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PESSOAS NATURAIS.doc

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1ª APOSTILA – DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL
Profª. Maysa Batista Barbosa
DAS PESSOAS NATURAIS
PESSOA NATURAL: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade.
O Código Civil divide o tópico “Das Pessoas”, em: pessoas naturais e pessoas jurídicas. As pessoas naturais somos nós, seres humanos. Exemplo de pessoa jurídica (dentre outras): sociedade.
DA PESSOA NATURAL
Ser pessoa = ter personalidade. Juridicamente, a partir de qual momento se é considerado pessoa?
1. PERSONALIDADE - PESSOA FÍSICA NATURAL é todo “ser humano”, sujeito de direitos e obrigações. Para ser considerado PESSOA NATURAL basta NASCER COM VIDA, basta que o homem exista. Todo homem é dotado de personalidade, isto é, sujeito de direitos e deveres/obrigações.
CUIDADO! NÃO BASTA NASCER! MAS NASCER COM VIDA!
Isto decorre do art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Conclusão: o começo (início) da personalidade (SER PESSOA É TER PERSONALIDADE) decorre do nascimento COM VIDA!
PORTANTO: A personalidade SEMPRE começa com o nascimento com vida, o que se constata com a respiração. 
Antes do nascimento não há personalidade, mas a lei, todavia, resguarda os direitos do NASCITURO para que os adquira se vier a nascer com vida.
NASCITURO: é aquele que está sendo gerado no ventre materno. Por que eu não disse “nascituro é a pessoa que está sendo gerada no ventre materno? Porque nascituro NÃO É PESSOA”. Ser pessoa, depende do nascimento com vida. E ele ainda não nasceu. Então, juridicamente NASCITURO NÃO É PESSOA. Ele tem uma expectativa de vida, por isso tem expectativa de direitos, direitos em potencial, direitos sob condição: condição de nascer com vida. O nascituro está sendo gerado; seus direitos estão preservados; se nascer com vida, adquire-os! Por isso, a lei põe a salvo os direitos do nascituro.
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
2. CAPACIDADE: é a medida da personalidade. É a aptidão para adquirir direitos e deveres (obrigações). Divide-se em: a) Capacidade de DIREITO ou de GOZO ou de FRUIÇÃO e b) capacidade de FATO, de EXERCÌCIO ou de AÇÃO.
	
	
	
