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APRESENTAÇÃO DA 1a EDIÇÃO Este trabalho tem o intuito de facilitar o estudo e o acompanhamento das aulas de Elementos de Telecomunicações do Curso Técnico de Eletrônica. Após consultar a diversas fontes, não conseguimos adotar um único li- vro, em língua nacional, que apresentasse a abrangência de conteúdo ministrado. Com base nos motivos expostos acima, iniciamos uma pesquisa de li- vros que abordasse o conteúdo e, a dois anos atrás, começamos o trabalho de seleção e tradução de textos. O resultado de nossos esforços estão concentrados em quatro volu- mes de apostilas que tratam de todo o conteúdo mínimo necessário à atual for- mação do Técnico em Eletrônica, a nível de segundo grau, na disciplina Elemen- tos de Telecomunicações. Esperemos que nosso trabalho não seja em vão e que quem venham a adquirir estes exemplares possam tirar os maiores proveitos na iniciação ao estudo das Telecomunicações. Belo Horizonte, Março de 1982 Wander José Rezende Rodrigues WANDER RODRIGUES 2 CEFET - MG Unidade IX Antenas 01 – Introdução ................................................................................................ 9 02 - Considerações básicas ........................................................................... 10 2.1 - O mecanismo de radiação .............................................................. 10 2.2 - O dipolo elementar .......................................................................... 13 03 - Irradiadores de fio no espaço .................................................................. 16 3.1 - Distribuição de corrente e tensão .................................................... 17 3.2 - Antenas ressonantes ...................................................................... 18 3.3 - Antenas não ressonantes ............................................................... 21 04 - Termos e definições ................................................................................ 25 4.1 - Ganho da antena ............................................................................ 23 4.1.1 - Ganho diretivo ...................................................................... 23 4.1.2 - Diretividade e ganho de potência ......................................... 24 4.2 - Resistência da antena .................................................................... 26 4.2.1 - Resistência de irradiação ..................................................... 26 4.2.2 - Perdas na antena e eficiência .............................................. 26 4.3 - Largura de faixa, largura de feixe e polarização .............................. 28 4.3.1 - Largura de faixa ................................................................... 28 4.3.2 - Largura de feixe ................................................................... 29 4.3.3 - Polarização .......................................................................... 30 05 - Efeito do solo nas antenas ...................................................................... 31 5.1 - Antenas não aterradas .................................................................... 31 ANTENAS 3 CEFET - MG 5.2 - Antenas aterradas .......................................................................... 33 5.3 - Sistemas de aterramento ................................................................ 35 5.4 - Efeitos da altura da antena ............................................................. 37 5.4.1 - Carga no topo ...................................................................... 37 5.4.2 - Comprimento ótimo .............................................................. 39 5.4.3 - Comprimento efetivo ............................................................ 40 06 - Acoplamento de antenas em freqüências médias .................................... 41 6.1 - Considerações gerais ..................................................................... 41 6.2 - Escolha do ponto de alimentação ................................................... 42 6.2.1 - Alimentação de tensão e de corrente ................................... 42 6.2.2 - Impedância no ponto de alimentação ................................... 43 6.3 - Acoplamento de antenas ................................................................ 44 6.3.1 - Antenas diretamente alimentadas ......................................... 44 6.3.2 - Acoplamento com uma linha de transmissão ........................ 46 07 - Antenas direcionais em HF ...................................................................... 46 7.1 - Associação de dipolos .................................................................... 47 7.1.1 - Elementos parasitas ............................................................. 47 7.1.2 - Arranjo Transversal ou tipo costado de navio ....................... 48 7.1.3 - Arranjo End-fire ou tipo bico de chama ................................. 50 7.2 - Dipolos dobrados e suas aplicações ............................................... 51 7.2.1 - A antena Yagi-Uda ............................................................... 53 7.3 - Antenas não ressonantes - a Rômbica ........................................... 55 08 - Antenas de microondas ........................................................................... 56 8.1 - Antenas com refletores parabólicos ................................................ 57 8.1.1 - Geometria da parábola ......................................................... 58 8.1.2 - Propriedades dos refletores parabólicos ............................... 60 8.1.3 - Mecanismos de alimentação ................................................ 63 WANDER RODRIGUES 4 CEFET - MG 8.1.4 - Outros refletores parabólicos ................................................ 68 8.1.5 - Deficiências e dificuldades ................................................... 69 8.2 - Antenas Cornetas ........................................................................... 72 8.2.1 - Cornetas básicas .................................................................. 72 8.2.2 - Cornetas especiais ............................................................... 74 8.3 - Antenas em Lente ........................................................................... 77 8.3.1 - Princípios ............................................................................. 77 8.3.2 - Considerações práticas ........................................................ 78 09 - Antenas para fins especiais e de banda larga ......................................... 80 9.1 - Dipolo dobrado - compensação em largura de faixa ....................... 81 9.2 - Antenas helicoidais ......................................................................... 83 9.3 - Antena Discone .............................................................................. 86 9.4 - Antenas Log-periódicas . ................................................................ 88 9.5 - Antenas em Laço ............................................................................ 90 10 - Questionário ............................................................................................ 93 11 - Bibliografia ............................................................................................ 109 ANTENAS 5 CEFET - MG Lista das Ilustrações 0l - Irradiação através de uma linha de transmissão ....................................... 11 02 - Evolução do dipolo .................................................................................. 12 a - linha de transmissão a circuito aberto ................................................ 12 b - condutores alinhados - perpendiculares ............................................. 12 c - dipolo de meia onda alimentado no centro ......................................... 12 03 – Dipoloelementar .................................................................................... 14 a - antena dipolo ..................................................................................... 14 b - modelo de irradiação na seção transversal no plano da antena ............................................................................. 14 c - modelo de irradiação na seção transversal no plano perpendicular à antena ........................................................ 14 04 - Distribuição de tensão e corrente em um dipolo de meia onda ................ 17 a - primeiro semiciclo .............................................................................. 17 b - segundo semiciclo ............................................................................. 17 05 - Distribuição de corrente em dipolos ressonantes ..................................... 18 06 - Modelo de irradiação para vários dipolos ressonantes ............................ 20 07 - Antena não ressonante ........................................................................... 21 a - layout e distribuição de corrente ........................................................ 21 b - modelo de irradiação ......................................................................... 21 WANDER RODRIGUES 6 CEFET - MG 08 - Síntese do modelo de irradiação da antena ressonante .......................... 22 a - onda direta ......................................................................................... 22 b - onda reversa ou refletida ................................................................... 22 c - modelo completo ................................................................................ 22 09 - Largura de feixe ...................................................................................... 