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VIERAM OS DEUSES DE OUTRAS ESTRELAS? ERNST VON KHUON Neste volume — indubitavelmente um dos mais interessantes livros de discussão de teses — tomam posição dezesseis mundialmente conhecidos eruditos, com relação às teorias do autor dos best-sellers internacionais "Eram os Deuses Astronautas" e "De Volta às Estrelas", Erich von Dãniken. O livro mostra por que milhares de pessoas — no mundo todo — discutem essas teses. Além disso, este livro representa uma contribuição complementar às perguntas de largo interesse atual: —Tiveram seres estranhos influência no desenvolvimento da huma- nidade e no de sua inteligência? —E existem ainda hoje seres inteligentes em outros planetas? * * * A tese de Erich von Dãniken de que astronautas, provenientes de estrelas estranhas, tenham visitado a Terra em priscas eras, é conhecida por dois entre cada três habitantes do mundo civilizado. E aproximadamente cada quarta pessoa a tem por verídica. Não é de admirar, portanto, que os livros desse autor tenham causado viva ressonância nos círculos científicos. O mais tardar pela descida dos norte-americanos na Lua, as suas teses se tornaram "pensáveis". E surge a pergunta, comentada e discutida por todos: — Erich Von Dãniken, o "pesquisador por curiosidade", como ele próprio se apelida, foi de utilidade para os cientistas, ou os prejudicou? * * * Os indícios apresentados por Erich Von Dãniken são analisados e comentados por dezesseis cientistas, neste livro, que o publicitário de televisão Ernst Von Khuon organizou e editou. Agora o leitor tem a possibilidade de decidir quais as teses e teorias que ele quer aceitar como possivelmente verdadeiras. No final do livro, em posfácio, Erich von Dãniken tem a oportunidade de tomar posição quanto às contribuições apresentadas. E ninguém ficará surpreso ao verificar que, nesse assunto, os cientistas de modo nenhum são unânimes, e também a ninguém surpreenderá não recusarem, por completo e em definitivo, as teses de Erich von Dãniken. * * * Ernst von Khuon é, como repórter-chefe da Rádio Sudoeste da Alemanha, dom mais de duas mil e quinhentas transmissões — e sobretudo através da televisão, um dos mais conhecidos publicistas alemães de nossa época. A denominação que lhe dão, de "intérprete para história da cultura, ciências naturais e técnica", atinge o âmago de seu trabalho talvez do modo mais expressivo. Capa de HERBERT HORN Ernst von Khuon (Compilador) VIERAM OS DEUSES DE OUTRAS ESTRELAS? Cientistas discutem as teses de Erich von Dániken Nesta obra: Onde fui mal interpretado por meus críticos, por von Däniken Tradução de Trude von Laschan Solstein EDIÇÕES MELHORAMENTOS Índice Introdução Ernst von Khuon I Foi a Nossa Terra Visitada por Astronautas Alienígenas? II Inteligências em Estrelas Distantes III Estamos sós no Universo? IV Pleiteando uma Pesquisa Inconvencional do Nosso Passado V Deviam vir Deuses Extraterrestres para Criar o Homem? VI Fatos e Preconceitos conforme Sabemos, o que Sabemos — Dãniken no Campo da Biologia VII Pensamentos sobre a Possibilidade do Vôo Espacial Interestelar VIII Ensaios Filosóficos sobre a Relatividade do Tempo IX "Kyborgs" em Viagem pelo Espaço X O Que Diz a Medicina, Especialmente a Psicologia Médica? XI Argumentos para o Possível, Tirados de Fatos da Astronomia e de Textos Antigos XII Documentos Bíblicos e a Teoria Cósmica dos Astronautas XIII A Respeito da Demonstrabilidade da Viagem Espacial Pré- Histórica, em Mitos e Contos de Fada XIV Dãniken e a Pré-História XV Os Antigos Egípcios e Dãniken XVI Comentário sobre Nazca Onde Fui Mal Interpretado por Meus Críticos — Erich von Dãniken Índice das ilustrações Os "canais" de Marte / Um gene individual, visto com um microscópio eletrônico / O editor assistindo a filmagens... em Tula, México / Ernst von Khuon com os cameramen da Rádio Sudoeste da República Federal da Alemanha / A célebre Porta do Sol de Tiahuanaco / A Porta do Sol é uma só pedra ........................................................ Ernst Stuhlinger mostrando a Ernst von Khuon modelos de foguetes / Astronautas norte-americanos no módulo lunar / A lápide no Templo das Inscrições, em Palenque / Deus celta em Kernunnos O deus celta do cervo, com anel e serpente / Desenho mostrando um xamanotungúsio com tamborim / Lâmpadas usadas pelo homem no Período Glaciário / Lâmpada de 22 cm encontrada em Lascaux, França / Escada de 7 degraus cortados na rocha, há uns 4.500 anos / O "deus pássaro" dos habitantes da Ilha da Páscoa Antiga pintura rupestre de Hokaido, Japão / Faca egípcia de pedra (quarto e terceiro milênios antes de Cristo) / Sarcófago egípcio / Mapa astronômico ou aeroporto pré-histórico. Nazca, Peru / Macaco de uns 80 m de altura é um só exemplo entre muitas figuras de animais .................................................. INTRODUÇÃO VIERAM OS DEUSES DE OUTRAS ESTRELAS? por Ernst von Khuon, Baden-Baden A IDÉIA EXTRAVAGANTE DE Erich von Dãniken de que a evolução cultural da humanidade teria sido promovida por cosmonautas provenientes de outras estrelas, levou ao maior e mais 'explosivo' sucesso de livraria desde a Segunda Grande Guerra. Os livros "Erinnerungen an die Zukunft" (Eram os Deuses Astronautas?) e "Zurück zu den Sternen" (De Volta às Estrelas)* foram best-sellers em todo o mundo e, somente nos países de língua germânica, estão beirando o primeiro milhão de exemplares vendidos. Muitos dos enigmas tratados por Dãniken ainda não foram esclarecidos. Contudo, um dos grandes atrativos da pesquisa cien- tífica reside justamente no fato de existirem problemas a serem resolvidos e de surgirem novas perguntas com a solução de cada problema. Os pioneiros da ciência avançam no grande abismo, sabendo que jamais chegarão ao ponto final, pois, com cada novo horizonte que se abre, surgem novas perspectivas. Este co- nhecimento torna os cientistas humildes e cautelosos e eles dizem: "Não sabemos dar uma resposta definitiva, talvez nunca chegará a ser dada". Erich von Dãniken é menos humilde e menos cauteloso e deve ser esta a razão pela qual seus livros encontram aceitação tão extraordinária do grande público leitor. Ele faz perguntas e tem suas respostas prontas; oferece sua 'chave' para a solução de todos os enigmas. Em janeiro de 1970, ele escreveu-me de Chur, na Suíça, onde ficou detido para interrogatório: "Tenho certeza absoluta de que, em eras remotíssimas, a nossa Terra recebeu a visita de astronautas, vindos de planetas distantes. Esta convicção não se baseia apenas nos indícios que publiquei nos meus livros, mas ainda mais nos que ficaram a ser publicados. Funda-se, inclusive, em ponderações filosóficas". Perguntei então se Dãniken considerava essas visitas como cientificamente comprovadas e ele respondeu: "Na época atual inexiste prova científica de uma visita de astronautas de planetas distantes a nossa Terra. Ainda estamos na fase das 'pesquisas de base'. Provas concretas poderão ser obtidas apenas quando a ciência realmente começar a ocupar-se do problema". * Ambos traduzidos cm português, Edições Melhoramentos. Tampouco existe prova em contrário. Ninguém poderia oferecê-la. Como se poderia provar que, em tempos remotos, seres inteligentes provenientes de outros astros não aterrissaram em nosso planeta? A comprovação do não-acontecimento de alguma coisa apenas pode ser obtida em face da impossibilidade do seu acontecimento; talvez porque seja inconcebível, ou comprovadamente contra as leis da natureza. A idéia de uma visita de inteligênciasestranhas ao planeta Terra não é nem inconcebível nem contrária às leis básicas da natureza. É perfeitamente concebível que seres inteligentes de outros planetas fossem bem mais adiantados em relação aos homens da Terra e teriam chegado a ser astronautas muito antes de nós, tendo visitado o nosso planeta em épocas pré-históricas. Qualquer pessoa dotada de um pouco de fantasia pode, muito bem, imaginar isto, quanto mais um cientista, acho eu. Por conseguinte, a ciência se pronuncia de maneira cautelosa, dizendo: "É possível; não está fora de cogitação; não há provas (por enquanto)". E talvez ela até vá um pouco mais longe e diga: "É bastante improvável, segundo os conceitos científicos atuais". Outrossim, em absoluto é novo aquilo que Dãniken afirma. Teorias análogas já foram avançadas por repetidas vezes. A exemplo dos seus antecessores e contemporâneos, Dãniken serviu-se de fontes antigas e, ao mesmo tempo, elaborou e executou seqüências de idéias, ponderações, afirmações e argumentos de outros autores. É fato inconteste que Dãniken defende suas convicções com tenacidade excepcional; um dos motivos pelos quais seus livros mereceram a devida atenção em todo o mundo. E, aliás, nada é tão bem sucedido como o sucesso. Outro fato é de Dãniken servir de vanguardista para seus antecessores, os quais superou e agora está levando na esteira do seu formidável sucesso. Sem dúvida, Dãniken realizou algo de extraordinário. Ele soube estimular a fantasia do leitor, o que significa muita coisa nos tempos atuais, dos quais se diz que deixam margem sempre menor para a fantasia. E isto foi conseguido apesar dos formidáveis progressos nas ciências naturais e técnicas, ou, talvez, justamente por causa disto. A fantasia costuma ser menosprezada. Admite-se fantasia em um poeta, um artista, pois ele vive com e da sua fantasia; isto se compreende. Conforme falou Wilhelm Hauff, ele deve cozinhar suas obras na 'panela dourada da fantasia'. Mas, e no nosso mundo atual dos fatos concretos? O historiador Theodor Mommsen falou: "A fantasia não é somente a mãe da poesia, mas, igualmente da historiografia". Como? A tarefa da historiografia não