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Amebas Profª Drª Amanda Aliança • No início do século XX, estimava-se que cerca de 12% da população mundial portavam o parasito em seu trato intestinal, mas destes, somente 10% apresentavam sintomas da doença. Histórico Entamoeba histolytica 1903 Entamoeba dispar 1925 Histórico • 1925 - Brumpt: sugeriu a existência de uma espécie de ameba, Entamoeba dispar, infectando os assintomáticos; • 1977 - a OMS assume a E. dispar como espécie infectando o homem, responsável pela maioria das infecções assintomáticas atribuídas a E. histolytica. Taxonomia • Reino: Protozoa • Filo: Sarcomastigophora • Superclasse: Sardocina • Classe: Lobosea • Ordem: Amoebida • Família: Entamoebidae • Gêneros: Entamoeba, Iodamoeba, Endolimax. Morfologia Entamoebas • Cistos contendo oito núcleos – grupo coli: E. coli (humanos); E. muris (roedores); E gallinarum (aves domésticas); • Cistos com quatro núcleos – grupo histolytica: E. histolytica (humanos); E. dispar (humanos); E. ranarum (sapo e rã); E. invadens (cobras e répteis); E. moshkoviskii (vida livre); • Cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e eventualmente, humanos); E. suis (porco); • Cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e macacos). • 1879 - Grassi: Entamoeba coli; • 1903 - Shaudinn: E. histolytica; • 1912 - Von Prowazek: E. hartmanni; • 1912 - Von Prowazek: Iodamoeba butschlii; • 1917 - Wenyon e O’Connion: Endolimax nana; • 1918 - Jepps e Dobell: Diantamoeba fragilis; • 1919 - Gross: Entamoeba gengivalis; • 1925 - Brumpt: E. dispar. Amebas em humanos Morfologia • Entamoeba histolytica Cisto Metacisto Trofozoíto Pré-cisto Morfologia • Trofozoíto: Mede de 20 até 40µm, mas pode chegar a 60µm nas formas obtidas de lesões tissulares (forma invasiva). Em culturas ou disenterias, medem entre 20 e 30µm; Geralmente, um só núcleo, pleomórfico, ativo, alongado, com emissão contínua e rápida de pseudópodes, grossos e hialinos. Desliza semelhante a uma lesma. Morfologia • Trofozoíto: Citoplasma apresenta-se em ectoplasma, claro e hialino e endoplasma, finamente granuloso, com vacúolos, núcleos e restos de substâncias alimentares; Quando fixado e corado pela hematoxilina férrica, núcleo bem visível, esférico e com cariossoma. Cromatina justaposta internamente, uniforme dando ao núcleo um aspecto de anel. Morfologia • Trofozoíto: Cromatina e cariossoma dando uma configuração de roda de carroça. Ausência de mitocôndrias, aparelho de golgi, retículo endoplasmático, centríolos e microtúbulos; Membrana plasmática com carboidratos (glicose), lipídios e proteínas. Morfologia • Pré-cisto Fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto; É oval ou ligeiramente arredondado, menor que o trofozoíto; Núcleo semelhante ao do trofozoíto, Citoplasma com corpos cromatoides, em forma de bastonetes, com pontas arredondadas. Morfologia • Cistos Esféricos ou ovais, medindo de 8 a 20µm de diâmetro; São corpúsculos hialinos, claros, às vezes de coloração palha, com as paredes refringentes; Núcleos poucos visíveis. Quando corados, os núcleos tornam-se bem visíveis e variam de um a quatro, tomando a cor castanho-escuro; Presença de cromatina e cariossoma no centro do núcleo. Morfologia • Cistos Citoplasma com reservas de glicogênio (vacúolos de glicogênio) Morfologia Morfologia • Metacisto Forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde sofre divisões, dando origem aos trofozoítos. Biologia • Os trofozoítos da E. histolytica vivem na luz do intestino grosso, podendo penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou no fígado, pulmão, rim e, mais raramente, no cérebro; • São anaeróbios, mas são hábeis para consumir oxigênio (5%); • Fazem glicose anaeróbica, produzindo etanol, CO2 e ATP. Biologia • Locomoção por pseudópodes; • Ingestão por fagocitose e pinocitose. • Reprodução por divisão binária dos trofozoítos. Biologia Ciclo Biológico Ciclo Biológico Transmissão Patogenia e Virulência • O início da invasão amebiana é resultante da ruptura ou quebra do equilíbrio parasito-hospedeiro, em favor do parasito; • Fatores ligados ao hospedeiro: localização geográfica, sexo, idade, resposta imune, estado nutricional, dieta, alcoolismo, clima e hábitos sexuais; • Bactérias anaeróbias (Escherichia coli, Salmonela Shigela, Enterobacter e Clostridium) são capazes de potencializar a virulência de cepas de E. histolytica; • Fatores como o colesterol ou reinfecções sucessivas podem aumentar a virulência. Patogenia e Virulência • A evolução da patogenia ocorre através da invasão de tecidos pelos trofozoítos invasivos e virulentos; • Ocorre