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9 1 ANTENAS Neste capítulo, serão tratadas as características básicas das antenas. Para entrar no mundo das comunicações sem fio é indispensável entender como funciona o processo de transformação de sinais guiados em não guiados. A antena é um elemento fundamental no processo de transmissão influindo decisivamente para o sucesso de uma comunicação sem fio. Para iniciar o estudo de como se processa a interligação entre dois pontos através de ondas eletromagnética (ondas de rádio), é importante identificar todos os elementos envolvidos. A próxima figura mostra estes elementos principais. Ao adequado dimensionamento do sistema dá-se o nome de Link Budget, que significa balanço de potência do sistema. Este será assunto de outro capítulo. Nesta figura o Transmissor (TX) injeta o sinal de rádio na linha de transmissão com uma determinada potência. Este sinal é conduzido pela linha de transmissão até a antena e sofre uma atenuação neste percurso em função da linha de transmissão. O papel da antena é converter a onda guiada em onda não guiada, promovendo um direcionamento da intensidade de sinal na direção da antena de recepção. A uma dada distância a antena de recepção capta parte da onda transmitida e a converte em uma onda guiada novamente para ser processada no receptor. 1.1 Definição de Decibel – dB Antes de entrar nas propriedades das antenas é fundamental o conhecimento da unidade dB (Decibel), que é utilizada rotineiramente em sistemas rádio e na especificação de antenas, amplificadores, projeto de sistema rádio etc. A utilização de uma escala logarítmica é conveniente para tratar dois valores que possuem uma grande diferença numérica entre si. 10 Exemplo: tente colocar no mesmo gráfico os valores 100 e 10000. Seria bastante difícil fazê-lo em função da diferença dos valores. Usando dB este problema é reduzido, uma vez que representam respectivamente 20dB e 40dB. O cálculo do dB utiliza a expressão geral: 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑚 𝑑𝐵 = 10 × log (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐿𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟) Em sistemas de transmissão o sinal, ao ser transmitido pelo espaço, sofre grandes variações de intensidade em função da distância, o que provoca grandes atenuações como 10.000 vezes. Ou seja, se a potência de transmissão for de 1 Watt o sinal recebido será de 0,00001 Watt. Neste caso o dB é fundamental. Exemplo: é comum em sistemas de comunicação uma atenuação de 100.000 vezes entre a potência transmitida e a potência de recepção. O cálculo em dB desta atenuação seria: 𝐴𝑡𝑒𝑛𝑢𝑎çã𝑜 = 10 × log(100.000) = 50 𝑑𝐵 Como visto, não existe dificuldade alguma na obtenção do valor em dB, bastando entender que no caso acima se trata de um valor que espelha a relação entre duas potências, de transmissão e recepção. Esta unidade também é utilizada para encontrar o ganho de amplificadores. Assim, se a potência de saída de um amplificador 100 vezes a potência da entrada temos um ganho de 20 dB. Portanto, a unidade dB para determinar o ganho de um amplificador é calculada pela expressão: – GdB = ganho, em decibéis; – Pin = potência de entrada; – Pout = potência de saída; Um ponto importante é verificar que a unidade dB é adimensional e representa a relação entre dois valores. No caso do amplificador é a potência de saída sobre a potência de entrada. No caso da atenuação sofrida pelo sinal é a potência de transmissão sobre a potência de recepção. Excel: para o cálculo de dB a melhor forma é utilizar uma planilha eletrônica para realizar o cálculo, como mostrado a seguir: in out dB P P G 10log10= 11 Observar que a unidade dB é sempre a relação entre dois valores, entrada pela saída, no caso de atenuação, ou saída pela entrada, no caso de amplificadores. Esta unidade possui variações em função do tipo de relação que se deseja, como será visto nos próximos itens. 1.1.1 Valores absolutos de potência – dBm Podemos utilizar a unidade dB para expressar um valor absoluto de potência utilizando como potência de referência um valor conhecido. O caso mais comum é a unidade dBm. Para calcular o valor de potência em dBm utilizamos como referência a potência de 1 mili-Watt ou 1 mW ou 1x10-3 Watts. Portanto, a potência em dBm é calculada pela expressão: Exemplo: uma potência de 50 mW é comumente encontrada em alguns pontos de acesso WiFi. A especificação desta potência é feita em dBm. A próxima tabela mostra a especificação da potência de transmissão de um ponto de acesso da Cisco. Exemplo: calcular a potência em dBm para uma potência de 50 mili W. Pela tabela vemos que o valor é 17 dBm. O cálculo da potência em dBm: mWatt WattPower PowerdBm 1 ][ log10= dBm mW PowerdBm 17 1 1050 log10 3 = = − 12 Uma importante tabela, que usaremos no dimensionamento de redes, determina qual a potência de recepção limite por taxa. A próxima tabela apresenta a especificação de um ponto de acesso Cisco (WiFi). 