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QUESTIONARIO Nº 02 2012 – II
I – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
1- Qual foi o quadro das finanças públicas e da gestão orçamentária durante as décadas de setenta e oitenta, antes das mudanças sancionadas em 1988? Enuncie as principais caraterísticas e os problemas e implicações desta situação para a gestão fiscal. (Giambiagi e Além1, cap. 4 e 5; e Biderman e Arvate, cap. 19).
Anos 70:
O forte aumento da participação do Estado no esforço de desenvolvimento dos anos 60 e 70 refletiu-se em um expressivo aumento dos dispêndios governamentais, o que dificultou, em certa medida, a administração das finanças públicas.
De fato, ao longo dos anos 70, cresceram em importância os gastos correspondentes ao orçamento monetário, a conta de divida e principalmente ao orçamento das empresas estatais. 
Estas últimas até 79 não tiveram suas receitas e dispêndios englobadas em um orçamento consolidado. Até a criação da Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST) em 79, as empresas estatais usufruíam de autonomia com relação as suas decisões sobre usos e fontes de financiamento. Com ele foi possível o cadastramento e o orçamento das empresas estatais.
O Orçamento monetário tinha o objetivo de fixar limites exógenos á expansão da base monetária. Eram registrados no orçamento gastos com subsídios, alguns fundos e programas administrados pelo BC, linhas de credito subsidiando a alguns setores considerados prioritários e as contas cambiais. 
As aplicações de recursos eram financiados pelas fontes que não acarretavam emissão monetária, que são limitados, e as que acarretavam como grande parte era feito.
Além disso, a aprovação de cada orçamento era submetida a autoridades distintas, em diferentes períodos do ano e baseada em planilhas de parâmetros prospectivos não uniformes.
A conta da divida surgiu como uma peça autônoma nos primeiros anos da década de 70 fazendo com que as coberturas de juros e amortizações ocorressem sempre através de novas emissões de títulos.
A ausência de mecanismos que garantissem uma contabilidade conjunta tornava as contas públicas bastante confusas impedindo a visualização de forma precisa das contas do governo federal.
Inexistia um órgão responsável pela execução do orçamento da união, havendo apenas o registro para efeitos de acompanhamento feito pelo BB. Este realizava operações de interesse do Tesouro Nacional e do BC, e devido a este fator tinha automático a recursos do BC.
De fato existia uma fusão financeira das três instituições que funcionavam na pratica como um único caixa e inexistiam instrumentos adequados de planejamneto, execução e controle financeiro.
Ao longo dos anos 70 houve uma dificuldade crescente para o controle da política monetária do país, houve certa perda de controle e da evolução da dívida pública.
Anos 80:
Quando eclodiu a crise da dívida externa, em 1982, o credito externo desapareceu e o Brasil teve que pedir ajuda financeira ao FMI que envolveu uma seria de condicionantes para a realização do empréstimo.
A primeira tarefa foi a de aparelhar o BC para este ter condições de registrar as operações de endividamento do setor público consolidado. A segunda foi a divulgação tanto do índice de resultado nominal (pedido pelo FMI) quanto do resultado operacional (devido ao aumento da inflação corrente), embora este ultimo assumisse a função de índice do desempenho da política fiscal.
O resultado operacional não resolveu todos os problemas práticos ligados a necessidade de um bom “termômetro” para medir a contribuição da política fiscal para a política anti-inflacionária do governo havia ainda quatro problemas metodológicos:
A defasagem das informações
A irregularidade dos dados
A falta de confiabilidade na precisão das estatísticas
Influencia da inflação sobre o resultado fiscal.
O déficit operacional não era uma medida fiscal que eliminava completamente os efeitos da inflação. Esses problemas só foram resolvidos após 88.
2- Enumere e descreva as principais mudanças de natureza institucional ocorridas durante a década de oitenta destinadas a corrigir o quadro aludido na pergunta anterior. (G&A cap. 4 e 5 e notas de aula)
As inovações do processo orçamentário ao longo dos anos 80 tiveram marcos importante a partir de 1985 com o processo de unificação orçamentária da União. Era necessário maior controle sobre orçamento, e que o Legislativo e o Executivo tivessem maiores responsabilidades na condução do processo orçamentário. Entre as medidas podemos citar mudanças na dívida mobiliária, a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, extinção da conta movimento do BB, proibição da emissão de títulos da dívida sem autorização do Legislativo, entre outros. Com a Constituição de 88, formou – se a idéia de Planejamento e Continuidade, com a criação do PPA (Plano Plurianual), a do LDO (lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual). O PPA era o ponto de partida e apresentava diretrizes, objetivos e metas da administração pública. O PPA constitui a idéia da continuidade, pois era elaborado até o fim do primeiro ano da gestão em andamento entrando em vigor no ano seguinte e terminando no primeiro ano da próxima gestão. A LDO por sua vez, define metas e prioridades para os exercícios subseqüentes, além de orientar a elaboração da LOA. A LOA deve dispor sobre a alocação dos recursos previstos na composição dos programas, projetos e atividades, trata – se do instrumento de execução dos planos e programa. Porém estas medidas não foram suficientes para cumprir os objetivos, elas foram tratadas como meras formalidades pelos governos, deixando de lado seu principal objetivo; planejamento a fim de equilibrar as contas públicas e verificar a qualidade das contas do governo, o que gerou os crescentes déficits.
