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Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 1 Poder Legislativo O Poder Legislativo é o poder do Estado ao qual, segundo o princípio da separação dos poderes, é atribuída a função legislativa. Por poder do Estado compreende-se um órgão ou um grupo de órgãos pertencentes ao próprio Estado, porém independentes dos outros poderes. Nos Estados modernos o poder legislativo é formado por: Um parlamento em nível nacional, Parlamentos dos estados federados, nas federações; Eventuais órgãos análogos ao parlamento, de regiões e outras entidades territoriais às quais se reconhece autonomia legislativa. No sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder legislativo é representado pelos legisladores, homens que devem elaborar as leis que regulam o Estado. O poder legislativo, na maioria das repúblicas e monarquias, é bicameral, isto é, o Parlamento (também nomeado Congresso, como no Brasil) é formado por uma Câmara (ex.: dos Deputados, dos Representantes, dos Comuns, etc) e um Senado. - As funções precípuas do Legislativo são: elaborar as leis (desde Emenda Constitucional até as leis ordinárias, ou seja, elaborar os atos normativos primários / leis em sentido amplo), exercer o controle político do Poder Executivo e realizar a fiscalização orçamentária de todos os que lidam com verbas públicas. Essa última função é exercida junto a outro órgão, o Tribunal de Contas que, tecnicamente, não estaria vinculado a nenhum dos poderes, mas que se fosse para vincular ele a algum, seria vinculado ao Poder Legislativo. Segundo o art. 44 da Constituição Federa, “O Poder Legislativo, é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”. A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional em cada estado, em cada Ente federado (Estados e Distrito Federal). Contamos com 513 Deputados Federais, com mandato de quatro anos. O número de Deputados é proporcional à população do Estado ou do Distrito Federal, com o limite mínimo de oito e máximo de setenta Deputados para cada um deles. Para o Senado Federal, cada Estado e o Distrito Federal elegem três Senadores, com mandato de oito anos, renovados de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. A composição do Senado Federal é de 81 Senadores. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 2 Art 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Por que “Poder” está no singular, no art. 1º, e no art. 2º fala-se em “separação de Poderes”, no plural? O “Poder” do art. 1º é elemento do Estado, faz parte da formação da ideia do conceito de Estado. É a aptidão de impor sua vontade perante os demais, com reconhecimento (Estado + Povo + Poder). Os “Poderes” do art. 2º está no sentido de Função e atribuição que decorre do Poder que é do povo. “Função executiva, função legislativa, função judiciária” seria mais adequado. Estado Federal: União, Estados, DF e Municípios. Há atribuições que decorrem do poder legislativo em todos os âmbitos. EM ÂMBITO FEDERAL: É exercido pelo Congresso Nacional (composição de duas casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal) = Sistema Bicameral (dupla representação). Cada casa exerce uma representação: Povo, representação tecnicamente popular, sendo os deputados eleitos em número relativamente proporcional à população de cada unidade da Federação (Câmara dos Deputados); Unidades da Federação, representação igualitária de cada uma das unidades da Federação, ou seja, Estados membros e DF, com três senadores cada (Senado). Cúpula virada para cima: Câmara dos Deputados. Número não fixo, proporcional à população de cada Estado e DF. Cúpula virada para baixa: Senado. Número fixo de três Senadores. Deputados Federais ■ Mandato: 4 anos ( = uma legislatura ), composta de 4 sessões legislativas (períodos anuais do mandato). Art. 44 e art. 57. ■ Número: definido por um sistema proporcional. Atualmente há 513 Deputados Federais. ■ Idade mínima: 21 anos. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 3 Máximo = (70) ■ Parâmetros: Por cada Ente da Federação Mínimo = (08) Obs: Os Territórios Federais, que não são propriamente Entes da Federação, mas sim autarquias territoriais, não existem no Brasil. Se vierem a existir, elegerão 4 deputados federais (número fixo). Não elegerão Senador, pois não são considerados Ente da Federação, como dito. Eles não possuem autonomia. Senadores ■ Mandato: 8 anos ( = duas legislaturas ). Tempo baseado em argumentos metajurídicos. ■ Número: Calcula-se pelo Sistema majoritário. São 3 senadores fixos para cada Estado da Federação (26) + Distrito Federal (1). Portanto: 27 x 3 = 81 Senadores. A quantidade de 3 senadores é uniformemente tríplice e inteiriça. Não significa, porém, que há uma eleição sem escolha dos Senadores (visto que as votações ocorrem de quatro em quatro anos e que o mandato do Senador é de oito anos). A escolha do Senador segue a lógica de: Em uma eleição, troca-se 1/3 dos Senadores e, na próxima eleição, troca-se 2/3. É um Sistema de reversamento. Serve para que não haja uma troca imediata e conjunta dos Senadores, e para que não fique uma eleição sem escolha de Senador. ■ Idade mínima: 35 anos. Obs: Os subsídios são identicos para Deputados e Senadores, bem como é posto no art. 49. EM ÂMBITO ESTADUAL: Diferentemente do âmbito Federal, nos Estados há o Sistema Unicameral, pois no Estado não há representação do próprio Estado; há representação apenas do povo. Assim, o Poder Legislativo no âmbito dos Estados é composto apenas pela Assembleia Legislativa, composta por Deputados Estaduais, representantes do povo. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 4 Deputados Estaduais ■ Mandato: 4 anos. ■ Número: O número de Deputados Estaduais segue a seguinte lógica: Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. Significa dizer que: (Número de D.F. ≤ 12): O número de Deputados Estaduais será o triplo do número de Deputados Federais que representam aquele respectivo Estado, na Câmara dos Deputados, se esse número for até 12. (Número de D.F. > 12): Se esse número de Deputados Federais for acima de 12, usa-se a fórmula ( x = y + 24 ), sendo y o número de Deputados Federais e x o número de Deputados Estaduais. Máximo = (94) ■ Parâmetros Mínimo = (24) Explicando: Tendo em vista que o número mínimo de Deputados Federais é oito1, basta multiplicar esse número por três para obter o número mínimo de Deputados Estaduais, consequentemente. Portanto: 8 x 3 = 24; sendo esse o número mínimo de Deputados Estaduais possível. Para se obter o número máximo de Deputados Estaduais, basta pegar o número máximo de Deputados Federais, que é setenta2, e acrescentar vinte e quatro. Portanto, 70 + 24 = 94. ■ Idade mínima: 21 anos. EM ÂMBITO DISTRITAL: O Poder Legislativo Distrital é exercido pela Câmara Legislativa (nomenclatura que soma “Câmara dos Deputados” + “Assembleia Legislativa”). Também é Sistema Unicameral. Os agentes são chamados de Deputados Distritais. Não hávereador, pois não há municípios no Distrito Federal. A lógica é a mesma do âmbito Estadual. EM ÂMBITO MUNICIPAL: É também um Sistema Unicameral, exercido pela Câmara de Vereadores ou Câmara Municipal. Os vereadores são representantes do povo, apreciando interesses locais. 1 O número oito está dentro do intervalo 8 – 12, portanto usa-se a primeira fórmula (yx3). 2 O número setenta está acima de 12, portanto usa-se a segunda fórmula (y+24). Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 5 Vereadores ■ Mandato: 4 anos ( = uma legislatura ). ■ Número: A quantidade de membros desse cargo político é estabelecida através do contingente populacional de cada município (quanto mais habitantes, maior será o número de vereadores de uma cidade), atribuídos pela própria Constituição (art. 29, IV). Dica: Serão sempre números ímpares, variando de acordo com a população de cada município. Máximo = (09) ■ Parâmetros Mínimo = (55) ■ Idade mínima: 18 anos. - - - - - - - - - - Obs: [REGRA] Art 47. Salvo disposição constitucional em contrário *, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Fala-se do quorum para a tomada de decisão. “Maioria dos votos” = maioria simples, também chamada de maioria relativa. Então em regra nas casas do cong nac a maioria necessaria para se tomar uma decisao, para aprovar um projeto de lei por exemplo, é a maioria simples. Desde que estejam presentes, ao menos, a maioria absoluta dos membros da respectiva casa. QUORUM DE PRESENÇA: Maioria absoluta: primeiro número inteiro superior à metade dos membros de um órgão. Para dar início à votação. QUORUM DE DELIBERAÇÃO: Maioria simples: primeiro número inteiro superior à metade dos presentes a uma votação. Para aprovar o projeto. Exemplo: No Senado (81) está tramitando um projeto de lei ordinária, a primeira coisa que deve-se observar para se votar esse projeto será o Quorum de Presença, afinal só pode ter o início da votação se estiverem presentes pelo menos a maioria absoluta do Senado Federal, portanto o quorum de presença será 41 Senadores. Agora, pergunta-se se esses 41 estão presentes. Se estiverem, poderá se dar início a votação. Imagine, então, que estarão presentes 51 Senadores (portanto maior que a maioria absoluta). Para que a lei seja aprovada será necessário, para quorum de deliberação, a maioria simples, ou seja, primeiro número inteiro superior aos presentes na votação (51). Para ser aprovada, então, deverá ter 26 votos a favor. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 6 (*) É o que acontece, por exemplo, com as leis complementares. A maioria necessária para a aprovação (o quorum de deliberação) é a maioria absoluta, e não maioria simples, como dispõe o art. 69. Então, infere-se que no âmbito do estudo do Processo Legislativo, sempre que a constituição instituir uma maioria diferente para a deliberação, que não seja a regra geral do artigo 47, deve-se respeitar a nova maioria instituida pela CF. ATRIBUIÇÕES Ao tratar das competências do Congresso Nacional, podemos reuni-las em três conjuntos: 1º) o das atribuições relacionadas às funções do Poder Legislativo Federal; 2º) o das atribuições das Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), quando atuam separadamente; e 3º) o das atribuições relacionadas ao funcionamento de comissões mistas e de sessões conjuntas, nas quais atuam juntos os Deputados Federais e os Senadores (embora votem separadamente). ► Atribuições do Congresso Nacional relacionadas às funções do Poder Legislativo Federal. Na maioria dos casos, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal funcionam de forma articulada para o exercício das funções do Congresso Nacional. Um exemplo é o processo de elaboração das leis complementares e ordinárias, em que uma Casa funciona como iniciadora e a outra como revisora. Além da função de representação, antes mencionada, compete ao Congresso Nacional exercer atribuições legislativas e de fiscalização e controle. São as chamadas funções primátias, típicas, precípuas. • Quanto à função legislativa, cabe ao Congresso Nacional legislar sobre as matérias de competência da União, mediante elaboração de emendas constitucionais (através do Poder Constituinte Derivado Reformador), de leis complementares e ordinárias, e de outros atos normativos com força de lei. O art. 48 da Constituição lista diversos assuntos que podem ser objeto de leis, que dependem da aprovação do Congresso Nacional e da sanção do Presidente da República. Ou seja, são matérias que devem ser tratadas pelo Congresso Nacional com a participação do Poder Executivo (tecnicamente, do Chefe do Poder Executivo) através do sanção ou do veto. Reforçando: As matérias previstas no art. 48 são aprovadas por meio de LEI, pois nela existe sanção e veto. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 7 Por sua vez, o art. 49 da Constituição Federal traz a relação das competências exclusivas do Congresso Nacional, que são veiculadas por decreto legislativo, para o qual não é exigida a sanção presidencial (como determina o caput do artigo 48). Reforçando: As matérias previstas no art. 49 são aprovadas por meio de DECRETO LEGISLATIVO (não é um decreto do executivo, mas do legislativo), não existindo sanção e veto. • Quanto a função fiscalizadora, o art. 70 da Constituição estabelece a competência do Congresso Nacional para a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta. Para que possa exercer essa função, o Congresso Nacional é auxiliado pelo Tribunal de Contas da União. O Congresso Nacional e suas Casas dispõem, ainda, de outros mecanismos de fiscalização e controle, entre os quais podemos mencionar: a possibilidade de convocação de Ministro de Estado ou de titulares de órgãos diretamente vinculados à Presidência da República para prestar informações sobre assunto previamente determinado; o encaminhamento de pedidos de informações a essas autoridades pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; a instalação de comissões parlamentares de inquérito pelas Casas, em conjunto ou separadamente, para apuração de fato determinado e por prazo certo. ► Atribuições do Congresso Nacional relacionadas ao funcionamento das sessões conjuntas e das comissões mistas. A organização bicameral do Congresso Nacional possibilita, ainda, o funcionamento de sessões conjuntas e de comissões mistas, nas quais atuam juntos os Deputados Federais e os Senadores, embora seus votos sejam colhidos separadamente. O art. 57, § 3º, da Constituição prevê a realização de sessões conjuntas para: ”inaugurar a sessão legislativa”; “elaborar o regimento comum (do Congresso Nacional) e regular a criação de serviços comuns às duas Casas”; “receber o compromisso (e não juramento) do Presidente e do Vice-Presidente da República” e “conhecer do veto e sobre ele deliberar (a deliberação e eventual derrubada devem ser feitas em sessão conjunta”. Por sua vez, o art. 166 da Constituição dispõe que os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais devem ser apreciados pelas Casas do Congresso Nacional Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 8 em sessão conjunta, conforme disposto no Regimento Comum. O § 1º desse artigo prevê, ainda,a existência de uma comissão mista permanente para, entre outras atribuições, examinar e emitir parecer sobre esses projetos. As medidas provisórias iniciam sua tramitação em uma comissão mista, encarregada de emitir parecer sobre a matéria. Posteriormente, elas são apreciadas, em sessão separada, pelo Plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional (art. 62, § 9º, da Constituição Federal). É importante observar que o Congresso Nacional, quando funcionam conjuntamente a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, é regido por um Regimento Comum. Nesse caso, é dirigido pela Mesa do Congresso Nacional, que será presidida pelo Presidente do Senado Federal, sendo os demais cargos exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes nas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O sítio do Congresso Nacional tem por objetivo apresentar o conteúdo relativo às atribuições relacionadas ao funcionamento das sessões conjuntas e das comissões mistas. As informações relativas ao exercício das demais atribuições, exercidas por suas Casas de forma articulada ou separada, estão apresentadas em seus respectivos sítios (www.camara.leg. br e www.senado.leg.br). Sessão conjunta x Sessão unicameral: Tanto na sessão conjunta quanto na sessão unicameral, a reunião dos deputados e senadores ocorre em um mesmo instante. A diferença é que na sessão conjunta a votação é simultaneamente feita por casa e os votos são computados separadamente (maioria absoluta da Câmara = 257 deputados, e maioria absoluta do Senado = 41 senadores - Ex: art. 66, 4º, CF), e na sessão unicameral a votação é conjunta, ou seja, os votos de senadores e deputados são contados de forma igual, a atuação é como uma só casa (513 deputados + 81 senadores = 594 parlamentares, sendo a maioria absoluta 298 congressistas - Ex: art. 3º, ADCT). A comissões3 mistas são formadas por Deputados e Senadores, para o estudo de assuntos expressamente fixados (assuntos de competência do Congresso Nacional, em sessão conjunta). 