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Direito Civil - Contratos (Master)

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CONTRATOS
CONCEITO DE CONTRATOS
Contrato é fonte de obrigação. Fonte é o fato que dá origem a esta, de acordo com as regras de direito. Os fatos humanos que o Código Civil brasileiro considera geradores de obrigação são: 
os contratos; 
as declarações unilaterais da vontade; e 
os atos ilícitos, dolosos e culposos. 
Como é a lei que dá eficácia a esses fatos, transformando-os em fontes diretas ou imediatas, aquela constitui fonte mediata ou primaria das obrigações. E a lei que disciplina os efeitos dos contratos, que obriga o declarante a pagar a recompensa prometida e que impõe ao autor do ato ilícito o dever de ressarcir o prejuízo causado. Há obrigações que, entretanto, resultam diretamente da lei, como a de prestar alimentos (CC, art. 1.694), a de indenizar os danos causados por seus empregados (CC. art. 932, III), a propter rem imposta aos vizinhos etc.
O Código Civil de 2002 disciplina vinte espécies de contratos nominados (arts. 481 a 853) e cinco de declarações unilaterais da vontade (arts. 854 a 886 e 904 a 909), Contém ainda um título referente às obrigações por atos ilícitos (Da Responsabilidade Civil, arts. 927 a 954). Começaremos o estudo pelo contrato, que é comumente conceituado, desde Beviláqua, como o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui o mais expressivo modelo de Negocio Jurídico. 
EVOLUÇÃO DO DIREITO CONTRATUAL
A partir dos últimos anos do século passado, apareceu na doutrina uma tendência a reviver a velha cláusula rebus sic stantibus, que se foi consolidar através da moderna teoria da imprevisão.
Segundo esta concepção não é mister que a prestação se torne impossível para que o devedor se libere do liame contratual. Basta que, através de fatos extraordinários e imprevisíveis, ela se torne excessivamente onerosa para uma das partes. Isso ocorrendo, pode o prejudicado pedir a rescisão do negócio.
No Brasil não se encontra texto expresso abraçando genericamente a teoria da imprevisão. Mas é inegável que ela inspirou o legislador na elaboração de alguns preceitos esparsos.
No direito Civil, o contrato está presente não só no Direito das Obrigações com também no Direito Empresa, no Direito das Coisas (transcrição, usufruto, servidão, hipoteca etc.), no Direito de Família (casamento) e no Direito das Sucessões (partilha em vida). Trata-se de figura jurídica que ultrapassa o âmbito do Direito Civil, sendo expressivo o número de contratos de direito público hoje celebrados. O contrato tem uma função social, sendo veículo de circulação da riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista. O Código Civil de 2002 tornou explícito que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato,- implicando os valores primordiais da boa-fé e da probidade (arts. 421 e 422).
NOÇÃO DE CONTRATOS
Dentro da teoria dos negócios jurídicos, é tradicional a distinção entre os atos unilaterais e os bilaterais. Aqueles se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de uma das partes, enquanto estes dependem da coincidência de dois ou mais consentimentos. Os negócios bilaterais, isto é, os que decorrem de acordo de mais de uma vontade, são os contratos. Portanto, o contrato representa uma espécie do gênero negócio jurídico. E a diferença específica, entre ambos, consiste na circunstância de o aperfeiçoamento do contrato depender da conjunção da vontade de duas ou mais partes.
“O contrato é o acordo das vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito”.
Em face de tal conceito, o âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao direito das obrigações, estendendo-se aos outros ramos do direito privado e mesmo ao direito público. Todavia uma parte considerável da doutrina procura limitar o conceito de contato, em sentido estrito, aos ajustes que constituam, regulam ou extinguam relações patrimoniais.
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
O contrato exerce uma função e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida dos negócios. É o instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes. Defluindo da vontade das partes, ele só se aperfeiçoa quando, através da transigência de cada um, alcançam os contratantes um acordo satisfatório a ambos.
O contrato vai ser o instrumento imprescindível e o elemento indispensável à circulação dos bens. E não há exagero em se dizer que o direito contratual foi um dos instrumentos mais eficazes da expansão capitalista em sua primeira etapa.
FUNDAMENTO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
Uma vez ultimado, o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo obrigacional entre elas, algumas legislações vão a ponto de afirmar que as convenções legalmente firmadas transformam-se em lei entre as partes.
O homem deve manter-se fiel às suas promessas, em virtude da lei natural que compele a dizer a verdade. Pode calar-se ou falar. Mas, se fala, e falando promete, a lei o constringe a cumprir tal promessa. A seu ver só esse sistema consegue explicar de maneira satisfatória a gênese contratual.
Com efeito é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato. E o faz compelir aquele que livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, assegurar as relações assim estabelecidas.
O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais da vontade. Se estas se externarem livre e conscientemente, se foram obedecidas as prescrições legais a lei as faz obrigatórias, impondo a reparação das perdas e danos para a hipóteses de inadimplemento
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS E PRESSUPOSTOS DA VALIDADE DO CONTRATO
São elementos constitutivos do ato jurídico:
a vontade manifestada através da declaração;
a idoneidade do objeto;
a forma, quando se substância do ato.
Verificamos, também, constituírem seus pressupostos de validade:
a capacidade das partes e sua legitimação para o negócio;
a liceidade do objeto;
a obediência à forma, quando prescrita em lei.
O fator novo, elementar ao conceito, é a coincidência de vontades, ou seja, o acordo entre dois ou mais participantes da convenção.
Os requisitos ou condições de validade dos contratos, portanto, são de duas espécies: 
De Ordem Geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104); 
De Ordem Especial, específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo de vontades.
A capacidade dos contratantes é, pois, o primeiro requisito (condição subjetiva) de ordem geral para a validade dos contratos. Estes serão nulos (art. 166, I) ou anuláveis f art. 171, I), se a incapacidade, absoluta ou relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência.
O objeto do contrato há de ser lícito, isto é, não atentar contra a lei, a moral ou os bons costumes (condição objetiva). Quando é imoral, os tribunais por vezes aplicam o princípio de direito segundo o qual ninguém pode valer-se da própria torpeza (nemo auditurpropriam turpitudinem allegans). Tal princípio é acolhido pelo legislador nos arts. 150, que trata do dolo ou torpeza bilateral, e 883 do Código Civil, que proíbe a repetição do pagamento feito para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Além de lícito, o objeto do contrato deve ser, também, possível, determinado ou determinável. Com efeito, o art. 166, II, do Código Civil, declara nulo o negócio jurídico quando for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto. A impossibilidade da prestação pode ser física ou jurídica. A primeira é a que emana de leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, atingir a todos, indistintamente (p. ex., a de colocar a água dos oceanos em um copo d'água). A relativa, que atinge o devedor mas não outras pessoas, não constituiobstáculo ao negócio jurídico (CC, art. 106). Impossibilidade jurídica do objeto ocorre quando o ordenamento proíbe negócios a respeito de determinado bem, como a herança de pessoa viva (CC, art. 426), as coisas fora do comércio etc. A ilicitude do objeto é mais ampla, pois abrange os contrários à moral e aos bons costumes. O objeto do contrato, por fim, deve ter algum valor econômico. Um grão de areia, por exemplo, não interessa ao mundo jurídico, por não suscetível de apreciação econômica.
O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma (forma dat esse rei, ou seja, a forma dá ser às coisas). Deve ser a prescrita ou não defesa em lei. Em regra, a forma é livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular (CC, art. 107). Em alguns casos a lei reclama também a publicidade, mediante o sistema de Registros Públicos (CC, art. 221).
O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111). Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença. É o que ocorre na atual Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91), cujo art. 13 prescreve que a sublocação e o empréstimo do prédio locado dependem de consentimento, por escrito, do locador. Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita, que se infere da conduta do agente. Nas doações puras, por exemplo, muitas vezes o donatário não declara que aceita o objeto doado, mas o seu comportamento (uso, posse, guarda) demonstra a aceitação. O silêncio pode ser interpretado como manifestação-tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (CC, art. 111), e, também, quando a lei o autorizar, como nos arts. 539 (doação pura), 512 (venda a contento), 432 (praxe comercial) etc., ou, ainda, quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato. Nesses casos o silêncio é considerado circunstanciado ou qualificado.
Como o contrato, por definição, é um acordo de vontades, não se admite a existência de autocontrato ou contrato consigo mesmo. O que há na realidade, são situações que se assemelham a contrato dessa natureza, como ocorre no cumprimento de mandato em causa própria, previsto no art. 685 do Código Civil, em que o mandatário recebe poderes para alienar determinado bem, por determinado preço, a terceiros ou a si próprio. Na última hipótese, aparece apenas uma pessoa ao ato da lavratura da escritura, mas só aparentemente, porque o mandatário está ali também representando o mandante. Este, quando da outorga da procuração, já fez uma declaração de vontade. Preceitua a Súmula 60 do STJ: "É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste". A razão é que tal situação configura modalidade de contrato consigo mesmo. A propósito, preceitua o art. 117 do novo Código Civil: “Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negocio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo”.
NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO
Você pode afirmar que contrato é um Negócio Jurídico Bilateral, quanto à formação, i.e., para o contrato apresentar existência, há necessidade da manifestação de duas ou mais vontades. 
Então, é negócio jurídico bilateral, porque precisa de duas ou mais vontades para formar o contrato, senão ele nem terá existência.
PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL
Trabalhando com os princípios contratuais, são vários princípios.
	
1. Princípio Da Autonomia Da Vontade:
Consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que s e submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral, ou não o contradigam. Desse modo, qualquer pessoa capaz pode, através da manifestação de sua vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que a lei empresta validade.
CAIO MÁRIO afirma que ele se apresenta em duas etapas, i.e., é um princípio que vai se apresentar em duas etapas:
1ª Etapa - diz respeito à escolha das partes contratantes, então é a liberdade de escolher o seu parceiro contratual. Então, por exemplo, é a escolha de com quem você vai celebrar uma compra e venda. Ou digamos num contrato onde a prestação ato sexual é a escolha do parceiro, literalmente (risos). A primeira etapa é essa, a de escolher quem vai celebrar o contrato contigo. 
2ª Etapa - é a deliberação sobre o conteúdo contratual. 
Então, primeiramente você escolhe o parceiro contratual e depois você vai escolher, vai deliberar sobre o conteúdo do contrato. São duas etapas. Olha, só, são duas etapas não necessariamente nesta ordem, até porque se você for aplicar, literalmente, esta ordem, primeiramente você vai escolher ‘quer celebrar o contrato comigo?’, ‘vamos escolher qual tipo de contrato?’. Isto é ilógico, né. Não há ordem nestas etapas.
	
Portanto, o princípio da autonomia da vontade se desdobra em dois outros a saber: 
princípio da liberdade de contratar ou não contratar; 
princípio da liberdade de contratar aquilo que pretender.
De acordo com o Princípio da Autonomia da Vontade, ninguém é obrigado a se ligar contratualmente, só o fazendo se assim lhe aprouver. E ainda: qualquer pessoa capaz pode recorrer a qualquer procedimento lícito para alcançar um efeito jurídico almejado.
	
limitação na idéia de ordem pública, pois, cada vez que o interesse individual colide com o da sociedade, é o desta última que deve prevalecer.
A idéia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares.
As normas legais se classificam em princípios cogentes ou de ordem pública e princípios dispositivos. Enquanto aqueles, por interessarem diretamente à estrutura da sociedade, ou à política jurídica estabelecida pelo legislador, não podem ser alterados pelo ajuste entre as partes. Estes outros só vigoram no silêncio dos interessados, podendo, por conseguinte, ser superados pela vontade em contrário dos contratantes.
O princípio da autonomia da vontade esbarra sempre na limitação criada por lei de ordem pública. Esbarra, igualmente, na noção de bons costumes, ou seja, naquelas regras morais não reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo social e constituem o substrato ideológico inspirados do sistema jurídico.
A noção de ordem pública e o respeito aos bons costumes constituem, por conseguinte, barreiras limitadoras da liberdade individual em matéria de contrato.
Bom, o princípio da autonomia da vontade apresenta várias exceções. Posso citar, aqui, rapidamente quatro:
Exceções derivadas de normas cogentes – não pode uma parte alterar norma cogente, quer dizer, não podem as partes do contrato violar uma norma cogente. Alguns falam em Normas de Ordem Pública, alguns fazem esta distinção. Mas os civilistas não são muito técnicos nesta distinção de norma cogente e norma de ordem pública. Acaba usando estes vocábulos como sinônimos. Então, por exemplo, eu não posso celebrar um contrato, digamos de locação com ele, alegando o seguinte: ‘mesmo que você não pagar o alugueis por cinco anos, você está renunciando, previamente, a prescrição que te favorece.’. Então, não podem as partes, mesmo se tiverem vontade, em argüir com essa cláusula, porque sabe quevai pagar corretamente, de forma que essa cláusula para ele fosse inoperante, mas essa cláusula não tem validade alguma, é nula, porque ninguém pode renunciar previamente uma prescrição não consumada ainda. Só pode haver renúncia a prescrição após a sua consumação. O que se veda é a renuncia prévia a prescrição. Sabe qual a razão, é lógica, porque se não houvesse proibição da renúncia prévia, tudo que é contrato de locação, relação de consumo, teria essa cláusula padronizada, que o devedor já está renunciando a prescrição que lhe favorece, previamente. Isto é inadmissível, porque prescrição é norma de ordem pública, que não podem ser alterada entre as partes, não pode ser objeto de renúncia prévia. Isto está no art.191 do ncc, cuja a redação é a mesma do código antigo, a única diferença é que no código antigo tinha duas partes e o novo código evita trabalhar com duas partes, com dois parágrafos, no caso. Então, vejam só, art.191 NCC: “ A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.”. Então, a primeira exceção é essa, normas cogentes ou normas de ordem pública.
Exceção aos Bons Costumes - como salienta ARNALDO RIZARDO e, principalmente, ORLANDO GOMES. Os bons costumes, também representam uma exceção a tal princípio. O exemplo a ser citado, que acabei de falar agora, a prestação sexual. É um contrato que a rigor é lícito, porém é imoral. 
Exceção a Função Social do Contrato - O que seria função social do contrato? Gente, função social do contrato é a necessidade da atuação estatal para evitar o desequilíbrio contratual notadamente nos contratos de adesão. Então, é a intervenção estatal, digamos assim, para evitar o desequilíbrio dos contratos. Para evitar o abuso, a lesão, por exemplo, a lesão é exemplo de intervenção do Estado, na parte contratual. É um exemplo de que o contrato deve atender a função social. Veda essa cobrança de juros excessivos, veda-se a cobrança de prestação manifestamente desigual. Então, essa função social se faz necessária, para que o contrato passe a apresentar equilíbrio entre as partes, já que o contrato é a principal fonte de circulação de riqueza. Então,o contrato deve atender a igualdade/isonomia. E o Estado vai acabar apresentando uma forma de limitar o abuso contratual. Exemplo são essas Portarias da SDE, que vimos hoje, a 03, 04 e a 03 novamente, de 2001, essas três Portarias que vimos na aula de hoje, se aplica a relação de consumo, não se aplica a qualquer contrato, apenas se derivar de uma relação de consumo, mas que elas objetivam limitar cláusulas abusivas, tornando o contrato mais justo, mais equilibrado, mais social.
Exceção ao Princípio da Boa Fé Objetiva - Então, por exemplo, eu a escolhi como parceira contratual num contrato de locação: eu locador, ela locatária. Atendemos a primeira fase da autonomia da vontade. A segunda fase é o conteúdo desse contrato: como vai ser feito a locação, quantos meses, qual a finalidade da locação, se residência, se temporada ou não residencial. Aí eu coloco aquela cláusula que afasta a indenização de benfeitorias. Nesse caso, estou aí trabalhando com a autonomia da vontade – ela concordou, já que não tinha outro jeito – só que ao mesmo tempo, eu estou violando a Boa-fé objetiva no que tange às obras necessárias, coisa que já vimos em sala de aula. Obras necessárias são sempre indenizáveis, haja o que houver. Até se a posse for de má-fé a obra necessária é a única a ser indenizada. Posse de má-fé,sei que o imóvel pertence a ela, invado o imóvel, no peito e na raça, invado a casa dela, reformo o telhado, que tem infiltração, vai estragar o meu escudo. Então, me dou ao requinte de consertar o telhado, uma obra necessária. Mesmo estando de má-fé, eu serei indenizado. Então, a ratio legis é sempre indenizar, pelo menos, a obra necessária. Isto aí é uma posição que está crescendo cada vez mais. Então, nesse momento em que eu afasto as obras necessárias, inclusive, de qualquer indenização, qual é a conseqüência? Estou trabalhando com o princípio da autonomia da vontade, mas estou abusando do conteúdo contratual. Então, a boa-fé objetiva ela vai limitar a autonomia da vontade. Não é que ela vai acabar com a autonomia da vontade, ela apenas vai limitar a autonomia da vontade, uma vez que a minha conduta como locador deve ser a mais honesta possível, por isso ela torna-se previsível. Esta cláusula é uma cláusula desonesta.
