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SEFAZ PE XEST econofinancpub heberejetro Aula 03 Balanço de Pagamentos e Regimes Cambiais

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Aula 03
Economia e Finanças Públicas p/ SEFAZ/PE
Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho
Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 96 
 
AULA 03 ± Relações Econômicas Internacionais: 
Termos de troca, poder de compra das 
exportações e capacidade de importar; os 
regimes cambiais; taxa de câmbio nominal e taxa 
de câmbio real; as contas do balanço de 
pagamentos; desequilíbrio no balanço de 
pagamentos e política cambial. 
 
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA 
1. Balanço de pagamentos 02 
1.1. Conceito e generalidades 02 
1.2. Contabilização 04 
1.3. Estrutura do balanço 06 
1.4. Exemplos de lançamentos 13 
1.5. Crise cambial 20 
2. Regimes cambiais 21 
2.1. Conceito e generalidades 21 
2.2. Oferta de divisas 22 
2.3. Demanda de divisas 24 
2.4. Regimes cambiais 25 
Adendos 31 
3. Relações Econômicas Internacionais 38 
Resumão da Aula 45 
Exercícios comentados 48 
Lista de questões apresentadas na aula 83 
Gabarito 96 
 
Olá caros(as) amigos(as), 
 
 Prosseguindo com o nosso curso de Economia para o ICMS/PE, 
hoje, veremos um assunto bastante importante do curso: o Balanço de 
Pagamentos (BP), em um contexto da Macroeconomia aberta, onde 
consideramos as operações de um país com o resto do mundo. 
Estudaremos somente a nova estrutura, (adotada pelo Brasil desde 
2001). 
Além do estudo do BP, veremos os regimes cambiais. 
Praticamente, não caem mais questões puramente sobre regimes 
cambiais, mas seu entendimento será fundamental quando estudarmos o 
modelo IS-LM (aula 06) mais à frente em nosso curso. Portanto, dê o gás 
nessa aula! 
O estudo do BP é bem legal, e tranquilo também. Dá para ler numa 
ERD�� VHP� ³GRU´��UV�� -i� D� SDUWH� GH� UHJLPHV� FDPELDLV� p� XP� SRXFR� PDLV�
83395105172
Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 96 
chata, especialmente a parte final da aula, onde eu ponho alguns 
³DGHQGRV´�� e� XPD� SDUWH� XP� SRXFR� PHQRV� WUDQTXLOD� GD� DXOD�� H� TXH� FDL�
muito pouco nos concursos (ainda bem!). 
Teremos também um tópico de Relações Econômicas Internacionais. 
È um tópico pouco cobrado e acreditamos que não haverá 
aprofundamento na cobrança desse assunto. Tudo o que colocarmos na 
aula é mais que suficiente, ok? 
 E aí, todos prontos?! Então, aos estudos! 
 
1. O BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
1.1. Conceito e Generalidades 
 
No contexto da globalização e da integração dos mercados, em que 
os países cada vez mais realizam transações com o resto do mundo, 
torna-se importante a mensuração destas atividades econômicas 
internacionais. Nesse sentido, surge o Balanço de Pagamentos (BP) que, 
de modo geral, tem o objetivo de registrar as operações econômicas entre 
um país e o resto do mundo. 
 
Assim, quando alguém compra um produto importado, faz uma 
viagem internacional, ou envia dinheiro para um parente que reside no 
exterior, temos exemplos de operações que serão registradas no BP, pois 
envolvem transações econômicas entre um país e o resto do mundo. 
 
6HJXQGR� 6LPRQVHQ� 	� &\VQH�� ³define-se Balanço de Pagamentos 
como sendo o registro sistemático das transações entre residentes e não 
residentes de um país durante determinado período de tempo�´�'D�IRUPD�
como está posto o conceito, podemos inferir inicialmente três importantes 
observações. 
 
Primeiro, ele é o registro sistemático de transações. Apesar da 
denominação Balanço de Pagamentos, o BP, em sua essência, é um 
balanço de transações e não de pagamentos. Isto significa que as 
operações contabilizadas no BP podem envolver ou não pagamentos, de 
fato, muitas delas não envolvem pagamentos diretos em moeda, como é 
o caso, por exemplo, de doações de mercadorias a título de ajuda 
humanitária. Outro ponto é a forma de registro sistemático, que segue o 
método das partidas dobradas: a um débito em determinada conta deve 
corresponder um crédito em outra conta, e vice-versa. Tal mecanismo 
segue a mesma lógica que se estuda na disciplina Contabilidade Geral. 
 
Segundo, as transações que devem registradas são aquelas 
envolvendo residentes e não residentes. O referencial para se distinguir o 
UHVLGHQWH�GR�QmR�UHVLGHQWH�p�R�OXJDU�RQGH�HVWHMD�ORFDOL]DGR�VHX�³FHQWUR�GH�
LQWHUHVVH´�� 
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
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É FRQVLGHUDGR�UHVLGHQWH�QR�%UDVLO�WRGR�DTXHOH�TXH�WHP�R�³FHQWUR�GH�
LQWHUHVVH´� QHVWH� SDtV�� RX� VHMD�� RQGH� VH� HVSHUD� TXH� RFRUUD� GH� PRGR�
permanente a sua participação na produção e consumo de bens e 
serviços. Caso um brasileiro esteja no exterior temporariamente, 
exercendo atividade de duração prevista, será considerado residente (no 
Brasil). Por outro lado, se estiver morando permanentemente no exterior, 
será considerado não residente. 
 
Podemos listar como exemplo de residentes no Brasil aqueles que 
aqui vivem permanentemente (incluindo os estrangeiros com residência 
fixa), os brasileiros em serviço no exterior (diplomatas, funcionários de 
embaixadas, militares em missões de paz, etc), os turistas brasileiros que 
se encontram em viagem no exterior, estudantes temporariamente 
fazendo cursos no exterior, e as empresas sediadas no país, inclusive se 
forem filiais de empresas estrangeiras. 
 
São considerados não residentes aqueles com centro de interesse 
em qualquer outro lugar que não seja o Brasil. Podemos citar como 
exemplo de não residentes os turistas estrangeiros em passagem no país, 
as empresas nacionais instaladas no exterior, as embaixadas estrangeiras 
no Brasil (o centro de interesse de tais embaixadas é o seu país de 
origem), os estrangeiros em serviço pelos seus países de origem, os 
estudantes estrangeiros temporariamente realizando cursos no Brasil, os 
jogadores de futebol brasileiros que atuam no exterior, etc. 
 
Apesar do conceito dado por Simonsen & Cysne indicar a regra 
geral (o registro de transações entre residentes e não residentes), 
segundo o Manual do Balanço de Pagamentos do FMI, 5ª. edição, pode 
haver situações em que transações apenas entre residentes ou apenas 
entre não residentes serão contabilizadas1. Para fins de concursos, ao 
avaliar uma assertiva como certa ou errada, considere a regra geral. Caso 
a assertiva faça menção a palavras sempre, somente, em todos os casos, 
avalie levando em conta os critérios do Manual do FMI, que é adotado 
pelo Brasil. Como exemplo, considere as seguintes afirmações: 
 
9 São registradas no BP as transações entre residentes e não 
residentes. CERTO, por indicar o conceito, a regra geral. 
 
 
1 Para o FMI, a transferência de obrigações e ativos financeiros estrangeiros pode não permitir a 
identificação das duas partes envolvidas na transação. Assim, não é possível para essas operações 
determinar a pessoa que transmite ou recebe o ativo ou a obrigação estrangeira. Por este motivo, 
tais transferências podem ocorrer apenas entre residentes ou entre não residentes e, mesmo assim, 
serem contabilizadas no BP (Manual do Balanço de Pagamentos do FMI, 5ª. Edição, parágrafos 13 e 
318). 
 
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Teoria e exercícios comentados 
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9 São registradas no BP somente as transações entre residentes e 
não residentes. ERRADO��SHOR�XVR�GD�SDODYUD�³VRPHQWH´. 
 
Terceiro, são registradas as transações ocorridas durante 
determinado período de tempo, o que nos indica a ideia de fluxo, ao 
FRQWUiULR� GD� LGHLD� GH� HVWRTXH� �YLPRV� DV� GLIHUHQoDV� HQWUH� ³IOX[R´� H�
³HVWRTXH´�QD�SiJLQD����GD�aula 02). Ou seja, o objetivo é mensurar as 
transações que ocorreram durante certo tempo. A periodicidade, em 
geral, é de um ano (segundo o ano civil do país), todavia, é bastante 
comum a apresentação de balanços trimestrais e/ou até mesmo mensais 
de modo a haver melhor acompanhamento da situação das contas 
externas do país. 
 
Ainda que não conste expressamente no conceito, julgamos 
importante ressaltar que as transações são expressas em dólares 
americanos. Como elas são efetuadas entre residentes e não residentes 
de diversos países, há a necessidade de converter os valores, que 
inicialmente estão em várias moedas, em apenas uma moeda que seja de 
aceitação internacional (dólar americano). Logo, se uma transação é 
efetuada em uma moeda qualquer, o valor inicial será convertido em 
dólar por ocasião do registro no BP. 
 