Toda pessoa (nascimento com vida) é capaz de adquirir direitos e deveres (obrigações) na esfera civil. Basta nascer com vida, ser pessoa para se ter a capacidade de contrair direitos e deveres. Isso decorre do art. 1º do Código Civil.
Ser capaz de direitos e deveres, é poder contrair direitos e deveres. Mas em que medida se pode exercitar por si só a capacidade de contrair direitos e obrigações?
CAPACIDADE DE DIREITO: é própria de todo ser humano, que a adquire com o nascimento (começa a respirar) e só a perde quando morre; Em face do ordenamento jurídico brasileiro a personalidade se adquire com o nascimento com vida, ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção. Basta nascer com vida, que automaticamente é pessoa, tem personalidade e capacidade de direito, gozo ou fruição!
Quer dizer que uma criança de apenas 1 (um) dia de nascida possui direitos, mas também pode possuir deveres (obrigações)?
Sim! Por exemplo: se o tio dessa criança doar a ela um imóvel, essa doação será válida. E sobre esse imóvel terá o dever de pagar IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana, caso seja numa área urbana) porque o fato gerador do IPTU é “possuir imóvel urbano”. Assim, os deveres (em alguns casos) incidem sobre as pessoas independente de sua vontade; em outras situações, a pessoa só se obriga dependendo de sua vontade!
E como essa pessoa de apenas 1 (um) dia de nascida exerceria seus direitos e deveres? Através de um Representante (pai, mãe, tutor). Ela não pode exercer por si só, sozinha os atos da vida civil.
Mas, a conclusão é que: se nasceu com vida, é pessoa; se é pessoa tem personalidade e capacidade de direito (capacidade genérica para adquirir direitos e deveres na esfera civil).
CAPACIDADE DE FATO: nem todos a possuem; é a aptidão para exercer, pessoalmente, por si só os atos da vida civil (capacidade de exercício, de ação). É a capacidade plena para os atos da vida civil, que se adquire aos 18 anos completos ou com a emancipação. Só se adquire a Capacidade de Fato com a plenitude da consciência e da vontade.
A pessoa tem a CAPACIDADE DE DIREITO, mas pode não ter a CAPACIDADE DE FATO.
Ex.: os recém nascidos, por exemplo, e os deficientes mentais somente têm a capacidade de direito (capacidade genérica para adquirir direitos e deveres), pois esta capacidade é adquirida no momento do nascimento com vida. Eles podem, por exemplo exercer o direito de herdar. Mas não têm capacidade de fato, ou seja, não podem exercer o direito de propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais ou curadores.
OBSERVE OS ITENS ABAIXO:
.        Capacidade Plena é quando a pessoa tem as duas espécies de capacidade (de direito e de fato).
·        Capacidade Limitada é quando a pessoa possui somente a capacidade de direito; ela é denominada INCAPAZ, e necessita de outra pessoa que a substitua, auxilie e complete a sua vontade.
Legitimação é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos. Consiste em saber se uma pessoa tem, no caso concreto, CAPACIDADE para exercer PESSOALMENTE seus direitos. Retira a legitimação: saúde física e mental, a idade e o estado. A falta de legitimação não retira a capacidade e pode ser suprida.
Representação: ao absolutamente incapaz será dado um Representante Legal. Este pratica o ato ou negócio jurídico pelo incapaz. Representa o incapaz na aquisição dos seus direitos e deveres. Como o absolutamente incapaz é privado de qualquer discernimento, caso venha a praticar o ato/negócio jurídico, este será nulo de pleno direito (art. 166).
Assistência: ao relativamente incapaz será dado um Assistente Legal, para assisti-lo na prática do ato ou negócio jurídico. Nesse caso, o incapaz pratica o ato/negócio jurídico com a assistência do assistente. Caso o relativamente incapaz pratique o ato/negócio jurídico sem assistência, o ato/negócio será anulável (art. 171).
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DAS PESSOAS NATURAIS:
SUJEITOS DE DIREITO: PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA:
 
 Pessoa é sinônimo de ser humano. É o ente que realiza seu fim moral e emprega sua atividade de modo consciente. Nesse sentido pessoa é o homem, ou qualquer coletividade, que preencha aquelas condições. É, na acepção jurídica, o ente físico ou moral, susceptível de direitos e obrigações. Nesse sentido é sinônimo de sujeito de direito ou de sujeito de relação jurídica. 
 Pessoa (persona) é expressão cuja origem remonta à máscara utilizada pelos atores dos teatros antigos, que tinha a propriedade de ressoar palavras por eles proferidas, para que fossem nitidamente ouvidas pelos espectadores.
 Sempre que um ente passa a ser reconhecido como pessoa adquire uma série de direitos que constituem a sua personalidade. No aspecto jurídico a pessoa está ligada àquele que é dotado de “personalidade e sujeito de direitos e obrigações dentro desse ordenamento.” 
 Assim o conceito de pessoa, sob o ponto de vista filosófico-jurídico, está ligado a uma situação de fato. Qual o fato que transforma o ser vivo em pessoa? O nascimento com vida. (art. 2º CC) 
 Ex.: Na Espanha tem que nascer com vida, ter aspecto humano e viver pelo menos 24 horas. Na França, - nascer com vida e ter a viabilidade de viver. 
 O nascimento deve ser com vida - para o Direito - ter vida autônoma. Se veio morto, para o Direito, não nasceu. Vamos pesquisar esses sinais de vida - para o Direito - na Medicina Legal. 
 Se teve vida autônoma e independente, se transformou em pessoa, passou a ter a personalidade. A própria lei atribui os direitos personalíssimos. Ao mesmo tempo permite adquirir e transmitir os direitos.DEFINIR: 
 a. NASCITURO - art. 2º CC. é o já concebido; 
b. NEONATO - nascido e já se tornou pessoa; 
c. PROLE EVENTUAL - nem sequer foram concebidos, direitos em 
potencial.
 TEIXEIRA DE FREITAS defendia a tese de considerar o nascituro como pessoa, assim como CLÓVIS BEVILÁQUA, independentemente de ter nascido com vida. Quais são os direitos do nascituro (art. 2º CC)? São as expectativas de direito - direitos futuros não adquiridos. 
 Se nascer com vida faz com que essa expectativa se torne realidade - direito adquirido. Transforma uma condição suspensiva em realidade. 
 Para o Direito Brasileiro é possível a prole eventual, mas só se efetivará se houver vida - é mera expectativa de fato. 
 A doutrina consagra três teorias dedicadas a discutir esse momento mágico de transpassar para o mundo jurídico sob o manto da vida constituindo-se em “pessoa propriamente dita”: 
 1ª - TEORIA NATALISTA ou NATURALISTA – adotada pelo nosso legislador desde 1916 (antigo art. 4º atual art. 2º) para a qual somente depois de exteriorizada a vida, passa aquele ente “neonato” a ser considerado pelo mundo jurídico como “capaz de direitos e obrigações”. Criticada mas mantida. Hoje já é objeto de pedido de reforma. 
 