1.1.2 Conversão dBm para Watt Algumas vezes é necessário calcular a potência em Watts a partir da potência em dBm. Para converter de dBm para Watt basta utilizar a mesma expressão e isolar a potência em mili Watt a ser determinada. Não deve se esquecer de multiplicar por 1 mili Watt ou 1 x 10-3. A expressão para esta conversão é a seguinte: Exemplo: calcular a potência de uma estação WiFi em Watt sendo que sua potência é de 15 dBm. Resolvendo a equação: Exemplo: para uma taxa de 54 Mbps a potência recebida deve ser de -70 dBm. Calcular a potência em Watt. Exemplo: A próxima figura apresenta a determinação das potências em cada ponto de um sistema que liga um ponto de acesso WiFi a uma antena utilizando um cabo e conectores. No exemplo as potências são mostradas em Watt e dBm. A atenuação de 3 dB divide pela metade a potência em Watt. −= 10 ][ 3 10.10.1][ dBmP WP WattsWP dBm 310 15 3 106,3110101][ − − == WattsWP dBm 1010 70 3 10110101][ − − − == 13 Como pode ser observado pela figura anterior com dB utilizamos soma e subtração, e no caso da escala linear utilizamos multiplicação e divisão. Fica claro utilizada em utilizar a unidade dB. Observe a facilidade que é trabalhar com esta unidade que está em uma escala logarítmica, em vez de uma escala linear. 1.1.3 Perda Cuidado com o termo “perda”. Na literatura é comum encontrar “perda” com sinal negativo. Isto pode levar a um erro grave, já que em algumas situações você dirá que aconteceu um ganho. Sempre que falar “perda” ou “atenuação” deve-se saber que é um valor positivo que será subtraído quando for determinada a potência de recepção, por exemplo. A próxima expressão mostra como calcular a perda, considerando a potência de entrada e a potência de saída. Nos dois casos a atenuação será um valor positivo. 200mW 20dBm 50mW 14dBm 25mW 11dBm 17dBm 23dBm 12,5mW 100mW 3dB 3dB 3dB Ganho=12dBi Ganho=15,85 Cálculo em dB 20 dBm-3-3-3+12=23 dBm Pot=200 mW out in in out dB P P P P L log10log10 =−= 14 Na figura anterior do sistema de transmissão a atenuação dos conectores é de 3dB. Como sabemos que um conector e este não ocasiona amplificação, logicamente a potência na saída será 3 dB menor, ou seja, cai pela metade. Pense sempre na coerência do resultado. Exemplo: se a potência de entrada é de 10 mW e a potência de saída é de 5 mW a perda será de 3 dB, pois 10 mW equivale a 10 dBm e 5 mW equivale a 7 dBm. 1.2 Meios de Transmissão As características e qualidade da transmissão de dados são determinadas pelas características do meio de transmissão e do próprio sinal. Os meios de transmissão podem ser classificados em: • Guiado - Ex: par trançado, cabo coaxial, fibra óptica, etc; • Não guiado - Ex: transmissão pelo espaço (é comum utilizar a expressão transmissão pelo ar, mas não é correto) Nos meios guiados as características do meio determinama qualidade de transmissão, que impõe restrições ao sinal como, por exemplo, filtragem de componentes harmônicas de ordens mais altas provocando distorção no sinal. A próxima figura mostra exemplos de meios guiados. No meio não guiado as características são determinadas pela faixa de frequência ocupada pelo sinal, pela potência de transmissão e pelo ruído presente no sistema. Para realizar o processo de transmissão contamos com as antenas tanto na transmissão quanto na recepção. As antenas promovem uma concentração de sinal em certa direção, tendo efeito tanto na transmissão quanto na recepção. Pelas suas características de alterar a cobertura, este dispositivo merece uma atenção especial. A principal característica da comunicação sem fio é a grande atenuação sofrida pelo sinal. 15 1.2.1 Atenuação do Cabo Coaxial Todo cabo apresenta uma atenuação ao conduzir o sinal do transmissor para a antena, ou da antena para o receptor. Além do comprimento do cabo, a frequência de operação é outro fator que determina a atenuação que o sinal vai sofrer. A próxima figura mostra a comparação entre dois cabos coaxiais. O gráfico apresenta uma ilustração da atenuação aumentando com o aumento da frequência para diferentes tipos de cabo coaxial. A atenuação é dada em dB/m. Exemplo: em 2,4 GHz o cabo RG58CU apresenta uma atenuação de 1,5 dB/m. Para um cabo de 10 metros a atenuação será de 15 dB. Ou seja, se a potência de transmissão for de 17 dBm ao chegar na antena será de 2 dBm. Esta é uma grande atenuação. Dessa forma o cabo deve ser o mais curto possível para não provocar atenuação no sinal, caso contrário é indispensável que seja um cabo de excelente qualidade, que significa apresentar baixa atenuação em função do comprimento. Porém, o custo de cabos de baixa perda é alto. A próxima tabela apresenta a atenuação típica dos cabos coaxiais mais comuns em 2,4 GHz. 16 1.3 Propagação de Onda no Espaço Para entender a função das antenas é interessante analisar primeiro a propagação da onda no espaço. A próxima figura apresenta um gerador que excita uma antena (na figura é um dipolo), que gera uma onda eletromagnética (OEM) no espaço. A figura apresenta um instante somente da OEM no espaço, como se tivesse tirado uma foto. Com o passar do tempo esta onda vai se deslocando na velocidade da luz em direção à antena de recepção. Observe que um ciclo completo do campo elétrico tem o tamanho de um comprimento de onda, que depende da frequência e velocidade da luz, dado pela expressão: 𝜆 = 3 × 108 𝑓 17 Onde f é a frequência em Hz. Este valor é usado para dimensionar antenas e para calcular a atenuação sofrida pelo sinal no espaço. Na recepção parte da OEM é recebida por uma antena que a converte em um sinal elétrico que será entregue ao receptor. 1.3.1 Processo de Transmissão A próxima figura permite identificar todos os elementos envolvidos no processo de transmissão com ênfase na antena. O sinal é gerado por um gerador ou transmissor, que pode ser um ponto de acesso WiFi. O sinal é conduzido até a antena através de um cabo que liga o gerador de radiofrequência a uma antena. Este cabo vai apresentar uma atenuação, que deve ser considerada no dimensionamento do enlace. A antena neste caso é bastante especial, pois libera o sinal no espaço criando as ondas eletromagnéticas. Na figura são apresentadas as linhas do campo elétrico que se fecham. A uma distância grande (acima de centenas de comprimento de onda) as ondas são chamadas de planas, pois a curvatura do campo elétrico é praticamente desprezível. Observe que na antena de recepção parte da onda plana é capturada pela abertura da antena. Deve ser observado que uma infinitésima parte da energia radiada é capturada pela antena de recepção. Este campo elétrico capturado é convertido em sinal elétrico e encaminhado para o receptor pelo cabo de recepção. 