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AULA 5 2 - LIVRO - RELIGIÃO

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ESTUDOS 
CULTURAIS E 
ANTROPOLÓGICOS
Priscila Farfan Barroso
Religião
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer diferentes conceitos de religião.
  Analisar a relação entre religião e sociedade.
  Relacionar a religião com a formação ideológica.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de religião. Você vai ver como 
as crenças e práticas religiosas compõem sistemas de simbolismos nas 
diferentes religiões existentes. Além disso, você vai ver como o conceito 
de religião se aplica ao meio social. Desse modo, vai compreender que 
as religiões passam por mudanças e transformações relacionadas à so-
ciedade em quem estão.
Por fim, você vai refletir sobre a relação entre religião e ideologia. 
Nesse sentido, vai compreender a religião como um sistema que abarca 
ideias e que, por isso, não pode ser considerado neutro.
Conceitos de religião
Para compreender o signifi cado da religião, é interessante que você conheça 
a etimologia da palavra. Segundo Silva e Siqueira (2009), a palavra “religião” 
é derivada do latim e signifi ca religar, reler ou ainda reeleger. A ideia, então, 
é de ligação entre a humanidade e a divindade. Ou seja, há o pressuposto de 
que entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses existe uma forma de 
comunicação possibilitada pela religão.
Durkheim (2000, p. 32) entende que a religião é “[...] um sistema solidário 
de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas, 
crenças e práticas que reúnem numa mesma comunidade moral, chamada 
igreja, todos aqueles que a elas aderem [...]”. Então, é por meio desse sistema 
que os membros de um grupo partilham e realizam a devoção aos seus deuses. 
Pode-se dizer ainda que os simbolismos e os significados que circulam em 
cada religião também definem como são as práticas de devoção.
Assim, para conceituar religião, é preciso abarcar a complexidade do termo, 
pois a devoção envolve uma série de crenças e práticas que são aprendidas 
no cotidiano de participação junto aos membros dos grupos religiosos. Dessa 
maneira, Giddens (2005) explica que as religiões reúnem símbolos relacionados 
à reverência ou ao temor. Tais símbolos estão ligados a rituais ou cerimônias 
realizadas por fiéis. Além disso, ainda que uma religião implique a crença 
em um deus, geralmente existem objetos ou seres que levam ao temor ou à 
admiração.
Esses símbolos podem ser relativos a imagens religiosas — como santos, 
divindades, deuses — ou mesmo a tipos de comida e vestimentas com objetivos 
diversos, utilizados durante o ritual religioso ou ainda fora dele. Mas você 
também deve considerar pertinente os cantos, as falas, o soar dos instrumentos, 
a imposição de mãos, as danças coletivas, a questão energética, as visões e 
tudo aquilo que é relativo ao mundo imaterial.
Nesse sentido, cada religião vai definindo o que é sagrado para ser cultuado 
e o que não é. Com isso, constitui uma gama de práticas e rituais fundamentais 
para os praticantes do grupo. Veja como Durkheim (2000, p. 226) explica a 
concepção de sagrado:
O que define o sagrado é o fato de ser acrescentado ao real [...] Neste espaço 
as energias vitais estão superexcitadas, as paixões mais vivas, as sensações 
mais fortes; existem mesmo algumas que só se produzem senão neste mo-
mento. O homem não se reconhece: sente-se como que transformado e, por 
conseguinte, transforma o meio que o rodeia. Para explicar-se as impressões 
muito particulares que experimenta, ele atribui às coisas com as quais está 
em relação poderes excepcionais, virtudes que não possuem os objetos da 
experiência vulgar.
Dessa forma, a religião se apresenta como mais uma das chaves explicativas 
que propõem saídas para as dúvidas mundanas e as questões filosóficas que 
atormentam os homens. Afinal, as explicações dadas por esses sistemas de 
simbolismos fazem sentido para os membros do grupo e também acalmam 
suas angústias em relação às vivências cotidianas. Assim, a transformação 
de que fala Durkheim (2000) remete à ideia de que as experiências religiosas 
vividas são levadas para fora do âmbito religioso e exercidas no dia a dia, 
junto a outras pessoas, que têm outras crenças e outras práticas.