Vamos supor que o posseiro invada o terreno que não tem nada, constrói casa, e depois o dono do terreno descobre e quer o terreno de volta. Terá que pagar indenização? Depende. A casa você trabalha com Acessão. Como você trabalha com acessão, você trabalha com os artigos 1259 (?). A casa já não é benfeitoria, é acessão, então tem regra própria. Se fosse obra do telhado, teria que indenizar, agora se construir uma casa, você vai do art.1253 a 1259. Aí depende, se a posse é de boa-fé ou má-fé. Digamos que você invadiu o terreno e construiu a casa. Tem que analisar se a posse é de boa-fé ou de má-fé. Vamos supor que ela é de má-fé, porque eu já tinha ciência que ali já existia um proprietário, com a certidão do RGI. Então, se trabalha aí com a boa-fé subjetiva, se sabia má-fé, senão sabia, boa-fé. Mesmo sendo posse de má-fé, eu vou lá e edifico uma casa – uma acessão. Aí você ingressa com a ação possessória ou reivindicatória, para reaver esse bem, logra êxito. 
Eu posso pedir, em contestação, indenização? Depende. Se posse era de má-fé, a acessão não é indenizável e ainda posso ser obrigado a colocar o bem no estado anterior – demolir a casa e entregar o imóvel sem qualquer edificação. Só que o juiz entendeu que a aplicação literal desse dispositivo nem sempre é razoável, porque você vai destruir algo que pode ser útil. Existe um princípio que é o Princípio da Preservação das Obras Edificadas. É um princípio setorial. Mas, literalmente, se provar que a minha posse é de má-fé, você pode até me obrigar a demolir a casa, devolver o imóvel sem a casa. Se a minha posse, por outro lado, é de boa-fé, eu tenho direito de ser indenizado. Se posso exercer direito de retenção ou não, há uma controvérsia. 
Agora, o novo código trabalha com a Acessão Invertida. Se a minha casa edificada tiver valor excessivo, mais do que o terreno, eu não irei devolver a casa, mas irei pagar o valor do terreno. Então, o que você tenta trabalhar é com o Princípio da Boa-fé Subjetiva, Principio da Preservação das Obras Edificadas e o Princípio da Principalidade do Solo – quem sustenta isso é SANTIAGO DANTAS. Então, há o princípio da Boa-fé subjetiva, principio da preservação das obras edificadas e principio da principalidade do solo. Então, por exemplo, se construo uma casa no seu terreno, prevalece que você é o proprietário da casa, porque o terreno era seu. Se eu tiver de boa-fé, tenho direito de ser indenizado pela casa, terei de devolver, mas tenho direito a ser indenizado. Se a casa tiver valor acima do terreno, você trabalha com a chamada Acessão Invertida, a casa é minha, o terreno é meu, mas eu tenho que te pagar o terreno. Ou seja, o terreno passa a ser bem acessório e a casa passa a ser o bem principal. Então, em casa, com calma, leiam os arts.1252 a 1259. lembrando que muita coisa mudou aqui, lembrando que o NCC contempla, expressamente, o instituto da acessão invertida.
E a questão de controle estatal em normas dispositivas, como ocorre no art. 35 da Lei do inquilinato? Olha só, a princípio, o art.35 da Lei do Inquilinato é norma dispositiva, porque fala ‘salvo disposição em contrário’. A crítica é que ao você interpretar norma dispositiva, onde não há caráter de ordem pública, onde não há interesse social, o interesse é meramente privado, questão patrimonial, se a obra vai ser paga ou não, ao você admitir isso, você estaria, em contrapartida, consagrando o enriquecimento sem causa. Aí surge a posição pretorianae hoje doutrinária, também, em que há razão, nesse princípio que surgir de forma violada, a norma deixa de ser dispositiva e passa a ser cogente.
Mas e a expressão ‘salvo disposição em contrário’? No início ‘salvo disposição em contrário’, então, se você interpretar apenas literalmente a norma é dispositiva, isto é inegável, certo, é a posição que prevalece. Mas assume uma corrente que fala se você entender que ela é dispositiva em relação às obras necessárias, você vai provocar o enriquecimento sem causa, que é o Princípio Geral do Direito, e aí está a norma de ordem pública. Então, se você quer responder com exatidão, em relação às benfeitorias úteis e voluptuárias, é norma dispositiva, em relação às benfeitorias necessárias, a norma é cogente. Mas isso é altamente controvertido, ta. 
Então, vimos aí há quatro exceções ao principio da autonomia da vontade e uma dessas exceções, que é a função social do contrato, que já caiu na prova do BNDES – parece que caiu até em questão dissertativa, parte da tarde. Ronald Sharp já foi advogado do BNDES. 
Essa função social dos contratos está no art.421 do NCC. Então, ‘liberdade de contratar’, o que é isso? Principio da autonomia da vontade, é uma limitação expressa ao princípio da autonomia da vontade. 
Vejam só o art.422 que trata da boa-fé objetiva.. Então, de certa forma, temos aí a boa-fé objetiva, que vai limitar, também, a autonomia da vontade.
2. Princípio da Relatividade dos Contratos:
Contém a idéia de que os efeitos do contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando nem prejudicando terceiros. Como o vínculo contratual emana da vontade das partes, é natural que terceiros não possam ficar atados a uma relação jurídica que lhes não foi imposta pela lei, nem derivou de seu querer.
Por conseguinte, tal princípio representa um elemento de segurança, a garantir que ninguém ficará preso a uma convenção, a menos que a lei o determine, ou a própria pessoa o delibere.
A exceção que existe é na estipulação em favor de terceiro. É no contrato de seguro, onde o beneficiário – pessoa que vai ser beneficiada com o premio – é pessoa alheia a relação jurídica. Então, na estipulação a favor de terceiro temos uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos. O contrato celebrado entre a pessoa física e a seguradora, vai produzir efeitos favoráveis a pessoa alheia aquela relação jurídica contratual, que é o beneficiário. Então, é uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos (art. 436 a438 do NCC). Assim como as convenções coletivas de trabalho, aonde os acordos feitos pelo sindicato beneficiam toda uma categoria. 
3. O Princípio da Força Vinculante Das Convenções:
Consagra a idéia de que o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, se torna obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por outra avença, em tal sentido. Isto é, o contrato vai consistir uma espécie de lei privada entre as partes, adquirindo força vinculante igual à do preceito legislativo, pois vem munido de uma sanção que decorre da norma legal, representada pela possibilidade de execução patrimonial do devedor - Pacta sunt servanda.
Tem por fundamentos: 
A necessidade de Segurança nos Negócios (Função Social dos Contratos), que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando a balburdia e o caos
A intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz a lei entre as partes (Pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem pelo Juiz.
O princípio da obrigatoriedade das convenções encontra um limite na regra de que a obrigação se extingue, se vier a se impossibilitar por força maior ou caso fortuito (art. 393 do NCC).
Este princípio é sempre citado pelos fornecedores, naquela afirmação que acho grotesca, de que celebrou o contrato porque quis, azar o seu. Basicamente é isso que eles alegam em contestação ou fase recursal, que o contrato vale como ouro, aquilo que está ali expresso tem que ser cumprido e o contrato vale mais que qualquer outra coisa. Até comentei com vocês, uma vez, cheguei a fazer um agravo, naquela questão do dólar, onde o agravante juntou nas razões recursais, falando que a melhor doutrina – quer era ele próprio – assim sustentava. Eu achei uma tremenda falta de senso, quer dizer a melhor doutrina é a minha, porque foi isso que ele quis falar. Eu disse na resposta do agravo que na verdade a melhor doutrina sustenta outra coisa, de que a pacta sunt servanda não é um princípio absoluto, que assim como o princípio da autonomia da vontade, sofre exceções, com caso fortuito, força maior, imprevisão, lesão, base objetiva do negócio jurídico, estado de perigo, boa-fé objetiva, são mais de dez exceções ao princípio da pacta sunt servanda. Além dessas quatro que comentei com vocês agora, temos aí a lesão, a imprevisão, base objetiva do negócio jurídico, estado de perigo. 
Vejam só o exemplo de estado de perigo: a promessa de recompensa – a pessoa que está se afogando diz: ‘se você me salvar vou te dar toda minha fortuna’, isso na presença de várias pessoas. ‘Se você me salvar do naufrágio, vou te dar toda minha fortuna’. Esse é o exemplo teórico, clássico, citado por todos. Pode ser tanto contrato verbal, mediante estado de perigo, aplica-se a pacta sunt servanda? Ele terá que doar toda fortuna que ele tem? Claro que não. Então, o estado de perigo é uma exceção a pacta sunt servanda. Assim como as quatro exceções que nós vimos agora pouco, lá no princípio da autonomia da vontade.
