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SEGMENTO DE RETA, SEMI-RETA E ÂNGULO Apesar de Euclides ter definido ponto, reta e plano, suas definições não são satisfatórias. Mais precisamente, no livro 1, na definição 1, Euclides define ponto como aquilo que não tem partes; na definição 2 Euclides diz que uma linha é comprimento sem largura; na definição 4 Euclides define reta como sendo uma linha que jaz igualmente com os pontos sobre ela; na definição 5 Euclides diz que uma superfície é o que tem apenas comprimento e largura e na definição 7 Euclides define uma superfície plana como sendo uma superfície que jaz igualmente com as retas sobre ela. Nós consideraremos ponto, reta e plano como conceitos primitivos, não sendo definidos. Estes conceitos são abstratos. Geralmente, usamos letras maiúsculas do nosso alfabeto para representar pontos, usamos letras minúsculas também do nosso alfabeto para representar retas e usamos letras gregas para representar planos. Apesar de não podermos obter estes entes geométricos na natureza, nós conseguimos imaginar o que seja um ponto (algo sem dimensões), o que seja uma reta (algo que se prolongue indefinidamente numa dada direção e que não possui área) ou um plano (algo sem espessura que se prolongue em infinitas direções), e até os representamos no papel. Vamos começar enunciando alguns axiomas, ditos de incidência, da geometria plana. O primeiro é uma versão do primeiro postulado de Euclides; o segundo diz que não há retas com apenas um ponto e o terceiro diz que nem todos os pontos do plano pertencem a uma mesma reta: Axiomas de incidência: 1) Existe uma única reta passando por dois pontos distintos. 2) Em qualquer reta existem, pelo menos, dois pontos distintos. 3) Existem três pontos distintos não pertencentes a uma mesma reta. Para indicar a única reta que passa pelos pontos distintos A e B , usaremos a notação AB . Para as relações de pertinência (pertence) e inclusão (está contido), usaremos as notações e , respectivamente. Note que, pelo axioma 1 de incidência, se duas retas tiverem dois pontos distintos em comum elas têm todos os pontos em comum. Neste caso, dizemos que elas são coincidentes. Dadas duas retas distintas no plano, dizemos que elas se intersectam num ponto P , se P pertencer a ambas as retas. Dadas duas retas no plano, dizemos que elas são paralelas se elas não têm nenhum ponto em comum ou se elas têm pelo menos dois pontos distintos em comum, ou seja, duas retas são paralelas se não se intersectam ou se são coincidentes. Duas retas no plano que não são paralelas são chamadas concorrentes. Portanto, retas concorrentes são retas que se intersectam em um único ponto. Pela definição dada, temos que a relação de paralelismo de retas no plano satisfaz as seguintes propriedades: 1) Toda reta é paralela a ela mesma (propriedade reflexiva). 2) se uma reta r é paralela a outra reta s então s também é paralela a r (propriedade simétrica). 3) Se uma reta r é paralela a uma reta s e a reta s por sua vez é paralela a uma reta t , então r é paralela a t (propriedade transitiva). Observação: Uma relação que satisfaz as propriedades acima (reflexiva, simétrica e transitiva) é chamada relação de equivalência. O axioma de incidência 3 diz que dados três pontos, dois a dois distintos, eles não precisam, necessariamente, pertencer a uma mesma reta. Três ou mais pontos que pertencem a uma mesma reta são chamados colineares. Se três pontos colineares e distintos estão dispostos como na figura anterior, dizemos que B é um ponto que está entre A e C (ou que B é um ponto que está entre C e A ). O ponto A não está entre os pontos B e C , assim como o ponto C é um ponto que não está entre os pontos A e B . Assim, usamos está denominação estar entre, para três pontos colineares e distintos. Note que é bastante intuitivo que dados dois pontos