 
1.2. Contabilização 
 
A contabilização segue o método das partidas dobradas, isto é, a 
cada débito em determinada conta deve corresponder um crédito em 
alguma outra e vice-versa. A fim de facilitar a contabilização, nós 
podemos dividir as contas do BP em dois grandes grupos, a saber: 
 
a) as contas operacionais 
b) as contas de reservas (ou conta de caixa) 
 
As contas operacionais correspondem efetivamente à transação 
realizada. Nas palavras de Simonsen & Cysne: correspondem ao fato 
gerador do recebimento ou da transferência de recursos ao exterior. 
Temos como exemplo as contas de: exportações, importações, 
empréstimos, financiamentos, transferências unilaterais, etc. 
 
Quando o fato gerador de uma transação provoca entrada de 
recursos no país (uma exportação, por exemplo), a conta do fato gerador 
é creditada e o recurso que entrou no país é lançado com sinal positivo. 
Por outro lado, quando o fato gerador provoca saída de recursos do país 
(uma importação, por exemplo), a conta do fato gerador é debitada e o 
recurso que saiu do país é lançado com sinal negativo. 
 
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
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Assim, podemos estatuir que a entrada de recursos (de meios de 
pagamento internacionais) é considerada um crédito e é lançada com 
sinal positivo na conta operacional (conta correspondente ao fato 
gerador). Por outro lado, a saída de recursos é considerada um débito e é 
lançada com sinal negativo na conta operacional. 
 
Como a contabilização segue o método das partidas dobradas, a 
cada transação registrada em qualquer conta operacional corresponderá 
uma contrapartida de sinal oposto na conta de reservas (ou conta caixa). 
Assim, quando temos entrada de recursos (exportação, por exemplo), 
haverá um lançamento a crédito (positivo) na conta operacional (conta de 
exportação) e um lançamento a débito (negativo) na conta de reservas 
(conta caixa), semelhante ao que acontece na Contabilidade das 
empresas. 
 
Por exemplo, imagine a importação de uma mercadoria no valor de 
US$ 100. Como saíram recursos do país (saem dólares/divisas do país), a 
conta Importações será debitada em 100. A contrapartida será um 
crédito, em igual valor, na conta de Reservas. Segue o lançamento: 
 
D Importações 100 
C Reservas ou conta Haveres ou conta Caixa 100 
 
Imagine agora que uma empresa brasileira tenha exportado 
mercadorias no valor de US$ 300. Como entraram recursos (provenientes 
da venda), a conta Exportações será creditada em 100. A contrapartida 
será um débito, em igual valor, na conta Caixa. Segue o lançamento: 
 
D Conta caixa ou haveres 300 
C Exportações 300 
 
Nota Æ no item 1.3, mostraremos exemplos de contabilização 
envolvendo praticamente toda a estrutura do BP. 
 
O fato da conta de reservas ser a contrapartida das contas 
operacionais faz com que nela seja registrada toda a movimentação dos 
meios de pagamento internacionais à disposição do país. Ou seja, tal 
conta registra a movimentação dos meios de pagamento que a Autoridade 
Monetária (no caso do Brasil, o Banco Central) pode utilizar para 
pagamento de qualquer dívida ou aquisição de direitos junto a não 
residentes. 
 
Assim, podemos concluir que estes meios de pagamento são os 
ativos que a autoridade monetária dispõe em seu caixa. Tais ativos 
incluem não somente dinheiro (que são as divisas2), mas também 
 
2 Divisas é o mesmo que moeda estrangeira. 
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
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qualquer meio de pagamento que torne possível à Autoridade Monetária 
realizar pagamentos ao exterior (a não residentes). São estes os meios de 
pagamento internacionais: haveres no exterior, ouro monetário, direitos 
especiais de saque (DES) e reservas no FMI. Eles serão explicados no 
próximo item, onde veremos a estrutura do balanço de pagamentos. 
 
Ainda julgamos importante mencionar o fato de que a regra de 
contabilização acima explicada é apenas a regra geral. Há determinadas 
operações em que a contrapartida do lançamento realizado na conta 
operacional nem sempre será a conta caixa ou reservas. Exemplificando o 
caso mais comum: uma doação de bens. 
 
Quando um bem é doado de um país estrangeiro para o nosso país, 
haverá um lançamento a crédito na conta Transferências Unilaterais 
(recebimento de recursos), mas o lançamento a débito não ocorrerá na 
conta caixa, pois não houve ingresso de meios de pagamento mas sim de 
bens. Então, a saída encontrada é debitar a conta Importações, tendo em 
vista ter se tratado da entrada de um bem. Segue o lançamento, supondo 
a doação para o Brasil de um bem no valor de US$ 150. 
 
D Importações 150 
C Transferências unilaterais 150 
 
 
1.3. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
A instituição responsável pela elaboração e divulgação do BP é o 
Banco Central do Brasil (BACEN). A partir de 2001, o BP passou a ser 
divulgado de acordo com a metodologia contida no Manual do Balanço 
Pagamentos do Fundo Monetário Internacional, 5ª. Edição, de 1993. Vale 
ressaltar que as mudanças propostas nessa edição não foram impositivas, 
de tal forma que o Manual é apenas uma recomendação. Nesse sentido, o 
Brasil só veio a implementar tais mudanças 8 anos depois, em 2001. 
 
Para fins de concursos públicos, mesmo após a adoção pelo BACEN 
da nova metodologia, em 2001, muitas questões de provas mantiveram a 
metodologia antiga como ponto de partida para a cobrança dos conceitos 
e cálculo dos diversos saldos exigidos em provas. Para isso, as questões 
não afirmavam expressamente em seus enunciados que se tratava do BP 
do Brasil, mas sim do BP de algum país hipotético, o que teoricamente as 
desobrigava de utilizar a nova metodologia. 
 
Desta forma, é muito comum na elaboração de cursos os 
professores explicarem as duas metodologias (nós mesmo sempre 
fazemos isso). No entanto, neste edital do ICMS/PE, foi explícita a 
cobrança somente da nova estrutura. Assim, estudaremos somente ela e, 
durante as questões, vamos adaptá-las somente para a nova estrutura. 
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Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE 
Teoria e exercícios comentados 
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1.3.1. Metodologia nova de estruturação do BP 
 
Segue abaixo a estrutura da metodologia nova, que será o nosso 
ponto de partida: 
 
DISCRIMINAÇÃO 
A) BALANÇA COMERCIAL 
x Exportações (FOB) 
x Importações (FOB) 
B) SERVIÇOS 
x Transportes 
x Viagens internacionais 
x Seguros 
x Serviços governamentais 
x Royalties e licenças 
x Aluguel de equipamentos 
x Computação e informações 
x Outros 
C) RENDAS 
x Remuneração do fator trabalho (salários e ordenados) 
x Rendas de investimentos 
x Rendas de investimentos diretos (lucros e dividendos) 
x Rendas de investimentos em carteira (juros) 
x Rendas de outros investimentos (juros) 
D) TRANSFERÊNCIAS UNILATERIAS CORRENTES 
Movimento de transferências unilaterais na forma de bens e moeda. 
E) SALDO EM CONTA CORRENTE/TRANSAÇÕES CORRENTES 
TC = A + B + C + D 
F) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA (CAPITAIS AUTÔNOMOS) 
F.1) CONTA CAPITAL 
F.2) CONTA FINANCEIRA 
x Investimentos diretos 
- Participação no Capital 
- Empréstimos e amortizações 
x Investimentos em carteira (ou de Portfólio) 
x Derivativos 
x Outros investimentos 
- Empréstimos de regularização 
- Atrasados comerciais 
- Outros investimentos 
G) ERROS E OMISSÕES 
H) SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
BP = E + F + G 
I) VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS OU HAVERES 
VRI ou HAVERES = - H 
 
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Teoria e exercícios comentados 
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Apresentaremos, de forma resumida, o que significa cada item do 
BP. O maior detalhamento será visto quando apresentarmos os exemplos 
de contabilização. 
 
A) Balança Comercial 
 
Nesta conta, são classificadas as exportações e importações de 
bens. As duas transações são registradas no critério FOB (free on 
board3), isto é, pelo preço de venda subtraído (líquido) dos 
custos de frete e seguros, que são contabilizados no Balanço de 
Serviços. 
 
O saldo líquido entre as receitas das exportações e as despesas 
de importação representa o saldo da balança comercial. Quando 
as exportações superam as importações, temos superávit da 
balança comercial. No caso contrário, temos déficit da balança 
comercial. 
 
Vale ressaltar que receitas significam entrada de recursos 
enquanto despesas de residentes significam saída de recursos. 
 
B) Balança de Serviços 
 
São classificadas as transações envolvendo compra e venda de 
serviços. 
 
Assim, na nova metodologia, temos os serviços de frete e de 
seguros, gastos com viagens, serviços governamentais (gastos 
com embaixadas, consulados, missões diversas). Quando um 
residente brasileiro presta/vende serviços a não residentes, 
temos receitas de serviços (exemplo: turista estrangeiro em 
viagem ao Brasil). Por outro lado, quando residentes brasileiros 
tomam/compram serviço de não residentes, temos despesas de 
receitas (exemplo: brasileiro em viagem ao exterior). 
 