1.4 Definição de uma Antena Trata-se de um elemento sempre presente no dia a dia dos seres humanos. De maneira bem filosófica podemos dizer que é o olho eletrônico que faz a ligação com o espaço. Em síntese faz a ligação entre dois pontos, que deve ser da forma mais eficiente possível. Uma antena está sempre relacionada com a frequência em que vai operar. Ou seja, seu rendimento depende da utilização na faixa de frequência para a qual a antena foi projetada. 18 Uma antena de rádio pode ser definida como uma estrutura associada a uma região de transição entre uma onda guiada e uma onda no espaço livre, ou vice- versa. A forma como a antena faz esta transição é estudada pela análise das ondas eletromagnéticas geradas pela excitação da antena através de sinais periódicos com frequência definida. Esta frequência é para a qual foi projetada a antena. Quanto à eficiência desta transição entramos nas características de concentração de energia em uma direção no caso da transmissão, ou coleta de energia do espaço quando se trata de recepção. A próxima figura apresenta a propriedade da antena em ser um elemento de transição entre a onda guiada e a onda no espaço na transmissão e o contrário na recepção. 1.4.1 Princípio de Antenas Antena é um condutor elétrico, ou conjunto de condutores que conseguem converter sinal guiado em sinal não guiado e vice-versa. Pode ser entendido como um transdutor nos dois sentidos: – Transmissão - irradia energia eletromagnética no espaço; – Recepção - coleta energia eletromagnética do espaço; As características de uma antena são determinadas pelo diagrama de irradiação, que é uma representação gráfica das propriedades de irradiação da antena. O diagrama de radiação é mostrado em dois planos: vertical e horizontal. A próxima figura mostra um exemplo deste diagrama. 19 O diagrama de irradiação mostra como a antena está cumprindo o seu papel de concentrar energia radiada na direção do receptor, ou coletar energia na recepção. Por este diagrama fica claro qual o sentido preferencial tanto para transmissão quanto para recepção. Uma mesma antena pode ser utilizada tanto para transmitir quanto para receber. Porém, em algumas aplicações pode-se ter uma antena de transmissão e outra de recepção. O diagrama de irradiação de recepção é o mesmo que o de transmissão. Outra definição importante é a largura do feixe que é definida como o ponto onde a densidade de potência cai pela metade. Esta definição mostra que uma antena possui diretividade, ou seja, concentra energia em uma direção. 1.4.2 Analogia Lanterna com Antena Uma analogia interessante é comparar uma antena com uma lanterna, que ilumina em certa direção. Para entender a função da antena devemos ter o mesmo raciocínio, porém neste caso a antena ilumina certa região com ondas de rádio. Outro ponto interessante é a capacidade de focar que algumas lanternas possuem que é semelhante ao que a antena faz. Portanto, uma antena ilumina dada direção em detrimento de outras direções. Com isto em mente fica fácil entender a terminologia utilizada para antena, onde se diz que uma antena ilumina certa região. A próxima figura apresenta o diagrama de iluminação de uma lanterna. De forma bem simples o gráfico mostra o que observamos anteriormente, ou seja, no ponto 4 existe um máximo de irradiação. Interessante observar que uma forma mais completa para mostrar este diagrama seria em três dimensões. Porém, utilizando 3D não é possível ter uma visão precisa do diagrama de irradiação. Por este motivo um diagrama de irradiação é sempre decomposto em dois planos: vertical e horizontal. 20 O gráfico da direita é o diagrama de radiação luminosa em um plano. Esta representação utilizou a forma retangular. Um ponto a destacar que este diagrama está no plano mostrado na figura e que o diagrama no outro plano perpendicular a este não pode ser determinado. Ou seja, para saber o diagrama no outro plano é necessário apresentar o diagrama nesteoutro plano. A próxima figura apresenta os planos de análise e suas nomenclaturas. Para representar o diagrama de irradiação além das coordenadas retangulares pode utilizar as coordenadas polares. No primeiro caso o diagrama fica em função dos eixos X e Y em torno da antena. No caso de coordenadas polares a antena seria o centro do gráfico e seriam traçadas radiais com ângulo e módulo. Para passar de uma representação para outra utilizamos a conversão polar para retangular ou vice-versa. A próxima figura mostra um diagrama na forma polar. Este diagrama polar é mais comum para representação do diagrama de radiação. Fica evidente pela figura que a direção de máxima radiação é no ângulo de zero grau. Este ponto em relação ao gráfico retangular apresentado pela lanterna é o ponto de coordenada X igual a 4. 