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PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Conceito: é a modalidade de sanção penal que retira do condenado seu direito de locomoção, em razão da 
prisão por tempo determinado. 
Espécies: no Brasil, admite-se três espécies de penas privativas de liberdade: reclusão e detenção, relativas a 
crimes (CP, art. 33, caput), e prisão simples, inerente às contravenções penais (LCP, art. 5.º, I). 
Regimes penitenciários: regime ou sistema penitenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da pena 
privativa de liberdade. O art. 33, § 1.º, do CP elenca três regimes: 
a) fechado: a pena privativa de liberdade é executada em penitenciária estabelecimento de segurança máxima 
ou média; 
b) semiaberto: é executada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; e 
c) aberto: a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou estabelecimento adequado. 
Fixação do regime inicial de cumprimento de pena privativa de liberdade: a leitura do art. 33, §§ 2.º e 3.º, do 
CP aponta que quatro fatores são decisivos na escolha do regime inicial de cumprimento da pena privativa de 
liberdade: espécies de pena, reincidência, quantidade da pena e circunstâncias judiciais – desde já, frisa-se que a 
gravidade abstrata do crime, por si só, não pode levar à determinação do regime fechado inicialmente. 
PENA DE RECLUSÃO: a pena de reclusão deve ser cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou 
aberto (CP, art. 33, caput, 1.ª parte). Os critérios para a determinação do regime são os seguintes (com base no art. 
33): 
a) reincidente1: inicia o cumprimento da pena privativa de liberdade no regime fechado, independentemente 
da quantidade da pena aplicada. 
Atenção: se o reincidente possuir condenação igual ou inferior a 4 anos de reclusão e forem favoráveis as 
circunstâncias judiciais, ele poderá começar a cumprir a sua pena em regime inicial semiaberto, conforme os preceitos 
da Súmula 269 do STJ: 
STJ 269: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou 
inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. 
b) primário condenado à pena superior a 8 anos de reclusão: deverá começar a cumpri-la no regime fechado; 
c) primário condenado à pena superior 4 anos de reclusão, que não exceda a 8: poderá, desde o princípio, 
cumpri-la em regime semiaberto; e 
d) primário condenado à pena igual ou inferior a 4 anos de reclusão: poderá, desde o início, cumpri-la em 
regime aberto. 
Nas duas hipóteses anteriores, é permitida a observância de regime mais gravoso, com observância dos 
critérios previstos no art. 59 do CP (art. 33, § 3º do CP). Destarte, nada impede, exemplificativamente, a fixação do 
regime fechado a condenado primário condenado a 5 anos de reclusão, se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP 
lhe forem consideravelmente desfavoráveis. Contudo, não basta para a instituição de regime mais gravoso que o 
julgador reporte-se apenas à gravidade abstrata do crime. Neste sentido, é a súmula 718 do STF: 
STF 718: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para 
a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. 
Ademais, para aplicar regime mais severo que o permitido, o magistrado necessita fundamentar sua escolha 
com base em elementos sólidos e amparados pelo ordenamento jurídico (não basta fundamentar apenas em aspectos 
inerentes ao tipo penal em abstrato). Como preceitua a Súmula 719 do STF: 
 
1 Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País 
ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
STF 719: A imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige 
motivação idônea. 
DETENÇÃO: a pena de detenção deve ser cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (CP, art. 
33, caput). Não se admite o INÍCIO de cumprimento da pena privativa de liberdade no fechado, nada obstante seja 
possível a REGRESSÃO a esse regime. 
PRISÃO SIMPLES: tal pena, cabível unicamente para as contravenções penais, deve ser cumprida, sem rigor 
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. O 
condenado à prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção (LCP, art. 6.º, 
caput e § 1.º). Não há regime fechado, seja inicialmente, seja em decorrência de regressão. Além disso, o trabalho é 
facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias, nos termos do art. 6.º, § 2.º, do Decreto-lei 3.688/1941 
– LCP das Contravenções Penais. 
Diferenças entre as modalidades reclusão e detenção: há algumas diferenças entre a reclusão e a detenção. 
A principal é que a reclusão pode ser cumprida em regime inicial fechado, a detenção não (na detenção o regime 
fechado só pode vir de regressão). 