4. Princípio da Boa-fé Objetiva:
Exige que as panes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante u formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio de direito segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé, devendo a má-fé, ao contrário, ser provada por quem a alega. Preceitua o art. 422 do novo Código Civil que "os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, corno em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé".
BRUNO LEVICH tem um texto sobre boa-fé objetiva, texto esse muito adequado, por isso eu falo na posição dele toda hora. Ele é quem fala que a Boa-fé objetiva vai vincular a atividade privada; a atividade privada tornar-se-á previsível, de acordo com a honestidade mediana. É a posição do Bruno Levich, texto no livro de Tepedino (capa vermelha). 
Obs: O Princípio da Transparência e o Princípio da Vedação aos Atos de Ruína, decorrem da Boa-fé objetiva, que é o princípio normogenético, ta. Fica para pesquisa: 
O que é Princípio Normogenético? Onde achar isso? No livro do Tepedino, no texto do professor Maurício Rotan (?) – professor da Candido Mendes.
5. Princípio da supremacia da ordem pública:
Limita o da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse público. Resultou da constatação, feita no início do século passado e em face da crescente industrialização, de que a ampla liberdade de contratar provocava desequilíbrios e a exploração do economicamente mais fraco. Em alguns setores fazia- se mister a intervenção do Estado, para restabelecer e assegurar a igualdade dos contratantes. Surgiram os movimentos em prol dos direitos sociais e a defesa destes nas encíclicas papais. Começaram, então, a ser editadas leis destinadas a garantir, em setores de vital importância, a supremacia da ordem pública, da moral e dos bons costumes, podendo ser lembradas, entre nós, as diversas leis do inquilinato, a Lei da Usura, a Lei da Economia Popular, o Código de Defesa do Consumidor e outras. A intervenção do Estado na vida contratual é, hoje, tão intensa em determinados campos (telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro etc.) que se configura um verdadeiro dirigismo contratual.
6. Princípio do consensualismo:
Decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentementeda entrega da coisa. A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482). O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto constituem outra fase, a do cumprimento das obrigações assumidas pelos contraentes (CC, art. 481). Os contratos são, em regra, consensuais. Alguns poucos, no entanto, são reais (do latim rés: coisa), porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subseqüente ao acordo de vontades. Este, por si, não basta. O contrato de depósito, por exemplo, só se aperfeiçoa depois do consenso e da entrega do bem ao depositário. Enquadram-se nessa classificação, tam​bém, dentre outros, os contratos de comodato e mútuo.
7. Princípio da revisão dos contratos (ou da onerosidade excessiva):
Opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações. Originou-se na Idade Média, mediante a constatação, atribuída a Neratius, de que fatores externos podem gerar, quando da execução da avença, uma situação muito diversa da que existia no momento da celebração, onerando excessivamente o devedor. A teoria recebeu o nome de rebus sic stantibus, e consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.), que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
Depois de permanecer longo tempo no esquecimento, a referida teoria foi lembrada no período da l Guerra Mundial de 1914 a 1918. que provocou um desequilíbrio nos contratos de longo prazo. Alguns países regulamentaram a revisão dos contratos em leis próprias. Na França, editou-se a Lei Faillot, de 21 de janeiro de 1918. Na Inglaterra, recebeu a denominação de Frustration of Adventure. Outros a acolheram em seus Códigos, fazendo as devidas adaptações às condições atuais. Entre nós, foi adaptada e difundida por Amoldo.Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão, em sua obra Casofortuito e teoria da imprevisão. Em razão da forte resistência oposta à teoria revisionista, o referido autor incluiu o requisito da imprevisibilidade, para possibilitar a sua adoção. Assim, não era mais suficiente a ocorrência de um fato extraordinário, para justificar a alteração contratual. Passou a ser exigido que fosse também imprevisível. E por essa razão que os tribunais não aceitam a inflação como causa para a revisão dos contratos. Tal fenômeno é considerado previsível entre nós.
O Código Civil de 1916;não regulamentou expressamente a revisão contratual. Porém, o principio que permite a sua postulação em razão de modificações da situação de fato foi acolhido em artigos esparsos, como o 403, que permitia o ajuizamento de ação revisional de alimentos, se sobreviesse mudança na fortuna de quem os supria, podendo ser ainda lembrados, como exemplos, os arts. 954 e 1.058 do mesmo diploma. Na realidade, a cláusula rebus sic stantibus e a teoria da imprevisão eram aplicadas entre nós somente em casos excepcionais e com cautela, desde que demonstrados os seguintes requisitos: 
vigência de um contrato comutativo de execução diferida ou de trato sucessivo; 
ocorrência de fato extraordinário e imprevisível; 
considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração; 
onerosidade excessiva para um dos contratantes e vantagem exagerada para o outro. 
Em linha geral, não se aplicam aos contratos aleatórios, porque envolvem um risco, salvo se o imprevisível decorrer de fatores estranhos ao risco próprio do contrato. O Código de 2002 dedicou uma seção, composta de três artigos, à resolução dos contratos por onerosidade excessiva. Dispõe, com efeito, o art. 478 que "nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação". A resolução poderá ser evitada, ''oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato" (art. 479). Os requisitos exigidos, portanto, são os mesmos supra-referidos.
Estatui, ainda, o art. 480 do mesmo diploma que "se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva". O aludido dispositivo permite que o pedido não resulte necessariamente na resolução do contrato, mas se converta em um reajuste eqüitativo da contraprestação. A revisão deve ser escolhida como objetivo preferencial, só admitida pelo juiz a resolução se aquela malograr.
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
Proclama o art. 114 do Código Civil que "os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente". Benéficos ou gratuitos são os que envolvem uma liberalidade: somente um dos contratantes se obriga, enquanto o outro apenas aufere um benefício. A doarão pura constitui o melhor exemplo dessa espécie. Devem ter interpretação estrita porque representam renúncia de direitos. Não só a lei, mas o contrato deve ser interpretado. Muitas vezes a execução exige a interpretação de suas cláusulas, nem sempre muito claras. A vontade das partes exterioriza-se por meio de sinais ou símbolos, dentre os quais as palavras. Nos contratos escritos, a análise do texto (interpretarão objetiva) conduz, em regra, à descoberta da intenção das partes. Parte-se, portanto, da declaração escrita para se chegar à vontade dos contratantes (interpretação subjetiva), alvo principal da operação. Quando, no entanto, determinada cláusula mostra-se obscura, passível de dúvida, e um dos contratantes demonstra que não representa com fidelidade a vontade manifestada por ocasião da celebração da avença, deve-se considerar como verdadeira esta última, pois o art. 112 do Código Civil declara que "nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem". Portanto, o Código Civil brasileiro deu prevalência à teoria da vontade sobre a da declaração.
Dois princípios hão de ser sempre observados, na interpretação do contrato. O primeiro, e o da boa-fé. Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitação foram formuladas dentro do que podiam e deviam eles entender razoavelmente, segundo a regra da boa-fé. Declara o art. 422 do Código Civil que "os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em Mia execução, os princípios de probidade e boa-fé". Esta, portanto, se presume; a má-fé, ao contrário, deve ser provada. Preceitua ainda o ait. 113 do mesmo diploma que "os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração". O segundo princípio é o da conservação do contrato. Se uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade.
Além dos dispositivos já mencionados, o Código Civil contém outros, que também estabelecem regras sobre interpretação de determinados negócios: 
quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorávelao aderente (art. 423); 
a transação interpreta-se restritivamente (art. 843); 
a fiança não admite interpretação extensiva (art. 819); 
sendo a cláusula testamentária suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador (art. 1.899). 
O Código de Defesa do Consumidor tem um único dispositivo sobre interpretação dos contratos: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor" (art. 47). O dispositivo em destaque aplica-se a todos os contratos que tenham por objeto relações de consumo e harmoniza-se com o espírito do referido diploma, que visa à proteção do hipossuficiente, isto é, do consumidor, visto que as regras que ditam tais relações são, em geral, elaboradas pelo fornecedor. Alguns critérios técnicos podem ser observados, no tocante à interpretação dos contratos: 
a melhor maneira de se apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo; 
deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor (princípio da ex​trema ratio) 
as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais; 
nos contratos de adesão, a interpretação das cláusulas duvidosas deve ser feita sempre em favor dos aderentes.
PACTOS SUCESSÓRIOS
Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva (CC, art. 426). Trata-se de regra tradicional e de ordem pública, destinada a afastar os pacta corvina ou votum captandae mortis. A sua inobservância torna- nulo o contrato em razão da impossibilidade jurídica do objeto. O nosso ordenamento só admite duas formas de sucessão causa mortis: a legítima e a testamentária. O dispositivo em questão afasta a sucessão contratual. Apontam-se, no entanto, três exceções: 
é permitido aos nubentes dispor, no pacto antenupcial. a respeito da recíproca e futura sucessão: 
podem os pais. por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes (art. 2.018); 
admite-se a estipulação. no pacto antenupcial, de doações para depois da morte do doador.
