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DIREITO CONSTITUCIONAL III - UNICAP

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Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
1 
 
Poder Legislativo 
 
O Poder Legislativo é o poder do Estado ao qual, segundo o princípio 
da separação dos poderes, é atribuída a função legislativa. Por poder do 
Estado compreende-se um órgão ou um grupo de órgãos pertencentes ao 
próprio Estado, porém independentes dos outros poderes. Nos Estados 
modernos o poder legislativo é formado por: Um parlamento em nível nacional, 
Parlamentos dos estados federados, nas federações; Eventuais órgãos 
análogos ao parlamento, de regiões e outras entidades territoriais às quais se 
reconhece autonomia legislativa. 
 
No sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder legislativo é 
representado pelos legisladores, homens que devem elaborar as leis que 
regulam o Estado. O poder legislativo, na maioria das repúblicas e monarquias, 
é bicameral, isto é, o Parlamento (também nomeado Congresso, como no 
Brasil) é formado por uma Câmara (ex.: dos Deputados, dos Representantes, 
dos Comuns, etc) e um Senado. 
 
- As funções precípuas do Legislativo são: elaborar as leis (desde Emenda 
Constitucional até as leis ordinárias, ou seja, elaborar os atos normativos 
primários / leis em sentido amplo), exercer o controle político do Poder 
Executivo e realizar a fiscalização orçamentária de todos os que lidam com 
verbas públicas. Essa última função é exercida junto a outro órgão, o Tribunal 
de Contas que, tecnicamente, não estaria vinculado a nenhum dos poderes, 
mas que se fosse para vincular ele a algum, seria vinculado ao Poder 
Legislativo. 
 
Segundo o art. 44 da Constituição Federa, “O Poder Legislativo, é exercido 
pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal”. 
 
A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo, eleitos 
pelo sistema proporcional em cada estado, em cada Ente federado (Estados e 
Distrito Federal). Contamos com 513 Deputados Federais, com mandato de 
quatro anos. O número de Deputados é proporcional à população do Estado ou 
do Distrito Federal, com o limite mínimo de oito e máximo de setenta 
Deputados para cada um deles. 
 
Para o Senado Federal, cada Estado e o Distrito Federal elegem três 
Senadores, com mandato de oito anos, renovados de quatro em quatro anos, 
alternadamente, por um e dois terços. A composição do Senado Federal é de 
81 Senadores. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
2 
 
Art 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
Por que “Poder” está no singular, no art. 1º, e no art. 2º fala-se em “separação 
de Poderes”, no plural? O “Poder” do art. 1º é elemento do Estado, faz parte 
da formação da ideia do conceito de Estado. É a aptidão de impor sua vontade 
perante os demais, com reconhecimento (Estado + Povo + Poder). Os 
“Poderes” do art. 2º está no sentido de Função e atribuição que decorre do 
Poder que é do povo. “Função executiva, função legislativa, função judiciária” 
seria mais adequado. 
 
Estado Federal: União, Estados, DF e Municípios. Há atribuições que decorrem 
do poder legislativo em todos os âmbitos. 
 
EM ÂMBITO FEDERAL: É exercido pelo Congresso Nacional (composição de 
duas casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal) = Sistema Bicameral 
(dupla representação). 
Cada casa exerce uma representação: Povo, representação tecnicamente 
popular, sendo os deputados eleitos em número relativamente proporcional à 
população de cada unidade da Federação (Câmara dos Deputados); Unidades 
da Federação, representação igualitária de cada uma das unidades da 
Federação, ou seja, Estados membros e DF, com três senadores cada 
(Senado). 
 
Cúpula virada para cima: Câmara dos Deputados. 
Número não fixo, proporcional à população de cada 
Estado e DF. 
Cúpula virada para baixa: Senado. Número fixo de 
três Senadores. 
 
Deputados Federais 
■ Mandato: 4 anos ( = uma legislatura ), composta de 4 sessões legislativas 
(períodos anuais do mandato). Art. 44 e art. 57. 
■ Número: definido por um sistema proporcional. Atualmente há 513 
Deputados Federais. 
■ Idade mínima: 21 anos. 
 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
3 
 
 
Máximo = (70) 
■ Parâmetros: Por cada Ente da Federação 
Mínimo = (08) 
 
 
Obs: Os Territórios Federais, que não são propriamente Entes da Federação, 
mas sim autarquias territoriais, não existem no Brasil. Se vierem a existir, 
elegerão 4 deputados federais (número fixo). Não elegerão Senador, pois 
não são considerados Ente da Federação, como dito. Eles não possuem 
autonomia. 
 
Senadores 
■ Mandato: 8 anos ( = duas legislaturas ). Tempo baseado em argumentos 
metajurídicos. 
■ Número: Calcula-se pelo Sistema majoritário. São 3 senadores fixos para 
cada Estado da Federação (26) + Distrito Federal (1). Portanto: 27 x 3 = 81 
Senadores. A quantidade de 3 senadores é uniformemente tríplice e 
inteiriça. 
 
Não significa, porém, que há uma eleição sem escolha dos Senadores (visto 
que as votações ocorrem de quatro em quatro anos e que o mandato do 
Senador é de oito anos). A escolha do Senador segue a lógica de: 
 
Em uma eleição, troca-se 1/3 dos Senadores e, na próxima eleição, troca-se 
2/3. É um Sistema de reversamento. Serve para que não haja uma troca 
imediata e conjunta dos Senadores, e para que não fique uma eleição sem 
escolha de Senador. 
 
■ Idade mínima: 35 anos. 
 
Obs: Os subsídios são identicos para Deputados e Senadores, bem como é 
posto no art. 49. 
 
EM ÂMBITO ESTADUAL: Diferentemente do âmbito Federal, nos Estados há o 
Sistema Unicameral, pois no Estado não há representação do próprio Estado; 
há representação apenas do povo. Assim, o Poder Legislativo no âmbito dos 
Estados é composto apenas pela Assembleia Legislativa, composta por 
Deputados Estaduais, representantes do povo. 
 
 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
4 
 
Deputados Estaduais 
 
■ Mandato: 4 anos. 
■ Número: O número de Deputados Estaduais segue a seguinte lógica: 
 
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da 
representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e 
seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. 
 
Significa dizer que: 
(Número de D.F. ≤ 12): O número de Deputados Estaduais será o triplo do 
número de Deputados Federais que representam aquele respectivo Estado, na 
Câmara dos Deputados, se esse número for até 12. 
(Número de D.F. > 12): Se esse número de Deputados Federais for acima de 
12, usa-se a fórmula ( x = y + 24 ), sendo y o número de Deputados Federais e 
x o número de Deputados Estaduais. 
 
 Máximo = (94) 
■ Parâmetros 
 Mínimo = (24) 
 
Explicando: Tendo em vista que o número mínimo de Deputados Federais é 
oito1, basta multiplicar esse número por três para obter o número mínimo de 
Deputados Estaduais, consequentemente. Portanto: 8 x 3 = 24; sendo esse o 
número mínimo de Deputados Estaduais possível. 
Para se obter o número máximo de Deputados Estaduais, basta pegar o 
número máximo de Deputados Federais, que é setenta2, e acrescentar vinte e 
quatro. Portanto, 70 + 24 = 94. 
 
■ Idade mínima: 21 anos. 
 
EM ÂMBITO DISTRITAL: O Poder Legislativo Distrital é exercido pela Câmara 
Legislativa (nomenclatura que soma “Câmara dos Deputados” + “Assembleia 
Legislativa”). Também é Sistema Unicameral. Os agentes são chamados de 
Deputados Distritais. Não hávereador, pois não há municípios no Distrito 
Federal. A lógica é a mesma do âmbito Estadual. 
 
EM ÂMBITO MUNICIPAL: É também um Sistema Unicameral, exercido pela 
Câmara de Vereadores ou Câmara Municipal. Os vereadores são 
representantes do povo, apreciando interesses locais. 
 
 
 
1 O número oito está dentro do intervalo 8 – 12, portanto usa-se a primeira fórmula (yx3). 
2 O número setenta está acima de 12, portanto usa-se a segunda fórmula (y+24). 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
5 
 
 
Vereadores 
■ Mandato: 4 anos ( = uma legislatura ). 
■ Número: A quantidade de membros desse cargo político é estabelecida 
através do contingente populacional de cada município (quanto mais 
habitantes, maior será o número de vereadores de uma cidade), atribuídos 
pela própria Constituição (art. 29, IV). Dica: Serão sempre números 
ímpares, variando de acordo com a população de cada município. 
 
