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CAP XXII – TRANSFORMAÇÃO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL 1 – Processo de produção capitalista em escala ampliada Conversão das leis de propriedade de produção de mercadorias em leis de apropriação capitalista Vimos que a mais-valia origina-se do capital. Agora veremos como o capital se origina da mais-valia. A retransformação da mais-valia em capital chama-se ACUMULAÇÃO DE CAPITAL ≠ Acumulação primitiva Capitalista individual: Adiantou 10000 libras esterlinas 4/5 (X 10000 = 8000) em algodão, máquinas, etc. 1/5 (X 10000 = 2000) em salário Produz anualmente: 240 mil libras de fio no valor de 12000 libras esterlinas Taxa de mais-valia de 100% m = 2000 libras esterlinas = 40 mil libras de fio (1/6 x 240) Mas 2000 libras esterlinas é dinheiro e não está carimbado como mais-valia Para transformar as 2000 libras esterlinas em capital, o capitalista, seguindo o mesmo comportamento de antes, adiantará 4/5(X2000=1600) em algodão, máquinas, etc. e 1/5 (X 2000 = 400) em novos trabalhadores. Este novo capital proporciona uma mais-valia de 400 libras esterlinas (m/v = 100%). Ambos (valor do capital e mais-valia) são somas de dinheiro e sua retransformação em capital executa-se de forma idêntica, agora de forma ampliada. O capitalista precisa comprar mercadorias para recomeçar o processo, em escala ampliada, mas estas têm que estar disponíveis no mercado. Os demais capitalistas também atuam no mercado de forma a se dispor da massa global de objetos, fruto da soma total dos capitalistas individuais. Qual o uso que se fará do produto anual total? Depende de sua composição. Não da circulação. A produção anual tem de fornecer todos os objetos para repor o que foi consumido (componentes materiais do capital) no ano. Resta o produto líquido ou mais-produto no qual se encontra a mais-valia. Se os capitalistas consumissem todo esse valor, restaria a reprodução simples. Para acumular é preciso transformar parte do mais-produto em capital. É preciso que existam os meios de produção e de subsistência. Também é necessário mais força de trabalho. Se não aumentar a exploração dos trabalhadores já empregados, novos devem ser contratados. A classe trabalhadora também já se reproduziu. Basta ao capital incorporar esses meios, e essa nova força de trabalho e a transformação da mais-valia em capital está pronta. A acumulação se reduz à reprodução do capital em escala progressiva. Voltando ao exemplo: 10000 = capital original 2000 = m que é capitalizada 400 = m gerada pelo novo capital de 2000 80 = m gerada pelo novo capital de 400 etc. Omitiu-se o consumo dos capitalistas De onde surgiram os 10000 originais? Mas os 2000 sabemos de onde vieram. É trabalho alheio não pago. Logo, novos trabalhadores e meios de trabalho são pagos com o trabalho não pago do período anterior. O capitalista apropria-se do trabalho alheio. Esta é a lei geral da produção de mercadorias. O trabalhador vendeu sua força de trabalho pelo seu justo valor, e, com isso, alienou seu valor de uso. O fato de essa mercadoria criar valor, não altera a lei. Se o capitalista consome toda a m, temos a reprodução simples. Caso consuma apenas uma parte, temos a reprodução ampliada, a acumulação. 2 – Concepção errônea da reprodução em escala ampliada por parte da Economia Política. p.169 Ambigüidade criada pela Economia clássica. O capitalista pode consumir (despender) parte da mais-valia em consumo pessoal e com empregados não produtivos. Neste caso estaria gastando a mais-valia como se fosse renda, ao invés de transforma-la em capital. A economia burguesa preconizou a acumulação de capital e o seu gasto com trabalhadores produtivos (v). Combatia o entesouramento, que não se constitui em valorização do capital. Marx aponta erro em Smith e Ricardo quando estes afirmam que a renda adicionada ao capital (mais-valia reinvestida) é consumida por trabalhadores produtivos. Na verdade a mais-valia reinvestida deve ser consumida por c e por v. Mas Smith argumenta que mesmo que o capital individual se decomponha em c e v, o capital social se compõe somente de capital variável ou é gasto apenas em pagamento de salários. Em resumo, para Smith toda a parte do produto liquido que é transformada em capital é consumida pela classe trabalhadora. Ver exemplo página 171. 