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1 HISTÓRIA DO DIREITO E DOS SISTEMAS JURÍDICOS – CONTEÚDO N1 UNIDADE I 1.1. CONCEITUAÇÃO E OBJETO DA HISTÓRIA DO DIREITO História tem origem na palavra grega que significa investigar. Então vamos investigar o direito. A história te qualifica, te impõe, te justifica. Exemplos de características das sociedades e frutos da evolução histórica que explicam as instituições jurídicas. A nossa Constituição é tão ampla e pormenorizada, por conta da Ditadura. O medo de uma nova restrição de direitos, fez com que o constituinte detalhasse e assegurasse o máximo de regras possíveis. A aquisição da consciência histórica ocorre na relação que se estabelece entre o passado vivido e o momento presente. A história do Direito vai valer-se da periodização ocidental, as transformações políticas ocorridas na Europa nos termos do calendário Gregoriano (papa Gregório), mas certamente, cada sociedade tem sua própria história, não podemos vincular a concepções de civilizações atrasadas. Na história da civilização humana encontramos a história do Direito. Não há como afastar o contexto histórico da formatação da teoria jurídica do Direito e de suas instituições. Os primórdios sobre noções de dignidade, as proteções, conquistas, os direitos e até restrições se explicam pela história. As necessidades geram as medidas, moldam à sua época e delas surgem às teorias do mundo que explica o Direito e às teorias jurídicas. No curso da história tudo se faz e desfaz, se solve e resolve. Toda composição de direitos e deveres da civilização tem a sua necessidade histórica. Desta transformação histórica surgem às providências, as ações, as contradições e toda ciência produzida pelo homem, que no fim se presta a manter sua própria existência. PERIODIZAÇÃO OCIDENTAL Pré – 2.000 anos a. c. Antiga – até 476. D.C. Média – até 1453 Tomada de Constantinopla Moderna – até 1789 Revolução Francesa Contemporânea – atualmente 1.2. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA: O fato de pertencermos a um grupo nacional, familiar, pode fazer com que o passado desse grupo tenha um atrativo particular para o nós, seguida pela curiosidade, seja anedótica ou acompanhada de uma exigência da inteligibilidade. Em tempos de crise, uma sociedade volta seu olhar para o seu próprio passado e ali procura um sinal para buscar restauração ou futuro – rejeitar e voltar ao passado tradicional ou aceita-lo e compreender o sentido. Exemplo: nazismo e a banalidade do mal. A História do Direito: a) Auxilia na compreensão das conexões que existem entre a sociedade, suas características, e o direito que produziu. b) Auxilia ao autoconhecimento não somente pessoal ou social, mas também no exercício de tarefas profissionais. c) Ensina não somente o que o Direito tem “feito”, mas o que o Direito é Ensina H. de Page: “A história do direito é muitas vezes trarada com um condescendente desdém, por aqueles que entendem ocupar-se apenas de direito positivo. Os juristas que se interessam por ela, quase sempre com investigações muito longas e muito laboriosas, são frequentemente acusados de pedantismo... Uma apreciação deste género não beneficia aqueles que a formulam. Quanto mais avançamos no Direito civil, mais constatamos que a História, muito mais do que a Lógica ou a Teoria, é a única capaz de explicar o que as nossas instituições são as que e porque é que são as que existem.” 2 1.3. CONCEITO DE DIREITO Em sentido comum: “conjunto de normas para a aplicação da justiça e a minimização de conflitos de uma dada sociedade”. É o ser humano quem faz o Direito e é para ele que o Direito é feito. Origem da Palavra Direito: a) No baixo latim ou latim popular - junção de dis (muito intenso) + rectum (reto) = disrectum, Directum, que significa o que é reto ou o que é justo; b) No latim clássico – Jus, provavelmente originária do sânscrito (recinto sagrado onde se ministrava a Justiça – Jus, significa o ordenado, o sagrado, o consagrado etc.) (― jus – justo, justiça, júri, jurisconsulto, jurisprudência etc.) 1.4. Ponto em comum entre o Direito e a História. O homem é naturalmente o produtor da cultura. A legislação dos povos equivale precisamente ao seu tempo e se explicam no espaço de sua gestação. 1.5. AS TAREFAS DA HISTÓRIA DO DIREITO Verificar a: (i) cultura (ii) ordenamento (iii) conjunto de instituições. (i) história da cultura: Historiar a cultura jurídica é historiar o modelo literário, os gêneros, as inovações na exposição da matéria. Pergunta-se: 1)Será que todos têm a mesma cultura?2) O advogado de pequenas causas lê as mesmas coisas que o estudante de uma faculdade inovadora? 3) O que cada um deles lê? Sendo um povo novo e de cultura jurídica recente, há um mau hábito de não nos darmos conta de nossa história. Transportemos estas questões para o passado e vemos o quanto de campo de pesquisa há de ser ainda levantado. Exemplo: faixa de pedestre (ii) história dos ordenamentos e das instituições: As instituições são e foram influentes na vida jurídica. Pergunta-se: 1) Como faziam as partes para apelar das sentenças no Brasil colonial? 2) Quais as divisões de poderes entre os sistemas formais de controle social, e os sistemas informais: vizinhança, igreja, família? Se o juiz não chegava a toda parte, o padre passava com maior frequência ou não. 3) Que espécie de costume e de relação entre costume e lei se fez no Brasil pré-colonial? Exemplo: júri e juiz. UNIDADE II Sociedades Primitivas e as Primeira Civilizações da Antiguidade O Direito dos povos sem escrita: 2.1. Etimologia: Povos sem escrita ou ágrafos: (a= negação + grafos = escrita). 2.2. Sociedades Primitivas e da Antiguidade: Somente pode ser estudada a partir do advento da escrita, antes disso chamamos de Pré-História. Há dificuldade, por falta de escrita, de se ter acesso a ela. Antes do surgimento da escrita pouco se sabe sobre a história da civilização. Foi a descoberta da escrita por volta de mais ou menos 4.000 a 3.500 a.C., no início da Idade Antiga que permitiu que a história começasse a ser revelada. 2.3. Características dos povos agrafos: (i) não tem grande desenvolvimento porque são nômades em sua grande maioria caçadores, coletores. (ii) todos os povos agrafos, sem exceção, baseiam seu dia a dia em religiosidade profunda. A evolução dos hominídeos (gênero de grandes primatas) e o surgimento de espécies com aparência mais humana, como o homo erectus e depois o homo sapiens, implicou na primeira evolução organizacional coletiva, com as comunidades tribais. O líder da comunidade sempre era o mais velho, aquele com mais experiência e mais conhecimento empírico sobre os fatos. Essas comunidades tribais eram essencialmente nômades, com modo de subsistência predatório e de uso, sem qualquer tipo de cultivo. 3 2.4. Características gerais do Direito dos povos agrafos: (i) abstratos: as regras eram decoradas e passadas de pessoa para pessoa da forma mais clara possível. (ii) numerosos: cada comunidade tinha seu próprio costume e vivia isolada no espaço e, muitas vezes, no tempo. (iii) relativamente diversificados: a distância no tempo e no espaço fazia com que cada comunidade produzisse mais dissemelhanças do que semelhanças em seus direitos. (iv) impregnados de religiosidade: como a maior parte dos fenômenos são explicados, por estes povos, através da religião, a regra jurídica não foge a este contexto. 2.5. Fontes do direito dos povos agrafos: (i) costumes: o que era tradicional no viver e conviver da comunidade torna-se regra a ser seguida. (ii) precedente: as pessoas que julgam (chefes e anciões) tendem a voluntáriaou involuntariamente, aplicar soluções já utilizadas anteriormente. 2.6. Formação do Direito nas Sociedades “primitivas”: Ora, as normas de controle social que impõem obediência ao homem primitivo são afetadas por necessidades sociais e por motivações psicológicas. É neste contexto que se deve interpretar o direito primitivo. A função principal do direito é limitar certas inclinações comuns, “canalizar e dirigir os instintos humanos e impor uma conduta obrigatória não espontânea (...)”, assegurando um modo “de cooperação baseada em concessões mútuas e em sacrifícios orientados para um fim comum. Uma força nova, diferente das inclinações inatas e espontâneas, deve estar presente para que esta tarefa seja concluída.” (Malinowski) 2.7. Transmissão de regras e Comprovação da existência do direito na Pré-História: (i) procedimento oral: em intervalos regulares de tempo muitos grupos têm suas regras enunciadas a todos pelo chefe (ou chefes) ou anciões. (ii) provérbios ou ádagios: desempenham papel decisivo na tarefa de fazer conhecer as normas da comunidade. O Direito já era utilizado nas instituições que dependem muito de conceitos jurídicos, como casamento, poder paternal ou maternal, propriedade, hierarquia no poder público, etc. 2.8. A evolução do Direito: Temos o berço do direito civil, o penal e o tributário e o administrativo. A passagem para o sistema pater famílias surgiu com a prática extrativista do cultivo da terra e domesticação de animais. Elas permitiram que as tribos se estabelecessem, pois com os excedentes e reservas elas não necessitavam buscar fontes de alimentação. Passou-se a adotar a tutela individual da terra, a posse de seus frutos e das pessoas estranhas à sua família, surgindo o escravismo e necessidade de regular os conflitos. O florescer das civilizações antigas está diretamente a origem das civilizações. Antes do direito comunitário, da pequena comunidade familiar e de cultivo, evoluiu para controle de grandes regiões, com a formação de grandes civilizações – hoje países. A grande maioria era ligado à existência de bacias hidrográficas. Na verdade a agricultura mudou radicalmente a face do planeta, com a possibilidade te sedentarização dos grupos humanos, a fixação a terra, a propriedade privada, os núcleos familiares, sucessão e o posterior surgimento das grandes civilizações próximas aos rios. Ex: Egito (Nilo); Mesopotâmia (Tigre e Eufrates). Essa área é o berço de diversas civilizações, como os Sumérios, Babilônios, Israelitas, Fenícios, Assírios, Persas, entre outros. Neste cenário, surgem os impérios ou grandes civilizações que se organizam em torno de cidades que se submetem, pelo poder militar, as outras cidades e o campo à sua volta. A cidade é o centro de controle de informações com o desenvolvimento da escrita e da arrecadação de tributos e reservatório de riquezas. 