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Síntese Hans Jonas

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Hans Jonas inicia com o canto do coral da Antígona, de Sófocles ( tragédia grega), na visão dele o opressivo poder humano narra a sua irrupção violenta e violentadora na ordem cósmica, a invasão atrevida dos diferentes domínios da natureza por meio de sua esperteza; ao mesmo tempo, narra o fato de que, com a faculdade auto adquirida do discurso, da reflexão e da sensibilidade social, ele constrói uma casa para humanizar sua vida e ate se proteger dos intempéries e imprevisibilidade da natureza. Esse espaço preenchido com as casas deu lugar às cidades, criando um novo equilíbrio, dentro de um já existente, a natureza, o planeta, a grande Gea. Esse progresso contou com invulnerabilidade do todo, a imutabilidade essencial da natureza como ordem cósmica foi de fato o pano de fundo para todos os empreendimentos do homem mortal. Para esses a natureza não era objeto da responsabilidade humana, ela cuidava de si mesma, diante dela eram úteis a inteligência e a inventividade, não a ética.
	A ética contemporânea tinha a ver com o aqui e agora, como as ocasiões se apresentavam aos homens, com as situações recorrentes e típicas da vida privada e pública. Todos os mandamentos e máximas da ética tradicional, fossem quais fossem suas diferenças de conteúdo, demonstram esse confinamento ao círculo imediato da ação “ama o teu próximo como a ti mesmo”, “faze aos outros o que gostarias que eles fizessem a ti”, “instrui teu filho no caminho da verdade”. Em todas as máximas, aquele que age e o outro de seu agir são partícipes de um presente comum, seu universo moral consiste nos contemporâneos, e o seu horizonte futuro limita-se à extensão previsível do tempo de suas vidas. Para Kant “a moral, pela razão humana pode facilmente atingir um alto grau de exatidão e perfeição mesmo entre as mentes mais simples”, pois não é necessária uma ciência ou filosofia para se saber o que deve ser feito, para ser honesto e bom, e mesmo sábio e virtuoso...a inteligência comum pode ambicionar alcançar o bem tão bem quanto qualquer filósofo pretenda para si. 
	As novas dimensões da responsabilidade foram afetadas pela vulnerabilidade da natureza provocada pela intervenção técnica do homem, vulnerabilidade que jamais fora pressentida antes, isso pelos danos já produzidos. Essa descoberta nos levou a um choque e ao conceito e ao surgimento da ciência do meio ambiente, mudando inteiramente a representação que temos de nós mesmos como fator causal no complexo sistema das coisas, nos revelando uma biosfera inteira do planeta, pela qual temos de ser responsáveis, pois sobre ela detemos poder, nos fazendo entender que uma nova teoria ética deve ser pensada. Fazendo uma recomendação e analogamente recomendando que não se mate a galinha dos ovos de ouro, ou que não se serre o galho sobre o qual se está sentado. Pois enquanto for o homem dependente da situação da natureza, será essa a principal razão que torna o interesse na manutenção da natureza um interesse moral, consolidando a orientação antropocêntrica de toda a ética clássica. 
	O novo papel do saber na moral torna prioritário, além do anteriormente exigido, nos instruindo a um autocontrole, cada vez mais necessário, sobre o nosso excessivo poder. Pois nenhuma ética anterior vira-se obrigada a considerar a condição global da vida humana e o futuro distante inclusive a existência da espécie. E o fato de que hoje eles estejam em jogo exige, numa palavra, uma nova concepção de direitos e deveres, e que essa concepção esteja sempre em evolução. Sendo que tem que se levar em conta um direito moral próprio da natureza, onde o novo agir humano não significasse mais que o direito da biosfera, deixando o interesse do homem em segundo plano, pois isso requereria alterações substanciais nos fundamentos da ética. Isso significaria procurar não só o bem humano, mas também o bem das coisas extra-humanas, nesse caso a biosfera.
	Àquela época, como vimos, a técnica era um tributo cobrado pela necessidade, e não o caminho para um fim escolhido pela humanidade. Hoje ela transformou-se em um infinito impulso da espécie para adiante, crendo que a vocação dos homens se encontra no contínuo progresso desse empreendimento, superando se a si mesmo, rumo a feitos cada vez maiores, a conquista de um domínio total e cada vez mais produtor daquilo que ele produziu e o feito daquilo que ele pode fazer importando o ato e o ator coletivo e mediador dessa produção, dessa ação, será como e na forma de políticas públicas. Toda essa dinâmica demandou questões que nunca foram antes objeto de legislação, ingressam no circuito das leis que a “cidade”global tem de formular , para que possa existir um mundo para as próximas gerações de homens, nos dando uma realidade de que a existência de um mundo é sempre melhor do que a existência de nenhum. Conservar este mundo físico de modo que as condições para uma tal presença permaneça intactas e isso significa proteger a sua vulnerabilidade.
	Dentro de uma transição entre os imperativo, Kant dizia “aja de modo que tu também possas querer que tua máxima se torne lei geral”, isso dentro de uma lógica, da razão, tentando um equilíbrio entre nossos direitos e deveres com nossa bioesfera, no entanto dando prioridade a continuidade da espécie, independente da distribuição da felicidade e infelicidade e até com o predomínio da infelicidade. Ou simplesmente “não ponha em perigo as condições necessárias para a conservação indefinida da humanidade sobre a Terra”. No entanto isso é uma escolha, pois o imperativo de Kant é voltado pro indivíduo e nessa reflexão racional não se admitia a probalidade de que minha escolha privada fosse de fato lei geral, ou que pudesse de alguma maneira contribuir para tanto. O novo imperativo clama por outra coerência, não a do ato consigo mesmo, mas a dos seus efeitos finais para a continuidade da atividade humana no futuro e sua “universalização”, onde a ação de um “eu” seja de “todos”, onde elas se “totalizam”
	O exemplo de outra ética que, usando diferentes formas éticas no passado, como: a condução da vida terrena, a ponto de sacrificar sua felicidade em vista da salvação eterna da alma; a preocupação previdente do legislador e do estadista com o futuro bem comum; e a política da utopia, com a disposição de utilizar os que agora vivem como simples meio para um fim que se encontra além deles ou eliminá-los como obstáculos a esse fim.
	Poderia quem sabe ainda, através de ciências biomédicas em parte já disponibiliza, o controle do comportamento, por meio de agentes químicos ou pela intervenção direta no cérebro por meio de eletrodos. Aliviar a sociedade da inconveniência de comportamentos individuais difíceis entre seus membros, significando a transição da aplicação médica para a social, ou em um grau ainda mais alto, como o controle genético dos homens futuros. Abrindo um campo indefinível, com potencialidades inquietantes, no entanto os problemas da ordem e a falta de sentido na moderna sociedade de massas tornam extremamente sedutoras, para os fins de manipulação social, a aplicação desses métodos de controle de forma não medicinal. Logicamente que levantariam inúmeras questões de direitos do homem e dignidade humana.
	Em sua conclusão ele Ressalva que houve uma profanação do sagrado pelo iluminismo, mas que independente de uma religião, por ela ter forte influencia na ação humana, a ética tem que existir, pois os homens agem e a ética pode ordenar suas ações e regular seu poder de agir, em prol da continuidade da espécie, não importa por qual visão, mas que sim, seja por todas, uma soma, um dever coletivo, que deve ser ensinado desde a sua criação, que o ensinamento seja uma máxima da ética.
Referência
(Hans Jonas) O Princípio Responsabilidade

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