3- Quais são as diversas formas de classificação da despesa? Enumere, assinalando os critérios e descreva cada uma das grandes subdivisões (Rezende cap. 3)
Podem ser classificados em três diferentes formas: finalidade do gasto, natureza do dispêndio e o agente encarregado da execução do cargo. 
Quanto à finalidade do gasto: classificação das despesas por funções, programas e subprogramas. É necessário para a efetiva implantação de técnicas do orçamento-programa, que objetiva aumentar a eficiência e a eficácia na programação dos dispêndios do governo.
Quanto à natureza do gasto: são identificadas 4 principais categorias econômicas: Custeio, Investimento, Transparências e inversões financeiras. Classificação de despesas por categoria tem como objetivo o gasto governamental nos principais agregados. Nota-se que a distribuição dos gastos por categoria já fica parcialmente determinada pela finalidade da despesa. Cada programa requer maior ênfase, como por exemplo, programa de segurança publica que depende da utilização de mão de obra, há ai um elevado gasto com pessoal total nas despesas do programa, outro exemplo pode ser o de programas de melhoria em infra-estrutura (transportes) que são baseados em despesas com investimento. Transparências assumem um papel importante em programas de previdência social. 
Quanto ao agente encarregado da execução do cargo: variações devido a mudanças na forma de executar se for de administração direta ou indiretamente (mediante contratação de empresas privadas). Como por exemplo da Saúde, se tem a preferência sobre a prestação direta dos serviços isso vai gerar mais manutenção nos ambulatórios e hospitais resultado será elevada participação de despesas de pessoal e aquisição de material no total do orçamento programa. Ou por outro lado se a opção for via contratação de empresas privadas (indiretamente), maior parcela do dispêndio pelo pagamento de serviços prestados.
4- Qual é a estrutura atual do orçamento do setor público no Brasil? Qual sua composição e quando foi adotada esta nova estrutura? (Rezende cap. 5 e B&A, cap. 19).
A nova estrutura foi adotada em outubro de 1988, á qual atribuiu ao tribunal de contas da união a fiscalização da aplicação dos recursos transferidos pela união aos estados e municípios.O novo modelo orçamentário foi definido como composto por três instrumentos
O Plano Plurianual (PPA)
Estabelece o planejamento de médio prazo (4 anos) das despesas de capital, dos gastos decorrentes dessas despesas de capital e de novos programas de duração continuada.
O PPA devera ser apresentado ao legislativo até a data de apresentação da LOA, no primeiro ano de mandato, vigorando a partir do segundo ano de administração responsável por sua elaboração até o fim do primeiro ano da gestão subsequente. Apresentando a ideia de continuidade administrativa, já que ultrapassa uma gestão de governo.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
Define as metas e prioridades do administrador para o exercício subsequente, incluindo as despesas de capital, deve orientar a elaboração da LOA.
A LDO é o elo entre PPA e a LOA assim, o novo Modelo orçamentário assegurou a participação efetiva do poder Legislativo em todo o processo de planejamento público. 
Lei Orçamento Anual (LOA)
O LOA é o orçamento propriamente dito, com a previsão de todas as receitas e a fixação das despesas, a LOA não poderá destinar recursos a projetos, que originalmente não estavam previstos no PPA, a não ser por meio de Lei Especifica.
5- Em relação ao Orçamento Programa, apresente suas principais características. Adicionalmente, descreva quais são as etapas de implementação do orçamento programa. Atenção, em sua reposta aponte o calendário respectivo. (Rezende cap. 5 e B&A, cap. 19).
A principal característica do orçamento programa é a ênfase no objetivo do gasto, em vez da simples preocupação com a categoria do dispêndio.
De maneira explicita, a aplicação do orçamento inclui:
Avaliação e comparação dos diferentes programas desenvolvidos pelo governo em termos de sua contribuição para os objetivos nacionais;
Determinação de como objetivos preestabelecidos pode ser atingidos com mínimo dispêndio de recursos;
Projeção das ações governamentais para um horizonte de tempo superior ao período usual de um ano;
 Revisão dos objetivos, programas e orçamentos a luz de experiência passada e de modificações na conjuntura.