4 3. As primeiras grande civilizações: Egito e Mesopotâmia. 3.1. Características da sociedade: (i) solo propício à agricultura, bem como a navegação fluvial, urbanização dá-se de forma gradual (ii) na Civilização Egípcia predominou um Estado Teocrático (poder político associado ao poder religioso), vinculado ao regime de castas. A primeira camada da sociedade era formada pelos sacerdotes e pelos guerreiros, abaixo vinham os pastores, os agricultores e os artesãos. Os negros formavam a última classe. (iii) cidades-estados, com vários funcionários principalmente os escribas e escravos apenas prisioneiros de guerra ou vendidos. (iv) influência da religião politeísta. Deuses humanos que tinham filhos (v) poucas fontes (documentos registrados em pedra ou papiro) (vi) primeiros textos em hieróglifos. Cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações. 3.2. Características do Direito e do sistema jurídico: (i) monarquia (unificada) como forma de governo. O governante personificava o Estado, o poder central definido, titularizado pelo faraó (Faraó como autoridade suprema). (ii) Direito frágil, pois justo é aquilo que agrada o Faraó. O Faraó era, a um só tempo, governante, sacerdote, juiz e guerreiro, ou seja, ele detinha todos os poderes do Estado. (iii) Controle das terras pelo Estado, as terras pertenciam ao rei, podendo as castas privilegiadas usufruí-las pagando altíssimos tributos à Coroa – trabalho compulsório. O direito de propriedade e dos contratos limitava-se a locações de serviço e a transações com bens móveis. (iv) a doação de bens móveis a outrem era possível, por ato inter -vivos, o testamento era desconhecido. (v) nos tribunais, os juízes julgavam em nome do faraó, orientados por um funcionário do Estado (vi) Superioridade total do marido no matrimônio. a mulher mantinha a propriedade de seus bens. Era facultado o casamento entre 5 irmãos e irmãs e, por isso, muitos estudiosos acreditam que a instituição judaica do levirato 1 teve sua origem na cultura egípcia (vii) As penas eram rigorosas: o homicídio, pena de morte; o parricídio: morte na fogueira; adultério: homem mil açoitadas e a mulher mutilavam o nariz. O que acusava falsamente sofria o castigo que o acusado caluniado teria suportado. Cortavam as mãos aos que falsificavam as escrituras ou as moedas. O homicídio, mesmo de um escravo, era punido com a morte e era igual ao assassino todo aquele que, podendo salvar um homem em perigo, o não fazia. Para o furto, escravidão do ladrão ou mutilação. As penas mais usadas no Direito Penal Egípcio eram: mutilações (ablações das orelhas, do nariz, da língua ou das mãos), exílio, lançamento à fogueira, etc. (viii) poucas fontes (documentos registrados em pedra ou papiro) e formalismo oral. 3.2.1. A evolução do Direito: SAGRADO – COSTUMES – LEGISLAÇÃO (CÓDIGOS) O Direito era então uma tradição sagrada mantida pelos sacerdotes, que foram os primeiros juízes. Secreto era o conhecimento do Direito, guardado pelos sacerdotes ou pelos mais velhos. Com o tempo, o Direito tornou-se o conjunto de decisões judiciais que, sendo ininterruptamente repetidos, tornaram-se costumes. Então, das sentenças surge os costumes e dos costumes as leis, ou melhor, o Direito. O direito, de início, foi casuisticamente estabelecido, na forma de “sentença” ou decisões. Das sentenças nascem os costumes. A medida que a sociedade torna-se complexa, as relações jurídicas se multiplicam, tornando incerto os costumes, surgem as compilações. Na verdade, as sociedades mesopotâmica e egípcia, em face de seu caráter urbano e comercial, passaram a desenvolver um grau de complexidade que exigia a vigência de um direito mais abstrato do que o simples costume ou tradição religiosa. Era necessário um conjunto de leis escritas, que desse previsibilidade às ações no campo privado e do “Estado- rei”, que estipulasse algum tipo de tribunal ou juiz para resolver controvérsias e que fosse inteiramente seguido em toda a extensão do reino para o qual se destinava. Deve ser ressalvado, contudo, o fato de que uma característica do direito arcaico ainda produziu efeitos nessas civilizações urbanas: as normas de direito tinham sua justificação no princípio da revelação divina. A noção de responsabilidade política pela decisão legislativa é estranha à Mesopotâmia e ao Egito. 3.3. As primeiras Leis escritas: as primeiras codificações. 3.3.1. Códigode Ur-Nammu (fundador da terceira dinastia de Ur): O Código de Ur-Nammu (cerca de 2040 a.C.), surgido na Suméria, descreve costumes antigos transformados em leis e a enfatização de penas pecuniárias para delitos diversos ao invés de penas severas. Considerado um dos mais antigos de que se têm notícias. O Código de Ur-Nammu foi descoberto somente em1952. É possível identificar em seu conteúdo dispositivos diversos que adotavam o princípio da reparabilidade dos atualmente chamados danos morais. Existia um sistema judiciário, onde os juízes, em geral eram os membros mais velhos da comunidade. Havia leis e contratos escritos nos tribunais, negócios e até nos casamentos. No casamento o contrato estipulava cláusulas, onde constavam os deveres e multas, em caso de divórcio. 3.3.2. Código de Hamurabi: Elaborado por Hamurabi, o sexto rei da Babilônia, ele regulamentava uma série de direitos comuns para ordenar a convivência humana naquele momento histórico. O Código de Hammurabi está gravado em um enorme bloco cilíndrico de pedra negra (dorita), de 2,25 m de altura, com 2 m de circunferência, encontrado em 1901, por uma missão francesa chefiada por Jacques de Morgan, nos arredores da cidade islamita de Susa, na Pérsia, para onde fora levado, por volta de 1175 a.C. como despojo de guerra. O Código de Hammurabi encontra-se no museu do Louvre na França. 1 LEVIRATO é o costume, observado entre alguns povos, que obriga um homem a casar-se com a viúva de seu irmão quando este não deixa descendência masculina, sendo que o filho deste casamento é considerado descendente do morto. Este costume é mencionado no Antigo Testamento como uma das leis de Moisés. O vocábulo deriva da palavra "levir", que em latim significa "cunhado". 6 Acreditavam os babilônios ter Hammurabi recebido esse código do deus Sol (Shamash). A própria estela, no alto, contém um relevo representando essa transmissão, onde o deus Sol o teria confiado a Hammurabi, tornando-o Rei do Direito, com a missão de decidir com equidade e disciplinar os maus e os mal-intencionados e impedir que o forte oprima o fraco. Mesmo o Código de Hammurabi não sendo o mais antigo, ele é o mais famoso.Trata-se de uma coletânea de julgados e hipóteses não especializados, que contém todo o ordenamento jurídico da cidade, regido por sacerdotes. O poder paternal era extenso, e o pai insolvente poderia entregar a família ao credor para que eles trabalhassem ao seu serviço. Apesar de conhecido como primeira codificação, o grande destaque foi para o domínio do direito privado. Eles praticavam a venda a crédito, o arrendamento, o empréstimo a juros, título de crédito a ordem, operações financeiras de larga escala. Contudo, ficou mais conhecido pelo seu rigor penal, pela conhecida pena de talião, que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. É uma das mais antigas leis existentes. Alguns pontos do Código de Hammurabi: a) A Pena de Talião: A pena para o delito é equivalente ao do dano causado chegando a aplicá-lo radicalmente mesmo quando, para conseguir a equivalência, penaliza outras pessoas que não o culpado. Muito utilizada para os danos físicos. Talião não contava quando os danos físicos eram aplicados a escravos à medida que estes podem ser definidos como bens alienáveis - Arts. 196, 229 e 230. b) Roubo e Receptação: Penaliza tanto o que roubou ou furtou quanto o que recebeu a mercadoria. Art. 22 e 06. c) Falso Testemunho: O falso testemunho é tratado com severidade pelos povos antigos, porque provas materiais eram mais difíceis; contavam na maior parte dos processos somente com testemunhas. O Código separa uma causa de morte de uma causa que envolve pagamento. Arts. 03 e 04. Se causou um morte a pena é pena de morte (Ex. bruxaria). Se causou pagamento, deve pagar. d) Estupro: Não havia pena alguma se as vítimas fossem “virgens casadas” (mulheres que tinham um contrato de casamento firmado, mas ainda não coabitavam com os maridos). e) Família: O casamento legítimo somente era válido