FORMAÇÃO DO CONTRATO
1. Introdução: 
O contrato, negócio jurídico que é, tem como substrato elementar a vontade humana. Ao analisá-la, dois momentos distintos podem ser apreciados: um momento subjetivo, psicológico, interno, representado pela própria formação do querer, e um momento objetivo, em que a vontade se reflete através da declaração.
Enquanto não se externa, mantendo-se oculta no espírito do homem, a vontade conserva-se ignorada de todos, não adquirindo, por conseguinte, relevância na vida dos negócios. Somente quando se manifesta de maneira séria, obrigante e definitiva é que vai repercutir no campo do direito, criando relações jurídicas. De maneira que, em rigor, é a declaração da vontade, e não ela própria, que constitui o principal objeto de estudo, neste ensejo.
No geral, existe identidade entre a vontade e a declaração, pois as partes, em regra, conhecem o próprio desejo e o externam de maneira adequada.
2. A Manifestação Da Vontade:
O contrato, definido como ato bilateral, só se aperfeiçoa pela manifestação concordante da vontade dos contratantes. 
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: 
A Proposta e 
A Aceitação. 
A primeira, também chamada ofertei, policitação ou oblação, dá início à formação do contrato e não depende, em regra, de forma especial. E antecedida de uma fase, às vezes prolongada, de negociações preliminares (conversações, estudos), também denominada fase da puntuação. Nesta, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. 
Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente (perda de outro negócio, ou realização de despesas, p. ex.). O fundamento para o pedido de perdas e danos da parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento contratual, mas a prática de um ilícito civil (CC, art. 186).
Lembrando que este momento de formação dos contratos é uma fase pré-contratual. É uma fase prévia ao contrato. E a crítica que é feita é a seguinte, é que o art.422 NCC, que trata da boa-fé objetiva no plano contratual é artigo falho, eis que não trabalha com a boa-fé objetiva na fase pré-contratual. Então, é um artigo que só trata da boa-fé objetiva na fase contratual e na fase pós eficácia contratual, que é fase de execução do contrato. A falha está aí, o art.422 deveria trabalhar, também, com a boa-fé objetiva na fase pré-contratual. Não há qualquer problema maior, porque cabe a doutrina sustentar que a boa-fé objetiva, inclusive na fase pré-contratual, que é a fase da formação dos contratos.
Esta fase, portanto, é uma fase pré-contratual, porque antecede a celebração do contrato.
Forma-se o contrato pelo encontro concordante de duas declarações receptícias. Isso ocorre, portanto, quando a proposta emanada do proponente (também chamado policitante), é aceita pela pessoa a quem foi dirigida, isto é oblato (oblato – pessoa a quem se dirige a proposta).
Todavia em muitos casos, o ajuste entre as partes é conseguido através de laboriosa fase pré contratual, em que os interessados, de transigência em transigência, vão eventualmente chagando a um acordo final. É o que os escritores chamam de período de puntuação. Trata-se em todo o caso, de uma fase de negociações preliminares, de um período pré contratual.
Em rigor, se as partes se encontram ainda na fase de negociações preliminares, por definição mesmo não contrataram, não se havendo estabelecido, entre elas, desse modo, qualquer laço convencional. Pois, se lançaram mão de tais discussões vestibulares, foi justamente para decidir se lhes convinha, ou não, contratar. De maneira que, se no curso do debate uma delas apura o inconveniente do negócio, é justo que dele deserte, recusando-se a prestar sua anuência definitiva. Nenhuma responsabilidade lhe pode daí advir, pois as negociações preliminares ordinariamente não obrigam os contratantes.
Todavia, o abandono das negociações preliminares não pode ser arbitrário e injustificado, estribado no mero capricho de uma das partes. O início da fase de puntuação revela o propósito de contratar e cria, naturalmente, no espírito dos futuros contratantes, uma expectativa legítima de vir a concluir um negócio.
Esta formação dos contratos, é composta, também, por três fases:
1ª Fase – Tratativa
2ª Fase - Proposta.
3ª Fase - Aceitação.
Obs: Utiliza-se o vocábulo no plural: tratativas, já que são atos de ambas as partes. Então, são tratativas.
1ª Fase -Tratativas:
São as soldagens prévias. São as negociações preliminares. Então, você pergunta o preço, a qualidade do objeto, então, são as soldagens. São as informações prévias quanto a forma de pagamento, quanto às qualidades do objeto. Então, por exemplo, quando você solicita a realizar o test drive de um carro, estamos na fase das tratativas, você está analisando a qualidade do produto, através daquele test drive. Não há nenhuma proposta, por enquanto. Essa fase não provoca qualquer vinculação. Logo, não há força obrigatória na fase das tratativas.
2ª Fase - Proposta:
A proposta é a oferta dos termos de um negócio, convidando a outra parte a com eles concordar. Constitui ato jurídico unilateral, por intermédio do qual o policitante convida o oblato a contratar, apresentando desde logo os termos em que se dispõe a fazê-lo. Se o contrato só se aperfeiçoa pelo cruzamento das declarações das partes, verdade é, entretanto, que a mera proposta contém uma declaração séria do policitante. Ora, a força vinculante do contrato provém dessa declaração unilateral de cada uma das partes, que se obrigam a se atam a um negócio, porque assim o declaram.Daí determinar a lei ser a proposta vinculante. Com efeito, dispõe o art. 427 do NCC:
Tal regra se firma na necessidade de assegurar a estabilidade das relações sociais. Com efeito, quem formula uma proposta de negócio provoca uma legítima expectativa junto à pessoa a quem a endereçou. De maneira que a possibilidade de retirar arbitrariamente a oferta representaria uma fonte de insegurança, capaz de causar prejuízo ao outro contratante, que, de boa fé, acreditou na seriedade da proposição a ele apresentada. Por isso, a lei impõe ao policitante o dever de manter sua proposta, sujeitando-o às perdas e danos em caso de inadimplemento.
Apresenta força vinculatória, unilateral, pois vai vincular o Proponente, também chamado, Policitante. Proponente ou policitante, é a pessoa que realiza a proposta. O novo código utiliza vocábulo mais fácil: Proponente. Esta vinculação unilateral, tem base legal no art.427ncc: “ A proposta do contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstancias do caso”. Como assim, como são essas ressalvas? A regra é que a proposta tem força vinculatória unilateral, mas há exceções. Exemplo, como o proponente, o policitante, vai vincular aquela proposta ao número exato de mercadorias. Então, por exemplo, o gravador Panassonic sendo vendido a R$50,00, na loja tal, sem ressalva – proposta válida para 100 produtos ou enquanto durarem os estoques. Esta limitação tem validade, não é clausula abusiva. É uma oferta, da mesma forma que você pode limitar a aquisição por pessoas. Somente uma pessoa poderá comprar o gravador, razão do seu preço estar tão baixo, que só é permitida a compra de uma mercadoria por pessoa. Isto, também, tem validade. Neste caso, a proposta tem força vinculatória, mas pode ter algumas ressalvas. Foram os exemplos que citei aqui.
Todavia hipóteses há em que a proposta deixa de ser obrigatória. Bom, o art.428 do NCC, para tornar explícito, que nem sempre a proposta vincula as partes, traz as hipóteses excepcionais, em que a proposta perderá sua eficácia vinculatória. 
Art. 428, I – “Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante.”
Quando o solicitado reponde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, poderá este retirá-la. Considera-se também presente – aduz o dispositivo em tela – a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante. Presente, portanto, é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum outro meio moderno de comunicação a distancia, e ano só por telefone, e ainda os interlocutores estejam em cidades, estados ou paises diferentes. 
Então, no caso, se a proposta foi feita sem prazo estabelecido e a pessoa está presente – presente é a pessoa que tem contato direto, podendo ser por via telefônica o qualquer outro modo similar. Temos aí um exemplo de interpretação analógica: meio telefônico ou qualquer outra forma similar. Exemplo um a contratação pela Internet. Nosso código usou outro meio similar, já imaginando que outras formas de contratação direta podem surgir. Para evitar a desatualização da norma, coloca-se essa interpretação analógica. Nós já vimos, em sala de aula, a diferença entre interpretação analógica e analogia. Foi logo nas primeiras aulas, quando nós tratamos da LICC – lei de introdução ao código civil. Eu falei a vocês que Interpretação Analógica é um a permissão legal outorgada pelo próprio legislador. É uma autorização que o próprio legislador vai fornecer, porque ele não tem como exaurir todas as hipóteses. É impossível o legislador exaurir as hipóteses. Por isso ele cria um rol exemplificativo de hipóteses: meio telefônico ou qualquer outro meio similar. Citei vários exemplos de interpretação analógica: homicídio qualificado pelo fogo, asfixia ou qualquer outro meio cruel; embriaguez por substancia entorpecente ou qualquer outra forma, até citei o caso de embriaguez por hipoglicemia que já foi atestada. São exemplos de interpretação analógica. E na nossa matéria, direito civil, o melhor exemplo é esse e outro exemplo também, muito adequado, é o art.51, caput, CDC: “São nulas de pleno direito, entre outras: ...”, neste entre outras é mais um caso de interpretação analógica. O legislador sabe que não tem como exaurir todas as hipóteses, ele cria rol exemplificativo, apenas. É o caso aqui. 
