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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM – DENF Disciplina: Epidemiologia Conteúdo: Medidas de Frequencia e Associação Prof: Me. Mauricio V. G. Oliveira RAZÃO, PROPORÇÃO, TAXAS E COEFICIENTES O que vem a ser uma razão? De um modo geral, a razão nada mais é do que a divisão de uma quantidade por outra. Ou seja, tanto o numerador como o denominador, por princípio, precisam ser quantidades separadas ou distintas, nenhuma pode conter a outra. Exemplo: R = a/b ou Razão de sexos = nº de homens/ nº de mulheres RAZÃO, PROPORÇÃO, TAXAS E COEFICIENTES O que vem a ser uma proporção? Neste caso, a proporção é um tipo de razão onde todos os valores contidos no numerador, necessariamente, precisam estar incluídos no denominador. Diferente do observado nas razões, onde nenhuma das quantidades pode conter a outra. Em caso de doença elas nos mostram a fração da população afetada. Exemplo: P = a/(a+b) ou Proporção = nº de homens (nº de mulheres + nº de homens) RAZÃO, PROPORÇÃO, TAXAS E COEFICIENTES O que vem a ser uma taxa ou coeficiente? Também é uma razão entre as variações de duas grandezas, das quais a 1ª (numerador) é dependente da 2ª (denominador). É a expressão da velocidade média com que ocorre um fenômeno de interesse. Como nem sempre podemos estimar a taxa instantânea de um ponto no tempo, em geral, estimamos a taxa média para um intervalo de tempo. Exemplo da TMI (óbitos ocorridos no 1º ano de vida): TMI = nº de óbitos de crianças menores de um ano nº de nasc. vivos, em determ. local e período X 1000 RAZÃO, PROPORÇÃO, TAXAS E COEFICIENTES Os coeficientes costumam ser números pequenos (o denominador costuma ser muito maior do que o numerador). É consensual a sua multiplicação por uma potência de 10n (100, 1.000, 10.000), a bem de apresentá- los em um formato mais “assimilável”; As proporções, usualmente, são apresentadas na forma de porcentagens (x 100). Ou seja, multiplica-se o valor encontrado por 100 e chega-se ao valor em porcentagem; Obs: os termos “taxa”, “proporção”, “índice”, “coeficiente”, costumam ser empregados indistintamente, segundo diferentes autores ou circunstâncias, para designar um ou outro formato de quociente. MORBIDADE Medidas de Morbidade As medidas de morbidade, apesar de refletirem melhor o impacto das doenças na vida das pessoas, são mais difíceis de serem obtidas em relação às de mortalidade, pois a morte constitui em evento único, além de ser de registro obrigatório na DO. Já a morbidade é constituída por múltiplos eventos em várias ocasiões da vida. MORBIDADE – Fontes de Dados Os dados e as informações sobre o perfil de morbidade das populações são de grande valia tanto para o administrador, como para o pesquisador em saúde; A partir dessas informações é possível avaliar o impacto das doenças sobre as populações, especialmente da incidência e da prevalência das mesmas. Com isso, é possível traçar metas e definir estratégias médico-assistenciais para o seu enfretamento, propor o aperfeiçoamento das políticas de saúde, dentre outras ações; Em oposição aos dados de nascimento (SINASC), por exemplo, para as doenças, de um modo geral, não há uma política consistente de registro sistemático e obrigatório no país, exceto para o conjunto de “Doenças de Notificação Compulsória”. MORBIDADE – Fontes de Dados E se quisermos outra base de dados que não sejam, necessariamente, do SINAN? Fontes de dados alternativas: Dados de Morbidade Hospitalar (Base hospitalar ou SIH/SUS); Dados de Morbidade Ambulatorial (Base ambulatorial [morbidade de demanda] ou SIA/SUS); Registros médicos de assistência institucional (indústrias, escolas); Registros de algumas doenças específicas como os registros de câncer; Dados de seguros e planos de saúde; Outras (SIAB, SISVAN, IBGE, POF, PNSN, PNAD...). MORBIDADE – INCIDÊNCIA Incidência: É o número de casos novos de uma doença que ocorrem em um determinado período de tempo, em uma população exposta ao risco de adoecer; OU Taxa/Coef. = número de casos novos da doença de Incidência em uma pop. durante período de tempo Nº de pessoas sob risco de desenvolver a doença durante um período de tempo específico 10ⁿ MORBIDADE – INCIDÊNCIA Usualmente, a incidência pode ser expressa de 2 formas: nº absoluto de casos ou nº relativo de casos: Nº absoluto: por meio de contagem, em um tempo e população definidos. EX: Seis casos de febre maculosa no município X no ano de 2005. Portanto, aí está o nº