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Data do resumo: 14/09/2016 Extraído de: Manual de Direito Tributário – Eduardo Sabbag – 8ª Ed. Entrada ou ingresso: todo e qualquer dinheiro que ingressa nos cofres públicos. Contudo, nem todo ingresso será uma receita pública. Ingresso Provisoriedade Entra nos cofres públicos com destinação predeterminada de saída, não configurando receita nova. Ex.: Caução ou fiança ofertada pelo vencedor de licitação pública (que pode se transformar em receita pública se houver o descumprimento contratual); empréstimo compulsório (gravame restituível, devendo a lei instituidora prever o prazo e as condições da restituição. Caso não ocorra a restituição, tornar-se-á uma receita pública); empréstimo público. Receita Pública Definitividade Ingresso definitivo de bens e valores aos cofres públicos, isto é, sem condição pré-estabelecida de saída. As receitas públicas podem ser: a) Extraordinárias: ocorre em hipótese de anormalidade ou excepcionalidade e possui caráter temporário, irregular e contingente. É uma receita aprovada e arrecadada no curso do exercício do orçamento como, por exemplo, a arrecadação de um imposto extraordinário de guerra – art. 154, II da CF/88. Direito tributario e as receitas publicas b) Ordinárias: ocorre com regularidade e periodicidade, dentro do contexto de previsibilidade orçamentária e no desenvolvimento normal da atividade estatal. São subdivididas em: b.1) Receitas Derivadas: quando o Estado, de modo vinculado (art. 5º, II da CF/88), e valendo-se do seu poder de império, na execução de atividades que lhe são típicas faz derivar para seus cofres uma parcela do patrimônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição. Também são chamadas de receitas de economia pública, uma vez que decorrem da imposição coativa e de manifestação soberana do Estado, no uso típico de sua autoridade e constrangimento. As receitas derivadas agrupam os rendimentos do setor público que procedem do setor privado da economia, por meio de prestações pecuniárias compulsórias – quase sempre na forma de tributos – devidas por pessoas jurídicas de direito privado que desenvolvam atividades econômicas, sendo certo que a fonte desse tipo de receita é a lei. Ex.: tributos – impostos, taxas, contribuições de melhoria e as contribuições; multas pecuniárias; reparações de guerra. b.2) Receitas Originárias: são auferidas pelo Estado em decorrência da exploração do próprio patrimônio, da exploração de seus bens e empresas comerciais ou industriais, assim como nas atividades de locação, administração ou alienação. Não decorrem da coerção e soberania estatais, mas sim de um contrato ou de uma manifestação bilateral de vontade. Logo, nesse tipo de receita a fonte é o contrato, e tais entradas referem-se, com exclusividade, a prestações não tributárias. O produto das receitas derivadas é repartido, o que não ocorre com as receitas originárias. Ex.: aluguéis de locação de bens públicos; preços públicos de vendas de produtos ou serviços produzidos ou prestados pelas empresas públicas e sociedades de economia mista; tarifas das entidades prestacionistas; multas contratuais; doações e dividendos oriundos de empresa estatal lucrativa. A doutrina afirma que são receitas derivadas e originárias, respectivamente, as taxas e os preços públicos, de acordo com a classificação das receitas públicas. Portanto, fala-se que enquanto as receitas originárias são as produzidas pelos bens e empresas de propriedade pública, a receita tributária, também chamada de derivada, decorre do poder de império estatal. As limitações ao poder de tributar advêm, basicamente, dos princípios e das imunidades constitucionais tributárias que estão inseridas nos arts. 150, 151 e 152 da CF/88, contudo, não há exclusividade, ou seja, podemos encontrar em outros dispositivos do referido diploma legal normas que tendem a limitar o poder de tributar. Os princípios constitucionais tributários são considerados limitações constitucionais ao poder do Estado de tributar, poder este decorrente da soberania estatal. Dessa maneira, conclui-se que o poder de tributar (ius imperium) não é absoluto, sendo limitado por regras que Limites ao poder de tributar pretendem frear o exercício arbitrário da tributação, e deve se dar de forma justa e equilibrada, sem provocar danos à liberdade e à propriedade dos contribuintes. De acordo com o STF, o poder que o Estado tem de tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas. Constitui o mais importante limite aos governantes na atividade de tributação - art. 150, I da CF/88: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.” Nenhum tributo será instituído ou aumentado senão em virtude de lei. Além da necessidade de lei para instituição e majoração, há ainda necessidade de lei para extinção ou redução. Assim temos: Instituição – Extinção Majoração – Redução - O Tributo e as Leis Ordinária e Complementar A lei ordinária é o instrumento hábil para instituir e aumentar tributos. Contudo, admite-se a instituição de determinados tributos por meio de lei complementar. São eles: stf lei Principio da legalidade tributaria Imposto sobre grandes fortunas – art. 153, VII da CF/88; Empréstimos compulsórios – art. 148, I e II da CF/88; Impostos residuais – art. 154, I da CF/88; Contribuição social