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POEIRAS Doenças Respiratórias Relacionadas a Poluição ATM prof Jailton Dias Nogueira Jr, Dr Poeiras São produzidas principalmente por operações de perfuração, explosões, extração de mineral, britagem de pedra ou de mineral beneficiamento, carregamento e transporte. Todos elas se produzem em distintas proporções, dependendo da mina ou da lavra, da composição do mineral, das rochas circundantes e do método de exploração. Poeiras Embora os minerais variem em sua composição, todos eles geram uma poeira que freqüentemente contém sílica livre cristalina, cuja concentração depende do mineral lavrado e da jazida da qual se origina. É a presença de quartzo livre que oferece um risco consistente de danos à saúde, em todas as operações de lavra. As poeiras podem ser classificas segundo algumas características básicas: Forma da partícula - a forma da partícula é um importante fator que influencia os processos de impactação e deposição inercial no sistema respiratório. Origem da partícula – minerais, animais e vegetais Tamanho da partícula e distribuição de tamanho Inaláveis – partículas menores que 100 micra, capazes de penetrar pelo nariz e pela boca Torácicas – partículas menores que 25 micra, capazes de penetrar além da laringe; Respiráveis – partículas menores que 10 micra, capazes de penetrar na região alveolar. POEIRAS Inorgânicas (minerais) Orgânicas (vegetais) Não Metálicas: silicose, asbestose, PNC carvão, silicatoses Metálicas: siderose, beriliose, estanhose, aluminose Bissinose, bagaçose, Efeitos sobre o organismo Fibrogênicos Cancerígenos Irritantes Efeitos fibrogênicos Produz um fibrose localizada ou difusa do tecido pulmonar, como no caso do quartzo e do asbesto. Ocasiona lesões pulmonares nodulares. A lesão pulmonar é irreversível e a deterioração da função pulmonar acarreta graves conseqüências cardíacas. Para o asbesto, a penetração da poeira fina nos alvéolos origina um fibrose difusa com engrossamento pleural. A inalação de poeira de asbesto pode originar tumores malignos, como câncer broncogênico ou mesoteliomas, com ou sem sinais simultâneos de asbestose. Efeitos cancerígenos Os agentes carcinógenos afetam os mecanismos reguladores bioquímicos transformando as células normais e células malignas. Efeitos Irritantes Irritação da pele, mucosa dos olhos e do trato respiratório. Poeira contendo Sílica Livre Cristalina e a Silicose A sílica livre cristalina é o composto mais abundante na superfície terrestre. Poeira mais comum transportada pelo ar a que estão expostos os mineiros e os trabalhadores das pedreiras e lavras. O que é sílica? Sílica livre e cristalina (SiO2) – o agente etiológico da silicose – é um dos minerais mais comuns na crosta terrestre ; as três formas mais freqüentemente encontradas são quartzo (a mais comum), tridimita e cristobalita. SILÍCIO, SÍLICA & SILICATO SILÍCIO: o elemento Si, o segundo mais abundante na crosta terrestre SÍLICA: o composto SiO2, nas formas cristalina (exemplo: quartzo), criptocristalina e amorfa SILICATO: estrutura complexa da sílica com cátion Sílica: Composições Silicose: inalação e deposição de poeiras contendo sílica na forma livre e estado cristalino, em concentração > 7,5% na fração respirável Sílica forma combinada: silicatoses: talco (mg), caolin (Al), Micas (Al hidratados), argilas, ardósias Poeiras mistas: sílica livre em concentração <7,5% associada a outras poeiras menos fibrogênicas Toxicologia da sílica: Kitamura e cols J Pneumol, v.22, n.4, 1996 FORMAS DA SÍLICA Cristalina Quartzo Cristobalita Tridimita Criptocristalina Calcedonita Jaspe Sílex Amorfa Vítrea Terra diatomácea Livre: SiO2 Combinada: silicatos Caulim Talco Mica Vermiculita Feldspato Ardósia Asbesto Mista: terra de Füller QUARTZO É a forma mais comum de sílica livre na natureza, sendo o principal constituinte das rochas ígneas ou magmáticas e dos arenitos sedimentares (sandstones) formados pela erosão das rochas. Cancerígeno A Agencia Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da OMS considera a sílica livre cristalina inalada, sob forma de quartzo ou cristobalita, como um cancerígeno humano pulmonar (Grupo 1). Onde pode ocorrer exposicão? Poeira de sílica é desprendida de muitas operações, por exemplo: cortar, serrar, polir, moer, esmagar, ou