se resume em registrar os fatos, conforme aconteceram? No entanto, como seria possível reconstruir o passado sem o auxílio da fantasia, entreligando as peças avulsas que a tradição nos fornece? Lenin, um dos personagens que mais movimentaram a História, definiu o papel da fantasia com as seguintes palavras: "Esta faculdade é de imenso valor. Está errado supor que só o poeta necessita dela. Isto é um preconceito tolo. A fantasia tem seu papel, inclusive na matemática; a descoberta do cálculo diferencial e integral teria sido impossível sem fantasia". De fato, até a invenção do zero foi uma obra-prima da 'fantasia matemática'. Muitas pessoas estão completamente equivocadas pensando que a fantasia não combina com o trabalho científico. A fantasia é a força motora decisiva do progresso humano. Sem a curiosidade e sem a fantasia o homem teria ficado em estado primitivo. Sem fantasia e imaginação, sem a vontade de 'ver o que está por detrás', nem invenções, nem descobertas teriam sido feitas. Quanta fantasia era precisa para a roda ser inventada! Quanta fantasia requer o conceito da descarga de gás de um foguete para poder funcionar, inclusive no vácuo, onde não há resistência e lá, melhor ainda, por não encontrar ponto de apoio algum? Será que Roger Bacon, o filósofo e físico do século XIII, poderia ter avançado a sua profecia sem o dom divino da fantasia: "Serão construídos navios sem remos e os maiores serão dirigidos por um só homem. E haverá veículos incrivelmente velozes, que não serão puxados por animal algum. E máquinas voadoras. E outras que, sem perigo algum, poderão mergulhar até o fundo dos mares e dos rios". Como teriam sido aceitas tais palavras pelos cientistas da época? Será que sem fantasia Johannes Kepler poderia ter encontrado suas leis da mecânica celeste e prenunciado a era atual dos vôos espaciais, em sua carta aberta a Galileu, dizendo: "Quem teria pensado, outrora, que as viagens nos oceanos imensos serão mais tranqüilas e seguras do que no estreito Mar Adriático, no Mar Báltico ou no Canal da Mancha? É só-providenciar as naves ou velas adequadas aos ares celestes e não faltarão os homens sem medo daquela imensidão enorme". Decerto, seus contemporâneos deveriam ter achado Kepler maluco, homem que não podia ser levado a sério. Antes de o Sputnik I levantar vôo, quanta fantasia era precisa para imaginar que uma lua técnica poderia sempre cair ao redor da Terra? Quanta fantasia requereu a tese de Einstein da quarta dimensão do tempo, para o cálculo da dilatação do tempo no interior de um veículo que se move quase à velocidade da luz, à descoberta da fórmula E = m x c2 (energia = massa por quadrado da velocidade da luz), da qual resultou o conhecimento de uma energia enorme caber dentro de um dedal de matéria. Onde quer que se procurar uma solução, onde quer que chegarmos a saber do possível, a reconhecer o provável e o compro-vável, é a fantasia a explorar o caminho. * * * Desde sempre, o homem se fascinou com a idéia de mundos habitados ficarem escondidos nas penumbras do Universo. Só que na era espacial é mais fácil imaginar a existência de tais mundos. E, naturalmente, o homem especula como poderia entrar em contacto com civilizações estranhas, em outros planetas. Daqui para a idéia de tal contacto ter acontecido em épocas remotas, há um curto passo, apenas. Conforme já ficou dito, Erich von Dàniken não é o primeiro a ocupar-se do assunto. A obra de Robert Charroux 'Passado Fantástico' (Phantastische Vergan-genheit, Herbig Verlag) foi publicado antes de "Eram os Deuses Astronautas?" de Dãniken; e, antes de Charroux, dois outros autores, Louis Pauwels e Jacques Bergier publicaram "Partida para o Terceiro Milênio" (Aufbruch ins dritte Jahrtausend, Scherz-Verlag). Esses últimos, no entanto, indicaram-me como seu antecessor Kurd Lasswitz, cujo romance "Em Dois Planetas" data de 1897. Provavelmente, Dániken, Charroux, Pauwels e Bergier inspiraram- se em "Culturas Perdidas", de Eugen Georg, publicado em 1930, que, por sua vez, deveria ter conhecido "Países Enigmáticos", de Richard Hennig, publicado em 1924. Já em 1919, nos Estados Unidos da América, Charles Hoy Fort transferiu seres extraterrestres para o nosso planeta; em 1928 saiu "Hipóteses Cósmicas", por Robert Nast (pseudônimo de Richard Huber), atualmente residente nos E.U.A., igualmente pressupondo a exis- tência de inteligências extraterrestres, em um conceito muito mais amplo. Nast defende a tese de o Homo sapiens, o homem racional, não poder representar o ápice da hierarquia dos seres vivos. Ele compara os homens às células de um órgão cósmico que, por sua vez, pertence, junto com outros órgãos incrivelmente grandes, a um superser superevoluído. Com isto Nast não pensou em Deus- Criador, na alma universal; ele 'vê' na Via-Láctea 'indivíduos intelectuais' que (até agora) nossas limitadas faculdades mentais são incapazes de compreender. Interessante é notar que o astrônomo inglês Fred Hoyle, pesquisador de renome, introduziu no seu romance "A Nuvem Negra", de 1957, um tal ser cósmico, dotado de percepção e vontade. Na ficção científica, nossos cientistas conseguem estabelecer contacto técnico com tal superser, fazendo- se de intermediários entre ele e os políticos na Terra. Aliás, a ficção científica possui árvore genealógica de antiga e nobre linhagem, ostentando ancestrais ilustres. Nem Júlio Verne que, em 1865, de fato fez voar três americanos da Flórida para a Lua, é o primeiro na linha. Kepler já despachou um homem para a Lua e, muito antes, no século II, Luciano de Samósata levou o herói de suas "Histórias Verdadeiras" emvi sita à Lua e a Vénus. Contudo, a partir de Júlio Verne, a seqüência prática e real não sofreu solução de continuidade até o dia de hoje: um garoto da Transilvânia, o jovem Hermann Oberth, devorou "Da Terra à Lua", por Júlio Verne; o livro de Hermann Oberth "O Foguete para os Espaços Planetários", publicado em 1927, foi lido pelo jovem Wernher von Braun. Em linha tão reta e dentro de apenas três gerações, o caminho pôde levar da utopia para a realidade: no Natal de 1968, a Apolo 8 girou em torno da Lua; em 20 de julho de 1969 Armstrong pisou o solo lunar. Para muitos esses fatos foram totalmente incompreensíveis. O que havia sido considerado além do possível e imaginável transformara-se em fato concreto de um dia para outro. E, com isto, a opinião de milhões de pessoas convergiu para o outro extremo: Nada mais é impossível. Patrulhas espaciais deverão atravessar o Cosmo, a 'conquista do espaço' começou. Será que com isto encontraremos mundos habitados? E se os 'outros' forem mais adiantados do que nós? Mas então nos teriam visitado há tempo? Para os milhões de pessoas que já ouviram falar na idéia extravagante de Erich von Dãniken, ela até parece familiar. Soa um tanto plausível — O senhor não acha? Cada passo para frente na pesquisa astronômica foi seguido pela respectiva fata-morgana de uma viagem maravilhosa no espaço recém-descoberto. As viagens para sóis distantes só se tornaram possíveis depois de Galileu ter verificado pelo telescópio que a Via- Láctea é um 'aglomerado de inúmeras estrelas'. Até aquela época, eram válidos os conceitos medievais: além e detrás da esfera de vidro estende-se o reino infinito dos anjos e santos, por baixo abrem-se os abismos dos condenados. Quem pensaria que as luzes do céu estrelado poderiam ser sóis gigantes, talvez até com acompanhantes passíveis de expansão? Foi Galileu o primeiro a considerar os planetas do nosso sistema solar como plaquinhas, como 'corpos estelares' e a descobrir que luas descrevem seu percurso em torno de Júpiter. A partir de então era apenas um passo para a comparação com o nosso planeta Terra. As luzes no firmamento vieram a oferecer à nossa fantasia um possível destino de viagem; quem sabe, esses astros eram habitados como a Terra. Atualmente, conseguimos olhar espaço adentro em profundidade de dois bilhões de anos-luz. O telescópio gigante no Monte Palomar é uma das maravilhas dos tempos modernos. Chapas fotográficas, expostas horas a fio, fixam os vestígios da luz estelar; é a luz que chega à Terra após dois bilhões de anos. O que podemos enxergar pertence, portanto, a um passado inimagi-navelmente remoto. Na imensidão do Universo as estrelas poderiam ter-se apagado desde tempos imemoriais, muito antes de haver vida nesta Terra; e ainda poderíamos ver a sua luz. Talvez com o telescópio no Monte Palomar a astronomia da luz já alcançou seu limite máximo. Conforme sabe todo fotógrafo, não vale a pena continuar ampliando, e ampliando sempre mais, um retrato pouco nítido. A foto das estrelas não é bastante nítida, nem em Monte Palomar, debaixo do céu claro da Califórnia. Mesmo que, em termos cósmicos, seja finíssimo o invólucro de gás circundando a Terra, nós homens vivemos no fundo de um oceano, que não permite visão clara das coisas de fora. Todavia, o invólucro gasoso possui ainda uma segunda 'ja- nela' que permite a entrada das emissões de rádio de determi- nadas estrelas. Há duas décadas, as antenas possantes da radioastronomia captam um mundo de mundos, até então des- conhecido; e os radioastrônomos se referem aos anos de 60 como 'os sessenta dourados'. Foi Fred Hoyle que pronunciou as pa- lavras orgulhosas: "Nenhum gênio literário poderia ter inven- tado uma estória que em sua centésima parte fosse tão fantástica como o são os fatos concretos, desvendados pela pesquisa astro- nômica". , De fato, o Cosmo do século XX se apresenta de maneira tão grandiosa como tremenda. Há bilhões e bilhões de sóis. O nosso Sol é apenas um astro de média grandeza, desenvolvendo energia mediana. Os 'gigantes vermelhos' desenvolvem