Então, a pessoa que contrata por telefone, por Internet, onde o contato é direto, considera-se presente. Fisicamente, não estão no mesmo recinto, porém há conversação direta e as partes são presentes. Então, a primeira exceção em que a proposta perderá sua eficácia vinculatória é quando ela é feita sem prazo pré-determinado para aceitação para pessoa que está presente e a pessoa não apresenta sua posição. Então, considera que a proposta vai perder sua eficácia compulsória, se a pessoa que está presente não apresenta sua aceitação, não se manifesta naquele exato momento. Se a pessoa se manifesta favoravelmente, a proposta continua havendo eficácia obrigatória. Como houve aceitação a eficácia vinculatória passa a ser bilateral. Então, eu falo, vou te vender este gravador por R$100,00, aceita? Eu não falei o prazo para ela recusar. Se ela aceitar, imediatamente, já há plena eficácia obrigatória bilateral, em razão da proposta, em razão da aceitação. Agora, pode ela recusar. Se ela recusar, minha proposta perde totalmente a eficácia vinculatória, eu não estarei mais vinculado, já que houve recusa.
Agora, pode ela ficar omissa e eu não fixei prazo para omissão dela. Então, se ela não responder no presente ato e não havendo prazo de fixação desta proposta, considera-se que a proposta perde eficácia vinculatória. É exatamente a hipótese do inciso I.
Art. 428, II – “Se feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.”
Cuida-se de oferta enviada, por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. O prazo suficiente para a resposta varia conforme as circunstâncias. É o necessário ou razoável para que chegue ao conhecimento do proponente e denomina-se prazo moral. Entre moradores próximos, não deve ser muito longo. Diferente será o entendimento se os partícipes do negócio residirem em locais distantes e de acesso demorado.
Então, é uma proposta feita sem prazo, mas a pessoa não se encontra presente. Então, você vai presumir que a proposta vai perder sua eficácia vinculatória, se a resposta não chegar dentro do prazo moral utilizado no local. 
O que seria prazo moral? É o prazo normal de uma negociação similar. Então, por exemplo, se eu realizo a proposta de vender um gênero alimentício extremamente perecível a pessoa ausente, i.e., não há conversação direta, a proposta deixará de ser obrigatória, quando a proposta não chegar dentro do prazo moral, o prazo normalmente previsto para negociações daquele tipo. Aí você vai analisar, de acordo de local para local, qual é esse prazo moral. Se trabalha, na realidade, nesse inciso II, vocês podem até fazer uma remissão para o artigo, lá na parte geral, art. 113: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”. Então, seria esta parte final ‘... usos do lugar de sua celebração.’. 
Então é o prazo razoável para haver aceitação daquele lugar, envolvendo aquele objeto, envolvendo aquele tipo de contrato. Então, você vai trabalhar com o prazo normal que é utilizado naquela localidade. Observem, gente, que não há norma pré-fixada, porque se o legislador trouxesse padrões objetivos, isso iria levar a equívocos em alguns momentos. Pos isso cabe ao magistrado, casuisticamente, observar se a proposta perdeu ou não sua eficácia vinculatória. Então, a hipótese do inciso II seria interpretada em conjunto com o art.113. 
Art. 428, III – “Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentrodo prazo dado”.
Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Esgotado, sem resposta, estará este liberado.
Então, aqui há prazo prefixado para aceitação e esta chega a destempo. Então, haveria intempestividade da aceitação, razão pela qual, objetivamente, a proposta perderá a sua eficácia vinculatória. Então, aqui, temos um padrão objetivo, quando o proponente, o policitante, ele fixa prazo para aceitação, e a aceitação chega após esse prazo, ele não está mais vinculado a proposta que fez. Haveria intempestividade da aceitação que provoca a perda da eficácia vinculatória da proposta. 
Art. 428, IV – “se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.”
E facultado ao policitante retratar-se, retirando a proposta formulada, desde que tal manifestação ocorra antes de seu recebimento pelo solicitado, ou simultaneamente a ele. Por exemplo; antes que o mensageiro entregue a proposta ao outro contratante, o ofertante entende-se diretamente com ele, por algum meio rápido de comunicação, retratando-se. A proposta, in casu, não chegou a existir juridicamente, porque retirada a tempo.
Então, o proponente pode até se retratar, desde que a retratação chegue antes da aceitação ou concomitantemente com a aceitação. Então, por exemplo, uma retração através de anúncio publicitário. Então, é feito o anúncio publicitário de que por exemplo, a Telemar vai instalar linhas telefônicas, no prazo de 24h, por R$100,00. e, no caso, daqui a dois dias a central telefônica vai começar operar para fazer esse contrato telefônico, onde as pessoas são presentes – contrato por via telefônica. Só que antes do prazo de dois dias, onde a aceitação começaria a ser realizado, a Telemar apresenta um juízo de retratação, informando que o prazo não será de 24h, mas de 78h. Então, haveria uma retratação a tal proposta, na verdade um aditamento a tal proposta. Isso configura má-fé? Nem sempre, pois você pode trabalhar com a imprevisão. Digamos que ocorra um caso imprevisível que provoca a impossibilidade de instalar as linhas telefônicas em 24h.
É, uma das petições que faço contra a Telemar é utilizando uma propaganda dela antiga, em que ela fala que investiu tantos milhões de dólares, que ela contratou tantas mil pessoas, tantos mil carros, tudo pensando no proveito do consumidor. E há casos em que a linha telefônica é instalada numa casa e na casa ao lado não é instalada, por falta de condições técnicas de instalação. Seria falta de fiação, na verdade, seria aquela falta de poste, só que não é o caso. Pelo menos em todos os JEC, em 2ªinstancia, estão dando obrigação de fazer, inclusive com pena astreinte. Mas a Telemar afirma que não há contrato entre a Telemar e o consumidor, uma vez que essa proposta feita pela Telemar é uma proposta genérica e não uma proposta que contenha os requisitos objetivos: preço, condições de pagamento. Há magistrados que entendem que nem existe contrato ainda, por falta de pagamento do preço da compra e venda. E na verdade não é compra e venda, na verdade é uma prestação de um serviço, senão é compra e venda e sim prestação de serviço, o preço não é condição sine qua non para existência do contrato, por isso existe contrato, o contrato é válido, o termo do contrato, que é o plano da eficácia é que não foi cumprido, razão pela qual houve mora do fornecedor. A alegação que não pagou por isso, não há contrato em tela, esta alegação é precária, porque o contrato não é compra e venda e sim prestação de trato sucessivo de um serviço essencial. 
Prosseguindo, então, aqui seria um juízo de retratação por parte do policitante, que é válido. Vimos a segunda fase da formação de contratos que é a proposta, eficácia unilateral.
O art. 429 do novo Código Civil declara que "a oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos". Em geral, como já dito, entende-se que é limitada ao estoque existente. Acrescenta o parágrafo único que "pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada".
Obs: A OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:
O Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) regulamenta, nos arts. 30 a 35, a proposta nos contratos que envolvem relações de consumo. Preceituam eles que deve ser séria, clara e precisa, além de definitiva, como também o exige o Código Civil. Entretanto, no primeiro, a oferta é mais ampla, pois normalmente dirige-se a pessoas indeterminadas. No tocante aos efeitos. também diferem: no regime do Código Civil, a recusa indevida de dar cumprimento à proposta resolve-se em perdas e danos; no Código do Consumidor, dá ensejo à execução específica (arts. 35, I, e 84, § lº), consistindo opção exclusiva do consumidor a resolução em perdas e danos. Além de poder preferir a execução específica (CDC, art. 35,1), o consumidor pode optar por, em seu lugar, "aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente" (II) ou, ainda, por "rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos" (III). O art. 34, por sua vez, estabelece solidariedade entre o fornecedor e seus prepostos ou representantes autônomos.
3ª Fase – Aceitação:
A aceitação consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida.
