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Relatório de leitura do livro A persistência dos deuses

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Relatório de leitura do livro: A persistência dos deuses: religião, cultura e natureza, autor Eduardo Rodrigues da Cruz. Editora: UNESP, 2004 - 91 páginas. 
Disciplina: Cultura Religiosidade e mudança social
Professor: André Luiz Sueiro 
Aluno: Alexandre Marcos Storti Filho
O livro trata da pluralidade dos traços religiosos e culturais brasileiros, onde até o catolicismo, ainda predominante apresenta o “jeitinho” brasileiro. Com o objetivo de investigar a dinâmica do religioso que torna possível a persistência das manifestações religiosas.
Após analisar a religião como forma de cultura o autor destaca estudos associados a teoria da evolução de Darwin.
Ainda na introdução deixa claro que não pretende apresentar estudos sobre as religiões no Brasil e sim as regras do jogo religioso, onde o contexto brasileiro remete a forma mais universal.
O autor dedica se a mostrar a religião como fato cultural e como fato natural, começando cada capítulo com uma abordagem histórica e filosófica.
Em sua introdução, ele traz como: isso se manifesta atualmente, e ainda comenta quanto ao fim de “política, religião e futebol não se discutem” e sobre o destaque q a religião vem recebendo nos meios de comunicação seja de maneira positiva ou negativa.
Brasil, país de muitas religiões desafios e dúvidas.
Nos dados do censo de 2000, traz entre os resultados a mudança do perfil das opções religiosas brasileiras que agora tem uma maior variedade e uma maior valorização do religioso ainda que seja uma maioria católica. A herança cristã deixou marcas no Brasil, sendo que dois aspectos mais se destacam: desvinculação e reaproximação da Igreja como instituição e na esfera pública (com símbolos, valores e rituais). 
Em seguida, mais duas vertentes do impacto da religião nos países Ocidentais: a secularização – indica primeiramente, o esvaziamento do regime da cristandade, oque levou a religião cristã e sua representante, a igreja, a deixar a esfera pública e a ingressar no domínio privado. 
As religiões deixam de ter importância para a economia, a política, a ética, as artes e a ciência, mas do que isso, são censuradas quando tentam interferir na esfera pública.
Já a “religião civil” é entendida como conjunto de narrativas, rituais, códigos morais, celebrados por uma nação que antes tinham inspirações religiosas, sendo exemplificado pelas manifestações patrióticas norte americanas, incentivadas pela, população, mídia e governo.
O autor descreve também que religiões como: Testemunhas de Jeová, tem aumentado o número de membros, devido, ao espírito missionário. Por conta do crescimento das igrejas pentecostais, o numero de membros dos cultos afro-brasileiros em especial a umbanda tem, tem diminuído, perdendo com isso traços da nossa herança indígena e afro-americana. E contrapondo isto, a ênfase no enfrentamento do mal e a solução de problemas de maneira rápida persistem. Dadas as dificuldades por que passa a maioria da população brasileira é de se esperar que tal ênfase tenha êxito.
 Outra religião que tem participação expressiva no Brasil é o espiritismo e as religiões orientais (em especial, o budismo) apesar do caráter não missionário. 
é importante ressaltar os Novos Movimentos Religiosos que tem atingido a classe média, os adeptos desses movimentos são aqueles que não se sentem confortáveis em religiões tradicionais e procuram uma alternativa para inserção social e refrigério espiritual, como exemplos têm o esoterismo e misticismo. 
Um panorama histórico da atitude moderna e da ideia de projeção.
O termo “religião” tem uma longa história quanto a etimologia e ao emprego.
Com o advento da cristandade, somente o cristianismo, e em escala menor o islamismo e o judaísmo serão consideradas religiões, qualquer outra era considerada falsa, superstição, ou aproximações imperfeitas da verdade.
Por volta do século XVIII, duas grandes mudanças tiveram impacto na área da religião, em razão do contato com diferentes religiões por conta da expansão colonial. Um questionando o uso do termo no singular e um questionando também se realmente existe uma revelação divina para tal. 
Em segundo lugar existe uma vertente que acredita que as divindades são uma projeção da inquietação humana em termos de medos e desejos algo superável por um espirito humano ilustrado e objetivo, trazendo a possibilidade de um mundo sem religião.
Ludwig Feuerbach propôs em sua mais famosa obra que não cabe aos teólogos cuidar da religião por acreditar que o objetivo dos estudos não esteja onde supõem que esteja Deus. Para Feuerbach a religião é um espelho no qual vislumbramos o que há de melhor em nos. 
