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ICMS DF civil AUD lauro Aula 03

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DIREITO CIVIL – AUDITOR TRIBUTÁRIO (ICMS/DF) 
 AULA 03 – FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 PPPrrrooofff... LLLaaauuurrrooo EEEssscccooobbbaaarrr 
 
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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
�Itens específicos do último edital que serão abordados nesta aula →→→ 
FATOS JURÍDICOS (1ª Parte). Atos Jurídicos. Prescrição e Decadência. 
 
�Legislação a ser consultada →→→ Código Civil: arts. 189 até 211. 
 
Sumário 
 
Introdução ..................................................................................... 02 
Classificação Geral dos Fatos .......................................................... 07 
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ................................... 10 
Prescrição ....................................................................................... 11 
 Disposições Gerais .................................................................... 14 
 Causas Impeditivas e Suspensivas ............................................ 19 
 Causas Interruptivas ................................................................. 24 
 Prazos Prescricionais ................................................................ 27 
 Ações Imprescritíveis ................................................................ 30 
Decadência ..................................................................................... 31 
 Espécies de Decadência ............................................................. 34 
 Prazos Decadenciais .................................................................. 36 
Quadro Comparativo: Prescrição e Decadência ............................... 39 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ................................................... 41 
Bibliografia Básica .......................................................................... 44 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ............................................................. 45 
OBSERVAÇÃO: geralmente os editais, após exigirem o tema pessoas (naturais 
e jurídicas), pedem o tema “bens”. No entanto o último edital de nosso 
concurso não exigia esse ponto. Como estamos seguindo fielmente o programa 
anterior, não mencionaremos esse tema. Porém, se o edital a ser for publicado 
exigir esse tema, daremos uma aula-extra. 
Aula 03 
Fatos Jurídicos – 1ª Parte 
Prescrição e Decadência 
DIREITO CIVIL – AUDITOR TRIBUTÁRIO (ICMS/DF) 
 AULA 03 – FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
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2 
INTRODUÇÃO 
Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três elementos: 
 Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e 
suas relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O 
sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da 
obrigação assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito 
ativo. 
 Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo 
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação 
de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou 
imóvel, divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.). 
 Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os 
bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de 
consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos. 
Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode 
ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato 
que antecede o surgimento de um direito subjetivo. 
���FATO, portanto, é uma ocorrência, um evento, um acontecimento. 
O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por 
isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo 
fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os 
alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. 
Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... 
Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da 
prescrição e da decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. 
Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde 
veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia 
(nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico. 
Comecemos, então. 
Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem 
ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama 
de “fatos comuns, meramente materiais ou ajurídicos”. São os acontecimentos 
naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o potencial de 
repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um 
jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. 
Porém, se essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar 
uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo 
alimentar os animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), 
DIREITO CIVIL – AUDITOR TRIBUTÁRIO (ICMS/DF) 
 AULA 03 – FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
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tais fatos passarão a interessar ao direito, causado repercussões. Portanto, para 
que um acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que 
esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do 
Direito. Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação: 
FATO: qualquer ocorrência ou acontecimento. 
 Fato Comum: ação humana ou fato da natureza que não interessa ao 
Direito (por isso, não será objeto do nosso estudo). 
 Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu): Fato + Direito. É o fato 
qualificado pelo Direito. Ou seja, é o acontecimento natural ou humano ao 
qual o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Ex.: um contrato de 
locação é um fato jurídico (na verdade ele é mais do que isso; é um 
negócio jurídico), pois tanto o locador, como o locatário assumem 
compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo surgem 
efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos e deveres para 
ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos jurídicos: 
���Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais 
nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. 
 Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar a 
expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. 
Vejamos: 
AQUISIÇÃO DE DIREITO →→→ É a conjunção (união) dos direitos com seu titular. 
Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação do patrimônio à 
personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se 
subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não 
perdido) ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno 
proprietáriodestes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser 
adquiridos de forma: 
a) Originária: o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou 
se apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra 
pessoa; não há qualquer relação com o titular anterior ou mesmo que tivesse, 
não há uma transmissão pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar, 
achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc. 
b) Derivada: ocorre quando há uma transferência ou transmissão do 
direito de propriedade (sucessão), existindo uma relação jurídica entre o titular 
anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma 
casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser 
considerada como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos 
DIREITO CIVIL – AUDITOR TRIBUTÁRIO (ICMS/DF) 
