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Vieram Os Deuses De Outras Estrelas Ernst Von Khuon

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VIERAM OS DEUSES DE 
OUTRAS ESTRELAS? 
ERNST VON KHUON 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste volume — indubitavelmente um dos mais interessantes livros 
de discussão de teses — tomam posição dezesseis mundialmente 
conhecidos eruditos, com relação às teorias do autor dos best-sellers 
internacionais "Eram os Deuses Astronautas" e "De Volta às 
Estrelas", Erich von Dãniken. 
O livro mostra por que milhares de pessoas — no mundo todo — 
discutem essas teses. 
Além disso, este livro representa uma contribuição complementar 
às perguntas de largo interesse atual: 
—Tiveram seres estranhos influência no desenvolvimento da huma-
nidade e no de sua inteligência? 
—E existem ainda hoje seres inteligentes em outros planetas? 
 
* * * 
 
A tese de Erich von Dãniken de que astronautas, provenientes de 
estrelas estranhas, tenham visitado a Terra em priscas eras, é 
conhecida por dois entre cada três habitantes do mundo civilizado. 
E aproximadamente cada quarta pessoa a tem por verídica. 
Não é de admirar, portanto, que os livros desse autor tenham 
causado viva ressonância nos círculos científicos. 
O mais tardar pela descida dos norte-americanos na Lua, as suas 
teses se tornaram "pensáveis". 
E surge a pergunta, comentada e discutida por todos: 
— Erich Von Dãniken, o "pesquisador por curiosidade", como ele 
próprio se apelida, foi de utilidade para os cientistas, ou os 
prejudicou? 
* * * 
Os indícios apresentados por Erich Von Dãniken são analisados e 
comentados por dezesseis cientistas, neste livro, que o publicitário 
de televisão Ernst Von Khuon organizou e editou. 
Agora o leitor tem a possibilidade de decidir quais as teses e teorias 
que ele quer aceitar como possivelmente verdadeiras. 
No final do livro, em posfácio, Erich von Dãniken tem a 
oportunidade de tomar posição quanto às contribuições 
apresentadas. 
E ninguém ficará surpreso ao verificar que, nesse assunto, os 
cientistas de modo nenhum são unânimes, e também a ninguém 
surpreenderá não recusarem, por completo e em definitivo, as teses 
de Erich von Dãniken. 
 
* * * 
 
Ernst von Khuon 
é, como repórter-chefe da Rádio Sudoeste da Alemanha, dom mais 
de duas mil e quinhentas transmissões — e sobretudo através da 
 
televisão, um dos mais conhecidos publicistas alemães de nossa 
época. 
A denominação que lhe dão, de "intérprete para história da cultura, 
ciências naturais e técnica", atinge o âmago de seu trabalho talvez 
do modo mais expressivo. 
Capa de HERBERT HORN 
Ernst von Khuon 
(Compilador) 
 
 
VIERAM OS DEUSES DE OUTRAS 
ESTRELAS? 
 
Cientistas discutem as teses de Erich von 
Dániken 
 
Nesta obra: 
Onde fui mal interpretado por meus críticos, por 
von Däniken 
 
Tradução de 
Trude von Laschan Solstein 
 
 
EDIÇÕES MELHORAMENTOS 
 
 
Índice 
Introdução Ernst von Khuon 
I Foi a Nossa Terra Visitada por Astronautas Alienígenas? 
II Inteligências em Estrelas Distantes 
III Estamos sós no Universo? 
IV Pleiteando uma Pesquisa Inconvencional do Nosso Passado 
V Deviam vir Deuses Extraterrestres para Criar o Homem? 
VI Fatos e Preconceitos conforme Sabemos, o que Sabemos — 
Dãniken no Campo da Biologia 
VII Pensamentos sobre a Possibilidade do Vôo Espacial Interestelar 
VIII Ensaios Filosóficos sobre a Relatividade do Tempo 
IX "Kyborgs" em Viagem pelo Espaço 
X O Que Diz a Medicina, Especialmente a Psicologia Médica? 
XI Argumentos para o Possível, Tirados de Fatos da Astronomia e 
de Textos Antigos 
XII Documentos Bíblicos e a Teoria Cósmica dos Astronautas 
XIII A Respeito da Demonstrabilidade da Viagem Espacial Pré-
Histórica, em Mitos e Contos de Fada 
XIV Dãniken e a Pré-História 
XV Os Antigos Egípcios e Dãniken 
XVI Comentário sobre Nazca 
Onde Fui Mal Interpretado por Meus Críticos — Erich von Dãniken 
 
 
 
Índice das ilustrações 
 
Os "canais" de Marte / Um gene individual, visto com um 
microscópio eletrônico / O editor assistindo a filmagens... em Tula, 
México / Ernst von Khuon com os cameramen da Rádio Sudoeste da 
República Federal da Alemanha / A célebre Porta do Sol de 
 
Tiahuanaco / A Porta do Sol é uma só 
pedra ........................................................ 
Ernst Stuhlinger mostrando a Ernst von Khuon modelos de foguetes 
/ Astronautas norte-americanos no módulo lunar / A lápide no 
Templo das Inscrições, em Palenque / Deus celta em Kernunnos 
O deus celta do cervo, com anel e serpente / Desenho mostrando um 
xamanotungúsio com tamborim / Lâmpadas usadas pelo homem no 
Período Glaciário / Lâmpada de 22 cm encontrada em Lascaux, 
França / Escada de 7 degraus cortados na rocha, há uns 4.500 anos / 
O "deus pássaro" dos habitantes da Ilha da Páscoa 
Antiga pintura rupestre de Hokaido, Japão / Faca egípcia de pedra 
(quarto e terceiro milênios antes de Cristo) / Sarcófago egípcio / 
Mapa astronômico ou aeroporto pré-histórico. Nazca, Peru / Macaco 
de uns 80 m de altura é um só exemplo entre muitas figuras de 
animais .................................................. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
VIERAM OS DEUSES DE OUTRAS ESTRELAS? por 
Ernst von Khuon, Baden-Baden 
 
A IDÉIA EXTRAVAGANTE DE Erich von Dãniken de que a 
evolução cultural da humanidade teria sido promovida por 
cosmonautas provenientes de outras estrelas, levou ao maior e mais 
'explosivo' sucesso de livraria desde a Segunda Grande Guerra. Os 
livros "Erinnerungen an die Zukunft" (Eram os Deuses 
 
Astronautas?) e "Zurück zu den Sternen" (De Volta às Estrelas)* 
foram best-sellers em todo o mundo e, somente nos países de língua 
germânica, estão beirando o primeiro milhão de exemplares 
vendidos. 
Muitos dos enigmas tratados por Dãniken ainda não foram 
esclarecidos. Contudo, um dos grandes atrativos da pesquisa cien-
tífica reside justamente no fato de existirem problemas a serem 
resolvidos e de surgirem novas perguntas com a solução de cada 
problema. Os pioneiros da ciência avançam no grande abismo, 
sabendo que jamais chegarão ao ponto final, pois, com cada novo 
horizonte que se abre, surgem novas perspectivas. Este co-
nhecimento torna os cientistas humildes e cautelosos e eles dizem: 
"Não sabemos dar uma resposta definitiva, talvez nunca chegará a 
ser dada". Erich von Dãniken é menos humilde e menos cauteloso e 
deve ser esta a razão pela qual seus livros encontram aceitação tão 
extraordinária do grande público leitor. Ele faz perguntas e tem 
suas respostas prontas; oferece sua 'chave' para a solução de todos 
os enigmas. 
Em janeiro de 1970, ele escreveu-me de Chur, na Suíça, onde ficou 
detido para interrogatório: "Tenho certeza absoluta de que, em eras 
remotíssimas, a nossa Terra recebeu a visita de astronautas, vindos 
de planetas distantes. Esta convicção não se baseia apenas nos 
indícios que publiquei nos meus livros, mas ainda mais nos que 
ficaram a ser publicados. Funda-se, inclusive, em ponderações 
filosóficas". Perguntei então se Dãniken considerava essas visitas 
como cientificamente comprovadas e ele respondeu: "Na época 
atual inexiste prova científica de uma visita de astronautas de 
planetas distantes a nossa Terra. Ainda estamos na fase das 
'pesquisas de base'. Provas concretas poderão ser obtidas apenas 
quando a ciência realmente começar a ocupar-se do problema". 
 
* Ambos traduzidos cm português, Edições Melhoramentos. 
 
 
Tampouco existe prova em contrário. Ninguém poderia oferecê-la. 
Como se poderia provar que, em tempos remotos, seres inteligentes 
provenientes de outros astros não aterrissaram em nosso planeta? A 
comprovação do não-acontecimento de alguma coisa apenas pode 
ser obtida em face da impossibilidade do seu acontecimento; talvez 
porque seja inconcebível, ou comprovadamente contra as leis da 
natureza. A idéia de uma visita de inteligênciasestranhas ao planeta 
Terra não é nem inconcebível nem contrária às leis básicas da 
natureza. É perfeitamente concebível que seres inteligentes de 
outros planetas fossem bem mais adiantados em relação aos 
homens da Terra e teriam chegado a ser astronautas muito antes de 
nós, tendo visitado o nosso planeta em épocas pré-históricas. 
Qualquer pessoa dotada de um pouco de fantasia pode, muito bem, 
imaginar isto, quanto mais um cientista, acho eu. Por conseguinte, a 
ciência se pronuncia de maneira cautelosa, dizendo: "É possível; não 
está fora de cogitação; não há provas (por enquanto)". E talvez ela 
até vá um pouco mais longe e diga: "É bastante improvável, 
segundo os conceitos científicos atuais". 
Outrossim, em absoluto é novo aquilo que Dãniken afirma. Teorias 
análogas já foram avançadas por repetidas vezes. A exemplo dos 
seus antecessores e contemporâneos, Dãniken serviu-se de fontes 
antigas e, ao mesmo tempo, elaborou e executou seqüências de 
idéias, ponderações, afirmações e argumentos de outros autores. É 
fato inconteste que Dãniken defende suas convicções com 
tenacidade excepcional; um dos motivos pelos quais seus livros 
mereceram a devida atenção em todo o mundo. E, aliás, nada é tão 
bem sucedido como o sucesso. Outro fato é de Dãniken servir de 
vanguardista para seus antecessores, os quais superou e agora está 
levando na esteira do seu formidável sucesso. 
Sem dúvida, Dãniken realizou algo de extraordinário. Ele soube 
estimular a fantasia do leitor, o que significa muita coisa nos tempos 
atuais, dos quais se diz que deixam margem sempre menor para a 
fantasia. E isto foi conseguido apesar dos formidáveis progressos 
 