Karl Marx e Sigmund Freud se distanciaram de Feuerbach discordando que a religião fosse co-natural ao homem, Marx a entendeu como reflexo invertido e justificativa de um sistema que desapropria o produto do trabalhador, e Freud a viu como manifestação neurótica de práticas universais. 
Perguntas básicas para se entender a religião.
Uma vez que a ideia de revelação divina foi perdendo espaço, surgiram teorias para explicar a origem da religião. 
Desenvolveram se também teorias sobre a função da religião para as pessoas, e surgiram algumas respostas através de estudos tais como: para os indivíduos, equilíbrio psicológico; para grupos, coesão e fonte de coerção moral e para as culturas, ligação entre elementos materiais e espirituais e uma justificativa para suas origens e um sentido.
Elementos fundamentais de uma religião.
Teorias que falam de entidades religiosas na visão evolucionista. Baseados nas teorias de Darwin, na Inglaterra dos séculos anteriores uma disciplina chamada “teologia natural” foi muito popular no circulo cientifico, que tinha o objetivo de descrever como os mecanismos da natureza refletiriam no plano de divindades. 
Outra vertente dessa corrente é a chamada “lei do três estados”, acredita que o homem precisa passar por três fases: o mítico-teológico, o metafísico e o positivo, que estabeleceriam a ele domínio sobre sua consciência e sobre a natureza. 
Após a análise de várias correntes, chegou – se a conclusão que o cristianismo, o islamismo e o judaísmo, eram justificados não com base emocionais ou em milagres, mas como uma base racional do comportamento ético e civilizado que é permitido por ela. 
O evolucionismo marcou de maneira muito forte como o ocidente via a religião, mas só a partir da segunda guerra mundial apareceu a possibilidade da irreligiosidade com os “mestres da suspeita” – pensadores que estabeleceram uma critica a religião.
O ser alienado: os “mestres da suspeita” e a possibilidade de um homem irreligioso.
O mesmo movimento que deu impulso ao conceito de evolução ironicamente suscitou, a possibilidade de irreligiosidade, em larga escala. Marx apontava a religião como um consolo para uma situação da qual o proletariado não poderia sair.
Acompanhando a lei dos três estados essa é uma situação na qual a mudança seria inconcebível e se ocorresse seria só aparência.
Freud conclui que a religião apresenta-se como uma forma de neurose obsessiva universal: uma re-construção alienada da realidade. 
Em suma, nos últimos 150 anos evoluiu se muito.
O que esteve em jogo coma contribuição dos “mestres da suspeita”, foi a própria validade da religião como elemento formador do humano.
O homem e seu contexto cultural: a pluralidade religiosa destacada pelo espírito do século XX.
Com a antropologia, perceberam que a religião diretamente ligada com a compreensão das culturas. E na visão do antropólogo Geertz “Uma religião é (1) um sistema de símbolos que atua para (2) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivação nos homens por meio da (3) formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e (4) vestindo essas concepções com tal aura de factualidade que (5) as disposições parecem singularmente realistas”.
Da abordagem darwiniana da religião.
Esta ciência tem vários ramos, uns mais tradicionais como a Paleontologia, a Genética,e a Neurologia e outros novos como Psicologia evolutiva.
Ainda que Dawin tenha argumentos para destruir a ideia de um deus criador, existem traços que possuem alguma ligação entre o processo evolutivo do homem e comportamentos e crenças, inesgotando o que esse paradigma nos oferece. 
E as questões que sondam esse universo como “por que as pessoas mantem tais pensamentos”? O que as permite que façam determinadas coisas? Por que são tão diversas? Como explicar um fenômeno tão variável em torno de algo (cérebro) que é o mesmo em todo lugar? 
A resposta para tudo isso é que o cérebro é uma folha em branco, mas aparato pré-disposto pelo processo evolutivo que absorve certos traços culturais e outros não. Portanto, todas são verdadeiras, não no sentido de “verdade cada um tem a sua”, pois são padrões mentais selecionados pelas necessidades do processo evolutivo enquanto espécie. E tais, de alguma maneira, são compatíveis com a realidade. 
Essas mesmas perguntas apesar de adotarem o mesmo paradigma, elas podem defender pontos de vistas conflitantes, é o caso da Sociobiologia e da Psicologia Cognitiva.
O que se enfatiza é que a religião não é um único traço cuja história evolutiva pode ser identificada.
Conclusão.
O livro descreve a variedade religiosa no Brasil, um pouco do perfil religioso brasileiro e com orgulho a diversidade étnica e do crescimento do numero e da vitalidade das religiões no Brasil.
Assim como outras formas de entender a religião.

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