 
C) Balança de Rendas 
 
$V�UHQGDV�VmR�FKDPDGDV�WDPEpP�GH�³VHUYLoRV�IDWRUHV4´� 
 
3 Existe o critério FOB (free on board) e o critério CIF (cost, insurance and freight). O primeiro 
ƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂ�Ž�ďĞŵ�Ă�ƉƌĞĕŽ� “ůŝǀƌĞ�Ă�ďŽƌĚŽ ? ?�ŝƐƚŽ�Ġ ?�Ž�ƉƌĞĕŽ�ůşƋƵŝĚŽ�ĚŽƐ�ĐƵƐƚŽƐ�ĐŽŵ�ƐĞŐƵƌŽƐ�Ğ�ĨƌĞƚĞƐ ?�K�
segundo representa o bem com o preço incluindo os custos com frete e seguros. No balanço de 
pagamentos, os custos com frete e seguros são registrados na balança de serviços e não na balança 
comercial. 
4 Na aula 02, item 1.2, vimos o que são fatores de produção. Vimos também que o somatório das 
remunerações dos fatores de produçãŽ�ƌĞĐĞďĞ�Ž�ŶŽŵĞ�ĚĞ� “ƌĞŶĚĂ ? ? 
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 
 
 
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Nos serviços de fatores (rendas), como o próprio nome sugere, 
são classificadas as transações que envolvem remuneração dos 
fatores de produção5, como juros, lucros, rendas do trabalho, 
royalties, aluguéis, etc. 
 
Por convenção, na nova metodologia, achou-se melhor classificar 
os aluguéis e os royalties na balança de serviços, e não no 
balanço de rendas, mesmo aqueles serem classificados como 
fatores de produção. 
 
Assim, na nova metodologia, temos no balanço de rendas o 
envio/recebimento das seguintes remunerações de fatores de 
produção: salários/ordenados, juros, dividendos e lucros. 
 
Quando um residente envia remuneração de um fator de 
produção a um não residente, temos despesa de serviços 
(exemplo: uma filial de empresa estrangeira instalada no Brasil ± 
residente ± envia lucros à matriz sediada no exterior ± não 
residente). Por outro lado, quando um residente recebe de um 
não residente remuneração de um fator de produção, temos 
receita de serviços (exemplo: uma filial de empresa brasileira 
instalada no exterior ± não residente ± envia lucros à sua matriz, 
instalada no Brasil ± residente). 
 
O saldo líquido entre as receitas e despesas de serviços 
representa o saldo da balança de rendas. O saldo do balanço 
de rendas é a nossa RLEE ou RLRE, estudadas na aula 02. 
 
Caso as receitas superem as despesas, teremos superávit ou 
RLRE (renda líquida recebida do exterior). Caso contrário, 
teremos déficit ou RLEE (renda líquida enviada ao exterior). 
 
D) Transferências Unilaterais Correntes 
 
São classificados os donativos recebidos e enviados ao exterior. 
Os donativos recebidos são considerados receitas, enquanto os 
donativos enviados são considerados despesas para fins de 
contabilização. 
 
E) SALDO DE TRANSAÇÕES CORRENTES 
 
É a soma dos saldos da balança comercial, da balança de 
serviços, da balança de rendas e das transferências unilaterais 
correntes. Também é denominado saldo em conta corrente. O 
déficit em transações correntes significa que o resto do mundo 
 
5 Lembre que rendas significam remunerações dos fatores de produção (juros + lucros + aluguéis + 
royalties + dividendos + salários). 
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XNF ʹ MNF RLEE 
fez poupança realizando transações com Brasil. Assim, o déficit 
em TC é o mesmo que dizer que houve poupança externa6 
(SEXT). Assim, temos: 
 
SEXT = - TC = - (BC + BSv + BR +/- TU) 
 
 
 
 
Assim: 
 
SEXT = - TC = - (XNF ± MNF ± RLEE +/-TU) 
 
Onde XNF e MNF significam exportações e importações de bens e 
serviços não fatores (ou seja, exclui as remunerações dos fatores 
de produção, daí a nomenclatura XNÃO FATORES); RLEE significa as 
rendas que foram enviadas (REE) menos as rendas que foram 
recebidas (RRE); e TU significam as transferências unilaterais 
correntes. 
 
Nota Æ outra nomenclatura para poupança externa ou déficit no 
balanço de pagamentos em transações correntes é: passivo 
externo líquido. Se houver despoupança externa ou superávit em 
conta corrente, teremos passivo externo líquido negativo ou, em 
outras palavras, ativo externo líquido. 
 
F) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA 
 
F.1) Conta capital 
 
Nesta conta, são alocadas apenas as transferências 
unilaterais relacionadas com o patrimônio de migrantes e 
a aquisição de bens não financeiros não produzidos, 
tais como cessão de patentes e marcas (bens intangíveis). 
Esta transferência de patrimôniode migrante ocorre quando 
um migrante vai morar em outro país e leva consigo seu 
patrimônio ou o transfere a outra pessoa. Assim, se, por 
exemplo, eu (Heber) vou morar nos EUA e levo comigo meu 
carro, a transferência deste patrimônio será registrada 
nesta conta. 
 
O caso de doações feitas de um governo para outro e 
remessas de dinheiro realizadas por migrantes que estão 
trabalhando em outros países são contabilizadas no item D 
(transferências unilaterais correntes). 
 
 
6 O assunto foi tratado com maior riqueza de detalhes na aula 02, item 1.4.3. 
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F.2) Conta Financeira 
 
Também chamado de movimento de capitais autônomos ou 
simplesmente de balanço ou movimento de capitais (eram os 
nomes na metodologia antiga), contém os capitais que entram e 
saem do país. Os capitais que entram são considerados receitas, 
enquanto os capitais que saem são considerados despesas. 
 
Os capitais entram e saem de um país através de investimentos 
diretos, empréstimos, financiamentos, capitais especulativos de 
curto prazo, etc. 
 
Exemplos: quando uma empresa multinacional decide abrir uma 
filial no Brasil, o investimento é contabilizado neste balanço. O 
mesmo ocorre quando um especulador estrangeiro decide 
comprar ações de empresas brasileiras ou títulos do nosso 
governo. Ao fazer esta operação de compra de ações, por 
exemplo, estarão entrando divisas (crédito) que aumentarão o 
saldo de nossas reservas (são as aplicações no mercado 
financeiro). Quando algum estrangeiro compra participações em 
empresas brasileiras ou quando um brasileiro compra 
participação em empresas estrangeiras, temos outros exemplos 
de transações que deverão ser contabilizadas neste balanço. 
 
Î Muito cuidado! Pagamento/recebimento de juros em 
decorrência de empréstimos não são contabilizados na conta 
financeira, mas sim no balanço de rendas, pois juro é uma 
remuneração de fator de produção (é uma renda). A 
amortização de um empréstimo, por outro lado, é contabilizada 
na conta financeira. 
 
G) Erros e Omissões 
 
Na prática, sempre haverá transações que, por motivos diversos, 
não serão contabilizadas pelos órgãos/instituições oficiais 
(transações ilícitas, ocultas, etc). Nesse sentido, ao final da 
contabilização haverá ajustes a serem realizados, que são 
justamente os erros e omissões. Na grande maioria das questões 
de prova, este saldo é omitido, situação em que devemos 
considerá-lo nulo. 
 
H) SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
É dado pela soma do saldo em conta corrente MAIS conta capital 
e financeira MAIS erros e omissões. 
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Quando o saldo do BP é positivo, esse superávit provoca 
aumenta na quantidade de meios de pagamento internacionais 
disponíveis ao país. Quando o saldo é negativo, há redução de 
meios disponíveis. 
 
 
I) VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS 
 
O saldo da variação das reservas internacionais sempre 
iguala, com o sinal trocado, o saldo do balanço de pagamentos7. 
Quando o saldo do BP é negativo, esse déficit deve ser 
compensado com a entrada de meios de pagamento 
internacionais. 
 
Estes meios de pagamento internacionais são, em grande 
maioria, compostos por divisas (moeda estrangeira ou dólares 
americanos). No entanto, podemos ter vários meios de 
pagamentos internacionais aceitos (além da moeda americana), 
desde que sejam meios de pagamento bastante líquidos. 
 
$VVLP��SRGHPRV�FRQVLGHUDU�FRPR�³UHVHUYDV�LQWHUQDFLRQDLV´��DOpP�
do estoque de divisas (moeda estrangeira): 
 
x Os títulos externos de curto prazo, ou seja, títulos 
aplicados no mercado internacional que podem ser 
resgatados imediatamente para realizar pagamentos do 
país (possuem liquidez praticamente igual àquela do 
estoque de divisas). 
 
x O Ouro monetário: é o ouro em poder da Autoridade 
Monetária e que é aceito como meio de pagamento entre 
os países. Vale destacar que esse é um ouro em poder da 
Autoridade Monetária. Por tal motivo, dizemos que é um 
ouro monetizado (tem função de moeda), sendo diferente 
do ouro encontrado em joalherias, por exemplo, utilizado 
para fins comerciais. Nesse caso, temos um ouro não 
monetário, que não possui função de moeda e não é e nem 
pode ser utilizado como meio de pagamento oficial. 
 
x Reservas no FMI: os recursos disponíveis no caixa do FMI 
são oriundos de vários países. Desta forma, a quantidade 
de dinheiro que cada país deixa depositado naquele fundo 
 
7 Quando isto não ocorre, é indicação que houve erro na contabilização das transações, que será 
lançado na conta ERROS E OMISSÕES para que os saldos do BP e da Variação das Reservas 
Internacionais sejam iguais com o sinal trocado. 
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corresponde às suas reservas no FMI. Vale ressaltar que o 
dinheiro que fica depositado no FMI integra os recursos 
disponíveis do país depositante. O dinheiro está no caixa 
do fundo para que este empreste para qualquer país do 
mundo, mas se o país depositante precisar do dinheiro, ele 
poderá sacar sem incorrer em empréstimos (não pagará 
juros). Nesse sentido, se, por exemplo, o Brasil deposita 
alguma quantidade de divisas e depois decide sacar o 
valor, tal saque não é considerado empréstimo, pois os 
recursos pertenciam ao Brasil. Por outro lado, se o Brasil 
decide sacar um valor acima da quantidade inicial que ele 
havia depositado, o valor a maior é considerado um 
empréstimo, denominado empréstimo de regularização, 
que geralmente é realizado quando há déficits no saldo 
total do BP (este empréstimo de regularização é 
contabilizado na conta financeira, e não em variação das 
reservas internacionais). 
 
