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Direito de herdar

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Introdução 
 Com a morte, termina a personalidade civil do homem, tem início a sua sucessão e ocorre a transmissão aos seus herdeiros, legítimos ou testamentários, dos bens.
 Por força do princípio da saisini (CC, art. 1784), essa transmissão opera-se no momento do falecimento. Mesmo assim, é preciso fazer o inventário e a posterior partilha dos bens, para que a situação fique regularizada.
 O patrimônio do de cujus comporá uma massa indivisa, que receberá o nome de espólio. Ele não tem personalidade jurídica, mas a lei atribui capacidade de ser parte. Trata-se de um daqueles entes despersonalizados aos quais a lei permite que figurem em juízo (art. 75, VII, CPC).
 Enquanto não houver a partilha, o espólio figurará como parte em todas as ações de cunho patrimonial, que versem sobre os interesses da massa.
 A finalidade do inventario é a apuração do acervo de bens, direitos e obrigações da massa, a identificação dos herdeiros e da parte cabente a cada um para que, recolhidos os tributos, os bens possam ser partilhados entre eles.
Inventário 
O inventario é processo de conhecimento, de jurisdição contenciosa e procedimento especial, destinado a catalogar o patrimônio deixado por alguém que morreu, indicando ainda quem são seus herdeiros ou sucessores. Será apurado o quinhão que caberá a cada sucessor, quando for realizada a partilha, e o que deve ser atribuído a eventuais credores cessionários.
No inventário será feita a descrição do monte-mor que deverá ser incluído não só os ativos e passivos, mas também a meação do cônjuge, pois nesse momento inicial, ainda não é possível distinguir o que compõe um coisa ou outra.
Petição inicial
 A abertura do inventário será requerida por petição, subscrita por advogado. Nela, o requerente comunicará o falecimento, comprovado com a juntada da certidão de óbito e postulará a abertura do inventário e a nomeação de inventariante. O requerente deve, ainda, comprovar a sua legitimidade juntando a documentação necessária.
 A inicial será distribuída, onde houver mais de uma vara, autuada e registrada. Em seguida, encaminhada ao juiz, que, verificando que está em termos, nomeará inventariante, que deverá prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar a função, no prazo de cinco dias, conforme art. 617, parágrafo único, do CPC. 
Legitimidade 
 A legitimidade para requerer a abertura do inventário vem tratada nos arts. 615 e 616 do CPC. Há um legitimado prioritário e legitimados concorrentes.
 O legitimado prioritário é a pessoa que estiver na posse e administração do espólio, por essa razão, considerado seu administrador provisório.
 Além dele tem legitimidade concorrente: o cônjuge ou companheiro supérstite, o herdeiro, o legatário, o testamentário, o cessionário do herdeiro ou do legatário, o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança, o Ministério Público havendo herdeiros incapazes, a Fazenda Pública quando tiver interesse, e o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança, ou do cônjuge ou companheiro supérstite. O CPC atual não prevê mais a possibilidade de abertura de inventario de ofício, pelo juiz, como previa a lei anterior.
Procedimento
 O procedimento do inventario é bastante peculiar, dadas as exigências do direito material. Como há possibilidade de sérias divergências entre os herdeiros, optou o legislador por considerá-lo procedimento de jurisdição contenciosa, e não voluntaria. Podem ser citadas:
 - a inexistência de autor ou réu, da contestação e de produção de provas;
 - a conclusão do processo, que não é feita por sentença de procedência ou improcedência;
 - as questões de alta indagação, que não são resolvidas no processo, mas remetidas para a via própria.
 Existem três tipos de procedimento do inventário:
O tradicional, tratado nos arts. 610 a 658 do CPC;
O arrolamento sumário, na forma do art. 659, quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, e estiverem concordes entre si, seja qual for o valor dos bens;
O arrolamento comum, na forma do art. 664, que será observado quando os bens inventariados forem de baixo valor, até 1.000 salários mínimos, independente da existência de herdeiros incapazes ou da divergência entre os interessados.
 
Prazo 
 O CPC, no art. 611, estabelece que “o processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 meses a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de oficio ou a requerimento das partes”.
 Não havendo a abertura de inventário no prazo, as partes ficam sujeitas a multa, que pode ser estabelecida em lei estadual. Nesse sentido, a súmula 542 do STF: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventario”.
Competência 
 O inventário e partilha de bens situados no Brasil são de competência exclusiva da justiça brasileira, por força do art. 23, II, do CPC.
 A competência para processar os inventários e partilhas é dada pelo art. 48 do CPC: “O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de ultima vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único: se o autor da herança não possuía domicilio certo, é competente: I – o foro de situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio”.
 Se o autor da herança possuía vários domicílios certos, a competência será de qualquer um deles, a ser definida por prevenção.
