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Ciência Política Bloco 3

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Ciência Política e Teoria do Estado
Prof. M.Sc. Fernando-Rogério Jardim
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Teoria Política em Tomás de Aquino
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Teoria Política em Tomás de Aquino
Características historiográficas
Tomás de Aquino (1225?-1274) vive sob o mesmo contexto histórico de Dante (1265-1321): a Baixa Idade Média (séculos X a XV).
Exaustão do regime produtivo feudal.
Renascimento das cidades e do comércio.
Surgimento do grupo social da burguesia.
Necessidade de redefinição do Estado.
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Teoria Política em Tomás de Aquino
Características intelectuais
Como parte do clero e sendo o maior teólogo medieval, o autor está alinhado às doutrinas da Igreja sobre a política e o Estado, defendendo:
Uma monarquia absolutista teocrática.
a Igreja não se envolveria diretamente nas questões políticas, mas orientaria o monarca, moderando e dirigindo sua repressão;
A primazia da religião sobre a política.
A experiência da Igreja no papel de Estado mostrou aos teólogos que a religião teria aqui uma função moralizadora e pedagógica;
Um nexo entre objetivos e estratégia.
À Igreja caberia a definição dos fins (salvação no outro mundo) e ao Estado caberia a execução dos meios (justiça neste mundo);
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Características intelectuais
A posse e o exercício de virtudes cristãs pelos reis.
Os reis devem prestar contas apenas a Deus por suas obras e esperar na eternidade e recompensa por suas ações;
Os reis trazem aos súditos o que o próprio Deus traz ao mundo (a justiça, a felicidade, a verdade, a proteção).
Separação e subordinação do Estado pela Igreja.
Todos os monarcas cristãos devem ser submetidos ao pontífice, vigário de Deus na Terra, condutor da salvação;
Assim como a vida presente é passagem provisória para a vida futura, os reis são meios cujos fins estão nos papas.
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Tomás de Aquino x Agostinho
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A ruptura de Tomás de Aquino com Agostinho
As teorias de Agostinho (354-430), marcadas pelo declínio romano, possuíam certos aspectos hostis à política, os quais Tomás de Aquino tentará reverter.
A meta da política seria servir de instrumento para aproximar os governos terrenos (mundo das coisas) à Jerusalém Celestial (mundo das idéias). (Portanto, nada de inovação na política.)
O milenarismo, com sua angústia pelo fim do mundo próximo, acenava com a esperança dum outro mundo melhor, desprezando as ações neste mundo. (Portanto, a política seria uma causa perdida.)
A coerção na política seria um efeito direto da expulsão do paraíso: o homem arrogante e pecador deveria obedecer por meio da disciplina e violência. (Por isso, a política tem a marca do pecado.)
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A ruptura de Tomás de Aquino com Agostinho
(Contra a Jerusalém Celestial)
Como pensador aristotélico, Tomás de Aquino defenderá a procura por modelos de governo adequados para esta vida.
(Contra o Pecado Original)
A angústia pela danação é menor em Tomás de Aquino, sendo inúmeras as instâncias de salvação entre o homem e Deus.
(Contra o Apocalipse Milenarista)
Tomás de Aquino vive num período de relativo otimismo (renascimento): a política pode fazer algo por um mundo durável.
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Recorrências aristotélicas
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Influência marcante de Aristóteles
A filosofia de Tomás de Aquino foi muito influenciada pela redescoberta dos trabalhos de Aristóteles por via das traduções arábicas.
O pensamento aristotélico foi reintroduzido pela necessidade de explicação dos “novos” fenômenos renascidos àquela época (o Estado, o público, a política);
A fontes únicas das Escrituras e da Escolástica, tão dominantes no pensamento medieval, deixaram de satisfazer às necessidades intelectuais da época.
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A presença de Aristóteles
O livro Do reino (1267), inacabado e fragmentado, possui várias referências aristotélicas:
O homem como animal naturalmente sociável e político;
A noção segundo a qual a política é a busca do bem comum;
A felicidade (mundana ou eterna) como o máximo bem;
As virtudes (éticas ou cristãs) como caminho para a felicidade;
A noção segundo a qual devemos buscar a justa medida;
A tipologia dos governos corruptos (homens) e virtuosos (leis);
A realeza como melhor o governo e a tirania como o pior;
Os bons regimes (bem comum) e os maus regimes (próprio bem).
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As diferenças com Aristóteles
1° Aristóteles:
A política tem seus fins e seus meios neste mundo: dirigir o homem às virtudes e à felicidade.
 Tomás de Aquino:
A política, subordinada à cristandade, deve ser um meio cujo fim está no outro mundo (salvação).
2° Aristóteles:
A política (exercício público) deve estar orientada por virtudes éticas (preparo privado).
 Tomás de Aquino:
A religião assume o lugar da ética na orientação pedagógica para a prática da política.
O poder temporal (Estado) será moderado e dirigido pelo poder espiritual (Igreja).
O modelo do rei perfeito: piedoso, humilde, verdadeiro, caridoso, compassivo, leal.
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As diferenças com Aristóteles
3° Aristóteles:
Os governos mais adequados são das maiorias (república e democracia), uma vez que estão mais próximos da justa medida e distantes dos extremos.
 Tomás de Aquino:
O melhor governo é a monarquia teocrática, uma vez que 1) nela é mais fácil conseguir a unidade e a concórdia; 2) é mais fácil os governos das multidões se tornarem tiranias que os governos de um só (exemplo romano); 3) o rei deve ser na Terra um imitador e um ministro de Deus nos céus; e 4) a própria natureza é rica em exemplos de monarquia.
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DANTE: Definir a tarefa da religião e da política, separar o Estado da Igreja, retirar da Igreja os poderes políticos estatais usurpados, satisfazer as urgências políticas da burguesia.
TOMÁS:Definir a tarefa da religião e da política, separar o Estado da Igreja, devolver aos reis as tarefas estatais, orientar a política pela religião, dirigindo a vida neste mundo à salvação eterna no outro mundo.
Tomás de Aquino x Dante

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