 
Î Transferências líquidas de recursos e hiato de recursos 
 
 Transferências líquidas de recursos (TLR) representam o 
excesso de exportações (X) sobre as importações (M) de bens e serviços. 
Assim, TLR = X ± M. 
 
 Se o país exportou 100 e importou 30, significa que houve 
transferência líquida de recursos no valor de 70. Ou seja, o país teve um 
excedente de produção (produção que não foi consumida internamente) 
que foi transferido para o resto do mundo. Note que, neste conceito, 
quando falamos em recursos, estamos falando, na verdade, de bens e 
serviços transferidos e não em dinheiro/moeda transferido(a). 
 
 Hiato de recursos é a situação em que a TLR é negativa. Por 
exemplo, se o país importou 100 e exportou 80, isto significa que a 
produção interna foi insuficiente, sendo necessário importar bens e 
serviços. Isto é, houve hiato de recursos no valor de 20 (100 ± 80). 
Assim, hiato de recursos = M ± X. 
 
 
1.4. Exemplos de lançamentos (não ignore este item!) 
 
 Seguem agora alguns exemplos de lançamentos para que você se 
familiarize com a sistemática, que é a mesma adotada na contabilidade 
geral. Seguiremos a ordem apresentada na explanação da estrutura do 
BP. 
 
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 Atente para o fato de que fazemos inicialmente o lançamento na 
conta do fato gerador (conta operacional) e a respectiva contrapartida 
será, na maioria dos casos, na conta caixa (reservas ou haveres). 
Pedimos ao aluno que tenha atenção nos lançamentos em que a 
contrapartida não se dá na conta caixa/reservas/haveres. Por tal motivo, 
são lançamentos com maior probabilidade de caírem em prova. 
 
 Ademais, não decore nada, pois tal esforço geralmente é infrutífero. 
Prefira raciocinar logicamente, de modo que você aprenda como proceder 
aos lançamentos. Sugerismos que, antes de ver qual o lançamento 
correto, tente você mesmo fazê-lo e, depois, veja se você estava ou não 
correto. 
 
 
1) Balança comercial - Exportação de mercadorias 
 
Uma empresa brasileira exporta mercadorias no valor de 50 e 
recebe em moeda estrangeira. Em primeiro lugar, houve transação entre 
residente e não residente, devendo, portanto, impactar o BP. Sempre que 
há exportação, a empresa brasileira (residente) receberá receita. Desta 
forma, entrará recursos no Brasil. Essa entrada de recursos será lançada 
a crédito na conta do fato gerador (que é conta operacional ± 
Exportações). Ao mesmo tempo, haverá uma contrapartida na conta 
caixa: ela será debitada8 no mesmo valor. Segue o lançamento: 
 
C Balança comercial (exportações) 50 
D Reservas 50 
 
O débito no valor de 50 na conta caixa/reservas indica que houve 
aumento das reservas internacionais do Brasil neste mesmo valor 
 
2) Balança comercial - Importação de mercadorias 
 
Uma empresa brasileira importa equipamentos no valor de 5, 
enviando o pagamento em dinheiro. Como a importação gera uma saída 
de dinheiro, temos que debitar a conta Importações. A contrapartida será 
o crédito na conta Reservas. Veja que, igualmente ao que ocorre na 
contabilidade geral, quando temos saída de dinheiro do caixa, o 
lançamento é a crédito da conta caixa. Segue o lançamento: 
 
D Balança comercial (importações) 5 
C Reservas 5 
 
 
8 Lembre, mais uma vez, que quando há entrada de dinheiro, a conta caixa/reservas/haveres é 
debitada, seguindo o mesmo raciocínio da contabilidade geral. 
 
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O crédito no valor de 5 indica que houve redução do saldo das 
reservas internacionais do país no mesmo valor. 
 
3) Balança de serviços 
 
Um turista brasileiro paga a diária de um hotel em Nova York no 
valor de 1. Neste caso, devemos debitar o balanço de serviços (pois 
representou saída de divisa) e, em contrapartida, creditar a conta caixa 
(quando sai dinheiro da conta caixa, a mesma é creditada). Veja o 
lançamento: 
 
D Serviços (viagens internacionais) 1 
C Reservas 1 
 
4) Balança comercial e de serviços 
 
Uma empresa brasileira importou uma máquina no valor de 10, 
sendo que, além disso, deve pagar 1 de frete e 1 de seguros. Neste caso, 
registramos o valor da máquina na balança comercial e os valores de 
fretes e seguros na balança de serviços, uma vez que na balança 
comercial registramos o bem pelo critério FOB, isto é, sem considerar 
custos com fretes e seguros. Veja o lançamento: 
 
D Balança comercial (importações) 10 
D Balança de serviços (frete) 1 
D Balança de serviços (seguro) 1 
C Reservas 12 
 
 Veja que esta operação alterou os saldos da balança comercial 
(redução de 10), da balança de serviços (redução de 2) e das reservas 
internacionais (redução de 12). 
 
5) Balanço de rendas 
 
Uma empresa brasileira contraiu empréstimos junto a um banco 
estrangeiro e, nesta operação, está pagando juros no valor de 5. Em 
primeiro lugar, já sabemos que juro é remuneração de um fator de 
produção, logo, é uma renda. Assim, tal operação deve ser contabilizada 
no balanço de rendas. Como houve pagamento de juros (envio de 
divisas), haverá débito no balanço de rendas e crédito na conta caixa 
(crédito em reservas). Veja: 
 
D Balanço de rendas (juros) 5 
C Reservas 5 
 
6) Balanço de rendas 
 
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Uma empresa brasileira, com várias filiais ao redor do mundo, 
recebe lucros de uma de suas filiais no exterior no valor de 3. Lucro é 
remuneração de fator de produção, logo, é uma renda. Assim, tal 
operação deve ser contabilizada no balanço de rendas. Como houve 
recebimento de lucros (recebimento de divisas), haverá crédito no 
balanço de rendas e débito na conta caixa (crédito em reservas). Veja: 
 
C Rendas (lucros) 3 
D Reservas 3 
 
7) Balanço de rendas 
 
Uma empregada doméstica que trabalha na embaixada do Iraque lá 
em Brasília recebe o seu salário no valor de 2. Em primeiro lugar, há uma 
transação entre residente (empregada doméstica) e não residente 
(embaixada do Iraque, tendo em vista seu centro de interesse não ser o 
Brasil), logo, deve ser contabilizada no BP. Segundo, salário é 
remuneração de fator de produção (é uma renda). Com efeito, é 
contabilizada no balanço de rendas. Assim, segue o lançamento: 
 
C Balanço de rendas (salários) 2 
D Reservas 2 
 
8) Transferências unilaterais 
 
Um dekassegui9 envia dinheiro para sua família que reside no Brasil, 
no valor de 1. 
 
C Transferências unilaterais correntes 1 
D Reservas 1 
 
9) Transferências unilaterais 
 
Um dekassegui envia, via correio, aparelhos iPhones para sua 
família que reside no Brasil, no valor de 3. Aqui, temos uma situação 
especial. O recebimento de iPhones será registrado normalmente, isto é, 
contabilizaremos um crédito em transferências unilaterais correntes. No 
entanto, a contrapartida não será na conta caixa/reservas, tendo em vista 
o país não ter recebido meios de pagamento internacionais (divisas, 
haveres no exterior, ouro monetário, ± ver letra I do item 1.3.1). Como o 
recebimento foi na forma de bens, a contrapartida será um débito na 
conta importações. Assim, segue o lançamento: 
 
C Transferências unilaterais correntes (iPhones) 3 
D Balança comercial (importações) 3 
 
 
9 Brasileiro com descendência japonesa que trabalha no Japão. 
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Veja que esse lançamento tem regramento diferente daquilo que 
vimos até aqui. Isso ocorre pelo fato da transferência ter sido realizada na 
forma de bens, e não na forma de meios de pagamento internacionais. 
Desta feita, podemos inferir duas importantes conclusões acerca desta 
operação. 
 
Primeiro, ela não altera o saldo de transações correntes (há uma 
redução na BC e um aumento, no mesmo valor, nas TUs). Por 
conseguinte, não há alteração no saldo total do BP, nem na variação das 
reservas internacionais. 
 
Segundo, a operação, apesar de originariamente não ser uma 
importação ou exportação, reduz o saldo da balança comercial. Fique 
atento a este tipo de lançamento. 
 