 
 Máximo = (09) 
■ Parâmetros 
 Mínimo = (55) 
 
 
■ Idade mínima: 18 anos. 
- - - - - - - - - - 
Obs: [REGRA] Art 47. Salvo disposição constitucional em contrário *, as 
deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria 
dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 
Fala-se do quorum para a tomada de decisão. “Maioria dos votos” = maioria 
simples, também chamada de maioria relativa. Então em regra nas casas do 
cong nac a maioria necessaria para se tomar uma decisao, para aprovar um 
projeto de lei por exemplo, é a maioria simples. Desde que estejam presentes, 
ao menos, a maioria absoluta dos membros da respectiva casa. 
QUORUM DE PRESENÇA: Maioria absoluta: primeiro número inteiro superior 
à metade dos membros de um órgão. Para dar início à votação. 
QUORUM DE DELIBERAÇÃO: Maioria simples: primeiro número inteiro 
superior à metade dos presentes a uma votação. Para aprovar o projeto. 
Exemplo: No Senado (81) está tramitando um projeto de lei ordinária, a 
primeira coisa que deve-se observar para se votar esse projeto será o Quorum 
de Presença, afinal só pode ter o início da votação se estiverem presentes pelo 
menos a maioria absoluta do Senado Federal, portanto o quorum de presença 
será 41 Senadores. Agora, pergunta-se se esses 41 estão presentes. Se 
estiverem, poderá se dar início a votação. Imagine, então, que estarão 
presentes 51 Senadores (portanto maior que a maioria absoluta). Para que a lei 
seja aprovada será necessário, para quorum de deliberação, a maioria 
simples, ou seja, primeiro número inteiro superior aos presentes na votação 
(51). Para ser aprovada, então, deverá ter 26 votos a favor. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
6 
 
(*) É o que acontece, por exemplo, com as leis complementares. A maioria 
necessária para a aprovação (o quorum de deliberação) é a maioria absoluta, 
e não maioria simples, como dispõe o art. 69. Então, infere-se que no âmbito 
do estudo do Processo Legislativo, sempre que a constituição instituir uma 
maioria diferente para a deliberação, que não seja a regra geral do artigo 47, 
deve-se respeitar a nova maioria instituida pela CF. 
 
ATRIBUIÇÕES 
 
Ao tratar das competências do Congresso Nacional, podemos reuni-las em três 
conjuntos: 1º) o das atribuições relacionadas às funções do Poder Legislativo 
Federal; 2º) o das atribuições das Casas do Congresso Nacional (Câmara dos 
Deputados e Senado Federal), quando atuam separadamente; e 3º) o das 
atribuições relacionadas ao funcionamento de comissões mistas e de sessões 
conjuntas, nas quais atuam juntos os Deputados Federais e os Senadores 
(embora votem separadamente). 
 
► Atribuições do Congresso Nacional relacionadas às funções do Poder 
Legislativo Federal. 
 
Na maioria dos casos, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal 
funcionam de forma articulada para o exercício das funções do Congresso 
Nacional. Um exemplo é o processo de elaboração das leis complementares e 
ordinárias, em que uma Casa funciona como iniciadora e a outra como 
revisora. 
 
Além da função de representação, antes mencionada, compete ao Congresso 
Nacional exercer atribuições legislativas e de fiscalização e controle. São as 
chamadas funções primátias, típicas, precípuas. 
 
• Quanto à função legislativa, cabe ao Congresso Nacional legislar sobre as 
matérias de competência da União, mediante elaboração de emendas 
constitucionais (através do Poder Constituinte Derivado Reformador), de leis 
complementares e ordinárias, e de outros atos normativos com força de lei. 
 
O art. 48 da Constituição lista diversos assuntos que podem ser objeto de leis, 
que dependem da aprovação do Congresso Nacional e da sanção do 
Presidente da República. Ou seja, são matérias que devem ser tratadas pelo 
Congresso Nacional com a participação do Poder Executivo (tecnicamente, do 
Chefe do Poder Executivo) através do sanção ou do veto. 
 
Reforçando: As matérias previstas no art. 48 são aprovadas por meio de LEI, 
pois nela existe sanção e veto. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
7 
 
 
Por sua vez, o art. 49 da Constituição Federal traz a relação das competências 
exclusivas do Congresso Nacional, que são veiculadas por decreto legislativo, 
para o qual não é exigida a sanção presidencial (como determina o caput do 
artigo 48). 
 
Reforçando: As matérias previstas no art. 49 são aprovadas por meio de 
DECRETO LEGISLATIVO (não é um decreto do executivo, mas do legislativo), 
não existindo sanção e veto. 
 
• Quanto a função fiscalizadora, o art. 70 da Constituição estabelece a 
competência do Congresso Nacional para a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta. Para que possa exercer essa função, o 
Congresso Nacional é auxiliado pelo Tribunal de Contas da União. 
 
O Congresso Nacional e suas Casas dispõem, ainda, de outros mecanismos 
de fiscalização e controle, entre os quais podemos mencionar: a possibilidade 
de convocação de Ministro de Estado ou de titulares de órgãos diretamente 
vinculados à Presidência da República para prestar informações sobre assunto 
previamente determinado; o encaminhamento de pedidos de informações a 
essas autoridades pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal; a instalação de comissões parlamentares de inquérito pelas Casas, 
em conjunto ou separadamente, para apuração de fato determinado e por 
prazo certo. 
 
► Atribuições do Congresso Nacional relacionadas ao funcionamento 
das sessões conjuntas e das comissões mistas. 
 
A organização bicameral do Congresso Nacional possibilita, ainda, o 
funcionamento de sessões conjuntas e de comissões mistas, nas quais atuam 
juntos os Deputados Federais e os Senadores, embora seus votos sejam 
colhidos separadamente. 
 
O art. 57, § 3º, da Constituição prevê a realização de sessões conjuntas para: 
”inaugurar a sessão legislativa”; “elaborar o regimento comum (do Congresso 
Nacional) e regular a criação de serviços comuns às duas Casas”; “receber o 
compromisso (e não juramento) do Presidente e do Vice-Presidente da 
República” e “conhecer do veto e sobre ele deliberar (a deliberação e eventual 
derrubada devem ser feitas em sessão conjunta”. 
 
Por sua vez, o art. 166 da Constituição dispõe que os projetos de lei relativos 
ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos 
créditos adicionais devem ser apreciados pelas Casas do Congresso Nacional 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
8 
 
em sessão conjunta, conforme disposto no Regimento Comum. O § 1º desse 
artigo prevê, ainda,a existência de uma comissão mista permanente para, 
entre outras atribuições, examinar e emitir parecer sobre esses projetos. 
 
As medidas provisórias iniciam sua tramitação em uma comissão mista, 
encarregada de emitir parecer sobre a matéria. Posteriormente, elas são 
apreciadas, em sessão separada, pelo Plenário de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional (art. 62, § 9º, da Constituição Federal). 
 
É importante observar que o Congresso Nacional, quando funcionam 
conjuntamente a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, é regido por um 
Regimento Comum. Nesse caso, é dirigido pela Mesa do Congresso Nacional, 
que será presidida pelo Presidente do Senado Federal, sendo os demais 
cargos exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes nas 
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
 
O sítio do Congresso Nacional tem por objetivo apresentar o conteúdo relativo 
às atribuições relacionadas ao funcionamento das sessões conjuntas e das 
comissões mistas. As informações relativas ao exercício das demais 
atribuições, exercidas por suas Casas de forma articulada ou separada, estão 
apresentadas em seus respectivos sítios (www.camara.leg. 
br e www.senado.leg.br). 
 