30 10 - Antena não aterrada e sua imagem ......................................................... 32 11 - Modelos de irradiação de um dipolo de meia onda não aterrado com variação da altura acima da terra .................................................... 33 12 - Antenas aterradas ................................................................................... 34 a - antena e sua imagem ........................................................................ 34 b - distribuição de tensão e corrente na antena básica de Marconi ......... 34 13 - Características das antenas verticais aterradas ...................................... 35 a - altura e distribuição de corrente ......................................................... 35 b - modelo de irradiação ......................................................................... 35 14 - Carga no topo ......................................................................................... 38 15 - Mastro de uma antena com carga no topo ............................................... 39 16 - Acoplamento de antena ........................................................................... 45 a - acoplamento direto ............................................................................ 45 b - acoplamento em p ............................................................................. 45 17 - Acoplamento simétrico em p .................................................................... 46 18 - Arranjo Broadside ou Transversal e seu modelo de irradiação ................ 49 19 - Arranjo End-fire ou Bico de chama e seu modelo de irradiação ............... 50 ANTENAS 7 CEFET - MG 20 - Dipolo dobrado ........................................................................................ 52 21 - Antena Yagi-Uda ..................................................................................... 53 a - antena e modelo de irradiação ........................................................... 53 b - equivalente ótico ................................................................................ 53 22 - Antena Rômbica e seu modelo de radiação ............................................ 56 23 - Geometria da parábola ............................................................................ 58 24 - Refletor parabolóide com alimentação ao centro e concha esférica ......... 64 25 - Refletor parabólico com alimentador Horn ............................................... 65 26 - Geometria do alimentador Cassegrain .................................................... 66 27 - Refletor parabólico de 27,5 metros com alimentador Cassegrain ............ 66 28 - Refletores parabólicos ............................................................................. 68 a - corte parabolóide ............................................................................... 68 b - cilindro parabólico .............................................................................. 68 c - pillbox ................................................................................................ 68 29 - Antena Horn ............................................................................................ 73 a – setorial .............................................................................................. 73 b – piramidal ........................................................................................... 73 c - circular ............................................................................................... 73 30 - Alimentação da Cass-Horn para a comunicação com satélites ............... 75 31 - Antena Hoghorn ...................................................................................... 76 a - vista em perspectiva .......................................................................... 76 b - trajetória dos raios ............................................................................. 76 WANDER RODRIGUES 8 CEFET - MG 32 - Operação da antena em lente ................................................................. 78 a - explicação ótica ................................................................................. 78 b - explicação utilizando frente de onda .................................................. 78 33 – Escalonamento em lentes ....................................................................... 79 34 - Impedância para a compensação da largura de faixa em dipolos de meia onda .............................................................................. 82 a – circuito LC ......................................................................................... 82 b – linha de transmissão ......................................................................... 82 35 - Dipolo dobrado apresentando a distribuição de corrente nos condutores ....................................................................................... 83 36 - Antena Helicoidal .................................................................................... 84 37 - Dimensões de uma antena End-fire helicoidal ........................................ 84 38 - Antena discone ....................................................................................... 86 39 - Dimensões de uma antena discone ......................................................... 86 40 - Arranjo de dipolos log-periódica .............................................................. 88 41 - Antenas em laço ...................................................................................... 91 a – circular .............................................................................................. 91 b - quadrada ........................................................................................... 91 ANTENAS 9 CEFET - MG UNIDADE IX Antenas 01 - Introdução Em Unidades anteriores tratou-se vastamente dos vários métodos de propagação de ondas de rádio, mencionando resumidamente os métodos com que elas sãotransmitidas ou recebidas. Similarmente, as Unidades anteriores admitiram que os transmissores podem, de algum modo, transmitirem o que ge- ram, e os receptores têm meios de receber o que é transmitido. De fato, a pala- vra antena foi mencionado em inúmeras situações! Assim, não é segredo que, a fim de acoplar ao espaço a saída de um transmissor ou a entrada de um recep- tor, alguma espécie de interface é essencial. Deve-se providenciar uma estrutura capaz de tanto irradiar como receber ondas eletromagnéticas, de acordo com o caso. A antena é tal estrutura. É geralmente um objeto metálico, freqüentemente um fio ou um conjunto de fios, usada para converter corrente de radiofreqüência em ondas eletromagnéticas e vice-versa. Indiferente de suas funções, antenas transmissoras e receptoras comportam-se de modo idêntico, isto é, seus com- portamentos são recíprocos. A Unidade inicia-se com fundamentos, e segue considerando antenas simples, de fio, no espaço livre. Em seguida, várias quantidades e conceitos de importância são definidos e discutidos, entre eles o ganho da antena, a resistên- cia, largura de faixa e largura de feixe. Como o solo tem um efeito significativo na propagação de ondas, já que modifica as propriedades das WANDER RODRIGUES 10 CEFET - MG antenas, o seu efeito será discutido em maiores detalhes. A seguir, o acopla- mento de antenas e os arranjos de antenas de radiofreqüência são discutidos. Os dois maiores tópicos finais são antenas de microondas, que são as mais es- petaculares, e antenas de faixa larga, que são aparentemente as mais comple- xas. Estes dois últimos assuntos ocupam mais que um terço da Unidade e des- crevem antenas como as com refletor parabólico, antenas em corneta, lentes, antenas em hélice e arranjos log-periódicos. 02 - Considerações básicas O mecanismo real de irradiação pode ser explicado quantitativamente por meio das equações de Maxwell. Examinando-se o comportamento da cor- rente de radiofreqüência em um fio, encontra-se que nem toda a energia aplicada em uma extremidade atinge a outra; alguma parte escapa, isto é, ela é irradiada. Também é possível determinar uma expressão matemática para essa energia que escapa, o que permite não apenas o cálculo dessa quantidade de energia irradiada, mas também a direção em que ela propaga-se. Pelo fato dos cálculos com irradiação ou radiação serem muito complicados para serem tratados aqui, uma apresentação qualitativa baseada no comportamento de ondas propagantes e estacionárias em uma linha de transmissão é mais conveniente. 