qualquer outra forma de subdivisão de materiais como areia, rochas, certos minérios ou concreto; jato de areia, e, transferência ou manejo de certos materiais em forma de pó. Onde pode ocorrer exposicão ? Exposição a poeira respirável contendo sílica livre e cristalina pode ocorrer em diferentes locais de trabalho, como, p. ex., minas, pedreiras, fundições, fabricação de abrasivos, fábricas de vidro e cerâmica (objetos e louças de cerâmica, porcelana, esmaltados), construção, trabalhos de manutenção, limpeza e remoção de pintura de cascos de navios, prédios, pontes e outras superfícies metálicas, trabalho em monumentos de pedra, gravura em vidro e trabalhos similares, entre muitos outros. A Silicose É uma doença pulmonar crônica e incurável, com uma evolução progressiva e irreversível; nos estágios avançados é incapacitante e frequentemente fatal. É causada pela inalação de poeiras contendo partículas finas de sílica livre cristalina. O risco da silicose depende da quantidade de sílica livre e cristalina inalada e depositada na região dos bronquíolos respiratórios e alvéolos pulmonares. Fases da interação Primeira fase: penetração e deposição das partículas. Fração respirável (<10 ŋm); < 5ŋm: geralmente atingem o trato respiratório inferior (bronquíolos e alvéolos); 5-10 ŋm: geralmente atingem o trato respiratório superior (ficam retidas). Segunda Fase : resposta pulmonar aos agentes inalados. Mecanismos de defesa: Sistema Mucociliar Macrófagos alveolares A intensidade da resposta depende: Da natureza e propriedade do agente Concentração do agente no pulmão Duração da exposição Suscetibilidade individual Doenças associadas à sílica Bronquite crônica ocupacional Limitação crônica ao fluxo aéreo Tuberculose Doenças auto-imunes Cãncer de pulmão Silicose: Ocorrência no Mundo Países em desenvolvimento África do Sul: prevalência na mineração de ouro 27 - 31% (STEEN, 1997) transversal, 304 ex-mineiros 55% (TRAPIDO, 1996) transversal, 238 ex-mineiros Índia: prevalência de 22-54% (JINDAL E WHIG, 1998) Países desenvolvidos: incidência em fase de declínio/ prevalência acumulada Canadá: 68.701 expostos com RX de 1979 a 1992 211 com Silicose =0,3% (FINKELSTEIN, 1995) Estimativa da população exposta Ribeiro FSN, 2004 Estimativa para 1999/2000 Média de 34.066.789 trabalhadores no período 1.815.953 expostos por mais de 30% da sua atividade semanal Construção 62% Mineração 61% Ind. de transf. de minerais não metálicos 55% Metalurgia 23% Ocorrência de Silicose no Brasil MINAS GERAIS Mineração do ouro: 7.416 casos (M.Saúde- 1997) sendo 4500 região de Nova Lima (INSS, 1998) OUTROS RJ jateadores de areia: prevalência 23,6% (CTE- RJ, 1995) CE cavadores de poços: prevalência 17% (HOLANDA,1995) SILICOSE E O PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS LAPIDÁRIOS DE PEDRAS SEMIPRECIOSAS ATENDIDOS NO ADP/HC/UFMG FIGURA 1 – Gráfico da distribuição das pedras que são ou não do Grupo Quartzo trabalhadas pelos lapidários atendidos no ADP/HC/UFMG, de fev/1984 a dez/2001 _1089826324.xls Gráf1 101 56 Pedras Lapidadas Plan1 Ágata 11 Amazonita 1 Ametista 24 Água-Marinha 2 Quartzo Não-Quartzo Cristal 7 Calcário 3 101 56 Olho de Tigre 3 Calcita 4 Ônix 7 Hematita 6 Quartzo-rosa 27 Jade 12 Quartzo-verde 22 Magnesita 1 Mármore 4 Serpentinita 3 Sodalita 9 Topázio 6 Turmalina 5 OBS: Lucille, não sei se é isso que você queria, caso não for preciso de mais informações sua de como fazer. Plan1 11 24 7 3 7 27 22 Pedras Quartzo Plan2 Pedras Lapidadas Plan3 1 2 3 4 6 12 1 4 3 9 6 5 Pedras Não-Quartzo Diagnóstico da Silicose história ocupacional + alterações radiológicas Caracterizar a exposição é fundamental. Classificação radiológica segundo padrão OIT. RX feito com técnica preconizada pela OIT. Leitura de radiografias comparando-as com a coleção OIT. Análise da - profusão ( quantidade de lesões) - forma ( regular e/ou irregular) -tamanho das lesões ( p,q, r ; grandes opacidades A, B, C Pneumoconioses: Diagnóstico Diagnóstico é Radiológico- padrões da OIT- associado a história clínica e ocupacional compatíveis RX - técnica padronizada e laudo por método comparativo com coleção de modelos radiológicos da OIT A profusão dos micronódulos varia em 12 subcategorias ordenáveis em ordem crescente: 0/-, 0/0, 0/1, 1/0, 1/1, 1/2, 2/1, 2/2, 2/3, 3/2, 3/3, 3/+ SILICOSE: FORMAS