energia cem a mil vezes maior. Os 'anões brancos' são, em verdade, gigantes medonhos; um centímetro cúbico de sua matéria pesa meia tonelada. O homem de nossa ínfima Terra deve sentir neste Cosmo uma solidão imensa, sempre mais imensa e é por isto que está à procura de 'irmãos no Universo'. Em última análise, ou melhor, em primeiro lugar, as teorias de Dániken voltam para a eterna pergunta: Há vida nas outras estrelas? Uma resposta negativa acabaria de vez com o assunto. Mas será que se pode dar resposta afirmativa? E de que maneira poderia ser comprovada? A ciência já tratou do assunto seriamente? Já foi feita uma tentativa concreta de, ao menos, captarmos 'mensagens' por sobre os abismos das distâncias de anos-luz? Sim; a tentativa foi feita. O início foi dado por Frank D. Drake, professor do Observatório de Rádio Green Bank, Virgínia Ocidental, E.U.A. Com humor e poesia, o professor denominou seu programa de pesquisa "projeto OZMA", segundo o nome da rainha do país fabuloso OZ( descrito em um romance de L. F. Baum. Nos anos de 1962 e 1963, grande variedade de estrelas 'suspeitas' foi auscultada; no entanto, apesar de todos os esforços despendidos, não se conseguiu captar sinal algum que pudesse provir de uma 'civilização técnica', exis- tente nalgum planeta longínquo. "Deste ponto de vista, o projeto fracassou", observou Wolfgang Priester, professor de Ra- dioastronomia em Bonn, que dispõe do maior radiotelescopio móvel na Terra (diâmetro da concha da antena: 100 metros). Decerto, havia pouca possibilidade de logo na primeira tentativa receber 'sinais inteligíveis'. No entanto, menos de cinco anos mais tarde, em julho de 1967, houve grande surpresa em Cambridge, na Inglaterra: uma descoberta devida ao acaso, ou antes, à inexperiência e ao cuidado excessivo de uma estudante. Ela estava encarregada de medir, com o novo campo de antena, os diâmetros de quasares 'no fim do mundo'. Em determinada posição do instrumento, a estudante experimentou 'movimentos elétricos' que, com um radioastrônomo experiente, teriam passado despercebidos, a título de interferências típicas causadas por um automóvel. No entanto, a estudante queria averiguar o porquê dos movimentos. Por diversas vezes ela verificou essa ligeira interferência e, por coincidência, sempre apareceu no mesmo ponto, quando o instrumento estava na constelação de Vulpécula (Raposinha, em latim), mais ou menos no meio entre as estrelas Vega e Altair. Talvez houvesse uma sonda espacial distante? As respectivas averiguações deram em nada. Uma missão secreta? Mas aí vieram impulsos de rádio de outras partes do céu, que se repetiram com precisão maquinal. Para os impulsos da constelação de Vulpécula foi registrada freqüência de repetição da ordem de 1,337 segundos, para os provenientes da área limítrofe de Hidra e Câncer a freqüência era de 1,274 segundos; na constelação do Leão havia dois transmissores, que transmitiam em intervalos de 1,188 e 0,253 segundos, respectivamente. "De fato, nossos colegas de Cambridge deveriam pensar em sinais emitidos por seres inteligentes em planetas distantes", relatou Wolfgang Priester. "Inicialmente, mantiveram sua descoberta em segredo. Preferiam averiguar primeiro o que realmente estava acontecendo. Entre eles, chamaram de LGM — Little Green Men — "homenzinhos verdes" — ao seu estudo de sinais misteriosos." Sinais do primeiro pulsar, descoberto na constelaçãode Vulpécula. A distância entre as grades é de aproximadamente 4 segundos Por fim chegou-se a saber que se tratava de um novo e ainda desconhecido tipo de estrelas, que então os radioastrônomos pas saram a chamar de 'pulsares'. Até }agora foram encontrados 49 pulsares. A solução do enigmasó foi possível em janeiro de 1969, quando um representante desse tipo de estrela foi localizado na chamada nebulosa do Câncer. Esta é um objeto astronômico famoso, pois trata-se dos resíduos de uma supernova, de uma explosão de estrela fixa, observada por astrônomos chineses no ano de 1054 d.C. Em face desses antecedentes, os radioas-trônomos modernos acharam a seguinte explicação: as partes internas da estrela formam uma constelação muito pequena e de rotação ultra-rápida, composta de nêutrons (os componentes sem carga do núcleo atômico). Igual a um farol, com cada rotação a nova estrela emite, de uma mancha clara em sua superfície, impulsos de rádio, bem como impulsos ópticos. Em todo caso, a honra da descoberta dos pulsares cabe a uma jovem dotada de fantasia e tenacidade, Jocelyn Bell. Por enquanto, achou-se uma explicação cientificamente plausível para os sinais registrados em intervalos certos; será que foi dada em definitivo? O modo de pensar deverá ainda ser ampliado e aperfeiçoado; todavia, aí, os 'homenzinhos verdes' estariam de fora. Em 1877, pela primeira vez eles estimularam a fantasia do homem, mesmo que então ainda não tivessem seu nome atual, quando o planeta Terra e seu vizinho de fora, Marte, tornaram a ficar bem pertos um do outro. Os astrônomos estavam preparados para valer- se da situação propícia e logo mais, Asaph Hall, professor de Matemática no Observatório Naval em Washington, descobriu as duas luas de Marte, Deimos e Fobos. Aliás, como são diminutas (calcula-se seu diâmetro em 15 e 8 km, respectivamente), poderiam até tornar-se um dia metas para vôos espaciais. Em Deimos os astronautas quase estariam flutuando no espaço, livres das leis de gravidade. Ali, uma bola de futebol, bem chutada, sumiria no Cosmo. Outra grande descoberta do ano de 1877 foi feita em Milão, na Itália. Schiaparelli observou linhas finas em Marte, que chamou de 'canali', termo que foi logo e erroneamente traduzido por 'canais'. Para muita gente esta palavra já explicava tudo, pois um canal representa uma obra de técnicos; por conseguinte, o planeta Marte era habitado por seres inteligentes. Uma sensação sem-par! Em sua qualidade de cientista, Schiaparelli assumiu atitude discreta e cautelosa; no entanto, a interpretação dada nada tinha de impossível, a priori, e assim foi que inclusive ele próprio chegou a endossar o termo 'canais'. "Não é preciso considerá-los como construções, executadas por seres inteligentes, não obstante apresentarem forma quase geométrica", explicou Schiaparelli. "Poder-se-ia admitir que se formaram por si sós, a exemplo dos canais da Mancha e de Moçambique, aqui na Terra." Logo mais, a existência de 'canais' foi confirmada, inclusive por outros pesquisadores. Numerosas teorias surgiram: valas profundas nas quais penetra a neblina vinda do pólo; fendas na crosta do planeta, que racha como vidro quebrado; arranhaduras causadas por meteoros. Contudo, o astrônomo norte- americano Percival Lowell considerou a teoria dos habitantes de Marte absolutamente razoável e até mais razoável do que as demais. Ele escreveu: "Igual a Robinson Crusoe, que empalideceu à vista de pegadas estranhas, o pensador civilizado recua instintivamente diante de toda e qualquer referência a uma inteligência que não seja a sua; ...o homem aceita de bom grado as hipóteses mais extravagantes e surpreendentes, se isto lhe poupar a admissão de algo a relacionar-se com a sua própria espécie...". Quem falar em seres de Marte, não precisa necessariamente pensar em marcianos (homens de Marte). Obviamente, a idéia não podia deixar de fascinar o grande público, ou, aliás, todo homem que pensa. Por que deveria ser impossível? Não foram os grandes pensadores do passado, desde Christian Huyghens e Immanuel Kant, a falarem de maneira concreta e sóbria de 'habitantes de outros planetas'? Não foi Giordano Bruno, o dominicano que abandonou seu convento para anunciar em êxtase: "Há inúmeros Sóis e inúmeras Terras, girando todos da mesma forma em torno dos seus Sóis... Os mundos sem conta do Cosmo em nada são inferiores à nossa Terra, pois inteligência alguma poderia imaginar que eles, que se beneficiam da radiação fecundante de um Sol, conforme nós nos beneficiamos com o nosso, fossem desabitados e não possuíssem habitantes inteligentes ou ainda mais perfeitos do que a nossa Terra... Fiquem descansados, virá o tempo quando todos verão as coisas como eu as vejo". No ano da graça de 1600 o herético Bruno foi queimado vivo. Aliás, ele jamais olhou por um telescópio, que foi descoberto apenas oito anos após sua morte violenta. No que se refere aos 'canais' em Marte, estão sendo considerados hoje em dia como 'ilusões ópticas'. Supõe-se que o olho reuniu detalhes de superfície para puxá-los em formações lineares. Em 14 de julho de 1965 a sonda espacial norte-americana Mariner 4 passou por Marte em uma distância de apenas 9.000 km (esta distância é menor do que o diâmetro da Terra). As suas radiomensagens vieram à Terra de uma distância de 220 milhões de quilômetros; para usar-se um slogan de propaganda: jamais uma imagem foi televisionada de distância tão enorme! As imagens transmitidas mostraram crateras anulares; Marte se assemelha mais à Lua do que à Terra. E nada de canais. A atmosfera de Marte é extraordinariamente rarefeita, compondo-se principalmente de nitrogênio com minúsculos traços de vapor de água. Os pólos brancos provavelmente não passam de geada. Será que há vida? Ernst Stuhlinger, professor no Marshall Space Center, lotado para o projeto Marte, está contando com isto: "Acreditamos que haverá vida; provavelmente espécies vegetais inferiores, mas por enquanto não podemos fazer a mínima idéia de como serão". Um vôo tripulado para uma visita a Marte está previsto somente para a década dos 80. O que encontrarão os primeiros homens a pisar o solo de Marte? Serão encontrados os restos de seres extintos? Fósseis? ou até as ruínas de culturas desaparecidas? Erich von Dàniken relatou