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QUESTÕES DE ANATOMIA ERNEST GARDNER DONALD J. GRAY RONAN O’RAHILLY CAPÍTULO 44: ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS 1) Explique o motivo pelo qual infecções se propagam com maior facilidade da genitália externa feminina para a cavidade peritoneal do que a propagação a partir da genitália externa masculina. Na mulher a cavidade peritoneal não é completamente fechada, como ocorre no homem. A comunicação entre a cavidade peritoneal com o exterior do corpo se faz através de uma abertura da tuba uterina, em sua porção mais lateral: o óstio abdominal ou pelvino da tuba uterina. Essa estrutura propicia a entrada dos óvulos no interior da tuba uterina. A localização específica de tal estrutura remete ao ápice do funil correspondente ao infundíbulo da tuba uterina. 2) A que se deve a mudança de aspecto do ovário, de liso e rosado para acinzentado e pregueado? Antes da primeira ovulação, o ovário possui aparência lisa e rosada. Com a puberdade, as cicatrizes resultantes da liberação de óvulos de seus folículos formam pregas e conferem a coloração mais acinzentada ao órgão. 3) Determine os limites da fossa ovárica, depressão na qual se aloja o ovário. A fossa ovárica é limitada anteriormente pela artéria umbilical obliterada e posteriormente pelo ureter e artéria ilíaca interna. A fossa ovárica é ainda revestida pelo peritônio parietal. 4) Quais são os meios de fixação do ovário? Ligamento Suspensor do Ovário (= ligamento infundíbulo pelvino): preso à extremidade superior ou tubal do ovário. Perde-se no tecido conectivo que cobre o músculo psoas maior. Ligamento Ovárico: liga-se à extremidade inferior ou uterina do ovário e a conecta ao corpo do útero. Mesovário: prega peritoneal que se destaca do folheto dorsal do ligamento largo do útero e atinge a margem anterior do ovário. 5) Em que porção do ovário está o hilo ovariano? O hilo ovariano, através do qual passam nervos, vasos sangüíneos e vasos linfáticos, encontra-se em sua borda anterior, também conhecida como borda mesovárica, uma vez que nela também se prende o mesovário. 6) Descreva de que maneira o óvulo atinge a luz uterina. Ovário (folículo ovariano) ovulação óvulo na cavidade peritoneal fímbrias óstio abdominal (pelvino) da tuba uterina infundíbulo (onde geralmente ocorre a fecundação) ampola istmo da tuba uterina parte uterina (da tuba uterina) óstio uterino cavidade do útero O caminho do óvulo, fecundado ou não, pela tuba uterina, leva de três a quatro dias. É influenciado por ação ciliar das células da mucosa e por peristaltismo da túnica muscular. 7) Defina gravidez ectópica e seu local mais comum de ocorrência. Trata-se da gravidez extra-uterina, ou seja, fora da cavidade uterina. Desenvolve-se principalmente na tuba uterina (gravidez tubária), na região da ampola. É um dos fatores que aumentam os riscos de mortalidade materna. 8) Como se determina a permeabilidade das vias genitais femininas? A permeabilidade das vias genitais femininas pode ser determinada pela injeção de material radiopaco ou soprando-se ar através da vagina e do útero. Se as vias estão permeáveis, o ar escapa e atinge a cavidade peritoneal. Quando a pessoa põe-se de pé, o ar ascende para uma região inferior ao diafragma, onde pode ser observado radiograficamente. 9) Quais são as camadas da tuba uterina? Indique algumas de suas funções. A tuba uterina possui três camadas: uma mucosa, uma túnica muscular e uma serosa. A camada mucosa, formada por células ciliadas, interfere na condução do óvulo e do espermatozóide pela tuba. A túnica muscular, por meio de sua contração, promove o peristaltismo da tuba uterina, influenciando também na condução de gametas pela estrutura tubária. A serosa da tuba uterina corresponde ao peritônio do ligamento largo (do útero). 10) O que é o canal do parto? O canal do parto é formado pela cavidade uterina e vaginal subjacente. É o canal pelo qual o bebê passa durante um parto vaginal (normal). 