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herdeiros. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e 
defeitos do título anterior. 
A aquisição ainda pode ser classificada em: 
c) Gratuita: quando não há uma contraprestação na aquisição; só o 
adquirente aufere vantagem. Ex.: uma pessoa adquire um bem por uma 
doação; neste caso não há uma contraprestação nesta doação; o mesmo pode 
ocorrer quando se recebe uma herança. 
d) Onerosa: quando há uma contraprestação na aquisição; há benefícios 
recíprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra e venda → se 
por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, havendo, 
portanto uma contraprestação na aquisição; o mesmo ocorre na troca ou na 
locação. 
RESGUARDO DE DIREITOS (proteção, conservação ou defesa) →→→ São atos 
praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o 
titular de um direito deve praticar atos conservatórios preventivos (garantindo 
seu direito contra eventual e futura violação) ou repressivos (são os que visam 
restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito 
subjetivo sem a correspondente proteção. 
Exemplo: Direito de Retenção. Uma pessoa possui uma casa (o bem não é 
dela, mas ela está na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). 
Esta pessoa realiza benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do 
telhado) ou úteis (construção de garagem). Posteriormente o real proprietário 
move uma ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação. O possuidor deve 
ir embora, sair da casa e devolvê-la. No entanto, como realizou benfeitorias, 
deve ser indenizado por elas. Se a outra parte não indenizar, o possuidor pode 
reter o bem (a casa) até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, 
CC). Outros exemplos: arresto (que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou 
de bens para a segurança da dívida); sequestro (que é o depósito judicial da 
coisa litigiosa para garantia do direito); protesto, etc. A defesa pode ser: 
a) Extrajudicial: são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário 
ingressar em juízo. Exemplo: quando se estabelece uma cláusula penal (multa) 
em um contrato o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o 
cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de 
arras) que é um adiantamento da quantia que será paga também para garantir 
o cumprimento da obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da 
dívida (se o devedor principal não pagar a dívida, o credor poderá acionar o 
fiador), etc. 
b) Judicial: são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à 
autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para 
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proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação 
judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.: 
Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito 
Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de 
eventuais ameaças a sua posse), etc. 
 Lembrem-se do brocardo: “A todo Direito corresponde uma Ação que 
o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este será 
protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). 
Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, 
vir e permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito 
material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em 
flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje 
preso”. O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! 
Ora, o Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o 
direito de locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a 
Ação (no caso o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á 
habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder”. 
O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei 
por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de 
propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer? 
Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação Reivindicatória. Portanto, 
voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma ação”. 
Ação é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do 
Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos 
(art. 3° do Código de Processo Civil → “Para propor ou contestar uma ação é 
necessário ter legítimo interesse econômico ou moral” – neste sentido a Súmula 
409 do Supremo Tribunal Federal). 
Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias 
mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias 
razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel 
eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido 
ou simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma 
ação de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos 
aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa 
ou autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 
1.210, §1°, CC), do penhor legal, etc. 
DIREITO CIVIL – AUDITOR TRIBUTÁRIO (ICMS/DF) 
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MODIFICAÇAO DE DIREITOS (transformação) →→→ Os direitos podem sofrer 
modificações relativas ao seu conteúdo (objeto) ou a seus titulares (pessoas), 
sem que hajaalteração em sua substância. A modificação do direito pode: 
a) Objetiva: diz respeito ao conteúdo ou objeto da relação jurídica. Pode 
ser qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (o credor de 
uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo 
uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição) ou 
quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto. 
b) Subjetiva: substituição da titularidade do direito, ou seja, de uma das 
pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter 
vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um 
direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: 
desapropriação, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a 
transmissão dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Obs.: há 
direitos que não comportam modificação no sujeito por serem 
personalíssimos (também chamados de intuitu personae). 
EXTINÇÃO DE DIREITOS →→→ quando sobrevém uma causa que elimina os seus 
elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o 
direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinção puder ser 
atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-
los. Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros): 
• Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado 
pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo 
de plantação invadido pelo mar). 
• Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo 
a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: renúncia 
à herança). 
• Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não 
querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo). 
• Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de 
forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação). 
• Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, 
intransferível. 
• Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. 
• Prescrição ou Decadência: será o tema desta aula de forma 
pormenorizada. 
Com isso encerramos esta parte introdutória sobre os elementos do fato 
jurídico. 
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Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS. O 
quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema, sendo de extrema 
importância. 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS 
 
