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Direito do consumidor Unid.5

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DIREITO DO CONSUMIDOR
DIREITO DO CONSUMIDOR
Graduação
DIREITO DO CONSUMIDOR
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TUTELA JURISDICIONAL
Estudamos, na unidade anterior, a conduta criminosa praticada pelo
fornecedor de produto ou serviço, conduta comissiva ou omissiva.
Finalizaremos nosso estudo aprendendo como buscaremos os nossos
direitos, caso o fornecedor do produto ou serviço não atenda as determinações
contidas na norma, bem como não atenda a fiscalização dos órgãos
federativos.
OBJETIVO DA UNIDADE:
Verificar os direitos do consumidor, caso o fornecedor do produto ou
serviço não atenda as determinações contidas na norma e a fiscalização
dos órgãos federativos.
PLANO DA UNIDADE:
• Defesa do consumidor em juízo
• Ação civil pública
• Ação civil coletiva
• Ação de responsabilidade do fornecedor
• Ação popular
• Mandado de segurança coletivo
• Hábeas data
Bons estudos!
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Como não se pode fazer justiça pelas próprias mãos, invocaremos o
Estado-Juiz através da ação jurisdicional, para que se manifeste para
perpetuar o direito manifestado na norma.
DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO.
O CDC prevê duas maneiras para o consumidor se defender em juízo:
uma por meio de ação individual, ajuizada pelo consumidor individualmente;
outra por meio de ação coletiva, ajuizada por qualquer dos co-legitimados
inseridos nos incisos do art. 82. Certamente que há situações específicas
para uma ou para outra.
No Título III, “A Defesa do Consumidor em Juízo”, trata dos direitos e
interesses do consumidor de forma coletiva.
A defesa coletiva, segundo o parágrafo único do art. 81, será exercida
quando se tratar de interesses e direitos difusos (inc. I), interesses e direitos
coletivos (inc. II) ou interesses e direitos individuais homogêneos (inc. III).
Não podemos prosseguir sem que não conceituemos esses direitos.
Os direitos difusos são aqueles cujo objeto não pode ser dividido e
cujos titulares não se podem determinar, já que não são ligados por nenhuma
relação jurídica base, mas simplesmente por circunstâncias de fato. Ex.: o
direito decorrente de uma publicidade enganosa veiculada na televisão, em
que afeta toda a coletividade.
Os direitos coletivos são aqueles cujo objeto também não pode ser
dividido e, ao contrário dos direitos difusos, seus titulares são determinados,
já que possuem entre si ou com a parte contrária uma relação jurídica base
anterior. Ex.: aumento abusivo das mensalidades escolares, em que somente
os alunos (e os pais) são afetados.
Os direitos individuais homogêneos são aqueles cujo objeto pode ser
dividido e cujos titulares são perfeitamente identificáveis. Não importa se
há relação jurídica anterior. O que caracteriza o direito individual como
homogêneo é sua origem comum. Ex.: direitos dos indivíduos que sofreram
danos em decorrência da colocação de um produto estragado no mercado.
O CDC não regulamentou o procedimento para as ações coletivas na
defesa dos direitos difusos e coletivos. Por sua vez, na forma do art. 90,
deverá ser aplicado o rito da Lei 7347/85 (Lei da Ação Civil Pública), aplicando,
no que for possível, os dispositivos do Título III do CDC.
Por outro lado, no que diz respeito à ação coletiva na defesa de direitos
individuais homogêneos, o rito será o determinado pelo art. 91 e seguintes
do CDC, aplicando, no que couber, a Lei 7347/85.
Importante observar que a legitimação para as ações coletivas é
concorrente e o eventual litisconsórcio que se formar será facultativo
(destaque para a expressão utilizada pela doutrina: “concorrente e
disjuntiva”).
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Para o STF, a legitimidade para as ações coletivas é extraordinária
(substituição processual).
O legislador, preocupado em garantir aos consumidores a máxima
efetividade na tutela de seus direitos, imprimiu, de forma explícita, que aos
consumidores é assegurada toda e qualquer espécie de ação para a tutela
dos direitos consagrados no CDC. Desta forma, poderá ser utilizada, por
exemplo, visando tutelar os direitos da coletividade, a ação civil pública, o
mandado de segurança coletivo, o hábeas data, a ação popular (embora sua
aplicação seja mais restrita, sendo de pouca ou nenhuma utilização na
prática).
O art. 84 traz em seu bojo o teor praticamente igual ao art. 461 do
CPC. O artigo disciplina a obtenção da tutela específica da obrigação de
fazer e não fazer, garantindo assim o resultado prático assegurado pelo
direito.