11) Qual o significado de ângulo de antiversão? O ângulo de antiversão corresponde ao ângulo formado entre a vagina e a cérvix do útero, sendo este ângulo ligeiramente maior do que 90°. Esta posição relativa entre útero e vagina é freqüentemente encontrada em mulheres adultas. A partir da extremidade superior da vagina o útero se dirige superior e anteriormente, vindo a formar um ângulo aproximadamente reto. O útero encontra-se geralmente também antiflexionado e este termo se refere à posição relativa entre o corpo do útero e o istmo. Na junção entre essas duas estruturas, o útero se inclina para frente. Todavia, estas duas posições, normalmente encontradas, são facilmente alteradas, em função da distensão intestinal ou da bexiga urinária, por exemplo. Quando a bexiga está cheia, o útero encontra-se em retroversão, ou seja, dirige-se súpero-posteriormente a partir da extremidade superior da vagina. Em algumas mulheres o útero sempre está em retroversão, independente do estado de tensão da bexiga urinária. O útero pode ainda estar em retroflexão, quando o corpo do útero inclina-se para trás, sobre o istmo. 12) Como se dá o suporte do útero? O útero ganha muito de seu suporte por uma inserção direta na vagina. Ajudam no seu suporte também as inserções indiretas e as estruturas próximas, como o reto, a bexiga, o diafragma pelvino e a pelve óssea. 13) Defina escavação uterovesical e escavação retouterina. A escavação uterovesical é formada pela reflexão do peritônio da face posterior da bexiga ao istmo do útero e, daí, passa em direção superior sobre a superfície vesical do corpo do útero. A escavação retouterina corresponde ao recesso formado pela reflexão do peritônio da parte superior da vagina sobre a face anterior do reto. 14) Quais são os elementos de fixação uterinos? Os elementos de fixação uterinos são o ligamento largo (mesossalpinge e mesométrio), ligamento redondo, ligamento uterosacral, ligamento cervical lateral (ou transversal) ou cardinal. 15) O que são epoóforo e paroóforo e qual é a sua importância? O epoóforo e o paroóforo são parte do conteúdo do mesossalpinge, que por sua vez é uma parte do ligamento largo. O epoóforo consiste em um ducto (que corre paralelamente e abaixo da tuba uterina) e túbulos (que se dirigindo superiormente na região do ovário se unem ao ducto em ângulo reto). Este é um remanescente do ducto mesonéfrico e de alguns de seus túbulos. O paroóforo localiza-se medialmente ao epoóforo, sendo um grupo de túbulos muito pequenos, só vistos ao microscópio. A importância de tais estruturas só existe quando delas se originam cistos. 16) Qual é o conteúdo do mesossalpinge? O mesossalpinge, parte do ligamento largo entre a tuba uterina e a linha da qual o ligamento largo se reflete para formar o mesovário, contém vasos ováricos, vasos uterinos, o epoóforo e o paroóforo. 17) Descreva o ligamento largo do útero. O ligamento largo é formado nas bordas laterais do útero por duas lâminas de peritônio que recobrem as superfícies vesical e intestinal e se estende às paredes laterais da pelve. Entre as lâminas posterior e anterior existe tecido conectivo frouxo e tecido muscular, denominados coletivamente paramétrio. O ligamento largo engloba a tuba uterina, o ligamento ovárico, parte do ligamento redondo, a artéria uterina, o plexo venoso, o plexo nervoso uterovaginal e uma parte do ureter.18) Como se formam os ligamentos uterosacral e cervical lateral? Os ligamentos cervical lateral e uterosacral são formados a partir do espessamento da fáscia pelvina e visceral lateral à cérvix e à vagina, o qual contém numerosas fibras musculares lisas. 