sua conversa com o professor soviético Josef S. Shklovsky, o qual sugeriu que as duas luas de Marte fossem satélites artificiais. Os nossos satélites também estariam funcionando no espaço muito além da duração de nossa vida... No entanto, tenho a impressão de Dániken já não contar mais com Marte, faz tempo. Os seus seres inteligentes vêm de muito mais longe. Em Huntsville, Alabama, E.U.A., Ernst Stuhlinger mostrou-me o modelo de uma nave espacial elétrica, que — montada em uma órbita terrestre — realiza a viagem de ida e volta para Marte em uma expedição de dois anos. Os sistemas de manutenção de vida, funcionando agora durante dias e semanas, deveriam funcionar então uma centena de vezes de sua atual duração. Os custos de uma expedição a Marte seriam o múltiplo dos de uma alunis-sagem. A priori, parece mais problemática ainda a viagem para outro vizinho do nosso sistema solar, o planeta Vénus. Em 1962, a sonda espacial norte-americana Mariner 2 passou por Vénus a uma distância igual a menos de três diâmetros da Terra. Como era de se esperar, a 'estufa Vénus' estava coberta por densas nuvens; os sensores infravermelhos mediram uma temperatura de superfície da ordem de 400 graus. Nessas condições, Vénus serviria de destino de viagem exclusivamente para robôs insensíveis ao calor? Em 18 de outubro de 1967, a Venera 4, soviética, desceu sua- vemente, de pára-queda, na superfície de Vénus; a temperatura de superfície então registrada e reportada era da ordem de 270 graus. Isto já era um pouco melhor; todavia, o calor ainda continuava intenso bastante para fundir metais, como o zinco. O calor representa apenas um problema entre muitos. A atmosfera de Vénus é irrespirável. A Venera 4 averiguou que, em Vénus, o homem deve suportar pressão de 20 atmosferas. Sem esperança?Libby, Prêmio Nobel, não exclui a possibilidade de, apesar disto, existir vida em Vénus. E se os vapores de água se tivessem precipitado nos pólos de Vénus, que quase não recebe radiação solar? Aí, deveria existir entre o calor do equador e o pólo ártico uma estreita faixa de vida, com temperaturas moderadas, talvez inclusive com organismos, capazes de suportar 20 atmosferas de gás carbônico. Com Marte para o lado externo e Venus para o interno está circunscrito o espaço em nosso sistema solar onde, razoavelmente, se poderia imaginar a existência de vida. O planeta Mercúrio, mais perto do Sol, girando em órbita interna, é um inferno; nos planetas mais distantes do Sol, de Júpiter a Plutão, deveria ficar congelada toda vida igual à existente em nossa Terra. Aliás, em fins da década dos 70 haverá uma possibilidade extraordinária de conhecer por perto os planetas externos do nosso sistema solar; então, Júpiter, Saturno e Urano estarão em posição especialmente favorável. As forças de atração desses planetas deveriam proporcionar impulso adicional a uma sonda espacial, voando em sua passagem, que levariam em 'slalom cósmico' para perto de Netuno e Plutão. O vôo para Plutão que, normalmente, levaria mais de 40 anos, poderia então ser realizado em apenas nove anos. Dados de medição e imagens fotográficas poderão ser transmitidos de uma distância de 600 milhões a cinco bilhões de quilômetros. Já existe um projeto audacioso: nos anos de 1977 e 1979 a NASA pretende despachar uma sonda de 550 kg, equipada com os instrumentos necessários, para uma 'excursão global' no espaço. Outros sistemas solares dentro de nossa Via-Láctea poderiam oferecer possibilidades de vida. Até agora, telescópio algum, inclusive o mais possante, conseguiu captar um planeta fora do nosso sistema solar; é preciso lembrar que todo planeta brilha apenas com a luz emprestada do seu sol. Outrossim, supõe-se terem sido detectados indiretamente planetas nas proximidades de estrelas fixas, a distância relativamente pequena, tal como a estrela Barnard, distante 6 anos-luz. Nos radioimpulsos do pulsar NPO 532, as oscilações periódicas, trimestrais, somente poderiam ser explicadas admitindo-se interferência na rotação da estrela pelo campo de gravidade de um planeta. Os radioastrônomos calcularam um planeta de massa terrestre, girando em volta do pulsar em intervalos de 0,4 unidade astronômica (uma unidade astronômica equivale à distância entre o Sol e a Terra); ou seja, um planeta distante de mais de 4.000 anos-luz. * * * Será que pode existir vida em outros planetas; vida inteligente? O que se compreende por 'vida inteligente'? Fred Hoyle tentou uma resposta para os fãs do esporte: "Com isto não quero dizer espécies de musgo ou líquen, mas indivíduos capazes de integrar-se nos times do 'Liverpool' ou 'Arsenal' para disputar um jogo de futebol em Londres". James Jeans, outro astrônomo inglês de renome, considera a vida "um acontecimento raro"; por conseguinte, a vida inteligente seria "acontecimento muito mais raro ainda". Recentemente, o astrônomo norte-americano David Buhl explicou a existência de 'germes de vida' no Cosmo: no espaço inte-restelar foram encontradas nuvens de aldeído fórmico, bem como água, metano e amoníaco. Portanto, um 'sopro de vida'. Onde poderia ter ocorrido a precipitação? A física Dra. Irene Saenger-Bredt considera como "a menos provável de todas" a hipótese de nossa Terra ocupar "posição extraordinariamente privilegiada" no Cosmo. Ela argumenta o seguinte: partindo da soma total dos corpos celestes, foram rea- lizados os mais diversos cálculos de probabilidade que deram "algarismos surpreendentes", oscilando entre 18.000 e um bilhão de corpos celestes em condições semelhantes às da Terra; e esses corpos celestes existiriam somente no âmbito de nossa Via-Láctea. Todavia, esses algarismos são pouco expressivos, pois apenas em considerar-se a imensa vastidão do espaço é que se pode chegar a formar um conceito correto. O Dr. Winfried Petri, da Faculdade de História das Ciências Naturais, em Munique, menciona um relatório, resumindo os resultados de uma conferência científica sobre "Civilizações Extraterrestres", realizada em Biurakan, República Soviética da Armênia. Os cientistas russos são de pare cer que seria possível encontrar uma civilização em cada 200 a 300 anos-luz. Cientistas ocidentais são mais otimistas a respeito, pois cogitam de 30 a 50 anos-luz. A probabilidade estatística, muito convincente para o matemático, não constitui prova em si. Suponhamos que o nosso vizinho mais próximo, a Alfa do Centauro, possuísse planetas semelhantes à Terra. A Alfa do Centauro está 4,3 anos-luz distante de nós. Um ano-luz — palavra fácil de ser pronunciada, mas que representa uma distância inimaginável. Em termos de quilômetros representa, aproximadamente, o algarismo 9 seguido de doze zeros. Vamos fazer a prova: são 365 dias do ano X 24 horas (o dia e a noite) X 60 minutos X 60 segundos X 300.000 quilômetros por segundo (que é a velocidade da luz). Assim temos, para 1 ano-luz, em números redondos, 9.500.000.000.000 de quilômetros. Vamos comparar a velocidade da luz com a velocidade das atuais naves espaciais: satélites artificiais giram em órbita terrestre com velocidade de 8 km/seg; para um foguete lunar vencer a esfera de gravidade da Terra, devia fazer, no mínimo, 11,2 km/seg. Um foguete ao sair do nosso sistema solar e vencer a atração do Sol, devia fazer 17 km/seg. Tal nave espacial gastaria 76.000 anos, só para a viagem de ida; pensando-se inclusive na volta, decorreria um prazo durante o qual 5.000 gerações humanas teriam passado pela Terra. É esta a realidade das distâncias em anos-luz. Por este motivo, Pascual Jordan considera "o nosso sistema solar como maior campo de ação das viagens cósmicas para, no mínimo, os próximos séculos, se não milênios. O que vier depois está além de nossa previsão". Logicamente, a nossa fantasia não pode ser encarcerada nos limites daquilo que hoje é possível. Quem sabe, em 1.000 ou 3.000 anos, ou talvez antes, a técnica disporá de meios jamais sonhados? E será que uma civilização vizinha não poderia ter chegado a essa fase muito antes de nós? Seria impossível vencer a barreira da luz? No laboratório já se conseguiu a produção de raios de massa com tais velocidades; poderão essas experiências de laboratório ser aplicadas na prática, no 'impulso por raios' do futuro? O Professor Eugen Sãnger(f) sugeriu a 'engrenagem motriz por fótons', capaz de somar a menor pressão da luz. Em contrário ao que admitem outros autores, Sànger acreditava que "não era intenção da natureza confinar-nos para sempre em nosso pequeno cantinho no Cosmo". O fato de que, com velocidades aproximadas às da luz, a vida no interior de uma nave espacial decorreria em ritmo mais lento do que aqui na Terra, representa conseqüência surpreendente das leis da mecânica relativista de Einstein. 