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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 15 Rogério Sanches 1 PRESCRIÇÃO CONCEITO: é a perda, em face do decurso do tem- po, do direito de o Estado punir (P.P.P.) ou executar a punição já imposta (P.P.E.). Atenção: Conclusão: HIPÓTESES (EXCEPCIONAIS) DE IMPRESCRITI- BILIDADE: Os casos de imprescritibilidade são excepcionais e devem estar expressos na CF/88: - Art. 5º, XLII CF/88: racismo (Lei nº 7.716/89) - Art. 5º, XLIV CF/88: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Esta- do Democrático Artigos de apoio – slide anterior “Art. 5º, XLII CF/88 - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;” “Art. 5º, XLIV CF/88- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;” CUIDADO: A TORTURA É PRESCRITÍVEL. FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO: 1- O decurso do tempo leva ao esquecimento do fato. 2- O decurso do tempo recupera naturalmente o criminoso. 3- O decurso do tempo enfraquece o suporte proba- tório. Em resumo: ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) PREVISÃO LEGAL: art. 109 CP Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinqüente, deve anunciar até quando essa puni- ção lhe interessa. Sendo incerto o “quantum” da pena que será fixada na sentença, o prazo prescricional é resultado da combinação da pena máxima prevista abstratamen- te no tipo e a escala do art. 109 CP. Artigo de apoio – slide anterior “Prescrição antes de transitar em julgado a sen- tença Art. 109 C.P. - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máxi- mo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é su- perior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferi- or a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privati- vas de liberdade. ” PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) Cuidado: a Lei nº 12.234/10 alterou a tabela do art. 109 CP, mais precisamente o seu inciso VI. Atenção: NA BUSCA DA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO (c.c. art. 109 CP): www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 15 Rogério Sanches 2 Artigos de apoio – slide anterior Art. 119 C.P. - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.” CONSEQUÊNCIAS DA P.P.P.A.: 1- Desaparece para o Estado seu direito de punir, inviabilizando a análise do mérito. OBS.: Artigo de apoio – slide anterior “Art. 397 C.P.P. - Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.” 2- Eventual sentença condenatória provisória é res- cindida (não permite operar qualquer efeito penal ou extrapenal) 3- O acusado não será responsabilizado pelas cus- tas. 4- Terá direito à restituição integral da fiança. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) TERMO INICIAL DA P.P.P.A. (art. 111 do CP) Quando começa a correr o prazo prescricional anunciado pelo art. 109 CP? I - DO DIA EM QUE O CRIME SE CONSUMOU; PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) II - NO CASO DE TENTATIVA, DO DIA EM QUE CESSOU A ATIVIDADE CRIMINOSA III - NOS CRIMES PERMANENTES, DO DIA EM QUE CESSOU A PERMANÊNCIA IV - NOS DE BIGAMIA E NOS DE FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE ASSENTAMENTO DO RE- GISTRO CIVIL, DA DATA EM QUE O FATO SE TORNOU CONHECIDO V - NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXU- AL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, PREVIS- TOS NESTE CÓDIGO OU EM LEGISLAÇÃO ES- PECIAL, DA DATA EM QUE A VÍTIMA COMPLE- TAR 18 (DEZOITO) ANOS, SALVO SE A ESSE TEMPO JÁ HOUVER SIDO PROPOSTA A AÇÃO PENAL. CUIDADO OBS.1: Abrange crimes contra a dignidade sexual previstos em legislação extravagante OBS.2: “salvo se a esse tempo já houver sido pro- posta a ação penal” 1ªC: “proposta a ação penal” significa ação penal oferecida 2ªC: “proposta a ação penal” significa ação penal recebida OBS.3: Não se trata de imprescritibilidade. # Qual o termo inicial de um crime habitual? ATENÇÃO: INICIADO O PRAZO PRESCRICIONAL (ART. 111 CP) É POSSÍVEL SUA SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO. Causas suspensivas (art. 116 CP) Causas interruptivas (art. 117 CP) CAUSAS SUSPENSIVAS DA PRESCRIÇÃO (art. 116 CP): “ Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da exis- tência do crime; www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 15 Rogério Sanches 3 Questões prejudiciais – arts. 92 e 94 CPP (p.ex.: bigamia e anulação do casamento) II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro (garante a soberania do nosso país). Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre du- rante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.” (P.P.E.) “Causas interruptivas da prescrição Art. 117 C.P. - O curso da prescrição interrompe- se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão conde- natórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI des- te artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos cri- mes conexos, que sejam objeto do mesmo proces- so, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.” PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO (art. 117 CP): I - RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU DA QUEI- XA; OBS.1: OBS.2: CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO (art. 117 CP): I - RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU DA QUEI- XA; OBS.3: “Súmula 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.” OBS.4: II - PRONÚNCIA; Reconhecendo haver prova da materialidadee indí- cios de autoria de crime doloso contra a vida, sub- mete-se o caso a julgamento popular. Atenção: “Súmula 191 STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.” III - DECISÃO CONFIRMATÓRIA DA PRONÚN- CIA; IV - PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA OU ACÓRDÃO CONDENATÓRIOS RECORRÍVEIS; Atenção: Qual espécie de acórdão condenatório recorrível terá efeito interruptivo: o reformador ou também o confirmatório? PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO OU PROPRIAMENTE DITA (P.P.P.A.) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RE- TROATIVA (P.P.P.R.) PREVISÃO LEGAL: art. 110, § 1º CP Antes da sentença recorrível, não se sabe a quanti- dade da pena a ser fixada pelo juiz, razão pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista em lei (teoria da pior das hipóteses). Con- tudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando em julgado para a acusação (ou sendo seu recurso improvido), não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima, já que, mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reforma para prejudicar o réu. A pena aplicada na sentença passa a ser o novo norte, parâmetro para o art. 109 CP. Artigo de apoio – slide anterior “Prescrição depois de transitar em julgado sen- tença final condenatória Art. 110, § 1o C.P. - A prescrição, depois da sen- tença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regu- la-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhu- ma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.” CARACTERÍSTICAS DA P.P.P.R. a) Pressupõe sentença ou acórdão penal condena- tórios. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 15 Rogério Sanches 4 b) Pressupõe trânsito em julgado para a acusação, no que se relaciona a quantidade da pena. c) Tem como norte a pena aplicada na sentença. d) Os prazos prescricionais estão no art. 109 CP. e) O termo inicial conta-se da publicação da conde- nação até o recebimento da inicial (contagem re- troativa). Atenção: OBSERVAÇÕES FINAIS: OBS.1: Com o advento da lei nº 12.234/10, não mais se considera a P.P.P.R. entre o recebimento da inicial e a data do fato. OBS.2: A lei nº 12.234/10 é prejudicial para o réu, portanto, irretroativa (fatos praticados antes admi- tem a P.P.P.R. entre o recebimento da inicial e a data do crime). OBS.3: O recurso da acusação só impede a P.P.P.R. se buscar o aumento da pena. Se o MP recorre contra o tipo de pena (e não sua quantida- de) não impede a P.P.P.R. OBS.4: Discute-se se esta espécie de prescrição pode ser reconhecida em 1º grau (ou só pelo Tribu- nal). Temos duas correntes: 1ªC: 2ªC: PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA SU- PERVENIENTE (P.P.P.S.) PREVISÃO LEGAL: art. 110, § 1º CP Tal qual a prescrição da pretensão punitiva retroati- va, a superveniente (ou intercorrente) tem por base a pena concreta (a ser combinada com o art. 109 CP). Diferença: - P.P.P.R.: - P.P.P.S.: Artigo de apoio – slide anterior “Prescrição depois de transitar em julgado sen- tença final condenatória Art. 110, § 1o C.P. - A prescrição, depois da sen- tença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regu- la-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhu- ma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.” PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA VIR- TUAL (P.P.P.V.) PREVISÃO LEGAL: não tem (é criação jurispru- dencial). FINALIDADE: reconhecer antecipadamente a P.P.P.R. (reconhecer a falta de interesse em pros- seguir com ação penal que certamente será alcan- çada pela P.P.P.R.). OBS.: Os Tribunais Superiores não têm admitido a ocorrência da P.P.P.V. “Súmula 438 STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independen- temente da existência ou sorte do processo penal.” PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (P.P.E.) PREVISÃO LEGAL: art. 110, “caput”, CP. Trata-se de prescrição de pena efetivamente impos- ta, que tem como pressuposto sentença condenató- ria com trânsito em julgado para ambas as partes. Verifica-se dentro dos prazos estabelecidos no art. 109 CP, os quais são aumentados de 1/3 se o con- denado é reincidente. Atenção: não é a pena que é aumentada em 1/3, mas sim o prazo prescricional. Artigo de apoio – slide anterior “Prescrição depois de transitar em julgado sen- tença final condenatória Art. 110 C.P. - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.” CONSEQUÊNCIAS DA P.P.E.: Extingue-se a pena aplicada sem rescindir a sen- tença condenatória (produz os demais efeitos pe- nais e todos os extrapenais). TERMO INICIAL DA P.P.E. “Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 15 Rogério Sanches 5 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.” TERMO INICIAL DA P.P.E. Regra: Conta-se do dia do trânsito em julgado para a acusação. Cuidado: PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (P.P.E.) Atenção: O prazo da P.P.E. pode ser SUSPENSO (art. 116, p. único CP) ou INTERROMPIDO (art. 117, V e VI CP) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (P.P.E.) “Art. 116 C.P. - parágrafo único: Depois de passada em julgado a sentença condena- tória, a prescrição não corre (suspensão do prazo) durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.” PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (P.P.E.) “ Art. 117 C.P. - O curso da prescrição interrompe- se: V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (recaptura) VI - pela reincidência.” (notícia que praticou crime – para ser reincidente, basta a prática de novo crime depois de transitar em julgado sentença condenató- ria do crime anterior– vide art. 63 CP) “Art. 63 C.P. - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.” Artigos de apoio – slide anterior “Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 C.P. - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a pres- crição é regulada pelo tempo que resta da pena.” Artigos de apoio – slide anterior “Redução dos prazos de prescrição Art. 115 C.P. - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.” OBS. 1 - De fundo nitidamente humanitário, baseia- se o dispositivo na possibilidade de modificação da personalidade do agente que, no caso do menor de 21 (vinte e um) anos, ainda não atingiu a maturida- de mental (e talvez por isso tenha delinquido), e, no caso do maior de 70 (setenta) anos, se aproxima da caducidade. OBS. 2 - Ambos os benefícios permanecem vigen- tes, sem alteração, mesmo com o advento do Códi- go Civil de 2002 (que alterou a maioridadecivil para 18 anos) e do Estatuto do Idoso (assim consideran- do todo aquele com idade igual ou superior a 60 anos). Seria necessária revogação expressa dos dispositivos penais. OBS. 3 - O artigo 115 se aplica a todos os prazos prescricionais, inclusive aqueles previstos na legis- lação especial e incide sobre todas as modalidades de prescrição (punitiva e executória). OBS. 4 - Prevalecendo-se o agente das mesmas circunstâncias de tempo, local e modo de execução (art. 71 do CP), praticando vários crimes da mesma espécie, sendo alguns antes dos vinte e um anos do criminoso e outros depois, a redução só incidirá nos crimes cometidos antes da maioridade (art. 119 do CP). Já no caso de crime permanente, iniciado na menoridade e terminado na maioridade, não se reduz o prazo prescricional. # OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: De acordo com a súmula 338 STJ, é aplicável o instituto da prescrição aos atos infracionais. “Súmula 338 STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.” FORÇA GALERA!!! “Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.” (Epicuro)
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