São outras diferenças: 
- no caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro a de reclusão (CP, 
art. 69, caput, in fine) – prioridade -, para, posteriormente, executar a pena de detenção; 
- a reclusão pode ter como efeito da condenação a incapacidade para o exercício do poder familiar tutela ou 
curatela, nos crimes dolosos cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (CP, art. 92, II). Esse efeito não é possível 
na pena de detenção; 
- não se autoriza a realização de interceptação telefônica para apurar crimes punidos com detenção (art. 2.º, 
III, da Lei 9.296/1996). 
Pena privativa de liberdade aplicada no mínimo legal e regime prisional mais rigoroso: pergunta-se: quando 
a pena privativa de liberdade for fixada no mínimo legal, é possível a aplicação de regime prisional inicial mais severo 
do que o admitido pela quantidade da pena? 
Não, prevalece (STJ) que se a pena foi aplicada no mínimo legal, por serem favoráveis as circunstâncias judiciais 
previstas no art. 59, caput, do CP, não pode ser aplicado regime prisional mais gravoso, algo ilógico e incoerente, vez 
que o regime mais gravoso poderá ser fixado somente se desfavoráveis as circunstâncias previstas no art. 59. Neste 
sentido, dispõe a súmula 440 do STJ: 
STJ 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso 
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. 
PROGRESSÃO DE REGIMES: existem três sistemas que disciplinam a progressão de regime de cumprimento 
da pena privativa de liberdade. 
a) sistema Filadélfia: o preso fica isolado em sua cela, sem dela sair, salvo esporadicamente para passeios em 
pátios fechados. 
b) sistema Auburn: o condenado, em silêncio, trabalha durante o dia com outros presos, e submete-se a 
isolamento no período noturno. 
c) sistema inglês ou progressivo: prevê três etapas: 1 – o preso é isolado no início do cumprimento de sua 
pena privativa de liberdade; 2 – o preso é autorizado a trabalhar na companhia de outros presos; 3 – o preso é colocado 
em liberdade condicional. 
No Brasil, o CP e a LEP adotaram o sistema progressivo ou inglês. De fato, o art. 33, § 2.º, do CP diz que “as 
penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva”. E o art. 112 da LEP preceitua que “a 
pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso” – 
lembrando que a legislação brasileira impôs algumas modificações ao sistema inglês: 
- no regime fechado o condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso 
noturno. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações 
anteriores do condenado,desde que compatíveis com a execução da pena (CP, art. 34, §§ 1.º e 2.º). 
- no regime semiaberto, o preso terá trabalho, comum aos outros presos, durante o período diurno, em colônia 
agrícola, industrial ou estabelecimento similar (CP, art. 35, § 1.º). É possível o alojamento do condenado em 
compartimento coletivo (LEP, art. 92, caput); 
- aberto, fundado na autodisciplina e no senso de responsabilidade, no qual deverá, fora do estabelecimento 
e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante 
o período noturno e nos dias de folga (CP, art. 36, caput e § 1.º). 
A progressão de regime prisional integra a individualização da pena e destina-se ao cumprimento de sua 
finalidade de prevenção especial, buscando a reinserção do condenado na sociedade. 
A progressão de regime depende do cumprimento de dois requisitos cumulativos (art. 112 LEP): 
a) requisito objetivo: é o cumprimento de ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior (para crimes 
comuns – não hediondos). Ex: A, condenado a 12 anos de reclusão no regime inicial fechado, pode, depois de preso 
por 2 anos, pleitear a progressão para o regime semiaberto. 
Obs.: nas condenações superiores a 30 anos, o montante de 1/6 deve ser calculado sobre o total da pena 
imposta, pois esse limite destina-se exclusivamente ao efetivo cumprimento da pena privativa de liberdade. Neste 
sentido dispõe a súmula 715 do STF: 
STF 715: A pena unificada para atender ao limite de 30 (trinta) anos de cumprimento, determinado pelo art. 
75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento 
condicional ou regime mais favorável de execução. 
