há interesse público ou social, ou bens indisponíveis ou protegidos.”[25: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 171.]
b) Inevitabilidade – como a autoridade dos órgãos jurisdicionais são uma emanação do próprio poder estatal soberano, imposta sobre as partes, essas estão sujeitas ao resultado do processo, uma vez provocada a jurisdição. [26: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 163.]
Noutras palavras, ninguém pode fugir aos efeitos dos atos dos órgãos jurisdicionais (esse princípio decorre diretamente da garantia da inafastabilidade).[27: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 171.]
c) Indeclinabilidade – os órgãos jurisdicionais e seus ocupantes não podem declinar de prestar a jurisdição, não podem se negar a decidir os conflitos quando for de sua competência (esse princípio também decorre diretamente da garantia da inafastabilidade)[28: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 171.]
d) Indelegabilidade - os órgãos jurisdicionais e seus ocupantes não podem delegar seu exercício a nenhuma outra instituição ou pessoa (decorre da garantia do juiz natural, previsto no art. 5º., XXXVII e LIII, da CRFB/88).[29: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 171.]
De acordo com interpretação da norma contida na CF, é vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições. A Constituição fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário e nem a lei, nem algum membro pode alterar a distribuição feita.[30: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 163.]
Atente-se: “O juiz que depreca uma carta precatória para outro juiz não está delegando suas funções, mas cada um tem competência para decidir dentro do seu território, e não fora dele.”[31: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 93.]
e) Irrevogabilidade dos atos jurisdicionais ou princípio da imutabilidade ou definitividade das decisões judiciais - uma vez tendo a sentença transitado em julgado, os outros poderes (Legislativo ou Executivo) ou mesmo o Judiciário não poderá modificá-la. 
Art. 5º [CRFB]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Coisa julgada - “é a imutabilidade dos efeitos de uma sentença, em virtude da qual nem as partes podem repropor a mesma demanda em juízo ou comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juízes podem voltar a decidir a respeito, nem o próprio legislador pode emitir preceitos que contrariem, para as partes, o que já ficou definitivamente julgado.”[32: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo.28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 160.]
f) Inércia inicial - para a manifestação dos órgãos jurisdicionais deve haver a provocação das partes (ou do MP - titular da ação penal), garantindo a imparcialidade de seus agentes (decorre do direito de ação).[33: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 172.]
Importante frisar que “o autor tem liberdade para optar, segundo sua própria vontade, por provocar ou não provocar o exercício da jurisdição pelo Estado-juiz (princípio da demanda, ou da inércia do juiz), mas uma vez instaurado o processo ele estará, tanto quanto o réu, em estado de sujeição.”[34: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 79.]
Art. 2o [CPC] O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Art. 17.  [CPC] Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
No processo penal, o titular da pretensão punitiva – MP – não tem o poder de livre disposição, ou seja, a seu critério decidir se propõe ou não a ação penal. Vigem aí os princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade, mesmo assim, o processo não se instaura ex officio, mas mediante provocação do MP (ou do ofendido, no casos de ação penal privada).É sempre uma insatisfação que motiva a instauração do processo. É preciso esclarecer que lide e litígio são sinônimos e correspondem a um evento anterior ao processo. Mas sua existência constitui conditio sine qua non do processo, por inexistindo conflito, não existe processo.[35: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 159.][36: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2011, v. 1, p. 46.]
Há exceções à regra da inércia dos órgãos jurisdicionais. Ex.: Pode o juiz declarar ex officio a falência de uma empresa sob o regime de recuperação judicial, quando verificar que falta algum requisito para o prosseguimento desta (Lei 11.101/05 – arts. 73 e 74).
g) Imparcialidade - a jurisdição deve ser exercida por um terceiro imparcial, por meio de um processo dialético, em que serão necessariamente ouvidas as partes para que ao final o ocupante do órgão jurisdicional proferida decisão e a execute, se necessário (decorre da garantia do juiz natural – art. 5º., XXXVII e LIII, CRFB/88).
h) Investidura – a jurisdição será exercida por quem foi regularmente investido na autoridade de juiz. Sérgio Pinto Martins acrescenta que o mesmo pode ocorrer com o árbitro, “se assim as partes escolherem para dirimir o litígio entre elas.”[37: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 162.][38: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 93.]
i) Juiz natural - ninguém pode ser privado do julgamento por juiz independente e imparcial. A Constituição Federal proíbe os tribunais de exceção, instituídos para o julgamento de determinadas pessoas ou casos, sem previsão constitucional. [39: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 164.]