Sessão conjunta x Sessão unicameral: Tanto na sessão conjunta quanto na 
sessão unicameral, a reunião dos deputados e senadores ocorre em um 
mesmo instante. A diferença é que na sessão conjunta a votação é 
simultaneamente feita por casa e os votos são computados separadamente 
(maioria absoluta da Câmara = 257 deputados, e maioria absoluta do Senado 
= 41 senadores - Ex: art. 66, 4º, CF), e na sessão unicameral a votação é 
conjunta, ou seja, os votos de senadores e deputados são contados de forma 
igual, a atuação é como uma só casa (513 deputados + 81 senadores = 594 
parlamentares, sendo a maioria absoluta 298 congressistas - Ex: art. 3º, 
ADCT). A comissões3 mistas são formadas por Deputados e Senadores, 
para o estudo de assuntos expressamente fixados (assuntos de competência 
do Congresso Nacional, em sessão conjunta). 
 
 
 
 
3 Comissões, por sua vez,são organismos instituídos em cada Câmara (ou, conjuntamente, no Congresso 
Nacional), compostos de número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar 
as proposições legislativas e apresentar pareceres e/ou cumprir outras atribuições indicadas na 
Constituição, no Regimento Interno ou no Ato formal que os criou. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
9 
 
► Atribuições das Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados 
e Senado Federal) quando atuam separadamente. 
 
Há situações, porém, em que as Casas funcionam separadamente. A 
Constituição estabelece, para tanto, as competências privativas da Câmara dos 
Deputados (art. 51) e do Senado Federal (art. 52). Se do exercício dessas 
atribuições resultar um ato normativo, será uma Resolução da respectiva 
Casa. 
 
OBS: O inciso IV do art. 51 determina a necessidade de “iniciativa de lei”, 
portanto é uma exceção em que o Poder Executivo é incluido dentro do rol, por 
exigir lei; bem como ocorre também com o inciso XIII, que é uma exceção que 
não é resolução, mas “iniciativa de lei”. 
 
De acordo com o caput do Art. 48, a sanção do Presidente da República não é 
exigida nos casos dos art. 48, 51 e 52. Portanto, nos casos de competência 
privatida da Câmara dos Deputados e privativa do Senado Federal não tem 
necessidade da participação do Poder Executivo para sancionar ou vetar a lei. 
O art. 68, § 1º, da CF determina que “não serão objeto de delegação os atos de 
competência exclusiva do Congresso Nacional (49), os de competência 
privativa da Câmara dos Deputados (51) e os de competência privativa do 
Senado Federal (52) [...].” 
 
Assim, entende-se que o termo mais adequado para os arts. 51 e 52 seria 
“exclusivamente”, visto que são matérias que independem da sanção e veto do 
Presidente e são indelegáveis. 
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Em suma: 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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10 
 
REUNIÕES DO PODER LEGISLATIVO 
SESSÃO = Reunião dos parlamentares em Plenário para debate 
ou deliberação de matérias. Elas têm diferentes momentos e se apresentam 
em diferentes situações. São elas: Sessão ordinária, sessão extraordinária, 
sessão conjunta, sessão preparatória. 
 
Sessão Ordinária: período comum ordinário de trabalho e atividade do 
Congresso Nacional. Vai de 02 de fevereiro até 17 de julho e 01 de agosto até 
22 de dezembro. Esse período de trabalho é chamado de sessão legislativa, 
período anual; esse periodo anual, porém, não é o ano civil, que vai de 01 jan. 
até 31 de dez. Em outras palavras, é uma sessão plenária realizada apenas 
uma vez ao dia, em todos os dias úteis, de segunda a sexta-feira, com início às 
09 horas, quando convocadas para as sextas-feiras, e nos demais dias da 
semana às 14 horas. A Sessão Ordinária tem a duração de cinco horas. 
 
Sessão Extraordinária: É a convocação do Congresso Nacional no “periodo 
de férias”, fora do periodo de convocação ordinária. É a sessão que se realiza 
em dia ou hora diversos dos prefixados para as sessões ordinárias. Tem a 
duração de quatro horas e é destinada exclusivamente à discussão 
e votação das matérias constantes da Ordem do Dia. Ou seja, elas são as 
realizadas em dias ou horários diversos dos prefixados para as ordinárias. São 
convocadas pelo Presidente da Câmara, de ofício, por proposta do Colégio de 
Líderes ou mediante deliberação do Plenário sobre requerimento de pelo 
menos um décimo dos Deputados. Destinam-se exclusivamente à discussão e 
votação das matérias constantes do ato de convocação. 
 
Obs: Presidente do Senado = Presidente do Congresso Nacional. Isso não 
significa que o presidente do Senado é melhor que o presidente da Câmara. 
Em caso de vacância do Presidente da República e do Vice, quem ocupa é o 
presidente da Câmara. São situações diferentes. 
 
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 
2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. = Sessão 
legislativa. 
 
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: 
 
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de 
defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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11 
 
de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-
Presidente da República; 
 
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados 
e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as 
Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as 
hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das 
Casas do Congresso Nacional. 
 
Sessão Preparatória: Essa Sessão antecede a sessão ordinária. É o rito de 
início dos trabalhos da sessão legislativa (≠ de período legislativo, como visto). 
Cada uma das casas se reunirão um dia antes da sessão ordinária, ou seja, a 
partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura. São as que precedem a 
inauguração dos trabalhos do Congresso Nacional, na primeira e na terceira 
sessões legislativas de cada legislatura, e são realizadas exclusivamente para 
a posse dos deputados eleitos e para a eleição dos membros da Mesa 
Diretora. 
Art. 57. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a 
partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus 
membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, 
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamentesubseqüente. 
 
Sessão Conjunta4: É diferente da sessão unicameral (art. 3 do ADCT) para 
fins de revisão constitucional, o que é entendido por alguns autores que tal 
sessão unicameral é uma norma de eficácia exaurida, visto que essa regra já 
foi exercida e não tem mais aplicabilidade. Nessa votação unicameral todo 
mundo vota igual, todo mundo vale 1 voto, idependente de ser Senador ou 
Deputado Federal. 
 
Na sessão conjunta há uma reunião entre Câmara e Senado, mas as 
deliberaçoes são feitas em apurações diferentes: apuração do Senado e 
apuração da Câmara. É apenas no mesmo espaço. 
 
PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DO CONGRESSO NACIONAL 
 
São prerrogativas que visam a proteção do sistema representativo e 
democrátivo; são situações que preservam a representatividade e a 
democracia. 
 
As imunidades são garantias que os parlamentares gozam a partir da 
diplomação, que é anterior à própria posse, pois depois que o indivíduo é 
eleito e que apresenta as suas contas, ele é diplomado através do ofício 
eleitoral, sendo que a partir deste momento a Justiça Eleitoral declara que este 
 
4 Como visto no último tópico das Atribuições do Congresso Nacional. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
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indivíduo está apto a assumir o mandato. Desde a diplomação o parlamentar 
começa a gozar das imunidades parlamentares. 
 
Podem ser: 
 
Materiais – conteúdo de opinião, palavra ou voto. Art. 53, caput: “Os 
Deputados5 e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de 
suas opiniões, palavras e votos”. Pode ser dentro ou fora da casa. Esta é uma 
garantia dada aos Parlamentares (Deputados e Senadores) relacionada à 
liberdade de expressão, liberdade para o próprio exercício do mandato. 
 
Se dentro da casa: não precisa ter conexão com a atividade parlamentar. 
Se fora da casa: precisa ter conexão com a atividade parlamentar. 
 
Obs: Para Vereadores existe essa prerrogativa material, mas a atividade 
precisa ser necessariamente interna e com conexão com a atividade. Ou seja, 
é uma prerrogativa mais limitada, com mais requisitos. Então, por exemplo, 
numa entrevista de rádio, na TV o mesmo não estaria acobertado e no âmbito 
do município. 
 
Deputados e Senadores, ainda, não são obrigados a testemunhar sobre 
informações que eles recebam ou que foram prestadas em razão do mandato. 
Nem pode, inclusive, prestar testemunha sobre pessoas que lhes confiaram 
alguma informação em razão do cargo que exerçam. (Art 53 § 6º). 
 