10) Conta capital 
 
Um estrangeiro decide se mudar para o Brasil e traz consigo divisas 
no valor de 3, bens no valor de 2, participações em empresas 
estrangeiras no valor de 5. Agora complicou, hein?! Veja que não: 
 
C Conta capital (transf. patrimônio migrantes) 10 
D Reservas3 
D Balança comercial (importações) 2 
D Conta financeira (investimentos em carteira) 5 
 
As transferências de patrimônio de migrantes (metodologia nova) 
devem ser contabilizadas na conta capital. Como o migrante trouxe o 
patrimônio para o Brasil, devemos creditar a referida conta. As 
contrapartidas dependerão do que ele trouxe. No caso de meios de 
pagamento internacionais (divisas, haveres, ouro monetário, etc), a 
contrapartida é a débito na conta reservas; no caso de bens, será a 
débito na conta da balança comercial (importações); no caso de direitos 
ou investimentos, será a débito na conta financeira. 
 
Caso houvesse emigração (saída do migrante), os lançamentos 
seriam invertidos (os créditos seriam débitos e vice-versa). 
 
11) Conta financeira 
 
Um brasileiro decide comprar uma casa de veraneio em Miami, no 
valor de 8, pagando em divisas. 
 
D Conta financeira (investimento direto) 8 
C Reservas 8 
 
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Veja que a compra de imóvel é considerada um investimento direto. 
Se a compra fosse de algum bem móvel, de consumo, o débito seria na 
conta importações. 
 
12) Conta financeira 
 
 Um brasileiro decide comprar uma casa de veraneio em Miami, no 
valor de 8, pagando o imóvel com ações da Microsoft negociadas na bolsa 
de valores de Nova York. 
 
D Conta financeira (investimento direto) 8 
C Conta financeira (investimentos em carteira) 8 
 
Neste caso, o pagamento não foi realizado com meios de 
pagamento internacionais, logo, a contrapartida não será na conta 
reservas. 
 
13) Conta financeira 
 
Um empresário europeu decide comprar ações da Petrobrás no 
valor de 10. 
 
C Conta financeira (investimentos em carteira) 10 
D Reservas 10 
 
14) Conta financeira 
 
A Hyundai Motors decide abrir uma fábrica no Brasil. Tal fábrica 
consumirá um investimento de 20. 
 
C Conta financeira (investimento direto) 20 
D Reservas 20 
 
15) Conta financeira 
 
Uma empresa brasileira, em dificuldades financeiras, decide contrair 
um empréstimo junto a um banco da Suíça, no valor de 6. 
 
C Conta financeira (empréstimos) 6 
D Reservas 6 
 
16) Conta financeira 
 
Uma empresa brasileira decide, em uma operação, amortizar parte 
do empréstimo tomado no passado e pagar juros nos valores, 
respectivamente, de 4 e 1. 
 
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D Conta financeira (amortizações) 4 
D Balanço de rendas (juros) 1 
C Reservas 5 
 
Veja que as operações de amortização e pagamento de juros são 
contabilizadas em contas distintas. O pagamento de juros é contabilizado 
no balanço de rendas, uma vez que juro é renda ou remuneração de fator 
de produção. Já a amortização é contabilizada na conta financeira. 
 
17) Conta financeira 
 
O Brasil está com dificuldaGHV�GH�³IHFKDU´�QR�SRVLWLYR�R�VDOGR�GR�%3��
Aí, as autoridades monetárias decidem aumentar as taxas de juros a fim 
de atrair capital externo. Após o aumento das taxas de juros internas, os 
investidores internacionais decidem adquirir títulos no Brasil no valor de 
10. 
 
C Conta financeira (outros investimentos) 10 
D Reservas 10 
 
18) Conta financeira 
 
Uma filial da Pirelli no Brasil aufere lucros no valor de 5. No 
entanto, em vez de enviar tais lucros à matriz, localizada na Itália, decide 
reinvestir os lucros aqui no Brasil. 
 
C Conta financeira (reinvestimento) 5 
D Balanço de rendas (lucros reinvestidos) 5 
 
Caso os lucros fossem simplesmente enviados, teríamos lançamento 
semelhante ao do exemplo 6 (com contrapartida na conta reservas). Mas, 
nesse caso, como o lucro foi reinvestido, a contrapartida não será na 
conta reservas, mas sim na conta financeira (reinvestimento). Por fim, 
note que a operação não alterou o saldo total do BP, nem a variação das 
reservas internacionais. 
 
19) Conta financeira 
 
O Brasil, possuidor de excelente nível de reservas internacionais, 
decide emprestar dinheiro ao governo dos EUA, em dificuldades 
financeiras. O empréstimo foi no valor de 20. 
 
C Reservas 20 
D Conta financeira (outros investimentos ± empréstimos) 20 
 
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 Bem, acreditamos que, com estes exemplos, você já tenha 
entendido a sistemática dos lançamentos, certo?! Então, prossigamos 
com a matéria. 
 
 
1.5. Crise cambial 
 
Crise cambial é uma situação tal em que um país não possui meios 
de pagamento internacionais para pagar seus compromissos junto aos 
não residentes (mercado externo). 
 
Por exemplo, quando importamos uma mercadoria dos EUA, em 
teoria, ocorre o seguinte: nós pagamos a mercadoria em R$, esses R$ 
são entregues ao Banco Central; este, por sua vez, deve entregar US$ 
para a autoridade monetária dos EUA, para que esta entregue os US$ à 
empresa que vendeu a mercadoria ao brasileiro (pessoal, em teoria, é 
assim que funciona, ok?!). 
 
Outro exemplo: quando uma empresa brasileira tem que pagar um 
empréstimo contraído ou enviar pagamentos de juros, ocorre o seguinte 
(na teoria!): a empresa brasileira deve adquirir US$ para realizar os 
pagamentos (o credor não receberá os pagamentos em R$), então, ela 
entrega R$ ao Banco Central e recebe US$, para que estes sejam 
entregues aos credores no mercado externo. 
 
Pois bem, se o Banco Central dispuser de US$ (que é uma divisa, 
isto é, um meio de pagamento internacional) em caixa, ele poderá honrar 
estas operações sem problemas. Caso não possua US$ em caixa, aí, 
temos uma crise cambial. 1HVWHV�FDVRV��R�SDtV�GHYH�GDU�³R�VHX�MHLWR´�SDUD�
honrar os compromissos. Ele poderá pedir empréstimos à comunidade 
internacional (ao FMI, por exemplo), poderá declarar moratória10 ou 
adotar medidas que visam atrair a entrada de divisas. 
 
Para atrair a entrada de divisas, o país poderá adotar 
principalmente, por exemplo: 
 
x Política de estímulo às exportações: quando uma empresa 
brasileira exporta, ela recebe em divisas (moeda estrangeira). 
Assim, deverá entregar essa divisa ao Banco Central para receber 
R$ (afinal, a empresa brasileira, estando no Brasil, precisa de R$ e 
não de divisas). Veja que, deste modo, haverá elevação das 
reservas internacionais. 
 
 
10 Moratória é a suspensão do pagamento dos compromissos. As consequências de tal medida 
ŐĞƌĂůŵĞŶƚĞ�ŶĆŽ�ƐĆŽ�ďŽĂƐ ?�ƉŽŝƐ�Ž�ƉĂşƐ�ĨŝĐĂ�ĐŽŵ�Ă� “ĨŝĐŚĂ�ƐƵũĂ ?�ŶŽ�ŵĞƌĐĂĚŽ�ŝŶƚĞƌŶĂĐŝŽŶĂů ?�^ĞƌĄ�ĚŝĨşĐŝů ?�
no futuro, arrumar investidores ou até mesmo realizar acordos financeiros ou comerciais. 
 
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x Aumento das taxas de juros: este foi e vem sendo o expediente 
predileto das autoridades brasileiras. Quando a taxa de juros 
interna é alta, os investidores são estimulados a investir no Brasil 
(uma vez que os retornos para eles serão maiores). Desta feita, 
entrarão divisas na economia brasileira e isso aumentará as 
reservas internacionais.O ponto negativo de tal medida é que, no 
futuro, tais investimentos estrangeiros aumentam o endividamento 
que deverá ser pago no futuro (o endividamento gera impactos 
negativos sobre o balanço de rendas no futuro, devido aos 
pagamentos de juros que deverão ser realizados). Enfim, o 
aumento da taxa de juros visa a soluções de curto prazo. 
 
......... 
 
 
2. A TAXA E OS REGIMES DE CÂMBIO 
 
2.1. Conceito e generalidades 
 
 A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional11, de uma unidade 
de moeda estrangeira. Em outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de 
uma moeda em termos de outra. Obviamente, há pelo menos tantas 
taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras. Contudo, a expressão taxa 
de câmbio geralmente indica o preço de uma moeda internacional de 
referência que, no caso brasileiro, é o dólar norte-americano. Assim, 
quando falamos que um dólar norte-americano vale R$ 2,00, já estamos 
expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas: 
 
US$ 1,00 = R$ 2,00 
 
 Antes de falarmos do comportamento da taxa de câmbio, devemos 
aprender algumas noções bem rudimentares de demanda (procura) e 
oferta de um bem. Demanda é a procura de um bem qualquer. Oferta é o 
quantum do bem que está disponível no mercado. 
 
O que precisamos guardar mais especificamente é o seguinte: 
sempre quando a demanda (procura) de um bem aumenta, o preço 
deste bem também aumenta (isso é algo que qualquer um sabe, 
mesmo sem estudar economia!). Sempre quando a oferta de um bem 
aumenta, o preço deste bem diminui. 
 