'Viagens para a Terra Maravilhosa de Einstein' foi a manchete dada por um jornalista a uma reportagem, tentando transmitir esses pensamentos incrivelmente audaciosos ao público leitor. E os processos bioló- gicos, seriam manipuláveis? O cálculo para uma nave espacial viajando com velocidade quase a da luz, parte do 'vácuo'. Acontece, porém, que o Cosmo não é um vácuo. Conforme falou Julián Huxley, o biólogo e filósofo inglês, ele "está repleto de partículas e raios, unidos em uma gigantesca e caótica dança de jaz/". Qual seria a energia necessária com velocidade acelerada? Werner Braunbek, professor de Física Teórica da Universidade de Tübingen, fez o respectivo cálculo: a fim de acelerar uma nave espacial para atingir um quinto da velocidade-luz é preciso dotá-la de uma carga equivalente a 25 milhões de vezes a força necessária ao arranque daórbita terrestre, o que seriam então 25 milhões de vezes a potência do Saturno V. Uma velocidade de 'apenas' 1.000 km/seg (é preciso lembrar: a velocidade da luz é de 300.000 km/seg) requereria energia 10.000 vezes maior da necessária para vencer a atração da Terra. E, apesar disto, uma viagem de ida e volta à Alfa do Centauro levaria 3.000 anos. Em resumo: a ciência admite a predisposição essencial para a idéia de Erich von Dãniken, dizendo: sim, é altamente provável a existência de vida superior em outras estrelas; no entanto, é extraordinariamente pequena a chance de seres inteligentes se encontrarem sobre o tempo e o espaço no 'mesmo segundo cós- mico'. É mínima a chance de estabelecer contacto pelo rádio. A chance de um encontro pessoal é altamente improvável. Assim sendo, pode acontecer que a Terra ficará só — apesar da possível existência de muitos mundos habitados nas imensidades do Cosmo. Bem poderá ser que os habitantes da Terra jamais chegarão a ter certeza da existência ou não de 'irmãos' no Cosmo. Isto faria com que os homens terrestres, apesar das saudades de estrelas desconhecidas, viessem a considerar o seu planeta como algo de singular, como uma preciosidade sem par. Foi na década dos 50, quando os discos voadores eram assunto preferido de publicidade e monopolizaram o interesse do grande público. Todavia, jamais tal onda publicitária soube captar a opinião pública por muito tempo; mais cedo ou mais tarde um assunto desses decai de moda e surge outro. Este nem precisa ser novo, basta que pareça novo; pode até ser coisa do passado, sob novo aspecto; se o for, tanto melhor, pois então é mais rapidamente aceito. Na idéia extravagante de Erich von Dãniken, voltaram os discos voadores. As visitas de seres inteligentes extraterrestres, muito superiores a nós, não precisam, necessariamente, acontecer no espaço de nossa vida; podem muito bem ter acontecido 'ontem', 'ontem, mil anos atrás', ou 'anteontem, 10.000 anos atrás'. Por que será que não voltaram? é a pergunta formulada hoje por muitos daqueles que então se entusiasmaram com a novidade. E os que não abandonaram a idéia dos discos voadores lhes respondem: Mas sim, eles voltaram. Só que se tentou ridicularizar as coisas e torná-las inverossímeis. Será que jamais especialistas autônomos examinaram o assunto? Há o chamado relatório Condon, publicado em janeiro de 1969, em forma de livro de bolso pela 'Bantam', com 989 páginas e posto à venda por US$1.95, intitulado "Scientific Study of Unidentified Flying Objects" (Estudo Cientifico de Objetos Voadores Não Identificados), editado por Daniel S. Gillmor. Trata-se de um trabalho realizado por 37 cientistas sob a orientação do Professor E. U. Condon, da Universidade de Colorado, controlado e aprovado por dez pesquisadores da Academia Nacional de Ciências. A publicação inclui ilustrações de nada menos de 94 OVNIs. É o seguinte o respectivo parecer de Harry O. Ruppe, professor de Técnica de Vôos Espaciais na Escola Politécnica de Munique e colaborador de muitos anos de Wernher von Braun: "Apesar de toda sua sobriedade, há trechos neste livro que se lêem como um romance policial de 'suspense'. O leitor bem pode fazer idéia de como a ciência concreta avança no terreno do desconhecido"! Foram examinados 45.000 comunicados da aparição de discos voadores, referentes a 15.000 casos; as ocorrências a serem esclarecidas eram da ordem de zero a 2,5% do total. Todo mundo conhece a problemática de relatos por testemunhas oculares. Três observadores podem relatar, de boa fé, um só acidente de trânsito de três maneiras diferentes. Todavia, 2% de 45.000 avisos representam quase 1.000 depoimentos inapro- veitáveis para a ciência. Isto dá o que pensar; não dá? Em resumo, Harry O. Ruppe diz: "Não sobrou um só fenômeno OVNI que comprovasse a visita de inteligências extraterrestres na Terra". Todavia, ele admite que "nunca tais provas negativas podem ser totalmente convincentes. A quem agradar, pode perfeitamente recusar as explicações racionais e preferir especulações místicas. Por outro lado, bastaria como prova positiva uma só peça, digamos de uma nave caída, que não pudesse ser confeccionada pela técnica terrestre; no entanto, inexiste tal peça em nosso planeta". Ruppe considera encerrado "com este relatório um capítulo fascinante em muitos dos seus aspectos (o estudo dos OVNIs ao longo de 21 anos) pelo menos até surgirem fatores novos, aptos a ressuscitar o problema". Naturalmente, o relatório Condón em nada contribuiu para 'converter' os adeptos fiéis da teoria dos OVNIs; eles consideram os casos não esclarecidos como 'admissões', resumindo-se o argumento geral em 'não queriam deixar transparecer coisa alguma'. O relatório Condón foi precedido por pesquisas da Força Aérea dos E.U.A., no curso das quais foram estudados uns 10.000 avisos de OVNIs; conforme aconteceu no caso do relatório Condón, 98% das ocorrências foram explicados como sendo: novos tipos de avião, balões meteorológicos, pássaros, aeróstatos, satélites, meteoritos, formações de nuvens, reflexos de luzes (sóis secundários, holofotes, faróis); revelaram-se inclusive como 'brincadeiras bem boladas de gente que gosta de travessuras e publicidade', nas palavras de Wernher von Braun. Contudo, todas as tentativas de entrar em contacto com um 'homem de outro planeta' eram inúteis; não se encontrou evidência alguma, em parte alguma. "Antes de cogitarmos dos homenzinhos verdes para acharmos a solução do enigma, seria preferível considerarmos também os 2% restantes como fenômenos naturais." (Wernher von Braun.) "Convém dedicar-se atenção maior ao fenômeno misterioso do raio em forma de bola. Procurei Karl Berger, professor na Escola Politécnica Nacional de Zurique, que visitei no Posto de Medição de Raios, no Monte San Salvatore, em Lugano, Suíça, para perguntar a respeito do fenômeno dos raios em forma de bola. O professor, uma capacidade de renome mundial, mostrou-se bastante céptico, dizendo que, até agora, não se conseguiu prova alguma da existência do raio em forma de bola." Decerto, é inadmissível considerar como alucinações ou histeria ' coletiva relatórios concordantes sobre Objetos Voadores Não Identificados. Os depoimentos objetivos de capitães de vôo dão o que pensar. Também Harry O. Ruppe não admite que todos os depoimentos de testemunhas oculares sejam considerados como 'alucinações'. Contudo, lembram os aparecimentos de anjos, ocor- ridos na Idade Média. "É a mística de nossa época que vem a realizar-se nesses fenômenos técnicos." Em seu livro "Das kosmi- sche Abenteuer" (A Aventura Cósmica), Edmund Verhülsdonk fala dos discos voadores como "do lado avesso da profundidade psicológica da idéia dos vôos espaciais"; e na revista astronômica "Sterne und Weltraum" (Estrelas e Cosmo) são qualificados de 'saga moderna'. Em 1958, o célebre psicólogo suíço Carl Gustav Jung escreveu um livro sobre os OVNIs: "Ein Moderner Mythos. Von Dingen, die am Himmel gesehen werden" (Um mito moderno. De coisas que se vêem no céu). Ele as explica como visão coletiva, ou rumor visionário e procura esclarecer seu sentido simbólico. Segundo esse autor, os OVNIs são os sinais de uma situação mundial altamente perigosa, índices do fim do mundo que se aproxima. E continuando, C. G. Jung escreve que "estou preocupado com a sorte daqueles que, despreparados, serão surpreendidos pelos acontecimentos e, sem a mínima noção das coisas, serão entregues à sua inconcebibilidade". Essas palavras de sentido oculto foram interpretadas de diversas maneiras. O fato é que muitos adeptos da idéia dos OVNIs sentem-se comprometidos com determinados pensamentos de salvação, com uma espécie de comunidade religiosa. Pouco se importam com argumentos de ordem científica; para eles trata-se de uma questãode fé. Evidentemente, os seres em outras estrelas nasceram do medo e da esperança. Já no romance de Kurd Lasswitz "Auf zwei Planeten" (Em dois Planetas), publicado em 1897, os sábios habi- tantes de Marte indicam o caminho para a liberdade e a paz. Na mesma época (1898) H. G. Wells publicou seu "Guerra dos Mun- dos": uma invasão de monstros marcianos que, enfim, são vitimados pelas bactérias terrestres. Quarenta anos mais tarde, em 30 de outubro de 1938, a CBS de Nova York transmitiu a "Guerra dos Mundos" em espetáculo radiofônico, dirigido por Orson Welles, com efeitos sonoros que provocaram pânico geral, apesar dos repetidos avisos aos ouvintes de a invasão dos marcianos ser apenas fictícia. Podia ser; mas aqueles avisos também poderiam servir apenas para acalmar a população. Em quem acreditar? Aliás, foi muito antes que se "inventaram" os primeiros discos voadores; há a descrição de uma ilha de forma circular, com 7 km de diâmetro e de nome Laputa, suspensa sobre o Oceano Pacífico e guiada por um ímã. Assim se lê em "As Viagens de Gulliver", publicadas em 1726 por Jonathan Swift. Os astrônomos de Laputa possuíam conhecimentos muito adiantados à sua época; 150 anos antes de sua descoberta, já conheciam duas pequenas luas de Marte. Swift adivinhou de maneira surpreendente suas trajetórias e o tempo necessário para percorrê-las. Ele era autor muito versado em Marcianos, Ilustração para “Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells ciências naturais. As luas que descreveu deveriam ficar fora do alcance dos telescópios da época; conforme as exigências da estória e, partindo desta premissa, Swift baseou seus respectivos cálculos nos de Kepler e Newton. * * * Qual o pensamento de Erich von Daniken a respeito dos OVNIs da atualidade? Obviamente, ele não lhes atribui grande importância, pois em sua carta já mencionada escreveu: "Até agora, a visita a nossa Terra de astronautas provenientes de planetas distantes carece de toda prova científica". Isto é exatamente o que afirma também o relatório Condon. Dãniken diz: "Isto é impossível; mas isto não pode ser comprovado (até agora)". Por esta razão, Däniken coloca os discos voadores na era da pré-história e, desta maneira, fica disponível um lapso de tempo infinitamente mais amplo, ou seja, de milhares de anos, em comparação com o breve quarto de século, decorrido desde o fim da última Grande Guerra. Com isto ficou multiplicada a chance de um 'encontro'. De outro lado, os acontecimentos a serem provados ficam perdidos na alvorada dos primordios primitivos. Simultaneamente, o campo abrangido pela idéia de Däniken inclui uma esfera de interesse passional do grande público leitor, desde a publicação de "Götter, Gräber und Gelehrte" (Deuses, Túmulos e Sábios)*, por Ceram (Kurt W. Marek), ou seja, a arqueologia, o jogo de adivinhar apresentado pelos enigmas das civilizações perdidas. Ainda que o livro de Ceram tenha ficado sem igual, as obras "Die Bibel hat doch recht" (E a Bíblia tinha razão...)