O juiz poderá também, aplicar a multa diária (astreintes) em decorrência
do não-cumprimento da obrigação, independente da condenação em perdas
e danos, uma vez que essa tem caráter indenizatório, enquanto aquela tem
caráter coercitivo.
O art. 87 determina que “nas ações coletivas de que trata este código
não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas
processuais”.
A intenção do legislador em conceder a isenção de toda e qualquer
despesa, foi possibilitar maior facilidade no acesso à justiça principalmente
porque tais ações são de grande importância social.
Ação civil pública
Conceito
Trata-se do mais importante instrumento processual de tutela de
interesses transindividuais, achando-se disciplinada pela Lei 7347/85.
Constitui também meio processual de controle da Administração Pública,
porquanto objetiva impedir ou reprimir danos a qualquer interesse difuso,
coletivo ou a interesses individuais homogêneos. Danos ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem urbanística, ao patrimônio público, ao patrimônio
histórico, dentre tantos outros.
Legitimidade para agir.
Para a sua propositura estão legitimados o Ministério Público, a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, empresas
públicas, fundações, sociedades de economia mista ou, ainda, as associações
(L. 7347/85, art. 5º).
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Foro competente.
A competência para a ação civil pública é determinada pelo local do
dano (regra geral). Em se tratando de ação movida em face de entidades
estaduais, a competência será a de sua sede, normalmente a do Governo,
local onde se aperfeiçoa o dano, na forma dos arts. 2º e 4º da Lei 7347/85.
Havendo interesse da União, suas autarquias e empresas públicas,
na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, a competência será
da Justiça Federal, no foro do Distrito Federal ou o da capital dos Estados
(art. 109, inc. I, CRFB c/c § 2º).
Coisa julgada.
A sentença fará coisa julgada erga omnes, ou seja, alcançará a todos
em seus efeitos, inclusive a quem não foi parte no processo, “exceto se o
pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova” (art. 16, Lei 7347/85).
Ação civil coletiva
Conceito
A ação civil coletiva para a defesa dos interesses individuais
homogêneos de origem comum, representou um grande passo e grandiosa
conquista para a defesa judicial do consumidor.
Trata-se de uma versão abrasileirada da class action americana,
diferenciando apenas no que diz respeito à representatividade e à
legitimação para agir, mas perfeitamente adaptada no ordenamento jurídico
nacional.
O objeto desse tipo de ação é a defesa em juízo dos direitos
individuais homogêneos, assim entendidos os vinculados a uma pessoa
de natureza divisível e de titularidade múltipla, decorrentes de origem
comum.
Legitimidade para agir.
Os legitimados para a ação coletiva, na forma do art. 82 do CDC, são
o Ministério Público, a União, os Estados,o Distrito Federal e os Municípios,
as entidades e órgãos da administração pública destinados à proteção do
consumidor, bem como as associações privadas (incs. I a IV).
Trata-se de substituição processual (art. 6º, segunda parte), ou seja,
os legitimados pleiteiam em nome próprio direitos e interesses das vítimas
ou seus sucessores, mediante autorização legal.
O art. 82, III, determina, ainda, que “as entidades e órgãos da
administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
protegidos por este Código. Como exemplo, podemos dizer que tais órgãos
são aqueles encarregados da defesa do consumidor em âmbito federal temos
SDE e DPDC, em âmbito estadual temos os PROCONS e no âmbito municipal
as comissões e os conselhos de defesa do consumidor.
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Foro competente.
Será competente para o processo o julgamento da ação coletiva que
verse interesses individuais homogêneos a Justiça Comum dos Estados como
regra geral, ressalvada a competência da Justiça Federal (arr. 109, I, CRFB c/
c art. 93 CDC).
Coisa julgada
A coisa julgada, na ação coletiva para a defesa de interesses individuais
homogêneos, rompe com a regra geral do CPC, no sentido de que seus
efeitos estão limitados às partes do processo, não beneficiando nem
prejudicando terceiros (art. 472).
Nessa via processual, a coisa julgada, no caso de procedência do
pedido, produz efeitos erga omnes, ou seja, contra todos, beneficiando todas
as vítimas do mesmo evento e seus sucessores, tenham ou não ingressado
como litisconsorte, e incidindo sobre o réu, não se permitindo a propositura
de nova ação sobre o mesmo tema por quem quer que seja, inclusive
legitimados concorrentes e vítimas (art. 103, III).