A implementação do orçamento programa deve incluir pelo menos três etapas:
Classificação das despesas por programa
Estabelecimento de metas e à quantificação dos recursos necessários ao seu atingimento
Estabelecimento de indicadores para a afeição de custos e resultados de cada programa
O orçamento programa restringe-se ao período orçamentário de um ano.
6- Quais foram os ganhos dos outros poderes, que não o executivo, com as mudanças no processo orçamentário sancionadas em 1988? (Rezende cap. 5 e B&A, cap. 19).
A Constituição de 88 ampliou a participação do Poder Legislativo na elaboração do orçamento, mas a predominância continua sendo do Executivo. O Legislativo não pode alterar o total de gastos, mas podem alterara locação previamente realizada desses recursos.
Ou seja, só se admite uma emenda às despesas se outra for cancelada. A única exceção é no casso de ocorrer erros ou omissões. 
7- A execução orçamentária no Brasil é um processo pautado por um conjunto de instrumentos normativos sancionados na Constituição. Enumere e descreva cada um dos instrumentos indicados. (Rezende: cap. 5; B&A cap. 19)
A execução orçamentária é a somatória de ações, é nessa etapa que a realização dos fins do Estado se torna efetiva, por meio de execução dos serviços públicos destinados ao atendimento das necessidades coletivas.
Essa deve assegurar que a programação contida no orçamento seja efetivamente realizada, o que só é possível por meio do planejamento da execução, que é dividido em três fases: a decisão de planejar, o plano propriamente dito e a implementação.
Os dois primeiros atendem a um imperativo legal, já o terceiro não, por isso seu planejamento deve ser feito da melhor forma para garantir o seu cumprimento. 
Do envio do projeto do LOA ao Legislativo e a sua aprovação restam 3 meses para que se inicie a execução do orçamento, então nesse período toda a programação deve ser feita considerando a despesa fixa no LOA e sua recita estimada.
Depois do planejamento entra o Decreto de Execução Orçamentaria que é a etapa complementar de todo o processo. Que tem como finalidade normatizar no âmbito da administração direta e indireta os procedimentos que asseguram a gestão responsável da receita e da despesa públicas, orientando e disciplinando as ações dos ordenadores de despesa e tornando publicas as regras de conduta do poder executivo na arrecadação de suas receitas e no processamento de suas despesas. 
Também devem ser estabelecidas as cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar
Por seu turno a Lei de Responsabilidade Fiscal determina que, até 30 dia após a publicação da LOA, o poder Executivo deverá estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, e promover os ajustes necessário para o cumprimento das metas caso necessário.
8- A Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme Vignoli, apresenta-se estruturada em blocos temáticos, cada um deles aborda tópicos centrais da gestão orçamentária e financeira do setor público. Descreva e comente. (Biderman e Arvate: cap. 19)
A LRF pode ser analisada dividindo-a em 4 grandes blocos:
1º Bloco: artigos 1 ao 28, que tratam da questão do planejamento. Este bloco caracteriza a rigidez na entrega da LDO e da LOA, bem como estimativas relacionadas à perda de arrecadação nos relatórios apresentado, define o que deve conter na LDO bem como obriga a entrega de documentos extras, como o Anexo de Metas Fiscais. Apresenta as seguintes inovações: (i) a definição do conceito de Receita Corrente Líquida; (ii) a regulamentação que é dada à Lei de Diretrizes Orçamentárias; (iii) a necessidade de se apresentar o anexo de metas fiscais como parte integrante da LDO (metas anuais de receitas e despesas, resultado primário e nominal, montante da dívida pública); (iv) a necessidade de se apresentar o anexo de riscos fiscais (avaliação dos passivos contingenciais e outros riscos capazes de afetar as contas públicas); etc.
2º Bloco: artigos 29 ao 42, que tratam da dívida e do endividamentos públicos, definindo os limites de endividamento, a recondução da dívida aos limites estabelecido, as operações de crédito, as vedações, as operações com BACEN e as garantias e contra garantias. As inovações apresentadas nesse ponto tem o objetivo de evitar os desequilíbrios fiscais ocorridos na década de 90, que mesmo com as medidas constitucionais de 1988 não puderam evitar. Principais inovações desse bloco dizem respeito a: (i) classificação de todas as operações de crédito de prazo inferior a 12 meses, cuja receita tenham integrado a LOA; (ii) previsão de fixação dos limites globais da dívida consolidada das 3 esferas de governo; etc.
