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MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA Prof. Márcia O que são MNM? • São proteínas intracelulares (muitas delas apresentam um papel enzimático), mas nem sempre exclusivas do miocárdio (ex.: mioglobina) • São liberadas quando a célula perde a integridade da membrana, passando para o fluido intersticial e assim para os vasos linfáticos e levados para os capilares à se elevando no sangue OBS: Mas o que acontece para que a celular perca essa integridade da membrana? Muitas vezes é o próprio quadro isquêmico (isquemia complicada na região) irá conduzir o desequilíbrio entre a oferta e demanda de O2, fazendo com que a célula trabalhe em estado anaeróbico. A célula fará a quebra da glicose em anaerobiose (glicólise anaeróbica), haverá a formação de ácido lático, modificando o pH do meio – acidifica o local – acarretando a perda de função dos transportadores de membrana, das enzimas e gradativamente evoluindo para perda da integridade da membrana celular. • Pode servir com indicador de lesão do miocárdio mas nem sempre lesão irreversível (ex.: troponina é sensível às lesões do miocárdio independente do seu grau, ou seja, qualquer alteração do músculo do miocárdio tiver haverá liberação de troponina) § Lesão irreversível à Creatinoquinase – CK • MNM NÃO SÃO IDEAIS ATÉ O MOMENTO, porque podem ter menor especificidade, menor sensibilidade. CARACTERÍSTICA DO MARCADOR DE NECROSE MIOCÁRDICA IDEAL • Altamente específico, ou seja, presente somente na célula miocárdica; • Rápida liberação pelo miocárdio lesado • Relação linear entre a lesão e a concentração do marcador • Facilidade de realização do exame • Níveis elevados logo após início da dor • Clearence rápido à para fazer avaliação de prognóstico, evolução do tratamento MNM NÃO APRESENTAM TODOS ESSES PRÉ-REQUISITOS: E para isso é necessário avaliar: • Associar marcadores • Tempo de coleta • Clínica do paciente (PRINCIPALMENTE), para entender a alteração do marcador MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA • TROPONINAS: o Troponina I o Troponina T São proteínas miofibrilares, envolvidas no processo de contração musculares dos músculos: § Liso: apresentam muito pouca quantidade § Estriado esquelético: troponina C § Estriado cardíaco: troponina T e I • CREATINAQUINASE: o CKMB (massa) o CPK São enzimas intracelular com função importante no processo de reserva energética da célula. Ele quebra a molécula de creatina, liberando fosfato para formar ATP (molécula de energia). Como o músculo cardíaco tem contração constante e incessante, apresenta uma grande reserva de creatina, uma proteína dimérica. Devido a apresentação da creatina ser uma ligação de duas moléculas, existe várias isoenzimas para sua degradação: CKBB, CKMN, CKMB. Dessas três, a CKMB apresenta maior concentração no músculo cardíaco. Então, é interessante saber a dosagem da fração total e da fração do que você tem maior concentração no músculo cardíaco (CKMB). Existem vários métodos de dosagem da CKMB: • Métodos que medem a atividade da enzima: CKMB- atividade, quantifica o quanto de enzima está funcionante no tecido. • Métodos que medem a concentração da enzima: mede a quantidade de massa (quantidade de substância que está presente dentro da célula), por isso recebe o nome CKMB-massa OBS: Durante o jogo de vôlei deve-se ter muita reserva de Creatina, pois durante o ataque gasta-se muita energia celular para realizar o movimento. • MIOGLOBINA É uma proteína hemínica (tem o grupo heme), da mesma maneira que a hemoglobina. Tem função importante de transporte de oxigênio muscular: cardíaco e esquelático. Sendo assim, um marcador não específico do músculo cardíaco. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) OU SÍNDROME ISQUÊMICA MIOCÁRDICA INSTÁVEL (SIMI) DIAGNÓSTICO: • Clínico: caracterizar a Dor (+importante) ou pontuar possíveis equivalente isquêmicos. • ECG: supradesnivelamento do segmento ST, infra SST, inversão de onda Q (porém 50% dos ECG são inespecíficos) • MNM: o IAMCSST: não é necessário ao diagnóstico, mas para o acompanhamento e prognóstico. o IAMSSST e AI: NECESSÁRIO ao diagnóstico e acompanhamento. à 50% dos ECG são inespecíficos (não caracteriza o supradesnivelamento ST mas tem outras alterações), nessa condição os MNM irão ser necessário para fechar o diagnóstico e diferenciar a fase de evolução dessa categoria ou seja: • Se o paciente tem uma angina instável • Se o paciente tem uma angina instável evoluindo para IAMSSST • Se o paciente tem IAMSSST CONCOMITANTEMENTE, é necessário fazer ECGs seriados durante a internação e solicitar dosagens de MNM. O laboratório deve ter eficiência para entrega de resultados – NO MÁX 60min. OBS: Angina Instável (AI) é a causa cardiovascular mais comum de internação hospitalar, sendo também a responsável pela maioria das internações em unidades coronarianas. Durante a evolução, uma parte destes pacientes desenvolve elevações nos MNM, configurando o quadro IAMSSST. É muito importante a DOSAGEM DO MNM na prática, mesmo não eles não sendo ideais COMO DIAGNOSTICAR USANDO MNM? Para isso é necessário conhecer a cinética de liberação dos MNM • CK-MB massa: o 3-6h da dor ou equivalente isquêmicos o PICO: 16 a 24h o NORMALIZAÇÃO: 48 a 72h (devido ao clearance, depuração renal) ** Na impossibilidade de dosar CK-MB utilizar CK total e CK-MB atividade • Troponina I ou T: DEMORA PARA SE NORMALIZAR! o 4-8h da dor ou equivalente isquêmicos o PICO: 20 a 36h o NORMALIZAÇÃO: 7-12(14)dias (devido ao clearance, depuração renal) OBS: Olhando essa cinética devemos de início solicitar a CKMB-massa porque o seu aumento é mais precoce do que a troponina. No entanto, é necessário avaliar a especificidade do método, pois a troponina I e T são mais específicas do que a CKMA-massa. O conhecimento da cinética dos MNM é necessário para avaliar o tratamento escolhido. Quando o tratamento do na reperfusão, os picos dos MNM se tornam mais PRECOCE e NORMALIZAM MAIS RÁPIDO. Ou seja, se o paciente apresentar os níveis de MNM apresentarem normais irá ter alta da UTI coronariana. CK-MB e TROPONINA são usadas para CONFIRMAR DIAGNÓSTICO! • Mioglobina: o 1 a 2h da dor ou equivalente isquêmicos o PICO: 4-9h o NORMALIZAÇÃO: 12-24h Sendo uma proteína pequena, ela atravessa a membrana celular mais rapidamente caindo na corrente sanguínea mais precocemente. No entanto, é INESPECÍFICA, ocorre o aumento de mioglobina se o paciente tiver: sofrido massagem cardíaca, feito uso de qualquer acesso injetável, feito algum traumatismo muscular, ou seja, qualquer processo que estimulou a mioglobina do músculo estriado esquelético, acabará gerando FALSO +. Então para que serve a MIOGLOBINA? Quando o paciente apresentar uma dor atípica ou sintomas de equivalência isquêmica e chegar ao PS antes de 4h do início dos sintomas deve-se pedir a dosagem de mioglobina. o Se o resultado der NEGATIVO é uma segurança de EXCLUIR IAM ou SCA. Mesmo assim, a DIRETRIZ DE IAM RECOMENDA a não liberação do paciente em primeiro instante e ORIENTA manter o paciente no serviço para a coleta de um segundo marcador, é necessário de um ALTAMENTE ESPECÍFICO à TROPONINA, se o resultado der NEGATIVO, teremos a certeza de EXCLUSÃO para SCA. o Se o resultado der POSITIVO pode ser IAM ou SCA, no entanto, é inespecífica, então deve-se fazer a dosagem de um marcador ALTAMENTE ESPECÍFICO à TROPONINA, se o resultado der POSITIVO, pode serIAM ou SCA, no entanto, temos que avaliar o paciente no geral, devido a lista de FALSOS + da troponina. Por isso, nunca pede Troponina isoladamente, sempre com a CKMB-massa. Ou seja, a mioglobina é para diagnósticos de EXCLUSÃO! OBSERVAÇÕES NA CINÉTICA: • Troponina T ou I: aumento acima do percentil 99 em pelo menos uma ocasião nas primeiras 24h de evolução (excluindo FALSOS +) OUTRAS CAUSAS DE ELEVAÇÃO DA TROPONINA • ETIOLOGIAS NÃO CORONARIANAS: Taquiarritmias, Trauma cardíaco por intervenções ou acidente com veículo, Insuficiência cardíaca, hipertrofia de VE, Miocardite e Pericardite • ETIOLOGIAS NÃO CARDÍACAS Sepse, queimadura, asma grave, falência respiratória, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, doenças neurológicas agudas, toxicidade medicamentosa, quimioterapia para tratamento de câncer, exaustão física, insuficiência renal DESSA MANEIRA, NÃO É RECOMENDADO DOSAR SOMENTE A TROPONINA. • CK-MB, preferencialmente massa: valor máximo maior do que o limite superior da normalidade em duas amostras sucessivas (CKMB-massa>5mg/mL em 2 amostras sucessivas) o CKMB-massa até 5mg/dL (NORMAL) o CKMB-massa entre 5-10mg/dL (em duas amostras à +) o CKMB-massa