21 1.4.3 Antena Isotrópica Uma fonte que irradia igualmente em todas as direções é chamada de uma fonte isotrópica. Um bom exemplo é o sol que estaria emitindo luz em todas as direções. Observe que esta afirmação só pode ser verificada se fosse feita uma análise em torno de todo o sol. A próxima figura apresenta esta visão do sol como uma fonte isotrópica e seu diagrama na forma retangular. Na verdade, só temos a visão de uma projeção do Sol quando olhamos para ele e não podemos afirmar nada sobre o que está acontecendo do outro lado. Mais uma vez fica claro como é inadequado utilizar a visão tridimensional. O diagrama de radiação apresentado na figura mostra que a intensidade do sinal é a mesma em qualquer ponto em torno do sol, em um plano. Em coordenadas polares a representação seria um círculo. A próxima figura mostra o diagrama na forma polar para um plano de análise do sol. O diagrama da figura indica que em qualquer ângulo a intensidade de sinal será a mesma. Podemos generalizar a análise da antena isotrópica dizendo que o diagrama em qualquer plano que passe pela antena isotrópica será um círculo. Na prática não existe uma antena que seja isotrópica, pois seria impossível sua construção. Entretanto para caracterizar o ganho de uma antena qualquer se utiliza como referência a antena isotrópica. Portanto, o ganho de uma antena é determinado comparando sua capacidade de concentração do sinal em relação à isotrópica. Como é feita uma comparação com a isotrópica, a unidade do ganho de uma antena é dBi, ou seja, dB em relação à isotrópica. Assim uma antena com 20 dBi significa que esta antena promove uma concentração de sinal em 22 uma certa direção de 100 vezes em relação à isotrópica. Existe também a unidade dBd, que seria o ganho de uma antena em relação ao ganho de um dipolo de meia onda. Como o ganho do dipolo de meia onda é de 2,15 dBi, para se encontrar o ganho de uma antena em dBd basta subtrair 2,15 dB do ganho em dBi. Entretanto, o mais comum é apresentar o ganho de uma antena em relação à isotrópica. 1.4.4 Antena Omnidirecional Este tipo de antena existe na prática e tem a característica de irradiar igualmente em todas as direções, mas somente em um plano. Este tipo de antena seria utilizado para cobrir, por exemplo, um salão grande onde os usuários estariam distribuídos por toda a área. Neste caso a antena omnidirecional seria colocada no centro do salão. A figura anterior seria o diagrama de uma antena omnidirecional no plano em que irradia igualmente em todas as direções. Uma antena isotrópica é omnidirecional em qualquer plano que passe pela sua origem, bastando para isto lembrar que a omnidirecional irradia em todas as direções. O sol, por exemplo, teria esta característica, pois em qualquer plano que passe pelo sol a energia luminosa é irradiada igualmente em todas as direções. Para ilustrar como seria uma fonte omnidirecional a próxima figura apresenta um diagrama de radiação em três dimensões deste tipo de fonte. Através desta figura é possível identificar que a irradiação é máxima, e constante, no meio desta figura, no plano XY. Esta figura é chamada de toroide ou rosquinha. 1.5 Parâmetros e Características As antenas possuem um conjunto de parâmetros que a definem. Neste item cada um destes fatores será analisado, sem considerar uma antena específica. 23 1.5.1 Diagrama de Radiação Certamente este é o parâmetro mais importante de uma antena, pois define a direção que a antena vai concentrar a energia irradiada. As antenas cumprem um papel fundamental em sistemas rádio, pois a distribuição de sinal por certa região depende delas, atendendo as necessidades do link rádio. Uma antena é caracterizada através de seu diagrama de radiação que determina como o sinal eletromagnético será distribuído no espaço. Mais uma vez temos a demonstração em três dimensões, que de fato é a forma mais completa para demonstração do digrama de irradiação. Porém, este tipo de apresentação do diagrama de irradiação não é o mais apropriado em função de sua imprecisão na visualização do espalhamento do sinal no espaço. Para representação do diagrama de irradiação é utilizada a representação em dois planos: vertical e horizontal, semelhante a técnicas de desenho técnico. Para demonstrar como analisar o diagrama de radiação será utilizada a figura anterior de uma antena omnidirecional. Observe na próxima figura o plano XY, que podemos chamar de plano horizontal. Neste plano horizontal a irradiação é igual em todas as direções, ou seja, omnidirecional, como mostrado na próxima figura. O outro plano vertical de análise pode ser ZX ou ZY, como mostrado na próxima figura. 24 Para este plano vertical o diagrama de radiação é o que está apresentado na próxima figura. Esta representação mostra que existe um máximo de radiação no eixo mostrado na figura. A próxima figura apresenta em detalhes a decomposição no plano vertical e horizontal. Esta figura mostra o diagrama de radiação de um dipolo. Eixo de máxima irradiação 25 Na figura embaixo à esquerda temos uma visão em três dimensões, obtendo a figura de um toróide, já apresentada anteriormente. Observe a antena, no caso um dipolo, na posição vertical no centro do toróide. Partindo desta figura realizamos um corte horizontal, figura acima do toróide, onde observamos a haste superior do dipolo. Claramente observamos que surge um círculo no plano que passa pelo centro do dipolo. A figura mais acima mostra o diagrama de irradiação horizontal, que neste caso é um diagrama omnidirecional. No corte vertical observamos dois círculos formando um número oito deitado. O diagrama de irradiação é mostrado na figura mais à direita identificando um máximo de radiação no eixo horizontal da antena e um nulo de radiação no eixo vertical. A próxima figura é útil para que o leitor avalie como foram obtidos os diagramas vertical e horizontal observando a figura em três dimensões. 