2.1 - O mecanismo de radiação Considere-se a linha de transmissão aberta como na FIG. 01. Vê-se que as ondas diretas e refletidas combinam-se para formar um modelo de onda estacionária na linha, com um anti-nó de tensão no ponto de circuito aberto. ANTENAS 11 CEFET - MG Figura 01 – Irradiação através de uma linha de transmissão. Isso foi anteriormente discutido na Unidade 07, Linhas de Transmis- são, mas não foi mencionado, naquela ocasião, que nem toda a energia direta é refletida pelo circuito aberto. Como visto, uma pequena quantidade da energia eletromagnética escapa do sistema e, assim, é irradiada. Isto ocorre porque as linhas de força, deslocando-se em direção ao circuito aberto, são forçadas a so- frer uma mudança violenta, no aspecto de uma fase invertida, quando o alcan- çam. Nem todas são capazes de realizar essa inversão de fase, porque possuem algo equivalente a uma inércia mecânica, e assim escapam. Deve-se mencionar que a proporção de ondas que escapam do sistema em relação às que perma- necem é muito pequena, por duas razões. Primeiro, se considerarmos o espaço vizinho como uma carga para a linha de transmissão, veremos que há um desca- samento, e assim, muito pouca potência é dissipada nesta carga. Segundo, desde que os dois fios estão colocados próximos, as irradiações de uma extre- midade cancelarão as da outra. Isso porque são de polaridade opostas e a uma distância pequena, em relação ao comprimento de onda. Reciprocamente, isto também é o motivo pelo qual as linhas de transmissão paralelas de baixas fre- qüências não irradiam. A solução para este problema parece ser um aumento do circuito aberto, isto é, um espalhamento, uma abertura, dos dois fios, de acordo com a WANDER RODRIGUES 12 CEFET - MG FIG. 02a. Agora há uma menor possibilidade de cancelamento da radiação das duas pontas. Pelo mesmo motivo, a linha de transmissão irradiadora é melhor acoplada ao espaço vizinho. Isto é uma outra maneira de se dizer que uma maior potência será dissipada no espaço, isto é, irradiada. Além do mais, devido à transmissão, as ondas propagantes ao longo da linha terão mais dificuldade de sofrer a inversão de fase no final da linha de transmissão. Assim, tudo aponta para um acréscimo na irradiação. Figura 02 – Evolução do dipolo.a – linha de transmissão a circuito aberto. b – condutores alinhados – perpendiculares. c – dipolo de meia onda alimentado no centro. A eficiência de irradiação deste sistema é melhorada ainda mais quando os dois fios são dobrados de modo a ficar alinhados, de acordo com a FIG. 02b. O campo elétrico, e também o magnético, agora são completamente acoplado ao espaço, em vez de ficarem confinados entre os dois fios, e a máxi- ma quantidade possível de irradiação é conseguida. Este tipo de irradiador é de- nominado dipolo. Quando o comprimento total dos dois fios é igual a meio com- primento de onda, a antena é denominada dipolo de meia-onda. Ela tem a for- ma indicada na FIG. 02c e uma maior irradiação ocorrerá. O motivo para este aumento é que o dipolo de meia-onda pode ser citado como tendo as mesmas ANTENAS 13 CEFET - MG propriedades básicas, sob o ponto de vista de impedância, particularmente, de uma linha de transmissão de comprimento similar. Deste modo, temos um peda- ço de linha de transmissão de um quarto de onda dobrado e um circuito aberto no final, que resulta numa baixa impedância ligada à saída da linha principal. Isto, por vez, significa que uma grande corrente circulará na entrada do dipolo de meia-onda, e ter-se-á uma eficiente irradiação. As várias características das antenas não são normalmente citadas como números absolutos, mas como comparações a valores de uma antena pa- drão. Elas são simplificações teóricas, que não existem necessariamente na prática, mas que possuem propriedades que facilitam tanto a visualização como os cálculos. Uma dessas referências é o dipolo infinitesimal, que é defi- nido como um par de esferas capacitivas vizinhas, com uma separação e dimen- sões que são desprezíveis. Uma outra antena de referência é o dipolo elemen- tar, que será descrito a seguir. 2.2 - O Dipolo elementar O dipolo curto, ou dipolo elementar é a mais simples das antenas de fio. É infinitamente fino e possui um comprimento, l, que é muito pequeno quando comparado com o comprimento de onda, ll ,. Assume-se que a corrente I, que por ele circula, é constante. Se a corrente de radiofreqüência é i = I sen (Wt), pode-se mostrar, com auxílio das equações de Maxwell, que a intensidade do campo irradiado é: WANDER RODRIGUES 14 CEFET - MG ÷÷ø ö ççè æ - Z =E cv d t xd Ix l x wq l coscos2 ÷÷ø ö ççè æ -=E cv d t xd Ixlxx wq l p coscos 60 Equação 01 onde: E - módulo do campo irradiado em V / m Z - impedância característica do espaço livre Z = 120 p ohms d - distância do dipolo elementar, em que a intensidade do campo é medida vc - velocidade da luz no espaço livre q- ângulo de inclinação como mostrado na figura 03a. Figura 03 – Dipolo elementar. a – antena dipolo. b – modelo de irradiação na seção transversal no planoda antena. c – modelo de irradi- ação na seção transversal no plano perpendicular à antena. ANTENAS 15 CEFET - MG O primeiro termo da equação 01 fornece a intensidade do campo elé- trico a uma dada distância. Ele mostra que o módulo desse campo depende da potência transmitida, devido a Z e a I, e é inversamente proporcional à distância da fonte irradiadora, neste caso o dipolo curto. Também pode ser visto que a in- tensidade do campo elétrico é proporcional, para dipolos curtos de certa forma, ao seu comprimento relativo, ou l/ll . O segundo termo da equação 01 define o modelo de irradiação do di- polo elementar, aqui apresentado nas FIG 03b e FIG. 03c. Como pode-se prever, a irradiação é máxima em ângulos retos ao dipolo, e eventualmente cai a zero na linha da antena. Isto pode ser explicado considerando-se que em ângulos retos a este pequeno pedaço de fio, a distância do ponto remoto à alguma parte do fio é a mesma que à distância a qualquer outro ponto. Assim, haverá um reforço na irradiação nesta direção. Quando o ponto distante situa-se em uma direção dife- rente da normal, haverá algum cancelamento porque será correto dizer que a sua distância a todos os pontos do dipolo elementar e a mesma. Finalmente, um can- celamento completo ocorrerá quando o ângulo de inclinação qq é igual a 90o. A seção transversal do diagrama de irradiação, como mostrado na FIG. 03b, é no formato de um número oito com seu eixo em ângulos retos ao diagrama. Além disso, exatamente o mesmo modelo de irradiação existirá em qualquer plano que contenha o dipolo elementar, de modo que o modelo tridimensional é a figura de revolução obtida pela rotação da seção transversal em um eixo que contenha o dipolo. Isto também é indicado pela outra vista do modelo de irradiação, na FIG. 03c. O último termo da equação 01 é realmente o menos importante do nosso ponto de vista. Ele simplesmente leva em conta a fase do sinal em algum ponto distante. Comparado com a fase do sinal na antena, é determinada pelo tempo que o sinal leva para atingir este ponto, deslocando-se na velocidade da luz. WANDER RODRIGUES 16 CEFET - MG O campo de irradiação não é o único a envolver o dipolo elementar, ou qualquer outra antena. Existem os campos elétricos e magnéticos citados como o campo de indução. Tal campo envolve um fio portador de corrente e, de fato, é maior que o campo de irradiação nas vizinhanças do irradiador. Entretanto, o campo de indução diminui rapidamente com o aumento da distância ao dipolo e torna-se insignificante a alguns comprimentos de onda à frente. A importância do campo de indução não reside na capacidade de transportar informação a longas distâncias. Na verdade, está no fato de que, se antenas são colocadas em dis- tâncias próximas, os efeitos de interferência causadas pelo campo de indução devem ser considerados. Esta interferência é, em alguns casos, similar ao aco- plamento magnético de bobinas, e será mencionado novamente junto com ar- ranjo de antenas. 03 - Irradiadores de fio no espaço Os irradiadores de fio são os mais simples de todos os irradiadores, e podem ser concebidos como um grande número de dipolos curtos conectados em série. Como conseqüência disto, suas propriedades são similares àquelas do dipolo elementar. Entretanto, deve ter-se em mente, que existirão diferenças, porque tais comprimentos não podem ser desprezados. A princípio, poderemos considerá-las distantes do solo, para simplificar o assunto, da mesma maneira que, na Unidade 01 – Produção e propagação de ondas eletromagnéticas, con- sideremos as ondas no espaço livre. ANTENAS 17 CEFET - MG 3.1 - Distribuição de corrente e tensão Como em uma linha de transmissão, uma antena, na prática, possui um comprimento que é uma porção considerável do comprimento de onda, e às vezes até vários comprimentos de onda; por conseguinte, é um circuito com constantes distribuídas. Uma tensão aplicada em algum ponto resulta em uma tensão e em uma corrente neste ponto. As ondas propagantes serão geradas e possivelmente as ondas estacionárias surgirão, o que representa que tensão e corrente em uma antena variam de ponto para ponto. Esta distribuição de tensão e corrente na antena deve ter um efeito no campo irradiado. Este campo depen- de, principalmente, do comprimento da antena, medido em comprimentos de onda, das perdas de potência e da terminação de seus extremos. Além do mais, a espessura do fio da antena é importante, mas para fins práticos, tais antenas podem ser consideradas livre de perdas, e feitas de um fio cujo diâmetro é infi- nitamente pequeno em comparação com o comprimento de onda. Figura 04 – Distribuição de tensão e corrente em um dipolo de meia onda. a - primeiro semiciclo. b - segundo semiciclo. WANDER RODRIGUES 18 CEFET - MG A FIG. 04 apresenta uma distribuição um tanto idealizada de tensão e corrente ao longo de um dipolo de meia-onda, que é a mais simples das antenas práticas. É imediatamente identificada pela sua semelhança com a distribuição de tensão e corrente em um pedaço de uma linha de transmissão de um quarto de onda em aberto. Como um mínimo de tensão e um máximo de corrente apa- rece no ponto de alimentação da antena, uma situação idêntica acontece a uma distância de l/ 4 do circuito aberto em uma linha. Novamente, tensão e corrente trocam de polaridade similarmente a cada ciclo, como mostrado aqui. Figura 05 – Distribuição de corrente em dipolos ressonantes. Como indicado na FIG. 05, as distribuições de corrente em uma ante- na com comprimento que é um múltiplo de l/ 2 são, naturalmente, extensões da- quelas da antena de meia onda. As distribuições de tensão são como as anterio- res e foram omitidas por simplicidade. 