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Toda argumentação se expõe pc r meio de eleme ntos que, devem ser organizados em torno de um obje ivo específico, e-u seja, dependendo do modo como se organiza o discurso e tendo em vista uma finalidade, consegue-se persuadir o interlocutor/leitor. Desse modo, argumentar é preciso, mas há diferentes tipos de argumento: Resumão Jurídico Observe atentamente que também se considera incoerência: a) Salto narrativo - Defeito na narração que "foge" ou "pula" infor- mação que atenderia à verossimilhança que o texto deve apresentar. I!I João, que é cego de nascença, viu e reconheceu seu agressor. • A empresa em regime pré-falimentar acabou de adquirir uma nova frota de caminhões de transporte pela bagatela de 2 milhões de dólares. b)Argumentação falaciosa - Defeito contido em um argumento que desconsidera as relações lógicas do raciocínio. • O craque do vôlei rebateu a bola com as duas mãos, já que é anfíbio, • Dinheiro não é tudo, é apenas 100% • Todo ser humano é mortal. A formiga é mortal e, portanto, ela é também um ser humano. c) Incoerência temporal - Perda de vista do elemento que daria ao texto a informação relativa à temporalidade dos fatos narrados. • Tão logo o juiz proferiu a sentença final, a denúncia foi acolhida. • Diante de provas inquestionáveis produzidas durante o processo, a vítima foi assassinada. d) Incoerência espacial - Falta de relação com a localização a que se refere. • O piloto do avião anunciou a aterrissagem sobre as águas cálidas do Oceano Atlântico, • A mesa estava posta para o café-da-manhã: sobre a toalha bran- ca, pilhas de tijolos e um saco de cimento, além de duas barras de gelo e de um casaco de inverno, e) Incoerência linguística - Perda de referência quanto ao destinatário da mensagem, seja pelo emprego inadequado de tratamento a ele dirigido, seja pelo vocabulário em uso. • VossaMajestade tem sido muito magnânima com seus súditos, mas não se manca com seus filhos. • Meu filho, agora que você completou 5 aninhos, mamãe vai lhe explicar como funciona a isonomia entre os poderes públicos constituídos, ARGUMENTAÇÃO Ouvi dizer que, para quem deseja tornar-se um orador consumado. não se torna necessário um conhecimento perfeito do que é realmente justo, mas, sim, do que parece justo aos olhos da maioria, que é quem decide, em últi- ma instância, Tampouco precisa saber realmente o que é bom ou belo, bas- tando-lhe saber o que parece sê-lo, pois a persuasão se consegue não com a verdade, mas com o que aparenta ser verdade, (Fedro) Quem produz um texto procura persuadir seu leitor (ouvinte) sobre suas ideias, de modo a fazê-Io crer naquilo que quer que seja aceito como verdade, A persuasão é um gênero e implica a tria ojJicia, como a denominava Cícero, pois comporta três modos distintos de se realizar: a) pelo convencimento (cum + vincere) - convencer o opositor por meio de provas lógicas, que podem ser: 1) indutivas (os exemplos); 2) dedutivas (argumentos); b) pela comoção (cum + movere) - persuadir pela força do coração, pois, exercitando a afetividade, a vontade arrasta o intelecto a aderir ao ponto de vista do emissor; c) pela sedução (delectare = deleitar, causar prazer, seduzir) - seduzir pela palavra. É a arte da retórica. Segundo Aristóteles, retórica é a arte de persuadir, mas Quintiliano (séc. I) contesta essa definição, ao explicar que nem todo discurso per- suade e que muitas outras "coisas" além do discurso retórico persua- dem, como o dinheiro, o poder e a virtude. Falar bem ou convencer? Eis a dúvida de quem busca formas que lhe permitam preparar-se bem para uma exposição argumentativa, seja essa realizada por meio da escrita ou oralmente. Não há como negar a sedu- ção que exerce um bom escritor/orador. a) Argumento ad auctoritatem - É o apelo ao respeito de uma autori- dade de certo domínio do saber para corroborar uma tese, como no caso do advogado que se apoia em juristas famosos e em jurispru- dência a fim de ratificar sua tese. Exemplo: A reforma tributária é premente em nosso país, conforme aponta Ives Gandra Martins. Há que se cuidar contra o argumento da falsa autoridade presente na mídia: um esportista que recomenda o uso de determinado medica- mento ou um ator que recomenda este ou aquele curso universitário, diferentemente do que ocorre com a "autoridade" de um notório cer- vejeiro que recomenda certa marca de cerveja para consumo. b) Argumento ad judicium - É a referência ao senso comum que dis- pensa comprovação por ser evidente ou universalmente aceita, como em: O todo é sempre maior do que a parte ou A educação é a base do desenvolvimento. O grande problema de usar esse tipo de argu- mento é o recurso a chavões e frases feitas, como ocorre nas frases O brasileiro é indolente ou Só o amor constrói, as quais podem vei- cular preconceitos ou até "verdades questionáveis". c) Argumento baseado em prova concreta - É a forma argumentati- va mais forte, pois pode "derrubar" as demais, já que "contra fatos não há argumentos". Citam-se como argumentos desse tipo cifras, fotos, dados estatísticos e até a própria H istória, como na frase: Hugo Chávez perdeu o plebiscito por uma diferença de 8% dos votos. Hoje, diante do desenvolvimento da tecnologia, que propicia altera- ção na imagem, as fotos são recursos argumentativos questionáveis. d) Argumento baseado em raciocinio lógico - Consiste na relação entre as proposições de um discurso, quais sejam: as de causa-con- sequência, as de finalidade ou as expressas em outros elementos conectores (veja o tópico "Coerência "). e) Argumento da competência linguística - É o uso efetivo de recur- sos retóricos, tendo em vista que o ato de bem falar/escrever é um forte elemento persuasivo, uma vez que o modo de dizer algo dá con- fiabilidade àquilo que se diz. Cheirar cola poderá passar para o sangue um monte de drogas, sem noção do prejuízo que isso dá. Compare com: Ao cheirar cola, o usuário da droga poderá receber na corrente sanguínea soluções de glicose, vitamina C, produtos aromáticos - tudo isso sem saber dos riscos que corre pela entrada súbita desses produtos na circulação. Para utilizar qualquer tipo de argumento - sempre em consonância com o objetivo de seu propósito -, você deve atentar para dois outros componentes de sua organização textual: os pressupostos e os subenten- didos que poderão estar contidos em seu arrazoado. Entende-se por pressuposto uma ideia que, embora não esteja expli- citamente contida em seus argumentos, decorre logicamente do sentido de certas palavras/expressões utilizadas. Observe estes exemplos: • A empresa X perdeu outra ação indenizatària movida por ex-taba- gistas lesados pelo cigarro. O pronome outra é um pressuposto de que já havia ocorrido uma ação semelhante contra a mesma empresa. • O segundo marido dela morreu no vôo 910. Há dois pressupostos: a) ela foi casada pelo menos duas vezes; b) seu segundo marido já faleceu, mas não se sabe o que houve com o primeiro. Veja algumas palavras que podem ser indicadoras de pressupostos: • Adjetivos - Retomando o exemplo anterior, a informação implícita sobre o estado civil é dada pelo uso de segundo. • Verbos que indicam mudança ou permanência de estado - A frase João permanece detido na 41.a DP, por exemplo, significa que João estava e continua detido no mesmo lugar. • Verbos que indicam um ponto de vista sobre um fato expresso por seu complemento - Se a afirmação contida no objeto for negada, nega-se também a ação verbal, como em O juiz considera que taisfatos 2
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