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Aula 03 Direito Empresarial p/ SEFAZ/PE Professor: Gabriel Rabelo Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 91 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 2 SOCIEDADES POR AÇÕES ................................................................................................... 3 SOCIEDADES ANÔNIMAS .................................................................................................... 3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ........................................................................................... 3 SOCIEDADE DE CAPITAL .................................................................................................... 3 OBJETO E FORMAÇÃO POR ESTATUTO SOCIAL ....................................................................... 3 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS .................................................................................. 4 TIPOS DE SOCIEDADES ANÔNIMAS ....................................................................................... 4 MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS .................................................................................. 5 NOME EMPRESARIAL ........................................................................................................ 6 CONSTITUIÇÃO DE UMA SA ................................................................................................ 6 CAPITAL SOCIAL DA SA ..................................................................................................... 9 AÇÕES ......................................................................................................................... 11 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES ............................................................................................. 14 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESPÉCIE .................................................................................. 14 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À CLASSE ................................................................................... 15 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA ................................................................................... 16 DIREITOS ESSENCIAIS DOS ACIONISTAS .............................................................................. 17 DIREITO DE VOTO ........................................................................................................... 18 ACIONISTA CONTROLADOR .............................................................................................. 19 ACORDO DE ACIONISTAS OU CONTRATO PARASSOCIAL ......................................................... 20 VALORES MOBILIÁRIOS ................................................................................................... 21 ADMINISTRADORES DA SOCIEDADE ANÔNIMA ..................................................................... 23 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA .................................................................................... 25 ASSEMBLÉIA GERAL ....................................................................................................... 26 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ....................................................................................... 29 DIRETORIA .................................................................................................................... 31 CONSELHO FISCAL ......................................................................................................... 32 OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS ................................................................................................ 34 TRANSFORMAÇÃO .......................................................................................................... 34 FUSÃO ......................................................................................................................... 35 CISÃO .......................................................................................................................... 36 INCORPORAÇÃO ............................................................................................................. 36 COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES ............................................................................................ 36 GRUPOS SOCIETÁRIOS ..................................................................................................... 38 CONSÓRCIOS ................................................................................................................. 38 SOCIEDADE SUBSIDIÁRIA INTEGRAL .................................................................................. 38 SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO .............................................................................. 39 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES ............................................................................ 39 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES ..................................................... 40 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES DE ACORDO COM O CÓDIGO CIVIL ...... 40 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DE ACORDO COM A LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES ..... 44 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA .............................................. 47 TEORIA MAIOR E TEORIA MENOR ...................................................................................... 49 IMPUTAÇÃO DA TEORIA A SÓCIOS QUOTISTAS ..................................................................... 49 AULA 03: 7. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS. 8. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 9. SOCIEDADES CONTRATUAIS. TIPOS SOCIAIS. SOCIEDADES ANÔNIMAS: CLASSIFICAÇÃO, CONSTITUIÇÃO, INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL, ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS E ADMINISTRAÇÃO, CONTROLE, RESULTADOS SOCIAIS, EXTINÇÃO E MODIFICAÇÃO. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 91 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO X IMPUTAÇÃO PELA RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES 50 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA .......................................................................... 50 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO INVERSA ........................................................................... 51 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONIFICAÇÃO DA SOCIEDADE .................................. 52 APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO SEGUNDO FÁBIO ULHOA COELHO ..................................... 