nas ciências naturais e técnicas, ou, talvez, justamente por causa 
disto. 
A fantasia costuma ser menosprezada. Admite-se fantasia em um 
poeta, um artista, pois ele vive com e da sua fantasia; isto se 
compreende. Conforme falou Wilhelm Hauff, ele deve cozinhar 
suas obras na 'panela dourada da fantasia'. Mas, e no nosso mundo 
atual dos fatos concretos? 
O historiador Theodor Mommsen falou: "A fantasia não é somente a 
mãe da poesia, mas, igualmente da historiografia". Como? A tarefa 
da historiografia não se resume em registrar os fatos, conforme 
aconteceram? No entanto, como seria possível reconstruir o passado 
sem o auxílio da fantasia, entreligando as peças avulsas que a 
tradição nos fornece? 
Lenin, um dos personagens que mais movimentaram a História, 
definiu o papel da fantasia com as seguintes palavras: "Esta 
faculdade é de imenso valor. Está errado supor que só o poeta 
necessita dela. Isto é um preconceito tolo. A fantasia tem seu papel, 
inclusive na matemática; a descoberta do cálculo diferencial e 
integral teria sido impossível sem fantasia". De fato, até a invenção 
do zero foi uma obra-prima da 'fantasia matemática'. 
Muitas pessoas estão completamente equivocadas pensando que a 
fantasia não combina com o trabalho científico. A fantasia é a força 
motora decisiva do progresso humano. Sem a curiosidade e sem a 
fantasia o homem teria ficado em estado primitivo. Sem fantasia e 
imaginação, sem a vontade de 'ver o que está por detrás', nem 
invenções, nem descobertas teriam sido feitas. Quanta fantasia era 
precisa para a roda ser inventada! Quanta fantasia requer o conceito 
da descarga de gás de um foguete para poder funcionar, inclusive 
no vácuo, onde não há resistência e lá, melhor ainda, por não 
encontrar ponto de apoio algum? 
Será que Roger Bacon, o filósofo e físico do século XIII, poderia ter 
avançado a sua profecia sem o dom divino da fantasia: "Serão 
 
construídos navios sem remos e os maiores serão dirigidos por um 
só homem. E haverá veículos incrivelmente velozes, que não serão 
puxados por animal algum. E máquinas voadoras. E outras que, 
sem perigo algum, poderão mergulhar até o fundo dos mares e dos 
rios". Como teriam sido aceitas tais palavras pelos cientistas da 
época? 
Será que sem fantasia Johannes Kepler poderia ter encontrado suas 
leis da mecânica celeste e prenunciado a era atual dos vôos 
espaciais, em sua carta aberta a Galileu, dizendo: "Quem teria 
pensado, outrora, que as viagens nos oceanos imensos serão mais 
tranqüilas e seguras do que no estreito Mar Adriático, no Mar 
Báltico ou no Canal da Mancha? É só-providenciar as naves ou velas 
adequadas aos ares celestes e não faltarão os homens sem medo 
daquela imensidão enorme". Decerto, seus contemporâneos 
deveriam ter achado Kepler maluco, homem que não podia ser 
levado a sério. 
Antes de o Sputnik I levantar vôo, quanta fantasia era precisa para 
imaginar que uma lua técnica poderia sempre cair ao redor da 
Terra? Quanta fantasia requereu a tese de Einstein da quarta 
dimensão do tempo, para o cálculo da dilatação do tempo no 
interior de um veículo que se move quase à velocidade da luz, à 
descoberta da fórmula E = m x c2 (energia = massa por quadrado da 
velocidade da luz), da qual resultou o conhecimento de uma energia 
enorme caber dentro de um dedal de matéria. Onde quer que se 
procurar uma solução, onde quer que chegarmos a saber do 
possível, a reconhecer o provável e o compro-vável, é a fantasia a 
explorar o caminho. 
* * * 
 
Desde sempre, o homem se fascinou com a idéia de mundos 
habitados ficarem escondidos nas penumbras do Universo. Só que 
na era espacial é mais fácil imaginar a existência de tais mundos. E, 
 
naturalmente, o homem especula como poderia entrar em contacto 
com civilizações estranhas, em outros planetas. Daqui para a idéia 
de tal contacto ter acontecido em épocas remotas, há um curto 
passo, apenas. Conforme já ficou dito, Erich von Dàniken não é o 
primeiro a ocupar-se do assunto. A obra de Robert Charroux 
'Passado Fantástico' (Phantastische Vergan-genheit, Herbig Verlag) 
foi publicado antes de "Eram os Deuses Astronautas?" de Dãniken; 
e, antes de Charroux, dois outros autores, Louis Pauwels e Jacques 
Bergier publicaram "Partida para o Terceiro Milênio" (Aufbruch ins 
dritte Jahrtausend, Scherz-Verlag). Esses últimos, no entanto, 
indicaram-me como seu antecessor Kurd Lasswitz, cujo romance 
"Em Dois Planetas" data de 1897. 
Provavelmente, Dániken, Charroux, Pauwels e Bergier inspiraram-
se em "Culturas Perdidas", de Eugen Georg, publicado em 1930, 
que, por sua vez, deveria ter conhecido "Países Enigmáticos", de 
Richard Hennig, publicado em 1924. Já em 1919, nos Estados 
Unidos da América, Charles Hoy Fort transferiu seres 
extraterrestres para o nosso planeta; em 1928 saiu "Hipóteses 
Cósmicas", por Robert Nast (pseudônimo de Richard Huber), 
atualmente residente nos E.U.A., igualmente pressupondo a exis-
tência de inteligências extraterrestres, em um conceito muito mais 
amplo. Nast defende a tese de o Homo sapiens, o homem racional, 
não poder representar o ápice da hierarquia dos seres vivos. Ele 
compara os homens às células de um órgão cósmico que, por sua 
vez, pertence, junto com outros órgãos incrivelmente grandes, a um 
superser superevoluído. Com isto Nast não pensou em Deus-
Criador, na alma universal; ele 'vê' na Via-Láctea 'indivíduos 
intelectuais' que (até agora) nossas limitadas faculdades mentais são 
incapazes de compreender. Interessante é notar que o astrônomo 
inglês Fred Hoyle, pesquisador de renome, introduziu no seu 
romance "A Nuvem Negra", de 1957, um tal ser cósmico, dotado de 
percepção e vontade. Na ficção científica, nossos cientistas 
 
conseguem estabelecer contacto técnico com tal superser, fazendo-
se de intermediários entre ele e os políticos na Terra. 
Aliás, a ficção científica possui árvore genealógica de antiga e nobre 
linhagem, ostentando ancestrais ilustres. Nem Júlio Verne que, em 
1865, de fato fez voar três americanos da Flórida para a Lua, é o 
primeiro na linha. Kepler já despachou um homem para a Lua e, 
muito antes, no século II, Luciano de Samósata levou o herói de 
suas "Histórias Verdadeiras" emvi sita à Lua e a Vénus. 
Contudo, a partir de Júlio Verne, a seqüência prática e real não 
sofreu solução de continuidade até o dia de hoje: um garoto da 
Transilvânia, o jovem Hermann Oberth, devorou "Da Terra à Lua", 
por Júlio Verne; o livro de Hermann Oberth "O Foguete para os 
Espaços Planetários", publicado em 1927, foi lido pelo jovem 
Wernher von Braun. Em linha tão reta e dentro de apenas três 
gerações, o caminho pôde levar da utopia para a realidade: no Natal 
de 1968, a Apolo 8 girou em torno da 
Lua; em 20 de julho de 1969 Armstrong pisou o solo lunar. Para 
muitos esses fatos foram totalmente incompreensíveis. O que havia 
sido considerado além do possível e imaginável transformara-se em 
fato concreto de um dia para outro. E, com isto, a opinião de 
milhões de pessoas convergiu para o outro extremo: Nada mais é 
impossível. 
Patrulhas espaciais deverão atravessar o Cosmo, a 'conquista do 
espaço' começou. Será que com isto encontraremos mundos 
habitados? E se os 'outros' forem mais adiantados do que nós? Mas 
então nos teriam visitado há tempo? Para os milhões de pessoas que 
já ouviram falar na idéia extravagante de Erich von Dãniken, ela até 
parece familiar. Soa um tanto plausível — O senhor não acha? 
Cada passo para frente na pesquisa astronômica foi seguido pela 
respectiva fata-morgana de uma viagem maravilhosa no espaço 
recém-descoberto. As viagens para sóis distantes só se tornaram 
possíveis depois de Galileu ter verificado pelo telescópio que a Via-
Láctea é um 'aglomerado de inúmeras estrelas'. Até aquela época, 
 
eram válidos os conceitos medievais: além e detrás da esfera de 
vidro estende-se o reino infinito dos anjos e santos, por baixo 
abrem-se os abismos dos condenados. Quem pensaria que as luzes 
do céu estrelado poderiam ser sóis gigantes, talvez até com 
acompanhantes passíveis de expansão? 
Foi Galileu o primeiro a considerar os planetas do nosso sistema 
solar como plaquinhas, como 'corpos estelares' e a descobrir que 
luas descrevem seu percurso em torno de Júpiter. A partir de então 
era apenas um passo para a comparação com o nosso planeta Terra. 
As luzes no firmamento vieram a oferecer à nossa fantasia um 
possível destino de viagem; quem sabe, esses astros eram habitados 
como a Terra. 
Atualmente, conseguimos olhar espaço adentro em profundidade 
de dois bilhões de anos-luz. O telescópio gigante no Monte Palomar 
é uma das maravilhas dos tempos modernos. Chapas fotográficas, 
expostas horas a fio, fixam os vestígios da luz estelar; é a luz que 
chega à Terra após dois bilhões de anos. O que podemos enxergar 
pertence, portanto, a um passado inimagi-navelmente remoto. Na 
imensidão do Universo as estrelas poderiam ter-se apagado desde 
tempos imemoriais, muito antes de haver vida nesta Terra; e ainda 
poderíamos ver a sua luz. 
Talvez com o telescópio no Monte Palomar a astronomia da luz já 
alcançou seu limite máximo. Conforme sabe todo fotógrafo, não 
vale a pena continuar ampliando, e ampliando sempre mais, um 
retrato pouco nítido. A foto das estrelas não é bastante nítida, nem 
em Monte Palomar, debaixo do céu claro da Califórnia. Mesmo que, 
em termos cósmicos, seja finíssimo o invólucro de gás circundando 
a Terra, nós homens vivemos no fundo de um oceano, que não 
permite visão clara das coisas de fora. 
Todavia, o invólucro gasoso possui ainda uma segunda 'ja- 
nela' que permite a entrada das emissões de rádio de determi- 
nadas estrelas. Há duas décadas, as antenas possantes da 
radioastronomia captam um mundo de mundos, até então des- 
 