3 º Bloco: artigos 43 a 47, que tratam da gestão Patrimonial, incluindo o tratamento que deve ser dado às disponibilidades de caixa dos entes da federação, inclusive aquelas relativas aos regimes de previdência social, geral e próprio (os servidores públicos), a preservação do patrimônio público e ainda questões relativas às empresas controladas pelo Setor Público. Podemos perceber nestes artigos que o objetivo era manter o patrimônio do governo a fim de garantir a qualidade das contas do governo e a responsabilidade com suas obrigações. As principais inovações são: (i) a vedação de aplicação, em despesas correntes, de receita de capital proveniente da alienação de bens do patrimônio público; etc.
4º Bloco: art. 48 ao 75, que tratam da transparência, do controle e da fiscalização e ainda das disposições finais e transitórias. Os aspectos trazidos por este bloco dizem respeito à transparência da gestão fiscal, à escrituração e consolidação das contas, à fiscalização da gestão fiscal e às disposições finais.
As principais inovações são: (i) a obrigação de se incentivar a participação popular, como forma de dar transparência a gestão fiscal, durante os processos de elaboração e de discussão dos planosLDO e LOA; etc
Em síntese, a LRF impôs normas de planejamento e controle das contas publicas definindo critérios transparentes para a estimativa de receita, redefinindo os limites e critérios de apropriação dos gastos de pessoal, fixando procedimentos para a ampliação de despesas obrigatórias de caráter continuado, estabelecendo regras severas relativas ao endividamento público, restringido o uso da “máquina administrativa” pelos governantes em fim de mandato impedindo que o mandato de seu sucessor fique inviabilizado e introduzindo, ainda, alterações importantes visando a transparência fiscal e a eficácia na fiscalização do poder legislativo e tribunal de contas.
9- Existem diversas críticas aos dispositivos que norteiam a execução orçamentária, dentre elas a que aponta que aqueles ocasionam, ou são responsáveis pelo, engessamento da gestão fiscal. Explique e comente. (Notas e aula)
O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual são instrumentos que direcionam as diretrizes do processo de planejamento-orçamento da gestão pública influenciando o gestor frente à formulação e implementação de políticas públicas.  Estruturado em dotações orçamentárias cabe ao gestor planejar, executar e controlar políticas públicas com bases em recursos pré-determinados. Não é permitido ao gestor comprometer o equilíbrio entre receitas e despesas do Estado, de tal forma que este deve se responsabilizar pelo cumprimento das metas fiscais e pela operacionalização das políticas de governo de modo transparente à população. Dessa forma existem críticas quanto se o estabelecimento de dotações orçamentárias em demasia não prejudica a autonomia do gestor.
Se, por um lado, a vinculação das receitas públicas, ou seja, a destinação específica de recursos para a União e para os entes subnacionais interfere na tradição patrimonialista e clientelista ao regular as relações entre a determinação de políticas entre o Estado e sociedade separando os recursos públicos do Estado e privados do governante, quando utilizadas em excesso estas interferem na permeabilidade do ajuste às demandas sociais ao tornar pouco dinâmico o processo de definição de prioridades e de alocação de recursos. Por outro lado, existe a questão da austeridade fiscal. A compressão das despesas discricionárias do gestor, potencializada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, institui mecanismos que cristalizam prioridades passadas para o futuro. Estes mecanismos garantem a diminuição de desvios e menor poder de controle dos gastos. Neste contexto, a Desvinculação de Receitas da União traz ao debate incertezas em relação à previsão das dotações orçamentárias, já que ela permite, novamente, flexibilizar a aplicação de recursos. É importante frisar que flexibilizar ou engessar o orçamento está intrinsecamente relacionada à vontade política. Afinal, investir ou não em uma política em detrimento de outra, não deixa de ser decisão tomada por aqueles que estão no poder.
Orçamento não se constitui em uma “camisa de força” que engessa a execução orçamentária. Ele pode e deve ser alterado ao longo de sua execução, sempre que a situação assim exigir.
10- Quais são as avaliações mais recentes em torno da LRF e seu impacto sobre a gestão financeira dos governos subnacionais? (Para responder esta pergunta deverá lançar mão de suas notas de aula e de uma pesquisa nos artigos sobre o tema publicados recentemente nos jornais ) 
A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal na sua eficiência e na sua eficácia, que veio suprir uma lacuna da Lei nº 4.320/64, pois além de estabelecer normas orientadoras das finanças públicas, instituiu, também, severas punições para aqueles governantes que não souberem administrar os recursos públicos durante o seu mandato, deixando dívidas para seus sucessores e assumindo compromissos que sabem, de antemão, não poder honrar. A Lei nº 4.320/64 passou por algumas alterações como: conceito de dívida fundada, de empresa estatal dependente, de operações de crédito e tratamento dado aos restos a pagar. A Constituição Federal deu à Lei nº 4.320/64 o status de Lei Complementar, mas existindo algum dispositivo conflitante entre as duas normas jurídicas, prevalece à vontade da Lei mais recente.A Lei atribuiu à Contabilidade Pública novas funções no controle orçamentário e financeiro, garantindo-lhe um caráter mais gerencial. As informações contábeis passaram a interessar tanto à Administração Pública quanto aos seus gestores, e também a sociedade passa a ser participante do processo de acompanhamento e fiscalização das contas públicas para as tomadas de decisões, mediante os instrumentos que a Lei incorpora para esta finalidade. 