se houvesse contrato; e o era feito como no sistema de hoje chamado de “regime de comunhão de bens”. f) Escravos: O tempo de escravidão por dívida era limitado a três anos. g) Divórcio: O marido podia repudiar a mulher nos casos de recusa ou negligência em “seus deveres de esposa”; e, qualquer dos cônjuges podia repudiar o outro por má conduta, mas neste caso a mulher deveria ter uma conduta ilibada. h) Adultério: Somente a mulher cometia o crime, o homem era, no máximo, cumplice; e se a mulher não tivesse compromisso (solteira), não havia crime; e quando pegos, os adúlteros pagavam com a vida, contudo, o marido podia conceder o perdão. i) Processo: um juiz podia ser um leigo (não poderia alterar seu julgamento após o encerramento do processo), um sarcedote e até forças da natureza. j) Trabalho: prevê o pagamento que um médico deve ter, bem como os lavradores, pastores, tijoleiros, alfaiates, carpinteiros,etc. Prevê e pune o erro médico. k) Herança: os filhos podiam ser deserdados (necessário exame por parte dos juízes), e não havia a primogenitura (o filho mais velho poderia ser o primeiro a escolher sua parte da herança) a tendência era dividir sempre em partes iguais, enquanto as filhas casadas eram excluídas (já haviam recebido o dote),enquanto as filhas solteiras, quando casassem, receberiam o seu dote das mãos dos irmãos.. Mas os filhos, mesmo reconhecidos, ou frutos de casamento, podiam ser deserdados, mas para isso deveria haver um exame por parte dos juízes – Arts. 170, 183,184 e 168); l) Adoção: Essa sociedade foi bastante humana no tocante à adoção. Admiti adoções até a pessoas estranhas à família. Uma criança fosse adotada logo após seu nascimento, não poderia mais ser reclamada; a criança que fosse adotada para aprender um ofício, e o ensinamento estivesse sendo feito, ela não poderia ser reclamada. Caso esse ensino não estivesse sendo feito, o adotado deveria voltar à casa paterna. Se a criança, ao ser adotada, já tivesse mais idade e reclamasse por seus pais, tinha que ser devolvida. Em outros casos, se o adotado renegasse sua adoção, seria severamente punido; se o casal, após adotar, tivesse filhos e desejasse romper o contrato de adoção, o adotado teria direito a uma parte do património deles a título de indenização – Art. 185); 7 m) Código do Consumidor: Na Babilónia de Hammurabi, havia leis que protegiam os cidadãos do mau prestador de serviços. Art. 25 § 227 - "Se um construtor edificou uma casa para um Awilum, mas não reforçou seu trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte do dono da casa, esse construtor será morto". 3.3.3. Cilindro de Ciro: Escrito em 539 a.C. pelo rei da Pérsia (antigo Irã), gravado em um cilindro de barro de 2,25m de altura sobre base de 1,90m com 46 colunas e um texto de 3.600 linhas, que é considerado para a maioria dos historiadores o primeiro tratado do Direito do Homem. E isto porque ele apresentava características inovadoras como a liberdade religiosa e abolição da escravatura, além de um caráter humanitário com o decreto que o rei Ciro autoriza os judeus exilados por setenta anos, a voltarem às suas terras de origem. Trata-se do célebre deslocamento dos judeus exilados atravessando o deserto desde a Pérsia e Babilônia até à terra de Israel e Jerusalém. As suas estipulações são análogas aos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Cilindro de Ciro foi descoberto pelos ingleses em expedição patrocinada pelo Museu Britânica em 1879 no território da antiga Mesopotâmia. Em 1971, a ONU (Organização das Nações Unidas) o traduziu para todos seus idiomas oficiais. A sua posse ainda é objeto de discussão entre a Inglaterra e o Irã que acredita fazer parte da sua herança cultural. Recentemente, após muitas negociações diplomáticas e ultimatos do governo iraniano,em setembro de 2010 o Museu Britânico emprestou por quatro meses a sua exposição ao Museu Nacional do Irã. O cilindro retornou a posse britânica em abril de 2011. 4. O SISTEMA HEBRAICO 4.1. História do povo hebreu. Compreender a história do povo hebreu explica o desdobramentos da questão Palestina e o Estado de Israel. Os hebreus eram um povo de origem semita que vivia também na Mesopotâmia no final do segundo milênio a.C. Semita vem do hebraico Sem, nome do filho mais velho de Noé. Nome dados aos seus descendentes. Povo nômade, conhecido pela prática do pastoreio. Todas as referências a esse povo estão narradas nos cinco primeiros livros da Bíblia, chamada de Tora pelos judeus e de Pentateuco pelos cristãos. Segundo a Bíblia, Abraão era um pastou nômade da Mesopotâmia. O Deus de Abraão lhe ordenou que partisse dali com seu grupo para uma terra com mais pastagens para o rebanho. Por volta de 1.800 a.C., de acordo com a cronologia bíblica, Abraão e sua tribo partiram para a Palestina, chamada de Canaã, em busca da Terra Prometida. 8 Estabelecidos na nova terra, os hebreus continuaram como pastores nômades, organizados em grupos familiares, chefiados por anciãos que receberam o nome de patriarcas. Os primeiros foram Abraão, seu filho Isaac e Jacó, filho de Isaac, que teve seu nome mudado para Israel. Os descendentes de Jacó foram chamados de israelitas. Ainda segundo a Bíblia, um período de seca prolongado obrigou Israel e seus descendentes a emigrar para o Egito, na época governado por um povo estrangeiros, os hicsos. Após a expulsão dos hicsos, os hebreus foram acusados de colaborarem com os invasores e foram escravizados pelos egípcios. Por volta de 1.250 a.C. surgiu a figura de Moisés, filho de hebreus criado pela filha do faraó. A sequência da liberdade do povo hebreu do cativeiro egípcio é conhecida pelos cristãos que se transformaram em monoteístas e comemorada como a Páscoa do povo judaico. Mas o destaque para História do Direito são os Dez Mandamentos – código de leis do povo hebreu, recebido por Moises no Monte Sinai. No livro do Êxodo, que transcreve a travessia do povo israelense sob a liderança de Moisés, veem-se os israelitas aprendendo, através dos Dez Mandamentos (o Decálogo), não só como se comportar pessoalmente, mas principalmente como conviver em uma nação. Eles também eram orientados no sentido de abandonar a idolatria e se unir em torno da crença na existência de um Deus único. Aliás, quando Moisés retornou do Monte Sinai, segundo a Bíblia, teve um acesso de cólera ao encontrar seu povo adorando ídolos de ouro. Foi exatamente neste momento que ele quebrou as primeiras tábuas, logo depois substituídas. Estas leis passariam a nortear toda a vida social, política e religiosa dos israelitas. Eis a transcrição bíblica dos Dez Mandamentos: 1 - Eu sou teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa dos escravos. Não terás outros deuses em desafio a Mim. 2 - Não farás imagem esculpida, nem semelhança alguma do que há em cima nos ceús, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não adora-las-á, nem prestar-lhes-á culto, por que eu, teu Deus, sou Deus zeloso e que puno o erro dos pais nos filhos até sobre a terceira geração e sobre a quarta geração dos que me odeiam, mas que uso de benevolência para com até a milésima geração dos que me amam e que guardam os meus mandamentos. 3 - Não tomarás o nome teu Deus, em vão, pois Deus não considerará impune aquele que tomar seu nome em vão. 4 - Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o Sábado de teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez Deus o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso Deus abençoou o dia do Sábado, e o santificou. 5 - Honra a teu pai e a tua mãe, a fim de que os teus dias se prolonguem sobre o solo que teu Deus, te dá. 6 - Não assassinarás. 7 - Não cometerás adultério. 8 - Não furtarás. 9 - Não levantarás falso testemunho contra teu próximo. 10 - Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu touro, nem seu jumento, nem qualquer coisa que pertença ao teu próximo. Os Mandamentos eram de extrema importância para a organização do povo israelita em uma nação, pois Israel era uma teocracia, ou seja, Deus era seu rei. 9 Ao retornarem da escravidão egípcia para Canaã, a Palestina é transformada no Reino de Israel (antigo rei Jacó que mudou de nome) e Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de Salomão, filho de Davi, as tribos dividem-se em dois reinos: Reino de Israel e Reino de Judá (judeus). Neste momento de separação, aparece a crença da vinda de um messias que iria juntar o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo. Em 721 a. C. começa a diáspora judaica (dispersão do povo) com a invasão babilônica. O imperador da Babilônia, após invadir o reino de Israel, destrói o templo de Jerusalém e deporta grande parte da população judaica. No século I (70. D.C.), os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém. No século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora judaica. Após estes episódios, os hebreus espalham-se pelo mundo, mantendo a cultura e a religião. Em 1948, o povo hebreu retoma o caráter de unidade após a criação do estado de Israel. Essa dispersão dos judeus pelo mundo fez com os hebreus/judeus tendessem a perder sua identidade étnica e política, o que os unirá a partir de então sobretudo na identidade religiosa. Contextualizando questões atuais.... 4.1.1. O Estado de Israel. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo se deparou com as sequelas de anos de crueldade: mais de seis milhões de judeus exterminados nos campos nazistas. Com isso, as organizações voltadas para ajuda humanitária passaram a resgatar os judeus que sobreviveram aos campos de concentração e embarcá- los clandestinamente para a palestina. A Inglaterra tentou de todas as formas barrar o desembarque dos refugiados, lembrando que a Palestina era concessão britânica adquirida após a Primeira Guerra Mundial. O fato sensibilizou a opinião pública mundial e revigorou a ideia de criação de um Estado judeu na Palestina, pois já ocorria uma migração natural de judeus para esse território. (SIONISMO – movimento que defendia a reunião dos judeus de todo mundo em um Estado judaico). Em 1947, em assembleia realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi deliberada a divisão da Palestina em dois Estados, o Estado Judeu e o Estado Árabe. Em maio de 1948, os judeus, liderados por David Bem Gurion, fundaram oficialmente o Estado de Israel. No entanto, o Estado 10 árabe prenunciado pela ONU nessa partilha não foi estabelecido e os palestinos lutam até hoje para ter o seu Estado. Esse episódio foi denominado Questão Palestina. A revolta dos países árabes foi imediata à criação do Estado de Israel. Isso culminou no primeiro conflito árabe israelense. Com o apoio militar e financeiro recebido de outras nações, Israel venceu a guerra e dominou mais da metade do território reservado aos árabes no plano de divisão da ONU. Com a derrota da guerra de 1948, cerca de meio milhão de palestinos foram obrigados a deixar a terra em que viviam para se refugiar em países vizinhos. Expulsos de suas terras, os palestinos eram maltratados,inclusive nos países árabes. Somente a Jordânia permitiu a integração dos palestinos em sua sociedade, mas sendo vigiados permanentemente. Nos outros países eles passaram a viver em acampamentos para refugiados, com a ajuda da ONU. Desde então, o Oriente Médio tornou-se uma das regiões mais conflituosas do globo, cenário de consecutivos conflitos extremistas entre judeus e árabes. 4.1.2 A Questão Palestina Estima-se que quando o primeiro conflito se iniciou em 1948, viviam na região da Palestina cerca de 1,4 milhão de palestinos. Ao terminar o conflito, um ano depois, metade dos palestinos já tinham deixado suas casas para viver em terras da Palestina ainda não controladas por Israel e em países árabes vizinhos. Desde então palestinos passaram a lutar pelar recuperação de seus antigos territórios e pela criação de um Estado independente, conforme resolução da ONU, de 1947. Na luta pela afirmação da soberania palestina surgiu a Organização para a Libertação da Palestina, criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat, que se tornou o principal representante do povo palestino. 4.1.3 A Intifada Em 1987, os palestinos que viviam na Faixa de Gaza e na Cisjordânia iniciaram uma rebelião contra a ocupação israelense. Esse primeiro movimento, espontâneo, levou o nome de Intifada (guerra de pedras), pois era assim que os palestinos enfrentavam o exército israelense. Em setembro do ano 2000 iniciou-se uma nova Intifada, reprimida pelo governo de Israel. A luta era motivada pela expansão das colônias judaicas em zonas árabes e pelo cerco das cidades palestinas pelo exército israelense. 4.1.4 Atualmente: Autoridade Nacional Palestina, o Muro de Proteção e as negociações de paz. Novas guerras entre Israel e os países árabes ocorreram depois de 1949, todas vencidas pelo Estado judeu (veja cronologia no vídeo da sala virtual). Enquanto Israel expandia seus territórios na Palestina, crescia, entre os palestinos, a população de refugiados, ao mesmo tempo que a estratégia do terrorismos para combater o Estado judeu atraía novos adeptos. No início da década de 1990, autoridades palestinas e o governo de Israel começaram a discutir a criação de um Estado palestino. O resultado concreto dessas negociações foi o Acordo de Oslo, assinado em 1993, que criava a Autoridade Nacional Palestina, entidade responsável pela administração dos territórios palestinos, e o controle palestino sobre a cidade de Jericó e a Faixa de Gaza. Em 2002, o governo israelense começou a construir um “muro de proteção” separando Israel da Cisjordânia, controlado pela Autoridade Palestina. O objetivo, segundo o governo, era frear a onda de atentados suicidas da Segunda Intifada. Com a morte de Arafat, em 2004, iniciou-se um período de disputa entre grupos palestinos pelo controle da Autoridade Palestina. O Fatah, grupo ao qual pertencia Arafat, defende a formação de um Estado palestino laico e soberano nas fronteiras anteriores a guerra de 1967. O grupo fundamentalista Hamas não reconhece o Estado de Israel e prega a formação de um Estado Islâmico soberano em toda Palestina. Nas eleições palestinas de 2006, as diferenças entre os dois grupos conduziram à ruptura política: a Faixa de Gaza ficou sob o controle do Hamas e a Cisjordânia sob a administração do Fatah. Depois disso, Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina e membro da Fatah, conduziu negociações paz com Israel, mediada pelos Estados Unidos e condenadas pelo Hamas. Um novo cenário do conflito na região surgiu em 2014. Após oito anos de negociação com Israel, sem progresso algum, o Fatah e o Hamas assinaram um acordo de reconciliação prevendo a formação de um governo de união nacional para os palestinos. A resposta de Israel e dos Estados Unidos foi imediata. Com o 11 Hamas, considerado por eles um grupo terrorista, não há negociação. A paz entre os dois povos parece cada vez mais distante. Voltando a História do Direito.... 4.2. Características da sociedade: (i) o começo, os Hebreus eram pastores nômades, os seus bens e tudo o que ganhavam pertenciam a todos do clã. Quando chegaram à Palestina, dedicaram-se à agricultura e desenvolveram o comércio. Depois de um tempo, surgiu a propriedade privada da terra e dos outros bens, o que causou as diferenças sociais. Logo, grandes proprietários e comerciantes já exploravam as minorias. (ii) Os estrangeiros detêm direitos em mesmo nível que os nacionais, à exceção das questões relativas à religião, às quais não tinham acesso a não ser que se convertessem. (iii) MONOTEÍSMO – Deus único. A cultura e a religião hebraica andaram juntas, pois o traço cultural mais forte dos hebreus era o judaísmo. Essa religião criada por Moisés, acredita em um único Deus (Jeová), na imortalidade da alma, no juízo final, recompensas e castigos após a morte e na vinda de um Messias (eles não acreditam que Jesus Cristo era esse Messias). (v) Origem das três grandes religiões: judaísmo, islamismo e cristianismo. 4.3. Características do Direito: (i) O Direito Hebreu era considerado de origem divina e não continha apenas matéria jurídica, contendo, também, preceitos morais e religiosos. O direito hebraico é um direito religioso, de religião monoteísta, diferente dos politeísmos que rodeava na antiguidade. (ii) O Direito é dado por Deus a seu povo, então desde logo é imutável. Os interpretes, mas especificamente, os rabinos podem interpretá-lo para o adaptar à evolução social, no entanto eles nunca podem modificar. (iii) Numerosas instituições hebraicas sobreviveram no direito medieval e moderno. Exemplo do dízimo e da sagração (rei da Inglaterra). (iv) Direito Civil: A Lei hebraica tinha um objetivo certo: proteger o povo eleito. Por isso, proibiu o casamento com estrangeiros. Vedava o empréstimo a juros entre compatriotas, porém permitiu-o ao estrangeiro. A sua lei dos contratos previa a compra-e-venda, o empréstimo, a locação das coisas e serviços e o depósito. Disciplinou o direito de vizinhança, o direito família e o direito de primogenitura. Prevê o levirato, ou seja, a obrigação da viúva sem filhos casar-se com o irmão do marido, para poder dar descendência ao morto. (v) Direito de família: Matrimônio não é regulado nessa legislação, é assunto puramente particular e que só diz respeito às famílias envolvidas. Mas, questões como adultério, divórcio e concubinato são previstas e reguladas nessa legislação. Adultério: o peso maior do crime de adultério está sobre a mulher casada, mas, nessa legislação, também há previsão de incriminação ao homem. “Se um homem for pego em flagrante deitado com uma mulher casada, ambos serão mortos, o homem que se deitou com a mulher e a mulher”. (Deut. 22, 22) Divórcio: todos os povos da Antiguidade preveem divórcio. Este só começou a ser proibido a partir do Cristianismo. Na legislação hebraica somente os homens podem divorciar-se, mesmo assim, teria que haver algo ‘vergonhoso’ na esposa para que o esposo pudesse repudiá-la. União Estável é considerada como algo normal. “Se alguém tiver duas mulheres [...] e ambas lhe tiverem dado filhos [...]” (Deut. 22, 15s). (vi) Direito Penal: Estupro: o estupro sem pena para a vítima é previsto nessa legislação, embora somente em um caso específico: o da mulher ter sido violentada em um lugar onde poderia ter gritado sem que ninguém a ouvisse. “Se houver uma jovem virgem prometida a um homem, e um homem a encontra na cidade e se deita com ela, trarei ambos à porta da cidade e os apedrejareis ate que morram: a jovem por não ter gritado por socorro na cidade e o homem por ter abusado da mulher de seu próximo. Contudo, se o homem encontrou a jovem prometida no campo, violentou-a e deitou-secom ela, morrerá somente o homem que se deitou com ela. Nada farás à jovem porque ela não tem pecado que mereça a morte”. (vii) Diferentemente do Direito Mesopotâmico, a mulher na sociedade hebreia não tinha capacidade civil, enquanto solteira pertencia ao pai, e depois de casada ao marido. “Não cobiçarás a casa de teu próximo. Não cobiçarás a mulher de teu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo” (Êxodo, 21:17). (viii) Escravos: outra norma Mosaica era a obrigação que o senhor de escravos tinha de tratar com dignidade aqueles que estavam sob seu domínio, e se fosse um escravo também hebreu, só poderia permanecer nessa condição por no máximo seis anos. Via de regra, a escravidão dos próprios hebreus se dava por dívidas, os camponeses não conseguiam pagar suas dívidas e eram reduzidos à escravidão. 