3.2 - Antenas ressonantes Como se concluí, do que já foi apresentado, uma antena ressonante corresponde a uma linha de transmissão ressonante, e todas as antenas descri- tas após o dipolo elementar, têm sido ressonantes. Mais formalmente, tal antena é descrita como uma linha de transmissão aberta numa extremidade e de com- ANTENAS 19 CEFET - MG primento ressonante, isto é, um múltiplo de um quarto de onda, de modo que o comprimento da antena é um múltiplo de l/2. A razão para esta última exigência é porque a fonte sendo de baixa impedância deve ser conectada a um ponto de baixa impedância de modo a não modificar o modelo das onda estacionária. Outrossim, o ponto adequado mais próximo para isto, a partir do circuito aberto, é a um quarto de onda à frente. O modelo de irradiação de um irradiador de fio em espaço livre de- pende principalmente de seu comprimento. Para um dipolo de meia onda, ele será igual ao do dipolo curto, apenas um pouco mais aplainado. A fórmula pode- ria ser obtida somando-se ou integrando-se a equação para o modelo de irradia- ção de um dipolo curto sobre o comprimento da antena, l/2, neste caso; plotan- do-se, resultaria no desenho da FIG. 6a. O leve achatamento do modelo é devido ao reforço, em ângulos retos ao dipolo, da irradiação nesta direção de cada di- polo elementar. Note, também, que o modelo de irradiação é uma linha desenha- da para unir pontos no espaço que têm a mesma intensidade de campo devido a esta fonte. Seu significado, é semelhante às isotermas, que unem pontos de mesma temperatura média em um mapa atmosférico. Quando o comprimento da antena é um comprimento de onda exato, a polaridade da corrente em uma das metades da antena é oposta à da outra, de acordo com a FIG. 05b. É óbvio, como conseqüências, que a irradiação em ân- gulos retos à antena será zero, porque o campo produzido em uma metade can- cela, completamente, o campo produzido na outra. Ainda há uma direção de má- xima radiação, mas não é muito distante à antena,em ângulos reto; para um di- polo de onda completa, ela acontece a 54o da antena. O modelo adquiriu lóbu- los, agora, neste caso são quatro. WANDER RODRIGUES 20 CEFET - MG Figura 06 – Modelo de irradiação para vários dipolos ressonantes. Aumentando-se o comprimento de dipolo para três meios compri- mentos de onda, a distribuição de corrente muda, de acordo com a FIG. 05c. A irradiação de um extremo da antena soma-se com a do outro, em ângulos retos à antena, mas ambos são parcialmente cancelados pela irradiação do centro, que comporta uma corrente de polaridade oposta. Há, assim, irradiação em ângulos retos à antena, mas não máxima irradiação, e o lóbulo nesta direção é um lóbulo menor. A direção de máxima radiação, ou do lóbulo maior, é mais próxima da direção do dipolo, conforme a FIG 06c. Se este princípio é estendido a um dipolo de comprimento 3l , vê-se que o processo por inteiro continuará. Um breve raciocínio mostra que, aumen- tando-se o comprimento da antena ressonante, o número de lóbulos também au- menta, e a direção do lóbulo torna-se mais próxima da direção do dipolo. Conti- nuando esta seqüência de raciocínio, veremos que haverá tantos ANTENAS 21 CEFET - MG lóbulos em um lado do dipolo, quantos são as seções da antena com corrente de polaridade oposta; verifique isto no modelo da seção transversal. Uma antena de 3l/2 possui três lóbulos em cada lado do dipolo, e uma antena de 3l possui seis, sendo o número igual ao comprimento da antena ressonante expresso em meios comprimentos de onda. 3.3 - Antenas não ressonantes Uma antena não ressonante, como uma linha de transmissão não res- sonante, é aquela em que não há ondas estacionárias. Estas, em cada caso, são eliminadas utilizando-se a terminação correta para assegurar-se que nenhuma potência será refletida, de modo a só haverá ondas propagantes. Em uma linha perfeitamente casada, toda a potência transmitida é dissipada na resistência de carga. Quando uma antena é conectada, como na FIG. 07a, a maior parte da potência direta é irradiada, e não mais que aproximadamente um terço dela é dissipada. Figura 07 – Antena não ressonante. a – layout e distribuição de corrente. b – modelo de irradiação. WANDER RODRIGUES 22 CEFET - MG Como pode ser visto na FIG. 07b, o modelo de irradiação da antena ressonante é semelhante ao da não ressonante, mas eles diferem em uma ca- racterística muito importante: a antena não ressonante é unidirecional. A relação entre elas pode ser deduzida a partir de considerações acerca de ondas estaci- onárias e propagantes, e também confirmada matematicamente. Desde que so- mente há ondas diretas propagantes na antena não ressonante, o seu modelo é, como mostrado, direcional no mesmo sentido das ondas propagantes diretas. Por outro lado, ondas estacionárias existem na antena ressonante, causadas pela presença de uma onda propagante refletida, tanto quanto pela presença de uma onda direta. O modelo de irradiação da antena ressonante consiste, assim, de duas partes, como mostrado na FIG. 08a e 08b, devido as ondas diretas e re- fletidas, respectivamente. Quando os dois modelos são combinados, conforme a FIG. 08c resulta no modelo bidirecional já familiar. Figura 08 – Síntese do modelo de irradiação de uma antena não resso- nante. a – onda direta. b – onda reversa ou refletida. c – mo- delo completo. ANTENAS 23 CEFET - MG 04 - Termos e definições A seção anterior mostrou que o modelo de irradiação de uma antena de fio é complexo, e de algum modo, deve-se encontrar uma maneira para des- crevê-la e defini-lo. Novamente, algo deve ser dito acerca da resistência efetiva das antenas, sua polarização, e o grau com que elas concentram sua irradiação. Do mesmo modo, chegou o momento de descrever e definir um número impor- tante de termos usados paralelamente com antenas e seus modelos de irradia- ção. 4.1 - Ganho da antena Todas as antenas práticas concentram sua irradiação em alguma di- reção, a uma maior ou menor distância. Assim, a densidade de potência nesta direção deve ser maior que se espera se a antena fosse onidirecional. Um outro modo de olharmos esta concentração de irradiação em um certa direção é falar- mos que as antenas têm um ganho. Vários termos têm surgido ao longo dos anos referindo-se ao ganho da antena. Para evitar confusões, as definições a seguir seguem os padrões mais comuns. 4.1.1 - Ganho diretivo É definido, em uma direção particular, como a relação entre a potên- cia irradiada pela antena nesta direção e a densidade de potência que seria irra- diada por uma antena isotrópica. Ambas as densidades de potência são medi- das à mesma distância, e ambas as antenas irradiam a mesma potência total. WANDER RODRIGUES 24 CEFET - MG Nota-se que o ganho diretivo é a relação de densidade de potências, e assim, uma relação de potência. A primeira etapa na determinação do ganho de um antena será o cálculo ou a medição da densidade de potência na direção reque- rida, a uma distância padrão. A próxima etapa será o cálculo da densidade de potência, àquela distância, de uma antena isotrópica, isto é, uma antena que irra- dia uniformemente em todas as direções, que irradia a mesma potência. Na eta- pa final, obtém-se a relação entre as duas potências. Observe que o ganho direti- vo de todas as antenas práticas é maior que a unidade. As antenas de fio discutidas na seção anterior têm ganhos que variam de 1,64 para um dipolo de meia onda, a 7,1 para um dipolo de um oitavo do comprimento de onda. Estes valores são para antenas ressonantes. Antenas não ressonantes similares têm ganhos de 3,2 a 17,4, respectivamente. Deste modo, vê-se que o ganho diretivo de uma antena aumenta à proporção que seu compri- mento diminui. Como pode-se esperar, as antenas não ressonantes possuem um ganho diretivo maior que o das antenas ressonantes de igual comprimento. Ob- serve, finalmente, que os ganhos diretivos são também expressos freqüente- mente em decibéis, dB. 4.1.2 - Diretividade e Ganho de potência O ganho diretivo foi definido na seção precedente em uma direção ao todo. De modo geral, o máximo ganho diretivo é representado desta maneira, isto é, o ganho na direção de um dos lóbulos maiores do modelo de irradiação. O nome correto para o máximo ganho diretivo é diretividade e, de fato, os valores citados para as antenas de fio foram suas diretividades, ao contrário de um sim- ples ganhos diretivos. ANTENAS 25 CEFET - MG Uma outra forma de ganho usada para antenas é o ganho de potência. Novamente a potência que deve ser irradiada por uma antena isotrópica neces- sária para obter-se uma certa intensidade de campo a uma certa distância é di- vidida por uma potência prática para conseguir-se uma relação. Entretanto, neste caso a potência prática é a potência que deve ser entregue à antena diretiva para desenvolver a mesma intensidade de campo à mesma distância, na sua direção de máxima irradiação. Se esta definição é contrastada com a definição de direti- vidade, apenas uma diferença é notada: para a diretividade, a potência irradiada é considerada para a antena diretiva, ao passo que para o ganho diretivo toma- se a potência entregue à antena. Assim, os dois termos são idênticos, exceto que o ganho de potência leva em conta as perdas na antena. Isto pode ser escrito como: Ap = h x D Equação 02 onde: Ap - é o ganho de potência, D - é a diretividade, máximo ganho diretivo, h - é a eficiência da antena, sendo igual a unidade para antenas sem perdas. A diretividade é calculada teoricamente, ao passo que o ganho de potência é de grande importância prática. Os dois são quase iguais para muitas antenas de VHF e UHF, mas um pouco mais deve ser dito acercadas perdas em antenas de média e baixa freqüências. WANDER RODRIGUES 26 CEFET - MG 4.2 - Resistência da antena A resistência de uma antena possui dois componentes: a resistência de irradiação, que a antena possui devido à potência que ela converte em ondas eletromagnéticas, e também devido às perdas reais na antena. Cada uma será agora considerada. 