 A parte final do caput do art. 48 mostra que o juízo do inventário será competente para processar todas as ações em que o espólio for réu. Tal juízo atrairá as ações de interesse da massa, formando o chamado “juízo universal do inventário”. No entanto, não serão atraídas as ações em que o espólio for o autor, as de alta indagação, e ainda as vinculadas aos seus foros ou juízos por regras de competência absoluta, como as ações reais sobre os bens imóveis.
Como se trata de critério territorial, a competência é relativa.
 A incompetência de foro deverá ser arguida em preliminar de primeiras declarações, com fundamento no art. 64 do CPC, que determina essa regra para a contestação, aplicada ao procedimento de inventário, por analogia. Caso contrário, esta competência relativa será prorrogada de acordo com o art. 65 do CPC.
Inventariante 
Aberto o inventario, o juiz nomeará inventariante, que passará a exercer as atribuições após prestar compromisso. Ele substitui o administrador provisório, que até então estava incumbido de zelar pelo espólio e administrar os bens. 
 O art. 617 do CPC estabelece a ordem sucessiva das pessoas que serão nomeadas inventariante pelo juiz.
Nomeado, o inventariante prestará compromisso em cinco dias, salvo quando se tratar de arrolamento. 
 São várias as atribuições do inventariante, enumeradas no art. 618 do CPC.
Nada impede que os herdeiros, havendo controvérsia sobre a atuação do inventariante, se valham da ação de prestação de contas, que não se processará como incidente do inventário, mas como ação autônoma de procedimento especial.
 As atribuições do art. 618 decorrem de lei, e independem de autorização judicial e da prévia ouvida dos interessados. Porém, o art. 619 do CPC enumera quatro incumbências do inventariante que diferem das anteriores porque pressupõem autorização judicial, após a ouvida dos interessados. 
 O inventariante perderá o cargo quando for removido ou destituído. A remoção ocorrerá como punição, já a destituição se verificará em decorrência de caso externo ao processo. O art. 622 do CPC enumera as hipóteses de remoção, que pode ser determinada de oficio ou a requerimento.
Primeiras declarações
 Dentre as atribuições do inventariante está a de prestar as primeirasdeclarações. Nela conterá informações sobre o morto, sobre o cônjuge ou companheiro e o regime de bens. Sobre os herdeiros e sua qualidade, bem como sobre todos os bens que compõem o espólio. 
 O inventariante tem o prazo de vinte dias para apresenta-las, a contar da data em que presta o compromisso. 
 Caso o cônjuge, companheiro, herdeiro ou legatário tenha consigo algum bem não arrolado, deverá informar ao juízo, sob pena de ficar configurada a sonegação (CC, arts. 1.992 e ss.), com a consequente perda do direito que o omisso tinha sobre o bem. A imposição da pena, porém, depende de ação própria.
Citação 
 Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários, o Ministério Público se houver herdeiro incapaz ou ausente, o testamentário se houver testamento e intimará a Fazenda Pulica de acordo com o art. 626 do CPC. Como o inventário é ação pessoal e não real, a ele não se aplica o art. 73 § 1º do CPC. Por isso, não há necessidade de citação dos cônjuges dos herdeiros.
 Mas haverá necessidade de participação do cônjuge ou companheiro toda vez que, no inventário, houver disposição de bens, ou seja, se houver cessão ou renuncia total ou parcial do direito à herança, é preciso outorga uxória.
Colações 
 Consiste no ato pelo qual os descendentes que concorrem à sucessão de ascendente comum são obrigados a conferir as doações e dotes que receberam em vida, sob pena de sonegados, com a finalidade de igualar suas legítimas e a do cônjuge sobrevivente.
 Os ascendentes podem fazer doações a seus descendentes. Mas isso é considerado adiantamento da legítima (CC, art. 544), como se o antecessor estivesse antecipando ao sucessor a entrega de bens da herança. Com o falecimento, será necessário que aquele que as recebeu, traga os bens á colação, para que sejam abatidos de sua parte, igualando-se os quinhões.
 Caso o herdeiro negue o recebimento dos bens ou a obrigação de conferir, o juiz ouvirá as partes em quinze dias, e decidirá à vista das alegações e provas produzidas de acordo com o art. 641 do CPC. 
Não acolhida a negativa do herdeiro, o juiz mandará que, em quinze dias, ele proceda à conferência, sob pena de sequestro dos bens. Caso não os tenha mais consigo, mandará imputar seu valor no quinhão que lhe couber. 
Ademais, na forma da lei de direito material, algumas doações ou mesmo bens e direitos são afastados da colação, como no caso das doações que o doador estabelecer que computem sobre a parte disponível, contanto que não ultrapassem seu os limites da legítima.
Pagamento das dívidas 
 O espólio responde pelas dívidas até que haja a efetivação da partilha, caso em que a obrigação passará aos herdeiros, respeitadas as forças da herança.