Assim, se alguém foi condenado a 60 anos de reclusão, a progressão somente será possível depois do 
cumprimento de pelo menos 10 (dez) anos no regime fechado. 
b) requisito subjetivo: é o mérito, presente quando o condenado ostentar bom comportamento carcerário 
(LEP, art. 112, caput) no curso da execução - o comportamento mau ou sofrível indica normalmente uma inaptidão 
para o regime mais suave, isto é, que o apenado não apresenta condições para se ajustar ao novo regime. 
Proibição da progressão “por saltos”: o sistema progressivo (inglês) acolhido no Brasil é incompatível com a 
progressão “por saltos”, consistente na passagem direta do regime fechado para o aberto. Não se pode pular o estágio 
no regime semiaberto, em atenção à necessidade de recuperação gradativa do condenado para retorno à sociedade. 
Neste sentido dispõe a súmula 491 do STJ: 
STJ 491: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. 
Progressão e crimes contra a Administração Pública: nos crimes contra a Administração Pública, a 
progressão está condicionada, além do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior e do mérito do condenado, 
a um requisito específico, consistente NA REPARAÇÃO DO DANO CAUSADO OU NA DEVOLUÇÃO DO PRODUTO DO 
ILÍCITO PRATICADO, com os acréscimos legais. É o que consta do art. 33, § 4.º, do CP. 
Tal dispositivo foi considerado constitucional pelo STF em decisão recente (2015), na qual foi entendido ser 
um direito do apenado o parcelamento da reparação do dano. 
Progressão e crimes hediondos ou equiparados: depois de declarada a inconstitucionalidade pelo STF da 
redação original da LCH, que previa regime integralmente fechado de cumprimento de pena aos que praticavam 
crimes hediondos (por ferir o princípio da individualização da pena e por inexistir previsão constitucional de tal rigidez), 
entrou em vigor, aos 29/03/07, a Lei n. Lei 11.464/2007, que alterou a LCH e previu: 
1 - que a pena por crime hediondo ou equiparado seria cumprida em regime inicial fechado, regra hoje 
declarada incidentalmente inconstitucional pelo STF no HC 111.8402: 
2 - que a progressão de regime se daria após o cumprimento de: 
- 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário; 
- 3/5 (três quintos), se reincidente3. 
 
 
 
2 Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime praticado durante a vigência da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos 
de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do regime inicial fechado. Declaração incidental de inconstitucionalidade do § 1º do 
art. 2º da Lei nº 8.072/90. Ofensa à garantia constitucional da individualização da pena (inciso XLVI do art. 5º da CF/88). 
Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto 
para o início de cumprimento da pena privativa de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito foi praticado em 
10/10/09, já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual instituiu a obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos 
crimes hediondos e assemelhados. 2. Se a Constituição Federal menciona que a lei regulará a individualização da pena, é natural 
que ela exista. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garantias 
constitucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo 
ou equiparado. 3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6) anos de reclusão, ostenta 
circunstâncias subjetivas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais circunstâncias 
não elidem a possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das condições subjetivas desfavoráveis, vir a estabelecer 
regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a 
necessidade de maior rigor da medida privativa de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o art. 59, do Código 
Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada 
pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime 
fechado“. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do regime fechado 
para início do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. (HC 111840, Relator(a): Min. 
DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 27/06/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-249 DIVULG 16-12-2013 PUBLIC 17-12-2013)” 
3 Obs.: é pacífico atualmente o entendimento de que a progressão com 2/5 ou 3/5 da pena tem aplicação unicamente aos crimes 
hediondos ou equiparados cometidos a partir do dia 29 de março de 2007, data da entrada em vigor da Lei 11.464/2007. Para os 
delitos anteriores a progressão obedece ao requisito temporal de cumprimento de 1/6 da pena, com fulcro no art. 112, caput, da 
Lei de Execução Penal. Neste sentido é a SV 26 e a S 417 do STJ: 
SV 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução 
observará a inconstitucionalidade do art. 2.º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado 
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a 
realização de exame criminológico 
STJ 417: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se 
ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. 