4.2.1 - Resistência de irradiação É definida como a relação da potência irradiada pela antena e o qua- drado da corrente no ponto de alimentação. Não é uma resistência DC mas ao contrário, uma resistência AC, semelhante à resistência de um circuito paralelo sintonizado. É um termo muito conveniente; é parte da impedância de entrada da antena, virtualmente toda ela em altas freqüências, e o seu uso simplifica enor- memente os cálculos de eficiência da antena. Definindo-a diferentemente, pode- ríamos dizer que é a resistência que, se substituísse a antena, dissiparia preci- samente a mesma potência que a antena irradia. 4.2.2 - Perdas na antena e eficiência Somando-se à energia que é irradiada pela antena, a potência total pode ser dissipada como o resultado de: 01 - resistência da antena e do solo; 02 - descarga ou efeito da coroa; 03 - perdas em dielétricos imperfeitos muito próximos à antena e ANTENAS 27 CEFET - MG 04 - correntes em curto-circuito induzidas em objetos metálicos dentro do campo de indução da antena, como cabos e fios e outras antenas. É comum representar todas estas perdas por uma resistência Rd, ou a resistência total de perdas da antena. Se a resistência de irradiação é Rr, a soma das duas é a re- sistência total da antena e também a impedância total para antenas de compri- mento ressonante. A eficiência da antena então será: RdRr Rr + =h Equação 03 Antenas de baixa e média freqüências são as menos prováveis para serem muito eficientes, porque fazendo-as de comprimento ressonante, freqüen- temente, significa ter-se estruturas demasiadamente altas. Mesmo aqui, contudo, bons projetos podem assegurar uma eficiência da ordem de 75 a 95%. Isto pode ser possível obtendo-se um valor de resistência de radiação tão alto quanto pos- sível, em comparação com a resistência de perdas. Para dipolos curtos, menores que meio comprimento de onda em comprimento efetivo, este não sendo exatamente o mesmo que o comprimento real. Os motivos para tal diferença são discutidos na seção 4.4, sendo a resistên- cia de irradiação proporcional ao comprimento. Pode-se encontrar, a partir de cartas e tabelas em manuais de antenas, medidas, e cálculo a partir de fórmulas mais complexas que normalmente não levam em consideração a presença do solo, ou determinado a partir da equação 04 que aplica-se para dipolos distantes do solo em uma distância l que não excede a l/8. 22 2 79080 ÷ ø öç è æ=÷ ø öç è æ= ll p llxRr Equação 04 WANDER RODRIGUES 28 CEFET - MG Quando l/ll = 1/10, a equação 04 dá um valor preciso de 7,9 ohms para a resistência de irradiação, mas para um dipolo de um quarto de onda a resposta é de Rr = 49,4 ohms, ao invés do valor correto, assumindo a corrente constante, de 42 ohms. 4.3 - Largura de faixa, Largura de feixe e Polarização Estes são três termos importantes, referentes à faixa de freqüência em que opera a antena, o grau de concentração de sua radiação, e a orientação espacial das ondas que ela irradia. Eles serão abordados nesta ordem. 4.3.1 - Largura de faixa O termo largura de faixa, usado no estudo das antenas tem preci- samente o mesmo significado que em qualquer outro contexto. Refere-se à faixa de freqüências na qual a operação é satisfatória, e, geralmente, é tomada entre as freqüências de meia potência. Entretanto, pode surgir uma complicação aqui; há realmente duas larguras de faixa, uma referente ao modelo de irradiação e a outra à impedância de entrada. Como conseqüência disso, quando se referir a uma largura de faixa, deve-se distinguí-la. Assim, o critério de performance satisfatória está clara- mente estabelecido, e também é conhecido qual a largura de faixa que se está citando. Há realmente dois requisitos distintos para a grande largura de faixa das antenas, em excesso de 10%. O primeiro é para antenas que podem ser de ANTENAS 29 CEFET - MG banda estreita, mas que são solicitadas para operar em um número separados de freqüências dentro de uma extensa faixa. Antenas de altas freqüências são freqüentemente deste tipo, na qual a operação necessária é ajudada pelo fato de que, quando uma antena é ligada para uma nova freqüência, circuitos de com- pensação também podem ser conectados. Assim, o casamento à linha de trans- missão de alimentação é mantida, com a condição que o modelo de largura de faixa não deve ser deteriorado indevidamente. O outro requisito, é para uma lar- ga faixa de operação em torno de uma única freqüência fixada, sendo mais rígi- do, e pode ser solucionado com antenas especialmente projetadas, que serão estudas na seção 08. 4.3.2 - Largura de feixe A largura de feixe de uma antena é a separação angular entre os dois pontos de meia potência no modelo da densidade de irradiação. É também, na- turalmente, a separação angular entre os dois pontos de - 3,0 dB no modelo de irradiação da intensidade de campo, e está ilustrado na FIG. 09. O termo é usado mais freqüentemente com antenas de feixe estreito que com as outras antenas e refere-se ao lóbulo principal. WANDER RODRIGUES 30 CEFET - MG Figura 09 – Largura de feixe. 4.3.3 - Polarização O termo refere-se à direção no espaço com que orienta-se o vetor das ondas eletromagnéticas irradiadas da antena, e está paralelo à antena. Como mencionado previamente, as antenas são citadas como verticalmente ou hori- zontalmente polarizadas, em vez de vertical ou horizontal. Todas as antenas de VLF, LF e MF, como muitas antenas de HF são construídas verticalmente polari- zadas, devido à proximidade do solo. Entretanto, há desvantagens na utilização de antenas horizontalmente polarizadas em altas freqüências, especialmente sa- bendo-se que a maioria dos ruídos gerados pelo homem têm polarização vertical. Antenas com polarização diferente destas lineares também são usadas algumas vezes. ANTENAS 31 CEFET - MG 05 - Efeito do solo nas antenas Como o solo pode ser considerado uma superfície refletora, obvia- mente influencia o modelo de irradiação e outras características de antenas colo- cadas junto a ele. Alguns destes efeitos já foram mencionados, mas é necessário examiná-los um pouco mais profundamente. Porque a influência do solo depende se a antena esta realmente aterrada ou simplesmente próximo ao chão, estas duas situações serão tratados separadamente. 5.1 - Antenas não aterradas Como foi apresentado na Unidade 01 Produção e propagação de on- das eletromagnética, quando uma fonte de irradiação é colocada próximo a uma superfície refletora, a irradiação recebida em algum ponto distante é a soma ve- torial das irradiações direta e refletida. Também foi mencionado que o uso de imagens freqüentemente simplifica. Aqui diremos que há uma antena imagem sob o solo, que é a imagem perfeita da antena real. Uma vez que a imagem foi estabelecida, conforme a FIG. 10, a irradiação resultante pode ser considerada como sendo proveniente da antena e de sua imagem, em lugar de dizer-se que provém de uma antena situada sob uma superfície refletora. WANDER RODRIGUES 32 CEFET - MG Figura 10 – Antena não aterrada e sua imagem. O assunto torna-se mais simples se o solo é considerado um condutor perfeito, e por conseguinte um refletor perfeito, consideração esta que é fre- qüentemente justificada. As correntes que circulam na imagem têm agora a mesma intensidadedaquelas na antena real e o modelo final de irradiação pode ser calculado considerando-se que é causado por duas antenas vizinhas. Estas são idênticas em comprimento, comportam correntes de mesmo valor, e são se- paradas por uma distância equivalente ao dobro da altura da antena real, em re- lação ao solo. Alguns modelos típicos de radiação são mostrados na FIG. 11. ANTENAS 33 CEFET - MG Figura 11 – Modelos de irradiação de um dipolo d meia onda não aterrado com variação da altura acima da terra. 5.2 - Antenas aterradas Se uma antena está próxima ao solo, independente do fato de estar aterrada ou não, a terra comporta-se como um espelho, e torna-se parte do sis- tema irradiante. Há, entretanto, uma diferença no comportamento final; ao passo que a antena não aterrada constitui um conjunto com a sua imagem, a base da antena aterrada é conectada ao topo de sua imagem, e comporta-se como uma antena de tamanho dobrado. Deste modo, conforme a FIG. 12a, um irradiador de um quarto de onda aterrado, vertical, comporta-se efetivamente como um radia- dor de meia onda, isto é, como se tivesse outro um quarto de onda associado em série com ele. As distribuições de tensão e de corrente em tais antenas aterra- das de l/ 4, comumente chamadas de antenas Marconi básicas são as mes- mas que as de um dipolo de meia onda no espaço e são mostradas na FIG. 12b. WANDER RODRIGUES 34 CEFET - MG Figura 12 – Antenas aterradas. a – antena e sua imagem. b – distribuição de tensão e corrente na antena básica de Marconi. A antena de Marconi tem uma importante vantagem sobre as não ater- radas, ou antenas de Hertz; para gerar um determinado modelo de irradiação, necessitam ter apenas a metade de sua altura. Por outro lado, como o solo exer- ce um importante papel na produção das características procuradas, a condutivi- dade do solo deve ser boa. Quando ela é muito baixa, um terra artificial é usado, como será descrito na próxima seção. O modelo de irradiação de uma antena de Marconi depende de sua altura, e uma seleção de modelos é mostrada na FIG. 13. Cada desenho é a se- ção transversal de um sólido de revolução, com a antena como seu eixo. ANTENAS 35 CEFET - MG Figura 13 – Características das antenas verticais aterradas. a – altura e dis- tribuição de corrente. b – modelo de irradiação. Pode ser visto que a diretividade horizontal melhora até um certo ponto, a partir do qual o modelo afasta-se do chão. O que ocorre, na verdade, é o cancelamento da irradiação horizontal, devido ao fluxo de correntes opostos nas várias partes de uma antena deste comprimento efetivo. 