19) Quais são as modificações pelas quais o útero passa durante a vida da mulher? Ao nascer o útero encontra-se na altura da abertura superior da pelve. A cérvix é maior do que o corpo. A diferença entre o eixo do útero e vagina é muito pequena. O crescimento do útero até a puberdade é lento, quando ele cresce rapidamente e ganha o tamanha e a forma do útero adulto. Após a menopausa torna-se menor, mais fibroso e de coloração mais pálida. Durante a gravidez o seu tamanho aumenta consideravelmente. O fundo eleva-se acima do nível da sínfise púbica no terceiro mês. Atinge o plano supracristal no sexto mês e no oitavo mês o nível da juntura xifesternal. Desce ligeiramente no nono mês, quando a circunferência máxima da cabeça fetal se encaixa abaixo da abertura superior da pelve. Na gravidez o útero aumenta de peso e suas paredes tornam-se mais finas. Após o parto ele involui, atingindo estado de repouso após seis ou oito semanas. Agora ele ganhou 1 cm a mais em todas suas dimensões, está ligeiramente mais pesado, sua cavidade algo maior e os lábios do óstio uterino estão com contorno irregular. As artérias uterinas tornam-se bastante aumentadas durante a gravidez e tortuosas após o parto. 20) Em algumas fases do ciclo menstrual, as mulheres costumam sentir dores pélvicas, na forma de cólicas. Explique como é a sensibilidade do útero aos estímulos dolorosos. A dor pode ser percebida quando a cérvix é pinçada ou dilatada. Algumas desordens uterinas são dolorosas e a dor pélvica é percebida em algumas fases do ciclo menstrual. As fibras relacionadas ascendem e penetram na medula espinhal pelos nervos esplâncnicos lombares. A ressecção do plexo hipogástrico superior já foi executada para aliviar fortes dores desse tipo. 21) Quais são as camadas uterinas? As camadas uterinas são a mucosa (endométrio), a túnica muscular (miométrio) e a serosa (peritônio). O endométrio apresenta modificações cíclicas correspondentes às diversas fases do ciclo menstrual. Durante a fase estrogênica, ganha espessura e diz-se que o endométrio está na fase proliferativa. Na fase secretora ou progesterônica as glândulas da mucosa assumem aspecto tortuoso e passam a ampliar as suas secreções. Caso não haja menstruação, a camada funcional do endométrio se descama, originando o fluxo menstrual. Esta fase do ciclo é determinada pela queda das concentrações de estrogênio e progesterona. O miométrio é importante nos movimentos necessários no momento do parto, sendo que a sua contração permite ainda o efluxo de resíduos placentários e dos elementos da menstruação. 22) O que significa fórnix da vagina? Trata-se de um recesso entre a parte vaginal da cérvix e as paredes da vagina. Embora seja contínuo em torna da cérvix, é subdividido em fórnix anterior, posterior e lateral. CAPÍTULO 43: ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS 1) Na borda posterior do testículo estão aderidos o epidídimo e a porção inferior do funículo espermático. Descreva o que representa o funículo espermático. O funículo espermático está formado no ânulo inguinal profundo, sendo constituído por estruturas que acompanham o testículo e epidídimo durante a sua decida da cavidade peritoneal para a bolsa escrotal. Ele se estende a partir do canal inguinal, passando pelo escroto e terminando na borda posterior do testículo. O funículo espermático contém: ducto deferente, artéria do ducto deferente, veia do ducto deferente e o nervo que passa para o epidídimo; artéria testicular, nervos do plexo testicular; plexo pampiniforme (de veias); vasos linfáticos, artéria cremastérica, ramo genital do nervo genitofemoral; e remanescentes do processo vaginal do peritônio. 2) A varicocele é tida como uma das principais causas de infertilidade masculina. Trata-se de varizes das veias que formam o plexo pampiniforme. Discuta anatomicamente o motivo pelo qual a varicocele da veia espermática esquerda ser mais freqüente do que a da contralateral. A maior incidência da varicocele no lado esquerdo está ligada à anatomia da veia espermática esquerda, que desemboca em ângulo de 90 graus na veia renal esquerda (como em um rio, a drenagem de sua água fica prejudicada se for feita em ângulo reto com outro rio). A veia espermática esquerda é mais longa que a direita e desemboca em ângulo reto na veia renal deste lado. Assim, forma-se uma longa coluna hidrostática, com alta pressão, que dilata o plexo pampiniforme. Além disso, a pressão transmitida pela veia renal para o plexo pampiniforme pode danificar as válvulas da veia espermática. Estas válvulas são importantes