**, de Werner Keller, e "Com o Elevador na Época Romana" (Mit dem Fahrstuhl in die Römerzeit), de Rudolf Pörtner, também se tor- naram 'best-sellers' arqueológicos. Além dessa esfera e avançando até a pré-história, Däniken atinge o terreno fascinante das últimas especulações sobre a origem do homem. Ali, Herbert Wendt conseguiu um 'best-seller' com sua obra "Ich suchte Adam" (À Procura de Adão)***. Contudo, todos esses autores, de Ceram a Wendt, escreveram livros técnicos, nada de ficção científica, nada que ficasse a meio caminho, mas sim, 'ciência, apresentada da maneira mais interessante possível'. É perfeitamente imaginável que uma 'evolução paralela à história da humanidade' em outro planeta poderia ser mais adiantada, por * Tradução cm português, Edições Melhoramentos. * * Idem. * * * Idem. tantas e tantas vezes. Todavia, para as duas evoluções se 'encontrarem', seria preciso um acaso extraordinariamente feliz, quase improvável, que viesse a 'sincronizar' a nossa evolução com a dos nossos irmãos extraterrestres. O já falecido astrofísico Heinrich Siedentopf condensou em padrão filosófico a história do Cosmo, estimada em cinco bilhões de anos, reduzindo para um ano só o tempo no qual tudo teria acontecido. Conforme este padrão, nosso sistema solar teria ficado acabado no mês de janeiro; em inícios de março teriam sido criados os continentes e os mares da nossa Terra. Em meados do ano, ter-se- iam originado as formas primitivas de vida, e em novembro, os primeiros seres vivos, comprováveis em camadas geológicas. Pela época do Natal, os saurios ficariam extintos. O homem teria aparecido apenas em 31 de dezembro, uma hora antes do começo do ano novo; o homem de Neandertal teria vivido dez minutos antes das 24 horas. O espaço de tempo que costumamos considerar 'história' colocar-se-ia na segunda metade do último minuto e a nossa era técnica, no último segundo de nosso ano-modelo. Por que seres inteligentes extraterrestres não deveriam ter amadurecido para o vôo espacial quase ao mesmo tempo? Para alcançar a Terra na época de nossa vida, um OVNI deveria atravessar os abismos das distâncias em anos-luz- e aparecer aqui em determinado décimo de segundo. Aterrissagens ocorridas nas eras primitivas e pré- históricas, conforme Erich von Dániken pretende provar, deveriam ter acontecido em 31 de dezembro, entre 23 h e 58 min e o último instante antes de o relógio marcar o fim do ano. Se é que as engrenagens deveriam engatar com tamanha precisão, o 'mecanismo da vida' deveria ser 'sincronizado' de maneira quase inimaginável. "Uma nave espacial apta a vencer distâncias interestelares deve ser dotada de dimensões e mecanismos com os quais, até agora, o homem ainda não se atreveu a sonhar. Uma nave espacial dessa ordem ou teria descido na Lua morta ou entrado em órbita terrestre, para então despachar naves menores, aptas a aterrissar. Essas naves menores, uma espécie de táxis do espaço, poderiam ter descido em diversos lugares; teoricamente, poder-se-ia cogitar de qualquer ponto na Terra... Suponho que houve várias aterrissagens, a última cerca de 3.500 anos a.C", escreveu-me Erich von Dàniken. Isto teria acontecido 800 anos antes de ter sido construída a pirâmide de Quéops. Na redação da revista "Planète", em Paris, nos Campos Elisios, Louis Pauwels me falou de maneira menos precisa: "Acreditamos que houve alguma coisa antes da época dos sumérios, 10.000 a 20.000 anos atrás". No que se refere à questão dos 'indícios', Pauwels mostrou-se mais céptico do que Dãniken: "Acho pouco provável a obtenção de provas concretas mediante a procura de restos arqueológicos; aí seria preferível aplicar a análise sistemática de mitos e lendas dos povos primitivos". * * * Será que o Gênese forneceria alguns indícios? Nos textos antigos não existem passagens que lembram depoimentos de testemunhas oculares de uma era técnica? Todavia, poderiam ser interpretadas ao pé da letra? A fantasia humana é inesgotável, mormente quando tenta interpretar o céu estrelado como domicílio dos deuses. Os poetas da Antiguidade costumavam considerar a Via-Láctea como a estrada de honra, onde moram os imortais. Uma lenda grega diz que a Via-Láctea surgiu quando Zeus colocou nos seios de sua esposa Hera, então dormindo, Héracles, filho de Zeus e Alquemene; o menino sorveu o leite divino com tamanha força que este se espalhou por todo o firmamento. Conforme se vê, a fantasia do homem cria imagens grandiosas; ela não está condicionada pela realidade. Pela' força dialética dos profetas bíblicos, a autoridade divina comandava o raio e o trovão. Em seus relatos poderíamos 'reco- nhecer' os rios de fogo e o 'trovejar' de um foguete Saturno. Toda- via, a fantasia nem precisava inspirar-se com os progressos de uma técnicaantiga; o mais provável é que a técnica teria alcançado a fantasia dos profetas. Contudo, Dániken não considera mitos e lendas como única fonte de referência. É certo que cita passagens do Gênese e dos mitos; no entanto, ele bem sabe que toda prova tirada dali estaria totalmente em mãos dos cientistas especializados e que não poderia captar a atenção do seu público leitor com a mera interpretação de textos antigos, mas sim, que deve apresentar material mais convincente. A imagem é mais antiga do que a escritura. Não foi Henri Lhote, colaborador do Musée de l'Homme, em Paris, quem encontrou pinturas rupestres bastante esquisitas nos montes do Tassili? Datam da época em que o deserto do Saara ainda era fértil, uns 8.000 anos atrás. Homenzinhos dançam em volta de gigantes com cabeça redonda, o maior dos quais possui ainda um dedão adicional. O próprio Lhote chamou um desses gigantes de 'grande deus marciano'; ele parece usar um capacete de astronauta. Como é surpreendente a semelhança de tais imagens pré-históricas com a técnica atual ! De fato, essas imagens são surpreendentes, no entanto, em sentido inverso. Acho eu que seria a coisa menos provável neste mundo que esses 'astronautas', que em eras primitivas venceram distâncias de anos-luz, se parecessem com os tripulantes dos vôos espaciais da atualidade. O deus dos índios maias, no Templo das Inscrições, em Palenque, bem podia ser visto como astronauta de nossos dias, mas, melhor ainda, como piloto de provas em uma motocicleta, com o pé no pedal e os instrumentos de controle em sua frente. É pouco provável que o astronauta de uma civilização bem mais adiantada do que a nossa usasse equipamento parecido com o usado por Neil Armstrong; a sua aparência deveria ter sido bastante diferente. Outrossim, a explicação dos arqueólogos de que o deus maia estaria realizando um culto continua igualmente crível, mesmo nessa formulação bastante vaga. Por fim, o assunto dos seres inteligentes de outros planetas levanta a indagação sobre a origem do homem, ponto central em nosso autoconceito; para o crente comum constitui o ápice do Gênese, para a ciência, desde Darwin, o passo final da evolução. "O conceito de que muitos dos seres vivos que hoje habitam o nosso planeta não foram criados, em sua forma atual, em um só ato de criação, mas representam o resultado de uma evolução histórica, em nada deve ferir o orgulho humano, pois de maneira alguma toca na posição privilegiada ocupada pelo homem; pelo contrário, lhe garante explicitamente sua condição de ponto culminante da chamada pirâmide da vida", é o que diz Konrad Lorenz, pesquisador de comportamento. O livro de Darwin "A Origem das Espécies" (publicado em novembro de 1859) teve o efeito de um choque nos homens da época, comparável ao produzido pelos conceitos introduzidos por Copérnico. Uma frase cautelosa de Darwin a respeito da origem do homem logo mais foi interpretada como 'afirmação descarada de que o homem descende do macaco'. Ernst Haeckel, o primeiro na Alemanha a defender a teoria da evolução, deu as seguintes explicações, em 1863: "Por tudo que sabemos dos tempos mais primitivos da existência do homem na Terra, assiste-nos o direito de supor que o homem não brotou da cabeça de Júpiter como uma Minerva armada, nem saiu da mão do Criador como Adão, livre de pecados, mas que evoluiu em ritmo muito lento e sucessivo, passando de um estado de brutalidade animalesca para os primeiros inícios de cultura". Hoje em dia, achamos até engraçada a revolta dos nossos tetravôs e não consideramos mais como ofensa à nossa honra a hipótese de o homem ter antepassados parecidos com macacos. Deixa mos que o Em cima: os "canais" de Marte, conforme observados por seu "descobridor" Schiaparelli, em 4 de junho de 1888. Embaixo: um bloco estrutural do portador dos dados genéticos (traços hereditários), um gene individual, visto com um microscópio eletrônico, capaz de ampliá-lo 79.300 