A) FATO COMUM →→→ Acontecimento sem repercussão no Direito. 
B) FATO JURÍDICO →→→ Fato + Direito. Acontecimento natural ou humano ao 
qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.). 
I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou 
Stricto Sensu) → é o acontecimento natural do qual decorrem efeitos; 
não há manifestação da vontade humana. Divide-se: 
1. Ordinários: são os que normalmente acontecem (previsíveis), 
produzindo efeitos jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte 
(por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), 
decurso de tempo (como a prescrição, a decadência, a usucapião), etc. 
2. Extraordinários: são os que ocorrem de forma inesperada 
(imprevisíveis). Exemplos clássicos: “caso fortuito” ou “força maior”. 
Têm importância ao direito por excluírem, como regra, a 
responsabilidade: destruição de bens móveis e imóveis em virtude de 
uma tempestade, desabamento de prédios em virtude de um terremoto, 
incêndio de uma fábrica em razão de um raio, naufrágio de um navio em 
virtude de um maremoto, tsunami, etc. 
II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) →→→ é o 
acontecimento que conta com a participação humana. Abrange tanto os 
atos lícitos como os ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma 
mais detalhada. Por enquanto, é importante que se saiba: 
1) ATO LÍCITO também chamado de ato jurídico em sentido amplo (lato 
sensu) ou ato jurídico voluntário, previsto no art. 185, CC) →→→ praticado 
em conformidade com a ordem jurídica: 
a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): há a 
participação humana, voluntária, consciente e lícita. No entanto, os 
efeitos são impostos pela lei e não pelas partes interessadas, não 
havendo regulamentação da autonomia privada. Não existe liberdade de 
escolha nos efeitos jurídicos produzidos, pois estes são automaticamente 
conferidos pela lei. Também é chamado de “ato não-negocial”. Ex.: 
reconhecimento de filho, fixação de domicílio, abandono, ocupação, 
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percepção de frutos de uma árvore, atos de comunicação processual, 
como a notificação, etc. 
b) Negócio Jurídico: há a participação humana e os efeitos desta 
participação são ditados pela própria manifestação de vontade; os 
efeitos são desejados pelas partes (ex.: contratos, testamentos, 
etc.). Há, portanto, autonomia privada; autorregulação de interesses 
particulares, em maior ou menor grau. 
2) ATO ILÍCITO ou Involuntário: é o praticado em desacordo com a 
ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a 
conduta é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um dever 
jurídico. Entretanto, os efeitos da prática deste ato são involuntários, 
impostos pela lei. A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento 
do dever de reparar o dano causado. Ao invés de criarem um direito, 
criam deveres e obrigações. Pode atuar nas seguintes áreas do Direito: 
a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo 
um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a 
ordem social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é 
a pessoa do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se 
transmite a responsabilidade a terceiros). 
b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a 
administração; a sanção também é pessoal. 
c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um 
dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do 
lesante (como regra). 
 Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é 
fonte de responsabilidade (obrigações). 
��� Observações ��� 
01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito enquadra-se na noção de 
ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato lícito 
e ilícito”. Porém a doutrina majoritária discorda. Para ela, se ato jurídico é toda 
ação humana lícita, o ato ilícito seria reservado para uma categoria própria, não 
podendo ser enquadrado como ato jurídico. Podemos concluir: o ato ilícito é 
um fato jurídico (humano), porém não é um ato jurídico. 
02) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato jurídico”. O atual 
Código Civil não trouxe norma específica quanto a isso, por isso tudo fica no 
plano doutrinário. O ato-fato jurídico seria uma categoria intermediária 
entre o ato da natureza e o fato do homem. Ocorre nas situações em que a lei 
encaraa ação humana como um fato, sem levar em consideração a vontade, a 
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intenção ou a consciência do agente. Os exemplos clássicos disso são o de 
uma criança de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco 
que pinta um quadro que se torna uma obra de arte. Em ambos os casos não há 
uma vontade direcionada à celebração de um contrato de consumo. 
Feitas essas observações vamos analisar o itens do quadro acima. O 
primeiro deles é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato 
jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões 
sinônimas, mas que costumam cair e confundem... 
���Fato Natural é o acontecimento natural (independe da vontade 
humana) do qual decorrem efeitos jurídicos, criando, modificando ou 
extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em: 
1. Ordinários  São aqueles que normalmente ocorrem; são 
previsíveis. Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela 
ocorrerá independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências 
jurídicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por 
outro lado cria inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do falecido. 
Portanto a morte é o exemplo clássico de fato natural. Lógico que estou falando 
da morte por causas naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um 
homicídio (brincando ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilícito. 
Outros exemplos de fato jurídico natural ordinário: o nascimento (início da 
personalidade), a maioridade (cessação da incapacidade), o decurso de tempo 
que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), 
a usucapião (matéria que pertence ao Direito das Coisas), além da prescrição 
e da decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimos e serão 
analisados de forma autônoma, ainda nesta aula. 
2. Extraordinários  São causas ligadas ao caso fortuito ou à força 
maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, 
além da ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos 
autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito 
seria um evento da natureza, imprevisível e inevitável (ex.: uma tempestade, 
um terremoto, um tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma 
atuação humana imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma greve). 
Para outros o conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso 
fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma caldeira em 
uma usina) e na força maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: 
raio que provoca um incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como 
sinônimos. Sílvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e força maior são 
situações invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças do devedor, 
impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. Geralmente 
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costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as expressões “caso 
fortuito” ou “força maior” e não a situação propriamente dita. E quando cai a 
situação (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classificá-la o fato como “fato 
jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito – stricto sensu) 
extraordinário”. 
 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO 
 