O devedor é aquele que tem o dever de responder por dívida própria. O responsável é aquele que responde pela dívida de outrem. No caso em análise, os herdeiros não se tornam devedores, apenas se tornam responsáveis pelo pagamento da dívida do falecido, e mesmo assim, só nos limites da herança recebida. 
 Quando a dívida já estiver vencida e for exigível, o credor pode habilita-la no próprio inventário. Ele comprovará a existência do débito e o seu valor. O pagamento será feito respeitada a prelação, se o passivo for superior ao ativo.
A petição do credor deve vir acompanhada de prova literal da dívida, deve ser distribuída e autuada em autos apartados. Se houver concordância, o juiz determinará que seja separado da herança dinheiro suficiente para o pagamento, se não houver dinheiro, que sejam expropriados bens suficientes para tanto, se o credor não preferir adjudicar os bens.
 O ato que julga a habilitação do crédito tem natureza de sentença, e deve ser objeto de apelação. 
 Se a dívida não estiver vencida, o credor pode pedir ao juízo a reserva de bens, que permanecerá eficaz pelo mesmo prazo, mas só começará a correr a partir do vencimento. O credor pode optar, desde, logo por promover a ação de cobrança, ou o processo de execução, (em tais casos abre-se a possibilidade de garantia mediante a penhora no dos autos do inventário), fazendo assim com que o processo de habilitação no inventário seja facultativo.
Para o pagamento das dívidas, será consumida primeira a parte dos herdeiros, pois os legados tem preferência. Somente se insuficiente se poderão consumir os bens legados.
Na hipótese da execução ser ajuizada após o encerramento do inventário, ou seja, já ocorrida à partilha, os herdeiros responderão com os bens recebidos na herança, não recaindo sobre seu patrimônio particular Art. 796 do CPC. 
Destaque-se que não é mais possível sustentar que a penhora só pode recair sobre os bens separados pelos herdeiros para o pagamento de dívidas em execução, devendo a penhora recair sobre bens preferenciais. Pouco importa que tenham ou não sido separados pelo herdeiros.
Inventario extrajudicial 
 O art. 610 § 1º autoriza que o inventario e a partilha sejam feitos sem a instauração de processo, por escritura pública, desde que todos os interessados estejam de acordo, e não haja incapazes nem testamento.
Características:
Herdeiros capazes; acordo entre os herdeiros; é uma via opcional; não há necessidade de homologação judicial; a escritura pública serve como formal de partilha; possibilidade de ser realizada a escritura pública em qualquer tabelionato, não necessitando de se utilizar regras de competência do juízo sucessório; não pode haver testamento; possibilidade se ser utilizado em qualquer momento, mesmo com a ação de inventario já em curso. 
 Mesmo que o inventario e a partilha sejam feitos por escritura pública é indispensável que todos estejam assistidos por advogado ou defensor público, que pode ser comum ou não, nos termos do art. 610 § 2º. Sem isso, o tabelião não lavrará escritura. 
É admitido o inventário e partilha extrajudiciais com viúvo ou herdeiros capazes inclusive por emancipação (art.12 resolução 35 CNJ) 
A escritura pública pode ser retificada desde que haja consentimento de todos os interessados. Os erros matéria poderão ser corrigidos de oficio ou a requerimento das partes, ou de seu procurador. (Art. 13 resolução 35 CNJ)
Inventário negativo 
 Sua finalidade é permitir aos herdeiros e sucessores demonstrar que o de cujus faleceu sem deixar nenhum bem, o que pode ser de grande relevância para que sejam afastados eventuais credores. Também pode ser útil o inventário negativo para que o viúvo ou viúva possam contrair novas núpcias, sem incorrer em restrições do art. 1.523, I, do CC.
 O inventário negativo será processado no mesmo foro e juízo em que se processaria o comum. O juiz ouvirá o Ministério Público, se houver interesse de incapazes, e a Fazenda Pública. Não havendo impugnação, julgará de plano. Se necessário, podem ser ouvidas testemunhas, que atestarão a inexistência dos bens, caso ela se torne controvertida. 
 
Partilha
A partilha serve para atribuir a cada herdeiro o quinhão que lhe corresponde. Pode haver inventario sem partilha, porém só haverá partilha se houver mais de um herdeiro. Do contrário, a ele serão adjudicados todos os bens. Havendo mais de um herdeiro, a partilha atribuirá a cada qual um quinhão, sobre os bens da herança, que pode consistir em uma fração ideal do bem. Se eles quiserem dividir a herança de forma diferente, poderão fazê-lo, desde que maiores e capazes, e de acordo com a forma da partilha. Depois de transitada em julgado a partilha ainda pode ser emendada de acordo com o art. 656 do CPC

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