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INVENTÁRIO E PARTILHA

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INVENTÁRIO E PARTILHA (ARTS. 610 A 673)
I - INTRODUÇÃO
Princípio da Saisine: O direito sucessório brasileiro acolheu esse princípio, que, segundo o qual, no exato momento do falecimento, toda a herança se transmite aos herdeiros do de cujus de forma automática.
No estágio inicial, o que se tem é um universo de bens e direitos indistintos, pelo que se reputa impossível discriminar qual bem tocará a qual herdeiro. E por ora, o acervo hereditário constitui a figura do espólio, entidade sem personalidade jurídica e representada pelo inventariante ou administrador provisório, em juízo ou fora dele.
Inventário: consiste no procedimento especial de jurisdição contenciosa, pelo qual se procede à descrição e à avaliação do patrimônio (bens, direitos e obrigações) deixado por alguém em virtude de seu falecimento.
Partilha: constitui o segundo estágio do procedimento e vem a ser a atividade desenvolvida para ultimar a divisão dos bens inventariados, designando o quinhão que tocará a cada um dos sucessores (herdeiro ou legatário).
Não existe partilha sem inventário, mas pode ocorrer inventário sem partilha (como, por exemplo, no inventário negativo ou quando houver somente um herdeiro, hipótese em que ocorre a adjudicação).
A partilha feita em vida, por testamento, não dispensa o inventário. Quanto à partilha em vida, pelo contrato de doação, constitui sucessão inter vivo.
Sobrevindo a morte do autor da herança, o pedido de abertura de inventário deve ser feito dentro de dois meses a contar da abertura da sucessão, ou seja, da data do falecimento do autor da herança, devendo-se ultimar a partilha nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou mediante requerimento da parte interessada (art. 611).
II- ESPÉCIES DE INVENTÁRIO
1- INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL
O inventário extrajudicial foi contemplado na legislação processual em 2007, após as alterações promovidas pela lei nº 11.441/2007, que possibilitou a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual pela via administrativa.
O inventário e partilha ultimados por escritura pública, não há qualquer utilidade no ajuizamento de demanda judicial, vez que a via extrajudicial só se presta para os herdeiros maiores, capazes e concordes com a divisão dos bens.
De acordo com o art. 610, § 1º do novo CPC, proceder-se-á ao inventário e à partilha extrajudiciais se todos forem capazes e concordes, valendo a escritura pública como título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
Para a adoção desse procedimento extrajudicial é indispensável que os interessados estejam assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles quando da lavratura do instrumento público, o qual, entre outros requisitos, conterá o nome e qualificação do advogado (art. 610, § 2º).
Na prática, os interessados, individualmente ou não, procurarão os serviços do advogado e este redigirá a minuta contemplando o negócio jurídico celebrado. Essa minuta, subscrita pelo profissional do Direito, será levada ao Tabelionato de Notas. Caso não tenham condições financeiras para custear os honorários de advogados e demais despesas com a escritura, deverão os interessados solicitar os serviços da defensoria pública.
Da escritura pública deverão constar a qualificação completa do autor da herança, dia e local do falecimento. Para a lavratura, o tabelião exigirá a certidão de óbito, o documento de identificação de todas as partes, a certidão comprobatória do vínculo de parentesco com o autor da herança, certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e documentos comprobatórios da propriedade dos bens e do seu valor.
É costume se exigir o pagamento prévio do imposto de transmissão, com fundamento no art. 15 da Resolução nº 35 do CNJ.
2-INVENTÁRIO JUDICIAL
- Legitimidade
Legitimidade Primaria: A abertura do inventário pode ser requerida por aquele que estiver na posse e administração dos bens a inventariar, ou seja, pelo administrador provisório, haja vista que a nomeação do inventariante é ato posterior ao recebimento da petição inicial. 
Legitimidade Concorrente: cônjuge ou companheiro supérstite; herdeiro; legatário; testamenteiro; cessionário; credor; administrador judicial da massa falida ou da massa do insolvente; Ministério Público; Fazenda Pública.