Logo, esse “fazer sentido” que é entendido pelos praticantes das diferentes 
religiões diante do culto que frequentam se dá porque as explicações trazidas 
Religião2
pelas religiões também consideram os sistemas sociais em que estas estão 
inseridas. Ou seja, as explicações sobre o que parece não ter explicação se 
acomodam em outros sistemas de simbolismos presentes na vida social. Elas 
passam a ser compreensíveis para os praticantes de cada religião. Nesse sentido, 
Nola (1987) reforça que o universo da religião, do sagrado, não é autônomo e 
sem sentido de uma perspectiva laica. Além disso, não é estranho ao mundo 
racional. Ele se expressa e se mostra na realidade mesma, na relação contínua 
que a justifica e a explica.
É na convivência coletiva que as explicações religiosas surgem e também se 
solidificam, fazendo com que o espaço da prática religiosa se constitua como 
mais um espaço de organização e ordem social. Essa observação é eviden-
ciada por Coutinho (2012, p. 181), que afirma que “As religiões compreendem 
coletividades no seio das quais se desenvolvem práticas, se elaboram, defen-
dem e discutem crenças. Faz parte da essência da religião a sua componente 
organizativa [...]”.
Desse modo, o conceito de religião considera a ordem social promovida 
pela participação dos membros da sociedade no âmbito da questão religiosa. 
A participação no universo sagrado (por meio de rituais, por exemplo) oferece 
prestígio social, o que pode ser compreendido como uma das funções sociais 
da religião. Ela mesma é um sistema de crenças e práticas relacionadas ao 
sagrado. As coisas sagradas, assim, reúnem o povo em uma comunidade moral. 
Ele compartilha crenças que são essenciais à constituição e à manutenção da 
religião (TIMASHEFF, 1971).
Como você pode notar a partir dessa discussão, há complexidade no estudo 
da religião. Além disso, é necessário ter cuidado e respeito ao considerar 
religiões que tenham crenças ou práticas que, em um primeiro momento, não 
façam sentido para você. Cada religião deve ter liberdade de cultuar suas 
práticas devocionais e ser respeitada por isso.
O filme O nome da rosa, realizado em 1986 por Jean-Jacques Annaud, é uma adaptação 
do livro de Umberto Eco que leva o mesmo nome. Nesse filme, é apresentado o 
contexto religioso medieval e há um mistério a ser descoberto. No desenrolar da trama, 
o espectador conhece os simbolismos presentes nas crenças e práticas dos religiosos 
da época, podendo aprender mais sobre aspectos da religião.
3Religião
Religião e sociedade
A relação entre sociedade e religião perpassa inúmeras questões. O que é aprendido 
na religião pode atravessar outras áreas da vida social e se constituir como uma 
forma de vida dedicada à causa religiosa. Considere, por exemplo, o uso do hijad, 
que é o conjunto de vestimentas preconizadas pela doutrina islâmica. De acordo 
com o pensamento guineense, pesquisado por Abranches (2007, p. 168–169):
As mulheres muçulmanas, normalmente, não devem deixar o cabelo solto, só 
que hoje em dia, como se vê, cada um faz como quer. Mesmo na Guiné também 
é assim, andamos assim. Há os que não deixam mesmo o cabelo solto, tapam 
tudo até aqui, mas há menos na Guiné isso do que nos países árabes. Fazem o 
possível por tapar o cabelo, as partes que atraem mais os homens, é isso. Mas 
isso, na Guiné, há pouca coisa. Quando as pessoas têm certas idades é que 
fazem mais isso.
Então, até mesmo na forma de viver há elementos que são englobados pela 
doutrina religiosa. Contudo, nos dias de hoje, algumas igrejas têm exigido me-
nos transformações no modo de vida dos fiéis, ainda que propaguem preceitos 
religiosos cristãos. É o que afirma Dantas (2010, p. 56) ao analisar a Igreja 
Evangélica Bola de Neve:
O sucessoda igreja se deve à identificação do jovem com sua imagem, à pro-
ximidade dos pastores, à informalidade dos cultos e à linguagem descontraída. 
Sua identidade, constituída pela negação de certos tradicionalismos, pela ruptura 
com rituais religiosos convencionais, pelo culto ao corpo perfeito, pela preocu-
pação com a saúde e pela preconização da juventude, atrai o público jovem, que 
se recusa a frequentar igrejas que lhe impõem como regra abandonar sua vida 
para dedicar-se à devoção religiosa. Com o intuito de recrutar novos clientes, 
os pastores à primeira vista procuram "vender" a imagem de liberalidade e 
divulgar a ideia de que se opõem aos dogmas religiosos, o que na prática não se 
confirma. De fato, a igreja não oferece restrição às vestimentas, às tatuagens, 
aos piercings, aos esportes radicais, em suma, à aparência do crente. Contudo, 
empenha-se em coibir o consumo de bebidas alcoólicas, o uso de cigarros e a 
frequência a bares e boates, além de repudiar o homossexualismo, o sexo pré-
-nupcial e as relações extraconjugais, preconizando a virgindade e o casamento 
monogâmico e heterossexual. Embora a congregação pareça liberal e flexível, 
no cotidiano das relações institucionais ela utiliza vários mecanismos de censura 
e resgata códigos tradicionais de controle da sexualidade.