Ação de responsabilidade do fornecedor
A ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços
segue o procedimento comum do CPC e visa ao ressarcimento civil do
consumidor no âmbito individual, proporcionando-lhe a sustação ou o
impedimento da concretização do dano ou mesmo recompondo o patrimônio
do lesado mediante indenização do prejuízo sofrido (art. 101, CDC).
Com relação ao art. 102, erroneamente colocado no capítulo “Das Ações
de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços”, com ela nada
tem a ver, já que cuida de interesses difusos e coletivos, protegidos pela via
da ação civil pública.
Tanto isso é verdade que as ações serão propostas pelos legitimados
concorrentes do art. 82 e terão por objeto compelir o Poder Público a proibir
a produção, divulgação, distribuição ou venda de produto cujo uso ou consumo
regular se revele nocivo ou perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal
ou a determinar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou
acondicionamento de produto nas mesmas condições descritas, circunstâncias
essas evidenciadoras de interesse difuso ou coletivo, em vista da
transindividualidade e da indivisibilidade.
Esse dispositivo melhor ficaria localizado no capítulo das Disposições
Gerais (arts. 81 e ss.).
Ação popular
Conceito
Ação Popular é instrumento idôneo para a invalidação de atos e
contratos administrativos e ilegais e lesivos ao patrimônio público, à
moralidade administrativa e ao meio ambiente (art. 5º, LXXIII, CFRB). Está
regulamentada pela Lei 4717/65, que foi recepcionada pela Constituição de
1988.
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Requisitos
São três os requisitos para o ajuizamento da ação popular:
a) ser o autor cidadão, ou seja, brasileiro, nato ou naturalizado,
no gozo de seus direitos políticos;
b) ser o ato ou contrato impugnado ilegal, porque desatende aos
requisitos ou condições de validade;
c) ser o ato lesivo, material ou presumidamente, ao patrimônio
público, à moralidade ou ao meio ambiente.
Mandado de segurança coletivo.
Trata-se de inovação trazida com a CRFB de 1988 (art. 5º, LXX),
permitindo que o mandado seja impetrado por pessoa jurídica para a tutela
de direito coletivo.
Objeto
A defesa de direito líquido e certo que não seja meramente individual,
mas coletivo, difuso ou individual homogêneo, lesionado ou sob ameaça de
lesão por ação ou omissão de agente público ou de particular que atue por
delegação, concessão ou mera autorização do Poder Público.
Legitimidade ativa – Impetrante.
Podem impetrar mandado de segurança coletivo:
a) partido político com representação no Congresso Nacional (ao
menos um parlamentar);
b) organização sindical, associação ou qualquer entidade de
classe, desde que legalmente constituídas e em funcionamento
há pelo menos um ano e que defendam os interesses de seus
membros ou associados.
Hábeas data.
O hábeas data - unicamente com o objetivo de obter informações
pessoais constantes de registros ou banco de dados de entidades públicas,
bem como a respectiva retificação de dados (art. 5º, LXXII).
Poderão ser também utilizados, em face de bancos de dados, cadastros
de consumidores e serviços de proteção ao crédito, equiparados, por lei, às
entidades de caráter público (CDC, § 5º do art. 43), ressaltando-se que
sem essa equiparação legal ocorreria impropriedade da via eleita.
Fizemos um estudo do CDC desde o seu início. Passamos pelos
conceitos fundamentais e seus princípio norteadores (UNIDADE I).
Logo após, adentramos na responsabilização do fornecedor de
produto ou serviço quando o pratica de forma errada (UNIDADE II).
Seguimos nosso estudo e passamos para as práticas comerciais
realizadas pelo fornecedor de produto e serviço, bem como suas
conseqüências (UNIDADE III).
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Para fiscalizar os atos praticados pelo fornecedor de produto ou serviço,
estudamos a ação do estado, fiscalizando e sancionando quando praticada
alguma infração administrativa (UNIDADE IV). E, como não poderia deixar de
ser, estudamos, quase que exaustivamente cada conduta criminal praticada
pelo fornecedor de produto ou serviço.
Finalizamos o nosso estudo com as ações colocadas a disposição do
consumidor ou dos órgãos federativos para a busca da tutela jurisdicional
de um direito lesionado.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
É certo que o estudo do Código de Defesa do Consumidor não se
esgota no presente estudo. Esperamos, entretanto, que o mesmo tenha
sido bastante proveitoso e sirva para sanar dúvidas. Mantenha o hábito de
ler, atualize-se sempre e não se esqueça de praticar o que foi aprendido. Foi
ótimo estar contigo. Até outra oportunidade e sucesso daqui para frente!
Parabéns pela escolha da sua profissão!

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