Buscar

personalidade e capacidade

Prévia do material em texto

Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 1 de 7 
 
Da Personalidade e da Capacidade: 
 
O artigo 1° do Código Civil diz que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, 
ou seja, todas as pessoas tem capacidade de direito, esta capacidade inicia-se com o nascimento 
com vida (artigo 2o). É a capacidade de adquirir direitos e contrair deveres, chamada de 
capacidade de direito. 
 Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Capacidade de Direito – ou aquisição, ou gozo – todos possuem! 
É a capacidade de adquirir direitos e contrair deveres. 
Capacidade de Fato – ou Exercício, ou Ação – é restrita, nem todos possuem! 
É a aptidão para praticar pessoalmente os atos da vida civil. 
 
Como suprir a falta de capacidade de fato? 
Utilizando-se dos institutos da representação ou assistência, conforme o grau de 
incapacidade. 
 
Observação: Legitimação - não confundir capacidade de fato ou de direito com Legitimação. 
LEGITIMAÇÃO são requisitos especiais que a Lei exige de certas pessoas em 
determinadas situações. 
Exemplos: 
a) Artigo 496 do Código Civil - falta de LEGITIMAÇÃO do pai para vender imóvel para um só 
filho; sendo possível suprir a falta de legitimação com a anuência dos demais filhos, e do 
cônjuge, dependendo do regime de bens. Neste caso é possível suprir a falta de legitimação. 
b) O Tutor ou o Curador não podem adquirir bens de propriedade de seus curatelados ou tutelados, 
durante o período da curatela ou da tutela, falta-lhe legitimação, e esta falta de legitimação é 
impossível de suprir. 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 2 de 7 
 
Para estudar as capacidades, é preciso estudar uma teoria denominada de TEORIA DAS 
INCAPACIDADES. 
Na Teoria das Incapacidades, são estudados os incapazes de fato, posto que não existem 
incapazes de direito, porque que todos tem capacidade de direito (artigo 1o), porém nem todos 
tem a capacidade de fato. 
Regras Básicas ao estudo da teoria das incapacidades. 
1 - A capacidade é a regra, a incapacidade é a exceção. 
Quando o legislador elaborou o Código Civil, estabeleceu o rol dos incapazes, porque ser 
incapaz é a exceção na nossa sociedade, ou seja, todos os demais que não se encaixam na 
exceção são a regra, os capazes. 
2 - Incapacidade é a restrição legal à prática pessoal dos atos da vida civil. (Legal decorre da Lei, 
toda incapacidade decorre da Lei). 
3 - A teoria das incapacidades existe para a proteção dos incapazes (rede de proteção aos 
incapazes). 
O estudo da teoria das incapacidades comporta GRAUS: 
1 – Grau TOTAL de incapacidade – ABSOLUTAMENTE INCAPAZES – o artigo 3o do 
Código Civil traz o rol dos incapazes, que para praticar os atos da vida civil, precisarão de 
Representação, sob pena de nulidade do ato (nulidade). 
2 – Grau PARCIAL de incapacidade – RELATIVAMENTE INCAPAZES – artigo 4o do 
Código Civil trata da inaptidão relativa para prática dos atos da vida civil – para suprir esta 
inaptidão utiliza-se o instituto da Assistência, caso contrário o ato poderá ser considerado nulo 
(anulabilidade). 
 