Progressão requisitos
Crime comum
Requisito objetivo
1/6
C AP, rep do dano ou 
devolução do prod. do 
ilícito c/ acrescimos
Requisito subjetivo
Mérito: bom 
comportamento 
carcerário
Crime hediondo
Requisito objetivo
2/5 se primário, 3/5 se 
reincidente
Requisito subjetivo
Mérito: bom 
comportamentocarcerário
Mérito: de acordo com o art. 112 da LEP, com redação dada pela Lei 10.792/2003, o mérito é constatado pelo 
diretor do estabelecimento, mediante simples atestado de boa conduta carcerária, emitido por ele. 
Antes da entrada em vigor da nova lei, estabelecia-se que a decisão acerca da progressão de regime seria 
motiva e precedida de parecer da Comissão Técnica de Classificação (pelo diretor do presídio e composta, no mínimo, 
por 2 chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social) e do exame criminológico, quando necessário. 
Cumpria à aludida comissão a tarefa de elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada 
ao condenado ou preso provisório. Agora, basta a comprovação do mérito pelo diretor do estabelecimento, e decisão 
motivada do juiz da execução depois da manifestação do MP e do defensor. Em suma, trocou-se um parecer técnico 
e científico pelo mero atestado de boa conduta carcerária, lembrando que a mera conduta carcerária boa é 
insuficiente para assegurar o preparo do condenado para ingressar em regime mais brando, especialmente em crimes 
mais graves. 
Por esse motivo, firmou-se a jurisprudência no sentido de que, inobstante a atual redação do art. 112 da LEP, 
o exame criminológico pode ser realizado por determinação judicial, quando for considerado necessário pelo 
magistrado em razão das peculiaridades do caso concreto, conforme entendimento do STF e do STJ. Inclusive, dispõe 
a súmula 439 do STJ: 
STJ 439: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. 
Progressão e prática de falta grave: a contagem do tempo para progressão de regime prisional é zerada se o 
preso comete falta grave, ou seja, deve reiniciar-se novo prazo para a contagem do benefício da progressão do regime 
prisional, uma vez que exclui o mérito legalmente exigido para a passagem ao regime mais brando. 
Contudo, a contagem do novo período aquisitivo do requisito objetivo (quantidade da pena a ser cumprida) 
deverá, como já afirmado, iniciar-se na data do cometimento da última falta grave e incidir sobre o remanescente da 
pena, e não sobre a totalidade dela (parte da premissa que tem prevalecido de que pena cumprida é pena extinta). 
REGRESSÃO: é a transferência do condenado para regime prisional mais severo do que aquele em que se 
encontra. É o que se dá, exemplificativamente, quando o preso estava no regime semiaberto e é removido para o 
regime fechado. As hipóteses encontram-se no art. 118 da LEP, vejamo-las: 
 Prática de fato definido como crime doloso ou falta grave: a relação de faltas graves inerentes à pena 
privativa de liberdade está prevista no art. 50 da Lei de Execução Penal, em rol taxativo, incompatível com a 
interpretação extensiva: 
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: 
I – incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; 
II – fugir; 
III – possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; 
IV – provocar acidente de trabalho; 
V – descumprir, no regime aberto, as condições impostas; 
VI – inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 desta Lei4; 
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a 
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 
Praticada a falta grave, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, conforme o regulamento do 
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, nele inserida a prévia oitiva do condenado. E será motivada 
a decisão do responsável pelo local em que é cumprida a pena (LEP, arts. 59 e 118, § 2.º). 
 
4 Art. 39. Constituem deveres do condenado: 
(...) II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; 
(...) V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; 
Mas já decidiu o STJ que não existe qualquer irregularidade em determinar a regressão provisória do 
apenado foragido (falta grave), independentemente da oitiva prévia, uma vez que a fuga impede o procedimento 
legalmente previsto, e tal procedimento encontra alicerce no poder geral de cautela inerente à função jurisdicional. 
No que concerne ao crime doloso, basta a sua prática para autorizar-se a regressão, não se reclamando a 
existência de condenação definitiva. É a jurisprudência consagrada no STF (deve ser ouvido previamente o condenado 
em respeito à ampla defesa). 
Obs.: a prática de crime culposo ou de contravenção penal não permite a regressão de regime prisional. 
 Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne 
incabível o regime atual: esta hipótese resulta do art. 11 da LEP, que diz que: “sobrevindo condenação no curso da 
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime”. E, na esteira da 
orientação do STF, a superveniência de nova condenação definitiva no curso da execução criminal altera a data-base 
para a concessão de benefícios futuros, sendo indiferente que o crime tenha ocorrido antes ou após o início do 
cumprimento da pena. Ex.: um réu, condenado a 6 anos de reclusão, iniciou o cumprimento da pena no regime 
semiaberto, e logo em seguida a ele sobreveio, em razão de outro crime, condenação a nova pena, de 4 anos de 
reclusão, também em regime inicial semiaberto. Em face do total da pena resultante da soma (10 anos), será 
obrigatória a regressão para o regime fechado. 
Nessa situação a regressão independe da prévia oitiva do condenado, pois nada de útil poderia ele apresentar 
em sua defesa (não poderia ele alterar a coisa julgada no processo de execução e em eventual revisão criminal vigeria 
o princípio in dubio pro societate). 
 O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, 
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta: esta regra tem incidência 
exclusivamente ao regime aberto. 
Em primeiro lugar, é possível a regressão quando o condenado frustrar os fins da execução. O condenado 
assume conduta indicativa de sua incompatibilidade com o regime aberto, calcado na autodisciplina e no senso de 
responsabilidade (CP, art. 36, caput). Exemplo: condenado que abandona injustificadamente seu trabalho. 
Permite-se, ainda, a regressão quando o condenado não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. 
Essa hipótese somente é possível quando foi aplicada pena pecuniária simultaneamente com a pena privativa de 
liberdade. É imprescindível comprovar a solvência do condenado, compreendida como a capacidade para quitar de 
uma só vez ou mediante parcelas a pena de multa, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao sustento do 
condenado e de sua família (CP, art. 50, § 2.º). 
Obs.: existem vozes que alegam ter sido revogada tacitamente essa parte do dispositivo pela Lei 9.268/1996, 
que, ao alterar o art. 51 do CP, vedou a conversão da pena de multa para pena privativa de liberdade, motivo pelo 
qual a sua inadimplência também não poderia ensejar restrições à liberdade do condenado. 
Regressão “por saltos”: é possível a regressão “por saltos”, isto é, a passagem direta do regime aberto para 
o fechado, uma vez que o art. 118, caput, da LEP refere-se à “transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos”. 
Regressão cautelar: apesar da ausência de previsão legislativa, a jurisprudência entende ser possível a 
suspensão judicial do regime semiaberto ou aberto (regressão cautelar) até que, em obediência ao art. 118, § 2.º, da 
LEP, o condenado seja ouvido e possa defender-se acerca do descumprimento das condições do regime. 
Isso implicaem determinar o recolhimento do apenado ao regime fechado, onde, aliás, já poderia estar, caso 
tenha sido, por exemplo, autuado em flagrante pela prática de um crime. 
Em seguida à suspensão, o apenado deve ser ouvido. 
 
 
 
 REGIME FECHADO REGIME SEMIABERTO REGIME ABERTO 
LOCAL DE 
CUMPRIMENTO 
Estabelecimento de 
segurança máxima ou 
média (penitenciárias). 
Colônia agrícola, 
industrial ou 
estabelecimento similar. 
Casa do albergado ou 
estabelecimento 
adequado. 
CARACTERÍSTICAS 
PRINCIPAIS 
 
- limitação das atividades 
em comum dos presos; 
- maior controle e 
vigilância sobre o preso; 
- regime reservado ao 
preso de maior 
periculosidade; 
- o preso trabalha no 
período diurno e fica 
isolado no período 
noturno; 
- remição (trabalho e 
estudo); 
- trabalho em comum dos 
presos; 
- mínimo de segurança e 
vigilância sobre o preso; 
- regime reservado ao 
preso de menor 
periculosidade; 
- o preso trabalha em 
comum durante o 
período diurno; 
- a realização do exame 
- remição (trabalho e 
estudo); 
- baseia-se na 
autodisciplina e no senso 
de responsabilidade dos 
condenados; 
- o preso, fora do 
estabelecimento e sem 
vigilância, pode trabalhar, 
frequentar cursos ou 
exercer outra atividade 
autorizada, 
permanecendo recolhido 
durante o período 
noturno e nos dias de 
folga; 
- - remição (estudo). 