26 Como será visto a frente esta é uma antena setorial. Na horizontal a abertura é de aproximadamente 90o e na vertical de 8o. Mas a frente será mostrado como obter estes ângulos de abertura. 1.5.2 Ganho e Diretividade A diretividade de uma antena indica a relação entre o máximo de campo no sentido principal e o campo que seria gerado por uma antena isotrópica. A expressão para cálculo da diretividade é a seguinte: Onde Emáx é o campo máximo obtido com a antena e EISO seria o campo obtido com a isotrópica. Porém, na especificação das antenas o que se indica é o ganho. A relação do ganho com a diretividade é dado pela expressão: O valor η é um fator de eficiência e varia de 0 a 1. Para η=1 o ganho é igual a diretividade. Entretanto, em geral η é menor do que 1, por exemplo η=0,8 indica uma perda de eficiência de 20%. Como já mencionado o ganho de uma antena determina sua capacidade de concentrar energia em uma direção. Como já apresentado anteriormente o ganho da antena é dado em função de sua diretividade se comparada com a isotrópica. A próxima figuraapresenta este conceito no qual a antena co-senoidal possui um ganho de 4 vezes em relação a isotrópica. 27 A figura apresenta o diagrama das duas antenas, co-senoidal e isotrópica. Como já visto a isotrópica irradia em todas as direções, portanto é representada por um círculo. Exemplo: A antena com diagrama co-senoidal apresenta um máximo de irradiação na direção ϴ=0. Esta irradiação máxima é quatro vezes maior que a irradiação da antena isotrópica. Portanto, o ganho desta antena, considerando η=1, será: 𝐺[𝑑𝐵𝑖] = 10 × log(4) = 6 [𝑑𝐵𝑖] 1.5.3 Medida Indireta do Ganho Caso seja construída uma antena é possível determinar de forma aproximada o seu ganho, desde que se tenha uma antena com ganho conhecido. Este método indireto é realizado utilizando um transmissor com uma antena qualquer e um receptor que fará a medida da potência recebida, também conhecido como RSSI (Received Signal Strength Indicator). Primeiramente é colocada junto ao receptor a antena de ganho conhecido de referência Gref. Esta antena é ajustada em relação ao transmissor de forma que se obtenha a máxima potência Pref. Em seguida é substituída a antena com ganho conhecido pela antena com o ganho a ser determinado Gant. Ajusta-se esta antena para que se obtenha a máxima potência Pant. O ganho da antena construída é calculado pela expressão: 𝐺𝑎𝑛𝑡[𝑑𝐵𝑖] = 𝐺𝑟𝑒𝑓[𝑑𝐵𝑖] − (𝑃𝑟𝑒𝑓[𝑑𝐵𝑚] − 𝑃𝑎𝑛𝑡[𝑑𝐵𝑚]) Exemplo: com uma antena com ganho conhecido Gref = 10 dBi foi medida uma potência máxima Pref = - 40 dBm. Substituindo pela antena com o ganho Gant a ser determinado foi medida uma potência máxima Pant = - 44 dBm. Utilizando a expressão: 𝐺𝑎𝑛𝑡[𝑑𝐵𝑖] = 10[𝑑𝐵𝑖] − (−40[𝑑𝐵𝑚] − (−44[𝑑𝐵𝑚])) = 6 𝑑𝐵𝑖 28 1.5.4 Ângulo de abertura de 3 dB Toda antena tem um ângulo de abertura que determina a região que será coberta. Por definição, o ângulo de abertura identifica a direção de cobertura que a antena irá proporcionar. Quanto menor o ângulo de abertura, menor é o arco em que os usuários poderão estar. Considerando os diagramas horizontal e vertical é possível identificar a região de cobertura. Este ângulo de abertura é determinado entre os pontos onde o diagrama de irradiação cai de 3 dB. A próxima figura ilustra um diagrama de irradiação com a indicação do ângulo de abertura de 3 dB de uma antena. No caso da figura o ângulo de abertura é de aproximadamente 56 graus. O usuário que esteja na direção de 0o recebe o máximo de radiação. Nas direções de +/- 26o a intensidade cai pela metade. 1.5.5 Abertura Efetiva Um conceito relacionado com ganho da antena é a sua abertura efetiva, que representa a área de atuação da antena. Esta forma de interpretar uma antena através de sua abertura efetiva é importante para entender a função da antena na recepção. Ou seja, uma antena na recepção pode ser imaginada como uma abertura virtual no espaço que capta a energia transmitida pela antena de transmissão, convertendo as ondas eletromagnéticas no espaço em um sinal elétrico que é entregue ao receptor. A abertura efetiva depende do tamanho físico da antena e da sua forma. A elação entre ganho da antena e área efetiva é dada pela expressão: Abertura de 56o 2 2 2 44 c AfA G ee == 29 – G = ganho da antena; – Ae = abertura efetiva ou área efetiva [m2]; – f = frequência de operação; – c = velocidade da luz (3 x 108 m/s); – = comprimento de onda. Como mostra a expressão o ganho e a abertura efetiva são diretamente proporcionais. Exemplo: a abertura efetiva de uma antena de ganho 3 dBi em 2,4 GHz será: Observar que o ganho deve ser colocado na sua forma linear, ou seja, o valor 2 que representa um ganho de 3 dBi. 1.5.6 Polarização A polarização da antena está relacionada com a posição do campo elétrico em relação a superfície terrestre. A próxima figura apresenta um dipolo de meia onda sendo excitado por uma fonte de radiofrequência gerando um campo eletromagnético. Neste caso o campo elétrico está perpendicular ao solo que caracteriza uma polarização vertical. Caso o dipolo seja girado de 90o a polarização passaria a ser horizontal. As antenas de transmissão e recepção devem estar na mesma polarização para o máximo de rendimento. Se uma antena estiver com polarização vertical e a outra com a polarização horizontal vai existir uma forte atenuação. 2 29 28 2 2 0025,0 )10.4,2.(4 )10.3.