 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 3 de 7 
 
O artigo 3o do Código Civil traz o rol dos ABSOLUTAMENTE INCAPAZES. 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática 
desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Inciso I - traz critério objetivo: IDADE (menor de 16 anos MENORES IMPÚBERES) – 
presunção absoluta que os menores de 16 anos são incapazes; 
Inciso II – Pessoas que padecem de sofrimento psicológico (esquizofrenia) – A Lei exige a 
Interdição Judicial para que uma pessoa seja considerada incapaz. Não basta apenas padecer do 
problema psicológico para se tornar incapaz, ou seja, a pessoa somente poderá ser considerada 
incapaz após a devida Interdição Judicial. 
Observações quanto o inciso II: 
Senilidade por si só não faz entrar no rol dos incapazes, só havendo interdição por doença. 
Teoria dos Lúcidos Intervalos – não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico; pessoas 
que padecem de problemas psicológicos, podem apresentar momentos de lucidez, que não 
poderão ser invocados para validar atos nulos praticados nesses momentos de lúcidos intervalos. 
Inciso III – Este inciso apresenta uma pessoa CAPAZ dentro do rol dos incapazes – esse sujeito 
é plenamente capaz, e ocorreu algo transitório que suprimiu o discernimento do sujeito. 
 Exemplos tradicionais da doutrina: embriagues, estado de coma, hipnose, perda de 
memória, etc. (não pensar no aspecto probatório - Processo Civil). 
 
Artigo 4o do Código Civil apresenta o rol dos RELATIVAMENTE INCAPAZES: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento 
reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 4 de 7 
 
Inciso I – MENORES PÚBERES maiores de 16 menores de 18 anos – necessitam de 
ASSISTÊNCIA para praticar os atos da vida civil. 
Algumas exceções que os Menores Púberes não precisarão de Assistência: 
• Ser Testemunha – artigo 228, inciso I do Código Civil; 
• Fazer Testamento – idade para testar 16 anos, artigo 1.860 parágrafo único do Código Civil; 
• Votar - artigo 14 da Constituição Federal. 
Artigo 180 do Código Civil – Trata da validade e exigibilidade de ato praticado por 
relativamente incapaz, regra “Tu Quo Que” (até tu - decepção). 
No ano 44 antes de Cristo, o Imperador Romano Julio César quando estava sendo executado, 
descobriu entre seus inimigos, seu filho adotivo chamado Brutus, e começou a gritar “Tu Quo 
Que” (tu quo que / tu quo que Brutus fili mi). 
 
Inciso II do artigo 4o do Código Civil – Alcolatra – toxicômano são relativamente incapazes, 
não apresentam livre manifestação da vontade, sua vontade é norteada pela busca da substância 
que lhe satisfaça o vício; e os deficientes mentais que padeçam de doença psicológica. Os 
deficientes mentais podem ser incapazes como artigo 3o inciso II, ou relativamente incapazes 
conforme artigo 4o inciso II, depende do grau; olhar na sentença de interdição que dirá o grau 
de esquizofrenia (exige a interdição). 
Inciso III – Excepcionais sem desenvolvimento mental completo: exemplo da doutrina os 
Sindrômicos: Sindrome da Down, ou pessoas de QI baixo, a Doutrina diverge quanto a 
necessidade de interdição, depende; a doutrina mais avisada diz que o mais seguro é entender 
que é exigida a interdição. 
Inciso IV – Pródigo – É o que gasta ou destrói desordenadamente seu patrimônio (exige 
interdição judicial para ser considerado). Necessitará de ASSISTENTE somente para os atos que 
importem em disposição patrimonial – para atos de mera administração o Pródigo não precisará 
de Assistente – artigo 1.782 do Código Civil. 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 5 de 7 
 
O Pródigo para CASAR sob o regime da Comunhão parcial de bens não necessita de 
assistência – porém para fazer o pacto antenupcial no caso do casamento sob o regime da 
Comunhão Universal de Bens precisará de assistente. 
O artigo 1.641 do Código Civil, que trata da separação obrigatória de bens, não trazo 
Pródigo no rol. 
Parágrafo Único - INDIO – não é mais tratado como Silvícola no Código Civil, e também 
não consta mais no rol dos incapazes, como antes no Código Civil de 1.916. 
O parágrafo único do artigo 4o do Código Civil: “A capacidade do Índio será regulada por 
legislação especial”. Lei 6.001, de 19/12/1973 (Estatuto do Índio). 
Observação sobre o Surdo Mudo: O legislador tirou do rol das incapacidades do surdo 
mudo. Por vezes o surdo mudo é absolutamente incapaz ou relativamente incapaz, dependendo 
do grau; ou ainda, mesmo sendo surdo mudo, o sujeito é normal e capaz, podendo praticar todos 
os atos da vida civil. 
 