porque impedem o refluxo do sangue para os testículos. As válvulas só permitem o fluxo do sangue de baixo para cima. Porém, quando estão danificadas, ocorre também o fluxo inverso (refluxo), todas as vezes que há aumento da pressão no abdome, como por exemplo, ao tossir, espirrar, gritar, levantar peso, etc. 3) Relacione varicocele, infertilidade e as condições ideais para a produção de espermatozóides. Na varicocele as veias tornam-se dilatadas, formando varizes ao redor do funículo espermático e dos testículos. O sangue represado nas proximidades do testículo leva a um aumento de sua temperatura, que passa ao nível da temperatura corporal. Como se sabe, para que os testículos trabalhem adequadamente na produção de gametas masculinos eles devem estar a uma temperatura ligeiramente (cerca de 1°C) inferior à temperatura corporal. Além da mudança da temperatura na bolsa escrotal, o sangue estanque nas veias pode acumular substâncias tóxicas, comprometendo a produção, mobilidade e funcionamento dos espermatozóides. 4) A criptorquidia refere-se ao testículo não-descido após os seis meses de idade e requer como tratamento a intervenção cirúrgica, em um procedimento denominado “orquidopexia”. Justifique a necessidade de fazer com que o testículo sai da cavidade abdominal e adentre no escroto. Para que os testículos funcionem na produção de gametas precisam estar a uma temperatura inferior à corporal em cerca de 1°C. Na bolsa escrotal esta condição é plenamente aceita. Caso os testículos fiquem retidos do abdômen, o sujeito será infértil. Outros fatores importantes são a maior predisposição ao câncer dos testículos criptorquídicos, à hérnia inguinal, à torção, ao prejuízo de seu suprimento sangüíneo e ao abalo estético representado pela “ausência” de um testículo. 5) A torção de testículo é uma emergência freqüente para urologistas e médicos pronto-socorristas e deve ser diagnosticada em um prazo máximo de 6 horas. Explique, com base em critérios anatômicos, o motivo que faz do testículo um órgão sujeito à torção. O testículo é um órgão que se encontra literalmente dependurado. Ele é sustentado por vários cordões paralelos correspondentes ao plexo venoso pampiniforme, artéria testicular, ducto deferente, vasos linfáticos e nervos. Além dessa característica, devido a líquidos internos lubrificantes, o testículo possui certa mobilidade em torno de seus eixos. Quando ele excede no movimento em torno de seu eixo longitudinal, tem-se a torção testicular. As suas estruturas de sustentação ficam comprometidas e há diminuição de seu fluxo sangüíneo (infarto), quepode levar à necrose se o caso não for revertido a tempo. Os principais sintomas são dor escrotal aguda e tumefação. Pode apresentar-se inicialmente com sintomas de abdômen agudo. 6) Quais são as estruturas responsáveis pela produção dos componentes do líquido seminal? As estruturas relacionadas à produção de líquido seminal são a vesícula seminal, próstata, glândulas bulbouretrais, glândulas uretrais, epidídimo e testículo. Os testículos são responsáveis pela formação do componente essencial do líquido seminal: os espermatozóides. 7) Desde a sua produção, nos túbulos seminíferos dos testículos, até a sua liberação no meio externo, os espermatozóides seguem um trajeto pelas vias do sistema reprodutor masculino. Descreva todo esse trajeto. Nos TESTÍCULOS: túbulos seminíferos contorcidos (lóbulos) túbulos seminíferos retos (mediastino) rede teste ductos eferentes cabeça do EPIDÍDIMO ductos eferentes tornam-se contorcidos (nos lóbulos do epidídimo) ducto do epidídimo (cabeça, corpo e cauda) ducto deferente (a partir da cauda do epidídimo) ducto eferente passa pelo canal inguinal e vai para a pelve ducto ejaculatório (ducto deferente + ducto da vesícula seminal) abre-se na parte prostática da uretra (abertura dos ductos ejaculatórios) óstio externo da uretra meio externo. 