52 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................ 53 QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA .............................................................................. 82 GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ......................................................... 91 APRESENTAÇÃO Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui, no Estratégia Concursos, para ministrar para vocês mais uma aula da disciplina de Direito Empresarial para o concurso de Auditor Fiscal do Tesouro Estadual, integrante do quadro de pessoal da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco. Hoje, continuaremos a falar sobre os tópicos seguintes: CRONOGRAMA Aula 03 ± Disponível. 7. Classificação das sociedades empresárias. 8. Desconsideração da personalidade jurídica. 9. Sociedades contratuais. Tipos sociais. Sociedades anônimas: classificação, constituição, integralização do capital social, órgãos societários e administração, controle, resultados sociais, extinção e modificação. Um balanço do curso até aqui: Aula Página Questões 0 84 261 84 25 2 78 31 Total 246 82 Meu e-mail, para dúvidas: gabrielrabelo@estrategiaconcursos.com.br. Tá ok?! É isso! Vamos começar a nossa batalha?! Forte abraço! GABRIEL RABELO 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 91 SOCIEDADES POR AÇÕES As sociedades por ações se subdividem basicamente em sociedades anônimas e sociedade em comandita por ações. A sociedade anônima se sujeita à Lei 6.404/76, e, em suas omissões, reger-se- á pelo Código Civil de 2002. As sociedades em comanditas por ações, por seu turno, regem-se pelo disposto nos artigos 1.090 a 1.092 do Código e, em caso de omissão, pela Lei das sociedades por ações. Lembre-se, ainda, de que, de acordo com o Código Civil: Art. 2º. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Trataremos inicialmente das sociedades anônimas. Para efeitos didáticos, chamaremos a Lei das Sociedades por Ações simplesmente de LSA. SOCIEDADES ANÔNIMAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE DE CAPITAL O primeiro aspecto ressaltado pelo nosso ilustre doutrinador Fábio Ulhoa Coelho é que a sociedade anônima é uma sociedade de capital. Isto é, os seus títulos de participação societária (ações) são livremente negociáveis. Assim, não se pode impedir o ingresso de acionista no quadro societário da SA. OBJETO E FORMAÇÃO POR ESTATUTO SOCIAL A sociedade anônima é formada através de um estatuto social, e não por contrato social, conforme prescreve o artigo 2º, §2º da LSA. Art. 2º. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. Dada a sua feição, as sociedades anônimas são tipos societários que são utilizadas para a exploração de atividades que exijam maior volume de recursos. Segundo a própria lei: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 91 Ademais, a própria lei prevê que o objeto de uma sociedade anônima poderá ser a simples participação em outras sociedades. Art. 2º. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS Nas sociedades anônimas, a responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, enquanto não integralizadas (LSA, art. 1.º). Eis a transcrição do artigo 1º da LSA, indubitavelmente, um dos mais importantes para o certame: Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Completando-se a realização de suas ações, não terá o sócio mais nenhuma responVDELOLGDGH�³H[WUD´�SHODV�GtYLGDV�VRFLDLV��1mR�Ki�TXH�VH�IDODU��SRUWDQWR��QD� responsabilidade solidária dos sócios pela parcela do capital não integralizada, tal como estudada nas sociedades limitadas. Vejamos como, por exemplo, o CESPE abordou este assunto (item incorreto): (CESPE/Analista de Controle Externo/TCE TO/2009) Um grupo de pessoas físicas e jurídicas decidiu constituir uma sociedade anônima, a Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. Acerca dessa situação hipotética e das características das sociedades anônimas, é correto afirmar que a responsabilidade dos acionistas da Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. é solidária e ilimitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. TIPOS DE SOCIEDADES ANÔNIMAS Há, basicamente, duas espécies de sociedades anônimas no ordenamento pátrio: a) Companhia aberta (também chamada de empresa de capital aberto), que capta recursos junto ao público (mercado de valores mobiliários) e é fiscalizada, no Brasil, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários); b) Companhia fechada (também chamada de empresa de capital fechado), que obtém seus recursos dos próprios acionistas. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 91 Portanto, é esta a diferença essencial entre um e outro tipo de sociedade anônima: a negociação de seus valores mobiliários no mercado de valores mobiliários, possível apenas para a companhia aberta. A Lei 6.404 dispõe neste sentido que: Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. Mas o que é valor mobiliário? É um título emitido pelas empresas que confere a seu proprietário (do título) direitos patrimoniais ou creditícios sobre as mesmas. São, principalmente, os seguintes os valores mobiliários emitidos pelas sociedades anônimas: ações, partes beneficiárias, debêntures, bônus de subscrição e nota promissória. Vejam que a classificação se dá com a mera admissão para serem negociados no mercado de valores mobiliários. A negociação efetiva, neste caso, é irrelevante. Atenção: não se pode confundir a expressão Mercado de valores mobiliários com a Bolsa de valores. MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS Dissemos que uma companhia é aberta ou fechada conforme emita títulos no mercado de valores mobiliários. Para negociar esses títulos no mercado de valores mobiliários, existe um órgão competente para proceder à respectiva autorização, qual seja, a Comissão de Valores Mobiliários (autarquia federal). A CVM fiscaliza e supervisiona o mercado de capitais. Segundo a LSA: Art. 4º. § 1o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. Esse mercado de valores é dividido basicamente em: 1. Bolsa de valores: segundo Fábio Ulhoa, é uma entidade privada, resultante ou da formação de uma sociedade anônima ± tal como a BM&FBovespa) ou da associação de sociedades corretoras, que exerce um serviço público, com monopólio territorial. A bolsa só opera com o mercado secundário, isto é, para a venda e aquisição de valores mobiliários já existentes. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 91 2. Mercado de balcão: É toda a operação relativa a valores mobiliários que não seja realizada na bolsa de valores. Opera tanto no mercado secundário como no primário. Ou seja, podemos nele ter a compra e venda de títulos já emitidos anteriormente, como a subscrição de valores mobiliários. NOME EMPRESARIAL Segundo a LSA: Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido parao êxito da empresa, poderá figurar na denominação. Vejam que é utilizado um denominação, seguido das expressões sociedade anônima (ou S.A.) ou companhia (somente no começo). Então, exemplificando, o nome da sociedade anônima é assim constituído: - Petróleo Brasileiro S.A. - Banco do Brasil S.A. - Companhia Vale do Rio Doce. - Companhia Siderúrgica de Tubarão. CONSTITUIÇÃO DE UMA SA Segundo Fábio Ulhoa, três são os níveis para constituição de uma S.A., a saber: 1) Requisitos preliminares; 2) Modalidades de constituição; 3) Providências complementares. 1 ± Requisitos preliminares Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 91 Do inciso I extrai-se que o número mínimo de sócios para a formação de uma sociedade anônima é dois (e não sete, como era previsto à legislação anterior). O CESPE abordou este conceito no concurso para Analista de Controle Externo do TCE TO, com a seguinte redação (item incorreto): (CESPE/Analista de Controle Externo/TCE TO/2009) Um grupo de pessoas físicas e jurídicas decidiu constituir uma sociedade anônima, a Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. Acerca dessa situação hipotética e das características das sociedades anônimas, é correto afirmar que a Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. deve ter, no mínimo, sete acionistas. E até mesmo a FGV andou perfilhando desta tese no concurso para Auditor Fiscal do ICMS RJ, em 2010 (item incorreto): (FGV/ICMS RJ/2010) Para a validade da constituição da sociedade anônima, são necessários, no mínimo, sete subscritores iniciais de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto. Todas as ações devem ser subscritas. Das ações subscritas, devemos dar entrada de 10% do valor das que forem subscritas em dinheiro, salvo se lei exigir percentual maior. Esse depósito de entrada deve ser feito em um prazo de 05 dias contado do recebimento da quantia, pelo subscritor. Até adquirir personalidade jurídica, a sociedade ainda não terá a disposição desse dinheiro (a lei utiliza o termo levantar). Se a sociedade não se constituir em 6 meses, o depósito deve ser devolvido aos seus subscritores. Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores. 2 ± Modalidades de constituição As modalidades de constituição podem ser de dois tipos, dependendo ou não do apelo feito ao investidor para a consecução de recursos. São elas: A) Constituição por subscrição pública (ou constituição sucessiva). Há a busca de recursos junto a investidores. Para a subscrição pública há que se fazer prévio registro na CVM. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 91 Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; b) o projeto do estatuto social; c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. Vejam, outrossim, que há necessariamente a intermediação de instituição financeira no processo, para que se coloque as ações no mercado. B) Constituição por subscrição particular (ou subscrição simultânea) A subscrição particular é significativamente mais simplória, posto que não há apelo junto aos investidores para a consecução de capital social. Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembléia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. 3 ± Providências complementares Por fim, a última etapa na constituição de uma sociedade anônima é o que chamamos de providências complementares. A principal providência a ser tomada nesta etapa é o registro junto ao órgão competente, que já sabemos ser a Junta Comercial. Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos. Ainda, de acordo com a LSA: Art. 98. Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os seus administradores providenciarão, nos 30 (trinta) dias subseqüentes, a publicação deles, bem como a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do local de sua sede. E, também, havendo incorporação de bens ao capital social, deve-se providenciar a transferência da titularidade para a companhia, competência atribuída aos primeiros administradores da SA. Os bens imóveis devem ser transferidos no Registro de Imóveis. As marcas, no INPI. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 91 Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento das formalidades complementares à sua constituição (LSA, art. 99). CAPITAL SOCIAL DA SA Capital social é o montante financeiro de propriedade da companhia, relativo à soma das contribuições dos acionistas. Não se confunde com patrimônio social (este abrange outros recursos, como reservas de lucros, reservas de capital, entre outros). A sua principal função (do capital social) é constituir o fundo inicial, com o qual se tornará viável o início da vida econômica da sociedade. Segundo a LSA: Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente (LSA, artigo 167). O capital social somente pode ser alterado se houver obediência aos preceitos da Lei 6.404/76 e do estatuto social. Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Esse artigo é clássico em provas. Vejamos, novamente, uma questão cobrada pelo CESPE, no concurso para Analista de Controle Externo do TCE TO (item correto): (CESPE/Analista de Controle Externo/TCE TO/2009) Um grupo de pessoas físicas e jurídicas decidiu constituir uma sociedade anônima, a Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. Acerca dessa situação hipotética e das característicasdas sociedades anônimas, é correto afirmar que o capital social da Distribuidora Céu Azul Veículos S/A. poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Se a entrega para o capital social for feita em bens, estes bens precisam passar por uma avaliação. De acordo com o artigo 8º da LSA: Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 91 § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. § 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia. § 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o subscritor. Ok? Até aqui tudo certo? Sim! Integralizou em bem? Avaliação por 3 peritos, aprovando o laudo pela assembléia-geral dos subscritores. Cabe lembrar que, tal como nas sociedades limitadas, não é possível a integralização de capital social nas SA´s através da prestação de serviços. Não é possível integralizar capital nas SAs Æ Prestação de serviço. Analisemos, a seguir, uma questão interessante do ICMS RJ sobre o assunto: (FGV/Fiscal de Rendas FGV/2009) Antônio herdou imóvel bem localizado em Vila Isabel e deseja concretizar seu sonho de abrir uma livraria. Para levar o seu projeto adiante, Antônio fez um plano de negócios e constatou a necessidade de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) para iniciar as atividades. Considerando que o valor do seu imóvel é estimado em aproximadamente R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), convida Bernardo para entrar na sociedade uma vez que ele já tem grande expertise no ramo e interesse em investir no setor. Para a integralização do capital social, caso a sociedade seja constituída como sociedade por ações, o imóvel herdado deverá ser avaliado por três peritos ou por empresa especializada e o valor deve ser aprovado em Assembleia Geral. Bernardo poderá integralizar a sua parte em dinheiro e em serviços avaliados de acordo com o seu know-how. A questão está incorreta, posto que Bernardo não poderá integralizar sua parte através de know-how. Trata-se de interpretação a contrario senso do artigo 7º apresentado acima. Ademais, entregando-se um bem à sociedade, se não houver qualquer declaração em sentido contrário, os bens são transferidos a título de propriedade. É o que manda o artigo 9º da LSA: Art. 9º Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de propriedade. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 91 Há, por fim, que se frisar que, transferindo créditos à sociedade, o subscritor é responsável pela existência do crédito e pela solvência do devedor. O capital social é dividido, como já falamos, em ações. Estudemos amiúdes este tipo de valor mobiliário. AÇÕES Uma pessoa se torna acionista de uma sociedade anônima através de duas formas. A primeira é pela subscrição de capital, no momento da criação da sociedade. O segundo é a aquisição de ações no mercado de valores mobiliários. As ações representam uma unidade do capital social da sociedade anônima. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas (LSA, art. 106). Não o fazendo, será o acionista considerado remisso. Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista. Se houver alienação de ações, os alienantes continuam responsáveis pelas prestações que faltarem para adimplir sua obrigação, pelo prazo de dois anos (LSA, art. 108, caput e parágrafo único). Lembre-se, igualmente, de que a responsabilidade dos acionistas está limitada ao valor de emissão das ações. Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Temos, então, de discernir o conceito de valor de emissão de outros valores congêneres. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 91 - Valor nominal: O valor nominal de uma ação é o valor que é mencionado no estatuto social da empresa e que determina o valor de uma ação representativa de seu capital. É importante lembrar que o valor nominal é uma medida puramente contábil e, portanto, nada tem a ver com o valor de mercado de uma ação, ou seja, o preço que os investidores pagam para comprá-la na bolsa de valores. Assim, se uma S.A tem capital social de R$ 10 milhões, dividido em 5 milhões de ações, cada uma terá valor nominal de R$ 2,00. O artigo 11 da LSA dispõe que o estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. Veja que é facultado atribuir-se valor nominal às ações. Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal. Havendo emissão de ações por valor superior ao valor nominal, temos a conhecida reserva de capital por ágio na subscrição de ações, estudada na Contabilidade Geral. É o que propugna o artigo 13, parágrafo segundo da LSA: Art. 13. § 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1º). - Valor patrimonial: É a divisão do patrimônio líquido pelo número de ações que compõem o capital social. Por exemplo, suponha que a Petrobrás S.A. tenha um PL de 1 milhão, dividido em 1 milhão de ações. O valor patrimonial da ação será de R$ 1,00. - Valor de mercado: É o valor pelo qual as ações são avaliadas no mercado. - Valor de emissão: É aquele estabelecido pela S.A., no momento em que a ação é constituída. A ação pode ser emitida pelo seu valor nominal (se houver) ou por um valor maior. Segundo a Lei: Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal. Com efeito, imagine-se que as ações do Banco Bradesco possuam um valornominal de R$ 10,00. Todavia, imagine-se que os investidores estejam dispostos a pagar R$ 15,00 por esse investimento. Ora, a sociedade pode perfeitamente emitir suas ações por este valor, sendo que os R$ 10,00 irão para a subscrição do capital social e o excesso, de R$ 5,00, comporão o chamado ágio na emissão de ações (reserva de capital). Ainda, temos de saber que as ações são indivisíveis em relação à companhia. Art. 28. A ação é indivisível em relação à companhia. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 91 Todavia, em relação aos acionistas ela pode ser divisível. Quando a ação pertencer a mais de uma pessoa, os direitos por ela conferidos serão exercidos pelo representante do condomínio. O CESPE, por exemplo, indagou este conhecimento no concurso para Juiz Federal da 5ª região, com a seguinte assertiva: (CESPE/Juiz Federal Substituto/TRF 5ª/2009) Em relação à sociedade anônima, a ação é sempre divisível. Vimos que o item se encontra incorreto. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 91 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES As ações classificam-se conforme espécie, classe e forma. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESPÉCIE Quanto à espécie, as ações podem ser: a) Ordinárias: São as que conferem os direitos comuns de sócio sem restrições ou privilégios, em que normalmente se divide o capital social. Toda e qualquer sociedade anônima conterá ações desta espécie, já que dela decorrem apenas direitos comuns, ordinários, a seus acionistas. O direito a voto é inerente às ações ordinárias. b) Preferenciais: São aquelas que dão aos seus titulares algum privilégio ou preferência, como, por exemplo, a prioridade da distribuição dos dividendos em montante superior ao que foi atribuído às ordinárias, fixação de dividendos mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso em caso de liquidação, com prêmio ou sem ele, etc. mas podem ser privadas de alguns direitos, tais como o voto. Observe-se, porém, que as ações preferenciais podem ou não ter direito a voto. Entre os benefícios que os preferencialistas podem obter, a LSA arrola: Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. Ressalte-se que a LSA salienta que o número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas (LSA, art. 15, §2º). Em essência, as ações preferenciais podem ser divididas de acordo com o conjunto de direitos e obrigações que conferem a seus titulares. As ações ordinárias não poderiam, em princípio, ser divididas, já que conferem tão-somente direitos comuns aos seus proprietários. Contudo, a LSA prevê que: Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em função de: I - conversibilidade em ações preferenciais; II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 91 III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos. Vejam que esta possibilidade está presente apenas nas companhias fechadas. Para as companhias abertas é proibida a divisão das ações ordinárias em classes. Este é o teor do artigo 15, §1 da LSA. Art. 15. § 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. c) Fruição: Segundo a doutrina de Rubens Requião, as ações de fruição resultam da amortização das ações comuns ou preferenciais. O artigo 44, parágrafo 5º, da Lei das S/A, estabelece que as ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas no estatuto da sociedade ou pela assembléia geral que poderá deliberar sobre a amortização. Segundo a LSA: Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. O CESPE cobrou este conceito no concurso para Juiz Federal Substituto da 5ª região, através do seguinte enunciado (item incorreto): (CESPE/Juiz Federal Substituto/TRF 5ª/2009) As ações de uma sociedade anônima são classificadas, de acordo com a espécie, em extraordinárias, ordinárias, preferenciais e de fruição. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À CLASSE Quanto à classe de ações, faz-se necessário saber o seguinte. As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes (LSA, art. 15, §1º). Vejam, alunos, que as ações ordinárias, em regra, não poderiam ser divididas em classes, posto que a ações ordinárias caracterizam-se, justamente, por fornecer aos acionistas os mesmos direitos e obrigações. Contudo, a lei excepciona a companhia fechada e permite que suas ações ordinárias sejam divididas em classe. Tal fato não vale para as ordinárias das companhias abertas. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 91 Aceita divisão em classes? Sociedade anônima Aberta Fechada Ação ordinária Não Sim Ação preferencial Sim Sim CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA Por fim, quanto à forma de transferência, as ações devem ser nominativas ou escriturais. Nas SAs abertas é vedada qualquer restrição à livre circulação das ações. Nas SAs fechadas as restrições são válidas, contanto que não impeçam a negociação das ações (LSA, art. 36). a) Ação nominativa é aquela representada sob forma de cautela ou certificado, apresentando o nome do acionista ou titular da ação no documento. A transferência de titularidade deste documento é executada com a entrega da cautela e a averbação de termo, em livro próprio da sociedade emitente, identificando novo acionista. Segundo a LSA: Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro de Ações Nominativas" ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição custodiante, na qualidade de proprietária fiduciária das ações. § 1º A transferência das ações nominativas opera-se por termo lavrado no livro de "Transferência de Ações Nominativas", datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou seus legítimos representantes. Por fim, sobre as ações nominativas, cabe dizer que segundo a lei: Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da companhia ou da maioria dos acionistas. Um exemplo clássico dessas limitações estabelecidas é o direito de preferência da compra de ações aos acionistas anteriores. b) Ações escriturais: As ações escriturais, por seu turno,são mantidas em contas de depósito em nome do titular, com a devida autorização do estatuto ou sua determinação. A sua circulação se dá por lançamento no registro da instituição financeira depositária. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 91 Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados. § 2o Somente as instituições financeiras autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter serviços de escrituração de ações e de outros valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 12.810, de 2013). Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária. § 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição. DIREITOS ESSENCIAIS DOS ACIONISTAS Existe na Lei das sociedades por ações um capítulo que denominamos de direitos essenciais dos acionistas. Arrolemo-los: Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 91 DIREITO DE VOTO Pois bem, pergunto: o voto consta entre os direitos essenciais supracitados? Não! Logo, grave-se: o voto não faz parte desses direitos garantidos amplamente aos acionistas. Este é um primeiro ponto que pode ser cobrado em prova. Assim, nem todas as ações dão direito a voto. As ações ordinárias conferem aos titulares o direito a voto. As ações preferenciais podem não conferir direito a voto. Segundo a LSA: Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral. Contudo, pode o estatuto estabelecer limite ao número de votos de cada um dos acionistas. Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109. Indo mais além, a LSA, art. 110, §2º, estabelece que é vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações. Por voto plural, entenda-se atribuir mais de um voto a uma mesma ação. Assim, haveria voto plural se eu, Gabriel Rabelo, acionista ordinário da Petrobrás, com uma única ação ordinária da sociedade, tivesse a possibilidade de votar duas ou mais vezes matéria em pauta. Distinga-se, entretanto, o voto plural do voto múltiplo. O voto múltiplo verifica-se na eleição de membros do denominado Conselho de Administração, que cuida da gestão dos negócios da Sociedade Anônima. Adota-se o voto múltiplo para a eleição dos membros deste conselho um dos seguintes tipos de votação: a) majoritária: onde existem votações separadas para cada cargo do Conselho. Assim, se houver votação para eleição de 3 membros, o titular de uma ação votará três vezes; b) proporcional: é feita uma única eleição para todos os cargos. Fábio Ulhoa Coelho ilustra brilhantemente a situação com um exemplo prático. Vejamos: ³&RQVLGHUH-se que o capital votante de uma SA é distribuído entre dois acionista, Antonio, com 60% e Benedito, com 40%, e que o conselho, composto 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 91 por cinco membros, está sendo totalmente renovado. Se adotada a votação majoritária, Antonio deposita todos os seus votos nas cinco pessoas de sua confiança (na chapa ou nas candidaturas isoladas), e ganha a eleição porque tem mais votos que Benedito. Por outro lado, adotada a votação proporcional, a WHQGrQFLD�VHUi�D�$QWRQLR�HOHJHU�WUrV��H�%HQHGLWR�GRLV�PHPEURV�GR�&RQVHOKR´�� O voto múltiplo está previsto no artigo 141 da Lei das Sociedades por Ações ± LSA, cuja redação se segue: Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários. Assim, no voto múltiplo cada ação com direito a voto corresponde a tantos votos quantos forem os membros a serem eleitos para o conselho de administração. No processo, ainda é facultado ao acionista votante o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários, como bem frisou o excerto final da questão. Entenderam? GRAVEM: Voto plural Æ proibido. Voto múltiplo Æ válido. ACIONISTA CONTROLADOR Segundo a LSA: Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Vejam que a lei em momento algum fala que o controle se materializa pela aquisição de 50% + 1 ação das existentes. Essa questão é recorrente em concursos e deve ser tida como incorreta. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 91 responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender (LSA, art. 116, parágrafo único). E mais. Não podendo agir a seu bel-prazer, o acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder (LSA, art. 117). ACORDO DE ACIONISTAS OU CONTRATO PARASSOCIAL O acordo de acionistas ou contrato parassocial está previsto no artigo 118 da LSA, que prescreve: Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão serobservados pela companhia quando arquivados na sua sede. Assim, vê-se que, com fulcro no texto legal supracitado, o acordo de acionistas pode versar sobre: - Compra e venda de ações; - Preferência para aquisição de ações; - Exercício do direito a voto; - Poder de controle. Assinale-se que o artigo acima impõe que o acordo entre os acionistas, se houver celebrado conforme os ritos legais e arquivado na sede da sociedade, é de observância obrigatória para a sociedade. Perante terceiros, eles também poderão ter caráter obrigatório, desde que haja registro, averbação, no órgão público competente (LSA, art. 118, parágrafo primeiro). Sobre outros assuntos também podem versar os acordos de acionistas desde que não sejam contrários à lei, à ordem pública e aos bons costumes, nem prejudiquem os direitos essenciais dos demais acionistas. O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado (LSA, art. 118, §8º). Vamos ver essa situação, na prática, com um tópico cobrado em certame pela FCC, como se vê a seguir: (FCC/Procurador RR/2006) Alberto, Bartolomeu e César são acionistas da ABC S.A., detendo respectivamente 40%, 40% e 20% das ações, todas ordinárias. Alberto e Bartolomeu celebraram acordo de acionistas, pelo qual se comprometeram a eleger Alberto Diretor-Presidente da companhia, na próxima 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 91 assembléia geral ordinária. O acordo foi arquivado na sede da companhia. Durante a assembléia, Bartolomeu mudou de idéia e resolveu apoiar César para o cargo, contra Alberto. A solução que atende aos imediatos interesses de Alberto, para ser eleito Diretor-Presidente na própria assembléia, é pedir à mesa da assembléia geral que desconsidere o voto de Bartolomeu, por estar em desconformidade com o acordo de acionistas. O item acima está correto. O que ocorreu no exemplo acima foi o denominado acordo para voto em bloco, certamente lícito entre os acionistas. Ocorre que, com o arquivamento (vejam a distinção), este passa a ser vinculante para a companhia. No mesmo sentido, o diretor presidente não poderá computar o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado. Existem outros tipos de acordos de acionistas. Se os acionistas da S.A X, senhores João, José e Jayme celebrarem avença cujo teor proíba a alienação de ações de qualquer desse três a terceiros sem que haja oferta inicialmente aos participantes do acordo, há o acordo de acionista denominado acordo de bloqueio. Também é perfeitamente válido! Para encerrar, os acionistas prejudicados pelo eventual descumprimento do acordo podem também promover a execução judicial específica das obrigações assumidas, nas condições previstas no próprio acordo (art. 118, § 3.º). VALORES MOBILIÁRIOS Os valores mobiliários são títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção de recursos de que necessita. A ação é o principal tipo de valor mobiliário. Além dela, temos essencialmente: - Debêntures; - Partes beneficiárias; - Bônus de subscrição. As partes beneficiárias são emitidas por sociedades anônimas fechadas. São emitidas apenas se autorizadas pela Assembléia Geral. São, também, negociáveis, mas sem valor nominal e estranhas ao capital social. Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias". Conferem um direito de crédito eventual, desde que a sociedade apresente lucro (LSA, art. 46, §1º). 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 91 É vedada a sua emissão pelas cias abertas ± art. 47, par. único da Lei das SA. Art. 46, § 3º É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos administradores. Bônus de subscrição são títulos negociáveis que conferem ao titular o direito de preferência para comprar novas ações da empresa que os emitiu dentro de um prazo estabelecido, por um preço predeterminado. Ou seja, o bônus garante ao seu titular justamente o direito de subscrever ações em detrimento dos acionistas, já que, conforme dissemos anteriormente, os acionistas têm preferência para subscrever novas ações: Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; Os titulares do bônus não são acionistas, pois, como o próprio nome sugere, eles terão preferência na aquisição de novas ações eventualmente subscritas. Somente pagando o preço de emissão posteriormente é que se tornarão acionistas. Caso o titular não efetue a compra da ação no período estipulado, perderá seu direito e não terá restituição do valor pago pelo bônus. O bônus, portanto, é um direito, com prazo de expiração, como uma opção. Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de Subscrição". Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 91 Ainda, de acordo com a LSA: Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou debêntures. Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos termos dos artigos 171 e 172, de preferência para subscrever a emissão de bônus. Debênture é um título de crédito representativo de ³empréstimo´ que uma companhia faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão. Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. São estranhas ao capital social. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso (LSA, art. 56). Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries. Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão igual valor nominal e conferirão a seus titulares os mesmos direitos. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão (LSA, art. 57). A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da assembléia-geral (LSA, art. 59). Contudo, na companhia aberta, o conselho de administração pode deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em contrário(LSA, art. 59, parágrafo primeiro). ADMINISTRADORES DA SOCIEDADE ANÔNIMA São administradores da companhia os diretores e os conselheiros de administração (os últimos, se houver CA). Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 91 Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa. Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter reserva sobre os seus negócios. Os administradores nas sociedades anônimas somente podem ser pessoas físicas. Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado. Falemos agora sobre a responsabilidade destes administradores. Como é de se concluir, o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão (LSA, art. 158). Todavia, os administradores respondem civilmente pelos prejuízos que causarem quando procederem: I ± Dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; II ± Com violação da lei ou estatuto. Também, em regra, o administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática (LSA, art. 158, §1º). Todavia, quando estivermos falando sobre decisões colegiadas, mesmo que determinado administrador tenha votado contra ato ilícito poderá ser responsabilizado. PaUD�TXH�WDO�SUHMXt]R�VHMD�HYLWDGR��GLVS}H�D�/6$�TXH�³([LPH- se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-JHUDO�´� �/6$��DUW������� §1º). Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 91 A própria lei (art. 158, §3º e 4º), contudo, restringe essa responsabilidade às companhias fechadas. Nas cias abertas a responsabilidade solidária ficará restrita aos administradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres, salvo se administrador tiver conhecimento do descumprimento desses deveres por seu antecessor (a lei usa o termo predecessor), ou pelo administrador que tenha a atribuição específica de dar- lhes cumprimento, e deixe de comunicar o fato à Assembléia Geral. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio (LSA, art. 159). Se a Assembléia deliberar não propor a ação, poderá fazê-lo os acionistas que representem 5% do capital social. Contudo, qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral (LSA, art. 159, §3º). ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA Falaremos um poucos sobre os órgãos que integram as SAs. São órgãos da companhia previstos na Lei 6.404/1976: a Assembleia Geral, o Conselho de Administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal. ÓRGÃOS DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS - Assembléia-Geral; - Conselho de Administração; - Diretoria; - Conselho Fiscal. Inicialmente, vale ressaltar que a LSA não trouxe um rol taxativo de órgãos a serem instituídos, conforme se depreende da leitura do art. 160, que transcrevemos: Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou destinados a aconselhar os administradores. Esse assunto já foi explorado pela FGV ± Fiscal de Rendas/RJ com o seguinte aspecto (item incorreto): é vedada a criação de qualquer outro órgão da sociedade ou comitê, ainda que com funções meramente consultivas, diferente dos órgãos previstos em lei, isto é, Conselho de Administração e Diretoria. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 91 ASSEMBLÉIA GERAL A assembléia geral é o órgão máximo de deliberação dentro da sociedade anônima. O CESPE assim perguntou em um concurso pela banca realizado: (CESPE/OAB SP/2009) Entre os órgãos da sociedade anônima, detém o maior poder político a assembleia geral. O item está correto. A assembléia geral é o órgão máximo da SA. Contém caráter deliberativo, exclusivamente. Reúne todos os acionistas, com ou sem direito a voto. A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. Parágrafo único. Nas companhias abertas, o acionista poderá participar e votar a distância em assembleia geral, nos termos da regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A LSA exige a realização de assembléia geral nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, para que nela sejam discutidos alguns assuntos, quais sejam: Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). Esta é a assembléia a que chamamos de assembléia geral ordinária. Cuidado para a prova! Somente estes temas nela poderão ser tratados. Outros assuntos (como cisão, fusão, mudança de objeto da companhia, redução de dividendos, criação de partes beneficiária, e outros previstos no artigo 136) devem ser discutidos em assembléia geral extraordinária, convocada para este fim. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br27 de 91 A Assembleia Geral Extraordinária ocorre nos demais casos em que se faça necessária a deliberação por Assembléia, como os do artigo 122, uma vez que as competências da Assembléia são indelegáveis. Essa história de ficar decorando artigos para a prova é triste, mas temos de dar uma olhada neste rol: Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: I - reformar o estatuto social; II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59; V - suspender o exercício dos direitos do acionista; VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. A Assembléia Geral em regra é convocada pelo Conselho de Administração ou pela diretoria, se não houver CA, conforme preleciona o artigo 123 da LSA. Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto, convocar a assembléia-geral. Contudo, a própria lei estabelece outros legitimados para a convocação da Assembléia-Geral, senão vejamos: Legitimados excepcionais para convocação da assembléia-geral 1) Conselho Fiscal: se os administradores retardarem por mais de um mês a convocação da Assembléia Geral Ordinária, ou, também, nos casos graves e urgentes, a convocação da Assembléia Geral Extraordinária; 2) Qualquer acionista: Se os administradores retardarem, por mais de 60 dias, a convocação da Assembléia Geral nos casos previstos em lei ou no estatuto; 3) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social: quando os administradores não atenderem, em oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 91 4) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto: Se os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de Assembléia para instalação do Conselho Fiscal. Em suma, devemos levar essencialmente o seguinte: a assembléia geral é, em regra, convocada pelo conselho de administração. Se não existir CA, far-se-á a convocação pela diretoria, sem prejuízo de outros legitimados para a convocação em hipóteses especiais previstas no art. 123, parágrafo único da LSA. A convocação far-se-á mediante anúncio publicado por 3 vezes, no mínimo, contendo, além do local, data e hora da assembléia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria (LSA, art. 124). A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser feita: I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembléia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias; II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da primeira convocação será de 15 (quinze) dias e o da segunda convocação de 8 (oito) dias. Salvo motivo de força maior, a assembléia-geral realizar-se-á no edifício onde a companhia tiver a sede; quando houver de efetuar-se em outro, os anúncios indicarão, com clareza, o lugar da reunião, que em nenhum caso poderá realizar-se fora da localidade da sede. E, independentemente de qualquer formalidade, será considerada regular a assembléia-geral a que comparecerem todos os acionistas. Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembléia-geral instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número (LSA, art. 125). Pessoal, dissemos que a assembléia pode ser composto por acionistas com ou sem direito a voto, certo? Certo! Mas por que motivo acionistas sem direito a voto poderiam a assembléia? Pois bem, segunda a LSA: Art. 125. Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembléia-geral e discutir a matéria submetida à deliberação. Outra questão importante é o quórum para deliberação: Em regra, tomam-se as decisões por maioria simples de votos (entenda-se como a maioria do 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 91 capital votante que se fizer presente à Assembléia), deixando de se computar os votos em branco (LSA, art. 129). O acionista pode ser representado na assembléia-geral por procurador constituído há menos de 1 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado; na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento representar os condôminos (LSA, art. 126, §1º). E adivinhem se isso já foi cobrado em prova? É claro que já. A FCC assim o fez: (FCC/OAB SP/2005) A representação do acionista em Assembléia Geral de uma sociedade por ações somente será possível por procurador constituído há menos de 01 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado. O item está claramente incorreto, uma vez que pode ser também instituição financeira. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Segundo a LSA: Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. Falemos, inicialmente, sobre o Conselho de Administração. O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada e cuida da gestão dos negócios da sociedade anônima. O conselho de administração é órgão colegiado de existência facultativa nas sociedades anônimas fechadas, conforme se deflui da interpretação a contrario sensu do artigo 138, §2º, da LSA. Art. 138. § 2º As companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de administração. Portanto, o conselho de administração é obrigatório para companhias abertas, sociedades de economia mista e sociedades de capital autorizado. Por sua vez, é facultativo para companhias fechadas. A FGV cobrou o tema na prova para Fiscal de Rendas do Estado do RJ, em 2009, como se segue: o Conselho de Administração é obrigatório apenas em sociedade por ações de capital aberto, em sociedades de economia mista e de capital autorizado. O item está perfeito! 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 91 O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo (LSA, art. 140). O prazo de gestão não poderá ser superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição. Art. 147. § 3o O conselheiro deve ter reputação ilibada, não podendo ser eleito,salvo dispensa da assembléia-geral, aquele que: I - ocupar cargos em sociedades que possam ser consideradas concorrentes no mercado, em especial, em conselhos consultivos, de administração ou fiscal; e II - tiver interesse conflitante com a sociedade. O estatuto poderá prever a participação no conselho de administração de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem (LSA, art. 140, parágrafo único). Frise-se que esses empregados podem não ser acionistas da sociedade. Segundo a LSA: Art. 146. Poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, devendo os diretores ser residentes no País. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011). Este artigo é importante. Agora, os membros de órgãos da administração devem ser pessoas naturais, não havendo mais a necessidade de que os conselheiros sejam acionistas (modificação com a Lei 12.431/2011). São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos. São ainda inelegíveis para os cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários. Essas disposições são constantes do artigo 147, §1º e §2º da LSA. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado (LSA, art. 152). Art. 142. Compete ao conselho de administração: I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia; 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 91 II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto; III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos; IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132; V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria; VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir; VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição; VIII ± autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver. DIRETORIA A diretoria é de existência obrigatória, tanto nas companhias abertas, como nas fechadas, uma vez que a ela incumbe a verdadeira gestão dos negócios sociais (LSA, art. 138). Um outro cuidado que devemos tomar são com as questões que afirmar ser a diretoria orgão colegiado. Não é, companheiros. A diretoria é órgão de representação da companhia, não se configurando como órgão colegiado de deliberação (ao contrário do conselho de administração, que possui este status). À diretoria incumbe a representação legal da companhia e a execução das deliberações da assembléia geral e conselho de administração (quando existente). Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. § 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores. Sua composição assim se dá: DIRETORIA Membros Æ 2 ou mais, acionistas ou não. Eleição Æ Eleitos pelo conselho de administração ou, se não houver, pela assembléia geral. Duração mandato Æ < 3 anos, permitida reeleição. 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 91 Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos; II - o modo de sua substituição; III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; IV - as atribuições e poderes de cada diretor. No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração (artigo 142, II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular (LSA, art. 144). Entretanto, o estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência dos diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria (LSA, art. 143, §2º). Nos limites de suas atribuições e poderes, é lícito aos diretores constituir mandatários da companhia, devendo ser especificados no instrumento os atos ou operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no caso de mandato judicial, poderá ser por prazo indeterminado (LSA, art. 144, parágrafo único). Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para cargos de diretores (LSA, art. 143, §1º). CONSELHO FISCAL Ao conselho fiscal incumbe a fiscalização dos órgãos de administração, no interesse da companhia e dos acionistas. O. conselho fiscal é de existência obrigatória, seja nas sociedades anônimas fechadas, seja nas sociedades anônimas abertas, porém, seu funcionamento permanente é facultativo Apenas um detalhe: lembrem-se de que dissemos que nas limitadas a existência de conselho fiscal é facultativo. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas (LSA, art. 161). A composição do Conselho Fiscal se dá da seguinte maneira: será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral (LSA, art. 161, §1º). Essa composição foi cobrada em concurso pela FCC, da seguinte forma: 83395105172 Direito Empresarial para Auditor Fiscal da SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 91 (FCC/2005) A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, eleitos dentre aqueles que compõem os órgãos da administração. A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, eleitos pela Assembleia-Geral. Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal pessoas impedidas por lei especial, condenadas por crimes, membros dos órgãos da administração, e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge
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