 
11 Este é o conceito utilizado no Brasil, conhecido por cotação do incerto, onde se precifica 01 
unidade da moeda internacional em valores da moeda nacional. Exemplo de cotação do incerto: US$ 
1,00 = R$ 1,80. Exemplo de cotação do certo, que não é utilizada no Brasil: R$ 1,00 = US$ 0,56. Para 
questões de prova, utilize a cotação do incerto, mesmo que nada seja dito. 
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Sendo a taxa de câmbio um preço de um bem (preço da divisa, ou 
preço da moeda estrangeira), ela será influenciada pela oferta e demanda 
de divisas (moeda estrangeira). Assim, ela segue o mesmo 
comportamento de qualquer bem: se aumentar a demanda (procura) 
dessa divisa, aumenta o valor dessa divisa (=aumento da taxa de 
câmbio). Ao mesmo tempo, o aumento do valor da divisa é o mesmo que 
dizer que há desvalorização da moeda nacional12. Por outro lado, se 
aumenta a oferta da divisa, diminui o valor dessa divisa (=redução da 
taxa de câmbio=valorização da moeda nacional13). 
 
Nota: normalmente, quando nos referimos à moeda, utilizamos os 
WHUPRV�³YDORUL]DomR�DSUHFLDomR´�RX�³GHVYDORUL]DomR�GHSUHFLDomR´��4XDQGR�
QRV� UHIHULPRV� j� WD[D� GH� FkPELR�� XWLOL]DPRV� RV� WHUPRV� ³DXPHQWR´� RX�
³UHGXomR´��1R�HQWDQWR��HPERUD�QmR�VHMD�FRPXP��DLQGD�SRGHP�Dparecer 
os seguintes termos: desvalorização/valorização da taxa de câmbio. Neste 
caso, entenda que estamos falando em desvalorização/valorização da 
moeda. Assim: 
 
Aumento da taxa de câmbio = desvalorização da moeda nacional = 
desvalorização da taxa de câmbio 
 
Redução da taxa de câmbio = valorização da moeda nacional = 
valorização da taxa de câmbio 
 
...... 
 
Bem, já entendemos que o que determina a taxa de câmbio (preço 
da moeda estrangeira ou divisa) é a demanda e a oferta de divisas. Agora 
vamos ver os determinantes da demanda e da oferta de divisas. 
 
 
2.2. Oferta de divisas 
 
A oferta de divisas depende basicamente: 
 
9 Do volume de exportações, uma vez que as moedas estrangeiras 
recebidas pelas vendas externas têm que ser trocadas por moeda 
nacional; e 
 
 
12 Se a taxa de câmbio aumenta (por exemplo, vai de US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 3,00), 
precisamos de mais R$ para comprar US$ 1,00. Desta feita: aumento da taxa de câmbio = 
desvalorização da moeda nacional = valorização da moeda estrangeira. 
13 Se a taxa de câmbio diminui (por exemplo, vai de US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 1,00), 
precisamos de menos R$ para comprar US$ 1,00. Desta feita: redução da taxa de câmbio = 
valorização da moeda nacional = desvalorização da moeda estrangeira. 
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9 Da entrada de capitais externos14, que também precisam ser 
trocados por moeda nacional. 
 
Nestas operações, haverá entrada de divisas. Quando um 
exportador vende sua mercadoria no mercado internacional, o importador 
estrangeiro dessa mercadoria, ao pagar pelo produto, remete divisas ao 
Brasil, que fica com os dólares. Percebe-se que a venda externa gerou 
oferta de divisas (chegaram dólares ao país exportador). Quando há 
entrada de capitais externos, também temos entrada de divisas, 
aumentando a oferta das mesmas. Vejamos agora o que determina o 
nível das exportações e da entrada de capitais externos: 
 
As exportações serão função da renda do resto do mundo e do nível 
de preços internos e externos: 
 
a) Quanto maior a renda do resto do mundo, maior tende a 
ser o nível das exportações e da oferta de divisas. Assim, 
caso o resto do mundo esteja com a economia aquecida (com 
crescimento econômico), a tendência é que o nível das 
exportações aumente, aumentando, portanto, a oferta de divisas 
(provocando desvalorização da moeda estrangeira15, valorização 
da moeda nacional, redução da taxa de câmbio). 
 
b) Quando os preços externos são maiores que os preços internos 
(PEXT > PINT), as empresas nacionais preferirão vender seus 
produtos no mercado externo, onde auferirão maiores lucros. 
Assim, quando PEXT > PINT, então, o nível de exportações 
tende a ser maior, aumentando, por conseguinte, a oferta 
de divisas. 
 
A entrada de capitais externos será função do comparativo entre as 
taxas de juros internas e externas: 
 
a) Quando as taxas de juros internas são maiores que as taxas 
externas (JINT > JEXT), os investidores internacionais preferirão 
colocar seu dinheiro no mercado interno, onde auferirão maiores 
lucros. Assim, quando JINT > JEXT, então, haverá entrada de 
capitais externos, aumentando, por conseguinte, a oferta 
de divisas. 
 
 
 
14 Quando um capital externo entra no país, ele deve ser trocado por moeda nacional, a fim de que 
seja possível ao agente externo realizar transações (comprar títulos, aplicar no mercado financeiro, 
realizar investimentos, etc). 
 
15 Lembre que o aumento da oferta de um bem provoca redução no valor deste bem. Pense na divisa 
(moeda estrangeira) como um bem qualquer. 
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 2.3. A demanda de divisas 
 
 A demanda de divisas, por sua vez, depende: 
 
9 Do volume de importações, uma vez que os importadores 
nacionais necessitam de moeda estrangeira para pagar suas 
compras realizadas em outros países; e 
 
9 Da saída de capitais externos, sob a forma de amortizações de 
empréstimos, pagamento de juros da dívida externa, fuga de 
investidores estrangeiros, investidores nacionais querendo investir 
em outros países, etc. 
 
Nestas operações, haverá saída de divisas. Quando um importadorcompra uma mercadoria no mercado internacional, ele, obrigatoriamente, 
necessitará de divisas para pagar pelo produto. Percebe-se, então, que 
essa operação aumenta a demanda de divisas. Também, quando há saída 
de capitais externos, temos aumento da demanda de divisas, uma vez 
que os investidores necessitarão trocar seus investimentos por moeda 
estrangeira e sair com o dinheiro do Brasil (afinal, eles querem sair do 
Brasil com US$ na mão, e não com R$; de tal forma que a saída de 
capitais externas aumenta a demanda por US$). Vejamos agora o que 
determina o nível das importações e da saída de capitais externos: 
 
As importações serão função da renda interna e do nível de preços 
internos e externos: 
 
a) Quanto maior a renda interna (ou PIB), maior tende a ser 
o nível das importações e da demanda de divisas16. Assim, 
caso o país esteja com a economia aquecida (com crescimento 
econômico), a tendência é que o nível das importações aumente, 
aumentando, portanto, a demanda de divisas (provocando 
valorização da moeda estrangeira17, desvalorização da moeda 
nacional, aumento da taxa de câmbio). Por isso, podemos dizer 
que o crescimento econômico de um país tende a deteriorar o 
saldo da balança comercial (pois há aumento das importações). 
Medidas que provoquem recessão na economia (redução da 
renda interna) melhoram o saldo da balança comercial. 
 
b) Quando os preços internos são maiores que os preços externos 
(PINT > PEXT), os consumidores nacionais preferirão comprar seus 
produtos do mercado externo. Em outras palavras, preferirão 
 
16 Muito cuidado, pois a afirmação é a seguinte: quanto maior o PIB (ou renda), maior será o 
nível de importações. Entretanto, o raciocínio inverso não é verdade. Ou seja, o maior nível 
de importações não implica maior PIB ou renda. 
 
17 Lembre que o aumento da demanda de um bem provoca aumento no valor deste bem. 
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importar os produtos, tendo em vista os preços menores no 
exterior. Assim, quando PINT>PEXT, então, o nível de 
importações tende a ser maior, aumentando, por 
conseguinte, a demanda de divisas. 
 
A saída de capitais externos será função do comparativo entre as 
taxas de juros internas e externas: 
 
a) Quando as taxas de juros externas são maiores que as taxas 
internas (JEXT>JINT), os investidores internacionais preferirão 
manter seu dinheiro no mercado externo e, ao mesmo tempo, os 
investidores que estão no Brasil preferirão colocar seu capital no 
exterior, onde auferirão maiores lucros. Para realizar 
investimentos no exterior, esses investidores precisam trocar 
seus R$ por divisas. Assim, quando JEXT>JINT, então, haverá 
saída de capitais externos, aumentando, por conseguinte, 
a demanda de divisas. 
 
 
2.4. REGIMES CAMBIAIS 
 
2.4.1. Regime de câmbio fixo 
 
 No regime de câmbio fixo, a taxa cambial é determinada pelo 
BACEN. Ou seja, o BACEN se compromete a comprar e a vender divisas a 
um SUHoR�IL[DGR�SRU�HOH��9HMD�TXH�D�WD[D�QmR�p�IL[DGD�SRU�XPD�³FDQHWDGD´�
do BACEN, isso não existe! Na verdade, o BACEN atuará no mercado 
comprando e vendendo moeda estrangeira (alterando a oferta e a 
demanda), de forma que o preço da divisa (taxa de câmbio) seja aquele 
que ele determinou. 
 
Veja que, neste caso, onde a taxa é fixa, o BACEN representa uma 
importante força demandante ou ofertante de divisas, além daquelas que 
vimos nos itens 2.2 e 2.3. 
 