CLÍNICAS Crônica: mais de 15 anos de exposição Acelerada: 5-15 anos de exposição Aguda: menos de 5 anos de exposição Silicose Aguda Exposições maciças a sílica recentemente fraturada Tempo de aparecimento curto (até 5 anos após o início da exposição) Sintomas respiratórios limitantes e rapidamente progressivos Associa-se com micobacterioses e infecções fúngicas Evolução para óbito em 12 meses Silicose Sub-Aguda (Acelerada) Tempo de aparecimento curto (5 a 10 anos do início da exposição) Indivíduos mais jovens Evolui com grandes opacidades e distorção das estruturas intratorácicas Frequente associação com micobacterioses Óbitos por doenças respiratórias Silicose Crônica Largo período de latência (mais de 20 anos) Poucos sintomas Rx com imagens nodulares disseminadas Evolução radiológica lenta Risco aumentado de carcinoma broncogênico Fatores de risco Concentração atmosférica da fração “respirável” de poeira; Teor de sílica livre cristalina; Tempo de exposição do trabalhador; Freqüência respiratória (que depende do esforço físico realizado); Suscetibilidade individual. Como se pode prevenir a silicose? No inicio do século XX, Alice Hamilton, grande pioneira da medicina e higiene ocupacional, realizou estudos importantes sobre a silicose nos EUA, e disse: “...obviamente, a maneira de atacar a silicose é prevenir a formação e a disseminação da poeira...” Medidas Básicas de Prevenção à Poeira Prevenção Deve-se considerar estágio de planejamento das instalações e processos de trabalho, ou seja, com a antecipação dos riscos. O local de trabalho e as atividades desenvolvidas devem ser planejados de modo que a exposição à sílica livre cristalina seja evitada ou mantida a um mínimo aceitável. As mesmas considerações devem ser aplicadas na introdução de novos processos ou nas modificações dos antigos. A silicose é prevenida evitando a exposição e inalação de poeiras finas contendo sílica livre cristalina. Isto pode ser alcançado através de medidas que visem: evitar o uso de materiais que contenham sílica livre cristalina, prevenir ou reduzir a formação e disseminação de poeira no local de trabalho, ou, evitar que os trabalhadores inalem a poeira. Medidas de Prevenção e Controle Prevenção primária deve seguir a seguinte hierarquia de controles: na fonte na trajetória de transmissão no trabalhador Deve ser lembrado que práticas de trabalho adequadas e seguras contribuem, ou são mesmo indispensáveis, para qualquer ação preventiva. Ordem de Prioridade Eliminar a exposição não usando sílica ou usando-a nas menores quantidades possíveis e de forma que ninguém se exponha; Quando não se pode eliminar completamente a exposição á sílica livre cristalina, então controlar ou minimizar a emissão de poeira para o ar; Se não for possível controlar a exposição à sílica livre cristalina por qualquer método, então fornecer equipamentos de proteção respiratória para os trabalhadores e outras pessoas que necessitem circular pela área, se necessário. Controle na fonte O processo de produção O material contendo sílica como constituinte tóxico As práticas de trabalho Controle na fonte O processo de produção deve ser modificado aplicando-se métodos que gerem menos poeira. É necessário avaliar todos os efeitos da mudança, levando em conta outros riscos introduzidos com a modificação, efeitos no desempenho do produto e, particularmente, efeitos à saúde. Devem ser estudadas maneiras de reduzir a geração de poeira. Controle na fonte Métodos úmidos são conhecidos por causarem menos exposição à poeira que os métodos secos. Nos processos de britagem e perfuração é mais eficiente manter a poeira úmida no ponto de geração do que tentar capturar a poeira liberada ao ar do ambiente. É necessário planejar o tratamento e o descarte adequado de todo o efluente líquido contaminado segundo as normas ambientais. Enclausuramento e Ventilação O enclausuramento consiste na colocação de uma barreira física entre a poeira contendo sílica e o trabalhador, por exemplo, isolando o processo como em uma caixa. Nas operações de manutenção e limpeza os trabalhadores designados para essa tarefa deverão portar equipamentos de proteção individual (EPI). Paradas não planejadas, que obriguem os trabalhadores a abrirem o enclausuramento, devem ser previstas. Enclausuramento e Ventilação Ventilação