8) Explique o que são os apêndices testicular e do epidídimo. O apêndice testicular é um pequeno corpo na extremidade superior do testículo. Geralmente é séssil, mas pode ser pedunculado. É um remanescente da extremidade superior do ducto paramesonéfrico, sendo homólogo da extremidade fimbriada da tuba uterina feminina. O apêndice do epidídimo é pequeno, freqüentemente pedunculado e situado sobre a cabeça do epidídimo. É um remanescente do mesonefro. 9) Descreva onde o ducto deferente pode ser percebido como um cordão firme. Quais são as suas camadas? O ducto deferente pode ser percebido quando disposto entre o polegar e o indicador como um cordão firme em seu trajeto ascendente da extremidade superior do testículo ao ânulo inguinal superficial. As suas camadas são a membrana mucosa, a túnica mucosa e a adventícia. 10) As vesículas seminais podem ser palpadas “per rectum” quando a bexiga está cheia. Elas podem armazenar até 3 ml de líquido em seu interior. Quanto às vesículas seminais, caracterize (1) a bainha que a envolve; (2) a estrutura que separa sua porção superior do reto; (3) a estrutura que separa sua parte inferior do reto; (4) quais estruturas são medias a ela; (5) e quais estruturas são laterais a ela; (6) cite sua terminação superior e inferior; (7) constituição de cada vesícula seminal. As vesículas seminais estão envolvidas em uma bainha densa, formada de músculo liso e tecido fibroso, e encontram-se aderidas à face posterior da bexiga. 2. Suas partes superiores estão separadas do reto pela prega retovisical e encontram-se cobertas pelo peritônio. 3. Suas partes mais inferiores estão separadas do reto pelo septo retovisical. 4. As partes terminais dos ureteres e da ampola do ducto deferente são mediais às vesículas. 5. Os plexos venosos prostáticos e visicais são laterais às vesículas seminais. 6. A vesícula seminal termina superiormente em um fundo cego, enquanto sua extremidade inferior estreita-se e retifica-se para forma o ducto da vesícula seminal. 7. As vesículas seminais consistem de um tubo enrolado que dá origem a vários divertículos. 11) A quais estruturas da parte prostática da uretra as aberturas dos ductos ejaculatórios se relacionam? O ducto ejaculatório, após penetrar da base da próstata, adentra na parte prostática da uretra sobre o colículo seminal, imediatamente lateral ao utrículo prostático. 12) Quais são as túnicas do funículo espermático, testículo e epidídimo? De onde elas são derivadas? Fáscia espermática interna: interna e fina, deriva da fáscia transversal, forma o revestimento frouxo do funículo espermático. Fáscia cremastérica: intimamente presa à face externa da fáscia espermática interna, constituída pelo m. cremaster, que mantém fibras musculares contínuas com às do m. oblíquo interno. O m. é irrigado pela a. cremastérica e inervado pelo ramo genital do n. genitofemoral. Fáscia espermática externa: túnica fina e externa, presa acima aos pilares do ânulo inguinal superficial; prolonga-se com a fáscia que recobre o m. oblíquo externo. Túnica vaginal do testículo: membrana serosa de dupla camada que envolve o testículo e epidídimo em suas porções ântero- laterais; é recoberta pela fáscia espermática interna; no desenvolvimento pré-natal é contínua com o peritônio, mas conexão se perde ou fica reduzida a uma faixa de tecido conectivo na parte anterior do funículo espermático. As camadas da túnica vaginal são separadas por um pequeno espaço contendo líquido seroso. O acúmulo desse líquido denomina-se hidrocele. A camada interna ou visceral prende-se intimamente ao testículo e epidídimo e forma os seios do epidídimo. Reflete-se posteriormente sobre o testículo e epidídimo como a camada externa ou parietal. As túnicas acima citadas se originam de diversas camadas da parede abdominal. 13) O músculo cremaster é capaz de modificar a posição dos testículos dentro do escroto. Caracterize o reflexo cremastérico. Um estímulo delicado na pele da face medial da coxa desencadeia o reflexo cremastérico, caracterizado pela contração das fibras do músculo cremaster, acarretando elevação do testículo e do epidídimo para uma porção mais alta no interior do escroto. 