2ª - TEORIA CONCEPCIONISTA – abraçada por muitos doutrinadores, dentre eles Maria Helena Diniz, o Dep. Ricardo Fiúza, dentre outros memoráveis, para os quais o fato do legislador ressalvar o “resguardo aos direitos do nascituro” somente cairia no absurdo devendo prestigiar a vida desde a concepção não só como proteção, mas como ente já formado apenas aguardando sua completude para vir ao mundo. 
Teoria moderna, tendência atual do direito se adotada daria melhores lastros de defesa do Biodireito. 
 
3ª - TEORIA PRÉ-CONCEPCIONISTA – mais remota, mas que considera, para seus adeptos, a vida antes mesmo da concepção, quando os gametas masculinos e femininos ainda não se cruzaram. 
 
A rigor, muitos entendem ser MISTA a posição do nosso ordenamento o que faria aparecer uma 4ª Teoria Mista – entre o natalismo e o concepcionismo, tudo em razão da 2ª parte do art. 2º CC. 
 Temos que considerar que o NASCITURO, aquele que está por nascer pode ser visto sob duas óticas: o da PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL e o da PERSONALIDADE JURÍDICA MATERIAL.
 
I – PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL – o momento da “nidação”, quando alojado no ventre materno aguarda o momento mágico de “nascer com vida”, por essa razão, o nosso ordenamento abomina o “aborto”, admitindo apenas sua forma eugênica, necessária em casos específicos. 
 
II – PERSONALIDADE JURÍDICA MATERIAL – quando o nascituro, verdadeiramente vem ao mundo com vida, como titular de direitos, provido de personalidade. 
 Dentro desse espectro temos a considerar que a gestante (a mãe) tem seus próprios direitos que são personalíssimos: a vida, a integridade, a honra etc. e o ser que está gerando, enquanto nascituro, por si mesmo também os possui em relação “à vida e a sua integridade”, além de poder ter seus direitos patrimoniais protegidos. 
Assim, por exemplo, temos o direito eventual de herança para o nascituro que pode ser resguardado por sua mãe ou quem a represente ou assista. Por essa razão a natureza jurídica do direito de herança do nascituro é de “HERANÇA JACENTE” – aquela sem dono, mas cuja titularidade é buscada pelo direito antes de ser declarada vaga (vacante). Através de uma Medida Cautelar de Garantia dos Direitos do Nascituro, por ex., poderá essa expectativa do direito ser observada em prol do nascituro. 
 Desta forma, definido que para o legislador do Direito Civil, como anteriormente já observado, a personalidade tem início com o comprovado estado vital daquele que acabou de nascer. “A personalidade é o atributo jurídico que dá a um ser status de pessoa”.
 Ainda citado por FIUZA (2003), a personalidade é um valor, “o valor fundamental do ordenamento jurídico e está na base de uma série aberta de situações existenciais, nas quais se traduz sua incessante e mutável exigência de tutela”, daí decorrem os direitos da personalidade. 
 Essa personalidade que adquirimos (como pessoas naturais ou físicas que somos) ao nascermos com vida percorre toda nossa existência até que a percamos com a morte, morte esta absorvida em seu conceito dentro dos vários critérios que o Direito encara, transformando-se esse lapso temporal no “MARCO DA NOSSA EXISTÊNCIA”, consequentemente, “O MARCO DA PERSONALIDADE CIVIL“.
DO TÉRMINO DA PERSONALIDADE CIVIL DA PESSOAS NATURAIS
 