absoluto de casos novos no município X, em 2005. Obs: os casos expressos em nº absolutos não são adequados para comparações por não levarem em conta o tamanho da população sob risco, o que dificulta a sua comparação com os ocorridos em outras localidades. MORBIDADE – INCIDÊNCIA Nº relativo: neste caso, a incidência já passa a ser apresentada como um coeficiente/taxa, pois ele vai evidenciar o número de casos novos de uma doença na população que esteve exposta ao risco de adoecer, durante um dado período; EX: Retomando os seis casos de febre maculosa do exemplo anterior para o município X no ano de 2005, desta vez, com a população sob risco sendo conhecida (3.000 pessoas), podemos calcular o coeficiente/taxa; Taxa/Coef. 6 2 de Incidência: 3000 x 1 X 1000 = INCIDÊNCIA - Particularidades Mede o risco de adoecimento em uma população, ou seja, expressa a força ou a magnitude da morbidade na população; Para isso é necessário conhecer tanto a população exposta ao risco de adoecer, assim como especificar o período a que esse coef./taxa está se referindo; Entretanto, nem sempre é possível saber quem de fato esteve exposto ao risco de adoecer (denominador), sobretudo, quando se trata de calcular essa medida no município, estado, etc; Neste caso, assume-se que toda a população do município esteve exposta ao fator de risco de maneira homogênea; Já o período, a exemplo da base que usamos para multiplicar nossos valores de casos divididos pela população, é, também, um componente arbitrário (dia, semana, mês, ano...). INCIDÊNCIA – T.I & Pessoa-Tempo Conceito de pessoa-tempo (PT)? Período durante o qual o indivíduo esteve exposto ao risco de adoecimento, e, caso viesse a adoecer, seria considerado um caso novo ou incidente; Ou ainda: É a expressão da experiência individual de exposição ao risco de adoecimento, referida a uma unidade de tempo (dia, mês ou ano). No final do estudo, são somadas as experiências individuais, obtendo-se o total de PT para uma determinada população. INCIDÊNCIA – Incidência Acumulada/Cumulativa É composta por um numerador (nº de casos novos que ocorreram durante o período de seguimento [follow-up]) e um denominador composto (representado pela população de onde se originam os casos, isso assumindo que não houveram perdas no seguimento; Caso sejam admitidas as perdas no seguimento, como freqüentemente acontece, no denominador é subtraído, na população de onde se originam os casos, o nº de perdas de seguimento dividido por dois (método atuarial). PREVALÊNCIA Número de casos existentes,de uma doença, em determinada população num período de tempo especificado, dividido pelo número de pessoas nessa população no mesmo período; Ou Prevalência = nº de casos existentes nº de pessoas na população Obs: a prevalência é como se fosse uma “fotografia instantânea” da população, com relação a uma doença ou a um agravo. Desse modo, entende-se por prevalência a soma de casos novos e antigos, que permanecem na pop. no período estudado. 10ⁿ PREVALÊNCIA Ao estimarmos a prevalência de uma doença na comunidade, em geral, não levamos em conta a duração da doença. Desse modo, o numerador da prevalência inclui uma mistura de pessoas com diferentes durações de doença, o que impossibilita a possibilidade de estimarmos o risco de adoecer na população. Além do que, por princípio, esta medida inclui somente os sobreviventes e ao mesmo tempo, pode também estar excluindo os casos curados; A despeito dessas limitações, a prevalência figura como importante ferramenta para a administração e planejamento em saúde, já que, a partir desses dados, podemos fazer previsões e calcular o quantitativo de medicamentos, de pessoal, enfim, de infra-estrutura mínima para atender as demandas imposta pelo contexto. PREVALÊNCIA Usualmente pode ser expressa de duas formas: Prevalência pontual ou instantânea: Quando é escolhido um determinado instante para o seu cálculo, um determinado dia ou mês. Prevalência de período: Quando esse mesmo cálculo se baseia em um intervalo de tempo, um ano por exemplo. Linha do tempo da incidência e a prevalência • Incidência no mês de Fev =2 Prevalência no mês de Mar = 5 Relação entre Incidência e Prevalência A prevalência de uma doença pode ser função de sua incidência; Quanto maior a incidência maior é a prevalência. Isto vai depender da duração da doença, assim como de curas, óbitos, e perdas de seguimento (follow-up); Desse modo, a prevalência é resultado final, para um período de tempo, do