(2 .4 . m f cG Ae === 30 1.5.7 Faixa de Frequência de Operação A antena é projetada para operar dentro de uma faixa de frequência de operação. Dentro desta faixa a antena pode ser utilizada sem perda considerável de desempenho. A próxima figura mostra a definição da BW (Bandwidth) de operação da antena. Portanto, a faixa de operação da antena é dada pela expressão: 𝐵𝑊 = 𝑓2 − 𝑓1 A próxima tabela mostra o range de operação de uma antena da Cisco. Exemplo: as redes WiFi operam na faixa de 2,4 GHz a 2,4835 GHz, portanto uma faixa de 83,5 MHz. As antenas projetadas para trabalhar com o WiFi devem atender a esta faixa de operação. 1.5.8 Relação Frente Costa A antena por mais bem construída que seja irá irradiar uma certa intensidade de sinal nas costas da antena. Para quantificar este valor é definida a relação frente costa (RFC). A próxima figura mostra um diagrama de radiação identificando a intensidade na direção desejada Pm e a intensidade na direção oposta Pop. 31 O valor Pm é o máximo de irradiação e Pop e a intensidade de radiação nas costas da antena. A relação frente costa é calculada pela expressão: 𝑅𝐹𝐶[𝑑𝐵] = 10 × 𝑙𝑜𝑔 ( 𝑃𝑚 𝑃𝑜𝑝 ) A RFC é mais importante para as antenas de alto ganho, como as parabólicas nas ligações ponto-a-ponto. A principal preocupação com a relação frente costa é não receber interferência pelas costas da antena, que poderia degradar o desempenho do enlace rádio. Exemplo: a próxima figura mostra a relação frente costa de uma antena de mais de 25 dB. 32 1.5.9 Perda de Retorno Quando um gerador é ligado a uma antena através de um cabo coaxial, existe um efeito de retorno de parte da potência que alimentou a antena. Esta característica é em função do descasamento de impedância desta antena com o cabo. A próxima figura mostra este efeito. Como pode ser observado pela figura o gerador fornece uma potência incidente total. Boa parte desta potência se torna útil, no sentido de ir para o espaço. Parte da potência retorna para o gerador como potência refletida. A relação entre a potência incidente e potência refletida é que determina a perda de retorno. Esta relação pode ser calculada primeiramente determinando o coeficiente de reflexão, dado pela expressão: 𝜌 = √ 𝑃𝑟 𝑃𝑖 A perda de retorno é calculada utilizando o coeficiente de reflexão pela expressão: |𝑅𝐿(𝑑𝐵)| = 20. 𝑙𝑜𝑔|𝜌| Observar que a perda de retorno é dada em dB. Trabalhando esta expressão chegamos em uma expressão mais fácil de ser utilizada: |𝑅𝐿(𝑑𝐵)| = 10. 𝑙𝑜𝑔 𝑃𝑟 𝑃𝑖 A melhor perda de retorno seria quando a potência refletida fosse 0. Neste caso a perda de retorno seria infinita. Exemplo: se a potência refletida for 100 vezes menor que a potência incidente a perda de retorno será de 20 dB. Outra forma de apresentar o descasamento de impedância é através do VSWR (voltage standing wave ratio), calculado pela expressão: 𝑉𝑆𝑊𝑅 = 1 + |𝜌| 1 − |𝜌| O valor do VSWR ideal seria 1 e o pior caso seria igual a 0. 33 Exemplo: a próxima tabela mostra a relação entre as grandezas que são definidas para encontrar a perda de retorno. Exemplo: a próxima figura mostra a medida da perda de retorno de uma antena patch. Observar que o valor da perda de retorno é de aproximadamente 19 dB. Entretanto, este valor só é conseguido em 915 MHz. Esta é uma antena faixa estreita quando avaliamos a faixa de operação.34 1.5.10 Inclinação (Tilt) Antenas com alto ganho possuem a capacidade de concentrar bastante a energia em uma direção. A próxima figura mostra um diagrama de radiação no plano vertical com de 8o. Para que a antena seja apontada para a direção de interesse do projeto muitas vezes é necessário alterar a inclinação da antena, denominado de tilt. Isto significa alterar fisicamente ou eletricamente o diagrama de radiação para iluminar a área de interesse. A próxima figura mostra a cobertura da antena com tilt. A próxima figura mostra como calcular o ângulo de tilt α. 35 O ângulo α é calculado pela expressão: Exemplo: a próxima figura mostra uma antena setorial com capacidade alterar o tilt. Observar nesta figura que é possível variar o tilt. 1.5.11 Impedância e Máxima Transferência de Potência A antena pode ser considerada uma carga para um gerador, como mostrado na próxima figura. 36 A impedância Zg do gerador em geral é de 50 ohms. A impedância da antena Zc também deve ser de 50 ohms para proporcionar a máxima transferência de potência. Considerando estas impedâncias resistivas é possível mostrar que as impedâncias devem ser iguais para conseguir a máxima transferência de potência. As próximas expressões determinam a potência na antena. Nas expressões acima são determinadas a corrente I e tensão E na carga, no caso a antena. Com estes valores é possível determinar a potência na carga Pc. Para encontrar o máximo de transferência de potência basta analisar o denominador da potência Pc. O valor da potência na antena será máximo quando o valor do denominador for mínimo. Para verificar que a máxima transferência de potência fixamos Rg como sendo de 50 ohms e variamos o valor de Rc. A próxima figura mostra o gráfico deste exercício de variação de Rc. 37 Como pode ser observado o máximo de transferência de potência é encontrado quando Rc é igual a 50 ohms. 1.5.12 EIRP A EIRP (Equivalent Isotropically Radiated Power) é o total de potência irradiada após a antena. Costuma-se dizer a potência na ponta da antena. Esta potência é calculada pela expressão: 𝐸𝐼𝑅𝑃[𝑑𝐵𝑚] = 𝑃𝑇[𝑑𝐵𝑚] − 𝐿𝐶[𝑑𝐵] + 𝐺𝑇[𝑑𝐵𝑖] Onde PT é a potência de transmissão, LC é a atenuação no cabo que liga a saída do rádio na antena (também chamado de pigtail) e GT é o ganho da antena. Exemplo: se um ponto de acesso WiFi tem uma potência de 17 dBm, perda no cabo de 3 dB e ganho de antena de 8 dBi a EIRP será: 𝐸𝐼𝑅𝑃[𝑑𝐵𝑚] = 17 − 