Religião4
Leia o artigo de Simone R. Bohn “Evangélicos no Brasil: perfil socioeconômico, afinidades 
ideológicas e determinantes do comportamento eleitoral”, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/1j5D7C
Aquelas práticas mais tradicionais que abarcam o molde da sociedade 
patriarcal também se renovam e atualizam em novas práticas, que são ressig-
nificadas e incluídas no cotidiano de crenças e costumes de determinada reli-
gião. Segundo Steil (2001), na contemporaneidade, a crença religiosa vive um 
“processo de recuperação de sentidos como linguagem significativa”. Assim, 
a dualidade entre a razão e a emoção, vinculada à modernidade ocidental, abre 
espaço para uma relação diversa, que põe coração e racionalidade lado a lado. 
Nesse sentido, a ideia não é optar pela experiência ou pelo dogma religioso. A 
proposta é encontrar vivências espirituais afetivas para cada trajetória pessoal.
Você deve considerar que não só as religiões influenciam outros âmbitos 
da sociedade, mas esses outros âmbitos também influenciam a vida religiosa. 
Coutinho (2012, p. 176) apresenta esse panorama comparando sociedades 
ocidentais e orientais:
O contexto cultural influencia sobremaneira a definição de religião. Nas 
sociedades ocidentais, onde se associa a religião à relação com algo trans-
cendente, ela é sistema mediador entre o homem e entidades superiores. 
O Ocidente, altamente marcado pela cultura judaico-cristã, releva o Deus 
único e transcendente. Nas sociedades orientais, budistas e hinduístas, a 
transcendência não está presente, mas antes o panteísmo, um deus em tudo. 
Assim, a religião não é ligação a algo superior e transcendente, mas à própria 
natureza, a todos os seres vivos.
Ainda assim, cada sociedade se organiza para definir a relação entre a 
religião e o Estado. Essa relação pode ser de mais proximidade ou mesmo 
de ruptura. O meio pelo qual se estabelece essa definição pode ser tanto a 
publicação da constituição quanto acordos sociais.
5Religião
Para compreender mais sobre práticas católicas no contexto nacional, veja o filme O 
Auto da Compadecida, realizado em 2000 por Guel Arraes. Na trama, baseada em uma 
peça de Ariano Suassuna, dois nordestinos passam por algumas aventuras e acreditam 
que serão salvos pela aparição de Nossa Senhora Aparecida.
No Brasil, ocorre a separação entre Estado e religião por meio do conceito 
de laicidade. Isso significa que o Estado não favorece nem segue nenhuma 
religião. Portanto, ele se opõe ao Estado confessional, ou seja, àquele que 
tem posição religiosa. O Estado confessional inclui até mesmo o Estado ateu, 
dado que este assume uma posição religiosa em sentido negativo. De acordo 
com a laicidade, o Estado não segue nenhuma doutrina oficial. Portanto, os 
cidadãos não têm de se associar a igrejas ou seitas. Além disso, não existe a 
noção de heresia (interpretação, doutrina ou sistema teológico rejeitado como 
falso pela igreja) (LACERDA, 2014).
Como destaca Negrão (2008), foi a partir da proclamação da República 
no Brasil, em 1889, que ficou definida na constitução a ruptura mais clara 
entre Estado e religião, possibilitando uma sociedade mais pluralista e laica 
ao longo do século XX. Entretanto, o mesmo autor apresenta os desafios da 
influência da igrejas nos dias atuais:
A proclamação republicana, contudo, não significou a perda da hegemonia 
católica e de sua inf luência na vida cultural e política brasileira. A Igreja 
Católica continuou a cooperar eventualmente com o Estado Republicano, 
como no combate às heresias messiânicas, e a impor seus princípios reli-
giosos às constituições, como a proibição do divórcio e do aborto legal. 