 “A imunidade material implica subtração da responsabilidade penal, civil, 
disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. 
Nas suas opiniões, palavras ou votos, jamais se poderá identificar, por parte 
do parlamentar, qualquer dos chamados crimes de opinião ou crimes da 
palavra, como os crimes contra a honra, incitamento ao crime, apologia 
de criminosos, vilipêndio oral a culto religioso etc., pois a imunidade 
material exclui o crime nos casos admitido; o fato típico deixa de constituir 
crime, porque a norma constitucional afasta, para a hipótese, a incidência da 
norma penal.” (Alexandre de Morais) 
 
Exemplo: Um Senador, no afluir dos pensamentos e diante de uma situação de 
debate com demais colegas de profissão, durante sessão na câmara, permita-
se falar palavras de baixo calão, injúrias, calúnias ou até mesmo difamação 
envolvendo outro parlamentar, neste caso em nada lhe será imputado, pois 
estamos diante das regras do art. 53, caput, da CF. Situação essa que não 
poderá ser considerada nas mesmas circunstâncias quando, por exemplo, este 
 
5 Entende-se aqui, como “Deputados”, os Federais, Estaduais e Distrital. Os vereadores não são incluídos 
pois contam com algumas exceções que serão vistas a diante. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
13 
 
mesmo parlamentar se utiliza das mesmas palavras, só que ao invés de 
proferi-las em plenário, no exercício da sua função pública, a os faz em um 
restaurante, dirigida a um garçom, quando em almoço com sua família. Nesta 
situação a imunidade não lhe alcança. 
 
Este é inclusive o entendimento do Supremo Tribunal Federal: "A garantia 
constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, 
caput) – que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício 
independente do mandato representativo – somente protege o membro do 
Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial em que este exerça 
a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), 
nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem 
conexão com o desempenho da função legislativa ou tenham sido 
proferidas em razão dela. A prerrogativa indisponível da imunidade material – 
que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não 
traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) – não se 
estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem 
estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula 
constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente 
proteger o parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de 
implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um 
lado, e a prática inerente ao ofício congressional, de outro”. 
 
Bom salientar que as manifestações do parlamentar podem ser feitas fora do 
seu exercício estrito, desde que sejam em consequência deste. A título de 
exemplo, cita-se um Deputado Federal que sai de Brasília para uma audiência 
e palestra pública em São Paulo, onde, com atribuições de cargo parlamentar, 
profere palavras e opiniões. Estas estarão abrangidas pela imunidade. 
 
Obs: De outra parte, assentou-se, igualmente, que a “imunidade parlamentar 
material se estende à divulgação pela imprensa, por inciativa do congressista 
ou de terceiros, do fato coberto pela inviolabilidade”. 
 
Há de se fazer uma ressalta quanto a este ponto, porque hoje virou moda no 
Brasil as empresas de comunicações em massa, principalmente as televisivas, 
mesmo que não seja jornalístico, entrevistarem os Deputados e Senadores, 
dentro e fora do Congresso, e, em muitas ocasiões distorcem o proferido por 
estes, dando outra realidade e linha de interpretações para os telespectadores 
de uma forma geral. Esta extensão da imunidade à divulgação pela imprensa 
se torna então necessária. 
 
Gilmar Mendes ainda lembra que se alguém é injuriado por parlamentar, 
beneficiado pela imunidade, e retruca de imediato, pode também ser livre de 
repressão criminal. Não poderia ser diferente, ao passo que o Parlamentar, 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
14 
 
dentro de suas prerrogativas, acobertado pela imunidade, profere injúrias 
contra uma pessoa, eleva sua condição de imune para a réplica que ser 
insurgirá de imediato. 
 
Vale lembrar que tal imunidade é de caráter perpétuo, pois após o fim de sua 
legislatura o parlamentar não poderá ser investigado e responsabilizado, civil 
ou criminalmente pelas palavras, opiniões e votos proferidos durante o seu 
mandato, pois se pressupõe a inexistência, a época, de ilícito ou infração penal 
e civil. 
 
Formal ou Processual – A imunidade formal é o instituto que garante ao 
parlamentar a impossibilidade de ser ou permanecer preso ou, ainda, a 
possibilidade de sustação do andamento da ação penal por crimes praticados 
após a diplomação. Tem-se, portanto, uma dupla imunidade formal, ou seja, 
uma refere-se à impossibilidade de prisão e a outra em relação a instauração 
do processo no que tange a sua competência. 
 
Obs: Os Vereadoresnão têm essa prerrogativa formal ou processual; já o 
Deputado Estadual tem a imunidade material e não tem imunidade formal 
PARA CRIMES PRATICADOS ANTES da diplomação, mas apenas para 
crimes praticados durante a diplomação. 
 
“Quanto a prisão, estatui-se que, salvo flagrante de crime inafiançável, os 
membros do Congresso Nacional não poderão ser presos dentro do período 
que vai desde a sua diplomação até o encerramento definitivo de seu mandato 
por qualquer motivo, incluindo a não reeleição. Podem, pois, ser presos nos 
casos de flagrante de crime inafiançável, mas, os autos serão remetidos, 
dentro de 24 horas, à Câmara respectiva, para que, pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão.” 
 
Em suma: Os parlamentares, segundo a Constituição, desde a diplomação, 
não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Mesmo 
assim, caso isso ocorra, caberá à casa respectiva, ou seja, Câmara ou Senado 
resolver sobre a manutenção ou não da prisão do parlamentar. 
 
Se um Deputado ou Senador comete um crime antes da diplomação, o 
processo correrá normalmente mesmo após a posse. Mas se ele praticar este 
crime após a diplomação, a regra hoje é que o processo criminal terá seu curso 
normal, porém o partido político com representação na Casa poderá pleitear 
que o processo seja sustado, ou seja, se tem uma ação em curso e a maioria 
da Casa por iniciativa de partido político decida pela paralisação do processo, o 
mesmo será paralisado até o fim do mandato do indivíduo. Quando este 
mandato acabar, o processo volta a correr. A regra é que o processo ocorrerá 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
15 
 
normalmente e só se a maioria da Casa decidir que será suspendo, isso 
ocorrerá. 
 
Segundo Pedro Lenza, a diplomação nada mais é que um atestado garantindo 
a regular eleição do candidato. Ocorre antes da posse, configurando o termo 
inicial para a atribuição da Imunidade formal para a prisão. 
 
No entanto, caso o parlamentar seja efetivamente condenado definitivamente 
(transitado em julgado) pela prática de um crime (qualquer que seja), cuja 
pena é prisão, diante do texto constitucional o parlamentar condenado não 
poderá ser preso para iniciar o cumprimento de sua pena enquanto não houver 
deliberação, pois, afinal, segundo a orientação da Constituição, os 
parlamentares não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Assim, o parlamentar poderá ser preso em caso de sentença 
judicial transitada em julgado, desde que não caiba mais recurso e que o 
parlamento delibere. Repetindo, mesmo nessa hipótese, deve também ser 
analisado juntamente com as regras contidas no art. 53 §2 (análise do caso 
pelo Congresso). 
 
De ressaltar que, caso a respectiva Casa Parlamentar decida pela não 
manutenção da prisão, esta deverá ser imediatamente relaxada, tem-se aqui 
uma típica decisão política e discricionária dos parlamentares. 
 
Obs: Eventuais denúncias = Não há limitação quanto a possibilidade de 
processar esses membros. Se for recebida a denúncia contra eles sobre crime 
que ele praticou APÓS a sua diplomação, o Supremo da ciência a respectiva 
casa daquela pessoa e essa casa, pelo voto da maioria dos seus membros e 
por iniciativa de partido, poderá sustar (diferente de arquivar) o andamento da 
ação enquanto durar o mandato. Essa sustação também suspende a 
prescrição, logicamente. Se o crime for anterior ao mandato, ele não pode ser 
sustado. 
 
 “O processo não depende mais da licença prévia da Casa a que o 
congressista pertence. Agora, recebida denúncia contra parlamentar, por crime 
ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência a Casa respectiva. Contudo, 
partido político nesta representado poderá pedir a referida Casa a sustação do 
andamento da ação, pedido esse que deverá ser apreciado pela Casa no prazo 
improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela mesa diretora. Se a casa 
aceitar o pedido pelo voto da maioria absoluta de seus membros, o processo 
será sustado, qualquer que seja a fase de seu desenvolvimento, antes da 
decisão final. Mas a sustação importa também a suspensão do prazo 
prescricional, enquanto durar o mandato”. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
16 
 
Há de se observar que não existe mais a necessidade de prévio pedido de 
licença para se processar um Deputado Federal ou um Senador no STF. O que 
pode ocorrer é a Casa Legislativa, por iniciativa de partido político nela 
representado, sendo a maioria de seus membros, sustar o andamento do 
processo e da ação penal, vale lembrar nesta situação que somente para 
crimes ocorridos após a diplomação do parlamentar. A sustação só susta a 
ação; isso não inibe a investigação pela Polícia Federal, visto que essa precisa 
de um lngo tempo para ter uma conclusão. 
 