As formas de obtenção de capacidade. 
A pessoa incapaz obtém a capacidade quando a causa que gera a incapacidade deixa de 
existir. 
• O ébrio habitual que se curou. 
• Esquizofrênico que se curou. 
• O pródigo que superou o problema. 
• O menor que alcança a maioridade na forma normal, ou nas formas especiais. 
Forma normal de obtenção da maioridade: 
Quando o menor completa dezoito (18) anos. (caput do artigo 5o do Código Civil); 
Formas especiais de obtenção da maioridade (três espécies): 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 6 de 7 
 
• Emancipação voluntária ou negocial; 
• Emancipação Judicial; 
• Emancipação Legal; 
Emancipação Voluntária ou Negocial – É concedida por ambos os pais, através de 
Escritura Pública de Emancipação, conforme o artigo 89 da Lei 6.015/73, Lei dos Registros 
Públicos, e no Código Civil, artigo 5o parágrafo único, inciso I, primeira metade. 
Emancipação Judicial – quem emancipa é o juiz; é a emancipação de pessoa sem pai ou 
mãe, ou seja, tem um tutor; neste caso o próprio menor púbere (+16 anos) solicita ao juiz sua 
emancipação; o tutor não pode requerer emancipação do tutelado. O tutor será chamado em juízo 
para ser ouvido quanto a maturidade do tutelado, não ficando o juiz vinculado ao que disser o 
tutor, artigo 5o parágrafo único, inciso I, segunda metade. 
Emancipação Legal – Artigo 5o do Código Civil parágrafo único, incisos II, III, IV e V. 
A Lei emancipa automaticamente o menor: 
Inciso II do artigo 5o do Código Civil – pelo casamento, não traz o mínimo de idade (idade 
núbil 16 anos artigo 1.517 do Código Civil), porém existe exceção conforme artigo 1.520 do 
Código Civil para no caso de gravidez, evitar imposição ou cumprimento de pena criminal. 
 
Em nenhum tipo de emancipação cabe revogação. 
Se o casamento acabar por separação, divórcio ou falecimento de um dos cônjuges a 
emancipação prevalece; porém, se o casamento acabar por nulidade ou anulabilidade, aplica-se 
os efeitos da putatividade, artigo 1.561 do Código Civil, ou seja, o casamento só surte efeitos 
para o cônjuge de boa-fé. 
 Inciso III do artigo 5o do Código Civil – exercício de emprego público efetivo (concurso – 
cargos comissionados não contam), aprovados em concurso também não conta, é necessário o 
Direito Civil I 
Aula 2 – Personalidade e Capacidade Civil. 
Prof. Luiz Felipe. 
Página 7 de 7 
 
efetivo exercício. INAPLICÁVEL por que menores púberes não são aceitos em concursos 
públicos. 
Inciso IV do artigo 5o do Código Civil – colação de grau em curso de ensino superior. 
Inciso V do artigo 5o do Código Civil – menor com economia própria - exige mínimo de idade 
(16 anos), provada através da Carteira de Trabalho. 
Deverão ser registradas no Registro Público (artigo 9o inciso II do Código Civil): 
Inciso II - a emancipação por outorga dos pais ou sentença do juiz; 
 
Ponto relevante dentro da capacidade: o sujeito padece de problema psicológico, ainda não 
interditado, não encaixa no inciso II do artigo 3o do Código Civil, e ele celebra um negócio; no 
futuro uma sentença de interdição declara o sujeito incapaz; sentença “ex nunc” só gera efeitos 
após a declaração da interdição. Porém o curador poderá pleitear uma ação para tentar invalidar o 
ato celebrado. Só conseguirá se provar a notoriedade do problema psicológico, caso contrário, 
não. 
O ato é considerado válido para a proteção de terceiros de boa-fé.

Continue navegando