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Imaginação sociológica e Suicídio Durkheim

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2- Os objetivos da Parte 1 (Sociologia: origem, objeto e métodos):
Ao final da parte 1 do programa, devemos ter atingido 4 objetivos:
Primeiramente, ilustrar o poder da sociologia em dispersar pressuposições nebulosas e nos auxiliar a perceber a operação do mundo social mais claramente. Para tanto, examinaremos um fenômeno que, à primeira vista, parece derivar unicamente de decisões individuais: o suicídio. Neste exercício, deverá ficar claro que as relações sociais têm influência marcante sobre as taxas de suicídio.
Mostrar que, desde suas origens, a sociologia tem sido motivada pelo desejo de melhorar o mundo social. Neste sentido, a sociologia não é um mero exercício acadêmico, mas um meio para se estabelecer rotas alternativas para a sociedade em que vivemos. Ao mesmo tempo, os sociólogos adotam métodos científicos para formular e testar suas idéias, aumentando assim sua validade. Estes pontos serão ilustrados através de um breve incurso na obra dos chamados “pais fundadores” da sociologia. 
Enfatizar que, da mesma forma que a sociologia ajudou os chamados pais fundadores a entender melhor a realidade social de sua época, ela também pode nos proporcionar uma compreensão mais ou menos adequada das mudanças sociais massivas a que estamos sujeitos em nossa época. 
Demonstar que, através da dupla atividade de teoria e pesquisa, os sociólogos podem entender e explicar o mundo social de maneira mais confiável do que a maioria dos atores sociais. Neste sentido, faremos um breve incurso na natureza da ciência e da metodologia científica. Enfatizaremos os principais grupos de teorias sociológicas (teorias funcionais, do conflito, interacionistas, utilitaristas e feministas), assim como os principais métodos de pesquisa social (experimentos, questionários e entrevistas, observações, levantamentos históricos, etc).
3- A Imaginação Sociológica: A Explicação Social do Suicídio
No final do século XIX, o sociólogo Francês Émile Durkheim demonstrou que o suicídio é mais do que um simples ato individual de desespero, resultante de uma desordem psíquica; ao contrário, as taxas de suicídio são fortemente influenciadas por forças sociais. 
Durkheim provou seu ponto de vista examinando a associação entre as taxas de suicídio e as taxas de desordem psicológica de diversos grupos sociais. Para ele, a idéia de que desordens psicológicas causam o suicídio só poderia ser provada se houvesse uma correlação positiva entre suicídio e desordem psicológica, isto é, haveria taxas de suicídio altas onde as taxas de desordem psicológicas fossem altas e taxas de suicídio baixas onde as taxas de desordem psicológica fossem baixas. 
No entanto, suas análises das estatísticas oficiais de governos europeus não mostravam nada neste sentido. Durkheim descobriu, por exemplo, que havia muito mais mulheres do que homens nos manicômios; apesar disso, existiam 4 suicidíos entre homens para cada suicídio entre mulheres. Os judeus tinham as maiores taxas de desordem psicológica entre os principais grupos religiosos da França; no entanto, apresentavam a menor taxa de suicídio dentre esses grupos. As desordens psicológicas ocorrem mais frequentemente quando uma pessoa alcança a maturidade; entretanto, as taxas de suicídio continua avançando linearmente com a idade avançada.
Se as taxas de suicídio e de desordem psicológica não caminham juntas, o que explica as variações nas taxas de suicídio? A resposta de Durkheim a esta questão foi a de que as taxas de suicídio variam de acordo com o grau de solidariedade social dos diferentes grupos. 
De acordo com sua teoria, quanto mais os membros de uma sociedade compartilharem de crenças e valores, mais eles frequente e intensamente eles interagem entre si (a isto ele dá o nome de densidade moral). Quanto maior a densidade moral, maior a solidariedade de uma sociedade. 
Isto significa que quanto mais embasados os indivíduos estão em sua sociedade, menos frequentemente eles cometem suicídio (o suicídio altruísta é uma exceção, pois repousa sobre um tipo específico de solidariedade, a solidariedade orgânica). 
Durkheim mostrou, por exemplo, que os indivíduos adultos casados têm metade das chances de cometer suicídio em relação aos solteiros. Isto porque o casamento normalmente cria laços sociais, um tipo de cimento social que liga o indivíduo à sociedade. 
Da mesma forma, as mulheres são menos propensas ao suicídio, na medida em que estão mais envolvidas nas relações sociais íntimas da vida familiar.
Os Judeus são menos propensoas a se suicidar do que os Cristãos, pois os séculos de perseguição geraram um grupo mais coeso e defensivo em relação a grupos externos.
Os idosos cometem mais suicídio do que as pessoas jovens ou de meia-idade porque tendem a viver sozinhos, podem ter perdido o cônjuge, não trabalhar e ter uma rede menor de amizade.
A curva do suicídio pode, portanto, ser ilustrada da seguinte forma:
É importante notar que, embora esta teoria não explique o porquê de os indivíduos particulares se suicidarem, ela permite mostrar que existe uma ordem de fatores (os fatores sociais) que influenciam as escolhas individuais. Num sentido importante, portanto, a sociologia nos permite estabelecer um elo entre nossos problemas pessoais e as estruturas sociais (i.e., a forma como a sociedade se organiza ou os padrões estáveis de relações sociais).