conhecido; e os radioastrônomos se referem aos anos de 60 como 
'os sessenta dourados'. Foi Fred Hoyle que pronunciou as pa- 
lavras orgulhosas: "Nenhum gênio literário poderia ter inven- 
tado uma estória que em sua centésima parte fosse tão fantástica 
como o são os fatos concretos, desvendados pela pesquisa astro- 
nômica". , 
De fato, o Cosmo do século XX se apresenta de maneira tão 
grandiosa como tremenda. Há bilhões e bilhões de sóis. O nosso Sol 
é apenas um astro de média grandeza, desenvolvendo energia 
mediana. Os 'gigantes vermelhos' desenvolvem energia cem a mil 
vezes maior. Os 'anões brancos' são, em verdade, gigantes 
medonhos; um centímetro cúbico de sua matéria pesa meia 
tonelada. O homem de nossa ínfima Terra deve sentir neste Cosmo 
uma solidão imensa, sempre mais imensa e é por isto que está à 
procura de 'irmãos no Universo'. 
Em última análise, ou melhor, em primeiro lugar, as teorias de 
Dániken voltam para a eterna pergunta: Há vida nas outras 
estrelas? Uma resposta negativa acabaria de vez com o assunto. Mas 
será que se pode dar resposta afirmativa? E de que maneira poderia 
ser comprovada? A ciência já tratou do assunto seriamente? Já foi 
feita uma tentativa concreta de, ao menos, captarmos 'mensagens' 
por sobre os abismos das distâncias de anos-luz? Sim; a tentativa foi 
feita. O início foi dado por Frank D. Drake, professor do 
Observatório de Rádio Green Bank, Virgínia Ocidental, E.U.A. Com 
humor e poesia, o professor denominou seu programa de pesquisa 
"projeto OZMA", segundo o nome da rainha do país fabuloso OZ( 
descrito em um romance de L. F. Baum. Nos anos de 1962 e 1963, 
grande variedade de estrelas 'suspeitas' foi auscultada; no entanto, 
apesar de todos os esforços despendidos, não se conseguiu captar 
sinal algum que pudesse provir de uma 'civilização técnica', exis-
tente nalgum planeta longínquo. "Deste ponto de vista, o projeto 
fracassou", observou Wolfgang Priester, professor de Ra-
 
dioastronomia em Bonn, que dispõe do maior radiotelescopio 
móvel na Terra (diâmetro da concha da antena: 100 metros). 
Decerto, havia pouca possibilidade de logo na primeira tentativa 
receber 'sinais inteligíveis'. No entanto, menos de cinco anos mais 
tarde, em julho de 1967, houve grande surpresa em Cambridge, na 
Inglaterra: uma descoberta devida ao acaso, ou antes, à 
inexperiência e ao cuidado excessivo de uma estudante. Ela estava 
encarregada de medir, com o novo campo de antena, os diâmetros 
de quasares 'no fim do mundo'. Em determinada posição do 
instrumento, a estudante experimentou 'movimentos elétricos' que, 
com um radioastrônomo experiente, teriam passado despercebidos, 
a título de interferências típicas causadas por um automóvel. No 
entanto, a estudante queria averiguar o porquê dos movimentos. 
Por diversas vezes ela verificou essa ligeira interferência e, por 
coincidência, sempre apareceu no mesmo ponto, quando o 
instrumento estava na constelação de Vulpécula (Raposinha, em 
latim), mais ou menos no meio entre as estrelas Vega e Altair. 
Talvez houvesse uma sonda espacial distante? As respectivas 
averiguações deram em nada. Uma missão secreta? Mas aí vieram 
impulsos de rádio de outras partes do céu, que se repetiram com 
precisão maquinal. Para os impulsos da constelação de Vulpécula 
foi registrada freqüência de repetição da ordem de 1,337 segundos, 
para os provenientes da área limítrofe de Hidra e Câncer a 
freqüência era de 1,274 segundos; na constelação do Leão havia dois 
transmissores, que transmitiam em intervalos de 1,188 e 0,253 
segundos, respectivamente. 
"De fato, nossos colegas de Cambridge deveriam pensar em sinais 
emitidos por seres inteligentes em planetas distantes", relatou 
Wolfgang Priester. "Inicialmente, mantiveram sua descoberta em 
segredo. Preferiam averiguar primeiro o que realmente estava 
acontecendo. Entre eles, chamaram de LGM — Little Green Men — 
"homenzinhos verdes" — ao seu estudo de sinais misteriosos." 
 
 
Sinais do primeiro pulsar, descoberto na constelaçãode Vulpécula. A distância 
entre as grades é de aproximadamente 4 segundos 
 
Por fim chegou-se a saber que se tratava de um novo e ainda 
desconhecido tipo de estrelas, que então os radioastrônomos pas 
saram a chamar de 'pulsares'. Até }agora foram encontrados 49 
pulsares. A solução do enigmasó foi possível em janeiro de 1969, 
quando um representante desse tipo de estrela foi localizado na 
chamada nebulosa do Câncer. Esta é um objeto astronômico famoso, 
pois trata-se dos resíduos de uma supernova, de uma explosão de 
estrela fixa, observada por astrônomos chineses no ano de 1054 d.C. 
Em face desses antecedentes, os radioas-trônomos modernos 
acharam a seguinte explicação: as partes internas da estrela formam 
uma constelação muito pequena e de rotação ultra-rápida, composta 
de nêutrons (os componentes sem carga do núcleo atômico). Igual a 
um farol, com cada rotação a nova estrela emite, de uma mancha 
clara em sua superfície, impulsos de rádio, bem como impulsos 
ópticos. Em todo caso, a honra da descoberta dos pulsares cabe a 
uma jovem dotada de fantasia e tenacidade, Jocelyn Bell. Por 
 
enquanto, achou-se uma explicação cientificamente plausível para 
os sinais registrados em intervalos certos; será que foi dada em 
definitivo? O modo de pensar deverá ainda ser ampliado e 
aperfeiçoado; todavia, aí, os 'homenzinhos verdes' estariam de fora. 
Em 1877, pela primeira vez eles estimularam a fantasia do homem, 
mesmo que então ainda não tivessem seu nome atual, quando o 
planeta Terra e seu vizinho de fora, Marte, tornaram a ficar bem 
pertos um do outro. Os astrônomos estavam preparados para valer-
se da situação propícia e logo mais, Asaph Hall, professor de 
Matemática no Observatório Naval em Washington, descobriu as 
duas luas de Marte, Deimos e Fobos. Aliás, como são diminutas 
(calcula-se seu diâmetro em 15 e 8 km, respectivamente), poderiam 
até tornar-se um dia metas para vôos espaciais. Em Deimos os 
astronautas quase estariam flutuando no espaço, livres das leis de 
gravidade. Ali, uma bola de futebol, bem chutada, sumiria no 
Cosmo. 
Outra grande descoberta do ano de 1877 foi feita em Milão, na Itália. 
Schiaparelli observou linhas finas em Marte, que chamou de 'canali', 
termo que foi logo e erroneamente traduzido por 'canais'. Para 
muita gente esta palavra já explicava tudo, pois um canal representa 
uma obra de técnicos; por conseguinte, o planeta Marte era habitado 
por seres inteligentes. Uma sensação sem-par! Em sua qualidade de 
cientista, Schiaparelli assumiu atitude discreta e cautelosa; no 
entanto, a interpretação dada nada tinha de impossível, a priori, e 
assim foi que inclusive ele próprio chegou a endossar o termo 
'canais'. "Não é preciso considerá-los como construções, executadas 
por seres inteligentes, não obstante apresentarem forma quase 
geométrica", explicou Schiaparelli. "Poder-se-ia admitir que se 
formaram por si sós, a exemplo dos canais da Mancha e de 
Moçambique, aqui na Terra." Logo mais, a existência de 'canais' foi 
confirmada, inclusive por outros pesquisadores. Numerosas teorias 
surgiram: valas profundas nas quais penetra a neblina vinda do 
pólo; fendas na crosta do planeta, que racha como vidro quebrado; 
 
arranhaduras causadas por meteoros. Contudo, o astrônomo norte-
americano Percival Lowell considerou a teoria dos habitantes de 
Marte absolutamente razoável e até mais razoável do que as demais. 
Ele escreveu: "Igual a Robinson Crusoe, que empalideceu à vista de 
pegadas estranhas, o pensador civilizado recua instintivamente 
diante de toda e qualquer referência a uma inteligência que não seja 
a sua; ...o homem aceita de bom grado as hipóteses mais 
extravagantes e surpreendentes, se isto lhe poupar a admissão de 
algo a relacionar-se com a sua própria espécie...". Quem falar em 
seres de Marte, não precisa necessariamente pensar em marcianos 
(homens de Marte). 
Obviamente, a idéia não podia deixar de fascinar o grande público, 
ou, aliás, todo homem que pensa. Por que deveria ser impossível? 
Não foram os grandes pensadores do passado, desde Christian 
Huyghens e Immanuel Kant, a falarem de maneira concreta e sóbria 
de 'habitantes de outros planetas'? Não foi Giordano Bruno, o 
dominicano que abandonou seu convento para anunciar em êxtase: 
"Há inúmeros Sóis e inúmeras Terras, girando todos da mesma 
forma em torno dos seus Sóis... Os mundos sem conta do Cosmo em 
nada são inferiores à nossa Terra, pois inteligência alguma poderia 
imaginar que eles, que se beneficiam da radiação fecundante de um 
Sol, conforme nós nos beneficiamos com o nosso, fossem 
desabitados e não possuíssem habitantes inteligentes ou ainda mais 
perfeitos do que a nossa Terra... Fiquem descansados, virá o tempo 
quando todos verão as coisas como eu as vejo". No ano da graça de 
1600 o herético Bruno foi queimado vivo. Aliás, ele jamais olhou por 
um telescópio, que foi descoberto apenas oito anos após sua morte 
violenta. No que se refere aos 'canais' em Marte, estão sendo 
considerados hoje em dia como 'ilusões ópticas'. Supõe-se que o 
olho reuniu detalhes de superfície para puxá-los em formações 
lineares. Em 14 de julho de 1965 a sonda espacial norte-americana 
Mariner 4 passou por Marte em uma distância de apenas 9.000 km 
(esta distância é menor do que o diâmetro da Terra). As suas 
 