previdenciária residual – art. 195, §4º c/c art. 154, I da CF/88. Portanto, trata-se de meio EXCEPCIONAL para instituição de tributo, que depende de previsão explícita no texto constitucional, ressalvados os casos que dependem de interpretação sistemática como, por exemplo, o art. 150, VI “c”, parte final da CF/88. Segundo o. 62, §1º, II da CF/88, as matérias que cabem à lei complementar não poderão ser objeto de medida provisória. Desse modo, seria inconstitucional, por exemplo, um empréstimo compulsório instituído por medida provisória. A lei que instituir o tributo deve estabelecer com clareza todos os elementos que irão configurar a relação obrigacional tributária, devendo observar o art. 97 do CTN, que enumera os elementos obrigatórios, ou seja, trata-se da legalidade estrita, pois a lista composta pelos incisos do referido artigo é taxativa: alíquota, base de cálculo, sujeito passivo, multa e fato gerador. Os incisos do art. 97 do CTN são prerrogativas legais em matéria tributária. Essa necessidade da lei determinar exatamente o que deve ser feito é chamada pela doutrina de estrita legalidade, tipicidade fechada (regrada ou cerrada) e reserva legal. O princípio da tipicidade, no que diz respeito ao conteúdo da lei, é uma extensão lógica do princípio da legalidade material. ATENÇÃO! Há uma discussão no sentido de: se o prazo para pagamento do tributo é ou não componente da reserva legal, ou seja, é possível alterar a data do pagamento do tributo por um ato normativo infralegal como, por exemplo, uma portaria? Entende que o Poder Executivo detém competência para expedir ato infralegal fixando o prazo de pagamento do tributo, uma vez que não se trata de matéria reservada à lei, não estando elencada no rol do art. 97 do CTN. Embora parte da doutrinanão acompanhe esse entendimento, para fins de prova, deve-se escolher a posição atual do STF, sendo certo que o TRF da 3ª Região entende que um decreto que reduz prazo de recolhimento é inconstitucional, pois o prazo integra as exigências do princípio da legalidade, sendo vedado ao decreto tratar dessa matéria. - Obrigações Acessórias São deveres instrumentais do contribuinte, de cunho não patrimonial, consistentes em uma prestação positiva ou negativa e podem ser previstas em atos infralegais. Sobre a possibilidade de instituição de obrigações acessórias via atos infralegais há divergência na doutrina, contudo, o STJ decidiu pela constitucionalidade da medida, admitindo, portanto, obrigações acessórias por meio de atos infralegais. - Atualização Monetária do Tributo Segundo o art. 97, §1º do CTN, equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. Entretanto, o §2º do mesmo artigo informa que não constitui majoração do tributo a atualização stf do valor monetário das respectivas bases de cálculo, desde que obedecidos os índices oficias de correção de um dado período. Logo, caso seja utilizado índice acima da correção monetária do período em análise, não haverá atualização, mas sim aumento de tributo, entendimento, inclusive, sumulado pelo STJ na Súmula n. 160. Considera inconstitucional a majoração, sem edição de lei em sentido formal, do valor venal do imóvel para efeito de cobrança de IPTU, acima dos índices de correção monetária. - Mitigação do Princípio da Legalidade Tributária Trata-se da exceção ao princípio da legalidade; atenuação; mitigação. Referem-se às exações tributárias que dependem de lei, mas que podem ter uma alteração de alíquotas empreendida por ato do Poder Executivo. Alteração de alíquota e NÃO da base de cálculo, sendo certo que a alteração da base de cálculo aceita pelo art. 21 do CTN não foi recepcionada pelo art. 153, §1º da CF/88. As ressalvas à legalidade tributária, quando veiculadoras de uma atuação do Poder Executivo na seara tributacional, são verdadeiras ressalvas à reserva da lei formal, e não à reserva da lei material. Lei Formal: ato normativo que detém a forma de lei. Comando que deve ser formulado por órgão titular da função legislativa, na condição de ato jurídico emanado pelo Poder Competente, segundo a forma stf estabelecida no texto constitucional, isto é, reserva de lei formal. Lei Material: é própria norma, na condição de comando abstrato, geral e impessoal, dotado de hipoteticidade, isto é, reserva de lei material. De acordo com o art. 153, §1º da CF/88, há quatro impostos federais que poderão ter suas alíquotas majoradas ou reduzidas por ato do Poder Executivo Federal, o que ocorre por decreto presidencial ou portaria do Ministro da Fazenda, são eles: Imposto sobre a Importação – II; Imposto sobre a Exportação – IE; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IOF; CIDE – Combustível; ICMS – Combustível. ATENÇÃO! A lei não pode instituir um tributo sem lhe precisar a alíquota, contudo, uma vez definida a alíquota, admite-se que o Poder Executivo provoque uma alteração em sua fisionomia, isto é, flexibilização segundo os parâmetros legais – teto e piso; máximo e mínimo, que embora sejam balizas amplas, não são ilimitadas. Por exemplo, lei que institui IE com alíquota de 20% para um determinado bem exportável. O Poder Executivo pode reduzi- la para 10% e, se desejar, retorná-la ao seu patamar máximo – 20%. A possibilidade de alteração da alíquota desses quatro impostos visa à regulação do mercado e a economia do País. Logo, diz-se