Embora o termo estrutura social seja concebido de maneira diversa dentro das tradições sociológicas, é possível pensar em três níveis de estrutura social: as micro-estruturas (i.e., aquelas que formam os padrões de relações sociais íntimas a partir das interações face-a-face entre os indivíduos – ex. família, círculos de amizade, associações profissionais); as macro-estruturas (i.e., padrões de relações sociais acima dos círculos familiares e de amizade- ex. relações de classe, burocracia, patriarcado); as estruturas globais (organizações internacionais, relações diplomáticas e econômicas entre países).
Os elementos básicos para a formação das estruturas sociais, assim como os tipos principais de estruturas serão examinados numa seção específica deste curso. O que importa reter no momento é existem padrões sociais que influenciam nossos pensamentos, sentimentos e ações mais privados, ajudando a definir quem somos. Neste sentido, existe uma via de mão dupla entre a sociedade em que vivemos e a maneira como vivemos nossas vidas, os problemas que temos, as soluções que encontramos, etc.
4- O surgimento da Sociologia
 O sociológo americano C. Wright Mills denominou a habilidade de se perceber esta conexão entre nossos problemas pessoais e a estrutura social de imaginação sociológica. A imaginação sociológica, tal como concebida por Wright Mills é um fenômeno relativamente recente na história da humanidade. Embora os filósofos sociais da antiguidade clássica, da Idade Média e do Renascimento tenham refletido sobrea sociedade, seu pensamento não era propriamente sociológico. 
Foi apenas quando 3 revoluções modernas ocorreram que as pessoas começaram a duvidar de que Deus e a natureza controlavam a sociedade, que pararam de se preocupar em simplesmente estabelecer regras de conduta para se construir a sociedade ideal e de basear-se em especulações ao invés de evidências para tirar suas conclusões acerca do funcionamento da sociedade.
Estas revoluções são a Revolução Científica do Renascimento e do Iluminismo, a Revolução Democrática (EUA e França) e a Revolução Industrial.
Nas décadas finais do século XVIII e início do século XIX, a sociologia foi planejada como uma disciplina autoconsciente, no sentido de tentar fornecer as bases científicas para o estudo da sociedade.
5- Os Pais Fundadores
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Estrutura Social II
Por exemplo, níveis de solidariedade social afetam as taxas de suicídio.
Solidariedade Social refere-se a: a) o grau segundo o qual os membros de um grupo compartilham crenças e valores e b) a intensidade e freqüência de suas interações.
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Estrutura Social III
Os sociólogos analisam como três níveis de estrutura social afetam a ação humana:
Micro-estruturas (padrões de relações sociais pessoais formadas durante interações face-a-face)
Macro-estruturas (padrões de relações sociais fora e acima do círculo imediato dos atores)
Estruturas globais (padrões de relações sociais fora e acima do nível nacional)
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Três Revoluções Deram Origem à Sociologia
A Revolução Científica encorajou a perspectiva segundo a qual as conclusões sobre o funcionamento da sociedade devem se basear em evidências, não apenas em especulação.
A Revolução Industrial gerou problemas sociais que atraíram a atenção dos pensadores sociais.
A Revolução Democrática sugeriu que as pessoas são responsáveis pela organização da sociedade e que a intervenção humana pode resolver problemas sociais.
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Sociology: Compass for a New World*
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Os Pais fundadores: Auguste Comte
Comte cunhou o termo sociologia
Procurou fundar uma sociologia de bases científicas, uma verdadeira “física social”.
Através de suas leis dos três estágios, acreditava ter estabelecido as leis da organização social humana.
O estabelecimento das leis sociais nos permitiriam saber o que era possível mudar na sociedade e o que não poderia ser modificado.
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Sociology: Compass for a New World*
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A Lei dos Três Estágios de Comte
Estado Teológico: o pensamento sobre o mundo é dominado pelas considerações do sobrenatural, religião e Deus.
Estado Metafísico: as atrações do sobrenatural são substituídas pelo pensamento filosófico sobre a essência dos fenômenos e pela matemática.
Estado Positivo: a ciência, baseada na observação cuidadosa dos fatos empíricos e no teste sistemático de teorias tornam-se modos dominantes de conhecimento.
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Sociology: Compass for a New World*
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Os Pais Fundadores: Herbert Spencer
Explicação baseada em analogias com os organismos biológicos: as sociedades devem desempenhar certas funções se quiserem sobreviver; devem reproduzir-se; devem produzir bens e produtos para sustentar seus membros, devem prover a distribuição destes produtos; devem coordenar e regular as atividades dos membros.
Institui o funcionalismo, i.e., a idéia de que tudo o que existe em uma sociedade contribui para seu funcionamento equilibrado; tudo o que nela existe tem um sentido e um significado. 
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Sociology: Compass for a New World*
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Os Pais Fundadores: Émile Durkheim
Considerado o primeiro “sociólogo” por utilizar dados empíricos para estudar os fenômenos sociais.
Como Comte, acreditava que a sociologia poderia constituir as bases científicas para a construção de uma sociedade melhor.
Como Spencer, adotava a perspectiva funcionalista.
Define o objeto da sociologia como os “fatos sociais”, que devem ser tratados como coisas.
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Sociology: Compass for a New World*
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A TEORIA DO SUICÍDIO DE DURKHEIM
Solidariedade social
alta
baixa
Freqüência de suicídio
baixa
alta
Suicídio altruísta
Suicídio anômico
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Estrutura Social I
Durkheim demonstrou que ações aparentemente não-sociais e anti-sociais são influenciadas por estruturas sociais.
Uma estrutura social é um padrão de relações sociais relativamente estável

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