radiomensagens vieram à Terra de uma distância de 220 milhões de 
quilômetros; para usar-se um slogan de propaganda: jamais uma 
imagem foi televisionada de distância tão enorme! As imagens 
transmitidas mostraram crateras anulares; Marte se assemelha mais 
à Lua do que à Terra. E nada de canais. A atmosfera de Marte é 
extraordinariamente rarefeita, compondo-se principalmente de 
nitrogênio com minúsculos traços de vapor de água. Os pólos 
brancos provavelmente não passam de geada. Será que há vida? 
Ernst Stuhlinger, professor no Marshall Space Center, lotado para o 
projeto Marte, está contando com isto: "Acreditamos que haverá 
vida; provavelmente espécies vegetais inferiores, mas por enquanto 
não podemos fazer a mínima idéia de como serão". 
Um vôo tripulado para uma visita a Marte está previsto somente 
para a década dos 80. O que encontrarão os primeiros homens a 
pisar o solo de Marte? Serão encontrados os restos de seres extintos? 
Fósseis? ou até as ruínas de culturas desaparecidas? 
Erich von Dàniken relatou sua conversa com o professor soviético 
Josef S. Shklovsky, o qual sugeriu que as duas luas de Marte fossem 
satélites artificiais. Os nossos satélites também estariam 
funcionando no espaço muito além da duração de nossa vida... No 
entanto, tenho a impressão de Dániken já não contar mais com 
Marte, faz tempo. Os seus seres inteligentes vêm de muito mais 
longe. 
Em Huntsville, Alabama, E.U.A., Ernst Stuhlinger mostrou-me o 
modelo de uma nave espacial elétrica, que — montada em uma 
órbita terrestre — realiza a viagem de ida e volta para Marte em 
uma expedição de dois anos. Os sistemas de manutenção de vida, 
funcionando agora durante dias e semanas, deveriam funcionar 
então uma centena de vezes de sua atual duração. Os custos de uma 
expedição a Marte seriam o múltiplo dos de uma alunis-sagem. A 
priori, parece mais problemática ainda a viagem para outro vizinho 
do nosso sistema solar, o planeta Vénus. Em 1962, a sonda espacial 
norte-americana Mariner 2 passou por Vénus a uma distância igual 
 
a menos de três diâmetros da Terra. Como era de se esperar, a 
'estufa Vénus' estava coberta por densas nuvens; os sensores 
infravermelhos mediram uma temperatura de superfície da ordem 
de 400 graus. Nessas condições, Vénus serviria de destino de 
viagem exclusivamente para robôs insensíveis ao calor? 
Em 18 de outubro de 1967, a Venera 4, soviética, desceu sua-
vemente, de pára-queda, na superfície de Vénus; a temperatura de 
superfície então registrada e reportada era da ordem de 270 graus. 
Isto já era um pouco melhor; todavia, o calor ainda continuava 
intenso bastante para fundir metais, como o zinco. 
O calor representa apenas um problema entre muitos. A atmosfera 
de Vénus é irrespirável. A Venera 4 averiguou que, em Vénus, o 
homem deve suportar pressão de 20 atmosferas. Sem esperança?Libby, Prêmio Nobel, não exclui a possibilidade de, apesar disto, 
existir vida em Vénus. E se os vapores de água se tivessem 
precipitado nos pólos de Vénus, que quase não recebe radiação 
solar? Aí, deveria existir entre o calor do equador e o pólo ártico 
uma estreita faixa de vida, com temperaturas moderadas, talvez 
inclusive com organismos, capazes de suportar 20 atmosferas de gás 
carbônico. 
Com Marte para o lado externo e Venus para o interno está 
circunscrito o espaço em nosso sistema solar onde, razoavelmente, 
se poderia imaginar a existência de vida. O planeta Mercúrio, mais 
perto do Sol, girando em órbita interna, é um inferno; nos planetas 
mais distantes do Sol, de Júpiter a Plutão, deveria ficar congelada 
toda vida igual à existente em nossa Terra. 
Aliás, em fins da década dos 70 haverá uma possibilidade 
extraordinária de conhecer por perto os planetas externos do nosso 
sistema solar; então, Júpiter, Saturno e Urano estarão em posição 
especialmente favorável. As forças de atração desses planetas 
deveriam proporcionar impulso adicional a uma sonda espacial, 
voando em sua passagem, que levariam em 'slalom cósmico' para 
perto de Netuno e Plutão. O vôo para Plutão que, normalmente, 
 
levaria mais de 40 anos, poderia então ser realizado em apenas nove 
anos. Dados de medição e imagens fotográficas poderão ser 
transmitidos de uma distância de 600 milhões a cinco bilhões de 
quilômetros. Já existe um projeto audacioso: nos anos de 1977 e 1979 
a NASA pretende despachar uma sonda de 550 kg, equipada com os 
instrumentos necessários, para uma 'excursão global' no espaço. 
Outros sistemas solares dentro de nossa Via-Láctea poderiam 
oferecer possibilidades de vida. Até agora, telescópio algum, 
inclusive o mais possante, conseguiu captar um planeta fora do 
nosso sistema solar; é preciso lembrar que todo planeta brilha 
apenas com a luz emprestada do seu sol. Outrossim, supõe-se terem 
sido detectados indiretamente planetas nas proximidades de 
estrelas fixas, a distância relativamente pequena, tal como a estrela 
Barnard, distante 6 anos-luz. Nos radioimpulsos do pulsar NPO 
532, as oscilações periódicas, trimestrais, somente poderiam ser 
explicadas admitindo-se interferência na rotação da estrela pelo 
campo de gravidade de um planeta. Os radioastrônomos 
calcularam um planeta de massa terrestre, girando em volta do 
pulsar em intervalos de 0,4 unidade astronômica (uma unidade 
astronômica equivale à distância entre o Sol e a Terra); ou seja, um 
planeta distante de mais de 4.000 anos-luz. 
 
* * * 
Será que pode existir vida em outros planetas; vida inteligente? O 
que se compreende por 'vida inteligente'? Fred Hoyle tentou uma 
resposta para os fãs do esporte: "Com isto não quero dizer espécies 
de musgo ou líquen, mas indivíduos capazes de integrar-se nos 
times do 'Liverpool' ou 'Arsenal' para disputar um jogo de futebol 
em Londres". 
James Jeans, outro astrônomo inglês de renome, considera a vida 
"um acontecimento raro"; por conseguinte, a vida inteligente seria 
"acontecimento muito mais raro ainda". 
 
Recentemente, o astrônomo norte-americano David Buhl explicou a 
existência de 'germes de vida' no Cosmo: no espaço inte-restelar 
foram encontradas nuvens de aldeído fórmico, bem como água, 
metano e amoníaco. Portanto, um 'sopro de vida'. Onde poderia ter 
ocorrido a precipitação? 
A física Dra. Irene Saenger-Bredt considera como "a menos provável 
de todas" a hipótese de nossa Terra ocupar "posição 
extraordinariamente privilegiada" no Cosmo. Ela argumenta o 
seguinte: partindo da soma total dos corpos celestes, foram rea-
lizados os mais diversos cálculos de probabilidade que deram 
"algarismos surpreendentes", oscilando entre 18.000 e um bilhão de 
corpos celestes em condições semelhantes às da Terra; e esses 
corpos celestes existiriam somente no âmbito de nossa Via-Láctea. 
Todavia, esses algarismos são pouco expressivos, pois apenas em 
considerar-se a imensa vastidão do espaço é que se pode chegar a 
formar um conceito correto. O Dr. Winfried Petri, da Faculdade de 
História das Ciências Naturais, em Munique, menciona um 
relatório, resumindo os resultados de uma conferência científica 
sobre "Civilizações Extraterrestres", realizada em Biurakan, 
República Soviética da Armênia. Os cientistas russos são de pare cer 
que seria possível encontrar uma civilização em cada 200 a 300 
anos-luz. Cientistas ocidentais são mais otimistas a respeito, pois 
cogitam de 30 a 50 anos-luz. 
A probabilidade estatística, muito convincente para o matemático, 
não constitui prova em si. Suponhamos que o nosso vizinho mais 
próximo, a Alfa do Centauro, possuísse planetas semelhantes à 
Terra. A Alfa do Centauro está 4,3 anos-luz distante de nós. Um 
ano-luz — palavra fácil de ser pronunciada, mas que representa 
uma distância inimaginável. Em termos de quilômetros representa, 
aproximadamente, o algarismo 9 seguido de doze zeros. Vamos 
fazer a prova: são 365 dias do ano X 24 horas (o dia e a noite) X 60 
minutos X 60 segundos X 300.000 quilômetros por segundo (que é a 
velocidade da luz). Assim temos, para 1 ano-luz, em números 
 
redondos, 9.500.000.000.000 de quilômetros. Vamos comparar a 
velocidade da luz com a velocidade das atuais naves espaciais: 
satélites artificiais giram em órbita terrestre com velocidade de 8 
km/seg; para um foguete lunar vencer a esfera de gravidade da 
Terra, devia fazer, no mínimo, 11,2 km/seg. Um foguete ao sair do 
nosso sistema solar e vencer a atração do Sol, devia fazer 17 km/seg. 
Tal nave espacial gastaria 76.000 anos, só para a viagem de ida; 
pensando-se inclusive na volta, decorreria um prazo durante o qual 
5.000 gerações humanas teriam passado pela Terra. É esta a 
realidade das distâncias em anos-luz. 
Por este motivo, Pascual Jordan considera "o nosso sistema solar 
como maior campo de ação das viagens cósmicas para, no mínimo, 
os próximos séculos, se não milênios. O que vier depois está além 
de nossa previsão". Logicamente, a nossa fantasia não pode ser 
encarcerada nos limites daquilo que hoje é possível. Quem sabe, em 
1.000 ou 3.000 anos, ou talvez antes, a técnica disporá de meios 
jamais sonhados? E será que uma civilização vizinha não poderia 
ter chegado a essa fase muito antes de nós? Seria impossível vencer 
a barreira da luz? No laboratório já se conseguiu a produção de 
raios de massa com tais velocidades; poderão essas experiências de 
laboratório ser aplicadas na prática, no 'impulso por raios' do 
futuro? O Professor Eugen Sãnger(f) sugeriu a 'engrenagem motriz 
por fótons', capaz de somar a menor pressão da luz. Em contrário ao 
que admitem outros autores, Sànger acreditava que "não era 
intenção da natureza confinar-nos para sempre em nosso pequeno 
cantinho no Cosmo". 
O fato de que, com velocidades aproximadas às da luz, a vida no 
interior de uma nave espacial decorreria em ritmo mais lento do 
que aqui na Terra, representa conseqüência surpreendente das leis 
da mecânica relativista de Einstein. 'Viagens para a Terra 
Maravilhosa de Einstein' foi a manchete dada por um jornalista a 
uma reportagem, tentando transmitir esses pensamentos 
 