As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada 
quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a 
vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da 
obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, 
para que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de 
estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se 
prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da 
decadência. No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos são 
imprescritíveis (ex.: direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, 
alimentos, etc.). 
Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz 
com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: 
o credor de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o 
direito de ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar 
a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se 
uma situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria 
culpa; por sua desídia. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: 
dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre aos que dormem). 
O fundamento primordial dessa proteção a situações consolidadas no 
tempo (ainda que contrárias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, 
impede-se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta 
lesado em algum direito. Ora, se o próprio interessado não cuidou de defender 
seus direitos no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta 
como uma “renúncia ao direito”, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que 
lhe foi feita. Não se trata de achar este instituto justo ou injusto. Não é esta a 
preocupação da lei. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de 
tranquilidade e paz social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a 
qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por fatos 
ocorridos há muito tempo. 
 Elementos comuns da prescrição e decadência. Os dois institutos são 
causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado 
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prazo. Requisitos: inércia do titular do direito e decurso de tempo para o 
exercício desse direito. 
��� Atenção ��� Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrição 
e decadência, este tema é comum a todas as matérias do Direito. O Direito 
Penal, Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do 
assunto. Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o 
enfoque apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse 
tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. 
Reforço: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa 
possa ser aproveitada por outras matérias). 
 Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) 
O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo 
era prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve...” e elencava uma 
série de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela relação 
dizia o que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, não havia 
um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... Hoje a 
matéria está bem fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o que é 
decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os 
prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de 
concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante. 
 