3 Comissões, por sua vez,são organismos instituídos em cada Câmara (ou, conjuntamente, no Congresso Nacional), compostos de número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres e/ou cumprir outras atribuições indicadas na Constituição, no Regimento Interno ou no Ato formal que os criou. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 9 ► Atribuições das Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) quando atuam separadamente. Há situações, porém, em que as Casas funcionam separadamente. A Constituição estabelece, para tanto, as competências privativas da Câmara dos Deputados (art. 51) e do Senado Federal (art. 52). Se do exercício dessas atribuições resultar um ato normativo, será uma Resolução da respectiva Casa. OBS: O inciso IV do art. 51 determina a necessidade de “iniciativa de lei”, portanto é uma exceção em que o Poder Executivo é incluido dentro do rol, por exigir lei; bem como ocorre também com o inciso XIII, que é uma exceção que não é resolução, mas “iniciativa de lei”. De acordo com o caput do Art. 48, a sanção do Presidente da República não é exigida nos casos dos art. 48, 51 e 52. Portanto, nos casos de competência privatida da Câmara dos Deputados e privativa do Senado Federal não tem necessidade da participação do Poder Executivo para sancionar ou vetar a lei. O art. 68, § 1º, da CF determina que “não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional (49), os de competência privativa da Câmara dos Deputados (51) e os de competência privativa do Senado Federal (52) [...].” Assim, entende-se que o termo mais adequado para os arts. 51 e 52 seria “exclusivamente”, visto que são matérias que independem da sanção e veto do Presidente e são indelegáveis. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Em suma: Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 10 REUNIÕES DO PODER LEGISLATIVO SESSÃO = Reunião dos parlamentares em Plenário para debate ou deliberação de matérias. Elas têm diferentes momentos e se apresentam em diferentes situações. São elas: Sessão ordinária, sessão extraordinária, sessão conjunta, sessão preparatória. Sessão Ordinária: período comum ordinário de trabalho e atividade do Congresso Nacional. Vai de 02 de fevereiro até 17 de julho e 01 de agosto até 22 de dezembro. Esse período de trabalho é chamado de sessão legislativa, período anual; esse periodo anual, porém, não é o ano civil, que vai de 01 jan. até 31 de dez. Em outras palavras, é uma sessão plenária realizada apenas uma vez ao dia, em todos os dias úteis, de segunda a sexta-feira, com início às 09 horas, quando convocadas para as sextas-feiras, e nos demais dias da semana às 14 horas. A Sessão Ordinária tem a duração de cinco horas. Sessão Extraordinária: É a convocação do Congresso Nacional no “periodo de férias”, fora do periodo de convocação ordinária. É a sessão que se realiza em dia ou hora diversos dos prefixados para as sessões ordinárias. Tem a duração de quatro horas e é destinada exclusivamente à discussão e votação das matérias constantes da Ordem do Dia. Ou seja, elas são as realizadas em dias ou horários diversos dos prefixados para as ordinárias. São convocadas pelo Presidente da Câmara, de ofício, por proposta do Colégio de Líderes ou mediante deliberação do Plenário sobre requerimento de pelo menos um décimo dos Deputados. Destinam-se exclusivamente à discussão e votação das matérias constantes do ato de convocação. Obs: Presidente do Senado = Presidente do Congresso Nacional. Isso não significa que o presidente do Senado é melhor que o presidente da Câmara. Em caso de vacância do Presidente da República e do Vice, quem ocupa é o presidente da Câmara. São situações diferentes. Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. = Sessão legislativa. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 11 de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Sessão Preparatória: Essa Sessão antecede a sessão ordinária. É o rito de início dos trabalhos da sessão legislativa (≠ de período legislativo, como visto). Cada uma das casas se reunirão um dia antes da sessão ordinária, ou seja, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura. São as que precedem a inauguração dos trabalhos do Congresso Nacional, na primeira e na terceira sessões legislativas de cada legislatura, e são realizadas exclusivamente para a posse dos deputados eleitos e para a eleição dos membros da Mesa Diretora. Art. 57. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamentesubseqüente. Sessão Conjunta4: É diferente da sessão unicameral (art. 3 do ADCT) para fins de revisão constitucional, o que é entendido por alguns autores que tal sessão unicameral é uma norma de eficácia exaurida, visto que essa regra já foi exercida e não tem mais aplicabilidade. Nessa votação unicameral todo mundo vota igual, todo mundo vale 1 voto, idependente de ser Senador ou Deputado Federal. Na sessão conjunta há uma reunião entre Câmara e Senado, mas as deliberaçoes são feitas em apurações diferentes: apuração do Senado e apuração da Câmara. É apenas no mesmo espaço. PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DO CONGRESSO NACIONAL São prerrogativas que visam a proteção do sistema representativo e democrátivo; são situações que preservam a representatividade e a democracia. As imunidades são garantias que os parlamentares gozam a partir da diplomação, que é anterior à própria posse, pois depois que o indivíduo é eleito e que apresenta as suas contas, ele é diplomado através do ofício eleitoral, sendo que a partir deste momento a Justiça Eleitoral declara que este 4 Como visto no último tópico das Atribuições do Congresso Nacional. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 12 indivíduo está apto a assumir o mandato. Desde a diplomação o parlamentar começa a gozar das imunidades parlamentares. Podem ser: Materiais – conteúdo de opinião, palavra ou voto. Art. 53, caput: “Os Deputados5 e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Pode ser dentro ou fora da casa. Esta é uma garantia dada aos Parlamentares (Deputados e Senadores) relacionada à liberdade de expressão, liberdade para o próprio exercício do mandato. Se dentro da casa: não precisa ter conexão com a atividade parlamentar. Se fora da casa: precisa ter conexão com a atividade parlamentar. Obs: Para Vereadores existe essa prerrogativa material, mas a atividade precisa ser necessariamente interna e com conexão com a atividade. Ou seja, é uma prerrogativa mais limitada, com mais requisitos. Então, por exemplo, numa entrevista de rádio, na TV o mesmo não estaria acobertado e no âmbito do município. Deputados e Senadores, ainda, não são obrigados a testemunhar sobre informações que eles recebam ou que foram prestadas em razão do mandato. Nem pode, inclusive, prestar testemunha sobre pessoas que lhes confiaram alguma informação em razão do cargo que exerçam. (Art 53 § 6º). “A imunidade material implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. Nas suas opiniões, palavras ou votos, jamais se poderá identificar, por parte do parlamentar, qualquer dos chamados crimes de opinião ou crimes da palavra, como os crimes contra a honra, incitamento ao crime, apologia de criminosos, vilipêndio oral a culto religioso etc., pois a imunidade material exclui o crime nos casos admitido; o fato típico deixa de constituir crime, porque a norma constitucional afasta, para a hipótese, a incidência da norma penal.” (Alexandre de Morais) Exemplo: Um Senador, no afluir dos pensamentos e diante de uma situação de debate com demais colegas de profissão, durante sessão na câmara, permita- se falar palavras de baixo calão, injúrias, calúnias ou até mesmo difamação envolvendo outro parlamentar, neste caso em nada lhe será imputado, pois estamos diante das regras do art. 53, caput, da CF. Situação essa que não poderá ser considerada nas mesmas circunstâncias quando, por exemplo, este 5 Entende-se aqui, como “Deputados”, os Federais, Estaduais e Distrital. Os vereadores não são incluídos pois contam com algumas exceções que serão vistas a diante. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 13 mesmo parlamentar se utiliza das mesmas palavras, só que ao invés de proferi-las em plenário, no exercício da sua função pública, a os faz em um restaurante, dirigida a um garçom, quando em almoço com sua família. Nesta situação a imunidade não lhe alcança. Este é inclusive o entendimento do Supremo Tribunal Federal: "A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) – que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo – somente protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. A prerrogativa indisponível da imunidade material – que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício congressional, de outro”. Bom salientar que as manifestações do parlamentar podem ser feitas fora do seu exercício estrito, desde que sejam em consequência deste. A título de exemplo, cita-se um Deputado Federal que sai de Brasília para uma audiência e palestra pública em São Paulo, onde, com atribuições de cargo parlamentar, profere palavras e opiniões. Estas estarão abrangidas pela imunidade. Obs: De outra parte, assentou-se, igualmente, que a “imunidade parlamentar material se estende à divulgação pela imprensa, por inciativa do congressista ou de terceiros, do fato coberto pela inviolabilidade”. Há de se fazer uma ressalta quanto a este ponto, porque hoje virou moda no Brasil as empresas de comunicações em massa, principalmente as televisivas, mesmo que não seja jornalístico, entrevistarem os Deputados e Senadores, dentro e fora do Congresso, e, em muitas ocasiões distorcem o proferido por estes, dando outra realidade e linha de interpretações para os telespectadores de uma forma geral. Esta extensão da imunidade à divulgação pela imprensa se torna então necessária. Gilmar Mendes ainda lembra que se alguém é injuriado por parlamentar, beneficiado pela imunidade, e retruca de imediato, pode também ser livre de repressão criminal. Não poderia ser diferente, ao passo que o Parlamentar, Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 14 dentro de suas prerrogativas, acobertado pela imunidade, profere injúrias contra uma pessoa, eleva sua condição de imune para a réplica que ser insurgirá de imediato. Vale lembrar que tal imunidade é de caráter perpétuo, pois após o fim de sua legislatura o parlamentar não poderá ser investigado e responsabilizado, civil ou criminalmente pelas palavras, opiniões e votos proferidos durante o seu mandato, pois se pressupõe a inexistência, a época, de ilícito ou infração penal e civil. Formal ou Processual – A imunidade formal é o instituto que garante ao parlamentar a impossibilidade de ser ou permanecer preso ou, ainda, a possibilidade de sustação do andamento da ação penal por crimes praticados após a diplomação. Tem-se, portanto, uma dupla imunidade formal, ou seja, uma refere-se à impossibilidade de prisão e a outra em relação a instauração do processo no que tange a sua competência. Obs: Os Vereadoresnão têm essa prerrogativa formal ou processual; já o Deputado Estadual tem a imunidade material e não tem imunidade formal PARA CRIMES PRATICADOS ANTES da diplomação, mas apenas para crimes praticados durante a diplomação. “Quanto a prisão, estatui-se que, salvo flagrante de crime inafiançável, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos dentro do período que vai desde a sua diplomação até o encerramento definitivo de seu mandato por qualquer motivo, incluindo a não reeleição. Podem, pois, ser presos nos casos de flagrante de crime inafiançável, mas, os autos serão remetidos, dentro de 24 horas, à Câmara respectiva, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão.” Em suma: Os parlamentares, segundo a Constituição, desde a diplomação, não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Mesmo assim, caso isso ocorra, caberá à casa respectiva, ou seja, Câmara ou Senado resolver sobre a manutenção ou não da prisão do parlamentar. Se um Deputado ou Senador comete um crime antes da diplomação, o processo correrá normalmente mesmo após a posse. Mas se ele praticar este crime após a diplomação, a regra hoje é que o processo criminal terá seu curso normal, porém o partido político com representação na Casa poderá pleitear que o processo seja sustado, ou seja, se tem uma ação em curso e a maioria da Casa por iniciativa de partido político decida pela paralisação do processo, o mesmo será paralisado até o fim do mandato do indivíduo. Quando este mandato acabar, o processo volta a correr. A regra é que o processo ocorrerá Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 15 normalmente e só se a maioria da Casa decidir que será suspendo, isso ocorrerá. Segundo Pedro Lenza, a diplomação nada mais é que um atestado garantindo a regular eleição do candidato. Ocorre antes da posse, configurando o termo inicial para a atribuição da Imunidade formal para a prisão. No entanto, caso o parlamentar seja efetivamente condenado definitivamente (transitado em julgado) pela prática de um crime (qualquer que seja), cuja pena é prisão, diante do texto constitucional o parlamentar condenado não poderá ser preso para iniciar o cumprimento de sua pena enquanto não houver deliberação, pois, afinal, segundo a orientação da Constituição, os parlamentares não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Assim, o parlamentar poderá ser preso em caso de sentença judicial transitada em julgado, desde que não caiba mais recurso e que o parlamento delibere. Repetindo, mesmo nessa hipótese, deve também ser analisado juntamente com as regras contidas no art. 53 §2 (análise do caso pelo Congresso). De ressaltar que, caso a respectiva Casa Parlamentar decida pela não manutenção da prisão, esta deverá ser imediatamente relaxada, tem-se aqui uma típica decisão política e discricionária dos parlamentares. Obs: Eventuais denúncias = Não há limitação quanto a possibilidade de processar esses membros. Se for recebida a denúncia contra eles sobre crime que ele praticou APÓS a sua diplomação, o Supremo da ciência a respectiva casa daquela pessoa e essa casa, pelo voto da maioria dos seus membros e por iniciativa de partido, poderá sustar (diferente de arquivar) o andamento da ação enquanto durar o mandato. Essa sustação também suspende a prescrição, logicamente. Se o crime for anterior ao mandato, ele não pode ser sustado. “O processo não depende mais da licença prévia da Casa a que o congressista pertence. Agora, recebida denúncia contra parlamentar, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência a Casa respectiva. Contudo, partido político nesta representado poderá pedir a referida Casa a sustação do andamento da ação, pedido esse que deverá ser apreciado pela Casa no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela mesa diretora. Se a casa aceitar o pedido pelo voto da maioria absoluta de seus membros, o processo será sustado, qualquer que seja a fase de seu desenvolvimento, antes da decisão final. Mas a sustação importa também a suspensão do prazo prescricional, enquanto durar o mandato”. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 16 Há de se observar que não existe mais a necessidade de prévio pedido de licença para se processar um Deputado Federal ou um Senador no STF. O que pode ocorrer é a Casa Legislativa, por iniciativa de partido político nela representado, sendo a maioria de seus membros, sustar o andamento do processo e da ação penal, vale lembrar nesta situação que somente para crimes ocorridos após a diplomação do parlamentar. A sustação só susta a ação; isso não inibe a investigação pela Polícia Federal, visto que essa precisa de um lngo tempo para ter uma conclusão. Caso haja um concurso de agentes, onde um é parlamentar, que goza das prerrogativas da imunidade, e o outro não é parlamentar, que não goza de tais prerrogativas, o STF por motivo de conveniência entendeu que o processo precisa ser desmembrado. Sendo assim, o prazo prescricional quanto ao parlamentar fica suspenso, situação que não ocorre com o outro agente que não goza da imunidade. Em relação à suspensão do prazo prescricional, a sustação do processo pela Casa respectiva suspende o prazo prescricional enquanto durar o mandado do parlamentar, ou seja, a suspensão não alcança aquelas pessoas que não mais exerçam cargo ou mandato, sendo assim, não pode ser concedida após o término do mandato. Cabe aqui uma observação quanto ao prazo de 45 dias elencados no art. 53, §4, da CF. Este prazo se refere após a Mesa Diretora da Câmara ou do Senado Federal ter recebido o pedido de sustação, que neste caso poderá ser feito por partido político nela representado, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, este prazo sim é improrrogável. O que não se confunde com o prazo que o partido politico com representação na respectiva casa, pelo voto da maioria absoluta de seus membros possui para pedir a sustação, este sim vai até a decisão final do processo. Deputados e Senadores têm prerrogativa de foro, ou seja, serão julgados pelo STF. Esse julgamento implica todos os crimes, antes ou depois da diplomação. Pois, como já se viu, a sustação só se aplica apenas a crimes posteriores a diplomação. Aqui, se aplica tanto a antes, como depois. O foro privilegiado é para julgamento APENAS no âmbito penal, perante o Supremo Tribunal Federal. A lógica é o respeito à equivalência dos poderes, ou seja, se um Deputado ou Senador são representantes maiores do Legislativo, eles deverão ser julgados pelos representantes maiores do Judiciário e não por um Juiz comum. Muita gente considera a prerrogativa de foro como um absurdo, pois seria um privilegio dentro da ideia de que seria um julgamento mais difícil de acontecer. A manutenção da prerrogativa de foro se dá apenas enquanto persiste o mandato, ou seja, com o fim do mandato acaba também a prerrogativa de foro. Persiste enquanto o parlamentar estiver no exercício de Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 17 mandato, onde o mesmo é julgado criminalmente de forma equivalente à sua posição. As imunidades de Deputados e Senadores subsistem também durante o Estado de Sítio, só podendo ser suspensas mediante 2/3 dos membros da casa apenas para atos praticados no recinto do congresso e forem incompatíveis com o Estado de Sítio, com a execução da medida. PONTO: As imunidades podem ser renunciadas pelo parlamentar? A imunidade dos Deputados e Senadores é uma prerrogativa de ordem pública; está ligada diretamente ao mandato e não ao mandatário. Assim, as garantias e prerrogativas decorrentes daimunidade parlamentar, prevista no artigo 53 da Constituição Federal são irrenunciáveis, inclusive o foro especial por prerrogativa de função, também denominado competência originária “ratione personae” (em razão da pessoa). Embora a intenção manifestada possa configurar um ato de coragem do Deputado, devem seus assessores orienta-lo no sentido de que esta possibilidade é nula. Jurisprudência do STF: Deputado ou Senador, que possui a prerrogativa de função e tem o foro previlegiado, não pode renunciar a essa garantia constitucional. “O instituto da imunidade parlamentar atua, no contexto normativo delineado por nossa Constituição, como condição e garantia de independência do Poder Legislativo, seu real destinatario, em face dos outros poderes do Estado. Estende-se ao congressista, embora não constitua uma prerrogativa de ordem subjetiva deste. Trata-se de prerrogativa de caráter institucional, inerente ao Poder Legislativo, que só e conferida ao parlamentar 'ratione muneris', em função do cargo e do mandato que exerce. E por essa razão que não se reconhece ao congressista, em tema de imunidade parlamentar, a faculdade de a ela renunciar. Trata-se de garantia institucional deferida ao Congresso Nacional. O congressista, isoladamente considerado, não tem, sobre ela, qualquer poder de disposição.” Precedentes do Acórdão nº 510 de Tribunal Pleno, 1991. EM SUMA – Esquema para memorização de detalhes: HIPÓTESES DE PRISÃO: • Crime inafiançável em flagrante, caso o Congresso Nacional escolha a execução da prisão; • Crime equivalente à pena de prisão, transitado em julgado, caso o Congresso Nacional escolha a execução da prisão; Podendo ser nas hipóteses de: 1. Tal crime ter sido cometido antes da diplomação e vindo a transitar em julgado enquanto o parlamentar está exercendo o mandato, visto que nesse caso de crime anterior não cabe a sustação, sendo o trânsito em julgado “inevitável”. 2. Tal crime ter sido cometido durante o mandato e o Congresso Nacional não ter optado pela sustação. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 18 EM ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL: - Vereadores: • Prerrogativa Formal / Processual: NÃO. • Prerrogativa Material: SIM, mas a atividade precisa ser necessariamente interna à Câmara Municipal e com conexão com a atividade. - Deputado Estadual: • Prerrogativa Formal / Processual: SIM. • Prerrogativa Material: SIM, mas apenas para crimes praticados durante a diplomação. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (prerrogativa material). § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Foro privilegiado). § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Mesmo que o parlamentar seja militar, ele não é obrigado a exercer tal função em “casos de obrigatoriedade”, visto que entende-se que a manutenção do parlamento é mais importante). § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. ■ CARGO ELETIVO: Eleitos através de votação. ■ CARGO AD NUTUM: Cargo em Comissão = Cargos de Confiança. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 19 VEDAÇÕES APLICÁVEIS A DEPUTADOS E SENADORES E A PERDA DE SEUS MANDATOS Incompatibilidades: Estão presentes no art. 54, que diz o seguinte: Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I Desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; O Deputado ou Senador não pode manter contratos com a Administração Pública de forma geral para não se beneficiar da função dele de Deputado ou Senador no seu cargo. Ele, por exemplo, não pode participar de licitações, ou seja, o objetivo é evitar que haja abuso de poder por parte do parlamentar. A exceção que existe é quando o contrato obedece às clausuras uniformes, que é aquele contrato que vale para qualquer pessoa que esteja em qualquer situação, como por exemplo, os contratos que todas as pessoas têm com a “Embasa”. b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; Os demissíveis “ad nutum” são os cargos de confiança. Se um Deputado ou Senador for servidor público e estiver no exercício do mandato ele ficará afastado. Ele não perde o cargo, continua com o vinculo e quando o mandato acabar retorna à sua função, porém enquanto persistir o mandato o mesmo ficará afastado. O único cargo em que se admite acumulação a cargos da administração publica é a de vereador (discussão). A situação funcional do servidor público que passa a desempenhar mandato eletivo é tratada com especificidade pelo art. 38 da Constituição Federal, que