A Igreja Católica aproveita sua recente liberdade para reaproximar-se da 
ortodoxia vaticana. Os padres passam a ter uma formação seminarística 
mais cuidadosa, são nomeados bispos apenas os mais dedicados e ul-
tramontanos, trazem-se ordens religiosas europeias para administrar os 
santuários e demais serviços religiosos, busca-se incutir um catolicismo 
menos mágico e devocional e mais cristocêntrico nas camadas populares 
(NEGRÃO, 2008, p. 265–266).
Assim, você pode perceber o quanto é importante compreender a relação 
entre religião e sociedade. Afinal, há transformações ao longo dos anos que 
são possibilitadas justamente por essa relação.
Religião6
Religião e ideologia
Já que as religiões se estabelecem como sistemas de simbolismos pelos quais 
perpassam as crenças e práticas rituais, você pode pensar em como a questão 
da ideologia interfere nisso. Para compreender qual é a relação entre a religião 
e a ideologia, você precisa conhecer o conceito de ideologia. Segundo Carone 
(1991), a ideologia é defi nida em sociedade. Contudo, as confi gurações da 
ideologia pessoal de cada pessoa (suas opiniões, seus comportamentos e seus 
valores) se orientam de acordo com motivos irracionais, relacionados a estru-
turas psíquicas mais ou menos estáveis. Nesse sentido, é preciso diferenciar a 
ideologia como fênomeno social da ideologia que é internalizada pelo sujeito 
e que passa a integrar a sua personalidade.
Ou seja, apesar de a origem de inculcação de certas ideias variar, o indi-
víduo as internaliza e, de certa maneira, as reproduz também na sociedade 
em que está. Essa internalização se dá de forma inconsciente e não acontece 
rapidamente. Cohn (1986, p. 17) explica mais sobre esse processo:
[...] a ideologia, além de ser um processo formador de consciência e não apenas 
instalada nela, opera no nível do inconsciente, no sentido forte do termo: ela 
não apenas oculta dados da realidade, mas os reprime, deixando-os sempre 
prontos a retomar à consciência ainda que de novo sob formas ideológicas. 
Nessas condições, o desenvolvimento da consciência pelo contato reflexivo 
com a realidade é um processo doloroso, como é a própria civilização na 
concepção freudiana.
Ao mesmo tempo, é importante você notar que não há ideias que sejam 
neutras ou que não estejam carregadas de intenções. Assim, cada qual que 
defende suas ideias afirma que as elas são mais verdadeiras e neutras do que as 
de outras pessoas. Como enfoca Boff (2002), os sistemas culturais, científicos, 
políticos, econômicos e até artísticos que se dizem detentores únicos da verdade 
e de uma resolução para os problemas são fundamentalistas. Hoje, de acordo 
com o autor, o mundo está sob influência de diversos fundamentalismos.
Para aprender mais sobre ideologia e religião, assista ao filme Batismo de sangue, realizado 
em 2007 por Helvécio Ratton. O longa apresenta a história de cinco frades dominicanos 
que lutaram na época da ditadura do Brasil e por isso foram perseguidos e torturados.
7Religião
Chauí (2000, p. 76) reforçaesse apontamento:
A noção de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosóficos ou 
científicos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade 
social, econômica e política, e que a razão, em lugar de ser a busca e o conhe-
cimento da verdade, poderia ser um poderoso instrumento de dissimulação 
da realidade, a serviço da exploração e da dominação dos homens sobre seus 
semelhantes. A razão seria um instrumento da falsificação da realidade e de 
produção de ilusões pelas quais uma parte do gênero humano se deixa oprimir 
pela outra. […] A noção de inconsciente, por sua vez, revelou que a razão é 
muito menos poderosa do que a Filosofia imaginava, pois nossa consciência é, 
em grande parte, dirigida e controlada por forças profundas e desconhecidas 
que permanecem inconscientes e jamais se tornarão plenamente conscientes 
e racionais. A razão e a loucura fazem parte de nossa estrutura mental e de 
nossas vidas e, muitas vezes, como por exemplo no fenômeno do nazismo, a 
razão é louca e destrutiva.
Por isso é importante você compreender os meandros articulados junto ao 
conceito de ideologia e relacioná-los com outros âmbitos da sociedade. Para 
Chauí (2000), a ideologia tem uma função bem clara. Tal função é esconder 
e disfarçar as distinções sociais e políticas. A ideia é emprestar a elas a apa-
rência de indivisão, como se fossem diferenças naturais entre os homens. 
Assim, embora haja a divisão das classes sociais, as pessoas são induzidas a 
acreditar que são iguais porque compartilham a humanidade, ou a pátria, a 
raça, etc. Com relação às diferenças naturais, elas são levadas a acreditar que 
as desigualdades sociais, econômicas e políticas não se originam na divisão 
social das classes, mas se relacionam a talentos e capacidades individuais, 
bem como à inteligência, à força de vontade, etc.