local exaustora é a remoção dos contaminantes do ambiente, próximo de sua fonte de geração ou liberação, antes que possam se espalhar e alcançar a zona respiratória do trabalhador. É necessário garantir que o fluxo de ar seja suficiente e seu sentido apropriado, particularmente onde o processo gera movimentação do ar. O projeto dos sistemas de ventilação deve levar em conta a necessidade de limpeza, o que pode envolver a exposição do pessoal de manutenção, e o desgaste devido ao efeito abrasivo da poeira. Enclausuramento e Ventilação É essencial que se garanta um programa continuado e eficaz de inspeção e manutenção para que os sistemas de ventilação continuem a trabalhar como planejado e que trabalhadores sejam adequadamente informados e treinados sobre seu uso. É necessário garantir que a ventilação não arraste o ar contaminado para trabalhadores mais distantes da fonte e que a poeira contendo sílica não seja descarregada para o ambiente geral pelo sistema de exaustão. Os dispositivos de exaustão não devem permitir a descarga de poeira contendo sílica para o ambiente externo ou sua recirculação para o local de trabalho. Práticas de Trabalho O cuidado na transferência de materiais, a velocidade de trabalho e a postura corporal do trabalhador para execução de sua tarefa. A limpeza utilizando vassoura e ar comprimido devem ser proibidas. As refeições devem ser realizadas em área restrita e especialmente designada para essa finalidade. Cuidados pessoais, como lavar mãos, rosto e cabelos, antes de comer e após o trabalho são medidas importantes sempre que há contaminação por poeira. Os trabalhadores devem ser adequadamente informados sobre os riscos da exposição à poeira contendo sílica, as medidas de controle e os resultados do monitoramento da exposição. Medidas Pessoais Todas as tentativas devem ser feitas para evitar ou minimizar a exposição por outros métodos antes de recorrer ao equipamento de proteção individual A poeira não controlada pode se espalhar e afetar trabalhadores que estão distantes da tarefa e por isso não usam o proteção respiratória O equipamento de proteção respiratória (EPR) é falível, e pode não dar a suposta proteção, além de não oferecer nenhuma proteção ambiental. EPR deve ser limpo diariamente e conservado em boas condições de uso para permanecer eficaz, o que freqüentemente faz dele uma opção cara. Manutenção deficiente torna qualquer EPR ineficaz. Medidas Pessoais Há algumas operações, como limpeza e manutenção, onde o EPR é a única medida de controle possível; Equipamento deve ser selecionado por pessoal treinado, levando em conta o tipo de poeira a que o trabalhador está exposto, a proteção do respirador, a natureza do trabalho, a exposição esperada e as características faciais do usuário; Trabalhadores, supervisores e pessoal de manutenção devem ser treinados adequadamente no uso, manutenção e limitações do EPR; As tarefas para as quais o EPR é prescrito devem ser periodicamente reavaliadas para se verificar se outras medidas de controle se tornaram aplicáveis. Medidas Pessoais As roupas dos trabalhadores não devem permitir o acúmulo de poeira; bolsos e recorte devem ser evitados. A lavagem de roupas contaminadas com poeira contendo sílica deve ser feita de maneira segura, sob condições controladas, nunca na casa dos trabalhadores para não expor os familiares ao risco da exposição indireta à sílica livre cristalina. PNEUMOCONIOSES Principal mecanismo de controle : modificações de processo de trabalho e/ou medidas de Higiene do Trabalho* Diagnóstico precoce : RX periódico em expostos: resultar no afastamento imediato da exposição nos que apresentarem alterações compatíveis com a doença Doença irreversível, com sintomas geralmente tardios * Programa de Proteção Respiratória, FUNDACENTRO, 1995 Vigilância em Saúde Somente pode detectar precocemente, mas não prevenir primariamente a silicose. Vigilância em expostos a poeiras NR7 Dez/94 Poeiras fibrogênicas RX tórax OIT: admissional e anual Espirometria: admissional e bienal Poeiras não fibrogênicas RX de tórax OIT: admissional e trienal (exposição <15 anos); bienal (exposição > 15 anos) Espirometria: admissional e bienal Aerossóis fibrogênicos e não fibrogênicos: Algranti J Pneumol v22, n1, 1996 fim
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