estabelece as soluções em relação à acumulação de cargos, empregos ou funções com cargos eletivos. Art. 38, III – “investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior (será afastado do cargo, facultando-lhe optar pela sua remuneração)” Investido em mandato federal (Presidente da República, Vice-Presidente, Senador ou Deputado Federal), estadual (Governador, Vice-Governador ou Deputado Estadual) ou Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 20 distrital (Governador, Vice-Governador ou Deputado Distrital) ou, ainda, em mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito, o servidor, em hipótese alguma, poderá exercer, simultaneamente, o seu cargo com o mandato eletivo. Diante de tais situações, o servidor será afastado de seu cargo, emprego ou função. Ps: observar que não foi citado, aqui, o Vereador. Outrossim, a única hipótese admitida de exercício simultâneo de cargo público + mandato eletivo ocorre quando, havendo compatibilidade de horários, o servidor é investido no cargo de Vereador. Contudo, vale destacar que a acumulaçãopermitida pelo art. 38, III, da CF/88, deverá ser aplicada com reservas. Em se tratando de mandato eletivo + cargo de provimento em comissão, caracterizado esse último por ser de livre nomeação e exoneração (ad nutum), a leitura do art. 38, III, deverá ser feita conjuntamente com o disposto no art. 54 c/c art. 29, IX, da Constituição. Art. 54 – “Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior. II - desde a posse: b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a".” Art. 29 – “O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional (que é o art. 54) e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa.” Desse modo, por se tratar de proibição de natureza política e não meramente administrativa, a prática de tal acumulação indevida (mandato eletivo + cargo de comissão) implica pena de perda do mandato de Vereador. É cediço que a Constituição deve ser interpretada de modo sistemático, assim como reza o chamado "princípio da unidade da Constituição". Logo, um dispositivo constitucional não deve ser interpretado isoladamente, devendo o intérprete valer-se de todas as normas potencialmente incidentes sobre determinada situação. Nos termos do enunciado da norma (art. 29, IX), a aplicação das proibições e incompatibilidades dos Deputados e Senadores serão aplicáveis aos Vereadores "naquilo que couber". De fato, pela leitura do art. 54, I, "b", desde a expedição do diploma, não poderão os Senadores e Deputados acumular o mandato eletivo com cargo, emprego ou função pública remunerada, seja o cargo de provimento efetivo ou em comissão. Contudo, em relação ao Vereador há a incidência expressa e específica do inciso III do art. 38, que permite a acumulação do mandato eletivo + cargo público desde que haja compatibilidade de horários. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 21 Desse modo, por haver expressa previsão constitucional, a proibição imposta aos Senadores e Deputados não poderia alcançar de forma absoluta a possibilidade de acumulação por parte dos Vereadores, haja vista que a aplicação subsidiária do art. 54, I, "b", se dá com a cláusula "no que couber". Dito isso, conclui-se que a proibição de acumulação de mandato eletivo + cargo em comissão é extensível aos Vereadores em razão da expressa menção ao cargo de tal provimento no art. 54, I, "b" (demissível "ad nutum"). Trata-se da aplicação da vetusta regra de hermenêutica: quando há exceção, a interpretação deverá ser restritiva. Com efeito, partindo da análise ora apresentada, conclui-se: a) será possível a acumulação de cargo público + mandato de vereador, nos termos do art. 38, III, da CF/88, desde que haja compatibilidade de horários e o cargo seja de provimento efetivo. b) em se tratando de cargo de provimento em comissão será inviável a sua acumulação com o mandato de vereador, consoante interpretação do art. 54 c/c art. 29, IX, da Carta Magna. II Desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; Ex: Isto acontece e, quando acontece, tem-se os “laranjas” que servem de fachadas para conseguirem burlar o sistema; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, a; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. MEMORIZANDO: Desde a expedição do diploma Desde a posse a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, a; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 22 Perda de mandato: Art. 54. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I. que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; ● II. cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; É a chamada “quebra do decoro parlamentar”. ● III. que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; ● IV. que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; ● V. quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; ● VI. que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. ● § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Incisos marcados com rosa). § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Incisos marcados com verde). § 4º - A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: I. investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 23 II. licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. § 1º - O suplente (substituto eventual de membro do Congresso Nacional) será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. § 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição parapreenchê- la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. No caso do Deputado se fará um recálculo do cociente eleitoral ao invés de uma nova eleição. § 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato. (FUNÇÃO PRECÍPUA LEGISLATIVA) PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL O processo legislativo compreende o conjunto de atos observados na proposta e na elaboração de emendas à constituição, leis complementares, leis ordinarias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções e medidas provisórias. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar * disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Em outras palavras, é o conjunto de atos a serem observados para fins de proposta, elaboração e aprovação de atos normativos primários, ou seja, atos normativos em sentido amplo. A lei é uma espécie de ato normativo. O texto constitucional traz as bases ou regramentos obrigatórios para fins de aprovação dos atos normativos. A lei complementar * n. 95/98 regulamenta o paragrafo único do art. 59 da CF, e dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. É a denominada “leis das leis”, alterada pela Lei complementar 107/01. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 24 Antes de adentrar no assunto, vale a seguninte pontuação: Poder Constituinte Originário (Constituição da República): Poder de elaborar a constituição. É soberano e ilimitado. É diferente do “processo legislativo”, pois o p.c.o elabora a Constituição; já o processo legislativo é a atribuição que alguns órgãos vão deter, dentro do próprio documento, para fins de alterar o texto constitucional e elaborar atos que vão estabelecer regramentos dentro de um sistema juridico. No processo legislativo estuda-se os atos que decorrem da constituição. Poder Constituinte Derivado (Congresso Nacional): É também chamado de “Poder Constituído”. As alterações que a Constituição Federal sofre são disciplinadas no próprio texto constitucional. Essas alterações são feitas depois da Constituição já existir. É função do poder derivado: reformador ou revisor. É regrado, limitado e disciplinado pela CF. Poder C. D. Reformador: elabora as normas constitucionais derivadas, as chamadas EC. Poder C. D. Regulamentador: elabora as normas infraconstitucionais. São as leis complementares, ordinárias... Deve-se lembrar do sistema juridico escalonado (pirâmide de Kelsen), em que a Constituição está no topo (norma máxima; dela emana todos os atos que estão vigentes dentro de um sistema juridico, direta ou indiretamente). As que emanam diretamente são os atos normativos primários. EMENDA CONSTITUCIONAL (Poder Constituinte Derivado Reformador) A EC é um instrumento apto para alterar o texto constitucional. Tudo que diz respeito ao texto constitucional é Poder Constituinte, sendo que o poder constituinte originário é o poder de elaborar o texto constitucional. Esse texto constitucional, porém, pode ser alterado posteriormente pela EC. A EC está dentro do “processo legislativo” porque ela tem LIMITES e REGRAMENTOS estabelecidos pelo próprio texto constitucional. Portanto a EC é um ato normativo primário, está no mesmo patamar da Constituição (pois, tecnicamente, não estaria abaixo da constituição, visto que é o próprio texto constitucional alterado), mas tem regramento constitucional, o que significa dizer que se ela não seguir o processo legislativo constitucional, se ela não respeitar as limitações pré-estabelecidas do art. 60, elas podem ser declaradas incostitucionais. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 25 Limitações ao poder de reforma: ►LIMITAÇÕES EXPLÍCITAS: Formais: São as limitações de iniciativa, aprovação e promulgação e publicação. De iniciativa: Quem pode propor a alteração do texto constitucional? Resposta: Os legitimados para a propositura de Emenda Constitucional (PEC = Proposta de Emenda à Constituição). São eles: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I. de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II. do Presidente da República; III. de mais da metade* das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. Quanto ao inciso III, trata-se de maioria absoluta* quanto ao número de Assembléias Legislativas e maioria simples quanto aos seus membros. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 26 = “Mais da metade das Assembléias Legislativas”: quem tem Assembléia Legislativa, assim chamada, são os Estados membros, mas o Distrito Federal (que tem Câmara Legislativa e não Assembléia Legislativa) também é contabilizado aqui. Portanto, 26 Estados + 1 Distrito Federal = 27, fazendo-se necessário a aprovação de 14 Assembléias no mínimo. = “Maioria relativa dos membros das Assembléias”: Para que cada uma delas seja considerada como “a favor”, é necessário que haja uma manifestação interna de seus membros por maioria relativa (metade + 1 dos que estejam presentes na sessão). Se houver uma PEC iniciada por UM legislador, UM deputado, UMA assembleia legislativa consiste em vicio formal de iniciativa, portanto a PEC será inconstitucional. De votação e aprovação: Depois de apresentada a PEC perante o Congresso Nacional, ela será discutída em cada uma das casas, em dois turnos cada uma, considerando-se aprovada se obtiver, em todos esses turnos (quatro no total), 3/5 dos votos favoráveis dos respecivos membros (e não apenas dos presentes à sessão). Esses dois turnos acontecem na mesma casa (duas na casa Senado e duas na casa Câmara) e depois de aprovadas são levadas/remetidas para a outra casa. Primeiro acontece na Câmara dos Deputados depois vai para o Senado. A forma de aprovar uma EC é diferente de qualquer outra previsão para fins de aprovação de atos normativos primários. É a que tem mais requisitos, a mais rigorosa. Por isso a constituição é tida como rígida, pois ela tem um processo legislativo mais dificultoso para a EC do que os demais atos normativos primários. Da promulgação: Significa atestar a validade daquele projeto aprovado e remeter à publicação. É feita pelas Mesas Diretoras das duas casas, ou seja, pela mesa diretora da Câmara e pela mesa diretora do Senado. Não existe sanção de EC. Não estão sujeitas a sanção ou promulgação pelo Presidente da República, que só pode participar das EC através da iniciativa. Materiais: É a limitação de matéria, de conteúdo. São chamadas de Cláusulas Petreas; essas tematicas não podem ser abolidas da Constituição. Podem ser alteradas, mas não reduzidamente. Ou seja, pode-se alterar no sentido de aumentar o seu âmbito de proteção. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 27 Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I. a forma federativa de Estado;II. o voto direto, secreto, universal e periódico; (Esses são os atributos considerados Cláusula Pétrea. A “obrigatóriedade” do voto não está presente). III. a separação dos Poderes; IV. os direitos e garantias individuais. (Não é “direitos fundamentais”, embora o Supremo entenda que os direitos fundamentais podem ser tidos como Clausulas Petreas com base no Princípio da Proibição do Retrocesso, mas com BASE NO QUE A CONSTITUIÇÃO EXPRESSA somente são Cláusulas Petras “os direitos e garantias individuais”). Circunstanciais: São as limitações impostas para estabelecer os limites de segurança quanto ao momento de reforma do texto constitucional em razão de algumas circunstâncias especiais presentes no Estado quando da tramitação do processo de revisão. Existem para vetar qualquer reforma em situações de crise institucional, em razão do ambiente em que se instaura nesses momentos impróprios como em estado de guerra, de sitio ou qualquer outra situação que possa calar a opinião pública ou limitar outros direitos individuais, bem como a modificação constitucional quando o território nacional esta em todo ou em parte ocupado por tropas estrangeiras. Art. 60. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. ► LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS: Se uma PEC for rejeitada em um ano (em uma sessão legislativa) ela não pode ser reapresentada no mesmo ano, independente do corum, mesmo que esse corum ele fosse unânime. Art. 60. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 28 LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS Tanto a Lei Complementar quanto a Lei Ordinária são LEIS, ou seja, são atos normativos primários, que decorrem da atividade típica do Poder Legislativo. As leis se diferem das outras espécies normativas porque, aqui, há uma atuação em conjunto (legislativo + executivo), mas quem dá a ultima palavra em lei é o poder legislativo. O que diferencia efetivamente as duas é o quorum de sua aprovação. Na Lei Complementar há mais rigorosidade no quorum de aprovação. A própria constituição escolhe temas que devem ser mais díficeis e mais fáceis de serem aprovadas. Leis Complementares: Serão aprovadas por maioria absoluta (mais difícil). Leis ordinárias: Serão aprovadas por maioria simples (mais fácil). Exemplificando: Imagine que seja necessária a aprovação das espécies normativas no Senado Federal, que possui o total de 81 Senadores. A aprovação de uma lei complementar exigirá o mínimo de 41 votos (primeiro número inteiro superior à metade do total de integrantes, o que representa o conceito de maioria absoluta). Por sua vez, a aprovação de uma lei ordinária dependerá da maioria simples do número de Senadores presentes em alguma Sessão: caso estejam presentes 50 Senadores, por exemplo, a maioria simples para aprovar uma lei ordinária será de 26 Senadores. Caso estejam presentes 60 Senadores, a maioria simples será de 31 Senadores. Caso estejam presentes 75 Senadores, a maioria simples será de 38 Senadores, e assim sucessivamente. Sendo assim, a maioria simples representa o primeiro número inteiro superior à metade dos presentes, enquanto a maioria absoluta representa o primeiro número inteiro superior à metade dos membros. É importante ter em mente ■MAIORIA ABSOLUTA: Aprovação pela metade dos membros da Casa Legislativa (metade de todos os parlamentares + 1, independentemente de estarem presentes ou não). ■MAIORIA RELATIVA: Também chamado de Maioria Simples, é a aprovação pela metade dos membros da Casa Legislativa que estão presentes. na votação. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 29 que, enquanto o número correspondente à maioria absoluta é fixo, a maioria simples representa um número variável, a depender da quantidade de pessoas presentes no dia específico. Há quem defenda que o que diferencia ambas, ainda, é a matéria abordada por cada uma. A Lei Complementar, segundo esses autores, é exigida em matérias específicas da Constituição, de forma explícita. A Lei Ordinária, por outro lado, é exigida de modo residual, nos casos em que não houver a expressa exgência de Lei Complementar. Exemplo: Art. 18, § 2º (criação de Território Federal) e o art. 93, caput (edição do Estatuto da Magistratura de iniciativa do STF) colocam expressamente a necessidade de edição de Lei Complementar para tratar das matérias neles versadas. Nos demais casos, a princípio, torna-se possível a edição de lei ordinária, ressalvadas as hipóteses em que se exigir outro veículo normativo específico. Obs: O art. 48 tem essencialmente matérias de conteúdo de Lei Ordinária. Obs: Todas as fases do processo legislativo devem ser cumpridos na formação das Leis, inclusive a sanção. Iniciativa: Projeto de Lei (PL). É a primeira fase do processo legislativo, também chamada de deflagradora, instauradora, iniciadora. É um procedimento que deverá culminar, desde que preenchidos todos os requisitos e seguidos todos os trâmites, na formação da espécie legislativa. Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a: 1. Qualquer membro da Comissão da Câmara dos Deputados; Qualquer membro da Comissão do Senado; Qualquer membro da Comissão do Congresso Nacional (comum das duas casas); Qualquer membro do Senado; Qualquer membro da Câmara dos Deputados. 2. Presidente da República. 3. Supremo Tribunal Federal. 4. Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM). 5. Procurador-Geral da República. 6. Cidadãos (no plural), na forma e nos casos previstos nesta Constituição. A iniciativa popular deve atender alguns requisitos: Art. 61. § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 30 A iniciativa pode ser: - Concorrente : Refere-se à competência atribuída pela CF a mais de uma pessoa ou órgão para deflagrar o processo legislativo. Ex: Comissão do Senado ou cidadãos. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre (...). Quanto a organização do Ministério Público da União, a iniciativa de lei é concorrente do Presidente da República e do Procurador Geral da República: Art. 128. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público (...). c/c Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; - Privativa (reservada ou exclusiva): Algumas leis são de iniciativa exclusiva de determinadas pessoas, sob pena de nulidade por vício formal de iniciativa, caracterizando a inconstitucionalidade da espécie legislativa. • Reservada ao Presidente da República; Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. • Reservada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos: ocorre de acordo com o princípio da simetria, aplicando-se à mesma matéria em âmbito estadual, distrital ou municipal, no que corresponderem às suas realidades. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 31 • Reservada ao Judiciário: compete ao STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça a iniciativa de espécies normativas de seu interesse exclusivo, nos termos da CF, art. 96, II. • Reservada à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal: estabelecido pela CF, art. 51, IV no que se refere à competência da Câmara e no art. 52, XIII, quanto ao Senador. • Reservada ao Poder Executivo: são as leis que estabelecerão o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, nos termos da CF, art. 165, I, II e III. - Conjunta : Nessa hipótese, existe uma presunção de consenso de vontades, estabelecendo a CF competência para que diversas pessoas, conjuntamente, deflagrem o processo legislativo. Exemplo: Fixação de subsidios dos ministros do STF, art 48 XV da CF. - - - - - - - - - - - - - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa, hipótese em que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal terão, sucessivamente, 45 dias para se manifestar sobre a proposição. Trata-se do chamado procedimento legislativo súmario ou abreviado (regime de urgência encontrado no art. 64 § 1º). Não cabe esse procedimento abreviado, porém, para projetos de Código, nem para o aumento das despesas previstas nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República (salvo, nesse último caso, se as EC estiverem de acordo com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentarias, e indicarem os recursos necessarios – admitidos apenas os recursos decorrentes de anulação de outras despesas). Discussão e Votação: A discussão se dará nas comissões (art. 58), e será levada ao plenário para a votação. Nessa segunda fase, temos a conjugação de vontades tanto do legislativo (deliberação parlamentar – discussão e votação) quanto do Executivo (deliberação executiva – sanção ou veto). - Deliberação parlamentar (discussão e votação): como regra geral, em decorrência do bicameralismo federativo, sempre haverá a apreciação do projeto de lei federal pelas duas casas: casa iniciadora e casa revisora. Calha anotar aqui que somente nos casos de projeto de lei de iniciativa dos Senadores ou das Comissões do Senado é que este funcionará como casa iniciadora e a Câmara dos Deputados como casa revisora; em todas as demais hipóteses de iniciativa, a apresentação do projeto de dará na Câmara, encaminhado para o Senado para revisão. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. Se o projeto for aprovado na Casa Iniciadora, será encaminha para a Casa Revisora, onde também passará pelas comissões temáticas e, ao final, a Casa Revisora poderá: Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 32 1. Aprovar. Então, o projeto será encaminhado para sanção ou veto do Presidente da República; 2. Rejeitar. Assim, o projeto será arquivado, podendo ser proposto na mesma sessão legislativa nos termos da CF, art. 67. 3. Emendar. Nesse caso, somente o que foi emendado retornará à Casa Iniciadora para apreciação (não será permitida emenda à emenda ou subemenda). Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. Sanção ou Veto: Após aprovada pelo plenário. - Deliberação executiva (sanção e veto): Terminada a fase deliberativa parlamentar de discussão e votação, após aprovado, o projeto é encaminhado ao Chefe do Executivo, para a sanção (anuência, aceitação) ou veto (discordância), que poderá ser total ou parcial. Se o Presidente vetar, o veto poderá ser afastado por sessão conjunta do Congresso, conforme dispõe a CF, art. 66, §5º: “Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.” Ele terá que promulgar mesmo que não concorde. Se houver veto o mesmo tem que expor o motivo que pode ser por motivos formais (controle de constitucionalidade) ou por conveniência. O veto pode ser da lei toda ou de trechos da lei, o que se proíbe é o veto de palavras. Caso haja veto pode haver a derrubada do veto (art. 66), para isto ocorrer basta que ocorra a maioria absoluta (maioria dos membros) dos votos. Se o veto não for mantido será mandado para promulgação (ato pelo qual o projeto deixa de ser considerado projeto e se torna lei) do Presidente da República, se o mesmo se recusar a promulgar, o Presidente do Senado tem o poder de promulgar. Exemplo: A lei da ficha limpa é uma lei complementar que foi oriunda de uma iniciativa de lei popular. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. § 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III I GQ – 2016.2 33 § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Diferentemente da Emenda constitucional, em que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada não
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