somatório dos casos novos pela subtração das saídas das estatísticas, seja por cura, mortes ou perdas de seguimento; Relação entre Incidência e Prevalência Doenças agudas, de curta duração (dengue), geralmente, são avaliadas a partir da incidência, já que após o período epidêmico a incidência tende a cair; Neste caso, se usarmos a prevalência como medida de morbidade, ela poderá não refletir a real dimensão da doença; Levando-se em conta uma doença de longa duração (diabetes), com incidência baixa, provavelmente, a sua prevalência será alta, já que a sobrevida desses pacientes tende a ser alta, o que causa um acumulo de casos ao longo do tempo; Neste caso, se usarmos a incidência como medida de morbidade, ela poderá passar uma visão pouco útil da magnitude da doença, sobretudo, se o programa local for eficiente, devido a melhora no diagnóstico da doença ou ao aumento ainda maior da sobrevida dos mesmos. COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL Este coeficiente refere-se ao montante de mortalidade em toda a população. Ele é facilmente construído, bastando apenas colocar no numerador o número de óbitos por todas as causas, num determinado período e no denominador, a população, de uma área de interesse, ajustada para o meio do período. Em seguida, multiplica-se o resultado por 10n. ou CMG = total de óbitos de uma área em um dado ano população da mesma área, estimada para o meio do ano em questão 10ⁿ LETALIDADE A taxa de letalidade é um importante indicador, sobretudo, com relação ao prognóstico de determinada doença; Expressa a gravidade da doença, pois nos dá a proporção de óbitos relacionadas a mesma. Portanto, tanto o numerador como o denominador ficam restritos aos indivíduos que tiveram a doença em determinado período. Taxa de Letalidade = nº de óbitos pela doença nº de casos da doença 10ⁿ Medidas de Associação Um dos objetivos da pesquisa epidemiológica é o reconhecimento de uma relação causal entre uma exposição e um desfecho de interesse; Para mensurar uma relação causal, utiliza-se medidas de associação; Para inferir uma causalidade, além da magnitude da associação, a validade interna e confundimento são também considerados. Medidas de Associação Objetivo da epidemiologia: Identificar determinantes das doenças Como é alcançado? Comparando populações ou grupos Como comparar? Verificando a associação entre exposições e desfechos Objetivo: Medida única que estima a associação entre exposição e risco de desenvolver desfecho medidas de associação expressam a magnitude da associação. Medidas de Associação Medidas de Associação Tipos principais: Medidas relativas - razão exprimem quantas vezes uma medida é maior (ou menor) entre os grupos; Medidas absolutas - diferença exprimem em escala absoluta o quão maior (ou menor) é a freqüência do desfecho em um grupo em relação ao outro. Medidas de Associação Medidas de Associação Apresentação dos dados: Tabelas de contingência ou 2 x2 Medidas de Associação - Razão Risco Relativo: Mede quantas vezes é maior (ou menor) o risco de desenvolver uma doença entre os indivíduos expostos em relação aos não expostos; Estima a magnitude da associação exposição/desfecho; Equivale à probabilidade de que o desfecho ocorra entre os expostos em relação aos não expostos. Medidas de Associação - Razão Razão de taxas (densidades de incidência ou de prevalências): Exprime quantas vezes a taxa de incidência entre os expostos é maior (ou menor) do que entre os não expostos; RT = TIE = TIĒ a PTE C PTĒ Medidas de Associação - Razão Razão de chances (odds ratios): Quantas vezes é maior (ou menor) a chance de desenvolver uma doença entre os indivíduos expostos em relação aos não expostos OR = CDE CDĒ Medidas de Associação - Razão Razão de chances em relação a exposição: Razão de chances em relação a doença: Medidas de Associação - Diferença Risco Atribuível (RA) ou Diferença de Riscos: Responde o quanto da frequência de adoecimento pode ser evitada, caso pudesse evitar ou eliminar a exposição; RA = IE – IĒ Medidas de Associação - Diferença Risco Atribuível Populacional (RA) ou Fração Etiológica nos Expostos: Informa qual a proporção de doença entre os expostos que poderia ter sido prevenida se a exposição fosse eliminada RAP = IAE – IAĒ x 100 IAE Medidas de Associação - Diferença Diferença de Prevalência (DP): Informa o excesso de casos prevalentes entre os expostos e não expostos. DP = PE – PĒ
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