 
TRABALHO DO PRESO: o trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da 
Previdência Social (CP, art. 39). O trabalho do preso, além de remunerado, é obrigatório. Sua negativa injustificada 
caracteriza falta grave (LEP, art. 51, III, c/c o art. 39, V), e impede a progressão de regime prisional e o livramento 
condicional. Revela-se como uma das principais formas de ressocialização do condenado, retirando-lhe do ócio e 
motivando-o à reinserção social mediante atividade honesta. O fato de ser obrigatório, todavia, não equivale a dizer 
que o trabalho é forçado. Trabalho forçado, terminantemente proibido pelo art. 5.º, XLVII, “c”, da CRFB é o não 
remunerado e obtido do preso com o uso de castigos físicos. 
REMIÇÃO: é o benefício, de competência do juízo da execução, consistente no abatimento de parte da pena 
privativa de liberdade pelo trabalho ou pelo estudo. 
Remição pelo trabalho: consiste no desconto de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho, 
exclusivamente em favor do preso que cumpre pena no regime fechado ou semiaberto (LEP, art. 126, § 1º, II). 
O instituto não pode ser aplicado ao condenado que cumpre pena no regime aberto. Com efeito, além de ter 
o art. 126, caput, da LEP limitado seu campo de abrangência aos regimes fechado e semiaberto, o regime aberto 
pressupõe o trabalho do preso, e sua recusa autoriza até mesmo a regressão de regime prisional (CP, art. 36, §§ 1º e 
2º). Neste sentido é o entendimento do STF. 
Somente pode ser considerada, para fins de remição, a jornada completa de trabalho, ou seja, quem laborar 
menos de 6 horas em um dia não terá direito ao abatimento. E não é possível ao condenado aproveitar o excedente 
às 8 horas de trabalho na mesma data (STF). De fato, estabelece o art. 33 da LEP que “a jornada normal de trabalho 
não será inferior a 6 (seis), nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados”. Lembrando que 
poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e 
manutenção do estabelecimento penal (LEP, art. 33, PU). 
O trabalho do preso deve ser descrito em relatório detalhado, indicando as atividades desempenhadas e seus 
respectivos horários. Como já decidiu o STJ: “no caso, há indicação genérica de prestação de serviços, sem qualquer 
relatório dando conta de horários e atividades desempenhadas. Apenas faz menção à prestação de serviço entre 
grades, que consistia em limpeza pessoal e da própria cela. Quanto à prática de artesanato, ela foi desempenhada sem 
qualquer controle, não tendo como verificar o caráter ressocializador da atividade. Logo, não há como viabilizar a 
pretensão de remição de pena”. 
Remição pelo estudo: no tocante ao estudo, a remição representa o abatimento de 1 (um) dia de pena a cada 
12 (doze) horas de frequência escolar, divididas em no mínimo 3 (três) dias, em atividade de ensino fundamental, 
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional (LEP, art. 126, § 1º, I). 
O limite máximo para o estudo do preso é de 4 (quatro) horas diárias. As atividades excedentes não serão 
reconhecidas para fins de remição, mas nada impede o acúmulo de 12 (doze) horas de estudo em período mais 
dilatado, a exemplo daquele que estuda duas horas diárias ao longo de seis dias. Portanto, embora inovando com o 
estudo, a Lei 12.433/2011 manteve a tradição de permitir o desconto de um dia de pena para no mínimo três de 
aprendizado. 
E há uma regra importante a ser destacada, estimulante e representativa de autêntico prêmio ao sujeito 
dedicado, que conduziu com seriedade as atividades que lhe foram atribuídas. Nesse contexto, o tempo a remir em 
função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio 
ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação 
(LEP, art. 126, § 5º). Fácil notar, pela leitura da lei, que este plus somente terá cabimento para a conclusão verificada 
durante a execução da pena, e não incide na seara das atividades profissionalizantes e de requalificação profissional. 
Na linha da evolução tecnológica dos sistemas de educação, as atividades de estudo poderão ser desenvolvidas 
de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância, no interior do estabelecimento penal ou fora dele. Em 
qualquer hipótese, deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados 
(LEP, art. 126, § 2º). 
