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A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR

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JULIANA DE ÁVILA ULGUIM
RESENHA CRÍTICA SOBRE O LIVRO “A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR”, DE RUBEM ALVES.
Universidade Federal de Pelotas 
 Curso Licenciatura em Artes Visuais
PELOTAS / RS
2014
A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR.
Rubem Alves, ao visitar a Escola da Ponte, em Portugal, deparou-se com a consumação daquilo que um dia sempre havia imaginado como ideal de educação. Tal foi sua admiração resultante dessa feliz revelação que nasceu este livro, cujo título deixa claro e evidente o que o autor vivenciou ao conhecer a instituição. Esta obra descreve a existência de uma escola dos sonhos. Uma escola sem imperfeições onde a palavra-chave é a união, onde há uma aliança onde todos são iguais sem desigualdades. Em certas circunstâncias o autor fala que essa escola todos deveriam conhecer, pois iriam maravilhar-se com tal realidade. 
O autor explica as principais diferenças entre o ensino tradicional e a Escola da Ponte, como o fato de, na escola portuguesa, a educação não ser voltada para a competição e de palavras como indisciplina, rivalidade e ciúme tornarem-se vazias naquele contexto. O objetivo principal daquela escola é ser um local que consiga tornar as crianças felizes, solidárias e com idéias próprias. Características essas, bastantes desvalorizadas nos dias de hoje. A Escola da Ponte é uma comunidade instrutiva, progressista e auto regulada, na qual as crianças são educadas com base na cidadania. 
A escola está aberta para quem quiser conhecê-la, tanto àqueles que querem aprender com ela quando a seus maledicentes. Qualquer um que chegue lá pode, em primeiro momento, ficar surpreso com o modo atípico como a escola funciona, pois não há aulas, não há salas separadas, não há testes elaborados por professores, não há sinais sonoros para avisar da troca de aulas e ainda mais os alunos decidem democraticamente as regras e mostram a escola para os visitantes. As crianças ordenam quinzenalmente seus planos de trabalho, através da construção de pequenos grupos heterogêneos com empenhos comuns por um assunto, e ficam durante essas duas semanas imergidas no estudo.
 Um professor dá a direção necessária sobre o que deve ser estudado e onde examinar, como exemplo a internet que é muito usada e institui um programa de trabalho e formas de avaliação. Após esse tempo, os alunos analisam se chegaram ou não aos fins de aprendizagem impostos por eles mesmos. Se o aprendizado foi apropriado, o grupo se dissolve e outro se forma para aprender um novo tema; se não foi alcançado o objetivo, o bando continua debruçado sobre o mesmo assunto. Em relação a metodologia de alfabetização, as crianças aprendem a ler frases inteiras, formadas por elas próprias. Assim tendo dois quadros de avisos. Um deles está afixado a frase "Tenho necessidade de ajuda em..."; E no outro, está à frase "Posso ajudar em...". Dessa forma, as crianças solicitam e proporcionam ajuda sobre determinada questão e criam uma rede de solidariedade. As que sabem ensinam às que não sabem, o que elas fazem é pesquisar e aprender em grupo. Quando há algum problema, é montado um tribunal; quem desobedece às regras de convivência estabelecidas pelos próprios alunos deve comparecer diante do tribunal e tem como pena pensar durante três dias sobre seus atos. Retornando depois para dizer o que refletiu. As crianças reclamam seus direitos, de terem professores capazes, usar os computadores e escutar música em sala de aula, mas também não deixam de fora seus deveres, como por exemplo, economizar água e conservarem a sala de aula limpa.