12 (ix) A Legislação hebraica abrandou a pena o Talião, no caso de homicídio culposo, hipóteses em que o culpado era apenas banimento e criou a Legítima Defesa, para as situações em que a ação pudesse ser justificada. (x) A testemunha era de grande importância nos feitos jurídicos, mas tratou com o rigor da época, o falso testemunho. No que diz respeito às sanções, não havia distinção entre ricos e pobres, todos a eles estavam sujeitos. 4.4 . Fontes do Direito: Dez Mandamentos e depois essencialmente a Bíblia que contém a lei revelada por Deus aos israelitas. Compreende, na sua parte pré-cristã, isto é, no Antigo Testamento, três grupos de livros. O Pentateuco para os cristãos e chamado pelos judeus de Thora – Os cinco livros: - A Genese (a criação, a vida dos patriarcas) - O Êxodo (estadia no Egito e volta a Canaã) - O Levítico (livro de prescrições religiosas e culturais) - Os Números (sobretudo organização da força material) - Os Deuteronomios .O Código Hebreu está contido no Pentateuco, mais precisamente no quinto livro que é o Deuteronômio, palavra de origem grega, e que significa exatamente segundas leis. Ele foge às narrações e fixa os princípios básicos de conduta, as normas a serem seguidas e as sanções. É um livro da lei, que estabelece normas de direito público, direito privado, direito de família, direito do trabalho, direito penal e processual. Prescreve a total destruição dos ídolos, condena os falsos profetas, especifica os animais limpos e os imundos, fala sobre deveres dos Juízes, preconiza sobre testemunhos, dispõe sobre penas corporais, regras para pesos e medidas. 4.5. Regras processuais Os hebreus não eram muito desenvolvidos em leis processuais. Não havia nenhuma teoria processual ou princípio que ditasse as normas rituais. Só havia duas regras processuais aplicáveis. A primeira se dá em relação ao número de testemunhas que se deve ter para iniciar um processo. Jamais uma pessoa podia ser condenada pela oitiva de uma só testemunha. Neste aspecto no livro de Deuteronômio encontramos: “Uma única testemunha não é suficiente contra alguém, em qualquer caso de iniquidade ou de pecado que haja cometido. A causa será estabelecida pelo depoimento pessoal de duas ou três testemunhas”. (Deut. 19, 15). A segunda regra versava sobre a total apuração dos fatos antes do julgamento. Conforme leciona outra passagem de Deuteronômio: “deverás investigar, fazendo uma pesquisa e interrogando cuidadosamente”. (DT 13, 13 – 15) Neste aspecto processual lacunoso se pronuncia Rodrigo Freitas Palma: “As leis processuais entre os hebreus eram raras. Como se vê, neste campo, os orientais achavam ser mais conveniente improvisar, do que estabelecer um rol de procedimentos jurídicos rígidos a serem por eles fielmente seguidos. A razão para tanto é muito simples. Devemos convir que nossas atuais preocupações com as regras e os ritos processuais são devidas ao legado romano. Para os judeus, contudo, os procedimentos não se constituíam na questão mais importante”. 5. O SISTEMA JURÍDICO ISLÂMICO 5.1. Identificando a sociedade: No plano internacional não existe autoridade superior - nações são horizontais. Islâmico: todo aquele que professa a religião fundada por Maomé, independente da nacionalidade. Mulçumano: significa “submissão à vontade de Deus”. Atualmente designa aquele que é muito mais ligado aos dogmas do islamismo, que aplica os preceitos religiosos acima dos preceitos legais, positivados. Dentre os mulçumanos existe a divergência entre Xiitas e Sunitas. Xiitas acreditam na unidade do Corão como oráculo sagrado do Islamismo, são mais rigorosos. Sunitas acreditam, além disso, em um conjunto de livros religiosos denominados Sunnah, classificado como vertente moderada. Árabe: Critério de ordem geográfica. Península Arábica, como africanos, latinos, europeus. A península Arábica é composta pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Bahrein, Kuwait, Qatar e Iêmen. 13 5.2. O Islamismo O Islã é uma cultura que implica na criação de uma sociedade teocrática. Nele mistura-se o corporal com o religioso, o Direito com a religião e com a moral. O lícito e o ilícito são definidos pela religião, a sua nota dominante é uma profunda religiosidade e um arraigado espírito de conservadorismo. A palavra mulçumano provém de ― Islam, que significa a submissão à Alá. Mulçumanos são os povos que aceitaram a religião revelada, no Corão ou Alcorão, por Maomé. Origem do Islamismo: Séculos VI e VII da Era Cristã, iniciando na península arábica. Neste período da Alta Idade Média foi marcada pela descentralização política, a partir da criação dos feudos, e pelas três classes de estrutura estática, nobreza, clero e plebeus, marcada pelo retrocesso tecnológico. Na Península Arábica, essa descentralização não exerceu grande influência, porque mantiveram seu caráter semi nômade, e existiam poucas cidades. Meca era considerada a maior. A estrutura principal era um cubo de pedra – conhecido como CAABA de importância fundamental para a criação e difusão do islamismo. Ela abrigava 360 ídolos religiosos em seu interior, representando as 360 tribos árabes existente na península árabe. Acreditavam que Abraão a tinha construído. Maomé nasceu em Meca aproximadamente em 570 d.C. E morreu em 8 de junho de 632 d.C. Quando tinha 25 anos casou-se com a rica viúva Khadidja de quem era empregado, como supervisor das caravanas comerciais para Meca. Com a morte de Khadidja começou a defender a poligamia. Ele pertencia a tribo mais influente de Meca. Nasceu no ano 570 e a partir dos 40 anos de idade recebeu suas profecias e visões e durante 23 anos dedicou-se a propagação da sua nova religião monoteísta. A elite coraixita comerciante (tribo da qual provém o próprio Maomé), que havia fundado Meca e que controlava a economia, perseguiu o profeta e seus seguidores porque o monoteísmo e a condenação à idolatria eram uma ameaça às intensas atividades comerciais que se davam na cidade. A Caaba (“O Cubo”) era um centro importante, pois atraía peregrinos de diversos locais. O politeísmo era difundido e a idolatria era também uma fonte de lucro. Portanto, a condenação à idolatria e o monoteísmo do Islã seriam prejudiciais ao comércio mequense controlado pelos coraixitas. Então, perseguidos, Maomé e seus companheiros foram para Iatrib (que depois passou a chamar-se Medina). Quando Maomé sai da Meca e vai para Medina, inicia o processo histórico conhecido como Hégira (AL- HIRJA), ponto de partida do calendário islâmico até hoje. Era 16 de julho de 622 da Era Cristã. Data quer marca o começo do Islão e, portanto, do calendário mulçumano. Em Medina o profeta fez uma importante reforma social (comunidade muçulmana, Ummah), constituindo alianças e unindo as tribos locais. Muitos seconverteram, e a tolerância era praticada em relação aos dhimmis (“povos do livro”: judeus e cristãos monoteístas). Sob o comando político, religioso e militar de Maomé, conquistaram Meca. pela "guerra santa" e elimina os ídolos, transformando a Caaba no ponto central do Islamismo. E uma vez nela fundou uma Cidade Estado Islâmica, produzindo inclusive uma constituição escrita que é preservada até hoje, bem antes da Carta Magna de 1215 que estudaremos pelo calendário europeu. Após a morte de Khadidja o profeta entrou em vários casamentos dos quais o mais célebre foi com Aisha que após a morte do esposo, passou a ser consultada sobre pontos importantes da religião, da política e principalmente da conduta do profeta. Isso porque o Alcorão é um tratado ético e o Mestre não teve tempo de regulamentar os princípios que deveriam reger o cotidiano dos convertidos. Os resultados das consultas são conhecidos como Hadith, que juntos formam a Sunna, ou seja, a tradição maior. A religião islâmica, que é uma adaptação do Judaísmo e do Cristianismo ao espírito e aos meios árabes, com grande rigidez de regras para unir tantas tribos, mas com prática de culto facilitada. Depois da morte de Maomé o comando político do Islamismo ficou nas mãos dos Califas, os quais mantiveram o forte caráter expansionista da religião mulçumana. O Alcorão ou Corão é o livro sagrado do Islã. É constituído por revelações de Alá, transmitidas à humanidade pelo seu enviado, Maomé. De fato, o Alcorão foi escrito cerca de vinte anos depois da morte de Maomé por um de seus discípulos, Zaîd, sendo formado por cerca de 5000 versículos agrupados em 114 Suratas ou capítulos. “O corão não procura definir a verdade e a justiça: apenas afirma que certo ato, realizado em tais circunstâncias, é bom ou mau, justo ou injusto. O Corão é completado pela Sunna, relatos piedosamente conservados, da conduta do Profeta”. 14 Alaah é o único Deus, não existe a divina Trindade e Maomé foi o último profeta. Antes dele vieram Adão, Noé, Abraão, Moisés, David e Jesus. 