 Vale destacar que taxa fixa não é sinônimo de taxa permanente. 
Um país pode adotar regime fixo e alterar a taxa diariamente, semelhante 
ao que ocorreu com o Brasil na véspera do Plano Real (a taxa do cruzeiro 
real era fixa, porém a moeda era desvalorizada constantemente ± quase 
diariamente ± pelo BACEN). 
 
 A vantagem desse sistema é facilitar a tomada de decisões dos 
agentes financeiros. Devemos notar, entretanto, que, nesse regime 
cambial, o BACEN deve possuir moeda estrangeira em volume suficiente 
para fazer face a uma situação de excesso de demanda pela moeda 
estrangeira à taxa estabelecida ± quando houver déficit no BP. Deve 
também estar preparado para adquirir qualquer excesso de moeda 
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estrangeira ± superávit no BP -, aceitando, assim, a perda de graus de 
liberdade na condução da política monetária. 
 
 Quando a taxa é fixa, quando o BACEN desvaloriza a moeda 
nacional (aumentar a taxa de câmbio), há significativa contribuição para o 
ajuste do BP. Ao desvalorizar a moeda nacional, há estímulo para as 
empresas venderem os produtos no exterior e há desestímulo para os 
consumidores domésticos comparem os produtos do exterior. Assim, ao 
desvalorizar a moeda nacional, a autoridade monetária incentiva as 
exportações e desincentiva as importações18, melhorando o saldo da BC 
e, por conseguinte, do BP. 
 
 Quando há inflação interna maior que a externa, nós teremos 
incentivo às importações e desincentivo às exportações, uma vez que os 
preços internos são maiores que os preços externos. Logo, os 
consumidores preferirão comprar os produtores estrangeiros, que estão 
mais baratos, e os produtores também não quererão exportar, pois os 
produtos estão mais baratos no mercado externo. Para evitar crises 
cambiais, o BACEN deve desvalorizar periodicamente a moeda nacional, 
pois, como nós vimos, essa desvalorização contribui para o ajuste do BP. 
 
 Um exemplo desta situação ocorreu no Brasil às vésperas da 
implantação do Plano Real. O Brasil possuía inflação interna (muito) maior 
que a inflação externa, assim, o BACEN desvalorizava (quase) 
diariamente a moeda nacional (aumentava a taxa de câmbio) para evitar 
uma crise cambial. 
 
 Ademais, ao adotar taxas fixas, o BACEN precisa manter a taxa de 
câmbio no nível que ele quer por intermédio da compra e venda de 
divisas no mercado cambial. Neste caso, para prosseguir com esse tipo de 
regime cambial, a autoridade monetária abdica do controle da oferta 
monetária como instrumento de política econômica19. 
 
18 Imagine que um bem custe US$ 1,00. Se a taxa de câmbio for US$ 1,00 = R$ 1,00, ao comprar este 
produto de uma empresa estrangeira, o brasileiro desembolsará R$ 1,00. Se o produtor brasileiro 
vender este mesmo produto no exterior, auferirá com a venda R$ 1,00. Entretanto, se a moeda for 
desvalorizada com a taxa de câmbio passando, por exemplo, para US$ 1,00 = R$ 2,00, a compra do 
mesmo bem implicará para o consumidor um aumento de 100% no preço (o consumidor brasileiro 
pagava R$ 1,00; agora paga R$ 2,00). Ao mesmo tempo, o produtor receberá pelo mesmo bem o 
dobro (o produtor recebia R$ 1,00, agora receberá R$ 2,00). Ou seja, a desvalorização inibiu as 
importações e incentivou as exportações, melhorando o saldo da BC e, por conseguinte, do BP. 
19 Quando o BACEN compra e vende moeda estrangeira no mercado cambial, ele também altera a 
quantidade de moeda (M1) na economia. Ao comprar moeda estrangeira, ele faz política monetária 
expansiva, pois recebe moeda estrangeira e entrega R$ à economia, aumentando a quantidade de 
moeda (M1). Ao vender moeda estrangeira, ocorrerá o contrário: o BACEN entrega US$ à economia 
e recebe R$, reduzindo a quantidade de moeda na economia (política monetária restritiva). Adotado 
o câmbio fixo, o BACEN está a todo o momento comprando e vendendo moeda estrangeira; logo, a 
quantidadede M1 também estará variando. Desta forma, ele perde o controle da oferta monetária, 
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A oferta monetária (quantidade de dinheiro circulando na economia) 
é um importante instrumento de política econômica, por meio do qual o 
BACEN pode estimular/desestimular o emprego, aumentar/reduzir as 
taxas de juros, etc. Em regimes cambiais fixos, o BACEN perde esse 
instrumento de política econômica, pois terá que se preocupar em manter 
a taxa de câmbio fixa. 
 
Assim, podemos apresentar, resumidamente, uma vantagem e duas 
desvantagens dos regimes cambiais fixos: 
 
o Vantagem: segurança aos agentes econômicos; 
 
o Desvantagem: necessidade de desvalorizações constantes quando a 
inflação interna é maior que a externa (isto praticamente anula a 
vantagem da segurança que proporciona aos agentes); 
 
o Desvantagem: perda do controle da oferta monetária como 
instrumento de política econômica. 
 
 Por fim, em regimes fixos, a nomenclatura utilizada para mudanças 
no valor da moeda é valorização e desvalorização. 
 
 
2.4.2. Regime de taxas flutuantes (ou flexíveis) 
 
 A taxa de câmbio é determinada livremente no mercado de divisas, 
mediante a oferta e a demanda por divisas, sem nenhuma intervenção do 
BACEN. Assim, o preço da divisa será determinado exatamente onde a 
oferta de divisas iguala a demanda de divisas (como se fosse um bem 
qualquer, onde o equilíbrio é atingido quando a oferta iguala a demanda). 
 
 A vantagem deste sistema é que, como a taxa flutua até o ponto 
onde a demanda de divisas é igual à oferta de divisas, o BP estará sempre 
em equilíbrio, uma vez que o saldo do BP é a diferença entre a entrada de 
divisas20 e a saída de divisas21. Se no regime flutuante, a demanda por 
divisas iguala a oferta de divisas (entrada=saída ou demanda=oferta), 
 
uma vez que esta estará variando toda vez que o BACEN atua no mercado de câmbio a fim de 
manter a cotação desejada. Se isto ficou um pouco confuso, aguarde, pois maiores detalhes serão 
vistos na aula sobre política monetária. 
20 A entrada de divisas (por exemplo, operação de exportação) representa as situações onde entram 
moeda estrangeira no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, essa entrada de divisas representa a 
oferta. 
21 A saída de divisas (por exemplo, operação de importação) representa as situações onde saem 
moeda estrangeira do mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, essa entrada de divisas representa a 
demanda. 
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automaticamente, o saldo do BP será sempre ZERO, ou seja, estará 
sempre equilibrado, não exigindo qualquer ação do governo para tal. 
 
 A desvantagem é a incerteza que provoca em relação ao futuro. A 
taxa de câmbio pode ficar sujeito ao movimento de capitais especulativos 
ou demais ações de agentes privados. Assim, os agentes podem se sentir 
inseguros e isso pode desestimular a produção e os investimentos. 
Havendo flutuação excessiva da taxa de câmbio, as transações 
internacionais podem ser dificultadas. 
 
 Podemos, então, apresentar uma vantagem e uma desvantagem da 
adoção de regime flutuante: 
 
o Vantagem: equilíbrio automático do BP; 
 
o Desvantagem: instabilidade da taxa de câmbio pode desincentivar 
algumas transações econômicas. 
 
 Por fim, em regimes flutuantes, a nomenclatura utilizada para 
mudanças no valor da moeda é apreciação e depreciação. 
 
 
2.4.3. Flutuação suja (dirty floating) 
 
 Esse sistema difere do flutuante por estar sujeito a intervenções 
pontuais do BACEN, com o objetivo de diminuir a volatilidade associada 
ao sistema de câmbio flutuante. Se o mercado estiver estável, ele 
funciona como flutuante; já se estiver muito oscilante ou o patamar da 
taxa de câmbio estiver atrapalhando o desempenho econômico, o BACEN 
intervém ou para estabilizar ou para direcionar a taxa para o patamar 
desejável. Em alguns textos, é também chamada de managed floating ± 
flutuação administrada. 
 
 
2.4.4. Sistema de bandas 
 
 Tem a seguinte lógica: definem-se valores limites que a taxa de 
câmbio pode assumir; dentro desses limites, o sistema funciona como se 
fosse flutuante, e nos limites, como câmbio fixo, evitando rompê-los. 
Assim, no sistema de bandas, define-se uma taxa central e um intervalo 
de variação, por exemplo, mais ou menos x%. Quando existe uma 
pressão pela desvalorização da moeda nacional, levando o sistema ao 
limite superior, o BACEN intervém, vendendo moeda estrangeira e 
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comprando moeda nacional22. No caso oposto, quando ameaça romper o 
limite inferior, o BACEN age em sentido oposto. 
 
 
2.5. Relação entre taxas de juros e câmbio 
 
 Considerando um regime flutuante de câmbio, um aumento da taxa 
de juros provocará entrada de capital externo (entrada de divisas). A 
maior oferta de divisas provocará redução do valor da moeda estrangeira, 
o que significa que a moeda nacional será apreciada (depreciação da 
moeda estrangeira = apreciação da moeda nacional). Isto, por sua vez, 
prejudicará o saldo da BC (para ver o porquê, leia nota de rodapé 22). 
 
