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Limites de Tolerância Desnecessários ou Mal entendidos

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Dr. Daphnis Ferreira Souto 
 Médico do Trabalho 
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Limites de Tolerância 
(Desnecessários? Mal - entendidos?) 
 
Recentemente deparamos com materia de divulgação publicada em revista dirigida a 
aréa se segurança e saúde do trabalhador sob o titulo “ Limites da Segurança”. 
Seu sub-titulo indaga: “Que conceitos garatem menor nocividade ao homem, Limite de 
Tolerância ou Valôr de Referência Tecnológica (VRT)?” 
Complementando a argumentação do autor, a revista faz um destaque sensacionalista 
com base em citações de má-fé e em meias verdades que levam a uma conclusão distorcida 
sobre os LTVs de reconhecido mérito como pesquisa cientifíca. 
Por estes fatos vamos externar nossa opinião. Não há entretanto intenção de polemizar. 
Existe somente o desejo de aprofundar a análise do tema para evitar que a disseminação 
entre os profissionais ( engenheiros, médicos e técnicos ) de conceitos superficiais ou travestidos, 
sejam absorvidos sem que, o necessário embasamento seja definido cientificamente, por um 
corpo organizado de conhecimentos obtidos atravez da observação técnica, da experimentação 
controlada e da formulação de uma hipótese que se concretize pela aplicação dos metódos de 
avaliação indicados. 
 
 Limites de Tolerância. 
No correr dos anos, algumas instituições em diferentes países, tem proposto limites de 
exposição para contaminantes ambientais. 
Dentre esses limites-guias ou linhas de conduta, aquele que é mais acreditado e mais 
amplamente aceito é o conceito do Threshold Limit Values , criado pela American Conference of 
Governmental Industrial Hygienists (A.C.G.I.H.). 
Os TLVs indicam valores de concentrações ou intensidades de agentes químicos e físicos 
que retratam condições, sob as quais acredita-se, que a maioria dos trabalhadores podem ficar 
repetidamente expostos, dia após dia, sem efeitos adversos á saúde. 
A A.C.G.I.H. reconheceu a muito tempo que devido ao largo espectro da susceptibilidade 
individual, um pequeno percentual de trabalhadores pode sentir disconfôrto em contato com 
substâncias que estejam no limite de tolerância ou abaixo dele e que uma proporção bem menor, 
pode ser afetada mais seriamente pelo agravamento de uma condição pré-existente ou pelo 
desenvolvimento de uma doença do trabalho. 
Em nenhum momento a A.C.G.I.H. indicou ou sugeriu os TLVs como linha divisória entre e 
seguro e o não seguro para o trabalhador, nem tampouco serem usados em processos judiciais. 
Aliás são expressões constantes da publicação da A.C.G.I.H. para l996: 
“These limits are not fine lines between safe and dangerous concentration nor are 
then a relative index of toxicity”. 
Os LTVs como os demais limites desenvolvidos em outros países, tem por base as 
melhores informações disponíveis da experiência industrial; resultados da pesquisa médica clinica 
e epidemiológica ( envolvendo dados de morbidade e mortalidade e provas biológicas em 
humanos); estudos experimentais em animais; e quando possível uma combinação das três 
metodologias. 
Portanto é um indice decorrente de bases técnico-cientifícas do mais elevado padrão. 
A A.C.G.I.H. sempre advertiu , sobre o uso das TLVs ou de seus valores modificados para 
adoção em outros países, cujas condições de trabalho, substâncias e processos sejam 
evidentemente diferentes daquelas dos Estados Unidos. 
O Brasil em desacordo com o explicitado pela A.C.G.I.H.,criadora da expressão TLV, lançou 
a LT baseada nos valores da A.C.G.I.H., mas deturpando seu entendimento. 
Segundo a NR-15 , item 15.1.5 o Limite de Tolerância passou a ser uma camisa de força. 
15.1.5 - “Entende-se por Limite de Tolerância para fins desta Norma a concentraçâo 
ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao 
agente, que não causará dano á saúde do trabalhador durante sua vida laboral”. 
Dessa maneira o Limite de Tolerância passou a ser encarado como a fronteira entre o 
seguro e o não seguro, violentando completamente o espírito que norteou a criação do TLV 
Necessário se torna ainda ressaltar que, para assegurar condições confortáveis de trabalho 
abaixo dos TLVs ( ou Lts no Brasil ) foram introduzidos, pelos especialistas da área, os conceitos 
de níveis de ação ( variáveis de país para país ). Esses níveis de ação são valores bem abaixo 
dos TLVs ( normalmente 50% do TLV americano ) que, quando atingidos, fazem com que os 
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respoesáveis pelos trabalhos ( e seus profissionais de Engenharia de Segurança) desencadeiem 
as ações preventivas e corretivas para controle dos níveis ambientais, evitando atingir o TLV. 
Portanto se fosse bem entendido e interpretado o conceito do TLV, estariamos utilizando o 
LT e os nível de ação apropriados e negociados por todos os interessados, onde se inclui 
obviamente as sociedades técnicas. 
Desse modo se aplicarmos corretamente os conceitos que tem embasamento científico, 
com prasos adequados ,dentro de um modelo brasileiro de transição e de negociação, não 
precisamos trazer da Europa modismos ou procedimentos que só levam a indefinições sobre os 
reais objetivos da Engenharia de Segurança e da Medicina do Trabalho. 
 
 
 
 
PRIMEIRO ANEXO 
 
 
NR-15 - ANEXO Nº 1 
Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente 
 
Nível de ruído Máxima exposição diária 
 dB(A) permissível 
 
 85 8 horas 
 86 7 horas 
 87 6 horas 
 88 5 horas 
 89 4 horas e 30 minutos 
 90 4 horas 
 91 3 horas e 30 minutos 
 92 3 horas 
 93 2 horas e 40 minutos 
 94 2 horas e 15 minutos 
 95 2 horas 
 96 l hora e 45 minutos 
 98 1 hora e 15 minutos 
 100 1 hora 
 102 45 minutos 
 104 35 minutos 
 105 30 minutos 
 106 25 minutos 
 108 20 minutos 
 110 15 minutos 
 112 10 minutos 
 114 8 minutos 
 115 7 minutos 
 
 
 
1. Entende-se por Ruído Contínuo ou intermitente, para fins de aplicação de Limites 
de Tolerância, o ruído que não seja de impacto. 
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em debicais (dB) 
com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e 
circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do 
trabalhador. 
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder aos limites de 
tolerância fixados no quadro deste anexo. 
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a 
máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 
5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos 
que não estejam adequadamente protegidos. 
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6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a 
ruído de diferentes níveis devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, 
se a soma das se seguintes frações: 
 
C1 C2 C3 Cn 
--- +---- +---- +------------ + --- 
T1 T2 T3 Tn exceder a unidade, a 
exposição estar acima do limite de tolerância 
Na equação acima Cn indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um 
nível de ruído específico e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, 
segundo o Quadro desteAnexo. 
7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, 
continuo ou intermitente, superior a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave 
e iminente. 
 
 
 NR- 15 - ANEXO Nº 2 
 
 Limites de tolerância para ruídos de impacto. 
 
1. Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica 
de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. 
2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de 
nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As 
leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído 
de impacto será de 130 dB (LINEAR). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deve ser 
avaliado como ruído continuo. 
3. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de 
resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito 
de compensação “C” . Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C). 
4. As atividades e operações que exponham, os trabalhadores, sem proteção 
adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos do circuito de 
resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida 
(FAST), oferecerão risco grave e iminente.

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