vezes. Cientistas da rnivcrsidade de Harvard lograram a produção sintética do gene. À esquerda: O editor assistindoa filmagens na plataforma do templo da Estrela d’Alva em Tula, no México. Supõe-se que os “atlantes” superdimensionais fossem imagens de “Deus Branco”, Quatzalcoatl. Embaixo: Ernest Von Khuon com os cameramen do Sudwestfunk” (Rádio Sudoeste da Repúblicva Federal da Alemanha) em Stonehenge ( Inglaterra). O santuário, de quase 4.000 anos, serviu de observatório na Idade da Pedra; segundo resultados das pesquisas obtidos por G. S. Hawkins, era um centro de cálculos astronômicos para a previsão de eclipses do Sol e da Lua. A célebre Porta do Sol de Tiahuanaco, em desenhos feitos em 1920 pelo arquiteto alemão Martin Spring. Tiahuanaco situa-sena proximidade do Lago Titicaca, em território boliviano A Porta do Sol é de uma só pedra: continua enigmático o significado das figuras no relevo. macaco continue como nosso 'primo retardado'. O título de um livro "The Naked Ape" (O Macaco Nu) (refere-se ao homem) não constitui mais provocação alguma, mas antes é considerado como piada. É muito mais difícil compreender que toda vida provém, em última análise, de uma 'bolinha' de gelatina (de fato, consiste nas matérias-primas chamadas metano, amoníaco e água, representando a albumina uma mistura de aminoácidos); e que os seres vivos, inclusive o homem, evoluíram de organismos unicelulares, como a ameba, do que admitir o nosso 'parentesco com os macacos'. A descendência da ameba só seria imaginável se, ao mesmo tempo, fosse possível imaginar os enormes espaços de tempo durante os quais a natureza teria completado sua obra. Os primeiros passos da matéria primitiva para os aminoácidos foram retraçados por Stanley Miller, em sua aparelhagem de vidro, que conseguiu também a combinação dos aminoácidos para moléculas maiores, parecidas com albumina. No entanto, mesmo assim estamos longe de produzir uma célula, e mais longe ainda de criar na retorta um ser vivo ou até um homúnculo. Todavia, não importa quão longo for o caminho, os bioquímicos avançam passo a passo. Em 1953, o americano James D. Watson e o inglês Francis H. O. Crick, ambos Prêmio Nobel de 1962, decifraram em Cambridge um dos maiores enigmas da vida: a composição da substância portadora de todos os fatores hereditários e responsável pela evolução das células: a espiral dupla do ADN (ácido desoxirribonucléico). Esta obra-prima de detetive foi descrita de maneira temperamental e com fino humor por Watson, em "The Double Helix" (A Hélice Dupla), que merecidamente se tornou um best-seller. Em 1970, o cientista hindu H. Gobind Khorana (Prêmio Nobel de 1968), no laboratório da Universidade de Wisconsin, conseguiu a produção de um gene, partícula material do cromossomo que encerra os caracteres hereditários. Parece uma manipulação fantástica, considerando o tamanho minúsculo desta criação: os fatores genéticos de toda uma humanidade caberiam dentro de uma bolinha, pouco maior que uma cabeça de alfinete. No mesmo ano de 1970, Gerald Weissmann e Grazia Sessa produziram em Nova York componentes básicos para a construção celular, os chamados lisossomos, executando funções de metabolismo. * * * Quanto tempo decorrerá ainda até que formações celulares com- pletas, tais como glóbulos vermelhos, saiam do laboratório? Já não se pode prever a época em que o código genético poderá ser manipulado? Faz tempo que o homem auto-afirmado do século XX deixou de acreditar na poesia dos Seis Dias da Criação. Os conceitos e perspectivas da teoria da origem do gênero humano são aceitos, quando o são, de coração hesitante e com reservas. A especulação atual, sobre a idéia de seres inteligentes e superiores terem vindo do Cosmo para elevar o homem a umafase decisiva, poderia parecer como se oferecesse a solução do grande enigma de nossa origem. Todavia, não seria uma solução definitiva. A pergunta sobre como a natureza gerou o homem, que se considera coroa da criação, ficaria assim apenas transferida da Terra para outro planeta distante. Mesmo que lá houvesse, em relação a nós, um adiantamento evolutivo de alguns milhões de anos, isto em nada tornaria mais plausível a pergunta eterna. Herbert Kuehn, professor emérito de Arqueologia Pré-Histó-rica na Universidade de Mainz, salienta o fato de até agora não ter encontrado indício algum da interferência de seres inteligentes extraterrestres: "Dispomos de todos os detalhes das épocas de tran- sição, que levaram do uso das ferramentas na era do gelo para as cerâmicas na era da pedra, para os implementos de bronze, para formas sempre mais evoluídas. Em parte alguma notamos solução de continuidade". A respeito dos livros de Dániken, Herbert Kuehn escreveu: "Como neste século os progressos científicos têm sido tão grandes, para muitas pessoas a ciência tomou o lugar da religião. Quando, então, aparece alguém que, dentro da ciência, ou sob seu manto, diz: 'Posso explicar por que e como o homem veio de outras estrelas', é bem compreensível que sua palavra seja aceita". * * * É justamente isso o que Dániken reclama apaixonadamente em seus livros: que a ciência se ocupe de suas hipóteses. Eis o seu desafio aos cientistas especializados. Durante bom tempo, os especialistas não pareciam tomar conhecimento delas. De fato, não era tão fácil fazer com que os homens da ciência tomassem conhecimento do desafio de Dániken e concordassem em colaborar neste livro, cujo fim exclusivo é debater suas teses audaciosas. Está sendo publicado pela mesma editora, a Econ, que lançou os best-sellers de Dãniken, visto sentir-se ela na obrigação de continuar no debate global dos cientistas. Neste livro estão reunidos os pareceres e opiniões de dezesseis cientistas, apresentados de maneira ponderada, temperamental, sóbria, belicosa, conforme a índole e vocação de cada autor. Para alguns, as idéias de Dãniken são admissíveis, para outros não; todavia, a sua causa não está mais sendo silenciada. Quem entre seus adeptos contou com um "não" simples e puro, deverá corrigir seu pensamento. Em muitos casos, as respostas saíram diferentes daquilo que se esperava. Tais surpresas consti- tuem as passagens mais interessantes deste livro. Dãniken até encontrou entre os cientistas quem lhe desse apoio e quebrasse uma lança por ele, apesar, ou por causa, dos colegas que deverão levantar as sobrancelhas ao ler-nos. O fato de as idéias de Dãniken serem criticadas não deverá constituir surpresa para ninguém. No trabalho científico é de praxe por em dúvida quaisquer resultados obtidos. O cientista está acostumado a debates, enfrentando argumentos em contrário. Quem entre os adeptos de Dãniken não admitir crítica do autor, tão veementemente contestado, quem não admitir argumentação em contrário deixa de ser objetivo. Ele prefere crer, sem saber. Sem sabê-lo, talvez já se incorporou a alguma seita de intolerantes, que nada põem em estudo e só querem fazer prosélitos. Neste livro, tanto encontrará motivo de aborrecimento como de satisfação. Conforme falou o escritor Wilhelm Roggersdorl: "Com esses seus 'argumentos para o impossível' Dãniken mergulhou, de cabeça pra baixo, no fundo de uma lagoa, a fim de apanhar todos os peixes pelo rabo". Será que apanhou alguns, ou, pelo menos, um peixe grande? O seu mergulho na lagoa pode ter sido temerário; seu propósito de apanhar todos os peixes ao mesmo tempo, não foi realista. Contudo, o público leitor correu para a beira da lagoa, a fim de verificar se estava ele sendo bem sucedido e certo de que Erich von Dãniken era homem disposto a tudo, em defesa dos seus conceitos. Este livro mostra agora como aqueles surpreendentes peixes sabem esquivar-se das mãos do pescador. Aqueles entre os espectadores que desejem assistir ao desenrolar do espetáculo vão aprender muita coisa a respeito de peixes e pesca; possivelmente voltarão por mais algumas vezes à lagoa, depois de a multidão ter- se retirado, para observar os pacientes pescadores (cientistas). Neste livro, o posfácio ficou reservado ao próprio Dãniken, pois é conforme seu temperamento o responder imediatamente. Wilhelm Roggersdorf e Peter Rocholl são os autores de "A Vida Singular de Erich von Dãniken" (Das seltsame Leben des Erich von Dãniken, Econ Verlag, 1970), a história extraordinária do sucesso incomum de um homem que não pode ser julgado pelos padrões convencionais. Dãniken pretende — assim anunciou ele — escrever mais outro livro. Algumas de suas posições serão defendidas, fortalecidas com nova argumentação. Pelo que se saiba, Dãniken não tenciona capitular. CAPÍTULO I Foi a Nossa Terra Visitada por Astronautas Alienígenas? Por Ernst Stuhlinger, Huntsville, E.U.A. NOSSA VIA-LÁCTEA COMPÕE-SE de cem bilhões de estrelas; o Universo possui uns mil bilhões de galáxias semelhantes à Via- Láctea. Supõe-se que mais da metade de todas as estrelas tem em sua órbita um ou mais planetas. Suponhamos que cada milésimo planeta, em virtude de suas adequadas dimensões e distância da sua estrela central, possuísse condições ambientais que, a exemplo das de nossa Terra, permitissem a existência de vida, chegaríamos a quase cem bilhões de bilhões de planetas no Universo, nos quais, ao menos teoricamente, a vida poderia originar-se. Em nossos sistemas de galáxias poderíamos então esperar mais de cem milhões de planetas, em condições de abrigar vida semelhante à da nossa Terra. Nenhum dos nossos planetas solares, com exceção da Terra, oferece condições para a evolução superior da vida. Provavelmente, em Marte existiria vida em suas formas mais primitivas e bastante especializadas; talvez ainda em determinadas regiões da atmosfera de Vénus e Júpiter. Umas vinte estrelas fixas