5.3. Características da sociedade: Fortemente marcada pela religião, por exemplo, cidadão é aquele é o crente no Islamismo, só usufrui de direitos, depois de se converter ao islamismo. O Islã não se constitui simplesmente de uma religião, cujo objetivo é promover a evolução espiritual de seus assistidos – mas sim de um modo de vida individual e forma de conduta social, que se estende à própria conduta dos Estados. Islã significa “submissão, pureza, obediência”. Submissão voluntária à vontade da divindade e a obediência a seus preceitos morais. São seis requisitos para o adepto sigas à risca os mandamentos implícitos no conceito do Islã. São eles: (i) Crença em um Deus Único (Allah). O Islamismo se caracteriza por ser uma religião predominantemente monoteísta, em nível radical. Não existe outra deidade, ou mesmo culto a outra personalidade. Não existem santos, como no Cristianismo. (ii) Crença na existência de Anjos, que não possuem qualquer caráter divino, mas apenas auxiliam o Deus Único. (iii) Admiração pelos profetas e mensageiros enviados pro Allah (são eles: Abraão, Ismael, Issac, Jacó, Moisés, Jesus e demais profetas existentes no Torá, no Evangelho, nos Salmos e no Alcorão, o que nos leva a concluir que todos estes compêndios teológicos são utilizados subsidiariamente no bojo da Shariah). (iv) Crença nos livros sagrados em que os profetas estão enumerados, pois, como já afirmado acima, os diplomas eclesiásticos presentes nas Religiões Cristã e Judaica, em parte, são utilizados subsidiariamente ao Islamismo e, conseqüentemente, ao Direito Islâmico. (v) Crença na Predestinação, a qual se caracteriza pelo controle absoluto da divindade na vida e no futuro da humanidade. Segundo o Islamismo, Allah controla todos os caminhos dos seres vivos, e mesmo daqueles presentes no além-túmulo. Não nos cabe em tal trabalho aprofundar esta temática, de precípuo cunho religioso, e que encontra paralelos no Cristianismo com a doutrina de Agostinho. (vi) Crença no Juízo Final, evento também descrito no livro Apocalipse do Profeta João, presente na Bíblia Sagrada Cristã. 5.4. Fontes do Direito O Direiro Mulçumano é uma ramo da religião. Ele deriva de dois institutos da religião: a SHARIAH e o FIQH. A primeira é a lei revelada e diz respeito a tudo aquilo que o mulçumano deve seguir ao longo de sua vida em relação a Deus. O segundo é o direito sagrado deduzido pelos juristas muçulmanos a partis dos preceitos do primeiro. O FIQH desconhece normas de direito público. A SHARIAH é um termo árabe que significa "caminho", mas, que historicamente, dentro da religião islâmica, tem sido continuamente empregado para se referir ao conjunto de leis da fé, compreendida pelo Alcorão e Suna são fontes fundamentais. O Corão e a Sunna formam a Lei, isto é a rota, o caminho a ser seguido. A ordem legal do Islamismo foi definida por dois legisladores: Maomé com o Corão e a Sunna de seus seguidores. O principal é o Corão. Ao contrário dos demais livros teológicos dos principais troncos religiosos do mundo, o Corão não apresenta contos mitológicos ou reflexões, mas sim um conjunto de regras e costumes que devem ser estritamente observados. Não é um compêdio histórico-cultural, mas um código de regramento social. Depois os Mudjtahdid, juristas teólogos dotados do poder de criação da norma jurídica correspondentes as fontes (Idajmâ) racionais derivadas do Corão e da Sunna. 5.5. Características do Direito (i) O Direito Mulçumano é o Direito de um grupo religioso, e não o direito de um povo ou de um país. O Direito Mulçumano ou Direito Árabe é o Direito da comunidade religiosa Islâmica, ou seja, o direito que rege todos os adeptos da religião islâmica, onde quer que eles se encontrem. Diferentemente dos povos ocidentais onde as organizações do Estado se dão com base nas leis ou Constituições, o povo mulçumano fundamenta sua unidade e organização com base no Alcorão. O Islã é um governo que tem origem em Alá. O 15 Tesouro Público é o tesouro de Alá, o exército é o exército de Alá e até os funcionários públicos são empregados de Alá. Quem viola ou Alcorão, não só comete um pecado como infringe a ordem legal. A obediência a essa "lei" é, além de um dever de fé, um dever social. Ordem jurídica e religião, lei e moral são aspectos da mesma vontade, da qual deriva a existência e a trajetória da comunidade islâmica. Daí a influência que tem sido o Alcorão até os dias de hoje, em todos os países do Islam que não se deram ao trabalho de instituir uma constituição ou códigos, e que têm todas as aspirações reguladas pelas palavras do Profeta. (ii) Os atos jurídicos são criadores, como a compra e venda, informadores, como o testemunho ou dogmáticos, como os atos de crença. (iii) A personalidade e a capacidade do homem são objeto de amplas considerações. Toda pessoa é fonte de direitos e é dotada de um contrato teórico (dhimma) para fazer o que tem direito ou o que está obrigada. (iv) O Direito Mulçumano substituiu a tetragamia pela poligamia, situou a mulher em posição subordinada e concedeu ao homem o direito de desposar quatro mulheres e de repudiá-las a seu critério, não sendo permitida a adoção. O casamento, o concubinato e o dote foram minuciosamente disciplinados. (v) A doutrina dos contratos baseia-se no Corão. É importante ressaltar que a primeira criação do Direito Árabe foi o conceito jurídico de pessoa não-corpórea que se desenvolveu com a criação das Comunidades Religiosas que reuniam os fiéis da mesma religião em uma unidade de vontade e de ação, passando a ser um ente coletivo com o propósitode tomar resoluções e aceitar responsabilidades. DIREITO NA IDADE ANTIGA: Grécia. A cultura greco-romana Não é sem razão que ao se estudar a história da Antiguidade faz-se uma distinção entre a chamada Antiguidade Oriental e a Antiguidade Clássica. Existem muitos elementos comuns às duas civilizações, mas há algumas diferenças que merecem destaque. Na Antiguidade Oriental há, de uma certa maneira geral, uma atitude de submissão do homem em relação às suas crenças. O misticismo é, sem sombra de dúvida, extremamente poderoso. No casa da civilização clássica, greco-romana, a frase atribuída ao filósofo Protágoras ilustra bem uma nova atitude: “O homem é a medida de todas as coisas.” Encontramos uma atitude não contemplativa, não submissa, indagadora, que valoriza a razão, presente no homem greco-romano. Essa atitude se expressa no conjunto dos aspectos da cultura clássica da qual somos herdeiros. 1. Características do país e da sociedade: (i) localização geográfica que lhes facilitava o contato com outros povos, desenvolveram o comércio, o artesanato e a navegação com outros povos. Surgimento do contrato consensual e o universalismo. (ii) pela primeira vez ocorreu à fusão de várias aldeias em uma só, dando origem a polis (cidade-estado), num processo denominado sinecismo, que posteriormente se estendeu por outros territórios da Grécia. (iii) as Cidades de Esparta e Atenas representam o tipo clássico de cidades, respectivamente oligárquica e democrática. Em Esparta, o poder permaneceu sempre nas mãos dos cidadãos proprietários de terras os esparcistas. Em Atenas, as lutas políticas levaram a extensão da cidadania a todos os atenienses livres, tornado-os, pois, democratas, apesar da existência de grande numero de escravos estrangeiros. (iv) grande mortalidade. A pobreza do solo que não produzia alimento suficiente para população em crescimento, a escravidão por dividas e a concentração cada vez maior das terras nas mãos da aristocracia foi fatores que levaram a um amplo movimento migratório dos gregos durante os séculos VIII a VI a.C., em direção aos mares Negro e Mediterrâneo. (v) roupas diferentes para diferentes classes. Cidadãos (homens adultos e livres) Metecos (estrangeiros que viviam em Atenas) e Escravos. Crime roubar roupas. (vi) Em função das transformações econômicas e expansão da riqueza, os gregos foram abandonados às tradições e mitos gentílicos e desenvolveram uma mentalidade individualista, racional e criativa, que já transparece claramente nas obras dos cientistas e filósofos jônios do século VI a.C., como Tales, Anaximandro, Anaxímenes da escola de Mileto. Criaram a lógica e a matemática, afirmando serem os sentidos e a razão os verdadeiros critérios para compreensão das leis que regem o universo. (vii) destaque na arquitetura, arte e filosofia. (viii) Muitas diferenças entre as classes, com proprietários rurais, latifundiários, trabalhadores e miseráveis. Grande agitação e democracia moderada, com população de 250.000 habitantes. 16 (ix) o Direito Público Ocidental é filho da polis, na qual se viveu uma experiência intelectual, política e jurídica que alterou completamente, na história, os modelos de relação entre o poder constituído do Estado e a população por este governada. 