3 + 8 = 22[𝑑𝐵𝑚] A próxima figura mostra a posição para analisar a EIRP. 1.5.13 Conectores e Acessórios Existem diferentes tipos de conectores utilizados em antenas. Existe a conector fêmea e o conector macho, embora algumas vezes possa haver algumas confusões. A seguir são apresentados os mais comuns. Conector N – é um conector bastante robusto e comumente encontrado em antenas profissionais. A próxima figura mostra conectores N fêmea e macho. Sua dimensão é relativamente grande. Macho Fêmea 38 Geralmente o macho é para cabo e o fêmea é para painel, embora o contrário seja possível. A próxima figura mostra o conector N em uma antena e seu suporte de instalação que permite alterar o tilt. Conector SMA – é um conector bastante encontrado em saídas de rádio em função de sua dimensão ser menor que o N. SMA fêmea Conector RPSMA – comumente encontrado em ponto de acesso WiFi. Fêmea Macho 39 Pigtail é um cabo que liga o rádio a antena. A próxima figura mostra um pigtail com conector N macho em uma ponta e RPSMA macho na outra ponta. Este pigtail é utilizado para pontos de acesso WiFi. Transições – convertem de um tipo de conector para outro. RPSMA macho para SMA fêmea SMA macho para N fêmea N macho para N macho 40 1.6 Tipos de Antenas Existem muitos tipos de antenas disponíveis no mercado, mas basicamente podemos dividir nos seguintes grupos: • Direcional; • Setorial; • Omnidirecional. A escolha da antena depende do projeto que leva em consideração fatores como: distância, frequência, aplicação, tipo de receptor, etc. O diagrama de irradiação é a principal informação de uma antena e deve ser escolhido com muito critério para satisfazer o projeto. A próxima figura apresenta o diagrama de irradiação de vários tipos de antenas em vários cortes diferentes. As figuras mostram os três tipos básicos de antenas utilizadas em sistemas rádio. A antena direcional, como o próprio nome diz, direciona o feixe da antena para um local específico. Já a omnidirecional faz uma distribuição de sinal por igual em um plano, em geral no plano horizontal. A setorial atende uma região bem definida, ou setor. Um exemplo bastante conhecido deste tipo de antena é o sistema celular que utiliza, em geral, três setores de 120 graus. Cada antena, portanto, fica responsável por cobrir um setor. Daí o arranjo característico em triângulo, geralmente encontrado em torres de sistemas celulares. A determinação do tipo de antena a ser utilizada depende do tipo de topologia da rede se é Ponto-Multiponto ou Ponto-a-Ponto. A próxima figura mostra uma rede Ponto-Multiponto, no qual existem vários usuários espalhados por uma área, como mostrado na próxima figura. 41 A antena mais adequada para atender este tipo de rede é aquela que possui um diagrama que cubra a região, ou seja, com uma abertura que permita atender aos usuários espalhados pela área. Define-se, portanto, uma área geográfica onde será possível a conexão de vários pontos com um ponto central. Observar que os pontos estão em posições diferentes na área. Uma visão mais ilustrativa de uma rede PMP pode ser vista na próxima figura. A figura ilustra uma região com usuários espalhados em uma área cujo ângulo de abertura da antena é de 90 graus. A figura indica diferentes tipos de modulação para cada área diferente. Esta visão é interessante para mostrar que os usuários terão diferentes taxas de transmissão em função de sua distância em relação à base. A topologia PMP é utilizada nos serviços onde vários 42 usuários estão espalhados por uma área e são atendidos por um sistema para conectá-los a uma central, como por exemplo, em sistemas celulares. As antenas utilizadas em aplicações PMP possuem um ângulo de cobertura, por exemplo 90o como mostrado na figura. Ou seja, aqueles usuários localizados dentro desta área de cobertura poderão utilizar o sistema de acesso. Um exemplo disso são sistemas de acesso banda larga sem fio como WiMAX. Na rede Ponto-a-Ponto somente dois pontos são conectados, como mostrado na próxima figura. A diferença entre comunicação Ponto-a-Ponto e Ponto-Multi-Ponto determina o tipo de antena a ser utilizada para atender os serviços. As ligações PP são comumente encontradas em empresas operadoras para ligar dois pontos somente, por exemplo uma ligação de rádio de uma ERB (Estação Rádio Base) que está localizada em uma estrada com a cidade mais próxima para encaminhamento das chamadas. As ligações PP utilizam antenas de alto ganho, e é muito comum a utilização de parabólicas para esse tipo de ligação. Ou seja, o que interessa é a interligação dos dois pontos somente, sem a necessidade de atingir outros pontos. 1.7 Antenas Omnidirecionais 1.7.1 Dipolo /2 A antena mais simples de ser construída é aquela composta de duas hastes de metal com comprimento total de metade de comprimento de onda. Ou seja, cada haste teria o comprimento de um quarto de comprimento de onda. A alimentação é feita em geral por um cabo coaxial, sendo necessário um casamento de impedância do sinal. É possível mostrar que com esta dimensão existe uma ressonância na antena, que provoca o surgimento de ondas eletromagnéticas provocadas pela excitação da antena por uma fonte geradora na frequência de operação. 43 O dipolo de meia ondaé uma antena básica utilizada como alimentador em vários tipos de antenas e também é utilizada como referência. A próxima figura mostra a esta antena tanto fisicamente quanto sua visão em três dimensões e seus diagramas de radiação. 