Da análise deste conceito vê-se o mister da presença de dois requisitos para que da aceitação, como tal, derivem seus efeitos peculiares. Necessário se faz que ela: 
se formule dentro do prazo concedido na oferta, e 
corresponda a uma adesão integral à proposta.
Caso a manifestação da vontade do aceitante não se submeta a tais requisitos necessários, não se tratará de aceitação, mas de nova proposta, que não gerará os efeitos daquela, pois o primeiro proponente ficará desvinculado da obrigação de contratar.
Com efeito. Se o policitante propõe um ajuste para ser aceito dentro de certo prazo, enquanto o mesmo não transcorrer estará o ofertante preso à proposta. Mas, esgotado esse intervalo, a oferta perde seu caráter obrigatório, alforriando-se o proponente da obrigação de cumpri-la. Se só então, e após o transcurso do prazo, o oblato concordar com o negócio, sua declaração não vale como aceitação, para o fim de obrigar o primeiro proponente, mas sim como nova proposta, que este aceitará, ou não, conforme lhe aprouver.
Da mesma maneira, se a declaração não corresponder a uma adesão integral aos termos da proposta, não constitui aceitação, mas nova proposta, de iniciativa do oblato. Daí decorre que se alteram as conseqüências do ato, pois o primeiro proponente recobra sua liberdade, só aceitando a oferta se lhe apetecer.
Portanto, a aceitação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Para tanto, deve ser pura e simples. Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta (CC, art. 431), comumente denominada contraproposta. Como a proposta perde a força obrigatória depois de esgotado o prazo concedido pelo proponente, a posterior manifestação do solicitado ou oblato também não obriga o último, pois aceitação não temos e, sim, nova proposta. O mesmo se pode dizer quando este não aceita a oferta integralmente, introduzindo-lhe restrições ou modificações.
Uma vez operada a aceitação a eficácia vinculatória tornar-se-á bilateral, tanto o policitante, quanto o oblato – aquele que aceita – também chamado, vulgarmente de aceitante. Tecnicamente é Oblato e isto vem do direito romano, estes termos oblato e policitante. Oblato, principalmente, deriva do direito romano. Então, uma vez havendo aceitação por parte do oblato, a vinculação é bilateral.
A aceitação pode ser:
Expressa - decorrede declaração do aceitante, manifestando a sua anuência
Tácita – decorre de sua conduta, reveladora do consentimento. 
O art. 432 do Código Civil menciona duas hipóteses de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa: 
Quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa; 
Ou quando o proponente a tiver dispensado.
Se, por exemplo, um fornecedor costuma remeter os seus produtos a determinado comerciante, e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe comercial. Se o último, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa, nas mesmas bases das anteriores. Costuma-se mencionar, como exemplo da situação descrita na letra b, a hipótese do turista que remete um fax a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa, reputar-se-á concluído o contrato.
Malgrado o contrato se aperfeiçoe com a aceitação, o Código Civil trata de duas 'hipóteses em que tal manifestação de vontade deixa de ter força vinculante. A primeira encontra-se no art. 430, que preceitua: "Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos". Assim, se embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando esteja celebrara negócio com outra pessoa, a circunstância deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos, imediatamente comunicada ao oblato, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído e pode realizar despesas que repute necessárias ao seu cumpri​mento. A segunda exceção diz respeito à retratação, também permitida ao aceitante, no art. 433, nos seguintes termos: "Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante".
Um outro exemplo de aceitação tácita, que não se confunde com silêncio, é quando a pessoa recebe um produto de uso prolongado ao longo do tempo, e começa a utilizá-lo de forma reiterada. Então, por exemplo, você recebe em sua casa e você começa a fazer uso do mesmo, a sua conduta é incompatível com a recusa. Uma coisa é você receber e não fazer uso outra coisa é receber e começar a utilizar a torto e a direito. Tem até o caso da minha assistida, que em dois meses gastou mais de R$8.000,00 no cartão de crédito. No primeiro mês ela foi com calma, teve cautela, e gastou somente R$600,00. No segundo mês, ela meteu o ‘pé na jaca’ e gastou R$7.000,00 em um mês, usando o cartão de crédito. Eu fico pasmo, quem é louco que dá um crédito de R$8.000,00 para ela utilizar naquele cartão de crédito, quando a renda dela não chega a R$600,00. Tem que ser maluco.
Então, um exemplo de aceitação tácita, é você receber o produto e começar a utilizá-la de forma reiterada. Exemplo: cartão de crédito. 
A aceitação tácita não se confunde com silêncio. Silêncio não representa aceitação tácita. A aceitação tácita é conduta incompatível com a recusa. É o exemplo de fazer uso do cartão, sem nunca ter solicitado o mesmo. Houve a aceitação, o contrato é perfeitamente válido, existente e eficaz, porque o ato de usar o cartão é incompatível com a sua recusa. Isso não se confunde com o silêncio. Silêncio é quando recebo um cartão sem nunca ter solicitado e ao mesmo tempo eu sou cobrado da anuidade mínima: se eu fiz uso, não há o que contestar, houve aceitação tácita; e se eu não fiz uso? E aquela questão que nós vimos em sala de aula, da Prova de Delegado, que já corrigimos, se o silêncio vale como manifestação de vontade. A pergunta era outra, na prova de delegado, aquela questão: Se quem cala consente? Isso é correto? Perguntava se o silencio poderia ser interpretado como aceitação. A regra é que não. O silêncio nada reproduz. Se o ato for oneroso, é correto afirmar que o silencio não produz manifestação da vontade humana. 
Sendo radical a posição de ORLANDO GOMES em afirmar que o contrato oneroso sempre exige manifestação expressa, podendo ser tácita, quando o ato é incompatível. Mas o silêncio por si só, quando o ato é oneroso, jamais representará anuência. Essa é a posição de ORLANDO GOMES. 
Porém, CAIO MÁRIO, sustenta que, para ele, é possível a adoção do SILÊNCIO CONCLUSIVO, em algumas hipótese peculiares, trabalha-se com o silêncio conclusivo. Nós já vimos, em sala de aula, o que é silêncio conclusivo. Tem base até no novo código. No NCC, o silêncio conclusivo, por incrível que pareça está lá na parte geral, art.111 c/c art.432 NCC. O art.111 é inédito, não tendo correspondência no código antigo. 
Aqui temos o silêncio conclusivo, também. Silêncio conclusivo é aquele que é costumeiro, habitual. Então, quando eu faço uso reiterado da assinatura de um jornal, pagando anualmente e a cada vencimento, eu pago novamente, automaticamente. Vem debitado, automaticamente, no cartão de crédito. Então, vem até uma cláusula, de que se eu não manifestar minha recusa 30 dias antes do vencimento da 12ª parcela, daquela anuidade, haverá presunção de que aceitei a renovação. Aí seria o silêncio conclusivo. Se essa prática é habitual, o silencio vai ser interpretado como silencio conclusivo. Isto está evidente no novo código. Qual razão? É que no código antigo, nós só tínhamos uma referencia ao art.432, que era o art.1084 vcc. Literalmente, é a mesma redação, com uma pequena modificação: entra o vocábulo ‘seja costume’ no art.432. Então, o art.432 já tinha correspondente no vcc, no art.1084. Só uma alteração da língua portuguesa, apenas. Então, literalmente, a mesma redação. Agora, essa redação se tornou mais forte, mais aplicável, ainda, com o novo art.111, até então inexistente no vcc, que reforça a possibilidade do silêncio, desde que conclusivo, seja interpretado como manifestação positiva da vontade humana.
Então, se não houve uso é o silêncio próprio, que no caso, não é aceitação tácita, é silêncio, então você trabalha com art.39, III. E esta prática de enviar cartão sem solicitação é conduta abusiva, prevista na Portaria – são três portarias, gente e, se eu não me engano, está na portaria 03/99. Lá tem uma cláusula específica alegando que considera-se abusiva o fornecimento de produto ou serviços de cartão de crédito, sem autorização do consumidor. É a portaria 03/99, salvo engano. Se não for a 03/99 é a 04/98 ou a 03/2000. São as três portarias. Então, se no caso, ouve envio sem solicitação, é o silencio puro.
Mas a decisão foi no sentido de que não havia contrato? É em cima de uma decisão judicial que você está falando, no caso? Você trabalha com o CDC.