2. Características do Direito. (i) gregos não foram grandes juristas, mas sim grandes pensadores da retórica, dialética, filosofia. (ii) regra dos contratos consensuais, diante da grande transação de produtos. (iii) convivendo com os estrangeiros, essa diversidade, surgiu o espírito de reflexão e comparação ao indagar o que afinal é comum a todas as nações? Alguma coisa pertence ao gênero humano? (iv) laicização 2 do Direito e a ideia de que leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que a fizeram. Laico significa o que ou quem não pertence ou não está sujeito a uma religião. O termo “laico” tem sua origem etimológica no Grego “laikós” que significa “do povo”. Está relacionado com a vida secular (mundana) e com atitudes profanas que não se conjugam com a vida religiosa. Um comportamento secular é o oposto de um comportamento eclesiástico, direcionado para atividades da Igreja. (v) são os gregos que rompem com a mitologia como o centro das questões filosóficas e inauguram o antropocentrismo, rompendo com a tradição mitológica e divina para explicarem a origem da vida através do pensamento racional e a consciência humana - DO DIREITO IMUTÀVEL E DIVINO PARA O RACIONAL. (vi) discursos essencialmente persuasivos, porque os julgadores eram leigos. Veja-se que até hoje argumentar diante de um júri é diferente de argumentar diante de um juiz. (vii) questionamentos da lei. Quem faz? Por que faz? Como se mudam.... As tragédias gregas. (viii) Direito da Grécia jamais se reuniu em um todo harmônico, como o Direito Romano, permanecendo disperso tal como as Cidades-Estados. O melhor seria falarmos em Direito de Esparta, Direito de Atenas, ou seja, Direitos das Cidades Gregas e não Direito Grego. Originalmente esses Direitos sofreram influências de Mimos, de Micenas, da Mesopotâmia e do Egito. (ix) Para a época o Direito das Cidades Gregas não só foi um Direito evoluído que influenciou o Direito Romano, mas um Direito que legou a Ciência Jurídica Moderna, termos (como sinalagmático, quirografário, enfiteuse, anticrese, hipoteca, etc), conceitos (como primado da lei, justiça, etc) e práticas (como júri popular, mediação, arbitragem, a figura do advogado na forma embrionária do logógrafo, etc). (x) o Direito das Cidades Gregas construiu tipos embrionários de contratos e aperfeiçoou o contrato de permuta dos egípcios e dos babilônicos. Disciplinou a propriedade privada, construiu a teoria da pena. Neste Direito a mulher, era incapaz, tinha uma condição inferior, tal qual no Direito Hindu, submetida á autoridade do pai, depois de casada, à do marido, e quando viúva, à do filho mais velho. O divórcio era admitido, mas só os homens dele se beneficiavam e em termo de sucessão só herdavam os descendentes, primeiro os filhos, pois as filhas só herdavam na se não houvesse varão. (xi) o forte do Direito das Cidades Gregas, principalmente da cidade de Atenas não foi o Direito Privado, mas o Direito Público. Os atenienses lançaram as bases da democracia e o princípio do primado da lei, pois para eles a lei promulgada, impunha- se a todos, fossem governantes ou governados. 2.1 Tragédias gregas - reflexões sobre diversos preceitos jurídicos e o conceito de justiça. Daí advém o motivo de as tragédias gregas invariavelmente invocarem em suas encenações a questão do justo. Afinal, ao incorporarem temas judiciários nos espetáculos, as tragédias gregas chamavam a atenção popular não só pelo fato de sua dinâmica entreter a todos, mas também por colocar em relevo as aspirações, angústias e temores que afligiam o homem grego naquela época de transição, não como mero indivíduo, mas como parte de um todo maior, corporificado na figura cívica da polis. 2 Ato de tornar leigo, ou laico: a laicização dos hospitais, do ensino. Toda sociedade Laica é aquela que não possui religião e afasta de si os preceitos religiosos. A Laicização é o processo pelo qual a sociedade torna-se laica sem incentivos religiosos ou o pragamatismo natural das religiões. 17 As tragédias gregas evidenciaram a preocupação da sociedade grega antiga com o conceito de Justiça e a criação de mecanismos aptos a assegurá-la, o que inspirou a criação e a evolução de diversos institutos jurídicos atuais, dentre os quais se podem destacar, de modo resumido e não taxativo, econsiderando as obras tratadas no presente texto: 2.1.1 em Oresteia ou Oréstia, de Ésquilo, o reconhecimento da jurisdição de um tribunal composto por cidadãos para o julgamento de crimes, inclusive com a observância do contraditório, bem como a criação do denominado “voto de minerva”; Voto de Minerva é o que decide uma votação que de outra forma estaria empatada. O termo se refere ao episódio da mitologia grega em que a deusa Palas Atená (Atena) (que corresponde à deusa romana Minerva) preside o julgamento de Orestes. Este, vingando a morte do pai, Agamemnon, havia matado sua mãe, Clitemnestra e o amante, Egisto, responsáveis pelo assassinato de Agamemnon, logo após este haver retornado da guerra de Troia. Segundo a tradição, aquele que cometesse um crime contra o próprio genos (família ou clá) era punido com a morte pelas Erínias, seres demoníacos para as quais o matricídio era o mais grave e imperdoável de todos os crimes. Sabendo do castigo que o esperava, Orestes apelou para o deus Apolo, e este decidiu advogar em favor daquele, levando o julgamento para o Areópago. As Erínias foram as acusadoras e Atena presidiu o julgamento. A votação, num júri formada por 12 (doze) cidadãos atenienses, terminou empatada. Atena, então, proferiu sua sentença decisiva, declarando Orestes inocente. 2.1.2 em Édipo Rei, de Sófocles, a existência de uma sucessão de atos (processo) para a busca de uma verdade possível, mediante a reunião de provas para tal finalidade, sem olvidar de uma análise do Direito Natural. O direito natural radica no pensamento grego, entendido como um direito ideal, suprapositivo (além das leis), integrado por princípios ou regras que curam essencialmente do justo, permitindo aferir da legitimidade do próprio direito positivo. 2.1.3. em Antígona, de Sófocles, a discussão sobre a prevalência das normas de Direito Natural sobre o Direito Positivado em caso de conflito, a aceitação da figura estatal como agente pacificador de conflitos e a importância do conceito de Democracia para a sobrevivência do Estado. 2.1.4 em Medeia, de Eurípedes, a necessidade de debate sobre direitos matrimoniais, direitos das mulheres, igualdade dos sexos e de mecanismos procedimentais previamente criados pelo Estado para a resolução de conflitos entre particulares e mesmo entre estes e o próprio Estado. 2.1.5 em As Suplicantes, de Ésquilo, as discussões sobre a existência de um Direito Natural e da universalidade de determinados direitos, a possibilidade de prévia consulta ao povo para a decisão de determinados assuntos fundamentais ao Estado(plebiscito) e a abordagem de alguns temas atualmente ligados ao DireitoInternacional, como o refúgio; 2.1.6 em As Vespas, de Aristófanes, a preocupação sobre o modelo judiciário existente,principalmente em relação ao processo de seleção e à composição de membros dosórgãos jurisdicionais. Por fim, não se pode deixar de mencionar a existência, na atualidade, de diversos meios de difusão que – a exemplo dos espetáculos conhecidos como tragédias gregas eguardadas as devidas diferenciações quanto às características, época e grau de disseminação – veiculam questões em evidência na sociedade e que refletem diretamente na evolução das instituições jurídicas vigentes e na própria noção de Justiça, podendo-se citar, como exemplos, o cinema, o teatro, os seriados e as novelas transmitidas em canais abertos. O homem aprisionado nos vínculos do pensamento, sempre recorre aos meios de expressão sensíveis, para criar personificações e forjar símbolos capazes de exprimirem o abstrato do espírito. Essa criação é o que chamamos de plástica da ideia. A ideia mitológica e abstrata de Justiça teve sua representação plástica entre gregos e romanos, nas figuras de 'Thêmis" e "Dike", idealizadas por Homero e Hesíodo e seus poemas, A Ilíada e a Teogonia. Themis (a deusa da justiça com vistas à ―norma agendi), plasticamente, é a Justiça álgida, inflexível, severa, arrasadora, o “fiat Justítia et pereat mundus e Dike (a deusa da justiça com vistas à acultas agendi) é a concórdia, a conciliação, a benevolência, ou seja, a equidade apaziguadora em face da justiça estrita e não moldável. 18 A Teoria do Direito Natural é muito antiga, vem da época mitológica da Civilização Grega e está presente, entre nós, desde o nascimento da Civilização Européia. O Direito natural seja expressão da natureza humana, seja dedutível dos princípios da razão, sempre foi considerado como superior ao Direito Positivo. Da mitologia e da literatura nos vem a lenda de Antígona, na qual o gênio de seu autor - o dramaturgo grego Sófocles, no séc. V a.C. - colocou, sob cores trágicas, um dos problemas fundamentais do Direito, na vida humana. “Antígona dá sepultura ao seu irmão Polínice, morto em guerra contra Tebas, e o faz contra a lei baixada pelo rei Creonte, que proibia o sepultamento. Interrogada pelo rei porque desobedecera à lei, respondeu Antígona: „Porque não foi Zeus quem a fez; e a Justiça, que mora com os deuses abscônditos, jamais promulgou tal lei para os homens. E eu não creio que a tua lei tenha tanta força que possa impelir um mortal a transgredir as leis não-escritas e irrefragáveis dos deuses. Pois estas não são de hoje ou de ontem, mas de toda a eternidade, e ninguém sabe desde quando existem”. Antígona pagou com a vida a essa opção, heroína eterna da lei natural (Maritain L„Homme et l‟Etat. Paris, 1953: PUF. P. 78)‖. 3. Os Grandes Filósofos de Atenas. 3.1 Sócrates o maior filosofo, nascido em Atenas, foi professor de Platão, responsável pela organização e sistematização do estudo da Filosofia. 