Caso haja um concurso de agentes, onde um é parlamentar, que goza das 
prerrogativas da imunidade, e o outro não é parlamentar, que não goza de tais 
prerrogativas, o STF por motivo de conveniência entendeu que o processo 
precisa ser desmembrado. Sendo assim, o prazo prescricional quanto ao 
parlamentar fica suspenso, situação que não ocorre com o outro agente que 
não goza da imunidade. 
 
Em relação à suspensão do prazo prescricional, a sustação do processo pela 
Casa respectiva suspende o prazo prescricional enquanto durar o mandado do 
parlamentar, ou seja, a suspensão não alcança aquelas pessoas que não mais 
exerçam cargo ou mandato, sendo assim, não pode ser concedida após o 
término do mandato. 
 
Cabe aqui uma observação quanto ao prazo de 45 dias elencados no art. 53, 
§4, da CF. Este prazo se refere após a Mesa Diretora da Câmara ou do 
Senado Federal ter recebido o pedido de sustação, que neste caso poderá ser 
feito por partido político nela representado, pelo voto da maioria absoluta de 
seus membros, este prazo sim é improrrogável. O que não se confunde com o 
prazo que o partido politico com representação na respectiva casa, pelo voto 
da maioria absoluta de seus membros possui para pedir a sustação, este sim 
vai até a decisão final do processo. 
 
Deputados e Senadores têm prerrogativa de foro, ou seja, serão julgados 
pelo STF. Esse julgamento implica todos os crimes, antes ou depois da 
diplomação. Pois, como já se viu, a sustação só se aplica apenas a crimes 
posteriores a diplomação. Aqui, se aplica tanto a antes, como depois. O foro 
privilegiado é para julgamento APENAS no âmbito penal, perante o Supremo 
Tribunal Federal. A lógica é o respeito à equivalência dos poderes, ou seja, se 
um Deputado ou Senador são representantes maiores do Legislativo, eles 
deverão ser julgados pelos representantes maiores do Judiciário e não por um 
Juiz comum. Muita gente considera a prerrogativa de foro como um absurdo, 
pois seria um privilegio dentro da ideia de que seria um julgamento mais difícil 
de acontecer. A manutenção da prerrogativa de foro se dá apenas enquanto 
persiste o mandato, ou seja, com o fim do mandato acaba também a 
prerrogativa de foro. Persiste enquanto o parlamentar estiver no exercício de 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
17 
 
mandato, onde o mesmo é julgado criminalmente de forma equivalente à sua 
posição. 
 
As imunidades de Deputados e Senadores subsistem também durante o 
Estado de Sítio, só podendo ser suspensas mediante 2/3 dos membros da 
casa apenas para atos praticados no recinto do congresso e forem 
incompatíveis com o Estado de Sítio, com a execução da medida. 
 
PONTO: As imunidades podem ser renunciadas pelo parlamentar? A 
imunidade dos Deputados e Senadores é uma prerrogativa de ordem pública; 
está ligada diretamente ao mandato e não ao mandatário. Assim, as garantias 
e prerrogativas decorrentes daimunidade parlamentar, prevista no artigo 53 da 
Constituição Federal são irrenunciáveis, inclusive o foro especial por 
prerrogativa de função, também denominado competência originária “ratione 
personae” (em razão da pessoa). Embora a intenção manifestada possa 
configurar um ato de coragem do Deputado, devem seus assessores orienta-lo 
no sentido de que esta possibilidade é nula. 
 
Jurisprudência do STF: Deputado ou Senador, que possui a prerrogativa de 
função e tem o foro previlegiado, não pode renunciar a essa garantia 
constitucional. 
 
“O instituto da imunidade parlamentar atua, no contexto normativo delineado por nossa 
Constituição, como condição e garantia de independência do Poder Legislativo, seu 
real destinatario, em face dos outros poderes do Estado. Estende-se ao congressista, 
embora não constitua uma prerrogativa de ordem subjetiva deste. Trata-se de 
prerrogativa de caráter institucional, inerente ao Poder Legislativo, que só e conferida 
ao parlamentar 'ratione muneris', em função do cargo e do mandato que exerce. E por 
essa razão que não se reconhece ao congressista, em tema de imunidade parlamentar, 
a faculdade de a ela renunciar. Trata-se de garantia institucional deferida ao Congresso 
Nacional. O congressista, isoladamente considerado, não tem, sobre ela, qualquer 
poder de disposição.” Precedentes do Acórdão nº 510 de Tribunal Pleno, 1991. 
 
EM SUMA – Esquema para memorização de detalhes: 
 
HIPÓTESES DE PRISÃO: 
• Crime inafiançável em flagrante, caso o Congresso Nacional escolha a execução da prisão; 
• Crime equivalente à pena de prisão, transitado em julgado, caso o Congresso Nacional escolha a 
execução da prisão; 
 Podendo ser nas hipóteses de: 
1. Tal crime ter sido cometido antes da diplomação e vindo a transitar em 
julgado enquanto o parlamentar está exercendo o mandato, visto que 
nesse caso de crime anterior não cabe a sustação, sendo o trânsito em 
julgado “inevitável”. 
2. Tal crime ter sido cometido durante o mandato e o Congresso Nacional 
não ter optado pela sustação. 
 
 
 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
18 
 
EM ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL: 
- Vereadores: 
• Prerrogativa Formal / Processual: NÃO. 
• Prerrogativa Material: SIM, mas a atividade precisa ser necessariamente interna à Câmara Municipal 
e com conexão com a atividade. 
- Deputado Estadual: 
• Prerrogativa Formal / Processual: SIM. 
• Prerrogativa Material: SIM, mas apenas para crimes praticados durante a diplomação. 
 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (prerrogativa material). 
 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão 
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Foro 
privilegiado). 
 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, 
os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, 
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa 
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto 
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento 
da ação. 
 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado 
pela Casa respectiva no prazo improrrogável 
de quarenta e cinco dias do seu recebimento 
pela Mesa Diretora. 
 
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o 
mandato. 
 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, 
nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
 
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora 
militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da 
Casa respectiva. (Mesmo que o parlamentar seja militar, ele não é obrigado a 
exercer tal função em “casos de obrigatoriedade”, visto que entende-se que a 
manutenção do parlamento é mais importante). 
 
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o 
estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços 
dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto 
do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. 
 
■ CARGO ELETIVO: Eleitos através 
de votação. 
■ CARGO AD NUTUM: Cargo em 
Comissão = Cargos de Confiança. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
19 
 
VEDAÇÕES APLICÁVEIS A DEPUTADOS E SENADORES E A PERDA DE 
SEUS MANDATOS 
 
Incompatibilidades: Estão presentes no art. 54, que diz o seguinte: 
 
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: 
 
 I Desde a expedição do diploma: 
 
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, 
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de 
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; 
 
O Deputado ou Senador não pode manter contratos com a Administração 
Pública de forma geral para não se beneficiar da função dele de Deputado ou 
Senador no seu cargo. Ele, por exemplo, não pode participar de licitações, ou 
seja, o objetivo é evitar que haja abuso de poder por parte do parlamentar. 
 
A exceção que existe é quando o contrato obedece às clausuras uniformes, 
que é aquele contrato que vale para qualquer pessoa que esteja em qualquer 
situação, como por exemplo, os contratos que todas as pessoas têm com a 
“Embasa”. 
 
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de 
que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea 
anterior; 
 
Os demissíveis “ad nutum” são os cargos de confiança. Se um Deputado ou 
Senador for servidor público e estiver no exercício do mandato ele ficará 
afastado. Ele não perde o cargo, continua com o vinculo e quando o mandato 
acabar retorna à sua função, porém enquanto persistir o mandato o mesmo 
ficará afastado. O único cargo em que se admite acumulação a cargos da 
administração publica é a de vereador (discussão). 
 
 A situação funcional do servidor público que passa a desempenhar mandato 
eletivo é tratada com especificidade pelo art. 38 da Constituição Federal, que 
estabelece as soluções em relação à acumulação de cargos, empregos ou funções 
com cargos eletivos. 
 