14) Em casos de hiperplasia benigna de próstata (HBP), doença mais característica em idosos, o paciente pode apresentar dificuldade para urinar e retenção de urina. Nesses casos, a internação deve ser imediata, a fim de que a introdução de uma sonda possa drenar o conteúdo da bexiga urinária, esvaziando-a. Explique que relações a próstata apresenta junto ao sistema urinário que causam o quadro acima descrito. O óstio uretral interno está localizado, aproximadamente, na parte média da base da próstata. A uretra percorre o interior da próstata, sendo nesse trajeto identificada como uretra prostática. A uretra deixa a superfície anterior da próstata e continua-se como uretra mucosa. Os lobos da próstata, dessa forma, relacionam-se intimamente à uretra prostática. Os lobos laterais, por exemplo, conectam-se superficialmente, anteriormente à uretra, pelo istmo da próstata. O lobo mediano se projeta em direção interna, entre o ducto ejaculatório e a uretra. O aumento desse lobo contribui para a formação da úvula que, ao se projetar na parede da bexiga, pode bloquear a passagem de urina. A hiperplasia de seus três lobos reduz a luz da uretra prostática e pode até mesmo obliterá-la completamente. Dessa maneira a fisiopatologia da HBP pode ser entendida. 15) A prostatectomia é a retirada cirúrgica da próstata em casos de câncer dessa estrutura. Muitos pacientes se recusam a passar por tal procedimento em virtude de uma possível impotência sexual resultante da cirurgia. Dessa forma, acabam por aderir a outros tipos de tratamentos, por vezes menos eficientes. A preocupação de tais pacientes procede? A disfunção erétil é uma conseqüência comum da cirurgia, pois a próstata está próxima dos nervos que controlam a ereção peniana. Embora a técnica de prostatectomia radical com preservação nervosa venha evoluindo, o risco de efeitos adversos do procedimento, comoa impotência sexual, continua significativo. Além da impotência sexual, outro efeito colateral possível para a prostatectomia é a incontinência urinária, devido em parte a desenervação do músculo esfíncter uretral. CAPÍTULO 47: ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS 1) Qual é o mecanismo que permite a mudança de aspecto do escroto e quais estímulos a determinam? O aspecto do escroto varia com o estado de contração ou relaxamento do músculo liso do dartos. Este músculo se contrai sob a influência do frio, exercício físico e estímulo sexual. O escroto mostra-se então curto e enrugado. Sob a influência do calor ele se relaxa. Em idosos o músculo liso do dartos perde seu tono, fazendo o escroto liso e alongado. 2) Qual é a evidência superficial da divisão do escroto em dois subcompartimentos? Qual é o conteúdo de cada um desses compartimentos? Uma crista mediana, a rafe do escroto, é a indicação superficial da divisão do escroto em dois subcompartimentos. Esta rafe se continua anteriormente com a rafe do pênis e, posteriormente, com a rafe do períneo. Cada um dos compartimentos contém um testículo, um epidídimo, a parte mais inferior do funículo espermático e seus envoltórios. 3) Descreva o dartos, a maneira como ele separa os subcompartimentos escrotais e sua constituição. O dartos consiste sobretudo de fibras musculares lisas e não contém gordura. Encontra-se firmemente aderido à pele. É contínuo com a fáscia superficial do períneo e com a fáscia superficial do pênis. Sua parte superficial acompanha o contorno do escroto, porém sua parte profunda passa em direção interior, na rafe, para formar o septo do escroto, responsável pela divisão do escroto em dois subcompartimentos. O dartos separa-se da fáscia espermática externa por tecido conectivo frouxo, permitindo o movimento livre do escroto sobre ela (fáscia espermática externa). Este tecido conectivo frouxo é local comum para a coleta de líquido edematoso ou mesmo de sangue. Observação: os vasos linfáticos são especialmente numerosos no escroto e drenam para o grupo de linfonodos inguinais superficiais. A parte anterior do escroto é inervada pelo n. ilioinguinal e pelo ramo genital do nervo genitofemoral. A parte posterior é inervada pelos ramos escrotais medial e lateral do nervo perineal (do nervo cutâneo posterior da coxa). 