1.7.2 Antena Omnidirecional A próxima figura apresenta os diagramas horizontal e vertical de uma antena omnidirecional. No diagrama horizontal que existe praticamente a mesma intensidade sendo irradiada em todas as direções. Já no diagrama vertical temos uma abertura bastante pequena de 6 graus. Isto mostra que o ganho é obtido para um achatamento do diagrama de irradiação. 44 Este tipo de antena é utilizado em sistemas no qual os usuários estão espalhados em 360 graus em torno da antena. Um problema neste tipo de antena é que usuários que não estejam na direção do lóbulo da antena sofrerão uma razoável atenuação. Por exemplo, se um usuário estiver a 210 graus no diagrama vertical, é possível observar uma fortíssima atenuação de mais de 20 dB em relação ao ponto de máxima irradiação. A próxima tabela apresenta as especificações desta antena. A próxima figura mostra a aparência da antena omnidirecional. 1.7.3 Antena Omnidirecional Especial Esta é uma antena bastante interessante para ambientes internos. Observe que o diagrama omnidirecional é com um ângulo de cerca de 30 graus para baixo. 45 A próxima tabela apresenta as especificações técnicas desta antena omnidirecional. 46 Utilizando o exemplo anterior, o usuário que esteja no ângulo de 210 graus estaria em uma posição favorável, diferentemente do que ocorre com a antena omnidirecional tradicional. Este tipo de antena seria interessante para uma praça de alimentação, onde a antena seria instalada no centro do ambiente a ser coberto. 1.7.4 Omnidirecional com Dipolos Empilhados Para aumentar o ganho das antenas omnidirecionais são empilhados vários dipolos. O efeito é o achatamento do diagrama de radiação vertical. A próxima figura mostra os aspectos este tipo de antena, visão 3D e diagramas de radiação. 1.8 Antena Setorial As antenas setoriais são utilizadas em comunicações Ponto-Múltiplos-Pontos. Este tipo de aplicação requer uma abertura da antena para uma direção preferencial. 1.8.1 Antena Painel A figura mostra o aspecto físico deste tipo de antena que permite a possibilidade de inclinação da antena para cobrir certa área. Esta inclinação é denominada de down tillting e é um ajuste que deve ser feito no local através de medidas da área de cobertura. Este tipo de ajuste é bastante característico em sistemas celulares, com tendência de aumentar esta inclinação com o passar do tempo quando é necessário instalar novas estações rádio base. Este ajuste permite confinar o sinal a uma área. 47 Como pode ser observado na figura, o diagrama horizontal possui um ângulo de abertura de 90 graus. Esta é uma característica deste tipo de antena para aplicação com topologia ponto-a-multipontos. O diagrama de irradiação vertical apresenta um ângulo de abertura bem menor, de cerca de 7 graus. Esta é uma característica também comum neste tipo de antena, que permite confinar o sinal em uma área bastante localizada. A tabela apresenta as características técnicas desta antena. É possível verificar os ângulos de abertura na horizontal e na vertical, a faixa de freqüência de operação e a diretividade. Estas informações são básicas para o projeto de cobertura de uma área. 48 A próxima figura mostra a aparência da antena setorial. Observar na figura o mecanismo para alterar o tilt da antena. 1.8.2 Antenas Patch As antenas patch possuem um tipo de construção diferente das outras antenas. Basicamente são formados painéis em substratos para obter um diagrama de radiação específico. A próxima figura apresenta o aspecto construtivo deste tipo de antena. Na figura são mostrados quatro painéis alimentados no centro. A próxima figura apresenta os diagramas de radiação de uma antena patch. 49 A próxima tabela apresenta a especificação deste tipo de antena. 50 Aparência deste tipo de antena. 1.9 Antena Direcional 1.9.1 Parabólica A figura apresenta o diagrama de irradiação nos planos vertical e horizontal de uma antena parabólica. Esta é uma típica antena empregada em link ponto-a- ponto com alta diretividade. 51 Observar que os diagramas de irradiação tanto vertical quanto horizontal são muito estreitos. A próxima tabela apresenta as especificações técnicas desta antena direcional. 52 A próxima figura mostra a aparência da antena parabólica. 1.9.2 Yagi As antenas Yagi são muito empregadas para comunicação ponto-a-ponto. A próxima figura apresenta o aspecto, visão 3D e diagramas de uma antena Yagi com refletor. 53 A próxima figura mostra o diagrama de radiação de uma antena Yagi. 54 A próxima tabela apresenta as especificações deste tipo de antena. A próxima figura apresenta a aparência deste tipo de antena. 1.9.3 Construção de Antena para WLAN Existe na Internet um grande número de projetos para construção de antenas. Para redes WLAN é famosa a antena construída com lata de batata da marca Pringles. 55 A antena resultante possui um ganho de 12 dBi a um custo bastante baixo; Mas é preciso atenção quanto a construção da antena uma vez que não é caracterizada de forma adequada, como é feito para antenas profissionais. No site abaixo é possível encontrar os detalhes da construção deste tipo de antena. 1.10 Aplicação de Antenas Pela foto é possível observar uma antena setorial de uma estação rádio base com uma inclinação para direcionar o sinal para uma área mais próxima da torre. Esta inclinação faz com que exista um confinamento do sinal para cobrir uma área menor. 56 Em outra posição está uma antena direcional empregada em links ponto-a- ponto. Observar que a antena está direcionada para o horizonte, que é típico para este tipo de topologia, onde a outra antena está localizada a vários quilômetros.
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