Se a instituição de ensino situar-se fora dos limites do recinto penal, o preso deverá obter autorização do 
diretor do estabelecimento para comparecer às aulas. Nesse caso, o reeducando terá que comprovar mensalmente, 
por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar (LEP, art. 129, § 1º). 
A Lei 12.433/2011, além de assegurar a remição da pena privativa de liberdade pelo estudo aos presos 
alocados nos regimes fechado e semiaberto, inovou ao permitir o benefício aos condenados que cumprem pena no 
regime aberto, bem como àqueles que se encontram no período de prova do livramento condicional, pela frequência 
a curso de ensino regular ou de educação profissional (LEP, art. 126, § 6º). 
No regime aberto e no livramento condicional, é importante frisar a admissibilidade da remição unicamente 
pelo estudo. Como se sabe, em tais situações o trabalho é obrigatório (CP, arts. 36, § 1º, e 83, III). Em síntese, o 
condenado deve trabalhar para permanecer no regime aberto ou no livramento condicional, e se desejar abreviar sua 
pena ou período de prova, poderá estudar na razão de 12 (doze) horas de frequência escolar, divididas em no mínimo 
3 (três) dias, para cada dia da sanção penal (ou do período de prova). 
Cumulatividade da remição pelo trabalho e pelo estudo: conforme infere-se da leitura do 126, § 3º da LEP, 
admite-se a cumulatividade da remição pelo trabalho e pelo estudo, desde que compatíveis entre si, como medida 
apta a abreviar ainda mais o período de cumprimento da pena. Ex.: preso trabalha durante o dia e estuda à noite. 
Falta grave e perda dos dias remidos: dispõe o atual art. 127 da LEP: 
Art. 127: “em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado 
o disposto no art. 575, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”.Destarte, o limite máximo para a perda dos dias remidos, na hipótese de falta grave, é de 1/3 (um terço). Note 
que a lei não fala em um terço, e sim em até 1/3 (um terço). Consequentemente, o percentual da perda dos dias 
remidos pode ser inclusive inferior, mas é vedado ao juízo da execução ultrapassar este patamar. 
Para encontrar o quantum correto, o magistrado deve se basear, em decisão fundamentada, nos vetores 
elencados pelo art. 57, caput, da LEP, analisando a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, 
bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão”. 
Ausência de trabalho ou de estudo por falta de condições no estabelecimento penal: se não há condições 
adequadas para o desempenho de atividade laborativa ou de ensino no estabelecimento penal, não se pode conceder 
ao condenado a remição, pois a LEP condiciona o benefício ao efetivo e concreto trabalho ou estudo para abatimento 
da pena privativa de liberdade. É o que se dá, a título ilustrativo, em relação a preso integrante de perigosa facção 
 
5 Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências 
do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. 
criminosa, que precisa ficar separado dos demais detentos, e sem possibilidade – por questões de segurança – de ser 
transportado à escola ou ao trabalho externo. 
DETRAÇÃO PENAL: determina o art. 42 do CP, “computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de 
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em 
qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior”. 
Detração penal é o desconto, na pena privativa de liberdade ou na medida de segurança, do tempo de prisão 
provisória ou de internação já cumprido pelo condenado. Evita-se o bis in idem na execução da pena privativa de 
liberdade. Exemplificativamente, se alguém foi preso em flagrante pela prática de estupro, e permaneceu segredado 
por 2 anos até o trânsito em julgado da sentença condenatória, que lhe impôs pena de 8 (oito) anos, restará a ele 
cumprir mais 6 anos, em face da regra prevista no art. 42 do CP. 
Na expressão “prisão provisória” compreende-se toda e qualquer prisão cautelar e processual (prisão em 
flagrante, prisão temporária e prisão preventiva). 
Competência para aplicação da detração penal e reflexos no regime inicial de cumprimento da pena 
privativa de liberdade: reza o § 2º do art. 387 do CPP, com a seguinte redação: “§ 2º O tempo de prisão provisória, de 
prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do 
regime inicial de pena privativa de liberdade”. 