 
I. PRESCRIÇÃO 
(arts 189 a 206, CC) 
 
 
Direito Subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém 
de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da 
relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever 
da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um 
dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve 
(ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito 
é violado surge o poder de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que 
permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir 
de pretensão. 
Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de 
outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever jurídico. A pretensão é 
deduzida em juízo por meio de uma ação. Violado um direito nasce para o seu 
titular a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo 
este direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. 
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Portanto, o prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é 
violado... e morre no último dia do prazo prescricional. Havendo violação ao 
direito e o titular deste permanecer inerte, a consequência será a perda da 
pretensão. 
 DIRETO AO PONTO Prescrição é a perda da pretensão do titular de 
um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo 
determinado previsto em lei. 
Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, pois não 
fez valer seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relação às 
pessoas naturais (físicas), como em relação às jurídicas. Portanto, a prescrição 
tem por objeto direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis (como 
exemplo as obrigações), não abrangendo os direitos de personalidade, os 
relacionados ao estado da pessoa e os direitos de família (que são 
imprescritíveis, conforme veremos adiante). 
• A quem a prescrição favorece? Ao devedor que não pagou seu débito e 
não foi acionado em tempo oportuno para fazê-lo! 
• A quem a prescrição prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, 
pois o devedor não pagou a dívida, ficou inerte e não o acionou 
judicialmente dentro do prazo fixado em lei! 
���Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da 
pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular do 
direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei 
(decurso de tempo); d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou 
interruptivas do prazo. 
Embora esta expressão seja bem técnica, precisamos mencioná-la, pois 
muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a 
prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do 
direito. 
���Vamos agora dar um exemplo completo ��� 
Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma 
pessoa, estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importância seja 
devolvida. A partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito 
ao crédito. Se o devedor pagar a dívida dentro do prazo estabelecido a 
obrigação se extingue pelo seu cumprimento. Mas se ele assim não o fizer, 
haverá a violação ao direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensão 
(actio nata), que é a possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi 
violado. A partir daí eu já posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. 
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Mas nada é eterno... eu tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer 
meu direito. E no momento em que eu posso ingressar com a ação, surge, 
também, um prazo para que faça isso. Devo, então, exercer o direito dentro do 
prazo, pois nesse momento também se inicia a contagem do prazo prescricional. 
Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu exerci meu direito. Mas... e se eu 
não ingressar com a ação dentro do prazo? – Ora, o meu direito (pretensão) 
prescreveu... Eu não posso mais entrar com a ação. Na realidade eu até “posso” 
entrar com a ação... mas esta ação está fadada ao fracasso, pois basta que a 
outra parte alegue (e mesmo que não alegue o juiz poderá reconhecer de ofício) 
que a ação será extinta! E eu ainda deverei suportar todos os encargos 
processuais da ação (custas processuais, honorários advocatícios de ambas as 
partes, etc.). Portanto o melhor é não entrar com a demanda. Com a prescrição 
eu perdi o instrumento jurídico para fazer valer meu direito. Agora eu 
pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dívida que estava 
prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dívida estava 
prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolução do 
dinheiro? Resposta: de fato, a dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou 
não pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida 
prescrita, este pagamento valeu! E por quê? –Porque o direito material (que é o 
meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda 
existia. Ele não foi extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. 
A prescrição atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o 
instrumento judicial para cobrar a dívida (ou seja, o direito de ação). E não o 
direito ao crédito. Com a prescrição perde-se apenas o direito à pretensão 
(não havendo mais a ação para exercer o direito em juízo). Mas o direito em si 
(o direito ao crédito) ainda se mantém intacto (embora sem proteção jurídica). 
Portanto a pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que 
a ação esteja prescrita, não se podendo pedir a devolução da quantia paga. 
Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural, 
isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida 
pelo credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a 
restituição do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode 
repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação 
judicialmente inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa 
pedir de volta). 
 Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-se 
de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social 
de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a pretensão 
perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja,perde-se o direito de resolver a 
pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito 
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propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para 
solucioná-lo. 
DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO 
Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada: 
Exceção (art. 190, CC) 
Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a 
pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta 
frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão 
“exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa 
aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma 
ideia de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o 
vocábulo significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma 
das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do 
adversário. Substitua no texto legal a expressão exceção por defesa... veja 
como ficou mais fácil! 
O autor de uma ação deduz uma pretensão (exigindo do réu o 
cumprimento de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma 
exceção. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar 
categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com o 
objetivo de elidir ou paralisar a ação proposta. Exemplos: o autor ingressa com 
uma ação (deduzindo uma pretensão: cobrando uma dívida) e o réu alega como 
defesa que já foi processado, sendo que a ação foi julgada improcedente por 
aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceção de coisa julgada); ou alega 
que já há uma ação pendente sobre o mesmo assunto (exceção de 
litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para apreciar este tipo de 
questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele não é parte legítima 
no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc. 
Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra 
prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre 
que “B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. 
Pergunta-se: “A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com a 
outra da qual é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se está 
prescrita a pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está a 
defesa (exceção), que no caso se daria com a compensação. Assim, se o direito 
não pode ser alegado como modalidade de ataque (pretensão), também não 
poderá ser invocado como meio de defesa (exceção: no caso a compensação). 
 Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a 
manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o 
mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por 
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isso costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da 
pretensão”. 
Renúncia (art. 191, CC) 
Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da 
manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor 
não tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode 
renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser 
expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois 
que a prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito 
importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas 
consequências jurídicas. Vamos por partes. 
Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou 
antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela 
ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que 
ainda não existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o 
que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a 
ação no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a 
dívida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a 
dívida após o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a 
renúncia é um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à 
prescrição após a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver 
fluindo, o devedor não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia 
prática. Se assim não fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em 
um contrato. Ex.: o credor insere no contrato uma cláusula em que o devedor 
renuncia (isto é desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e 
futura prescrição. A lei proíbe esta conduta. Caso contrário qualquer credor 
poderia colocar uma cláusula no contrato de que o seu direito permaneceria 
válido e eficaz até o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente 
ingressasse com a ação judicial. Ou seja, poderia propor a ação quando 
quisesse. 
Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em 
prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas 
autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No 
entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a 
ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida 
estava prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, 
renunciou à prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta 
não é permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C 
pode anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si. 
 