5.3 - Sistemas de aterramento O solo tem sido considerado como um condutor perfeito; entretanto ele freqüentemente está longe disto. É por esse motivo que o melhor sistema para um irradiador vertical aterrado é a associação de fios aterrados diretamente sob a antena. Consistem de um grande número de fios radiais, a partir da base da WANDER RODRIGUES 36 CEFET - MG torre, e colocados entre 15 e 30 cm abaixo do solo por um perfurador especial, que simultaneamente faz o furo, introduz o fio de cobre e o cobre completamente. Cada fio radial possui um comprimento que deve ser no mínimo de l/ 4 e preferi- velmente de l/ 2. Em número maior que 120, tais fios podem ser usados com boas vantagens, e todo o conjunto é denominado de capacho de terra. Um con- dutor, unindo todos os fios radiais, a uma distância de cerca de meio compri- mento do raio, é freqüentemente utilizado. Além disso, a extremidade de cada radial é aterrada, isto é, ligada a uma estaca metálica enfiada profundamente no subsolo, especialmente quando este é melhor condutor que o solo, como em ter- renos arenosos. Um bom capacho reforçará bastante a intensidade de campo de uma antena Marconi, a uma certa distância, como as irradiadoras de freqüências mé- dias. Esta melhoria é mais acentuada em antenas mais curtas, menores do que l/4 em altura, em solos de má condutividade. Entretanto, mesmo uma antena de l/ 4 ou l/ 2, colocadas em bom solo, terão seus modelos de radiações notada- mente melhorados. Ocorre freqüentemente que o solo é de péssima condutividade, o que não impede o uso de capachos; isto ocorre freqüentemente em terrenos rocho- sos ou em cima de edifícios mais altas. Em tais casos utiliza-se um contrapeso; na realidade, ele é um pequeno modelo do capacho, mas agora acima do nível do solo. Novamente consiste de um sistema de fios radiais, agora presos acima do solo e isolados dele. Os suportes devem ser poucos e distantes entre si, sen- do feitos de um material com poucas perdas dielétricas; madeira, por exemplo, nunca poderia ser usada. ANTENAS 37 CEFET - MG 5.4 - Efeitos da altura da antena Em baixas e médias freqüências, onde os comprimentos de onda são grandes, é freqüentemente impraticável o uso de antenas de comprimento resso- nante, como já foi mencionado. As antenas verticais utilizadas nestas freqüências são muito pequenas eletricamente. Isto trás conseqüências interessantes, que agora serão analisadas. 5.4.1 - Carga no topo A altura real da antena deveria ser, no mínimo, um quarto do compri- mento de onda, mas, onde isto não é possível, o comprimento efetivo, isto é, a altura deve ser modificada de modo a ter a mesma impedância de entrada e campo de irradiação horizontal que teria um radiador vertical de maior tamanho. Neste caso, as mudanças assegurariam que as características de um irradiador bem menor corresponde às de um fio vertical de l/4. Uma antena muito menor que isto não é um irradiador eficiente, e tem uma pequena impedância de entra- da com uma baixa resistência e uma alta componente de reatância capacitiva. Como exemplo, a impedância de entrada na base de uma antena de Marconi de l/8 é somente cerca de ( 8 - j 500 ) ohms; com este baixo valor de resistência de irradiação, a eficiência da antena é baixa. Além disso, devido à alta componente capacitiva, torna-se difícil o casamento com a linha de transmissão do transmis- sor. Este segundo problema pode ser parcialmente solucionado, colocando-se uma indutância em série com a antena, mas isto não aumenta a componente re- sistiva da impedância. Uma boa maneira de aumentar a resistência de irradiação, é ter-se uma parte do fio na posição horizontal, no topo da antena. O efeito de tal carga WANDER RODRIGUES 38 CEFET - MG no topo, como mostrado na FIG. 14, é o de aumentar a corrente na base da an- tena e também tornar a distribuição de corrente mais uniforme. A carga no topo pode tomar a forma de uma simples peça horizontal, resultando nas antenas em T e em L invertido da FIG. 15. O topo também tem a função de adicionar capa- citância em série com a antena, reduzindo a reatância capacitiva de entrada. Figura 14 – Carga no topo. O modelo de irradiação para as antenas com carga no topo é o mes- mo que o das antenas Marconi básicas, porque a distribuição de corrente tam- bém é a mesma, como mostrado na FIG. 14. Desde que a corrente na porção ho- rizontal é muito menor que a da parte vertical, a antena ainda é considerada um irradiador verticalmente polarizado. Freqüentemente, a escolha do tipo de carga no topo a ser utilizada é determinada pela disponibilidade de custo, no lugar de fatores para um projeto ótimo. ANTENAS 39 CEFET - MG Figura 15 – Mastro de uma antena com carga no topo. 5.4.2 - Comprimento ótimo É correto dizer, para as faixas de VLF e LF, que as antenas deveriam ser tão alta quanto possível. Referindo-se as antenas de MF, entretanto, poderí- amos notar que teria algo como uma antena muito alta. Uma inspeção na FIG. 13 revela isto. Uma antena cujo comprimento é l, é inviável para a propagação de ondas terrestres, porque pode-se verificar no modelode irradiação que quase nada é irradiado ao longo do solo. Assim, um comprimento ótimo deve haver en- tre um comprimento bastante curto e.l Uma nova inspeção na FIG. 13 mostra que WANDER RODRIGUES 40 CEFET - MG a intensidade de campo na direção horizontal aumenta com o comprimento, até 5l/8. Infelizmente, quando o comprimento da antena ultrapassa l/2, são formados outros lóbulos. Dependendo de suas intensidades e ângulos, suas presenças causarão interferências das ondas espaciais. Isto é verdadeiro para todos os ir- radiadores verticais mais altos que cerca de 0,53l, de modo que esta altura não sendo ultrapassada na prática, para antenas de irradiadores de ondas terrestres. 5.4.3 - Comprimento efetivo O termo comprimento elétrico efetivo foi usado em inúmeras ocasi- ões, e deve ser explicado agora. Refere-se ao fato das antenas comportarem-se eletricamente como se fossem maiores que sua altura física, altura real. O primei- ro motivo disto é o efeito da carga no topo. O segundo é geralmente denominado o poder das pontas, e é a conseqüência do fato das antenas terem uma espes- sura finita, em vez de serem infinitamente finas. O resultado disto é que a veloci- dade de propagação dentro da antena é cerca de 2 a 8 por cento menor que no espaço livre, de modo que o comprimento de onda dentro da antena é menor na mesma proporção. A antena comporta-se então como se fosse maior que o seu comprimento calculado com base na velocidade no espaço livre. Finalmente, se a seção transversal da antena não é uniforme, como em torres cujo diâmetro dimi- nui com a altura, à semelhança de um cone, esta última situação é mais compli- cada. Por todas essas razões, é comum fazer-se as antenas ligeiramente maior que o necessário, e então ajustá-la para o comprimento ideal. Este método é melhor do que cálculos a partir de fórmulas ou cartas disponíveis em manuais de antenas. ANTENAS 41 CEFET - MG 06 - Acoplamento de antenas em freqüências médias As antenas de baixas e médias freqüências são as menos prováveis de terem um comprimento ressonante, bem como as que dificilmente teriam uma impedância de entrada puramente resistiva. Isto quer dizer que não será possível ligar tais antenas diretamente, ou por meio de uma linha de transmissão, à saída do circuito tanque de um transmissor; alguma espécie de circuito de casamento deverá ser interconectado. 6.1 - Considerações gerais Uma rede de acoplamento, ou acoplador de antena, é uma associa- ção composta de reatâncias e transformadores, que podem ser condensados ou distribuídos. A rede de acoplamento realizará um casamento de impedâncias, e será usada para alguns ou todos os seguintes motivos: 01 - Eliminar a componente reativa da impedância da antena, de ma- neira a torná-la puramente resistiva para o transmissor; efeito contrário ocorre ao conectar a antena; para tal, há a necessidade de reatâncias variáveis. 02 - Fornecer ao transmissor e também à linha de transmissão, se usada, o valor correto da resistência de carga. Isto requer um ou mais transfor- madores ajustáveis. 03 - Evitar a transmissão de espúrios ilegais. Isto torna necessário a presença de filtros, geralmente passa baixas, já que os espúrios são harmônicos da freqüência do transmissor. WANDER RODRIGUES 42 CEFET - MG Pode-se notar que, enquanto as duas primeiras funções se aplicam a transmissores de baixas e médias freqüências, principalmente a última aplica-se igualmente a todas as freqüências. Uma outra consideração geralmente é apli- cada, especialmente nas freqüências mais baixas, em transmissores cujo circuito tanque é de alimentação série e singularmente sintonizado. Neste caso, o aco- plador de antena deve evitar que a alimentação em DC atinja a antena. Se isto não é feito, sérios problemas surgirão: dificuldades de isolação da antena e peri- go aos operadores. O perigo é causado pelo fato de, enquanto as queimaduras de radiofreqüência são sérias e dolorosas, as provenientes de alta tensão DC são mortais, na maioria das vezes. 