acima de 10mg/dL (RESULTADO +) CK TOTAL acima de 2x o limite superior pode ser utilizada, mas é considerado menos satisfatório do que a CK-MB RECOMENDAÇÕES DA DIRETRIZ • RECOMENDAÇÕES CLASSE I: O marcadores devem ser medidos: o Na admissão à normalmente é pedido a CKMB-massa pois os níveis começa a se elevar mais cedo. (Na literatura diz que a sensibilidade da troponina é melhor com 9h depois da dor) o Repetidos pelo menos uma vez, 6-9h após (preferencialmente 9-12h após o início dos sintomas), em todos os casos de AI e IAMSSST e caso a primeira dosagem seja normal ou discretamente elevada. (nível de evidência: B) à e agora pode pedir troponina, pois nesse intervalo a troponina é mais sensível. Além de repetir a dosagem de CKMB-massa o CKMB-massa e troponina são marcadores bioquímicos de escolha em todos os pacientes com suspeita clínica. (nível de evidência: A) EX: PACIENTE COM DOR TÍPICA SEM SUPRA DE ST NO ECG Admissão: CKMB massa <5mg/ml 6-9h CKMB massa Troponina + CKMB massa <5mg/ml Troponina + CKMB massa>10mg/ml IAM + CKMB massa 5-10mg/ml AI • RECOMENDAÇÕES CLASSE IIb: o CKMB atividade isolada ou em associação a CK total pode ser utilizada se CKMB massa ou troponina não estiverem disponíveis Pedir CK total e CKMB e analisar o índice relativo: IR = CKMB x 100 até 4% à lesão muscular CK TOTAL entre 4 a 25% à IAM >25% à Macro CK à falso + o Para pacientes que chegam precocemente à emergência (antes de 6h do início dos sintomas), mioglobina e troponina US (ultrassensível) podem ser consideradas em adição a um marcador mais tardio (CK-MB ou troponina) • RECOMENDAÇÕES CLASSE III: Utilização de LDH, TGO ou BNP/proBNP para detecçãoo de necrose miocárdica em pacientes com suspeita SCA. TROPONINAS I e T • Método de dosagem: imunoensaio com anticorpos monoclonais (melhores métodos laboratoriais) • São mais específicas do que a CK-MB • Especificidade das troponina é de 97% para lesão miocárdica. • Sensibilidade de 90%, apresentando desempenho diagnóstico semelhante a CK-MB nas primeiras 12-24h. • VR: 0,012 e 0,120ng/ml à é baixo porque não se tem troponina no sangue, normalmente. • Troponinas convencionais tem BAIXA SENSIBILIDADE da admissão, por isso não pode ser usada como critério de exclusão de diagnótico do infarto em emergência, quando negativas. • SOLICITAR NA SEGUNDA COLETA: 6-9H APÓS ADMISSÃO • 30% a 40% dos pacientes com AI apresentam TROPONINAS ELEVADAS! • TROPONINAS-US: mais precoce a detecção (melhor aparelho para dosagem é da Siemens). o Elevação no paciente com menos de 3h do início do quadro de dor: 61% de sensibilidade e com 6h 100% de sensibilidade. CREATINOQUINASE – CKMB-MASSA • Método imunoensaio que determina a concentração da enzima no sangue • MAIOR SENSIBILIDADE PARA IAM = 97% • MAIOR ESPECIFICIDADE PARA IAM = 90% TROPONINA à DIAGNÓSTICO CKMB à ACOMPANHAMENTO E PROGNÓSTICO CKMB-massa X ATIVIDADE Métodos laboratoriais: • Cinético UV (U/L): atividade da enzima • Imunoensaio (ng/ml): concentração = massa Principal limitação do método da CK-MB o Elevação após dano tecidual não cardíaco (FALSO +): TRAUMA, RABDOMIÓLISE, CONVULSÕES, MIOPATIAS o 4% dos pacientes podem apresentar CKMB alteradas e TROPONINAS NORMAIS OBS: SÓ USAR CK TOTAL E CKMB ATIVIDADE NA IMPOSSIBILIDADE DO LABORATÓRIO NÃO DISPOR DA CKMB MASSA, isso devido a presença da MACRO-CK (FALSO +) o Macro CK é uma macromolécula termoestável, apresentada em 2 tipos: § Tipo 1: CK ligada IgG ou ligada IgA à FALSO + à está associada a doenças gastrointestinais, adenomas ou carcinomas, doenças miocárdicas e vasculares. Frequente em mulheres com mais de 50 anos) § Tipo 2: adultos com neoplasias malignas, doenças hepáticas - Caso o paciente já for diagnosticado com IAMCSST: A segunda coleta guiará os procedimentos porque se o paciente for reperfundido haverá o pico precoce do marcador, demonstrando sucesso do procedimento (VARIAÇÃO DO PICO DA CKMB ANTES DE 16-24H à PERÍODO WASHOUT, porque no momento da angioplastia houve a lavagem do local com uma grande liberação dos marcadores que se encontravam no local). - Se não tiver o pico acontecer no momento certo, não teve a reperfusão. - Se na o aumento da CKMB for de mais de 20%, terá um diagnóstico de Reinfarto (amostra entre 16-24h e outra 24-36h) 36/48/72h ALTA
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