incrivelmente audaciosos ao público leitor. E os processos bioló-
gicos, seriam manipuláveis? 
O cálculo para uma nave espacial viajando com velocidade quase a 
da luz, parte do 'vácuo'. Acontece, porém, que o Cosmo não é um 
vácuo. Conforme falou Julián Huxley, o biólogo e filósofo inglês, ele 
"está repleto de partículas e raios, unidos em uma gigantesca e 
caótica dança de jaz/". 
Qual seria a energia necessária com velocidade acelerada? Werner 
Braunbek, professor de Física Teórica da Universidade de 
Tübingen, fez o respectivo cálculo: a fim de acelerar uma nave 
espacial para atingir um quinto da velocidade-luz é preciso dotá-la 
de uma carga equivalente a 25 milhões de vezes a força necessária 
ao arranque daórbita terrestre, o que seriam então 25 milhões de 
vezes a potência do Saturno V. Uma velocidade de 'apenas' 1.000 
km/seg (é preciso lembrar: a velocidade da luz é de 300.000 km/seg) 
requereria energia 10.000 vezes maior da necessária para vencer a 
atração da Terra. E, apesar disto, uma viagem de ida e volta à Alfa 
do Centauro levaria 3.000 anos. 
Em resumo: a ciência admite a predisposição essencial para a idéia 
de Erich von Dãniken, dizendo: sim, é altamente provável a 
existência de vida superior em outras estrelas; no entanto, é 
extraordinariamente pequena a chance de seres inteligentes se 
encontrarem sobre o tempo e o espaço no 'mesmo segundo cós-
mico'. É mínima a chance de estabelecer contacto pelo rádio. A 
chance de um encontro pessoal é altamente improvável. Assim 
sendo, pode acontecer que a Terra ficará só — apesar da possível 
existência de muitos mundos habitados nas imensidades do Cosmo. 
Bem poderá ser que os habitantes da Terra jamais chegarão a ter 
certeza da existência ou não de 'irmãos' no Cosmo. Isto faria com 
que os homens terrestres, apesar das saudades de estrelas 
desconhecidas, viessem a considerar o seu planeta como algo de 
singular, como uma preciosidade sem par. 
 
Foi na década dos 50, quando os discos voadores eram assunto 
preferido de publicidade e monopolizaram o interesse do grande 
público. Todavia, jamais tal onda publicitária soube captar a opinião 
pública por muito tempo; mais cedo ou mais tarde um assunto 
desses decai de moda e surge outro. Este nem precisa ser novo, 
basta que pareça novo; pode até ser coisa do passado, sob novo 
aspecto; se o for, tanto melhor, pois então é mais rapidamente 
aceito. 
Na idéia extravagante de Erich von Dãniken, voltaram os discos 
voadores. As visitas de seres inteligentes extraterrestres, muito 
superiores a nós, não precisam, necessariamente, acontecer no 
espaço de nossa vida; podem muito bem ter acontecido 'ontem', 
'ontem, mil anos atrás', ou 'anteontem, 10.000 anos atrás'. Por que 
será que não voltaram? é a pergunta formulada hoje por muitos 
daqueles que então se entusiasmaram com a novidade. E os que não 
abandonaram a idéia dos discos voadores lhes respondem: Mas sim, 
eles voltaram. Só que se tentou ridicularizar as coisas e torná-las 
inverossímeis. 
Será que jamais especialistas autônomos examinaram o assunto? Há 
o chamado relatório Condon, publicado em janeiro de 1969, em 
forma de livro de bolso pela 'Bantam', com 989 páginas e posto à 
venda por US$1.95, intitulado "Scientific Study of Unidentified 
Flying Objects" (Estudo Cientifico de Objetos Voadores Não 
Identificados), editado por Daniel S. Gillmor. Trata-se de um 
trabalho realizado por 37 cientistas sob a orientação do Professor E. 
U. Condon, da Universidade de Colorado, controlado e aprovado 
por dez pesquisadores da Academia Nacional de Ciências. A 
publicação inclui ilustrações de nada menos de 94 OVNIs. É o 
seguinte o respectivo parecer de Harry O. Ruppe, professor de 
Técnica de Vôos Espaciais na Escola Politécnica de Munique e 
colaborador de muitos anos de Wernher von Braun: "Apesar de 
toda sua sobriedade, há trechos neste livro que se lêem como um 
romance policial de 'suspense'. O leitor bem pode fazer idéia de 
 
como a ciência concreta avança no terreno do desconhecido"! Foram 
examinados 45.000 comunicados da aparição de discos voadores, 
referentes a 15.000 casos; as ocorrências a serem esclarecidas eram 
da ordem de zero a 2,5% do total. 
Todo mundo conhece a problemática de relatos por testemunhas 
oculares. Três observadores podem relatar, de boa fé, um só 
acidente de trânsito de três maneiras diferentes. Todavia, 2% de 
45.000 avisos representam quase 1.000 depoimentos inapro-
veitáveis para a ciência. Isto dá o que pensar; não dá? 
Em resumo, Harry O. Ruppe diz: "Não sobrou um só fenômeno 
OVNI que comprovasse a visita de inteligências extraterrestres na 
Terra". Todavia, ele admite que "nunca tais provas negativas podem 
ser totalmente convincentes. A quem agradar, pode perfeitamente 
recusar as explicações racionais e preferir especulações místicas. Por 
outro lado, bastaria como prova positiva uma só peça, digamos de 
uma nave caída, que não pudesse ser confeccionada pela técnica 
terrestre; no entanto, inexiste tal peça em nosso planeta". Ruppe 
considera encerrado "com este relatório um capítulo fascinante em 
muitos dos seus aspectos (o estudo dos OVNIs ao longo de 21 anos) 
pelo menos até surgirem fatores novos, aptos a ressuscitar o 
problema". 
Naturalmente, o relatório Condón em nada contribuiu para 
'converter' os adeptos fiéis da teoria dos OVNIs; eles consideram os 
casos não esclarecidos como 'admissões', resumindo-se o argumento 
geral em 'não queriam deixar transparecer coisa alguma'. O 
relatório Condón foi precedido por pesquisas da Força Aérea dos 
E.U.A., no curso das quais foram estudados uns 10.000 avisos de 
OVNIs; conforme aconteceu no caso do relatório Condón, 98% das 
ocorrências foram explicados como sendo: novos tipos de avião, 
balões meteorológicos, pássaros, aeróstatos, satélites, meteoritos, 
formações de nuvens, reflexos de luzes (sóis secundários, holofotes, 
faróis); revelaram-se inclusive como 'brincadeiras bem boladas de 
 
gente que gosta de travessuras e publicidade', nas palavras de 
Wernher von Braun. Contudo, todas as tentativas de entrar em 
contacto com um 'homem de outro planeta' eram inúteis; não se 
encontrou evidência alguma, em parte alguma. 
"Antes de cogitarmos dos homenzinhos verdes para acharmos a 
solução do enigma, seria preferível considerarmos também os 2% 
restantes como fenômenos naturais." (Wernher von Braun.) 
"Convém dedicar-se atenção maior ao fenômeno misterioso do raio 
em forma de bola. Procurei Karl Berger, professor na Escola 
Politécnica Nacional de Zurique, que visitei no Posto de Medição de 
Raios, no Monte San Salvatore, em Lugano, Suíça, para perguntar a 
respeito do fenômeno dos raios em forma de bola. O professor, uma 
capacidade de renome mundial, mostrou-se bastante céptico, 
dizendo que, até agora, não se conseguiu prova alguma da 
existência do raio em forma de bola." 
Decerto, é inadmissível considerar como alucinações ou histeria ' 
coletiva relatórios concordantes sobre Objetos Voadores Não 
Identificados. Os depoimentos objetivos de capitães de vôo dão o 
que pensar. Também Harry O. Ruppe não admite que todos os 
depoimentos de testemunhas oculares sejam considerados como 
'alucinações'. Contudo, lembram os aparecimentos de anjos, ocor-
ridos na Idade Média. "É a mística de nossa época que vem a 
realizar-se nesses fenômenos técnicos." Em seu livro "Das kosmi-
sche Abenteuer" (A Aventura Cósmica), Edmund Verhülsdonk fala 
dos discos voadores como "do lado avesso da profundidade 
psicológica da idéia dos vôos espaciais"; e na revista astronômica 
"Sterne und Weltraum" (Estrelas e Cosmo) são qualificados de 'saga 
moderna'. 
Em 1958, o célebre psicólogo suíço Carl Gustav Jung escreveu um 
livro sobre os OVNIs: "Ein Moderner Mythos. Von Dingen, die am 
Himmel gesehen werden" (Um mito moderno. De coisas que se 
vêem no céu). Ele as explica como visão coletiva, ou rumor 
visionário e procura esclarecer seu sentido simbólico. Segundo esse 
 
autor, os OVNIs são os sinais de uma situação mundial altamente 
perigosa, índices do fim do mundo que se aproxima. E continuando, 
C. G. Jung escreve que "estou preocupado com a sorte daqueles que, 
despreparados, serão surpreendidos pelos acontecimentos e, sem a 
mínima noção das coisas, serão entregues à sua inconcebibilidade". 
Essas palavras de sentido oculto foram interpretadas de diversas 
maneiras. 
O fato é que muitos adeptos da idéia dos OVNIs sentem-se 
comprometidos com determinados pensamentos de salvação, com 
uma espécie de comunidade religiosa. Pouco se importam com 
argumentos de ordem científica; para eles trata-se de uma questãode fé. Evidentemente, os seres em outras estrelas nasceram do medo 
e da esperança. Já no romance de Kurd Lasswitz "Auf zwei 
Planeten" (Em dois Planetas), publicado em 1897, os sábios habi-
tantes de Marte indicam o caminho para a liberdade e a paz. Na 
mesma época (1898) H. G. Wells publicou seu "Guerra dos Mun-
dos": uma invasão de monstros marcianos que, enfim, são vitimados 
pelas bactérias terrestres. Quarenta anos mais tarde, em 30 de 
outubro de 1938, a CBS de Nova York transmitiu a "Guerra dos 
Mundos" em espetáculo radiofônico, dirigido por Orson Welles, 
com efeitos sonoros que provocaram pânico geral, apesar dos 
repetidos avisos aos ouvintes de a invasão dos marcianos ser apenas 
fictícia. Podia ser; mas aqueles avisos também poderiam servir 
apenas para acalmar a população. Em quem acreditar? 
Aliás, foi muito antes que se "inventaram" os primeiros discos 
voadores; há a descrição de uma ilha de forma circular, com 7 km 
de diâmetro e de nome Laputa, suspensa sobre o Oceano Pacífico e 
guiada por um ímã. Assim se lê em "As Viagens de Gulliver", 
publicadas em 1726 por Jonathan Swift. Os astrônomos de Laputa 
possuíam conhecimentos muito adiantados à sua época; 150 anos 
antes de sua descoberta, já conheciam duas pequenas luas de Marte. 
Swift adivinhou de maneira surpreendente suas trajetórias e o 
tempo necessário para percorrê-las. Ele era autor muito versado em 
 
Marcianos, Ilustração para “Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells 
 
ciências naturais. As luas que descreveu deveriam ficar fora do 
alcance dos telescópios da época; conforme as 
exigências da estória e, partindo desta premissa, Swift baseou seus 
respectivos cálculos nos de Kepler e Newton. 
 