Como bem já observamos, a personalidade jurídica da pessoa (ser humano) tem um marco: começa com o nascimento com vida e termina com a morte (arts. 2º e 8º do CC) tendo em relação com os “ausentes” , para efeito de sucessão com a presunção de sua morte. 
 PERSONALIDADE = “é a aptidão para se adquirir direitos e obrigações” sem distinção de qualquer espécie e, assim sempre foi dentro do nosso Direito, mesmo ao tempo da escravidão. Com relação aos estrangeiros, as restrições que a eles se fazem, são unicamente na ordem de segurança nacional. A ideia de personalidade está intimamente ligada a figura do homem enquanto espécie humana. 
 Tendo a nossa personalidade início, exatamente, à partir, do “nascimento com vida”, resguardando o legislador pátrio os direitos do “nascituro”, ou seja aquele ente já concebido mas que ainda não adquiriu a personalidade mas, já possui o direito de vir a adquiri-la. Esses reflexos, dessa proteção, projetam-se além do âmbito de nosso estudo para as esferas do Direito de Família, Direito das Sucessões e, também Direito Penal, dentre outros campos. 
 FIM DA PERSONALIDADE = Após durar por toda a nossa existência, digo, da pessoa natural, termina com a nossa morte e, somente com ela. 
 A morte é de suma importância no mundo do Direito pois, à partir do assento desta no registro de óbito cessam todas as consequências em torno daquele ente humano que desapareceu: - seus reflexos civis, penais, judiciários; cessam seus direitos e obrigações, extingue-se a punibilidade, etc. 
 Ela é constatada pelo exame do cadáver e prova-se pela certidão de óbito, assentada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. 
 Dar-se-á de forma natural ou real, sob a forma de comoriência (para morte simultânea) ou presumida (para os desaparecidos). 
a) NATURAL (OU REAL): nas diversas formas de óbito da pessoa natural seja por doença, acidente, desde que, do sujeito individualizado. Com ela cessam, para este, todos direitos e obrigações, por ex., casamento, poder familiar, mandato, etc. Há que ser levada a registro no Cartório competente. 
b) MORTE PRESUMIDA: Pela Lei se dá pela ausência de uma pessoa, nos termos dos arts. 22 a 39 do CC e dos arts. 1.161 a 1.168 CPC. Se uma pessoa desaparecer, sem deixar notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o Ministério Público poderá requerer ao Juiz a sua “declaração de ausência” e a nomeação de um curador. 
 c) COMORIÊNCIA OU MORTE SIMULTÂNEA = É possível que ocorra a morte de duas ou mais pessoas numa mesma ocasião, vítimas de um mesmo acidente, evento, etc. sendo elas ou não, reciprocamente, herdeiras uma das outras. É um fato que tem repercussão no mundo jurídico em virtude da ressonância patrimonial no Direito das Sucessões, por exemplo. O nosso Direito optou pela “simultaneidade” da morte e adotou esse conceito do Direito Alemão. No mundo do Direito, existem outras posições à respeito mas a nós somente esta interessa. 
 Lembra o legislador, nos seus artigos 9º e 10 do CC, que determinados atos ou são registráveis ou averbáveis, quando denotam necessidade de publicidade e assegurar direitos de terceiros. Ambas têm esse reflexo, a segunda – averbação – são meras mudanças no estado da pessoa relativa a fatos que atinjam seu registro. 
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