Art. 38, III – “investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, 
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da 
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma 
do inciso anterior (será afastado do cargo, facultando-lhe optar pela sua remuneração)” 
 
Investido em mandato federal (Presidente da República, Vice-Presidente, Senador ou 
Deputado Federal), estadual (Governador, Vice-Governador ou Deputado Estadual) ou 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
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distrital (Governador, Vice-Governador ou Deputado Distrital) ou, ainda, em mandato 
de Prefeito ou Vice-Prefeito, o servidor, em hipótese alguma, poderá exercer, 
simultaneamente, o seu cargo com o mandato eletivo. Diante de tais situações, o 
servidor será afastado de seu cargo, emprego ou função. Ps: observar que não foi 
citado, aqui, o Vereador. 
 
Outrossim, a única hipótese admitida de exercício simultâneo de cargo público + 
mandato eletivo ocorre quando, havendo compatibilidade de horários, o servidor é 
investido no cargo de Vereador. Contudo, vale destacar que a acumulaçãopermitida 
pelo art. 38, III, da CF/88, deverá ser aplicada com reservas. 
 
Em se tratando de mandato eletivo + cargo de provimento em comissão, caracterizado 
esse último por ser de livre nomeação e exoneração (ad nutum), a leitura do art. 38, 
III, deverá ser feita conjuntamente com o disposto no art. 54 c/c art. 29, IX, da 
Constituição. 
 
Art. 54 – “Os Deputados e Senadores não poderão: 
I - desde a expedição do diploma: 
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam 
demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior. 
II - desde a posse: 
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades 
referidas no inciso I, "a".” 
 
Art. 29 – “O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o 
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara 
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, 
na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que 
couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional 
(que é o art. 54) e na Constituição do respectivo Estado para os membros da 
Assembleia Legislativa.” 
 
Desse modo, por se tratar de proibição de natureza política e não meramente 
administrativa, a prática de tal acumulação indevida (mandato eletivo + cargo de 
comissão) implica pena de perda do mandato de Vereador. 
 
É cediço que a Constituição deve ser interpretada de modo sistemático, assim como 
reza o chamado "princípio da unidade da Constituição". Logo, um dispositivo 
constitucional não deve ser interpretado isoladamente, devendo o intérprete valer-se de 
todas as normas potencialmente incidentes sobre determinada situação. 
 
Nos termos do enunciado da norma (art. 29, IX), a aplicação das proibições e 
incompatibilidades dos Deputados e Senadores serão aplicáveis aos Vereadores 
"naquilo que couber". De fato, pela leitura do art. 54, I, "b", desde a expedição do 
diploma, não poderão os Senadores e Deputados acumular o mandato eletivo com 
cargo, emprego ou função pública remunerada, seja o cargo de provimento efetivo ou 
em comissão. 
 
Contudo, em relação ao Vereador há a incidência expressa e específica do inciso III do 
art. 38, que permite a acumulação do mandato eletivo + cargo público desde que haja 
compatibilidade de horários. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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21 
 
Desse modo, por haver expressa previsão constitucional, a proibição imposta aos 
Senadores e Deputados não poderia alcançar de forma absoluta a possibilidade de 
acumulação por parte dos Vereadores, haja vista que a aplicação subsidiária do art. 54, 
I, "b", se dá com a cláusula "no que couber". 
 
Dito isso, conclui-se que a proibição de acumulação de mandato eletivo + cargo em 
comissão é extensível aos Vereadores em razão da expressa menção ao cargo de tal 
provimento no art. 54, I, "b" (demissível "ad nutum"). Trata-se da aplicação da vetusta 
regra de hermenêutica: quando há exceção, a interpretação deverá ser restritiva. 
 
Com efeito, partindo da análise ora apresentada, conclui-se: 
 
a) será possível a acumulação de cargo público + mandato de vereador, nos termos do 
art. 38, III, da CF/88, desde que haja compatibilidade de horários e o cargo seja 
de provimento efetivo. 
 
b) em se tratando de cargo de provimento em comissão será inviável a sua 
acumulação com o mandato de vereador, consoante interpretação do art. 54 c/c art. 29, 
IX, da Carta Magna. 
 
 II Desde a posse: 
 
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor 
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer 
função remunerada; Ex: Isto acontece e, quando acontece, tem-se os “laranjas” 
que servem de fachadas para conseguirem burlar o sistema; 
 
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas 
entidades referidas no inciso I, a; 
 
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se 
refere o inciso I, a; 
 
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 
MEMORIZANDO: 
 
 
Desde a expedição do diploma 
 
Desde a posse 
 
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica 
de direito público, autarquia, empresa pública, 
sociedade de economia mista ou empresa 
concessionária de serviço público, salvo quando o 
contrato obedecer a cláusulas uniformes; 
 
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego 
remunerado, inclusive os de que sejam 
demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes 
da alínea anterior; 
 
 
a) ser proprietários, controladores ou diretores de 
empresa que goze de favor decorrente de contrato 
com pessoa jurídica de direito público, ou nela 
exercer função remunerada; 
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis 
"ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, a; 
c) patrocinar causa em que seja interessada 
qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a; 
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato 
público eletivo. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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22 
 
Perda de mandato: 
Art. 54. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
 
I. que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; ● 
II. cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; É 
a chamada “quebra do decoro parlamentar”. ● 
III. que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das 
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por 
esta autorizada; ● 
 
IV. que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; ● 
 
V. quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta 
Constituição; ● 
 
VI. que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. ● 
 
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no 
regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do 
Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. 
 
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela 
Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, 
mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado 
no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Incisos marcados com 
rosa). 
 
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela 
Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de 
seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, 
assegurada ampla defesa. (Incisos marcados com verde). 
 
§ 4º - A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar 
à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até 
as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. 
 
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
 
I. investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, 
Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de 
Capital ou chefe de missão diplomática temporária; 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
23 
 
II. licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem 
remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento 
não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. 
 
§ 1º - O suplente (substituto eventual de membro do Congresso Nacional) será 
convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste 
artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. 
 
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição parapreenchê-
la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. 
 
No caso do Deputado se fará um recálculo do cociente eleitoral ao invés de 
uma nova eleição. 
 
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela 
remuneração do mandato. 
 
(FUNÇÃO PRECÍPUA LEGISLATIVA) 
PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL 
 
O processo legislativo compreende o conjunto de atos observados na proposta 
e na elaboração de emendas à constituição, leis complementares, leis 
ordinarias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções e medidas 
provisórias. 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
 
Parágrafo único. Lei complementar * disporá sobre a elaboração, redação, 
alteração e consolidação das leis. 
 
Em outras palavras, é o conjunto de atos a serem observados para fins de 
proposta, elaboração e aprovação de atos normativos primários, ou seja, 
atos normativos em sentido amplo. A lei é uma espécie de ato normativo. 
 
O texto constitucional traz as bases ou regramentos obrigatórios para fins de 
aprovação dos atos normativos. A lei complementar * n. 95/98 regulamenta o 
paragrafo único do art. 59 da CF, e dispõe sobre a elaboração, redação, 
alteração e consolidação das leis. É a denominada “leis das leis”, alterada pela 
Lei complementar 107/01. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
24 
 
Antes de adentrar no assunto, vale a seguninte pontuação: 
 
Poder Constituinte Originário (Constituição da República): Poder de 
elaborar a constituição. É soberano e ilimitado. É diferente do “processo 
legislativo”, pois o p.c.o elabora a Constituição; já o processo legislativo 
é a atribuição que alguns órgãos vão deter, dentro do próprio 
documento, para fins de alterar o texto constitucional e elaborar atos que 
vão estabelecer regramentos dentro de um sistema juridico. No processo 
legislativo estuda-se os atos que decorrem da constituição. 
Poder Constituinte Derivado (Congresso Nacional): É também chamado 
de “Poder Constituído”. As alterações que a Constituição Federal sofre 
são disciplinadas no próprio texto constitucional. Essas alterações são 
feitas depois da Constituição já existir. É função do poder derivado: 
reformador ou revisor. É regrado, limitado e disciplinado pela CF. 
Poder C. D. Reformador: elabora as normas constitucionais 
derivadas, as chamadas EC. 
Poder C. D. Regulamentador: elabora as normas 
infraconstitucionais. São as leis complementares, 
ordinárias... 
 