As vantagens da Lei de responsabilidade fiscal são: orçamento participativo, transparência da gestão, herança fiscal e racionalização das despesas.
11- Em relação à previdência social, explique, com base na literatura, quais são os modelos existentes? (Biderman e Arvate cap. 20 e notas de aula)
Os regimes previdenciários são definidos pela forma de administração dos recursos e pela taxa de retorno (entendida como fluxo de contribuições durante a vida ativa e fluxo de benefícios no período de inatividade na vida de cada individuo) obtida pelos beneficiários da previdência social. Existem 2 tipos de regimes: regime de repartição e regime de capitalização.
Regime de repartição: as contribuições de um determinado período são usadas para pagar a aposentadoria dos inativos naquele mesmo período. O pagamento da aposentadoria se da sempre com a contribuição de uma geração para outra, ou seja, ocorre um mecanismo chamado Solidariedade Intergeracional (transferências de recursos que se da entre indivíduos de gerações distintas/diferentes).
Regime de capitalização: as contribuições de cada individuo são aplicadas e capitalizadas, tendo como objetivo formar um fundo que custeará sua própria aposentadoria quando passar para inatividade. 
A distribuição intrageracional (transferência de recursos entre indivíduos de uma mesma geração) pode ser pautado sobre a relação entre renda e expectativa de vida, uma vez que aqueles que possuem maior renda tem maior acesso a hábitos mais favoráveis a uma maior expectativa de vida, então aqueles que tem menor expectativa de vida são “punidos” dentro do regime de repartição ocorrendo a transferência intrageracional. 
14 – Com nos diversos elementos anotados nos textos consultados responda qual é, em sua opinião, o saldo ou o impacto da previdência em termos distributivos?
A previdência social corresponde a quase 60% dos gastos sociais, e seu caráter assistencialista está na transferência de renda para as populações menos abastecidas. Para avaliar o impacto é necessário observar as alíquotas pagas pelos diferentes grupos, no caso do RPPS, praticamente não existe variação entre as alíquotas entre as faixas de educação, já no caso do RGPS (INSS), observa-se uma relação monotonicamente decrescente entre a alíquota justa e os anos de educação, evidenciando um caráter distributivo, tendo-se em conta uma alíquota efetiva de 28% nesse setor, fica evidente a necessidade de alíquotas maiores para a população mais pobre dos que as que são pagas atualmente de forma a equilibrar as contribuições e benefícios.
Além da diferenciação entre as famílias pobres e ricas, ainda existem as transferências entre a área urbana e a área rural, pois nota-se que devido ao baixo grau de formalização (e contribuição) das atividades econômicas no campo, logo há uma necessidade de um maior beneficio em relação ao PIB destinada a área rural, mesmo sem a mesma contrapartida em benefícios.
16 – quais as diferenças ou o peso da previdência dos trabalhadores do setor público vis-à-vis a dos trabalhadores do setor privado em termos de sua contribuição na crise da previdência social no Brasil?
No setor público (funcionários públicos) o número de beneficiários é muito elevado em relação ao numero de funcionários ativos, e as aposentadorias dosmesmos são bem elevadas. A deterioração do equilíbrio no INSS é bem mais acentuada no setor público, particularmente nos regimes previdenciários dos estados, onde as contribuições passaram de 43% para 15% dos benefícios. 
O grande desequilíbrio (principalmente do setor público) tem um forte impacto na área fiscal, dado que a escassez de receitas diante das despesas tem de ser cobertas com recursos oriundos de outras áreas.
19- Existem na literatura oficial diversos conceitos utilizados para se referir ao setor público como um todo, cada um deles com diferentes graus de agregação. Apresente estes conceitos, explique a diferença e a utilidade de cada um. (Artigo Notas sobre a Dívida postado no Moodle)
A análise econômica do setor público pretende abordar a logica com a qual o Estado organiza-se para desenvolver as diversas funções previstas no arranjo constitucional e para verificar o impacto que suas opções nesse terreno exercem sobre a economia em geral. Conceito de governo serve para denominar o Executivo em suas três esferas: federal, estadual e municipal.