distintos A e C existe sempre um ponto B que esteja entre A e C e existe um outro ponto D que não esteja entre A e C . Também, dados três pontos colineares e dois a dois distintos, um e apenas um deles está entre os outros dois. Estas afirmações auto-evidentes, que dão uma noção de ordem para os pontos da reta, serão tomadas como axiomas. Enunciemos então os axiomas de ordem: Axiomas de ordem: 1) Dados três pontos colineares e dois a dois distintos, um deles, e somente um, está entre os outros dois. 2) Dados dois pontos distintos, existe um outro ponto que está entre esses dois. 3) Dados dois pontos distintos A e B , existe um outro ponto C tal que B esteja entre A e C . Note que com os axiomas de incidência e de ordem, não precisamos do segundo postulado de Euclides. A partir dos axiomas de ordem podemos falar nos pontos que estão entre dois pontos distintos dados. Estes pontos, juntamente com os dois pontos dados, formam um subconjunto importante da reta. Definição: Dados dois pontos distintos A e B , o conjunto formado pelos pontos A , B e todos os pontos que estão entre A e B é chamado segmento de reta AB . Os pontos A e B são os extremos do segmento de reta AB . Definição: Dados dois pontos distintos A e B , o conjunto dos pontos do segmento de reta AB e dos pontos X tais que B esteja entre A e X , é chamado semi-reta com origem em A e que contém o ponto B , e é representada por AB . Assim, dada a reta que passa pelos pontos distintos A e B , se tomarmos um ponto C tal que o ponto A esteja entre os pontos C e B , temos que o ponto A determina duas semi-retas, ditas semi-retas opostas, AC e AB . Vamos introduzir agora um conceito primitivo relacionado ao tamanho de segmentos de retas, que é o conceito de congruência de segmentos. Intuitivamente, diremos que dois segmentos são congruentes se eles possuem o mesmo “tamanho”. Usaremos a notação CDAB significando que o seguimento de reta AB é congruente ao segmento de reta CD . Intuitivamente isto significa que se fizermos um dos extremos do segmento AB , digamos A , coincidir com um dos extremos do segmento CD , digamos C , então podemos fazer o ponto B coincidir com o ponto D . É natural aos nossos sentidos que a relação ser congruente para segmentos de retas seja uma relação de equivalência (lembre da propriedade reflexiva, simétrica e transitiva da observação 2.1). Vamos enunciar estas propriedades como axiomas: Axiomas de congruência de segmentos: 1) Todo segmento é congruente a ele mesmo. (propriedade reflexiva) 2) Se o segmento AB é congruente ao segmento CD então o segmento CD é congruente ao segmento AB . (propriedade simétrica) 3) Se o segmento AB é congruente ao segmento CD e o segmento CD é congruente ao segmento EF então o segmento AB é congruente ao segmento EF . (propriedade transitiva) Para indicarmos que segmentos são congruentes, usaremos traços pequenos transversais nos segmentos. Uma mesma quantidade de traços indica que os segmentos são congruentes. Agora, vejamos o seguinte:dado um segmento de reta AB e uma semi- reta CD , é intuitivo que deva existir um ponto E sobre esta semi-reta tal que o segmento CE seja congruente ao segmento AB . Para fixar as idéias, pensemos do seguinte modo: se pegarmos um compasso, colocarmos a ponta seca sobre o ponto A e a outra ponta sobre o ponto B , obteremos uma abertura no compasso. Agora, mantendo esta abertura, coloquemos a ponta seca do compasso no ponto C e marquemos, com a outra ponta do compasso, um ponto E sobre a semi-reta CD . Para efeito prático, desprezando-se os erros de construção que naturalmente surgem quando lidamos com instrumentos, podemos considerar ABCE . É isso que fazemos para “transportar” um segmento, quando estamos trabalhando numa parte da geometria que se ocupa de resolver problemas utilizando régua e compasso, chamada construções geométricas. Como