6.2 - Escolha do ponto de alimentação Os dipolos de meia onda até aqui estudados foram desenhados sem- pre com a fonte de sinal conectada ao centro. Embora muitas antenas práticas são assim ligadas, este arranjo não é essencial. O ponto em que uma antena particular é alimentada é determinado por várias considerações, dais quais a mais importante talvez seja a impedância da antena. Esta, conforme foi mostra- do, varia de ponto para ponto ao longo da antena, sendo necessário analisar al- gumas das opções. 6.2.1 - Alimentação de tensão e de corrente Quando um dipolo possui um comprimento efetivo ressonante, a im- pedância em seu centro será puramente resistiva. Esta impedância será alta se há um nó de corrente no centro, como em uma antena de um comprimento de ANTENAS 43 CEFET - MG onda l, ou baixa se há um nó de tensão no centro, como em um dipolo de meia onda. Conforme termos comuns, uma antena é denominada de alimentação de corrente se é alimentada em um ponto de máximo de corrente; deste modo, uma antena dipolo de meia onda de Marconi é alimentada com corrente. Do mesmo modo, uma antena de um comprimento de onda l, com alimentação ao centro é considerada de alimentação de tensão. Ambos os termos anteriores tendem a perder o seu significado se a antena é alimentada em algum ponto intermediário. A definição de alimentação de corrente foi estendida para incluir todas as impedâncias de pontos de ali- mentação menores que 600 ohms, e alimentação de tensão para impedâncias maiores que 600 ohms. Mesmo assim, ainda é melhor falar-se em alimentação em baixa impedância e alimentação em alta impedância. 6.2.2 - Impedância no ponto de alimentação Como já foi mostrado, a corrente é máxima no centro e mínima nas extremidades de um dipolo de meia onda no espaço, ou em uma antena Marconi de um quarto de onda aterrada, onde a tensão é exatamente o contrário. Em uma antena prática, os valores da tensão e corrente serão baixos, não zero, de modo que a impedância da antena será infinita neste ponto. Assim, temos milhares de ohms nas pontas, e 72 ohms ao centro, ambos os valores puramente resistivos. Consequentemente, as antenas de radiodifusão são de alimentação de corrente na prática, sendo de 72 ohms a impedância vista pela linha de transmissão. É por este motivo que as antenas, embora denominadas aterradas, são de fato freqüentemente isoladas da terra eletricamente. Entretanto, a base da antena está colocada em um isolador próximo à terra, de modo que ela se comporta como se realmente estivesse aterrada. WANDER RODRIGUES 44 CEFET - MG 6.3 - Acoplamento de antenas Embora todos os acopladores de antenas devem satisfazer todos os três requisitos citados, ainda há diferenças individuais entre eles, determinadas pelo modo de alimentação da antena. Isto é, por sua vez, depende de se utilizar uma linha de transmissão, se ela é ou não balanceada, e qual o valor da relação de ondas estacionárias que ela possui. 6.3.1 - Antenas diretamente alimentadas Tais antenas são acopladas a seus transmissores sem linha de trans- missão, geralmente por falta de espaço. É de uso que uma linha ligando a antena ao transmissor deve ter no mínimo um comprimento de l/2, e no mínimo a porção equivalente ao primeiro quarto de onda deve vir em ângulo reto à antena. Isto pode ser difícil de ser realizado, especialmente em baixas freqüências, para transmissores em navios ou em topos de edifícios. A FIG 16a mostra o método mais simples de acoplamento direto. A impedância vista pelo circuito tanque é ajustada movendo-se a bobina L1, ou va- riando-se o número de espiras, curto-circuitando-as. Para ajustar o valor correto da impedância da antena, diminui-seC1 ou L1, e a outra componente é ajustada para o casamento. Este é o sistema de acoplamento mais simples, mas de ma- neira alguma o melhor, especialmente porque não oferece uma boa atenuação de harmônicos. ANTENAS 45 CEFET - MG Figura 16 – Acoplamento de antena. a – acoplamento direto. b – acopla- mento em pp . O acoplador em pp da FIG. 16b é uma possibilidade muito melhor. Ele oferece uma escala de reatâncias maior, e também é um filtro passa baixas, dando uma boa supressão de harmônicos. Entretanto, ele não possibilitará um acoplamento satisfatório se a antena é muito curta, tendo desta maneira uma im- pedância de entrada predominantemente capacitiva. WANDER RODRIGUES 46 CEFET - MG 6.3.2 - Acoplamento com uma linha de transmissão As exigências são as mesmas já discutidas. Entretanto, linhas balan- ceadas e portanto redes de acoplamento balanceadas, são freqüentemente utili- zadas, como mostra a FIG. 17. O circuito tanque de saída é sintonizado adequa- damente, e devem ser oferecidas facilidades para assegurar que as duas pontas do acoplador possam ser mantidas balanceadas. Em freqüências mais altas, uma parte dos componentes concentrados podem ser distribuídos, de modo a possibilitar o uso de transformadores de um quarto de ondas e os tocos. Figura 17 – Acoplamento simétrico em pp . 07 - Antenas direcionais de HF Antenas de HF provavelmente diferem das de baixas freqüências por duas razões complementares; são essencialmente as exigências de recepção / transmissão de HF e a habilidade de satisfazê-las. Deste que a maioria das co- municações em HF é de ponto a ponto, esta exigência é para feixes mais con- centrados, em vez de irradiação onidirecional. Pelo mesmo motivo, modelos de irradiação tipo charuto são disponíveis em HF, devido ao comprimento de onda ANTENAS 47 CEFET - MG menor. Assim, as antenas podem ser construídas com um comprimento de vários comprimentos de onda, mas tendo sua altura ajustável. 7.1 - Associação de dipolos Uma associação de dipolos é um sistema irradiante constituído por ir- radiadores individuais, ou elementos. Estes são colocados próximos, de modo a estar cada um no campo de indução do outro. Consequentemente um interage com o outro, produzindo um modelo de radiação que é a soma vetorial dos mo- delos separados. Se há um reforço ou atenuação em uma dada direção, esta é determinada não somente pelas características individuais de cada elemento, mas também pelo espaçamento entre eles, e a diferença de fase, se há, entre os vários pontos de alimentação. Arranjando-se um destes conjuntos adequada- mente, é possível provocar-se um reforço ou atenuação, resultando num sistema com características direcionais muito boas. Bons ganhos, maiores que 50 não são raros, especialmente na parte superior da banda de freqüências. Também é possível utilizar-se de uma dessas associações para conseguir-se uma irradia- ção onidirecional no plano horizontal, como em arranjos usados em transmissão de televisão, denominados turnstile ( stile = degrau ou escada para atravessar cerca ). Entretanto, é correto afirmar se os arranjos de HF são mais complicados na obtenção de uma irradiação mais direcional que para criar campos onidireci- onais, propagação um todas as direções. 7.1.1 - Elementos parasitas Os elementos parasitas não existem necessariamente em todos os ar- WANDER RODRIGUES 48 CEFET - MG ranjos a serem conectados à saída de um transmissor, embora possam, ocorrer em um grande número de casos. Um elemento assim conectado é denominado forçado ou driven, ao passo que um irradiador não acoplado diretamente é de- nominado de parasita. Todo o elemento parasita recebe energia do campo de indução do elemento ligado ao transmissor, em vez de ser diretamente acoplado à saída do transmissor ou a linha de transmissão. De forma geral, é correto afir- mar que o elemento parasita é maior que o elemento driven e estando próximo a ele, reduz a intensidade do sinal na sua direção, e aumenta-se na direção oposta. Age, desta forma, de maneira similar a um espelho côncavo em ótica, e é deno- minado de refletor. Novamente, um elemento parasita menor do que o elemento driven, do qual ele recebe energia, tende a diminuir a irradiação em sua própria direção, e assim comporta-se como a lente convergente convexa. É denominado de diretor. Isto está ilustrado na FIG. 21. Como pode ser imaginado, há um grande número de arranjos dife- rentes, consistindo de dipolos arranjados em modelos físicos específicos e exci- tados de várias formas, de acordo com a necessidade. Os dois arranjos mais comuns são agora descritos. 7.1.2 - Arranjo transversal ou tipo costado de navio Possivelmente a formação mais simples, consiste de um número de dipolos de igual tamanho, igualmente espaçados ao longo de uma linha reta, com todos os dipolos alimentados com a mesma fase a partir da mesma fonte. Tal formação é denominada de arranjo transversal ou broadside, e é mostrado na FIG. 18, juntamente com o modelo de irradiação resultante. ANTENAS 49 CEFET - MG Figura 18 – Arranjo Broadside e o modelo de irradiação. Como indicado, a formação costado de navio ou transversal é muito direcional em ângulos retos ao plano do arranjo, irradiando muito pouco no seu plano; o nome vem do termo naval broadside. Se algum ponto é tomado ao longo da linha perpendicular à formação, é visto que este ponto é virtualmente distante de todos os dipolos que constituem a formação. Assim as radiações individuais, já máximas nesta direção, se reforçam. Na direção do plano, entretanto, há pouca irradiação, porque os dipolos não irradiam na direção em que apontam, e devido ao cancelamento na direção da linha unindo o centro. Isto ocorre a qualquer ponto distante, ao longo desta linha, não eqüidistante de todos os dipolos, que terão suas irradiações anuladas umas pelas outras nesta direção, ainda mais se a se- paração entre eles é de l/2, como ocorre freqüentemente. WANDER RODRIGUES 50 CEFET - MG Comprimentos típicos de antenas neste tipo de arranjo são de 2 a 10 comprimentos de onda, com um espaçamento típico de l ou l/2, podendo ser utilizados dezenas de elementos. Observe que, uma formação que é direcional em ângulos retos ao seu plano é denominado, logicamente, possuidora de uma ação irradiadora lateral. 