Assim, você pode considerar que as religiões abarcam questões ideológicas 
e defendem seus pontos de vista a qualquer custo. Martín-Baró (1998) afirma 
ainda que as religiões podem servir de suporte para ideologias políticas, sendo 
elas conservadoras ou progressistas. Nesse sentido, para compreender o poder 
da religião no meio político, é imprescindível analisar a dimensão ideológica 
da experiência religiosa.
Por meio das crenças, práticas e rituais, é possível aprender mais sobre 
as possibilidades de relação entre ideologia e religião. Segundo (1997, p. 23) 
reforça essa ideia ao dizer que “[...] a análise da existência humana mostra que 
fé e ideologia são dimensões humanas [...] universais e complementares [...]”. 
Logo, não é possível imaginar a religião dissociada da ideologia.
Religião8
Para aprender sobre rituais e práticas religiosas afro-brasileiras, leia O antropólogo e sua 
magia, de Vagner Gonçalves da Silva. No link a seguir, você pode conhecer melhor o livro.
https://goo.gl/wxviSk
ABRANCHES, M. Pertenças fechadas em espaços abertos: estratégia de (re)construção 
identitária de mulheres muçulmanas em Portugal. Lisboa: Alto Comissariado para a 
Imigração e Diálogo Intercultural, 2007.
BOFF, L. Fundamentalismo: a globalização e o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: 
Sextante, 2002.
CARONE, I. De Frankfurt à Budapeste: os paradoxos de uma psicologia de base marxista. 
Psicologia, São Paulo, v. 2, n. 1-2, p. 111-120, 1991.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
COHN, G. Adorno e a teoria crítica da sociedade. In: FERNANDES, F. (Coord.). Sociologia. 
São Paulo: Ática, 1986. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, 54).
COUTINHO, J. P. Religião e outros conceitos. Sociologia, Porto, v. 24, p. 171-193, dez. 2012 
DANTAS, B. S. do. A. A dupla linguagem do desejo na Igreja Evangélica Bola de Neve. 
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São Paulo: Martins Fontes, 2000.
GIDDENS, A. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
LACERDA, G. B. Sobre as relações entre igreja e estado: conceituando a laicidade. In: 
CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO (Org.). Ministério Público: em defesa 
do estado laico. Brasília: Conselho Nacional do Ministério Público, 2014. v. 1, p. 179-206.
MARTÍN-BARÓ, I. Iglesia y revolución em El Salvador. In: MARTÍN-BARÓ, I. Psicología de 
la liberación. Madrid: Editorial Trotta, 1998. p. 203-225.
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dade e Estado, Brasília, v. 23, n. 2, p. 261-279, maio/ago. 2008.
9Religião
NOLA, A. Sagrado/profano. In: ENCICLOPÉDIA EINAUDI.[S.l.: s.n.], 1987. v. 12.
SEGUNDO, J. L. A história perdida e recuperada de Jesus de Nazaré: dos sinóticos a Paulo. 
São Paulo: Paulus, 1997.
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Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 3, p. 557-564, 2009.
STEIL, C. A. Renovação Carismática Católica: porta de entrada ou de saída do catoli-
cismo? Uma etnografia do Grupo São José, em Porto Alegre. Religião e Sociedade, v. 
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TIMASHEFF, N. S. Teoria sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
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BERGER, P. O dossel sagrado: elementos para uma sociologia da religião. São Paulo: 
Paulus, 1985. 
BOHN, S. R. Evangélicos no Brasil. Perfil socioeconômico, afinidades ideológicas e 
determinantes do comportamento eleitoral. Opinião Pública, Campinas, v. 10, n. 2, p. 
288-338, out. 2004.
BOSI, A. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2010. 
MENDONÇA, A. G. A experiência religiosa e a institucionalização da religião. Estudos 
Avançados, São Paulo, v. 18, n. 52, p. 29-46, set./dez. 2004.
PIERUCCI, A. F. Religião como solvente: uma aula. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 
75, p. 111-127, jul. 2006.
SILVA, V. G. O antropólogo e sua magia: trabalho de campo e texto etnográfico nas 
pesquisas antropológicas sobre as religiões afro-brasileiras. São Paulo: Edusp, 2000.
SIMMEL, G. Religião: ensaios. São Paulo: Olho d'Água, 2009. v. 1/2.
Religião10
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