não podemos garantir a existência do ponto E por construção, enunciamos um axioma que garante tal existência: Axioma do transporte de segmentos: Dados um segmento AB e uma semi-reta CD , existe um, e um só, ponto E na semi-reta CD tal que o segmento CE é congruente ao segmento AB . A figura a seguir ilustra o axioma do transporte de segmentos. A figura a seguir mostra que às vezes nossa intuição falha! Os segmentos AB e CD parecem ser congruentes? Não? Mas eles são! Por isso, não podemos confiar simplesmente nas figuras nem utiliza-las como demonstrações de resultados. Elas devem ser apenas ilustrativas e usadas para que possamos raciocinar geometricamente. Pensemos agora como fazemos quando queremos medir um objeto retilíneo. O metro é uma unidade padrão de medida. Quando temos algo que representa esta unidade (um pedaço de madeira, um pedaço de barbante ou fita, por exemplo), colocamos sobre o objeto retilíneo para vermos quantas vezes podemos sobrepô-lo. Se não tivermos esta unidade chamada metro, podemos usar nosso polegar (que originou a polegada) ou nossos pés (que originou a unidade de medida chamada pé), ou ainda o nosso palmo (quem nunca usou o palmo para comparar tamanho de objetos?). Da mesma forma, se tomarmos um segmento de reta AB como unidade de medida, podemos utiliza-lo para medir um outro segmento CD , simplesmente verificando quantas vezes podemos sobrepor o segmento AB ao segmento CD . Pode ser que o segmento CD “contenha” exatamente n segmentos congruentes ao segmento AB , com n . Neste caso escrevemos nABCD ou CD n AB 1 , para representar isto. Se o segmento CD for congruente a m vezes AB n 1 , com nm, , dizemos que o segmento CD tem medida n m e escrevemos n m CDm )( . Neste caso dizemos ainda que os segmentos AB e CD são comensuráveis. Agora, pode ser que o segmento CD não seja congruente a nenhum múltiplo de nenhum segmento AB n 1 , para nenhum inteiro n . Dizemos então que os segmentos AB e CD são incomensuráveis. Neste caso a medida do segmento CD , tomando AB como unidade, é um número irracional positivo. Vamos relacionar a noção de medida de segmentos com segmentos congruentes, através dos axiomas a seguir: Axiomas de medida de segmentos: 1) A cada segmento AB está associado um número real positivo )(ABm , chamado medida de AB . Reciprocamente, dado um número real positivo x , existem segmentos cuja medida é x . 2) Dois segmentos são congruentes se, e somente se, têm a mesma medida. 3) Se C está entre A e B então )()()( CBmACmABm . A noção comum (2) de Euclides, juntamente com os axiomas de medida de segmentos implica que a congruência de segmentos é aditiva: Se B está entre A e C , e E está entre D e F de forma que DEAB e EFBC , então DFAC . Definição: A distância entre dois pontos A e B distintos, representada por ),( BAd , é definida por )(:),( ABmBAd . Definição: Dizemos que um ponto M é ponto médio do segmento AB se M está entre A e B , e AM MB . Isto é, M é um ponto do segmento AB tal que ),(),( BMdMAd . Na proposição 10 do livro I dos Elementos, Euclides propõe bissecar um segmento de reta. Vamos reformular isto na proposição a seguir. Proposição: Todo segmento possui um único ponto médio. Prova: Seja AB um segmento qualquer. Pelo axioma 1 de medida de segmentos, existe um número real positivo c tal que ( )m AB c . Também, ainda pelo axioma 1 de medida de segmentos, existe um segmento de reta CD tal que ( ) 2 c m CD , já que 0 2 c . Agora, pelo axioma de Transporte de segmento e pelo axioma 2 de medida de segmentos, existe um único ponto M na semi-reta AB tal que ( ) 2 c m AM . Logo, pelo axioma 3 de medida de segmentos, também temos ( ) 2 c m MB e M está entre A e B . Portanto, M está entre A e B , e AM MB . Assim, M é ponto médio de AB e é único. Da mesma forma que um ponto sobre uma reta divide a reta em dois subconjuntos, que são semi-retas opostas, temos também que uma reta num plano divide o plano em dois subconjuntos importantes. Estes subconjuntos são disjuntos, um segmento de reta, com cada extremo pertencente a um dos conjuntos, intersecta a reta, e um segmento de reta cujos extremos pertencem a um dos conjuntos está inteiramente contido no conjunto. Vamos então caracterizar estes subconjuntos através do seguinte axioma: Axioma da separação dos pontos de um plano: Uma reta r no plano separa os pontos de , que não pertencem à r , em dois subconjuntos 1 e 2 , de , tais que: 1. 