O termo setor público é utilizado para se referir ao conjunto das entidades governamentais. O setor público é constituído de instituições que, segunda a natureza das suas atividades e em função do grau de autonomia administrativa e financeira com que as desenvolvem, podem ser classificadas em dois grupos: administração direta, ou centralizada, e administração indireta ou descentralizada. Administração direta inclui entidades que exercem funções típicas do governo como por exemplo, fornecimento de segurança, administração de justiça, condução e representação do Estado, formulação de políticas em geral, e que são conhecidas como atividades-meio. Estas instituições geralmente estão diretamente vinculadas ao Executivo. Administração indireta é um grupo de instituições que realizam atividades específicas que exigem determinado grau de especialização e uma estrutura gerencial e empresarial, tais como a provisão de algum bem ou serviço (geração de energia, produção de petróleo, serviços de água e esgoto, realização de pesquisa) denominadas atividade-fim. Estas entidades contam com maior autonomia administrativa e financeira.
Em finanças públicas o termo governo é utilizado quando se alude às operações orçamentárias e financeiras do grupo de administração direta, que dependendo do grau de agregação, pode estar referido ao governo central ou ao governo geral. Quando a analise recai sobre o conjunto de entidades governamentais, utiliza-se o termo setor público.
Quando se refere ao conjunto das entidades publicas excluindo as pertencentes ao segmento financeiro utiliza-se o termo: “setor público não financeiro”. Mas quando essas entidades forem entendidas utiliza-se o termo “setor público consolidado”. O governo central é composto pelo governo federal mais o banco central. Já o governo geral é formado pelo governo federal, estados e municípios. O conceito mais utilizado na literatura é o de setor público não financeiro, que corresponde ao total das instituições de administração direta e indireta das três esferas, menos o Banco Central. 
Setor Público não financeiro: Governo federal, estados e municípios (adm. direta e indireta) + Sistema de previdência social + empresas estatais não financeiras + Itaipu Binacional.	
Setor Público consolidado = setor público não financeiro + BACEN
20- Explique a diferença entre a contabilidade “acima-da-linha” e “abaixo-da-linha” quando aplicada às necessidades de financiamento do setor público. Na sua resposta comente sobre a importância de cada uma e as instituições que “produzem” estes indicadores. (G&A cap. 2 e Rezende, cap. 15, em particular seção 15.2)
A contabilidade acima da linha se diz a parte das contas públicas que se constituem de estatísticas fiscais desagregadas, que apresentam as variáveis de receitas e despesas. A denominada abaixo da linha é a variável que mede apenas a dimensão do desequilíbrio através da variação do endividamento público – sem que se saiba ao certo se este mudou por motivos ligados à receita ou à despesa. No Brasil, as NFSP são medidas abaixo da linha, a partir das alterações no valor do endividamento público. A razão da escolha desse critério é que, se o cotejo de receitas e despesas é diferente da variação do endividamento, o mais provável não é que a estatística da divida pública esteja errada e sim que algum item talvez não tenha sido corretamente apurado pelas estatísticas desagregadas, gerando, porem, na pratica, uma variação do endividamento.
Embora o dado oficial das Necessidades de Financiamento seja o do BC, a Secretaria de Política Econômica (SPE) tem um levantamento acima da linha para explicar a evolução das contas do governo central, da mesma forma que a Secretaria Especial de Controle das Empresas Estatais (SEST) tem um quadro detalhado que explica a evolução das contas das empresas estatais federais. Para os estados e municípios, entretanto, da mesma forma que para as empresas estatais pertencentes a estes, porém, não existem estatísticas acima da linha, mas apenas o registro abaixo da linha apurado pelo BC.
21- Apresente as diversas formas de aferição das necessidades de financiamento do setor público, NFSP, explique, com base nas expressões algébricas conhecidas, as diferenças entre estas medidas. (G&A cap. 2 e Rezende cap. 15: 15.2)
Entre as diversas formas de medir o desempenho fiscal (medindo as necessidades de financiamento do Setor Público), temos: 
Déficit Primário = (G – T) 	onde, 	G é a despesa corrente não-financeira e T é a receita corrente.
O déficit primário é a diferença entre as despesas (não em investimento) e as receitas corrente – não financeira, ou seja, desconta a despesa com juros reais do valor das necessidades operacionais de financiamento, e sobre este indicador que são definidas as metas de política fiscal (superávit primário).
Déficit Operacional = (G – T) + iD onde, i é a taxa de juros e D é o estoque da dívida pública.
O déficit operacional inclui as despesas com juros das dívidas interna e externa do Setor Público. Se o valor da despesa com juros excede a poupança do governo, então se verá um déficit operacional.