Por outro lado, o aumento dos juros internos provocará aumento no 
saldo da conta financeira do BP, uma vez que provocará entrada de 
capital externo na forma de investimentos e capitais especulativos. O 
resultado final sobre o BP, no curto prazo, é melhorar o saldo do BP (pela 
entrada de capitais que ocorre mais rapidamente que a piora do saldo da 
BC). Mas, em longo prazo, a tendência é haver uma piora do saldo do BP, 
tendo em vista os juros do capital externo, que deverão ser pagos no 
futuro, e a piora do saldo da BC. 
 
A redução nas taxas de juros internas provocará fuga de capital 
externo (saída de divisas = demanda de divisas). Isso provocará 
apreciação da moeda estrangeira e depreciação da moeda nacional, 
melhorando o saldo da BC. Ao mesmo tempo, a fuga de capitais 
provocará redação no saldo da conta financeira do BP. Aqui, o resultado 
final, a curto prazo, será a piora no saldo do BP e, a longo prazo, a 
melhora do saldo (a saída de capitais ocorre mais rapidamente que a 
melhora no saldo da BC). 
 
 
2.6. Relação entre inflação e câmbio 
 
É amplamente aceito pela melhor doutrina (e pelas bancas de 
concurso) que desvalorizações/depreciações da moeda nacional 
(=aumento da taxa de câmbio) tendem a aumentar a inflação. Quando a 
moeda nacional é desvalorizada, os produtos importados ficam mais 
caros. Como tais produtos, em inúmeros casos, são insumos de 
fabricação (o petróleo é um exemplo) de vários produtos nacionais, 
então, podemos dizer que a desvalorização cambial, ao provocar o 
aumento de preços dos produtos importados, tende a aumentar também 
os preços internos, provocando inflação. 
 
 
22 Ao vender moeda estrangeira, o BACEN está depreciando a moeda estrangeira e apreciando a 
moeda nacional (reduzindo a taxa de câmbio), de forma que a cotação da taxa de câmbio não 
continue a subir, rompendoo limite superior. 
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Por outro lado, quando há valorização/apreciação da moeda 
nacional, haverá desincentivo à inflação, uma vez que os produtos 
importados tendem a ficar mais baratos. Além do fato de vários desses 
produtos serem insumos, há também a questão da âncora cambial. 
Deixe-nos explicar o que é isso. Quando a moeda nacional é valorizada e, 
portanto, podemos comprar os produtos importados a preços baixos, isso, 
naturalmente, cria uma competitividade com o setor produtivo nacional. 
Afinal, as empresas nacionais não poderão aumentar muito os preços dos 
produtos nacionais, caso contrário a população somente comprará os 
importados, que estarão mais baratos devido à taxa de câmbio. Assim, os 
produtos importados baratos (devido à moeda nacional estar valorizada) 
LPS}HP� XPD� ³WUDYD´� RX� VHUYHP� FRPR� XPD� ³kQFRUD´ ao aumento de 
preços dos produtos internos. Isso (moeda nacional valorizada) 
certamente contribui para o controle da inflação. 
 
 O expediente da âncora cambial foi importantíssimo para garantir o 
controle da inflação após a implantação do Plano Real. Vocês lembram 
que, nos primeiros anos do R$, com menos de R$ 1,00, podíamos 
comprar US$ 1,00. Ou seja, a moeda nacional estava super valorizada e 
LVVR� ³WUDYDYD´� RV� SUHoRV� LQWHUQRV�� DX[LOLDQGR� QR� FRQWUROH� GD� LQIODomR�� $�
contrapartida maléfica eram os constantes saldos negativos na BC, uma 
vez que as importações superavam as exportações. Mas isso já é outra 
história (é tópico de Economia Brasileira). Para este tópico, é importante 
apenas que você saiba que desvalorização cambial provoca inflação, ok?! 
 
 
2.7. AJUSTES DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
 Inicialmente, nossa ideia era abordar este tópico no próprio item 1, 
onde vimos o BP. No entanto, tendo em vista necessitarmos de alguns 
entendimentos sobre câmbio para entendermos os ajustes no BP, 
decidimos falar sobre eles só ao final da aula. 
 
Salvo no regime de taxas cambiais totalmente flutuantes, o BP só 
se equilibra por coincidência. O país poderá incorrer em superávits 
(entraram mais divisas do que saíram) ou em déficits (saíram mais 
divisas do que entraram). Nada impede que o país registre superávits. 
Neste caso, estará aumentando as reservas internacionais. Os déficits, 
entretanto, só podem continuar a existir enquanto houver reservas ou 
outros capitais compensatórios (empréstimos, ouro, DES, etc) que os 
financiem. Assim, déficits permanentes têm que ser corrigidos. Seguem 
algumas medidas para isso: 
 
a) Desvalorizações cambiais; 
b) Redução do nível de atividade econômica; 
c) Restrições tarifárias ou quotas às importações; 
d) Subsídios às exportações; 
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e) Aumento da taxa interna de juros; 
f) Controle da saída de capitais e de rendimentos para o exterior. 
 
A desvalorização cambial desincentiva as importações (os produtos 
importados ficam mais caros) e incentiva as exportações (os exportadores 
recebem, em moeda nacional, um montante maior pelas vendas). 
 
A redução do nível de atividade econômica contribui para a redução 
do déficit em TC (e também do BP conseqüentemente) porque, com 
menor renda interna, haverá menor nível de importações (lembre que nós 
vimos que o nível de importações é dependente da renda interna; existe 
uma relação direta entre importações e renda interna). Ao mesmo tempo, 
o desaquecimento do mercado interno incentivará as empresas nacionais 
a buscarem novos mercados no exterior, o que aumentará o nível de 
exportações e renda recebida do exterior na forma de lucros. Esta medida 
de ajuste do BP deve ser utilizada em último caso, já que representa uma 
antieconomia (afinal, o objetivo da política econômica é gerar 
prosperidade, e não provocar recessões ou redução da renda interna). 
 
As restrições tarifárias ou quantitativas às importações e os 
subsídios às exportações têm o objetivo de melhorar o saldo da balança 
comercial, restringindo ao máximo o nível de importações e incentivando 
as exportações. Estes instrumentos são considerados inferiores 
tecnicamente às desvalorizações cambiais, pois distorcem a alocação de 
recursos, restringem o comércio internacional e desestimulam o ingresso 
de capitais externos no país. 
 
Os dois últimos expedientes (letras e e f) procuram melhorar o 
balanço de pagamentos, ou atraindo, ou evitando a fuga de capitais 
autônomos. O aumento da taxa de juros interna atrai o capital dos 
investidores estrangeiros, que vêm em busca de maior rentabilidade. Este 
recurso tem o efeito negativo de aumentar o endividamento no longo 
prazo (estes juros prometidos deverão ser pagos no futuro). O controle 
da saída de capitais, embora possa ser utilizado em um curtíssimo prazo, 
prejudica o ingresso de capitais externos no futuro (em longo prazo), já 
que ninguém gosta de investir num país onde seus recursos possam ficar 
bloqueados. 
 
................ 
 
Apresentamos agora o que nós consideramos como a parte mais 
difícil da aula. São temas bem técnicos. A probabilidade de cair isso na 
prova é baixa, mas pode acontecer. 
 
 
Adendo 1: A condição Marshall-Lerner 
 
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Geralmente, quando se fala que a desvalorização cambial melhora o 
saldo do BP, estamos supondo que vale a condição de Marshall-Lerner, 
que resume algumas proposições desenvolvidas pelos economistas Alfred 
Marshall e Abba Lerner. 
 
Estas proposições visam prever o comportamento das exportações 
e importações caso o país seja grande no comércio internacional. Quando 
um país é pequeno (isto é, o volume de exportações e importações 
represente uma pequena parcela do comércio mundial), a desvalorização 
da moeda conduz inevitavelmente a uma melhoria no saldo da balança 
comercial e, por conseguinte, no saldo do balanço de pagamentos. 
 
No entanto, quando o país é grande, isto nem sempre será verdade. 
A desvalorização da moeda barateia as exportações de um país e, no caso 
GH�XP�SDtV�VHU�XP�JUDQGH�³SOD\HU´�QR�PHUFDGR�LQWHUQDFLRQDO��D�UHGXomR�
do preço de suas mercadorias pode ser inferior ao aumento do volume 
das exportações. Neste caso, o valor recebido com as exportações será 
diminuído por ocasião de uma desvalorização cambial. 
 
Se o país for grande no comércio internacional, a desvalorização 
cambial só melhorará o saldo da balança comercial se forem atendidas 
algumas condições. Estas condições, em conjunto, são chamadas de 
³FRQGLomR� GH� 0DUVKall-/HUQHU´� Não é nosso objetivo aqui discutir quais 
seriam estas condições, pois isto não vai cair na prova. 
 
Assim, em questões de prova, se for falado em condição Marshall-
Lerner, tudo o que você precisa saber é o que você já sabe (rs!): uma 
desvalorização cambial vai melhorar o saldo da balança comercial 
(independente se o país for pequeno ou grande). 
 
 
Adendo 2: o financiamento do resto do mundo 
 
Na aula passada, nós vimos que a poupança externa é um dos itens 
que forma a poupança (S=SP+SG+SEXT) e que poupança é igual a 
investimento (I=S), no sentido de que são os recursos da poupança que 
financiam e viabilizam os investimentos. Vimos também que a poupança 
externa é o mesmo que déficit

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