Agora, a detração penal é matéria de competência do juiz de 1ª instância (ou do Tribunal), a ser reconhecida 
na fase de conhecimento, e não somente na esfera da execução. Ex.: se o acusado permaneceu preso preventivamente 
por 1 ano, e ao final do processo foi condenado à pena de 9 anos de reclusão, o magistrado deverá aplicar a detração 
na própria sentença, fixando o regime inicial semiaberto para início de cumprimento da pena privativa de liberdade, 
correspondente ao restante da pena (8 anos), e não o regime fechado, relativo ao total da pena imposta. 
O legislador consagrou, explicitamente, o princípio segundo o qual “pena cumprida é pena extinta”. 
Detração penal e penas restritivas de direitos: é possível a incidência da detração penal nas penas restritivas 
de direitos de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e 
limitação de fim de semana, pois são aplicáveis em substituição às penas privativas de liberdade pelo mesmo tempo 
de sua duração (CP, art. 55). 
Detração penal e pena de multa: não se admite a detração penal no campo da pena de multa, diante da 
vedação legal da conversão desta última em pena privativa de liberdade. Ademais, o art. 42 do CP excluiu a incidência 
do instituto para a sanção pecuniária. Finalmente, a pena privativa de liberdade e a pena pecuniária têm finalidades 
diferentes e não há um critério legal capaz de expressar em dias-multa o tempo de prisão provisória. 
Detração penal e suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade (sursis): não tem 
cabimento a detração penal no período de prova do sursis, que em regra varia de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Assim, se 
a pena privativa de liberdade de 2 (dois) foi suspensa condicionalmente por outros 2 (dois) anos, a circunstância de 
ter o condenado permanecido preso provisoriamente por 1 (um) ano, por exemplo, em nada interferirá no período de 
prova, que subsistirá pelo tempo de 2 (dois) anos. A propósito, esse prazo poderia ser fixado ainda que fosse menor a 
sanção imposta. 
Mas será aplicável esse instituto na hipótese de ser revogado o sursis, pois aí restará ao condenado a obrigação 
de cumprir integralmente a pena que lhe foi imposta. No exemplo acima, faltaria somente 1 (um) ano para a satisfação 
total da pena privativa de liberdade. 
Detração penal e prescrição: discute-se se a detração penal influencia ou não no cálculo do prazo 
prescricional. Para quem admite essa possibilidade, fundada na aplicação analógica do art. 113 do CP6, a prescrição 
deveria ser computada com base no tempo restante da pena, ou seja, somente com o tempo ainda não cumprido pelo 
condenado. Exemplo: “A” foi condenado a seis anos. Provisoriamente (antes do trânsito em julgado), contudo, ficou 
 
6 Art. 113 – No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo 
que resta da pena. 
preso por três anos. Logo, a prescrição deveria ser calculada sobre a pena faltante, isto é, três anos, e não sobre a 
pena total. 
O STF, fundado no princípio da estrita legalidade, de observância cogente em matéria penal, tem posição 
diversa, ao entender que “o art. 113 do Código Penal tem aplicação vinculada às hipóteses de evasão do condenado 
ou de revogação do livramento condicional, não se referindo ao tempo de prisão cautelar para efeito do cálculo da 
prescrição”. 
Logo, a detração não influencia a prescrição. 
Detração penal e prisão provisória em outro processo: pergunta-se, quando a prisão provisória opera-se em 
um processo, no qual o réu é absolvido, é possível utilizar esse período para fins de detração penal em outro processo, 
em que foi condenado? 
A doutrina não é pacífica sobre o assunto. Ora se exige a conexão ou continência entre a infração penal, a 
prisão provisória e a pena imposta, ora esse requisito afigura-se como dispensável. Em qualquer caso, porém, é 
necessário tenha sido praticada a infração penal pela qual o agente foi condenado anteriormente à infração penal em 
que houve a prisão provisória e posterior absolvição. 
A jurisprudência estabeleceu-se no sentido de que não se reclama qualquer tipo de vínculo entre as infrações 
penais, desde que o ato tenha sido anterior à prisão cautelar. Para evitar a “conta corrente criminal” ou o “crédito 
criminal”, conforme posiciona-se o STF e o STF, vez que se daria ao condenado saldo credor, como um cheque em 
branco, que lhe permitiria cometer crimes e contravenções penais e abrigar-se sob o manto da impunidade.

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