1 2 . 2. Se A e B são dois pontos de tais que 1A e 2B então AB r . 3. Se A e B são dois pontos ambos de 1 (respectivamente 2 ) então o segmento AB está inteiramente contido em 1 (respectivamente 2 ). Os subconjuntos 1 e 2 acima são chamados semiplanos abertos determinados pela reta r . Os conjuntos 1 r e 2 r são chamados semiplanos determinados por r . Os semiplanos 1 e 2 são semiplanos opostos em relação à reta r . Definição: Ângulo é a figura formada por duas semi-retas não opostas, distintas e com mesma origem. As semi-retas OA e OB são os lados do ângulo e o ponto O é o vértice do ângulo. O ângulo é representado por BOA ˆ . O interior do ângulo BOA ˆ é a interseção do semiplano aberto determinado pela reta que passa pelos pontos O e A , e que contém o ponto B , com o semiplano aberto determinado pela reta que passa pelos pontos O e B , e que contém o ponto A . Dizemos que uma semi-reta divide um ângulo se ela tem como origem o vértice do ângulo e se ela intersecta o interior do ângulo. Por exemplo, na figura a seguir, a semi-reta OC divide o ângulo ˆAOB . Neste caso, os ângulos ˆAOC e ˆCOB são chamados ângulos adjacentes. Mais geralmente, ângulos adjacentes são ângulos que têm um lado em comum e seus interiores não se intersectam. A congruência de ângulosé uma noção primitiva e que está relacionada a “abertura” de seus lados. Intuitivamente, dois ângulos são congruentes se têm a mesma “abertura”. Da mesma forma que para congruência de segmentos, também é natural aos nossos sentidos que a relação ser congruente, para ângulos, também seja uma relação de equivalência. Assim, analogamente ao caso de segmentos de retas, enunciamos abaixo os axiomas de congruência de ângulos, onde o símbolo “ ” também é usado para congruência de ângulos. Axiomas de congruência de ângulos: 1) Todo ângulo é congruente a ele mesmo. 2) Se ˆ ˆABC DEF então ˆ ˆDEF ABC . 3) Se ˆ ˆABC DEF e ˆ ˆDEF GHI então ˆ ˆABC GHI . Em construções geométricas, nós usamos o compasso para “transportar” um determinado ângulo dado para uma dada semi-reta. Se o ângulo é ˆAOB e a semi-reta é CD , nós tomamos uma abertura qualquer no compasso, fixamos a ponta seca do compasso no ponto O e traçamos uma curva (um “arco de círculo”), que corta os lados do ângulo em pontos E e F . Com a mesma abertura do compasso, fixamos agora a ponta seca no ponto C (origem da semi-reta) e traçamos uma curva (“arco de círculo”) que corta a semi-reta num ponto G . Agora, colocamos a ponta seca do compasso no ponto E e abrimos compasso até que a outra ponta fique no ponto F , ou seja, pegamos a abertura do ângulo dado. Mantendo essa abertura do compasso, colocamos a ponta seca agora no ponto G , na semi-reta, e traçamos outra curva (outro “arco de círculo”) que intersecta aquele construído anteriormente em um ponto H (note que podemos obter dois pontos H , um em cada semiplano determinado pela reta CD ). Temos então que as semi-retas CD e CH são os lados de um ângulo ˆHCD que é congruente ao ângulo ˆAOB . Formulemos então um axioma que nos garante que podemos “transportar” um ângulo dado para uma semi-reta. Axioma do transporte de ângulos: Dados um ângulo ˆAOB e uma semi-reta CD , em cada semiplano determinado pela reta que passa pelos pontos C e D , existe uma única semi-reta CE tal que ˆ ˆDCE AOB . Existe