Deve-se lembrar do sistema juridico escalonado (pirâmide de Kelsen), em que 
a Constituição está no topo (norma máxima; dela emana todos os atos que 
estão vigentes dentro de um sistema juridico, direta ou indiretamente). As que 
emanam diretamente são os atos normativos primários. 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL (Poder Constituinte Derivado Reformador) 
 
A EC é um instrumento apto para alterar o texto constitucional. Tudo que diz 
respeito ao texto constitucional é Poder Constituinte, sendo que o poder 
constituinte originário é o poder de elaborar o texto constitucional. Esse texto 
constitucional, porém, pode ser alterado posteriormente pela EC. 
 
A EC está dentro do “processo legislativo” porque ela tem LIMITES e 
REGRAMENTOS estabelecidos pelo próprio texto constitucional. Portanto a EC 
é um ato normativo primário, está no mesmo patamar da Constituição (pois, 
tecnicamente, não estaria abaixo da constituição, visto que é o próprio texto 
constitucional alterado), mas tem regramento constitucional, o que significa 
dizer que se ela não seguir o processo legislativo constitucional, se ela não 
respeitar as limitações pré-estabelecidas do art. 60, elas podem ser declaradas 
incostitucionais. 
 
 
 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
25 
 
Limitações ao poder de reforma: 
 
►LIMITAÇÕES EXPLÍCITAS: 
 
Formais: São as limitações de iniciativa, aprovação e promulgação e 
publicação. 
 
De iniciativa: Quem pode propor a alteração do texto constitucional? 
Resposta: Os legitimados para a propositura de Emenda Constitucional (PEC = 
Proposta de Emenda à Constituição). São eles: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
 
I. de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal; 
II. do Presidente da República; 
 
III. de mais da metade* das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus 
membros. 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, 
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos 
dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
 
Quanto ao inciso III, trata-se de maioria absoluta* quanto ao número de 
Assembléias Legislativas e maioria simples quanto aos seus membros. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
26 
 
= “Mais da metade das Assembléias Legislativas”: quem tem Assembléia 
Legislativa, assim chamada, são os Estados membros, mas o Distrito Federal 
(que tem Câmara Legislativa e não Assembléia Legislativa) também é 
contabilizado aqui. Portanto, 26 Estados + 1 Distrito Federal = 27, fazendo-se 
necessário a aprovação de 14 Assembléias no mínimo. 
 
= “Maioria relativa dos membros das Assembléias”: Para que cada uma delas 
seja considerada como “a favor”, é necessário que haja uma manifestação 
interna de seus membros por maioria relativa (metade + 1 dos que estejam 
presentes na sessão). 
 
Se houver uma PEC iniciada por UM legislador, UM deputado, UMA 
assembleia legislativa consiste em vicio formal de iniciativa, portanto a PEC 
será inconstitucional. 
 
De votação e aprovação: Depois de apresentada a PEC perante o Congresso 
Nacional, ela será discutída em cada uma das casas, em dois turnos cada 
uma, considerando-se aprovada se obtiver, em todos esses turnos (quatro no 
total), 3/5 dos votos favoráveis dos respecivos membros (e não apenas dos 
presentes à sessão). 
 
Esses dois turnos acontecem na mesma casa (duas na casa Senado e duas na 
casa Câmara) e depois de aprovadas são levadas/remetidas para a outra casa. 
Primeiro acontece na Câmara dos Deputados depois vai para o Senado. 
 
A forma de aprovar uma EC é diferente de qualquer outra previsão para fins de 
aprovação de atos normativos primários. É a que tem mais requisitos, a mais 
rigorosa. Por isso a constituição é tida como rígida, pois ela tem um processo 
legislativo mais dificultoso para a EC do que os demais atos normativos 
primários. 
 
Da promulgação: Significa atestar a validade daquele projeto aprovado e 
remeter à publicação. É feita pelas Mesas Diretoras das duas casas, ou seja, 
pela mesa diretora da Câmara e pela mesa diretora do Senado. 
 
Não existe sanção de EC. Não estão sujeitas a sanção ou promulgação pelo 
Presidente da República, que só pode participar das EC através da iniciativa. 
 
Materiais: É a limitação de matéria, de conteúdo. São chamadas de Cláusulas 
Petreas; essas tematicas não podem ser abolidas da Constituição. Podem ser 
alteradas, mas não reduzidamente. Ou seja, pode-se alterar no sentido de 
aumentar o seu âmbito de proteção. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir: 
 
I. a forma federativa de Estado;II. o voto direto, secreto, universal e periódico; (Esses são os atributos 
considerados Cláusula Pétrea. A “obrigatóriedade” do voto não está 
presente). 
 
III. a separação dos Poderes; 
 
IV. os direitos e garantias individuais. (Não é “direitos fundamentais”, embora o 
Supremo entenda que os direitos fundamentais podem ser tidos como 
Clausulas Petreas com base no Princípio da Proibição do Retrocesso, mas 
com BASE NO QUE A CONSTITUIÇÃO EXPRESSA somente são 
Cláusulas Petras “os direitos e garantias individuais”). 
 
Circunstanciais: São as limitações impostas para estabelecer os limites de 
segurança quanto ao momento de reforma do texto constitucional em razão de 
algumas circunstâncias especiais presentes no Estado quando da tramitação 
do processo de revisão. Existem para vetar qualquer reforma em situações de 
crise institucional, em razão do ambiente em que se instaura nesses momentos 
impróprios como em estado de guerra, de sitio ou qualquer outra situação que 
possa calar a opinião pública ou limitar outros direitos individuais, bem como a 
modificação constitucional quando o território nacional esta em todo ou em 
parte ocupado por tropas estrangeiras. 
 
Art. 60. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
 
 
► LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS: 
 
Se uma PEC for rejeitada em um ano (em uma sessão legislativa) ela não pode 
ser reapresentada no mesmo ano, independente do corum, mesmo que esse 
corum ele fosse unânime. 
 
Art. 60. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida 
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa. 
 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS 
 
Tanto a Lei Complementar quanto a Lei Ordinária são LEIS, ou seja, são atos 
normativos primários, que decorrem da atividade típica do Poder Legislativo. As 
leis se diferem das outras espécies normativas porque, aqui, há uma atuação 
em conjunto (legislativo + executivo), mas quem dá a ultima palavra em lei é 
o poder legislativo. 
 
O que diferencia efetivamente as duas é o quorum de sua aprovação. Na Lei Complementar há 
mais rigorosidade no quorum de aprovação. A própria constituição escolhe temas que devem 
ser mais díficeis e mais fáceis de serem aprovadas. 
 
Leis Complementares: Serão aprovadas por maioria absoluta (mais difícil). 
Leis ordinárias: Serão aprovadas por maioria simples (mais fácil). 
 
Exemplificando: Imagine que seja 
necessária a aprovação das espécies 
normativas no Senado Federal, que possui 
o total de 81 Senadores. A aprovação de 
uma lei complementar exigirá o mínimo de 
41 votos (primeiro número inteiro superior à 
metade do total de integrantes, o que 
representa o conceito de maioria absoluta). 
Por sua vez, a aprovação de uma lei 
ordinária dependerá da maioria simples do número de Senadores presentes 
em alguma Sessão: caso estejam presentes 50 Senadores, por exemplo, a 
maioria simples para aprovar uma lei ordinária será de 26 Senadores. Caso 
estejam presentes 60 Senadores, a maioria simples será de 31 Senadores. 
Caso estejam presentes 75 Senadores, a maioria simples será de 38 
Senadores, e assim sucessivamente. 
 
Sendo assim, a maioria simples representa o primeiro número inteiro superior 
à metade dos presentes, enquanto a maioria absoluta representa o primeiro 
número inteiro superior à metade dos membros. É importante ter em mente 
■MAIORIA ABSOLUTA: Aprovação pela 
metade dos membros da Casa Legislativa 
(metade de todos os parlamentares + 1, 
independentemente de estarem 
presentes ou não). 
■MAIORIA RELATIVA: Também chamado 
de Maioria Simples, é a aprovação pela 
metade dos membros da Casa Legislativa 
que estão presentes. na votação. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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29 
 
que, enquanto o número correspondente à maioria absoluta é fixo, a maioria 
simples representa um número variável, a depender da quantidade de 
pessoas presentes no dia específico. 
 