* * * 
Qual o pensamento de Erich von Daniken a respeito dos OVNIs da 
atualidade? Obviamente, ele não lhes atribui grande importância, 
pois em sua carta já mencionada escreveu: "Até agora, a visita a 
 
nossa Terra de astronautas provenientes de planetas distantes 
carece de toda prova científica". Isto é exatamente o que afirma 
também o relatório Condon. Dãniken diz: "Isto é impossível; mas 
isto não pode ser comprovado (até agora)". Por esta razão, Däniken 
coloca os discos voadores na era da pré-história e, desta maneira, 
fica disponível um lapso de tempo infinitamente mais amplo, ou 
seja, de milhares de anos, em comparação com o breve quarto de 
século, decorrido desde o fim da última Grande Guerra. Com isto 
ficou multiplicada a chance de um 'encontro'. De outro lado, os 
acontecimentos a serem provados ficam perdidos na alvorada dos 
primordios primitivos. Simultaneamente, o campo abrangido pela 
idéia de Däniken inclui uma esfera de interesse passional do grande 
público leitor, desde a publicação de "Götter, Gräber und Gelehrte" 
(Deuses, Túmulos e Sábios)*, por Ceram (Kurt W. Marek), ou seja, a 
arqueologia, o jogo de adivinhar apresentado pelos enigmas das 
civilizações perdidas. Ainda que o livro de Ceram tenha ficado sem 
igual, as obras "Die Bibel hat doch recht" (E a Bíblia tinha razão...)**, 
de Werner Keller, e "Com o Elevador na Época Romana" (Mit dem 
Fahrstuhl in die Römerzeit), de Rudolf Pörtner, também se tor-
naram 'best-sellers' arqueológicos. Além dessa esfera e avançando 
até a pré-história, Däniken atinge o terreno fascinante das últimas 
especulações sobre a origem do homem. Ali, Herbert Wendt 
conseguiu um 'best-seller' com sua obra "Ich suchte Adam" (À 
Procura de Adão)***. Contudo, todos esses autores, de Ceram a 
Wendt, escreveram livros técnicos, nada de ficção científica, nada 
que ficasse a meio caminho, mas sim, 'ciência, apresentada da 
maneira mais interessante possível'. 
É perfeitamente imaginável que uma 'evolução paralela à história 
da humanidade' em outro planeta poderia ser mais adiantada, por 
 
* Tradução cm português, Edições Melhoramentos. 
* * Idem. 
* * * Idem. 
 
 tantas e tantas vezes. Todavia, para as duas evoluções se 
'encontrarem', seria preciso um acaso extraordinariamente feliz, 
quase improvável, que viesse a 'sincronizar' a nossa evolução com a 
dos nossos irmãos extraterrestres. 
O já falecido astrofísico Heinrich Siedentopf condensou em padrão 
filosófico a história do Cosmo, estimada em cinco bilhões de anos, 
reduzindo para um ano só o tempo no qual tudo teria acontecido. 
Conforme este padrão, nosso sistema solar teria ficado acabado no 
mês de janeiro; em inícios de março teriam sido criados os 
continentes e os mares da nossa Terra. Em meados do ano, ter-se-
iam originado as formas primitivas de vida, e em novembro, os 
primeiros seres vivos, comprováveis em camadas geológicas. Pela 
época do Natal, os saurios ficariam extintos. O homem teria 
aparecido apenas em 31 de dezembro, uma hora antes do começo 
do ano novo; o homem de Neandertal teria vivido dez minutos 
antes das 24 horas. O espaço de tempo que costumamos considerar 
'história' colocar-se-ia na segunda metade do último minuto e a 
nossa era técnica, no último segundo de nosso ano-modelo. Por que 
seres inteligentes extraterrestres não deveriam ter amadurecido 
para o vôo espacial quase ao mesmo tempo? Para alcançar a Terra 
na época de nossa vida, um OVNI deveria atravessar os abismos 
das distâncias em anos-luz- e aparecer aqui em determinado décimo 
de segundo. Aterrissagens ocorridas nas eras primitivas e pré-
históricas, conforme Erich von Dániken pretende provar, deveriam 
ter acontecido em 31 de dezembro, entre 23 h e 58 min e o último 
instante antes de o relógio marcar o fim do ano. Se é que as 
engrenagens deveriam engatar com tamanha precisão, o 
'mecanismo da vida' deveria ser 'sincronizado' de maneira quase 
inimaginável. 
"Uma nave espacial apta a vencer distâncias interestelares deve ser 
dotada de dimensões e mecanismos com os quais, até agora, o 
homem ainda não se atreveu a sonhar. Uma nave espacial dessa 
 
ordem ou teria descido na Lua morta ou entrado em órbita terrestre, 
para então despachar naves menores, aptas a aterrissar. Essas naves 
menores, uma espécie de táxis do espaço, poderiam ter descido em 
diversos lugares; teoricamente, poder-se-ia cogitar de qualquer 
ponto na Terra... Suponho que houve várias aterrissagens, a última 
cerca de 3.500 anos a.C", escreveu-me Erich von Dàniken. Isto teria 
acontecido 800 anos antes de ter sido construída a pirâmide de 
Quéops. 
Na redação da revista "Planète", em Paris, nos Campos Elisios, 
Louis Pauwels me falou de maneira menos precisa: "Acreditamos 
que houve alguma coisa antes da época dos sumérios, 10.000 a 
20.000 anos atrás". No que se refere à questão dos 'indícios', Pauwels 
mostrou-se mais céptico do que Dãniken: "Acho pouco provável a 
obtenção de provas concretas mediante a procura de restos 
arqueológicos; aí seria preferível aplicar a análise sistemática de 
mitos e lendas dos povos primitivos". 
 
* * * 
Será que o Gênese forneceria alguns indícios? Nos textos antigos 
não existem passagens que lembram depoimentos de testemunhas 
oculares de uma era técnica? Todavia, poderiam ser interpretadas 
ao pé da letra? A fantasia humana é inesgotável, mormente quando 
tenta interpretar o céu estrelado como domicílio dos deuses. Os 
poetas da Antiguidade costumavam considerar a Via-Láctea como a 
estrada de honra, onde moram os imortais. Uma lenda grega diz 
que a Via-Láctea surgiu quando Zeus colocou nos seios de sua 
esposa Hera, então dormindo, Héracles, filho de Zeus e Alquemene; 
o menino sorveu o leite divino com tamanha força que este se 
espalhou por todo o firmamento. Conforme se vê, a fantasia do 
homem cria imagens grandiosas; ela não está condicionada pela 
realidade. 
 
Pela' força dialética dos profetas bíblicos, a autoridade divina 
comandava o raio e o trovão. Em seus relatos poderíamos 'reco-
nhecer' os rios de fogo e o 'trovejar' de um foguete Saturno. Toda-
via, a fantasia nem precisava inspirar-se com os progressos de uma 
técnicaantiga; o mais provável é que a técnica teria alcançado a 
fantasia dos profetas. 
Contudo, Dániken não considera mitos e lendas como única fonte 
de referência. É certo que cita passagens do Gênese e dos mitos; no 
entanto, ele bem sabe que toda prova tirada dali estaria totalmente 
em mãos dos cientistas especializados e que não poderia captar a 
atenção do seu público leitor com a mera interpretação de textos 
antigos, mas sim, que deve apresentar material mais convincente. 
A imagem é mais antiga do que a escritura. Não foi Henri Lhote, 
colaborador do Musée de l'Homme, em Paris, quem encontrou 
pinturas rupestres bastante esquisitas nos montes do Tassili? Datam 
da época em que o deserto do Saara ainda era fértil, uns 8.000 anos 
atrás. Homenzinhos dançam em volta de gigantes com cabeça 
redonda, o maior dos quais possui ainda um dedão adicional. O 
próprio Lhote chamou um desses gigantes de 'grande deus 
marciano'; ele parece usar um capacete de astronauta. Como é 
surpreendente a semelhança de tais imagens pré-históricas com a 
técnica atual ! 
De fato, essas imagens são surpreendentes, no entanto, em sentido 
inverso. Acho eu que seria a coisa menos provável neste mundo que 
esses 'astronautas', que em eras primitivas venceram distâncias de 
anos-luz, se parecessem com os tripulantes dos vôos espaciais da 
atualidade. O deus dos índios maias, no Templo das Inscrições, em 
Palenque, bem podia ser visto como astronauta de nossos dias, mas, 
melhor ainda, como piloto de provas em uma motocicleta, com o pé 
no pedal e os instrumentos de controle em sua frente. É pouco 
provável que o astronauta de uma civilização bem mais adiantada 
do que a nossa usasse equipamento parecido com o usado por Neil 
 
Armstrong; a sua aparência deveria ter sido bastante diferente. 
Outrossim, a explicação dos arqueólogos de que o deus maia estaria 
realizando um culto continua igualmente crível, mesmo nessa 
formulação bastante vaga. 
Por fim, o assunto dos seres inteligentes de outros planetas levanta 
a indagação sobre a origem do homem, ponto central em nosso 
autoconceito; para o crente comum constitui o ápice do Gênese, 
para a ciência, desde Darwin, o passo final da evolução. "O conceito 
de que muitos dos seres vivos que hoje habitam o nosso planeta não 
foram criados, em sua forma atual, em um só ato de criação, mas 
representam o resultado de uma evolução histórica, em nada deve 
ferir o orgulho humano, pois de maneira alguma toca na posição 
privilegiada ocupada pelo homem; pelo contrário, lhe garante 
explicitamente sua condição de ponto culminante da chamada 
pirâmide da vida", é o que diz Konrad Lorenz, pesquisador de 
comportamento. 
O livro de Darwin "A Origem das Espécies" (publicado em 
novembro de 1859) teve o efeito de um choque nos homens da 
época, comparável ao produzido pelos conceitos introduzidos por 
Copérnico. Uma frase cautelosa de Darwin a respeito da origem do 
homem logo mais foi interpretada como 'afirmação descarada de 
que o homem descende do macaco'. Ernst Haeckel, o primeiro na 
Alemanha a defender a teoria da evolução, deu as seguintes 
explicações, em 1863: "Por tudo que sabemos dos tempos mais 
primitivos da existência do homem na Terra, assiste-nos o direito de 
supor que o homem não brotou da cabeça de Júpiter como uma 
Minerva armada, nem saiu da mão do Criador como Adão, livre de 
pecados, mas que evoluiu em ritmo muito lento e sucessivo, 
passando de um estado de brutalidade animalesca para os 
primeiros inícios de cultura". 
Hoje em dia, achamos até engraçada a revolta dos nossos tetravôs e 
não consideramos mais como ofensa à nossa honra a hipótese de o 
homem ter antepassados parecidos com macacos. Deixa mos que o 
 
 
Em cima: os "canais" de Marte, conforme observados por seu "descobridor" 
Schiaparelli, em 4 de junho de 1888. Embaixo: um bloco estrutural do portador dos 
dados genéticos (traços hereditários), um gene individual, visto com um 
microscópio eletrônico, capaz de ampliá-lo 79.300 vezes. Cientistas da 
rnivcrsidade de Harvard lograram a produção sintética do gene. 
 