3 – Repartição da mais-valia em capital e renda. A teoria da abstinência. A mais-valia é, ao mesmo tempo, fundo de consumo individual do capitalista e fundo de acumulação. No primeiro caso ela é consumida como renda, no outro é aplicada como capital. Dada uma massa m, uma dessas partes será tanto maior, quanto menor for a outra, e a proporção dessa divisão (partilha) é que determina a grandeza da acumulação. O capitalista é que decide a partilha. Para o entesourador (que pode ser o capitalista) funciona o instinto absoluto de enriquecimento. Já o capitalista age por um efeito do mecanismo social. A concorrência o obriga a investir continuamente de forma progressiva. O consumo privado do capitalista constitui um roubo contra a acumulação de seu capital. Ele deve renunciar a seu instinto de prazer. Acumulai, acumulai! (ironia) 4 – Circunstâncias que, ... determinam o volume da acumulação... p.178 Supondo dada a proporção em que m se divide em capital e renda, a grandeza do capital acumulado é regida pela grandeza absoluta da m: Se m = 3000 ( 80% = 2400 Capitalizados ( 20% = 600 Consumidos Se m = 1500 ( 80% = 1200 ( 20% = 300 E todas as circunstâncias que determinam a massa de mais-valia participam na determinação da grandeza da ACUMULAÇÃO. Taxa de mais-valia: depende do grau de exploração da força de trabalho O salário pode ser inferior ao valor da força de trabalho�: neste caso, o fundo de consumo do trabalhador transforma-se em fundo de acumulação de capital. Crítica aos elevados salários na Inglaterra consumidos com luxo em comparação aos da França, Holanda. Fins do século XVIII e início do século XIX arrendatários e senhores de terra ingleses impuseram o salário absolutamente mínimo aos jornaleiros agrícolas. Aumentar relativamente c em relação a v: os mesmos trabalhadores para meios de trabalho aumentados ou mais trabalhadores para ainda mais meios de trabalho. Aumento da jornada de trabalho: aumento do mais-produto, da mais-valia e acumulação. Na indústria extrativa o objeto de trabalho é dado pela natureza. Com meios de trabalho, pode-se aumentar o trabalho (quantum) – turnos diários e noturnos. Portanto, mais trabalho empregado ( maior mais-valia. Da mesma forma na agricultura: acumulação acrescida sem novo capital. Na indústria: cada dispêndio adicional pressupõe um correspondente dispêndio de matéria-prima mas não necessariamente de meios de trabalho: benefício sem aumento de capital adicional. Resultado geral: p.181 Outro fator: produtividade do trabalho social. A produtividade (força produtiva do trabalho) cresce e mesmo que a taxa de mais-valia permaneça constante ou até decresça, a massa de mais-produto pode crescer. Permanecendo a proporção entre renda e capital adicional, pode crescer o consumo capitalista sem admitir o fundo de acumulação. Pode também o fundo de acumulação crescer se houver barateamento dos bensde consumo dos capitalistas. Mas com a crescente produtividade do trabalho tem-se o barateamento do trabalhador. Para colocar em movimento o c (meios de produção) é necessária determinada massa de trabalho. Esta é tecnologicamente dada. Mas não é dado nem o número de trabalhadores, nem o preço dessa força de trabalho. Apenas seu limite mínimo que é muito elástico. Marx critica Bentham e outros por considerarem o fundo de trabalho fixo. Ver nota 65 p.186 � Até agora supusemos igual.
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