uma certa adesão entre a ameba e a célula que será lesada que parece está mediada por lectinas presentes na superfície das amebas e pela fagocitose; • Após vencida a barreira epitelial, os movimentos amebóides e a liberação de enzimas proteolíticas (hialuronidases, proteases e mucopolissacaridases) favorecem a progressão e destruição dos tecidos causando necrose tecidual. Patogenia e Virulência Patogenia e Virulência • Após invadir a mucosa, os trofozoítos se multiplicam e prosseguem penetrando os tecidos sob a forma de microulcerações em direção à muscularis mucosae, com reação inflamatória; • Na submucosa, ocorre uma ulceração inicial chamada “botão de camisa” ou “colo de garrafa”. Estas são resultados da necrose liquefativa podendo haver invasão bacteriana, agravando a lesão; • As lesões amebianas são mais frequentes no ceco e na região retossigmodiana. Patogenia e Virulência • As úlceras podem aumentar no intestino grosso e comprometer toda a parede intestinal com perfuração levando a peritonite fecal; • Os trofozoítos podem induzir uma resposta inflamatória proliferativa com formação de uma massa granulomatosa, chamada “ameboma”; • As amebas podem penetrar nos vasos sanguíneos e, através da circulação porta, atingir o fígado, pulmão e raramente, o cérebro; • Também podem atingir a pele e as regiões anal ou vaginal. Patogenia e Virulência Manifestações Clínicas • Formas assintomáticas e sintomáticas; • Amebíase intestinal; • Amebíase extraintestinal; • Amebíase hepática; • Amebíase cutânea; • Amebíase em outros órgãos (pulmão, cérebro, baço, rim etc.. Período de incubação: Muito variável: de 7 dias a anos e bastante difícil de ser determinado. No entanto, mais comumente situa-se entre 2 a 4 semanas. Amebíase Intestinal • Formas assintomáticas: 80% a 90% e a infecção é detectada pelo encontro de cistos no exame de fezes. • Formas Sintomáticas - Colites não disentéricas Fezes moles ou pastosas, às vezes com muco; Desconforto abdominal; Provientes de E. dispar. Amebíase Intestinal • Formas Sintomáticas - Colites amebianas Fezes com muco ou sangue, cólicas intensas, tenesmo, náuseas, vômitos, calafrio e febre; Oito, 10 ou mais evacuações por dia; Grave desidratação, distensão abdominal e hepatomegalia, perfurações e peritonite, hemorragias, colites pós-desintéricas, e mais raramente, estenose, apendicite e ameboma. Amebíase Intestinal Amebíase Extraintestinal • E. histolytica em qualquer parte do corpo; Abcesso amebiano do fígado; Dor, febre ehepatomegalia; Anorexia e perda de peso. Amebíase Extraintestinal Diagnóstico • Clínico Manifestações clínicas podem ser confundidas com outras doenças intestinais; Considerado definitivo pelo encontro dos parasitos nas fezes. Disenteria Bacilar Salmoneloses Esquistossomose Síndrome do cólon irritado Diagnóstico • Laboratorial Identificar trofozoítos e cistos; Fezes coletadas: em conservadores (Schaudinn, SAF, álcool prolivinílico) quando liquefeitas. em formol a 10%, MIF (mertiolato-iodo-formaldeído), SAF (acetato de sódio-ácido acético-formaldeído), quando formadas ou pastosas. Método de Faust, Lutz, Hoffman, Pons e Janer. Retossigmoidoscopia, radiografias, tomografias, ultrassonografia e ressonância magnética. Diagnóstico Imunológico • Imunofluorescência direta e indireta • Elisa Epidemiologia • 650 milhões de pessoas infectadas no mundo com a E. histolytica/E. dispar; • Prevalência maior nas regiões tropicais e subtropicais; • No Brasil, a infecção apresenta diversidade: Sul e Sudeste: 2,5 a 11%; Região Amazônica: 19%; Demais regiões: 10%. • A E. histolytica é endêmica em todas as áreas de sua distribuição, não causando epidemias. Profilaxia • Intimamente relacionada com a educação sanitária, mas o portador assintomático é o grande responsável. Tratamento • Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal Derivados da quinoleína, diido-hidroxiquinoleína, iodocloro-hidroxiquinoleína e cloridroxiquinoleína; Antibióticos paramomicina e eritromicina; Outros derivados: furoato de diloxamina, clorobetamida e clorofenoxamida. Tratamento • Amebicidas de ação tissular Atuam na submucosa do intestino e no fígado; Compostos de cloridrato de emetina (1mg/Kg/peso;7 dias), cloridrato de diidroemetina (1,5mg/Kg/peso;7 dias) e cloroquina. Tratamento • Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos Tetraciclinas e seus derivados, clorotetraciclinas e oxitetraciclinas; Eritromicina, espiramicina e paramomicina Derivados imidazólicos: metronidazol (500 a 800mg/3x/7 a 10 dias), ornidazol, secnidazol e tinidazol. Bons Estudos!
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