4) A ereção peniana é fenômeno fundamental na realização da cópula, permitindo a adequação anatômica do pênis junto a cavidade vaginal, inclinada superiormente e para trás. Explique o mecanismo envolvido na ereção peniana. O estímulo de fibras parassimpáticas nos nervos cavernosos produzem uma vasodilatação das artérias helicinas e de outras pequenas artérias nas trabéculas do tecido erétil. O fluxo resultante de sangue nos espaços cavernosos produz uma distensão de ambos os corpos cavernosos e do corpo esponjoso. A saída de sangue não ocorre devido à pressão das veias que drenam os corpos eréteis. Ao término da ejaculação, os estímulos de nervos simpáticos provavelmente produzem uma vasoconstrição das artérias, sendo possível o sangue entrar nas veias e o pênis retornar ao seu estado de flacidez. 5) Em algumas religiões a circuncisão é tida como tradição, apesar de nem em todas ser uma obrigação. Explique em que consiste a circuncisão e quais são seus benefícios. A circuncisão corresponde à remoção cirúrgica do prepúcio, dupla camada de pele que se projeta do colo para recobrir a glande peniana. Seus benefícios são redução em até 90% de infecções no trato urinário, diminuição da incidência de câncer de pênis, diminuição do risco de doenças sexualmente transmissíveis, diminuição da incidência de inflamações no prepúcio e glande, acaba com o risco de parafimose e acaba com a necessidade de tratamento cirúrgico para fimose após os 6 anos de idade. * Observação: fimose corresponde à dificuldade ou impossibilidade de expor a glande do pênis em função de um anel muito estreito do prepúcio. Se acaso essa dificuldade/impossibilidade não for superada até os 6 anos de idade, o tratamento deve ser cirúrgico. 6) Explique as correspondências existentes entre a raiz e o corpo do pênis. A raiz do pênis é a sua parte fixa, situada no espaço superficial do períneo, entre a fáscia inferior do diafragma urogenital (superiormente) e a fáscia profunda do períneo (inferiormente). Compreende os ramos e o bulbo do pênis, três massas de tecido erétil. O corpo do pênis é a sua parte livre, peduncular, recoberta por pele. O corpo do pênis contém dois corpos cavernosos, continuações dos ramos, e um único corpo esponjoso, continuação do bulbo. O corpo esponjoso se expande subitamente em sua extremidade anterior, formando a glande do pênis, cuja concavidade cobre as projeções cegas dos corpos cavernosos. Uma fenda mediana próxima à ponta da glande é o óstio externo da uretra, que representa a abertura da uretra peniana (esponjosa) para o meio externo. 7) Cite as principais características da pele do pênis. A pele do pênis é fina, lisa, elástica e de cor escura. Próxima à raiz do pênis ela contém alguns pêlos. Encontra-se presa frouxamente à tela subcutânea, exceto na glande, onde está aderida firmemente ao tecido erétil subjacente. Várias glândulas prepuciais pequenas estão localizadas na coroa e colo da glande. Elas são responsáveis pela secreção sebácea denominada esmegma, que apresenta um odor característico. 8) Quais são os órgãos genitais externos femininos? Os órgãos genitais externos femininos são a vulva e o pudendo, que compreendem o monte da pube, os lábios maiores, os lábios menores, o vestíbulo da vagina, a clitóris, o bulbo do vestíbulo e as glândulas vestibulares maiores. Monte da pube: elevação mediana e arredondada, anterior à sínfise púbica. Consiste em um acúmulo de gordura onde a partir da puberdade pêlos grosseiros são encontrados. Lábios maiores: duas pregas alongadas que deixam entre si a rima do pudendo. Estendem-se ínfero-posteriormente a partir do monte da pube. Suas faces externas contém pregas pigmentadas com várias glândulas sebáceas e sem pêlos. São freqüentemente unidos nas região anterior pela comissura anterior. Sua tela subcutânea consiste principalmente de gordura. Eles contém as terminações dos ligamentos redondos do útero, alguns feixes de fibras musculares lisas, nervos, vasos sangüíneos e linfáticos. São