Ah, que não vai se aplicar o CDC, com base no NCC, art.111? Olha, eu acho questionável isso, por qual razão: para ser silêncio conclusivo teria que haver a utilização por parte do consumidor. Por exemplo, eu usei o cartão, vai vencer a anuidade, eu não faço mais uso do cartão. Então, eu acho, que aí, você não poderia interpretar como silêncio conclusivo. O art.111 é uma extração do CAIO MÁRIO. O CAIO MÁRIO foi autor do projeto – não desse projeto que vai entrar em vigor agora, da Lei 10.406/02, mas o CAIO MÁRIO, na década de 70, precisamente em 1973, se não estou equivocado, ele, junto à ORLANDO GOMES, foram os responsáveis pela parte do direito obrigacional. Na verdade, se o projeto de 73 fosse aprovado, na realidade, teríamos dois códigos: um código de obrigações e um código civil propriamente dito. O código de obrigações envolvia parte de obrigações e contratos, de autoria do CAIO MÁRIO. No código civil propriamente dito, iria envolver parte geral, parte de sucessões, direito de família. Seria autoria do ORLANDO GOMES junto com OROZIMBO NONATO. E, no caso, como o CAIO MÁRIO fez a parte obrigacional, ele já era adepto do silêncio conclusivo. Por isso que surge o art.111, inspirado no projeto de 73. Então, MIGUELREALE, ao comentar o ncc, fala que das preocupações da Comissão do Novo Código Civil – Projeto de 1975 – foi não desvirtuar o projeto obrigacional do CAIO MÁRIO. Então, por isso surge o art.111. 
Agora, eu acho de toda forma, que sendo o contrato oneroso, o silencio conclusivo deve ser interpretado com cautelas, conforme com os usos locais. Se é prática da operadora enviar o produto e já é costume do consumidor utilizá-lo, aí teríamos a aceitação tácita e podemos até ter prorrogação tácita, também, onde podíamos trabalhar com o silêncio conclusivo. Agora, se o consumidor, aquele consumidor espécie, não faz uso do cartão, a cobrança da anuidade é indevida e eventual prorrogação da anuidade, baseada no silencio dele, também é indevida. Eu entendo ser o contrato inexistente. Então, você não pode interpretar, gramaticalmente, o art.111. A interpretação do art.111ncc deve ser feita em consonância com a hipótese fática. 
E aqueles casos dos provedores de Internet, que permitem acesso grátis por 6 meses e após, passa a cobrar. Você aceita, só que nunca usou a Internet por aquele provedor. 6 meses após, começa a chegar boleto bancário cobrando mensalidades, sem nunca ter usado. Pode? Olha só, você celebrou um contrato de prestação de serviço, durante 6 meses, gratuitamente. Após 6 meses, iria se tornar um contrato oneroso. Houve aceitação expressa, no caso.
O revendedor disse que nós tínhamos 6 meses de Internet grátis, se não gostássemos, poderíamos desistir, só que nós nunca usamos a Internet. Tem que pagar? Eu me calei. Fica a questão se o seu silencio será interpretado como conclusivo ou não. O contrato é gratuito e, a priori, tornar-se-ia oneroso após o tempo de 6 meses. Aí você, na verdade, após os 6 meses, você teria que se pronunciar se vai querer ou não o fornecimento daquele serviço. O seu silencio pode ser interpretado como conclusivo ou não. Na sua hipótese fática, você sequer usa o produto, então, o silêncio não poderia ser interpretado como conclusivo. Provavelmente, você vai lograr êxito, em sede de JEC, independentemente de cair na controvérsia se o silêncio é conclusivo ou não, porque não chega haver tanta complexidade nessas demandas, você simplesmente se recusa a prosseguir naquele serviço ali prestado. Agora, a questão que você pode levantar é a seguinte: e se você paga com ressalva, você pode até pleitear a aplicação do art.42,§ único, ou você pode esperar ser demandado e ingressar com ação, tendo base o art.1541 ncc, de que você estaria sendo cobrado por cobrança indevida e teria que provar que seu silêncio não foi conclusivo.
E se houver inclusão do não pagador, do consumidor que permaneceu inerte em cadastro negativo, por exemplo, SPC. Isto dá ensejo ou não ao dano moral? Aí é uma nova causa petendi, que seria ação reparatória por danos morais e eventualmente danos patrimoniais, pela não celebração de um contrato. É uma inclusão, em tese, indevida em cadastro negativo. Aí,você volta a controvérsia: o silêncio é conclusivo ou não? Então, tudo vai derivar se o se o silêncio vai ser interpretado como conclusivo ou não. De qualquer forma, para haver o cadastro de nome junto ao órgão de praxe, deve haver sua prévia notificação. Eu já vi decisões dizendo o seguinte: que a inércia do consumidor que contribui para o evento danoso não pode ser invocada por ele como causa de indenização. Então, se ele contribuiu para inclusão do nome dele junto ao cadastro negativo, por ter-se quedado inerte, seria causa impeditiva para indenização. Agora, esta posição é minoritária. Prevalece a posição de que se o cadastro é negativo, independentemente da inércia ou não do consumidor, a reparação por dano moral é devida.
Olha só, a regra é que o silêncio nada reproduz, ainda mais quando o contrato é oneroso. Quando o contrato é gratuito, o silêncio pode ser interpretado desfavoravelmente a quem quedar-se inerte. É o exemplo da doação pura. Eu vou te doar um gravador e te dou 5 dias para você manifestar recusa, se você não manifestar recusa, aí, neste caso, o silêncio vai representar manifestação positiva da vontade. Por quê? Porque você não tem nada a perder, é contrato totalmente gratuito. Se o contrato é oneroso ou se pelo menos a doação está gravada com encargo, a sua vontade deve ser expressa ou tácita. Por exemplo: vou te doar um gravador, mas você terá que fazer a transcrição de 10 fitas cassetes, no computador. Você, no caso, permanece inerte ... o quê, o exemplo é verídico??? .... então, você permanece inerte, o seu silêncio nada irá reproduzir, porque há encargo em tela. Agora, você vai e digita as 10 fitas, já é aceitação tácita ou você vai e fala aceito, sendo, no caso, aceitação expressa. Então, a questão é a seguinte: o silêncio por si só, quando o contrato é oneroso, nada reproduz a priori, a exceção, é para quem adota a posição do CAIO MÁRIO, do silêncio conclusivo, que parece ser a posição do novo código, art.111. se o contrato for gratuito, para quem for ter proveito econômico – donatário – o silêncio vai representar manifestação da vontade humana, exceto quando o ato não for totalmente gratuito, ex:doação gravada por encargo. Então, em suma, ato oneroso, silêncio vale alguma coisa? A priori não, salvo art.111ncc, para quem assim entende. Ex.Caio Mário. Orlando Gomes é contra. No ato gratuito, o silêncio vale? Sim, para quem tem proveito econômico, salvo se o contrato não for totalmente gratuito. Ex.:se estiver encargo em tela, aí é a sua vontade deve ser expressa ou tácita e o silêncio não vai produzir aceitação. Na verdade, eu não posso falar que sempre vai ser assim. A regra é essa, o silêncio nada reproduz, quando o ato é oneroso. Agora, há quem entenda que existe o chamado silencio conclusivo.
Silêncio conclusivo é casuístico, você terá que analisar a relação entre A e B, casuisticamente. Foi o exemplo do Tomate, daquela decisão do sul, que comentei com vocês, na aula passada. Da morte (sic) objetiva, se o tomate que viesse estragado, da CICA, que comprou, aí era silêncio conclusivo – ela já ia entregar o excedente, já é uma forma de celebrar esse contrato. Ela vai e se recusa depois a comprar, ela não pode alegar isso como faculdade que ela teria de recusar a celeba de recusarcomo faculdade qeu sse estragado, da CICA, que comprou, ����������������������������������������������������rar o contrato. Na verdade, ela já estaria celebrando o contrato, através do momento que ele entregou o excedente e ele fez isso por mais de 10 anos. Esta decisão é histórica, que é a primeira decisão brasileira envolvendo boa-fé objetiva. Onde vocês vão encontrar isso? No livro do TEPEDINO, Boa-fé objetiva, no texto do BRUNO LEWICH, que traz essa decisão na nota de rodapé. 
3. Contratos entre Ausentes:
Os contratos, como visto, aperfeiçoam-se com a aceitação. Entre presentes, reputam-se concluídos no mesmo instante em que o aceitante manifesta sua concordância com a proposta. Quando celebrado por entre ausentes, por correspondência (carta, telegrama, fax. radiograma etc.) ou intermediá​rios, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases. Divergem os doutrinadores a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída. Para a teoria da informação (ou da cognição). é o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante. que se inteira de seu teor. A segunda teoria, a da declaração (ou da agnição), subdivide-se em três: 
da declaração propriamente dita; 
da expedição; e 
da recepção. 
Para a teoria da declaração propriamente dita, o momento da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser aceito, porque o consentimento ainda permanece restrito ao âmbito do aceitante, que pode destruir a mensagem em vez de remetê-la. Para a da expedição, não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance do oblato. E. por ultimo, a da recepção exige mais: que além de escrita e expedida, a resposta tenha

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