que essas exações são gravames regulatórios ou reguladores de mercado. É necessário observar que a mitigação do princípio da legalidade tributária aplica-se aos impostos dotados de extrafiscalidade, um instrumento financeiro utilizado pelo Estado para estimular ou inibir condutas, buscando finalidades que não são meramente arrecadatórias. A extrafiscalidade busca a correção de situações anômalas sociais ou econômicas, no intuito de atingir os objetivos que preponderam sobre os fins simplesmente arrecadatórios de recursos financeiros para o Estado. Portanto, o princípio da legalidade tributária poderá ser mitigado em situação excepcional de extrafiscalidade, permitindo-se ao Poder Executivo a flexibilização no manejo de alíquotas de certos gravames regulatórios. À luz das disposições em vigor da Constituição Federal, não é possível afirmar que qualquer tributo só pode ter suas alíquotas aumentadas por lei. A CIDE – Combustível e o ICMS – Combustível foram inseridos pela EC n. 33/2001. Sobre a CIDE, trata-se de contribuição de intervenção no domínio econômico e, portanto, tributo de competência federal e, de acordo com o art. 149,§2º, II c/c art. 177, §4º, I, “b”, parte inicial da CF/88 poderá ter sua alíquota reduzida ou restabelecida por meio de ato próprio – decreto presidencial. Frisando-se que não pode ultrapassar o patamar originário da alíquota, sob pena de vício de legalidade. Com isso, temos que no que se refere à CIDE, a majoração da alíquota exige presença de lei, sendo possível, através de decreto presidencial, apenas a sua redução ou restabelecimento. Sobre o ICMS, embora seja um tributo estadual, a mitigação recai apenas sobre o ICMS – Combustível e não sobre o ICMS em si. É um tributo particularizado. De acordo com o art. 155, §4º, IV, “c” da CF/88, a ressalva à legalidade tributária refere-se ao ICMS de incidência unifásica (ou monofásica), nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal, a qual cabe definir sobre quais combustíveis e lubrificantes incidirá o ICMS uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade (art. 155, §2º, XII, “h” da CF/88. As alíquotas do ICMS incidentes sobre esses combustíveis serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, mediante convênios interestaduais, celebrados no âmbito do CONFAZ – Conselho de Política Fazendária. Portanto, no caso do ICMS – Combustível, tem-se a mitigação do princípio da legalidade tributária materializada por um convênio interestadual e NÃO um decreto estadual. - Medida Provisória e o Princípio da Legalidade Com o advento da EC n. 32/2001 passou a ser permitida a utilização de medida provisória em matéria tributária – art. 62, §2º da CF/88, associada exclusivamente aos impostos e não a todos os tributos. O STF, antes mesmo da edição da referida EC, já se posicionava a favor de MP para instituição de tributos, posição mantida, frisando-se que será possível a edição de MP que versar sobre tributos, ressalvados aqueles que dependem de lei complementar. Além disso, o Supremo também entende, face ao princípio da simetria, que a possibilidade de edição de MP em matéria stf tributária deve ser estendida aos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, desde que aceitas, em casa caso, pela Constituição Estadual, Lei Orgânica do Distrito Federal e Lei Orgânica do Município, obdecidas as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União. Embora a EC n. 32/2001 tenha trazido a possibilidade de MP em matéria tributária, trata-se de caso inadmissível por parte da doutrina, sob alegação de violar os princípiosda legalidade, anterioridade e segurança jurídica, incorrendo, portanto, em inconstitucionalidade. Sobre a ressalva aos tributos adstritos à ação normativa de lei complementar, pode-se afirmar que é uma restrição material (por via indireta) à edição de MP em matéria tributária. São os seguintes tributos: Imposto sobre Grandes Fortunas; Empréstimos Compulsórios; Impostos Residuais; Contribuição Social-previdenciárias Residuais. Além de não poder instituir ou majorar os tributos supracitados, a MP deve se ater ao que prevê os artigos 146, 146-A, 155, §2º, XII, 155, §1º, III, 156, III e §3º, e 195, §11 da CF/88, pois tratam de matérias reservadas à lei complementar e, portanto, são assuntos que não podem ser tratados por medida provisória. Doutrina Art. 146 e 146-A: normas gerais em matéria de legislação tributária; conflitos de competência; limitações constitucionais ao poder de tributar. Art. 155, §2º, XII e alíneas: para o ICMS. Art. 155, §1º, III: para o ITCMD. Art. 156, III e § 3º: para o ISS. Art. 195, §11: para contribuição social – remissão e anistia. Medida Provisória: ato político, normativo, discricionário, excepcional, cautelar, precário e com força de lei. Prazo de validade: 60 dias, prorrogável por igual período; Não sendo convertida em lei no aludido prazo, perde eficácia desde a origem, devendo o Congresso Nacional, através de decreto legislativo, regular seus efeitos; O decreto legislativo deverá ser editado no prazo de 60 dias contados a partir da rejeição ou perda de eficácia. Não sendo editado, as relações jurídicas decorrentes da MP conservar-se-ão por ela regidas. É vedada a reedição, em mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
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