Déficit Nominal = (G – T) + iD + πDπ + ȇDe onde, π é a taxa de inflação “esperada”, Dπ é a parcela da dívida sujeita a correção monetária, ȇ é variação cambial, De é a parcela da dívida sujeita a correção cambial.
O déficit nominal reflete a posição consolidada do governo com os valores devidamente corrigidos e atualizados. Portanto, é a parcela da dívida sujeita a correção cambial (êDe) e a parcela da dívida sujeita a correção monetária (πDπ) quando acrescidas ao déficit operacional. Muitos analistas defendem que este indicador deveria ser utilizado para a adoção de metas para a política fiscal, pois dessa forma, sinalizar-se-ia ao mercado um maior compromisso com a disciplina fiscal e promoveria uma tendência à diminuição dos juros.
22- Quais são os agregados utilizados para se referir ao conjunto da dívida pública? Enumere os conceitos encontrados na literatura e descreva de maneira detalhada os três que você considere os mais importantes. (G&A cap. 2 e cap. 9; Rezende cap. 15 e artigo do Moodle)
Os agregados que compõem a dívida líquida do setor público são: dívida mobiliária, divida bancaria líquida, arrecadação a recolher, aviso MF-30, moedas de privatização, recursos do FAT, base monetária, outros depósitos do BC, créditos do BC as instituições financeiras, carteira de fundos, demais contas do BC, previdência social renegociação com os Estados, deposito à vista, dívida com empreiteiros e fornecedores, debêntures, carteira de títulos públicos das empresas estatais e dívida externa líquida.
Os componentes considerados mais importantes são dívida mobiliaria, dívida bancaria e dívida externa.
23 - Qual a evolução recente (ao longo dos últimos cinco anos) da dívida pública? Cite algumas estatísticas que ilustrem sua trajetória e comente brevemente. (Dica: Pesquise o Relatório Anual do Banco Central;os Relatórios de Inflação da mesma fonte e/ou os Boletins de Conjuntura do IPEA) 
A relação divida bruta do governo geral e PIB de 2001 até o ano de 2008 foi marcado por uma tendência de queda, principalmente gerada pelos superávits fiscais primários acumulados no período.
 Em 2008 até 2010 esta tendência se reverteu, a dívida cresceu bastante, puxada pela desaceleração do PIB e pela forte expansão da carteira de empréstimos do BNDES, que demandou injeções maiores de capital via empréstimos de longo prazo por parte do Tesouro,o forçando o Tesouro Nacional a emitir mais dívida para financiar tais injeções de capital, elevando assim a dívida bruta do governo.Além disto, a forte acumulação de reservas cambiais exige que BC esterilize o volume de R$ gerados em tais compras, o que acaba levando a um aumento da dívida pública para financiar tais aquisições de divisas. Nossas reservas internacionais são financiadas através de dívida emitida pelo governo e não por superávits fiscais.  Isto também eleva o endividamento geral do governo.
Porém, desde 2010 a dívida retomou tendência de queda apesar do crescimento da carteira de crédito do BNDES e do aumento das reservas. Isto ocorreu pela forte aceleração do crescimento do PIB, que reduziu a razão Dívida / PIB, ao subir o denominador mais rapidamente.
 Com a desaceleração da economia atualmente temos um cenário de crescimento dessa relação Divida/PIB.
24- De que forma a dívida pública é influenciada pelos resultados orçamentários do setor público? É esta uma relação de mão única? Explique e justifique. (G&A cap. 2 e cap. 9)
O FMI da ênfase ao combate a inflação na formulação da política econômica, o governo tem procurado gastar menos do que arrecada obtendo superávit nas suas contas primarias (formula déficit primário), essa saldo positivo tem sido usado para pagamento do serviço da divida (pagamento dos juros da dívida). Ao longo dos últimos exercícios, o governo não consegue cobrir sua despesa e é obrigado a emitir novos títulos e como consequência, aumenta a dívida pública. 
	Não é uma relação de mão única. A dívida publica é uma obrigação financeira contratada em um determinado momento do tempo, pelo setor público com instituições privadas da economia seja ela dentro ou fora do país. A soma dessas obrigações pode incluir obrigações envolvendo duas ou mais esferas do setor público, é possível identificar um dos mais importantes indicadores da Dívida Liquida do Setor Publico (DLSP), através dele podemos examinar a estrutura da dívida segundo a origem do endividamento (distinguindo interno e externo) e também segundo a natureza da obrigação (dívida contratada que é decorrente de empréstimos recebidos de uma instituição financeira como Bancos públicos e privados ou até mesmo uma instituição governamental como Banco Mundial e dívida mobiliaria que refere-se a recursos obtidos pelo governo por meio de venda de títulos públicos). 