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A renúncia pode ser classificada em: 
a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria; o 
devedor) abre mão do direito de forma explícita. Ex.: devedor redige um 
documento por escrito abrindo mão da prescrição; como isso possibilita-se ao 
credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito. 
b) Tácita: o interessado pratica determinado ato incompatível com a 
prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento da dívida prescrita. Se 
eu pago uma dívida que está prescrita, eu estou renunciando tacitamente à 
prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de 
“parcelamento do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a 
dívida prescrita, embora em prestações. 
��� Cuidado com as expressões usadas pelos examinadores (todas 
erradas): “não pode haver renúncia à prescrição”; “a renúncia só pode ser 
expressa”; “só pode ser tácita”; “podeser expressa ou tácita e ocorrer antes de 
sua consumação”, etc. 
Alegação (art. 193, CC) 
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo 
em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada 
com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz 
singular (primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição pode 
ser alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na audiência 
de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a sentença do 
Juiz, as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado 
para um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também no Tribunal a 
prescrição pode ser arguida. 
��� Atenção ��� A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição 
na fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da 
sentença. Ou seja, o processo, propriamente dito já acabou. Agora somente 
estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto não teria 
cabimento alegar a prescrição no momento de se executar o que já foi 
exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 
diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela 
não poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são 
considerados como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente 
poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da 
matéria em outras instâncias (chamamos isso de pré-questionamento). 
 
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EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIÇÃO 
• Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é 
imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias 
muito especiais, conforme veremos. 
• Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos 
particulares, ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, 
CC), seja para reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que 
se trata de matéria de ordem pública. Não existe prazo prescricional 
convencional. Todos os prazos prescricionais são legais. É a lei que 
determina em que prazo determinada pretensão prescreve (veremos esses 
prazos mais adiante), impedindo que eles sejam alterados. 
• Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios. 
• Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a 
prescrição que ainda não ocorreu. 
• Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito 
a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que 
derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, 
CC). Ex.: um rapaz com 16 anos que está sob tutela, possui um crédito. 
Seu representante legal sabe disso e não ingressa com a ação para cobrar a 
dívida. Com o tempo ocorre a prescrição. Em relação à dívida nada mais 
pode ser feito. Ela está prescrita. Mas posteriormente o rapaz poderá 
acionar o seu tutor em razão de sua não-alegação do direito. Trata-se de 
mais uma forma de se proteger e preservar o patrimônio de incapazes ou 
das empresas. Entende a doutrina que a responsabilidade é subjetiva (é 
necessária a prova do dolo ou da negligência do agente). 
• Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se 
suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for 
indivisível. Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça 
para Bernardo e Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores 
solidários de um bem indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo 
prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de 
lei (art. 201, CC), também ficará suspenso em relação a Carlos, pois a 
obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for 
divisível (dinheiro) a prescrição somente ficará suspensa em relação a 
Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor. Falarei um 
pouco mais sobre este assunto mais adianate. 
���Cuidado��� Todos os efeitos citados acima têm uma grande incidência em 
concursos públicos!!! 
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Pessoas a quem aproveita 
A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às 
jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra 
seu sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular (legado). 
Ex.: Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos que o prazo 
prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não ingressou com a 
ação e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, disporá apenas do prazo 
faltante para exercer a pretensão (ou seja, três anos). O prazo não parou em 
razão da morte de Antônio. Ou seja, a morte não interrompe e nem suspende o 
prazo prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores. 
No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa 
regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a 
prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). 
Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 
12 anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo 
prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos 
completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz). 
Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal, 
prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, 
com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, 
que aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal"). 
Declaração de Ofício (ex officio) 
���Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode 
reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, 
mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que 
uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas, 
assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte 
não alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu 
bola”). O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz 
reconhecer a prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso 
de declaração ex officio)? 
A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a 
alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. 
Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de 
fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o §5° do art. 219, CPC. 
Ou seja, atualmente o Juiz “deve” reconhecer a prescrição de uma ação, 
independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situação (e 
não somente para favorecer absolutamente incapaz, como anteriormente). 
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19 
Estabelece atualmente o art. 219, §5°, CPC: “O juiz pronunciará, de ofício, a 
prescrição”. O objetivo deste dispositivo foi tornar o processo mais dinâmico. 
 Observem que colocamos o verbo deve entre aspas, pois há quem defenda 
que apesar do imperativo “pronunciará”, trata-se apenas uma faculdade do Juiz 
reconhecer a prescrição de ofício e não de uma obrigação, uma vez que o 
próprio Código Civil admite a renúncia da prescrição. Alguns autores acham que 
é recomendável ao Juiz, antes de declarar a prescrição no curso no processo 
(cível, evidentemente), abrir vista às partes para que se manifestem em relação 
à eventual prescrição. 
Requisitos para se reconhecer a prescrição 
• pretensão a ser exercida: a pretensão nasce com a violação de um 
direito. 
• inércia do titular desta pretensão: não exercício do direito. 
• decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo 
fixado em lei. 
• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, 
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo 
adiante. 
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição 
Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí 
começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. 
No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda 
que já surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o 
curso da prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo 
seja reiniciado (causas interruptivas). 
���A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é 
taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se 
podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser 
estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma 
das situações previstas no Código Civil. 
 
CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS 
(arts. 197, 198 E 199, CC) 
 
A expressão “nnnãããooo cccooorrrrrreee aaa ppprrreeessscccrrriiiçççãããooo” (prevista nos artigos 197, 198, 199 e 
200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional. 
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A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas possuem o mesmo 
regime jurídico. Porém se diferenciam: 
 Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso 
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou 
familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem 
moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade 
jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a 
causa ou obstáculo impede que ele comece. 
 Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam 
temporariamente o prazo prescricional que já estava em curso, sem 
prejuízo do tempo já decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo 
normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste 
momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, o prazo 
prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-
se o prazo já decorrido antes do fato. 
 Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem começou a contar; nas 
causas suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem 
quando cessar o motivo da “parada”. 
Impedimento do Prazo Prescricional 
ANOS 
IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º 
O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância 
que impede que o curso prescricional se inicie. 
Suspensão do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º Prazo 4º 5º 
 Fluxo de prazo 
prescricional de 05 anos, 
onde já decorreram 03 anos. 
Suspenso 
 Cessada a 
suspensão, o prazo 
retoma seu fluxo 
pelo saldo (no caso 
são mais 02 anos). 
Não corre a prescrição: 
 Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, 
CC). Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode 
ser hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher 
empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da 
dívida credora e devedor se casam (não importa saber qual o regime de 
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bens adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois não 
corre prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se 
o marido não pagar a dívida e eles se separarem a mulher teria (ao menos 
em tese) o direito de cobrar a dívida. No entanto se a dívida venceu antes 
do casamento, o prazo prescricional já se iniciou, começou a correr... Após 
isso, sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. 
Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo 
prescricional voltará a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV 
Jornada de Direito Civil do STJ: “Não corre prescrição entre os 
companheiros, na constância da união estável”. 
 Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, 
II, CC). Ex.: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um 
menor e seus pais. Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com 
uma ação judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob 
pena de prescrição. Portanto, aguarda-se a extinção do poder familiar (18 
anos), quando então a pessoa, sentindo-se lesada, poderá acionar seus 
ascendentes. 
���Observação: há uma polêmica se a prescrição corre entre avós e netos, 
pois a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). Não há dúvidas de que 
avós e netos estão numa relação de parentesco em linha reta. O avô é 
ascendente do neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avô. Ocorre 
que o dispositivo legal também exige que haja uma relação de “poder familiar”. 
Como somente há poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se 
que entre avô e neto pode correr a prescrição. E mesmo que se tratasse de 
tratasse de pais e filhos, não haveria causa de impedimento ou suspensão da 
fluência do prazo prescricional caso houvesse sido afastado o poder familiar 
(ex.: procedimento judicial de destituição, maioridade, etc.). Neste sentido já 
caiu uma questão elaborada pelo CESPE (Advogado SERPRO – 2013). 
 Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a 
tutela ou curatela (art. 197, III, CC). É a mesma justificativa em relação 
ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à 
falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). 
 Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). Ex.: 
vamos imaginar que uma pessoaque é credora de outra, faleça. O de cujus 
(falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao 
menos sabe de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para 
protegê-la, o CC determina que não corre prescrição contra ela, pois é 
absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja 
relativamente incapaz); somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional 
terá início. No entanto a prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente 
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incapazes. Ex.: quando o incapaz é o devedor e o credor não o aciona no 
tempo certo; neste caso opera-se a prescrição, pois ela foi favorável ao 
incapaz. 
 Resumindo 
a) prescrição contra absolutamente incapazes →→→ não corre. 
b) prescrição contra relativamente incapazes →→→ corre normalmente. 
c) prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) →→→ corre 
normalmente. 
 Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados, 
ou dos Municípios (art. 198, II, CC). 
 Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo 
de guerra (art. 198, III, CC). 
 Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o 
desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar 
no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso, 
isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se 
não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o 
direito. E se não há uma ação que se possa exercitar o prazo prescricional 
não se inicia. 
 Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo 
princípio do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda 
não se pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo 
prescricional também não pode ter início. 
 Pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC), suspende-se também a 
prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro 
em virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um 
litígio para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não 
resolvido este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter 
início. Mais uma vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não 
corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada). 
 Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo 
criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença 
definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A 
é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste 
caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra há independência 
entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em 
algumas situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de 
autoria), a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se 
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aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for 
resolvida no Juízo Criminal (decisão final com trânsito em julgado), 
apontando a autoria e a materialidade do delito é que se inicia o prazo 
prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for 
condenado criminalmente, a partir desta condenação inicia-se o prazo de 
prescrição para que os familiares de B ingressem com eventual ação de 
reparação de danos pela prática do ato ilícito no Juízo Cível. 
Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da 
suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo 
prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a 
pessoa não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), 
surge uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo 
fica paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele 
não é computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse 
suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de 
ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo 
dado só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos 
(prazo que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é 
esse o prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da 
prescrição. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. 
 Observação Importante 
Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito 
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o 
dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um 
dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. 
Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, duas ou mais 
pessoas são credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do 
devedor a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e 
ocorreu uma causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a 
prescrição ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação 
aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três 
pessoas são credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos 
credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso o prazo prescricional 
somente não corre (fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente 
contra os demais, pois a obrigação de entregar dinheiro é divisível. 
Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a 
prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será 
estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 
anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue 
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reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente 
começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir 
daí ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo o direito 
indivisível, a prescrição também fica “indivisível” (aproveita a todos). 
 Resumindo 
Suspensa a prescrição para um dos credores solidários: 
a) Obrigação divisível (dinheiro) →→→ a suspensão não se estende aos demais 
credores e continua a correr normalmente para eles. 
b) Obrigação indivisível (cavalo) →→→ a suspensão se estende aos demais 
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos. 
 