encontram-se a uma distância de dez anos- luz do nosso sistema solar, 10.000 estrelas a uma distância de cem anos-luz e vários milhões de estrelas a uma distância de mil anos- luz. O diâmetro do nosso sistema é de 80.000 anos-luz, a distância para a galáxia mais próxima, a nebulosa espiral M31 na constelação de Andrômeda, mede uns 2,5 milhões de anos-luz. É lícito supor que, em um perímetro de até 1.000 anos-luz, se encontrem vários milhares de planetas com condições ambientais que permitam a evolução de vida superior. No entanto, a distância para o mais próximo desses planetas deveria medir cem anos-luz, no mínimo. Todavia, não se pode excluir a possibilidade da existência de condições ambientais favoráveis, inclusive em pla- netas mais próximos. Será que formas superiores de vida chegaram a evoluir em outros planetas? Ainda não o sabemos. Pelas observações feitas na Terra, sabemos que organismos vivos, enquanto podem existir, aproveitam toda e qualquer oportunidade para evoluir, adaptar-se, expandir-se e propagar-se. Quanto mais se estudar a vida na Terra, quanto mais se pesquisarem as relações e funções de sistemas vivos, tanto mais ficamos propensos a estabelecer uma regra empírica, a saber: Quando houver as condições necessárias para a origem e a evolução de organismos, estes de fato nascem e evoluem. Em sua qualidade de corpo celeste, a Terra existe há quatro ou cinco bilhões de anos. Provavelmente, há dois ou três bilhões de anos atrás começou a evolução das primeiras moléculas de albumina 'vivas'; os primeiros organismos primitivos devem ter começado a existir há um ou dois bilhões de anos atrás. Os fósseis mais antigos de algas e outras formas primitivas de vida apresentam idade de 600 a 800 milhões de anos. Os primeiros vertebrados surgiram há uns 400 milhões de anos atrás, os primeirosmamíferos, uns 150 milhões de anos. Presumivelmente, a história primitiva do homem data de alguns milhões de anos atrás. A era do Homo sapiens iniciou- se apenas há uns 50.000 anos atrás e, apenas há uns 200 anos atrás, a espécie mais nova e influente, o Homo technicus, começou a interferir decisivamente na formação do seu ambiente e de sua vida. Nos últimos 60 anos, o homem obteve acesso a todas as partes do seu planeta e, nos últimos dez anos, aprendeu a deixar a Terra e levantar vôo para o corpo celeste mais próximo. Representaria esta evolução a partir do 'caldo primitivo' até o Homo technicus, avançando espaço adentro, acontecimento único no Universo, ou será que uma evolução de grandeza similar chegou a ocorrer também em outros planetas? No caso de haver evolução de vida em outra parte do Cosmo, será que aconteceu de maneira semelhante à registrada na Terra? Existe ou existiu em outros planetas um Homo sapiens, capaz de usar ferramentas, desenvolver máquinas e, por fim, empreender vôos espaciais? Ainda não há resposta precisa para essas perguntas. Sabemos, a grosso modo, como aos poucos a vida na Terra evoluiu e se diferenciou. A teoria da descendência explica como a colaboração entre as mutações hereditárias e a seleção na luta pela subsistência provocaram a origem de novas faculdades e de novas espécies. Começamos também a compreender como o esboço da constituição de cada indivíduo ficou encerrado no ácido desoxirribonucléico (ADN) dos genes e como as diretrizes para o crescimento de tecidos e órgãos, bem como o regulamento para as funções vitais no organismo estão sendo transmitidos por moléculas portadoras de 'mensagens', que estão sendo levadas pelas moléculas gigantes ADN 'programadas' para os centros de ação e crescimento do organismo. Em vista de existir o esboço de constituição para o indivíduo, haveria um padrão análogo, abrangendo os seres vivos, em sua totalidade, que não chegaria a realizar-se no período de uma vida individual, mas, aos poucos, no decorrer de toda a história da evolução dos reinos vegetal e animal? Existiria nos genes tal esboço de constituição, em forma condensada e armazenada, como um código filogenético', em contrário ao código ontogenético, consti- tuindo um código de supermoléculas programadas, e será que tal esboço de constituição — se é que existe — vem sendo transmitido de geração em geração? Não o sabemos. No caso de haver vida em outros planetas, terá ela por base essencial a combinação entre C, H, N e O, ou seja, carbônio, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio? Representaria a radiação solar a fonte de energia primária e a oxidação de H e C a fonte de energia secundária para a manutenção da vida e o desempenho de suas funções? Constituiria a combinação entre 02 e O para C02 e a decomposição de C02 em seus elementos, a base do metabolismo, inclusive nas formas de vida extraterrestre? O papel desempenhado pela água será de igual importância lá, como aqui na Terra? Não o sabemos; todavia, pelos nossos conhecimentos da vida na Terra temos condições de avançar uma série de hipóteses a respeito das possibilidades de vida nos outros planetas. Além do vasto saber individual sobre a constituição e função de organismos vivos, as pesquisas científicas dos últimos séculos ensinaram-nos a com- preender alguns princípios fundamentais, que parecem ser ado- tados pela natureza. Esses princípios ajudam-nos a avaliar a pro- babilidade e as formas possíveis da vida extraterrena. A nossa experiência diz que a natureza está altamente empenhada em criar e manter a vida. Onde quer que exista qualquer possibilidade para a origem de novas formas vivas, tais formas penetram das zonas vizinhas e tentam sua manutenção e multiplicação. No caso de surgir perigo, organizam ações de resistência e dispositivos de proteção. Praticamente, não se pode imaginar que em qualquer ponto da nossa Terra surgisse um biótipo suscetível de vida que, no decorrer do tempo, deixasse de ser invadido por organismos vivos, provenientes da vizinhança. Esta tendência enorme dos organismos vivos de mani£estar-se, desenvolver-se, adaptar-se e expandir-se, tão logo houver as condições mínimas, levou-nos à suposição de, provavelmente, existir vida em outros planetas e chegar ela a evoluir em todo planeta, oferecendo os elementos químicos certos e faixas de temperatura adequada. Nessas condições poderão as espécies vegetais e animais chegar a evoluir como na Terra? — Provavelmente. Poderia uma dessas espécies chegar a produzir formas similares ao nosso homem terrestre? — Talvez. Será que os homens 'extraterrenos' passariam em sua evolução por uma fase técnica, semelhante à pela que nós passamos, nos últimos séculos? — Possivelmente. No caso de haver um Homo sapiens em outros planetas, decerto a sua técnica se baseia em leis fundamentais de mecânica, óptica, termodinâmica, eletricidade, física nuclear e relatividade, muito semelhantes às nossas e que, pelo que saibamos, são válidas em sua essência para todo o Universo? Empreenderiam os homens extraterrestres vôos espaciais? — Sem dúvida; tão logo sejam suficientemente avançados na evolução técnica. Poderiam outras civilizações — se é que existem — ser adiantadas à nossa por muitos, talvez milhares ou milhões de anos? — Sem dúvida. Se a fase primitiva, originária da evolução orgânica na Terra, de dois a três bilhões de anos atrás, teria reduzido o seu ritmo apenas em um por mil, estaríamos hoje na fase do pré- pitecantropo, forma muito rudimentar do homem primitivo. No caso de seu ritmo ter sido acelerado por uma mínima fração, provavelmente já estaríamos em condições de explorar os espaços interestelares. Poderiam seres de outros planetas ter visitado a nossa Terra? — Talvez. Dispomos de indícios de tais visitas? — Até esta última pergunta, o autor dos livros "Eram os Deuses Astronautas?" e "De Volta às Estrelas", Erich von Dãniken, concorda em suas perguntas e respostas com a grande maioria dos representantes modernos das ciências naturais. No entanto, com ela os caminhos se dividem. Dãniken responde com um 'sim' apaixonado. Cientistas, que em suas especialidades conseguiram acumular vastos conhecimentos e noções profundas, preferem responder: "No âmbito de minha especialidade ainda não podemos oferecer provas convincentes, que justificariam uma resposta afirmativa". * * * O autor dos dois livros supramencionados está profundamente convencido de nossa Terra ter recebido, em eras remotíssimas, a visita, ou provavelmente as visitas, de representantes de uma civi- lização extraterrena. A fim de provar sua tese, cita ele uma série de textos antigos, como o Gilgamés, a Cabala, os Vedas, a Bíblia, falando de seres sobrenaturais e seus veículos celestes, de fogo; descreve ele antigos desenhos, cartas geográficas, demarcações e pinturas rupestres, grandes bolas de pedra, ruínas de construções gigantescas e as estátuas colossais na Ilha da Páscoa. E, por fim, conclui que nem os relatos de divindades estranhas, descendo do céu em veículos de fogo, nem as demarcações enormes no solo, no Peru, nem os gigantes de pedra na Ilha da Páscoa seriam conce- bíveis sem a ação de seres inteligentes extraterrestres, que visitaram nossa Terra de tempo em tempo. São eles os responsáveis pela evolução gradativa das faculdades técnicas e até culturais do homem. Chegaram mesmo a misturar-se com os habitantes da Terra, e seus descendentes foram os pioneiros e portadores do progresso técnico e cultural neste planeta. O enorme sucesso de livraria dos dois livros atesta o grande interesse de largos círculos nas indagações sobre a origem e a evolução do homem. Indagações tão imediatas e óbvias que dis- pensam de toda formação científica quem as formular. Se um dia forem encontradas as respostas, serão compreendidas
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