 Para Rubem Alves, as escolas tradicionais são como espécies de linha de montagem, em que os operários não sabem construir um objeto completo, apenas pequenas partes que vão se acoplando no decorrer do processo até compor o objeto final. Aquelas unidades que, ao final da ação, não estiverem com um número de informação determinado são prontamente descartados. Como as linhas de montagem, as escolas tradicionais se dividem em coordenadas espaciais; as salas de aula e temporais, as séries; cabe aos educadores realizar o processo técnico-científico de incutir nos alunos os saberes e habilidades que irão compor o objeto final. Ou seja, a criança é o objeto original que, após ser carregada com vários saberes e habilidades, serão testados, a fim de compreender se o seu produto final está apto ao mercado de trabalho. No ensino tradicional, muitas vezes a criança é forçada a estudar aquilo que não quer. Tornando-a desestimulada, com preguiça de fazer seus deveres, pois a vida a chama para um caminho mais alegre. Isso ocorre muito nas escolas que são obrigadas a cumprir um programa, que passam por cima daquilo que a criança está vivendo. Acredita-se que o artifício de aprendizagem não deve ser atribuída, de forma enfastiosa, mas sim pode ser de forma agradável e natural.
Rubem Alves usa a linguagem como modelo de algo bastante difícil de ser ensinado e aprendido. No entanto, todos a compreendem facilmente, sem precisar ter aulas sobre o assunto, muitas coisas aprendemos de olhar, de nos interessar ou devido a alguma necessidade. Com muita maestria, Rubem exibiu que a educação pode sim encontrar novas direções, e para isso nos apresenta a Escola da Ponte, que possui métodos de ensino e aprendizados simples, mas que rebelariam a vida de todos, pais, professores e principalmente dos educandos. 
Excelente comparação ele faz entre a memória e um escorredor de macarrão, uma vez que ambos deixam passar o que não tem proveito e arquiva o que vai ser aplicado. Segundo o autor, é isso que ocorre na Escola da Ponte - a aprendizagem se dá em cima do que vai ser utilizado, isto é, dos pratos que serão saboreados; aquilo que não pode ser apreendido é escorrido como a água do macarrão. Nas escolas tradicionais, as pesquisas, provas, avaliações são concentrados enquanto a água ainda não escorreu; depois, grande parte desses conteúdos vai pelo ralo.
Encontra-se neste livro uma crítica construtiva a novas maneiras de instruir-se, são simples prazeres de aprender ou buscar o que há de melhor na aprendizagem. Ele leva a um despertar para uma reflexão que conduz à urgente tarefa de revolucionar o ensino, por meio da extensão dos resultados da pesquisa na educação. Aqui nos deparamos com uma escola diferente, inovadora que com certeza é possível. Um lugar onde se buscam ferramentas e soluções em conjunto. Lá compartilham espaços, dividem ambientes, somam-se ensinamentos. Aprende-se autonomia, sendo o ensino um ato de colaboração mútua entre alunos e professores, numa verdadeira expressão de solidariedade.
A Escola da Ponte é um espaço onde vive o que se aprende, e aprende o que é vivido. A escola dos sonhos, um lugar mágico, onde vivem em cooperação. Fala-se de escola dos sonhos porque em nossa realidade não existe esse tipo de modelo. Vivemos em um mundo de preconceitos, onde a educação é sempre posta em último e sempre acompanhada por cinismos e egoísmos, onde cada um vive por si, e os programas, estes são obrigatoriamente cumpridos.
Alves com sua permanência na Escola da Ponte ficou fascinado ao sentir toda aquela essência, esta que é construída a cada dia, em cima do respeito e da interajuda, referindo-se tanto ao corpo docente como ao discente da escola, onde os saberes, os valores e as atitudes são iguais.
No livro o autor nos remete a um mundo fantasioso, alucinante, onde a arte de racionar o saber é comovente e criador. Um sonho transbordante de consciência e que com certeza vai deixar sinais no caminhar do ensino. Uma escola ligada ao prazer de apreender, repleta do lúdico, ligada à compreensão dos valores, lidando com as emoções, com as descobertas, buscando através das pesquisas o aprenderem a ser, a viver e a conviver. Construindo uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes, democráticos e com lucidez da liberdade e educados na cidadania. Uma escola onde descobrir é fazer; é viver, pensar, criar, inovar, édar valor àquilo que se aprende na convivência, expressando a própria vida. 
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. 10. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.

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