CAUSAS INTERRUPTIVAS 
(arts. 202a 204, CC) 
 
São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, 
inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a 
correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já 
decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A 
contagem recomeça do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. 
Após três anos de fluência de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo 
recomeça do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ação 
apropriada. O efeito é instantâneo: o prazo recomeça a correr da data do ato 
que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. 
��� Suspensão X Interrupção ��� 
A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na 
suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato 
suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha 
decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa 
interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a 
ser contado de novo desde o início. 
Outra coisa: Na interrupção, em regra, exige-se um comportamento ativo, 
uma provocação do credor (ex.: a notificação). Já na suspensão exige-se 
apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo 
prescricional é suspenso de forma automática. 
São causas que interrompem a prescrição (art. 202, CC): 
 Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se 
o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é 
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necessário fazer uma conexão com o art. 219 do Código de Processo Civil: 
“A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa 
a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em mora 
o devedor e interrompe a prescrição”. Notem que há um certo conflito 
entre o texto do Código Civil (que menciona o despacho do Juiz) e o texto do 
Código de Processo Civil (que menciona a citação em si). A doutrina vem 
tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a 
interrupção se dá com a citação, porém, com efeitos retroativos à data da 
propositura da ação, desde que obedecidos os prazos fixados na lei 
processual. 
 Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida 
cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto 
extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma 
nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a 
prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar 
qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem um 
comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de 
ver seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a 
prescrição. 
 A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em 
concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou 
nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também 
demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição. 
 Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Ex.: 
interpelação judicial, notificação judicial, ações cautelares de uma forma 
geral, etc. 
 Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela 
do débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. 
(nesta hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor). 
��� Atenção ��� No Direito Civil a interrupção da prescrição só pode 
ocorrer uma única vez (art. 202, CC). Tal restrição é benéfica, evitando 
inúmeras interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das 
pendências. 
Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição: 
imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco 
anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após 
esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex.: credor ingressa 
com uma notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo 
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“zera”, ou seja, volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha 
cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a 
interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ação 
principal. Observem o quadro abaixo: 
 Interrupção do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º 
 Fluxo de um prazo 
prescricional de 05 
anos, onde já 
decorreram 03 anos. 
Prazo 
Interrompido 
 Interrompido, o prazo fluirá 
por mais 05 anos; inicia-se 
novamente, mas por apenas 
uma vez mais. 
Quem pode promover a interrupção da prescrição? 
Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser 
promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurídico. Portanto têm 
legitimidade para o ato: 
• o próprio titular do direito em via de prescrição. 
• quem legalmente o represente. 
• terceiro que tenha legítimo interesse (ex.: credores, fiadores ou 
herdeiros do credor). 
Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC) 
Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um 
pouco... Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a 
promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um 
credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a 
interrupção, não se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como 
regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição 
em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos 
demais devedores. No entanto há exceções: 
• Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra 
um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por 
um dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na 
solidariedade os vários credores são considerados com um só credor e, da 
mesma forma, todos os devedores são considerados como um só devedor. 
• A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não 
prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação 
indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se 
transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível. 
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