À esquerda: O editor assistindoa 
filmagens na plataforma do 
templo da Estrela d’Alva em 
Tula, no México. Supõe-se que 
os “atlantes” 
superdimensionais fossem 
imagens de “Deus Branco”, 
Quatzalcoatl. 
Embaixo: Ernest Von Khuon 
com os cameramen do 
Sudwestfunk” (Rádio Sudoeste 
da Repúblicva Federal da 
Alemanha) em Stonehenge ( 
Inglaterra). O santuário, de 
quase 4.000 anos, serviu de 
observatório na Idade da 
Pedra; segundo resultados das 
pesquisas obtidos por G. S. 
Hawkins, era um centro de 
cálculos astronômicos para a 
previsão de eclipses do Sol e da Lua. 
 
 
 
A célebre Porta do Sol de Tiahuanaco, em desenhos feitos em 1920 pelo arquiteto 
alemão Martin Spring. Tiahuanaco situa-sena proximidade do Lago Titicaca, em 
território boliviano 
 
 
A Porta do Sol é de uma só pedra: continua enigmático o significado das figuras 
no relevo. 
 
macaco continue como nosso 'primo retardado'. O título de um livro 
"The Naked Ape" (O Macaco Nu) (refere-se ao homem) não 
constitui mais provocação alguma, mas antes é considerado como 
piada. É muito mais difícil compreender que toda vida provém, em 
última análise, de uma 'bolinha' de gelatina (de fato, consiste nas 
matérias-primas chamadas metano, amoníaco e água, 
representando a albumina uma mistura de aminoácidos); e que os 
seres vivos, inclusive o homem, evoluíram de organismos 
unicelulares, como a ameba, do que admitir o nosso 'parentesco com 
os macacos'. A descendência da ameba só seria imaginável se, ao 
 
mesmo tempo, fosse possível imaginar os enormes espaços de 
tempo durante os quais a natureza teria completado sua obra. 
Os primeiros passos da matéria primitiva para os aminoácidos 
foram retraçados por Stanley Miller, em sua aparelhagem de vidro, 
que conseguiu também a combinação dos aminoácidos para 
moléculas maiores, parecidas com albumina. No entanto, mesmo 
assim estamos longe de produzir uma célula, e mais longe ainda de 
criar na retorta um ser vivo ou até um homúnculo. 
Todavia, não importa quão longo for o caminho, os bioquímicos 
avançam passo a passo. Em 1953, o americano James D. Watson e o 
inglês Francis H. O. Crick, ambos Prêmio Nobel de 1962, decifraram 
em Cambridge um dos maiores enigmas da vida: a composição da 
substância portadora de todos os fatores hereditários e responsável 
pela evolução das células: a espiral dupla do ADN (ácido 
desoxirribonucléico). Esta obra-prima de detetive foi descrita de 
maneira temperamental e com fino humor por Watson, em "The 
Double Helix" (A Hélice Dupla), que merecidamente se tornou um 
best-seller. 
Em 1970, o cientista hindu H. Gobind Khorana (Prêmio Nobel de 
1968), no laboratório da Universidade de Wisconsin, conseguiu a 
produção de um gene, partícula material do cromossomo que 
encerra os caracteres hereditários. Parece uma manipulação 
fantástica, considerando o tamanho minúsculo desta criação: os 
fatores genéticos de toda uma humanidade caberiam dentro de uma 
bolinha, pouco maior que uma cabeça de alfinete. No mesmo ano de 
1970, Gerald Weissmann e Grazia Sessa produziram em Nova York 
componentes básicos para a construção celular, os chamados 
lisossomos, executando funções de metabolismo. 
 
* * * 
Quanto tempo decorrerá ainda até que formações celulares com-
pletas, tais como glóbulos vermelhos, saiam do laboratório? Já não 
 
se pode prever a época em que o código genético poderá ser 
manipulado? 
Faz tempo que o homem auto-afirmado do século XX deixou de 
acreditar na poesia dos Seis Dias da Criação. Os conceitos e 
perspectivas da teoria da origem do gênero humano são aceitos, 
quando o são, de coração hesitante e com reservas. A especulação 
atual, sobre a idéia de seres inteligentes e superiores terem vindo do 
Cosmo para elevar o homem a umafase decisiva, poderia parecer 
como se oferecesse a solução do grande enigma de nossa origem. 
Todavia, não seria uma solução definitiva. A pergunta sobre como a 
natureza gerou o homem, que se considera coroa da criação, ficaria 
assim apenas transferida da Terra para outro planeta distante. 
Mesmo que lá houvesse, em relação a nós, um adiantamento 
evolutivo de alguns milhões de anos, isto em nada tornaria mais 
plausível a pergunta eterna. 
Herbert Kuehn, professor emérito de Arqueologia Pré-Histó-rica na 
Universidade de Mainz, salienta o fato de até agora não ter 
encontrado indício algum da interferência de seres inteligentes 
extraterrestres: "Dispomos de todos os detalhes das épocas de tran-
sição, que levaram do uso das ferramentas na era do gelo para as 
cerâmicas na era da pedra, para os implementos de bronze, para 
formas sempre mais evoluídas. Em parte alguma notamos solução 
de continuidade". A respeito dos livros de Dániken, Herbert Kuehn 
escreveu: "Como neste século os progressos científicos têm sido tão 
grandes, para muitas pessoas a ciência tomou o lugar da religião. 
Quando, então, aparece alguém que, dentro da ciência, ou sob seu 
manto, diz: 'Posso explicar por que e como o homem veio de outras 
estrelas', é bem compreensível que sua palavra seja aceita". 
 
* * * 
É justamente isso o que Dániken reclama apaixonadamente em seus 
livros: que a ciência se ocupe de suas hipóteses. Eis o seu desafio aos 
cientistas especializados. Durante bom tempo, os especialistas não 
 
pareciam tomar conhecimento delas. De fato, não era tão fácil fazer 
com que os homens da ciência tomassem conhecimento do desafio 
de Dániken e concordassem em colaborar neste livro, cujo fim 
exclusivo é debater suas teses audaciosas. Está sendo publicado pela 
mesma editora, a Econ, que lançou os best-sellers de Dãniken, visto 
sentir-se ela na obrigação de continuar no debate global dos 
cientistas. Neste livro estão reunidos os pareceres e opiniões de 
dezesseis cientistas, apresentados de maneira ponderada, 
temperamental, sóbria, belicosa, conforme a índole e vocação de 
cada autor. Para alguns, as idéias de Dãniken são admissíveis, para 
outros não; todavia, a sua causa não está mais sendo silenciada. 
Quem entre seus adeptos contou com um "não" simples e puro, 
deverá corrigir seu pensamento. Em muitos casos, as respostas 
saíram diferentes daquilo que se esperava. Tais surpresas consti-
tuem as passagens mais interessantes deste livro. Dãniken até 
encontrou entre os cientistas quem lhe desse apoio e quebrasse uma 
lança por ele, apesar, ou por causa, dos colegas que deverão 
levantar as sobrancelhas ao ler-nos. 
O fato de as idéias de Dãniken serem criticadas não deverá 
constituir surpresa para ninguém. No trabalho científico é de praxe 
por em dúvida quaisquer resultados obtidos. O cientista está 
acostumado a debates, enfrentando argumentos em contrário. 
Quem entre os adeptos de Dãniken não admitir crítica do autor, tão 
veementemente contestado, quem não admitir argumentação em 
contrário deixa de ser objetivo. Ele prefere crer, sem saber. Sem 
sabê-lo, talvez já se incorporou a alguma seita de intolerantes, que 
nada põem em estudo e só querem fazer prosélitos. Neste livro, 
tanto encontrará motivo de aborrecimento como de satisfação. 
Conforme falou o escritor Wilhelm Roggersdorl: "Com esses seus 
'argumentos para o impossível' Dãniken mergulhou, de cabeça pra 
baixo, no fundo de uma lagoa, a fim de apanhar todos os peixes 
pelo rabo". Será que apanhou alguns, ou, pelo menos, um peixe 
grande? O seu mergulho na lagoa pode ter sido temerário; seu 
 
propósito de apanhar todos os peixes ao mesmo tempo, não foi 
realista. Contudo, o público leitor correu para a beira da lagoa, a fim 
de verificar se estava ele sendo bem sucedido e certo de que Erich 
von Dãniken era homem disposto a tudo, em defesa dos seus 
conceitos. Este livro mostra agora como aqueles surpreendentes 
peixes sabem esquivar-se das mãos do pescador. Aqueles entre os 
espectadores que desejem assistir ao desenrolar do espetáculo vão 
aprender muita coisa a respeito de peixes e pesca; possivelmente 
voltarão por mais algumas vezes à lagoa, depois de a multidão ter-
se retirado, para observar os pacientes pescadores (cientistas). 
Neste livro, o posfácio ficou reservado ao próprio Dãniken, pois é 
conforme seu temperamento o responder imediatamente. 
Wilhelm Roggersdorf e Peter Rocholl são os autores de "A Vida 
Singular de Erich von Dãniken" (Das seltsame Leben des Erich von 
Dãniken, Econ Verlag, 1970), a história extraordinária do sucesso 
incomum de um homem que não pode ser julgado pelos padrões 
convencionais. 
Dãniken pretende — assim anunciou ele — escrever mais outro 
livro. Algumas de suas posições serão defendidas, fortalecidas com 
nova argumentação. Pelo que se saiba, Dãniken não tenciona 
capitular. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
Foi a Nossa Terra Visitada por Astronautas 
Alienígenas? 
Por Ernst Stuhlinger, Huntsville, E.U.A. 
 