7.1.3 - Arranjo End-fire ou tipo bico de chama O arranjo físico da formação end-fire é a mesma que o transversal ou broadside. Entretanto, embora a intensidade da corrente em cada elemento é a mesma que em qualquer outro elemento, agora há uma diferença de fase entre estas correntes. Esta diferença é progressiva da direita para a esquerda na FIG. 19, havendo um atraso de fase entre elementos que se sucedem de valor igual, em Hertz, ao seu espaçamento em comprimentos de onda. O modelo de irradia- ção mostrado, é completamente diferente da anterior. Ele está no plano da for- mação, e não em ângulos retos, e é unidirecional, em vez de bidirecional. Obser- ve que uma formação com esta forma de irradiação é dita possuir uma ação end-fire. Figura 19 – Arranjo End-fire e o modelo de irradiação. ANTENAS 51 CEFET - MG Não há nenhuma irradiação em ângulos retos ao plano da formação, devido ao cancelamento. Um ponto ao longo da linha perpendicular ao plano da formação é ainda eqüidistante de todos os elementos, mas, agora, o primeiro e terceiro dipolos são alimentados fora de fase, e assim se cancelam mutuamente suas irradiações, do mesmo modo que o fazem o segundo e quarto dipolos, e assim, sucessivamente. Com o espaçamento usual de l/4 ou 3l/4, não haverá cancelamento apenas em ângulos retos, como foi dito, mas também da esquerda para a direita na FIG. 19. O primeiro dipolo não está apenasmais próximo de l/4 de algum ponto distante nesta direção, de modo que sua radiação está 90o à frente da do segundo dipolo, mas também adianta-se do segundo dipolo de 90o, novamente devido ao método de alimentação. Consequentemente, as irradia- ções dos dois primeiros dipolos estarão 180o fora de fase nesta direção, per- pendicular, e se cancelarão, como o farão as irradiações do terceiro e quarto di- polos, e assim, sucessivamente. Na direção da esquerda para a direita, entre- tanto, a diferença de fase entre os dipolos é determinada pela diferença de fase na alimentação. Consequentemente haverá uma soma, resultando numa forte ir- radiação unidirecional. As formações costado de navio e bico de chama, transversal ou broa- dside e end-fire, são ambas denominadas lineares, e ambas são ressonantes, desde que são constituídas por elementos ressonantes. Como tal, ambos têm uma estreita faixa, o que faz cada um deles particularmente adequado para transmissão de ondas curtas, mas não igualmente útil para a recepção. 7.2 - Dipolos dobrados e suas aplicações Como apresenta a FIG. 20, o dipolo dobrado é uma única antena, mas é constituída por dois elementos. O primeiro é alimentado diretamente, enquanto WANDER RODRIGUES 52 CEFET - MG o segundo é acoplado condutivamente às suas extremidades. A forma da irradia- ção do dipolo dobrado é a mesma que a do dipolo reto, mas a sua impedância de entrada é maior. Isto pode ser mostrado notando-se, como é visto na FIG. 20, que se a corrente total fornecida é I, e os dois braços têm o mesmo diâmetro, a corrente em cada braço será I/2. Se tratasse de um dipolo reto, a corrente total fluiria no primeiro e único braço. Agora, com a mesma potência aplicada, apenas a metade da corrente flui no primeiro braço, e deste modo a impedância de en- trada é quatro vezes a do dipolo reto. Daí, Rr = 4 x 72 = 288 ohms para o dipolo de meia onda dobrado de igual diâmetro. Figura 20 – Dipolo dobrado. Se são usados elementos de diâmetros diferentes, relações de trans- formação de 1,5 a 25 são praticáveis, e se forem necessários relações ainda maiores, mais braços podem ser usados. Embora o dipolo dobrado tenha a mesma forma de irradiação do dipolo comum, ele tem duas vantagens: sua im- pedância e sua maior largura de faixa. ANTENAS 53 CEFET - MG 7.2.1 - A antena Yagi-Uda Mais freqüentemente, mas incorretamente conhecida como Yagi, foi inventada pelo Professor Uda e primeiramente explicada em inglês por Hidetsu- gu Yagi. Consiste de uma formação de um elemento dirigido ou driven, ligado à fonte, e de um ou mais elementos parasitas. Eles são dispostos colinearmente e próximos, conforme a FIG. 21, que também mostra o modelo ótico equivalente e a forma de irradiação. Figura 21 – Antena Yagi-Uda. a – antena e modelo de irradiação. b – equi- valente ótico. Desde que é relativamente unidirecional, como mostra a forma de ir- radiação e possui um ganho moderado, nas proximidade de 7,0 dB, esta antena é utilizada nas transmissões de HF. Também é empregada em freqüências mais WANDER RODRIGUES 54 CEFET - MG elevadas, particularmente como antena de televisão, receptora de VHF. O lóbulo de trás, na FIG. 21b pode ser reduzido, e assim melhorada a relação frente cos- ta da antena, colocando-se os irradiadores mais próximos. Entretanto, isto trás a conseqüência negativa de abaixar a impedância do arranjo, de modo que a se- paração apresentada, 0,1l, é um ótimo valor. O efeito preciso dos elementos parasitas dependem de sua distância e ajuste, isto é, da amplitude e fase da corrente neles induzida. Como já foi men- cionado, um elemento parasita ressonante em uma freqüência menor que a do elemento ligado ao gerador, isto é, o elemento maior, atuará como um leve con- centrador de irradiação. Colocando-se um elemento parasita perto de um dire- tamente alimentado, independente de seu comprimento preciso, ele carregará o elemento alimentado mais, e consequentemente reduzirá sua impedância de en- trada. Esta é talvez a principal razão para o uso quase invariável de um dipolo dobrado como o elemento ligado ao gerador em tal arranjo. A antena Yagi-Uda reconhecidamente não tem um alto ganho, mas é muito compacta e relativamente de banda larga, devido ao dipolo dobrado que é utilizado, e possui uma boa forma de irradiação unidirecional. Como é usada na prática, ela possui um refletor e vários diretores, todos de igual comprimento ou diminuindo levemente a partir do elemento conectado à fonte. Finalmente, deve ser citado que o dipolo dobrado, juntamente com uma ou duas outras antenas, é às vezes denominado antena de super ganho, devido ao seu bom ganho e lar- gura de feixe por área, no desenho da forma de irradiação. ANTENAS 55 CEFET - MG 7.3 - Antenas não ressonantes - A Rômbica Uma maior exigência para HF é a necessidade de uma antena multi- faixa capaz de operar satisfatoriamente em toda o espectro de 3 a 30 MHz, tanto para a transmissão como para a recepção. Uma das soluções óbvias é o empre- go de um arranjo de antenas não ressonantes, cujas características não mudari- am drasticamente ao longo desta faixa de freqüência. Uma combinação muito interessante e muito empregada, especial- mente para comunicações ponto a ponto, é apresentado na FIG. 22. Trata-se da antena rômbica, que é constituída de elementos não ressonantes arranjados de maneira diferente das formações anteriores. É um losango plano, que pode ser concebido como um pedaço de uma linha de transmissão paralela, separado ao meio. Os comprimentos dos dois irradiadores iguais variam de 2 a 8l, e o ângulo de inclinação, j, de 40 a 75o, estando intimamente ligado ao comprimento dos lados do losango. Os quatro lados são considerados antenas não ressonantes. Isto é obtido ajustando-se as duas partes como uma linha de transmissão corre- tamente terminada em sua impedância característica na extremidade, assim apenas estarão presentes as ondas diretas. Desde que a terminação absorve alguma potência, a antena rômbica deve ser terminada com um resistor que, para a transmissão, é capaz de absorver cerca de um terço da potência entregue à antena. A resistência de terminação está freqüentemente em torno de 800 ohms, e a impedância de entrada varia de 650 a 700 ohms. A diretividade da antena rômbica varia de cerca de 20 a 90, aumentando com os lados de comprimentos superior a 8l. Porém, a potência absorvida pelas extremidades deve ser levada em conta, de modo que o ganho de potência desta antena varia de cerca de 15 a 60. A forma de irradiação é unidirecional, como é mostrado. WANDER RODRIGUES 56 CEFET - MG Figura 22 – Antena Rômbica e o modelo de irradiação. Pelo fato de não ser ressonante, não precisa ter um tamanho equiva- lente a um número inteiro de meios comprimentos de onda. É assim uma antena de banda larga, com uma faixa de freqüência de no mínimo 4:1 para uma res- posta muito boa de ambos: impedância de entrada e forma de irradiação. A rômbica é idealmente adequada para a transmissão e recepção de HF, e é uma antena muito popular nas comunicações comerciais ponto a ponto. 08 - Antenas de microondas As antenas de transmissão e recepção utilizadas no espectro de fre- qüência de microondas, de 1 a 100 GHz, tendem a ser diretivas. O alto ganho é freqüentemente a principal razão, embora existam outras exigências importantes, que serão abaixo relacionadas. 01 - Há pouca transmissão para todas as direções nestas freqüên- cias, havendo portanto pouca necessidade de antenas onidirecionais. 02 - Os receptores tendem a ser mais ruidosos que em freqüências ANTENAS 57 CEFET - MG mais baixas, caso não se usem técnicas especiais e freqüentemente caras. Daí, o sinal na entrada do receptor deve