Há quem defenda que o que diferencia ambas, ainda, é a matéria abordada 
por cada uma. A Lei Complementar, segundo esses autores, é exigida em 
matérias específicas da Constituição, de forma explícita. A Lei Ordinária, por 
outro lado, é exigida de modo residual, nos casos em que não houver a 
expressa exgência de Lei Complementar. 
 
Exemplo: Art. 18, § 2º (criação de Território Federal) e o art. 93, caput (edição 
do Estatuto da Magistratura de iniciativa do STF) colocam expressamente a 
necessidade de edição de Lei Complementar para tratar das matérias neles 
versadas. Nos demais casos, a princípio, torna-se possível a edição de lei 
ordinária, ressalvadas as hipóteses em que se exigir outro veículo normativo 
específico. 
 
Obs: O art. 48 tem essencialmente matérias de conteúdo de Lei Ordinária. 
Obs: Todas as fases do processo legislativo devem ser cumpridos na 
formação das Leis, inclusive a sanção. 
 
Iniciativa: Projeto de Lei (PL). É a primeira fase do processo legislativo, 
também chamada de deflagradora, instauradora, iniciadora. É um 
procedimento que deverá culminar, desde que preenchidos todos os requisitos 
e seguidos todos os trâmites, na formação da espécie legislativa. 
 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a: 
 
1. Qualquer membro da Comissão da Câmara dos Deputados; 
Qualquer membro da Comissão do Senado; 
Qualquer membro da Comissão do Congresso Nacional (comum das duas casas); 
Qualquer membro do Senado; 
Qualquer membro da Câmara dos Deputados. 
2. Presidente da República. 
3. Supremo Tribunal Federal. 
4. Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM). 
5. Procurador-Geral da República. 
6. Cidadãos (no plural), na forma e nos casos previstos nesta Constituição. 
 
A iniciativa popular deve atender alguns requisitos: 
 
Art. 61. § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à 
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por 
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com 
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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A iniciativa pode ser: 
 
- Concorrente : Refere-se à competência atribuída pela CF a mais de uma 
pessoa ou órgão para deflagrar o processo legislativo. Ex: Comissão do 
Senado ou cidadãos. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre 
(...). 
 
Quanto a organização do Ministério Público da União, a iniciativa de lei é concorrente do 
Presidente da República e do Procurador Geral da República: 
 
Art. 128. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos 
respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto 
de cada Ministério Público (...). 
 
c/c 
 
Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas 
gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Territórios; 
 
 
- Privativa (reservada ou exclusiva): Algumas leis são de iniciativa exclusiva de 
determinadas pessoas, sob pena de nulidade por vício formal de iniciativa, 
caracterizando a inconstitucionalidade da espécie legislativa. 
 
• Reservada ao Presidente da República; 
 
Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administraçãodireta e 
autárquica ou aumento de sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços 
públicos e pessoal da administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como 
normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o 
disposto no art. 84, VI; 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, 
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. 
 
• Reservada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos: ocorre de acordo com o 
princípio da simetria, aplicando-se à mesma matéria em âmbito estadual, distrital ou 
municipal, no que corresponderem às suas realidades. 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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• Reservada ao Judiciário: compete ao STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça a 
iniciativa de espécies normativas de seu interesse exclusivo, nos termos da CF, art. 96, II. 
• Reservada à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal: estabelecido pela CF, art. 51, 
IV no que se refere à competência da Câmara e no art. 52, XIII, quanto ao Senador. 
• Reservada ao Poder Executivo: são as leis que estabelecerão o plano plurianual, as 
diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, nos termos da CF, art. 165, I, II e III. 
 
- Conjunta : Nessa hipótese, existe uma presunção de consenso de vontades, 
estabelecendo a CF competência para que diversas pessoas, conjuntamente, 
deflagrem o processo legislativo. Exemplo: Fixação de subsidios dos ministros 
do STF, art 48 XV da CF. 
- - - - - - - - - - - - - 
 
O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de 
projetos de sua iniciativa, hipótese em que a Câmara dos Deputados e o 
Senado Federal terão, sucessivamente, 45 dias para se manifestar sobre a 
proposição. Trata-se do chamado procedimento legislativo súmario ou 
abreviado (regime de urgência encontrado no art. 64 § 1º). Não cabe esse 
procedimento abreviado, porém, para projetos de Código, nem para o aumento 
das despesas previstas nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da 
República (salvo, nesse último caso, se as EC estiverem de acordo com o 
plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentarias, e indicarem os recursos 
necessarios – admitidos apenas os recursos decorrentes de anulação de 
outras despesas). 
 
Discussão e Votação: A discussão se dará nas comissões (art. 58), e será 
levada ao plenário para a votação. Nessa segunda fase, temos a conjugação 
de vontades tanto do legislativo (deliberação parlamentar – discussão e 
votação) quanto do Executivo (deliberação executiva – sanção ou veto). 
 
- Deliberação parlamentar (discussão e votação): como regra geral, em 
decorrência do bicameralismo federativo, sempre haverá a apreciação do 
projeto de lei federal pelas duas casas: casa iniciadora e casa revisora. Calha 
anotar aqui que somente nos casos de projeto de lei de iniciativa dos 
Senadores ou das Comissões do Senado é que este funcionará como casa 
iniciadora e a Câmara dos Deputados como casa revisora; em todas as demais 
hipóteses de iniciativa, a apresentação do projeto de dará na Câmara, 
encaminhado para o Senado para revisão. 
 
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. 
 
Se o projeto for aprovado na Casa Iniciadora, será encaminha para a Casa 
Revisora, onde também passará pelas comissões temáticas e, ao final, a Casa 
Revisora poderá: 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
I GQ – 2016.2 
 
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1. Aprovar. Então, o projeto será encaminhado para sanção ou veto do 
Presidente da República; 
 
2. Rejeitar. Assim, o projeto será arquivado, podendo ser proposto na 
mesma sessão legislativa nos termos da CF, art. 67. 
 
3. Emendar. Nesse caso, somente o que foi emendado retornará à Casa 
Iniciadora para apreciação (não será permitida emenda à emenda ou 
subemenda). 
 
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de 
discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou 
arquivado, se o rejeitar. Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. 
 
Sanção ou Veto: Após aprovada pelo plenário. 
 
- Deliberação executiva (sanção e veto): Terminada a fase deliberativa 
parlamentar de discussão e votação, após aprovado, o projeto é encaminhado 
ao Chefe do Executivo, para a sanção (anuência, aceitação) ou veto 
(discordância), que poderá ser total ou parcial. 
 
Se o Presidente vetar, o veto poderá ser afastado por sessão conjunta do 
Congresso, conforme dispõe a CF, art. 66, §5º: “Se o veto não for mantido, 
será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.” Ele 
terá que promulgar mesmo que não concorde. 
 
Se houver veto o mesmo tem que expor o motivo que pode ser por motivos 
formais (controle de constitucionalidade) ou por conveniência. O veto pode ser 
da lei toda ou de trechos da lei, o que se proíbe é o veto de palavras. Caso 
haja veto pode haver a derrubada do veto (art. 66), para isto ocorrer basta que 
ocorra a maioria absoluta (maioria dos membros) dos votos. Se o veto não for 
mantido será mandado para promulgação (ato pelo qual o projeto deixa de ser 
considerado projeto e se torna lei) do Presidente da República, se o mesmo se 
recusar a promulgar, o Presidente do Senado tem o poder de promulgar. 
Exemplo: A lei da ficha limpa é uma lei complementar que foi oriunda de uma 
iniciativa de lei popular. 
 
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao 
Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. 
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, 
inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no 
prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de 
quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 
 
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso 
ou de alínea. 
 
Aluna: Juliana Aguiar Leal C. de Azevedo – UNICAP – Direito Constitucional III 
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§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará 
sanção. 
 
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu 
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e 
Senadores. 
 
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao 
Presidente da República. 
 
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na 
ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação 
final. 
 
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da 
República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este 
não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. 
 
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto 
de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta 
dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. 
 
Diferentemente da Emenda constitucional, em que a matéria constante de 
proposta de emenda rejeitada não

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