NOSSA VIA-LÁCTEA COMPÕE-SE de cem bilhões de estrelas; o 
Universo possui uns mil bilhões de galáxias semelhantes à Via-
Láctea. Supõe-se que mais da metade de todas as estrelas tem em 
sua órbita um ou mais planetas. Suponhamos que cada milésimo 
planeta, em virtude de suas adequadas dimensões e distância da 
sua estrela central, possuísse condições ambientais que, a exemplo 
das de nossa Terra, permitissem a existência de vida, chegaríamos a 
quase cem bilhões de bilhões de planetas no Universo, nos quais, ao 
menos teoricamente, a vida poderia originar-se. Em nossos sistemas 
de galáxias poderíamos então esperar mais de cem milhões de 
planetas, em condições de abrigar vida semelhante à da nossa Terra. 
Nenhum dos nossos planetas solares, com exceção da Terra, oferece 
condições para a evolução superior da vida. Provavelmente, em 
Marte existiria vida em suas formas mais primitivas e bastante 
especializadas; talvez ainda em determinadas regiões da atmosfera 
de Vénus e Júpiter. 
Umas vinte estrelas fixas encontram-se a uma distância de dez anos-
luz do nosso sistema solar, 10.000 estrelas a uma distância de cem 
anos-luz e vários milhões de estrelas a uma distância de mil anos-
luz. O diâmetro do nosso sistema é de 80.000 anos-luz, a distância 
para a galáxia mais próxima, a nebulosa espiral M31 na constelação 
de Andrômeda, mede uns 2,5 milhões de anos-luz. 
É lícito supor que, em um perímetro de até 1.000 anos-luz, se 
encontrem vários milhares de planetas com condições ambientais 
que permitam a evolução de vida superior. No entanto, a distância 
para o mais próximo desses planetas deveria medir cem anos-luz, 
no mínimo. Todavia, não se pode excluir a possibilidade da 
existência de condições ambientais favoráveis, inclusive em pla-
netas mais próximos. 
Será que formas superiores de vida chegaram a evoluir em outros 
planetas? Ainda não o sabemos. Pelas observações feitas na Terra, 
sabemos que organismos vivos, enquanto podem existir, 
aproveitam toda e qualquer oportunidade para evoluir, adaptar-se, 
 
expandir-se e propagar-se. Quanto mais se estudar a vida na Terra, 
quanto mais se pesquisarem as relações e funções de sistemas vivos, 
tanto mais ficamos propensos a estabelecer uma regra empírica, a 
saber: Quando houver as condições necessárias para a origem e a 
evolução de organismos, estes de fato nascem e evoluem. 
Em sua qualidade de corpo celeste, a Terra existe há quatro ou cinco 
bilhões de anos. Provavelmente, há dois ou três bilhões de anos 
atrás começou a evolução das primeiras moléculas de albumina 
'vivas'; os primeiros organismos primitivos devem ter começado a 
existir há um ou dois bilhões de anos atrás. Os fósseis mais antigos 
de algas e outras formas primitivas de vida apresentam idade de 
600 a 800 milhões de anos. Os primeiros vertebrados surgiram há 
uns 400 milhões de anos atrás, os primeirosmamíferos, uns 150 
milhões de anos. Presumivelmente, a história primitiva do homem 
data de alguns milhões de anos atrás. A era do Homo sapiens iniciou-
se apenas há uns 50.000 anos atrás e, apenas há uns 200 anos atrás, a 
espécie mais nova e influente, o Homo technicus, começou a interferir 
decisivamente na formação do seu ambiente e de sua vida. Nos 
últimos 60 anos, o homem obteve acesso a todas as partes do seu 
planeta e, nos últimos dez anos, aprendeu a deixar a Terra e 
levantar vôo para o corpo celeste mais próximo. 
Representaria esta evolução a partir do 'caldo primitivo' até o Homo 
technicus, avançando espaço adentro, acontecimento único no 
Universo, ou será que uma evolução de grandeza similar chegou a 
ocorrer também em outros planetas? No caso de haver evolução de 
vida em outra parte do Cosmo, será que aconteceu de maneira 
semelhante à registrada na Terra? Existe ou existiu em outros 
planetas um Homo sapiens, capaz de usar ferramentas, desenvolver 
máquinas e, por fim, empreender vôos espaciais? 
Ainda não há resposta precisa para essas perguntas. Sabemos, a 
grosso modo, como aos poucos a vida na Terra evoluiu e se 
diferenciou. A teoria da descendência explica como a colaboração 
 
entre as mutações hereditárias e a seleção na luta pela subsistência 
provocaram a origem de novas faculdades e de novas espécies. 
Começamos também a compreender como o esboço da constituição 
de cada indivíduo ficou encerrado no ácido desoxirribonucléico 
(ADN) dos genes e como as diretrizes para o crescimento de tecidos 
e órgãos, bem como o regulamento para as funções vitais no 
organismo estão sendo transmitidos por moléculas portadoras de 
'mensagens', que estão sendo levadas pelas moléculas gigantes 
ADN 'programadas' para os centros de ação e crescimento do 
organismo. 
Em vista de existir o esboço de constituição para o indivíduo, 
haveria um padrão análogo, abrangendo os seres vivos, em sua 
totalidade, que não chegaria a realizar-se no período de uma vida 
individual, mas, aos poucos, no decorrer de toda a história da 
evolução dos reinos vegetal e animal? Existiria nos genes tal esboço 
de constituição, em forma condensada e armazenada, como um 
código filogenético', em contrário ao código ontogenético, consti-
tuindo um código de supermoléculas programadas, e será que tal 
esboço de constituição — se é que existe — vem sendo transmitido 
de geração em geração? Não o sabemos. 
No caso de haver vida em outros planetas, terá ela por base 
essencial a combinação entre C, H, N e O, ou seja, carbônio, 
hidrogênio, nitrogênio e oxigênio? Representaria a radiação solar a 
fonte de energia primária e a oxidação de H e C a fonte de energia 
secundária para a manutenção da vida e o desempenho de suas 
funções? Constituiria a combinação entre 02 e O para C02 e a 
decomposição de C02 em seus elementos, a base do metabolismo, 
inclusive nas formas de vida extraterrestre? O papel desempenhado 
pela água será de igual importância lá, como aqui na Terra? 
Não o sabemos; todavia, pelos nossos conhecimentos da vida na 
Terra temos condições de avançar uma série de hipóteses a respeito 
das possibilidades de vida nos outros planetas. Além do vasto saber 
individual sobre a constituição e função de organismos vivos, as 
 
pesquisas científicas dos últimos séculos ensinaram-nos a com-
preender alguns princípios fundamentais, que parecem ser ado-
tados pela natureza. Esses princípios ajudam-nos a avaliar a pro-
babilidade e as formas possíveis da vida extraterrena. A nossa 
experiência diz que a natureza está altamente empenhada em criar e 
manter a vida. Onde quer que exista qualquer possibilidade para a 
origem de novas formas vivas, tais formas penetram das zonas 
vizinhas e tentam sua manutenção e multiplicação. No caso de 
surgir perigo, organizam ações de resistência e dispositivos de 
proteção. Praticamente, não se pode imaginar que em qualquer 
ponto da nossa Terra surgisse um biótipo suscetível de vida que, no 
decorrer do tempo, deixasse de ser invadido por organismos vivos, 
provenientes da vizinhança. Esta tendência enorme dos organismos 
vivos de mani£estar-se, desenvolver-se, adaptar-se e expandir-se, 
tão logo houver as condições mínimas, levou-nos à suposição de, 
provavelmente, existir vida em outros planetas e chegar ela a 
evoluir em todo planeta, oferecendo os elementos químicos certos e 
faixas de temperatura adequada. Nessas condições poderão as 
espécies vegetais e animais chegar a evoluir como na Terra? — 
Provavelmente. Poderia uma dessas espécies chegar a produzir 
formas similares ao nosso homem terrestre? — Talvez. Será que os 
homens 'extraterrenos' passariam em sua evolução por uma fase 
técnica, semelhante à pela que nós passamos, nos últimos séculos? 
— Possivelmente. No caso de haver um Homo sapiens em outros 
planetas, decerto a sua técnica se baseia em leis fundamentais de 
mecânica, óptica, termodinâmica, eletricidade, física nuclear e 
relatividade, muito semelhantes às nossas e que, pelo que saibamos, 
são válidas em sua essência para todo o Universo? 
Empreenderiam os homens extraterrestres vôos espaciais? — Sem 
dúvida; tão logo sejam suficientemente avançados na evolução 
técnica. Poderiam outras civilizações — se é que existem — ser 
adiantadas à nossa por muitos, talvez milhares ou milhões de anos? 
— Sem dúvida. Se a fase primitiva, originária da evolução orgânica 
 
na Terra, de dois a três bilhões de anos atrás, teria reduzido o seu 
ritmo apenas em um por mil, estaríamos hoje na fase do pré-
pitecantropo, forma muito rudimentar do homem primitivo. No 
caso de seu ritmo ter sido acelerado por uma mínima fração, 
provavelmente já estaríamos em condições de explorar os espaços 
interestelares. 
Poderiam seres de outros planetas ter visitado a nossa Terra? — 
Talvez. Dispomos de indícios de tais visitas? — Até esta última 
pergunta, o autor dos livros "Eram os Deuses Astronautas?" e "De 
Volta às Estrelas", Erich von Dãniken, concorda em suas perguntas e 
respostas com a grande maioria dos representantes modernos das 
ciências naturais. No entanto, com ela os caminhos se dividem. 
Dãniken responde com um 'sim' apaixonado. Cientistas, que em 
suas especialidades conseguiram acumular vastos conhecimentos e 
noções profundas, preferem responder: "No âmbito de minha 
especialidade ainda não podemos oferecer provas convincentes, que 
justificariam uma resposta afirmativa". 
 
* * * 
O autor dos dois livros supramencionados está profundamente 
convencido de nossa Terra ter recebido, em eras remotíssimas, a 
visita, ou provavelmente as visitas, de representantes de uma civi-
lização extraterrena. A fim de provar sua tese, cita ele uma série de 
textos antigos, como o Gilgamés, a Cabala, os Vedas, a Bíblia, 
falando de seres sobrenaturais e seus veículos celestes, de fogo; 
descreve ele antigos desenhos, cartas geográficas, demarcações e 
pinturas rupestres, grandes bolas de pedra, ruínas de construções 
gigantescas e as estátuas colossais na Ilha da Páscoa. E, por fim, 
conclui que nem os relatos de divindades estranhas, descendo do 
céu em veículos de fogo, nem as demarcações enormes no solo, no 
Peru, nem os gigantes de pedra na Ilha da Páscoa seriam conce-
bíveis sem a ação de seres inteligentes extraterrestres, que visitaram 
nossa Terra de tempo em tempo. São eles os responsáveis pela 
 
evolução gradativa das faculdades técnicas e até culturais do 
homem. Chegaram mesmo a misturar-se com os habitantes da 
Terra, e seus descendentes foram os pioneiros e portadores do 
progresso técnico e cultural neste planeta. 
O enorme sucesso de livraria dos dois livros atesta o grande 
interesse de largos círculos nas indagações sobre a origem e a 
evolução do homem. Indagações tão imediatas e óbvias que dis-
pensam de toda formação científica quem as formular. Se um dia 
forem encontradas as respostas, serão compreendidas

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