3.2 Platão deixou 28 Diálogos, dos quais dois são importantes para o Direito: A República e A Lei. O primeiro trata do Estado Ideal e o segundo do Estado Real. Escreveu na República, sobre a forma ideal de Estado, parte do conceito de justiça. Reduziu as formas de governos em apenas duas: Monarquia e Democracia, sustentando que ideal seria a unificação dos dois sistemas. Propôs que o Estado surja por um acordo entre os homens. Esses ensinamentos irão, século depois, inspirar a corrente Contratualista. 3.3 Aristóteles, discípulo de Platão foi sem sombra de dúvidas o maior dos filósofos gregos. Para a história do Direito a Política é a obra mais importante do príncipe eterno dos verdadeiros filósofos, como lhe chamou Augusto Comte. Nela, Aristóteles estuda a organização da polis, diversas constituições e distingue três formas legítimas de governo: Monarquia, Aristocracia e a Democracia. Enquanto Platão, mais poeta e escritor do que homem de ciência e filósofo, construiu um sistema de grande beleza pelas ficções que criou e pela forma primorosa de que as revestiu, Aristóteles, ao contrário, mais cientista do que literato, uniu da maneira mais harmoniosa o gênio indutivo ao dedutivo e ergueu um edifício enciclopédico que só no século XIX encontraria similar no de Augusto Comte. 3 4. Os Grandes Legisladores. 4.1. Licurgo viveu entre os anos 1000 e 850 a.C. É considerado o legislador mítico de Esparta, ―não escrevia coisa alguma e suas leis consistiam em máximas e sentenças (rêtrai) que de viva voz se transmitiam.... O fim de Licurgo foi perpetuar a liberdade do pequeno número, tanto no sentido moral como no político, destruindo as inclinações vis e conservando o antigo governo patriarcal. Aconselhando-lhe alguém que estabelecesse em Esparta a democracia, ele lhe respondeu: Então comece por estabelecê-la em tua casa 4.2. Drácon foram os dois mais importantes legisladores de Atenas, surgiram depois de várias manifestações dos elementos enriquecidos do povo, no século VI a.C., contraos aristocratas em busca de reformas. Drácon viveu mais ou menos em 600 a.C. apenas escreveu leis que até então seguiam a tradição oral, esse fato foi importante porque retirou o poder de justiça das mãos dos eupátridas, transferindo-o para o Estado; as leis pelo menos teoricamente passaram a ser reconhecida por todos através da legislação escrita. As leis estabelecidas eram muito duras e severas, prevendo até a escravidão por dívidas, por isso ficaram conhecidas como draconianas. Tanto furto como homicídio recebiam a mesma pena, a morte. Sinônimo de desumano. EUPÁTRIDAS de Atenas eram aqueles considerados bem nascidos, ou seja, filhos da elite. Formavam a aristocracia governante e eram os proprietários de terras e escravos. 3 O nome do pensador francês Auguste Comte (1798-1857) está indissociavelmente ligado ao positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil. Comte também é considerado o grande sistematizador da sociologia. 19 4.3. Sólon por volta do ano 500 a.C. foi o legislador que de fato estabeleceu algumas reformas moderadas e mais justas procurando atender as duas classes. A punição de roubo, foi substituída de morte para multa igual ao dobro do valor roubado, convertido em escravidão. Terminou com a escravidão por dividas; devolveu as terras perdidas por dividas, aos camponeses; limitou a extensão da propriedade e fez uma divisão baseada na renda dos indivíduos da sociedade. A sociedade ateniense ficou dividida em quatro camadas, estratificada de acordo com a renda anual. Nessa divisão estavam todos os cidadãos, isto é, aqueles que tinham direito de participação política. Fora dessa estratificação, portanto sem nenhum direito político ficaram os estrangeiros e os escravos. 5. As Instituições Gregas. 5.1. Governo. As principais instituições políticas de governo das Cidades-Estados eram: (i) Assembleia (ekklêsia,) composta por todos os cidadãos acima de 20 anos e de posse dos direitos políticos (aprox. 6000). Órgão de maior autoridade, que representava a soberania popular, com atribuições legislativas, executivas e judiciárias. A ekklêsia exercia o controle e a fiscalização do poder executivo, nomeava e fiscalizava os magistrados. (ii) O Conselho (boulê), composto por 500 cidadãos (50 de cada tribo), com idade superior a 30 anos e escolhidos por sorteio a partir de candidatura prévia e renovada a cada ano, tinham dedicação exclusiva mediante remuneração. O Conselho funcionava como um parlamento moderno preparava projetos que seriam submetidos à Assembleia, controlava tesoureiros, recebia os embaixadores, examinava os futuros conselheiros e os futuros magistrados e investigava as acusações da alta traição. 5.3 Os Magistrados eram sorteados dentre candidatos eleitos, renovados anualmente, não podendo ser reeleitos para evitar a continuidade política. Entres os magistrados os Arcontes eram os mais importantes. Entre outros cargos os magistrados instruíam os processos, ocupavam-se dos cultos e exerciam as funções municipais. 5.4 Justiça e Tribunais. A administração da Justiça, no processo evolutivo da civilização, é papel primordial do Estado, constituindo a cidade-estado de Atenas a grande exceção, pois nela em respeito a soberania popular, ao povo e somente a ele cabia administra a justiça e resolver conflitos através de instituições populares, tais como: 5.4.1. No campo da justiça civil: (i) Obrigatoriedade do recurso em questões civis superiores a 10 dracmas (ii) as provas nos tribunais podiam ser por escrito, nos arbitrais eram informais (iii) o juiz podia agir de ofício, ou seja, podia testemunhar sobre os próprios fatos, quando deles tivessem conhecimento (iv) depoimentos de escravos deveriam ser precedidos de tortura, porque eles naturalmente mentiriam para proteger ou vingar seu dono. (v) o crime era denunciável por qualquer um e para desistimular a denúncia frívola, pelo menos 1/5 do tribunal deveria concordar ou estava sujeito a multa (litigância de má fé) não podia abandonar a denúncia. Virou uma praga. (vi) Os Juízes dos Demos percorriam as aldeias (demos) e resolviam de forma rápida os litígios que não ultrapassem certo valor (10 dracmas ou 20 salários diários). Nos processos mais importantes, eram incumbidos das investigações preliminares. (vii) Os Árbitros privados escolhidos pelas partes, funcionavam como os atuais mediadores, não cabendo apelação das decisões: públicos, escolhidos por sorteio, processo rápido e menos custoso, cabendo apelação da sentença. (viii) A Heliaia, tribunal que permitia que a maior parte dos processos fossem julgados por grandes júris populares, compostos por 6000 heliastas, escolhidos por sorteio dentre os cidadãos com mais de 30 anos (ix) Juízes dos tribunais marítimos (nautodikai) tratavam dos assuntos concernentes ao comercio e marinha mercante e das acusações contra estrangeiros que usurpavam o titulo de cidadão. 5.4.2. No campo da justiça criminal: (i) O Areópago era o mais antigo tribunal de Atenas, originalmente aristocrático com amplos poderes como corte de justiça e como conselho político. Grande tribunal de centenas, que explica o estilo dos grandes discursos. Discussão sobre o discurso belo e o verdadeiro explorada por Platão e Aristóteles. Como fazer justiça buscando a verdade e não a emoção provocada por um discurso belo? Com as reformas, a partir do IV Séc. a.c. esvaziado politicamente passou a julgar os casos de homicídios premeditados ou voluntários, de incêndio e de envenenamento. 20 (ii) Tribunal dos Efetas, composto por quatro tribunais especiais (Pritaneu, Paládio, Delfínio e Freátis) com 51 pessoas com mais de 50 anos, designados por sorteio, cuidavam dos casos de homicídio involuntários ou justificáveis, conforme diferenciação estabelecida por Drácon. DIREITO ROMANO. 1. Introdução: O Direito Romano é grande divisor entre os Direitos Antigos, sagrados, consuetudinários, de conhecimento exclusivo dos anciões e sacerdotes e o Direito Ciência, completamente separado da Religião e da Moral. Os romanos no seu processo evolutivo ascendente só adquiriram a supremacia no campo do Direito, por haver ―criado uma ciência e uma arte do direito. A história do Direito Romano é uma história de mais de vinte e dois séculos, do séc. VII a.C. até o séc. XV. No Ocidente, a ciência jurídica romana teve a partir do século XII um renascimento que influenciou todos os sistemas romanistas de Direito da Europa medieval e moderna, deixando até os nossos dias uma presença marcante, sobretudo no campo do Direito Privado, pois foi neste campo que o Direito Romano atingiu o nível mais elevado e influenciou e ainda influencia os sistemas jurídicos que seguiram os seus ensinamentos. Para termos uma noção, 80% do nosso atual Código Civil é essencialmente derivado do Direito Romano. Roma, cuja fundação é de origem lendária, atribuída a Rômulo e Remo, que teriam sido amamentados por uma loba, por quem teriam sido salvos de afogamento no Rio Tibre. Rômulo, mais tarde, teria matado Remo e fundado Roma (simbologia da representação dos dois grupos etruscos rivais, que disputavam o poder naquela área). Muitos historiadores sustentam que no meado do século VIII a.C, os etruscos, fundaram a cidade de Roma em duas etapas: na primeira secaram os pântanos entre as colinas para o desenvolvimento da agricultura; na segunda etapa criaram a primeira organização política da cidade. 2. Características da sociedade: Se os gregos representaram historicamente a origem do pensamento
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