Art. 5º [CRFB]
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
É preciso distinguir tribunais de exceção de Justiças especiais (Militar, Eleitoral e Trabalhista), que são instituídas pela CF.
j) Aderência ao território – cada juiz só pode exercer a sua autoridade nos limites territoriais do Estado sujeito por lei à sua jurisdição. [40: CINTRA, A.C. de; GRINOVERA, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 28.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012, p. 162.]
Lembrar: A JURISDIÇÃO é UNA! 
Muito embora se fale em jurisdição civil e penal, Justiça Federal e Justiça Estadual, o poder-dever é UNO e INDIVISÍVEL.
Barroso lembra:
“As divisões decorrentes de sua repartição administrativa entre os diversos órgãos só têm relevância para o aspecto da funcionalidade da justiça, não retirando da jurisdição sua natureza una.” [41: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 41.]
Espécies de jurisdição - para fins didáticos:[42: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 3. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 116.]
a) Jurisdição de direito e de equidade - na de direito, o juiz deve aplicar o direito pré-existente; na de equidade, o juiz está autorizado por lei a criar o direito para o caso. (É uma forma justa de aplicação do direito, interpretando a norma).
“Em princípio cumpre ao juiz decidir segundo as regras enunciadas no direito positivo, ou seja, na lei (...). Por lei entendem-se todas as normas postas pelos entes dotados de competência para isso, em todos os níveis (Constituição, lei complementar ou ordinária federal, fontes estaduais ou municipais, regulamentos em geral etc), sendo que julgar segundo tais normas é um fator de segurança inerente à legalidade imposta pelo Estado de direito. Isso não significa que no exercício da própria jurisdição de direito o juiz esteja impedido de interpretar os textos legais a partir dos valores da sociedade, nem que ele esteja vinculado à letra da lei, sem atenção a tais valores, às realidades da vida ou às peculiaridades de cada caso concreto – dispondo o art. 8º. do Código de Processo Civil que, ‘ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.’ Julgar por equidade, ao contrário, é pautar-se por critérios não contidos em lei alguma e não apenas interpretar inteligentemente os textos legais. Ao julgar por equidade o juiz remonta ao valor do justo e à realidade humana, econômica, política, cultural, social ou familiar em que se insere o conflito – à aequitas enfim – para retirar daí os critérios com base nos quais julgará. Mesmo um julgamento por equidade deve ser feito com impessoalidade, sem ter por fonte os gostos pessoais ou preferências axiológicas do julgador.”[43: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 82-83.]
b) Jurisdição Comum e Especial - comum é a exercida pelas justiças comuns (ex.: dos Estados); especial é a exercida pelas justiças especializadas (militar, eleitoral, do trabalho);
c) Jurisdição penal e civil - penal é aquela exercida na aplicação da lei penal e por exclusão civil é toda aquela que não é penal;
d) Jurisdição superior e inferior - superior exercida pelos órgãos que prestam a jurisdição de segundo grau ou de segunda instância (os diversos tribunais) e inferior é a exercida pelos órgãos que prestam a jurisdição de primeiro grau ou de primeira instância (juízos).
e) Jurisdição contenciosa e voluntária - pertencem especificamente ao processo civil. Na contenciosa, há conflito de interesses, na voluntária há uma pretensão em comum.
Nas palavras de Lopes da Costa, a jurisdição voluntária corresponde mais a uma “administração pública de interesses privados.” [44: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 41.]
Na jurisdição voluntária não existem partes litigantes, e sim interessados na produção dos efeitos do negócio jurídico formal. 
Ex.: emancipação de um incapaz, expedição de alvará judicial (art. 725, CPC).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturadoà luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2016.
CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015.
DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 79.
MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016.
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria geral do processo. 4. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

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