homólogos ao escroto. Lábios menores: duas pregas pequenas de pele localizados entre os lábios maiores, a cada lado da abertura vaginal. Terminam posteriormente juntando-se na face medial dos lábios maiores. Nesse ponto, nas virgens, são conectados por uma prega transversa, denominada frênulo dos lábios do pudendo ou forquilha. Anteriormente cada lábio menos se divide em parte lateral e medial. A parte lateral encontra-se com a correspondente contralateral para formar uma prega sobre a glândula do clitóris, denominada prepúcio do clitóris. As duas partes medias unem-se abaixo do clitóris para formar o frênulo do clitóris. Os lábios menores estão desprovidos de gordura, a pele que os cobre é lisa, úmida e rósea. Encontram-se escondidos pelos lábios maiores, exceto em crianças e em mulheres após a menopausa, quando os lábios maiores têm uma perda de tecido adiposo e tornam-se menores. Vestíbulo da vagina: fenda entre os lábios menores, contém os óstios da vagina, da uretra e os ductos das glândulas vestibulares maiores. O óstio externo da uretra situa-se atrás doclitóris, em posição imediatamente anterior ao óstio da vagina; fenda mediana cujas margens estão ligeiramente evertidas. O óstio da vagina, maior que o da uretra, também é uma fenda mediana, cujo tamanho e aparência dependem das condições do hímen. Os ductos das glândulas vestibulares maiores, em número de dois, abrem-se a cada lado do óstio da vagina. A fossa navicular ou vestibular é uma rasa depressão situada no vestíbulo entre o óstio da vagina e o frênulo dos lábios. Clitóris: homólogo ao pênis, consiste de tecido erétil, capaz de aumentar de tamanho com ingurgitamento sangüíneo. Não é atravessado pela uretra. Encontrado posteriormente à comissura anterior dos lábios maiores, escondido em grande parte pelos lábios menores. Origina-se da pelve óssea por dois ramos e seu corpo é formado pelos corpos cavernosos. A glande do clitóris é uma elevação pequena e arredondada da terminação livre do corpo, sendo altamente sensível e erétil. O ligamento suspensor do clitóris o põe em conexão com a sínfise púbica. Bulbo do vestíbulo: duas massas pares e alongadas de tecido erétil que se localizam lateralmente ao óstio da vagina. É homólogo ao bulbo do pênis e ao corpo esponjoso. Glândulas vestibulares maiores: são dois corpos pequenos e arredondados localizados atrás do bulbo do vestíbulo. O ducto de cada glândula se abre em um sulco entre o lábio menor e a borda fixa do hímen. São homólogas às glândula bulbouretrais dos homens. Comprimem-se durante o coito e secretam muco para lubrificar a extremidade inferior da vagina. Detalhes da inervação: os lábios maiores e menores são inervados pelos nervos labial anterior (ramo do nervo ilioinguinal) e pelos nervos labiais posteriores (ramos do nervo pudendo). O bulbo do vestíbulo é inervado pelo plexo uterovaginal, que se continua como nervos cavernosos do clitóris. O clitóris também é inervado pelo nervo dorsal do clitóris. Estes nervos incluem fibras sensitivas, algumas condutoras de dor outras se originam de uma variedade de receptores especiais; fibras autônomas, que inervam numerosos vasos sangüíneos e que inervam várias glândulas. 9) A prática de excisão do clitóris, praticadas por algumas religiões, consiste em uma mutilação da mulher em prol da “moral”, a fim de que ela jamais busque o sexo pelo prazer. De fato, o clitóris, órgão homólogo ao pênis, é extremamente sensível, sendo responsável em parte pelo prazer sexual nas mulheres. Todavia, essa prática, hoje condenada pela maior parte dos países, desprovê as mulheres de qualquer forma de prazer sexual? Não. Na verdade, outras áreas da genitália externa feminina, próximas ao óstio da vagina, são também de grande sensibilidade, compensando em parte a perda sensorial advinda da excisão do clitóris. Além disso, o ato sexual e suas formas de prazer não se vinculam somente aos órgãos genitais, sendo que, obviamente, outras áreas da superfície corporal podem ser estimuladas para o mesmo fim.
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