um instrumento, que muitos de nós já até utilizamos, chamado transferidor. Este instrumento, cujo formato é a metade de um círculo, é feito de material transparente e é usado para medir ângulos. Utilizando uma graduação numérica, este instrumento associa a cada ângulo um número real que varia entre 0 e 180 e vice-versa. Portanto, nossa intuição nos diz que podemos relacionar ângulos com números reais positivos menores do que 180. Também, a noção comum (2) de Euclides, aplicada a ângulos, significa que a congruência de ângulos é aditiva. Formalizemos isso em um axioma: Axiomas de medida de ângulos: 1) A cada ângulo ˆAOB está associado um número real positivo ˆ( )m AOB , menor que 180, chamado medida do ângulo ˆAOB . Reciprocamente, todo número real positivo menor que 180 é a medida de algum ângulo. 2) Dois ângulos são congruentes se, e somente se, têm a mesma medida. 3) Se a semi-reta OC divide o ângulo ˆAOB então a soma das medidas dos ângulos ˆAOC e ˆCOB é igual a medida do ângulo ˆAOB . A unidade de medida de ângulos é o grau, e é representada por “ ”. Considere duas semi-retas opostas OA e OB . Tome um ponto C que não esteja sobre a reta AB . Portanto, a semi-reta OC não é oposta nem coincidente com nenhuma das semi-retas OA e OB . Os ângulos ˆCOB e ˆCOA são chamados suplementares adjacentes. Usando os axiomas de medidas de ângulos temos que a soma das medidas de dois ângulos suplementares adjacentes é 180 . Desta forma, estendemos a noção de ângulo, para o caso em que seus lados são semi-retas opostas. Este ângulo é chamado ângulo raso e sua medida é 180 . Também, no caso em que os lados do ângulo são semi-retas coincidentes, definimos o ângulo como sendo o ângulo nulo. A medida do ângulo nulo é 0 . Note que estes ângulos não estavam contemplados na definição de ângulo. Note também, que a definição de interior de um ângulo não se aplica a estes ângulos. Sejam ˆCOB e ˆCOA ângulos suplementares adjacentes tal que ˆ ˆCOB COA . Logo, ˆ ˆ( ) ( )m COA m COB e ˆ ˆ( ) ( ) 180m COA m COB . Portanto, ˆ ˆ( ) ( ) 90m COA m COB . Ângulos cuja medida é 90 são chamados ângulos retos. Dois ângulos cuja soma das medidas é 180 são chamados ângulos suplementares, e dois ângulos cuja soma das medidas é 90 são chamados ângulos complementares. Neste caso, um é dito ser o complementar do outro. Um ângulo com medida menor que 90 é chamado ângulo agudo e um ângulo com medida maior que 90 é chamado ângulo obtuso. Definição: Dois ângulos são chamados opostos pelo vértice se os lados de um deles são semi-retas opostas aos lados do outro. Na figura a seguir, os ângulos ˆABC e EBD ˆ são opostos pelo vértice. Note que dadas duas retas concorrentes, o ponto em que elas se intersectam é a origem de dois pares de semi-retas opostas. Logo, duas retas concorrentes formam dois pares de ângulos opostos pelo vértice. Usaremos a noção de ângulos suplementares adjacentes, para mostrar que ângulos opostos pelo vértice têm a mesma medida, ou seja, são congruentes. Este resultado é creditado a Tales de Mileto (ver mais sobre Tales na aula 6) e é a proposição 15 do livro I dos Elementos de Euclides. Proposição: Ângulos opostos pelo vértice são congruentes. Prova: Sejam ˆDBE e ˆABC ângulos opostos pelo vértice. Mostremos que ˆ ˆ( ) ( )m DBE m ABC . De fato, como os ângulos EBD ˆ e ˆABD são suplementares adjacentes, temos: ˆ ˆ( ) ( ) 180m ABD m DBE (1) Também, como os ângulos CBA ˆ e ˆABD são suplementares adjacentes, temos: ˆ ˆ( ) ( ) 180m ABD m ABC (2) De (1) e (2), ˆ ˆ ˆ ˆ( ) ( ) ( ) ( )m ABD m DBE m ABD m ABC . Logo, pela noção comum (3), de Euclides, temos ˆ ˆ( ) ( )m DBE m ABC . Assim, pelo axioma (2) de medida de ângulos, temos ˆ ˆDBE ABC . Observação: Note que os axiomas de congruência de ângulos e de medida de ângulos implicam no quarto postulado de Euclides.
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