25 – Em que consiste a regulação e que fatores a tornam necessária?
A regulamentação de um setor se faz necessário pelo seu caráter essencial de serviço de utilidade pública. Ao poder regulador fica o cargo de defender e interpretar as regras, definir os conceitos operacionais que farão parte do contrato de concessão e investigar denuncias de mau funcionamento do setor. Seu objetivo principal é garantir o bem-estar do consumidor e a melhora da eficiência da indústria assim como a qualidade de seu serviço, sua universalização, a interneconexão entre os provedores, a segurança e a proteção ambiental. Para regular utiliza-se de tarifas, controle as quantidades e restrições à entrada e saídas. Outro fator importante é que as agências devem ter especialidade, imparcialidade e autonomia para regular da melhor maneira os setores, de forma que a assimetria de informação entre as empresas e a agências seja reduzida.
26 – Defina os principais instrumentos de regulação apresentados na literatura, a saber: atribuição de direitos de propriedade, controle de preços e controle de taxas de retorno. Quais suas vantagens e limites?
o critério utilizado para a avaliação da eficácia do uso destes instrumentos é o conceito de eficiência, e pode ser entendido em três dimensões: produtiva (tem por base incentivar a utilização dos recursos e fatores produtivos da forma mais eficiente possível), alocativa (maximização do excedente econômico) e dinâmica (assegurar a técnica mais eficiente disponível continue sendo utilizada ao longo do tempo.
Controle de preços – especificação de um valor de acordo com o qual as firmas devem estabelecer os seus preços. Essa limitação de preços pode ser realizada com vários objetivos, entre os quais evitar que a quantidade ofertada fique abaixo do nível eficiente. Porém, as limitações são que se o preço determinado pelo regulador não obtiver um lucro positivo, a firma não produzirá. Outro limitação é a assimetria de informação, ou seja, que o órgão regulador não disponha de evidencia (informação) suficiente para determinar o formato da curva de demanda, e por conseguinte, o preço máximo.
Controle da taxa de retorno – este tipo de regulamentação pode aumentar o bem estar dos consumidores na medida em que induz uma redução nos preços cobrados em resposta a uma elevação nos lucros da empresa regulada. Os problemas apresentados por essa regulamentação é que além de gerar custos adicionais de transação, a empresa regulada pode escolher meios de reduzir sua taxa de retorno.
Direito de propriedade - Direito de propriedade é um conjunto de leis que protegem os proprietários de algum bem contra o interesse e intervenções alheias. Cabendo ao dono decidir o que fará com sua propriedade, por exemplo, vende-la ou construir.
27 – Qual é a experiência brasileira em relação ao processo de privatização. E qual o balanço sobre a eficácia da regulação nos setores privatizados?
No Brasil, o processo de formação de agências reguladoras se iniciou em meados dos anos 95, no caso da agencia de telecomunicações no ano de 97. Essas agências têm como função garantir o fornecimento, a qualidade dos serviços, e as tarifas cobradas. No nosso país a regulação esta estritamente relacionada e condicionada ao contrato de concessão. A concedente quando da à concessão dos serviços a terceiros, o faz por meio de um contrato e após o termino do processo cabe a ela faze com que o contrato seja cumprido, em geral isso é exercido pelo governo. O principal problema aqui é efetuar o contrato de forma a combinar interesses do investidor e do consumidor. 
Telecomunicação
Até os anos 70, o setor de telecomunicação era caracterizado por apresentar profunda estabilidade nos planos tecnológicos, econômico (monoproduto) e institucional (monopólio). Em meados de 80, profundas alterações impactaram o setor em todo o mundo. Essas mudanças provocaram a criação de novos serviços antes irrelevantes, como a internet e as tele compras, contudo, essas inovações modificaram a perfil do setor de telecomunicações, fazendo com que nenhum serviço seja considerado um monopólios natural. A tendência é a criação de vários oligopólios diferenciados e extremamente competitivos, com espaço para a instalação de novas firmas, gerando a necessidade da intervenção de um órgão regulador eficiente.
Energia Elétrica
Além da privatização, o setor elétrico a partir de 1993, sofreu sérias mudanças, como a Lei de Concessões e a criação da Aneel. A primeira preparou o setor para uma nova realidade de mercado, instituiu os parâmetros para a atuação das empresas (fixação de tarifas, condições de entrada, etc.), exigiu a separação contábil dos custos de geração, transmissão e distribuição, para que os custos de cada etapa pudessem ser conhecidos e remunerados adequadamente. Já a Aneel começou a funcionar com atribuições típicas de um órgão regulador.

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