- Competência
Dispõe o art. 48 que o foro do domicílio do autor da herança é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Foros Subsidiários: se o autor da herança não tinha domicílio certo, competente será o foro da situação dos bens imóveis. Caso esses bens estejam localizados em foros diferentes, será competente qualquer deles. Nesse caso a competência deve se firmar pela prevenção. Não havendo bens imóveis, será competente o juízo do foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Ressalte-se que essa regra não se aplica ao inventário extrajudicial, porquanto o tabelião é de livre escolha das partes, não havendo competência territorial para tanto (art. 1º da Resolução nº 35 do CNJ).
- Intervenção do Ministério Público
Consoante disposto no art. 626, o Ministério Público será citado se houver herdeiro incapaz ou ausente. Na praxe forense, dar-se-á simples intimação pessoal do representante do órgão e não a citação.
Importante asseverar que é possível a nomeação de curador especial ao ausente, se não o tiver, e ao incapaz, nos casos em que o seu representante concorre com ele na partilha, haja vista a possibilidade de os seus interesses colidirem.
Nos procedimentos extrajudiciais, dispensasse a participação do órgão ministerial, haja vista a ausência de interesse de incapaz.
- No Processo 
A- Petição inicial 
A petição inicial deverá observar os requisitos dos arts. 319 e 320, com as peculiaridades próprias do procedimento. Na petição inicial do procedimento de inventário, noticia-se a ocorrência da morte do autor da herança, a existência de bens e herdeiros e, ao final, pede-se a abertura do procedimento com a nomeação do inventariante e a distribuição dos quinhões, pondo fim ao estado de indivisão da universalidade de bens. Observe-se que a causa de pedir se limitará à existência de patrimônio e de herdeiros sucessíveis, não se podendo exigir a pormenorizada descrição dos bens, herdeiros e grau de parentesco.
Tratando-se de inventário tradicional ou solene, não há necessidade de especificar qual bem tocará a determinado herdeiro na inicial, reservando-se tal providência para a ocasião da partilha. Entretanto, no caso de arrolamento, a celeridade que marca o procedimento impõe a presença de esboço da partilha já na petição inicial.
B- Administração provisória e inventariança
Tão logo falece o de cujus, o acervo hereditário não pode ficar sem um administrador e representante. Para tanto, deverá ser nomeado um inventariante, o qual prestará compromisso no processo. Ocorre que, aberta a sucessão, não pode a massa hereditária ficar ao desamparo. Para solucionar o impasse, criou-se a figura do administrador provisório, que exercerá o munus em caráter temporário. A Administração provisória independe de nomeação pelo juiz.
Ao se investir no cargo, o administrador provisório deve requerer a abertura do inventário no prazo do art. 611(dois meses). A partir daí, está obrigado a trazer os frutos percebidos desde a abertura da
sucessão, prestar contas de sua gestão e praticar atos de conservação e proteção dos bens.
Recebida a petição inicial, o juiz nomeará o inventariante e este assumirá a posição antes ocupada pelo administrador provisório, passando a administrar e representar o espólio judicial e extrajudicialmente até o fim da partilha.
O art. 617 estabelece a ordem das pessoas que deverão ser nomeadas inventariantes, podendo essa ordem ser flexibilizada em casos excepcionais: cônjuge ou companheirosobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio; qualquer herdeiro, nenhum estando na posse ou administração do espólio, inclusive o herdeiro menor, desde que representado; o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a herança estiver distribuída em legados; o cessionário do herdeiro ou do legatário; o inventariante judicial, se houver; pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
Incumbe ao inventariante representar o espólio ativa e passivamente e as demais atribuições elencadas nos arts. 618 e 619, quais sejam:
· administrar o espólio com diligência;
· prestar as primeiras e últimas declarações;
· exibir em cartório os documentos relativos ao espólio;
· juntar aos autos certidão do testamento (se houver) ;
· trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído;
· prestar contas de sua gestão;
· requerer declaração de insolvência.
O inventariante deve, ainda, com a autorização do juiz, alienar bens de qualquer espécie, transigir em juízo e fora dele, pagar dívidas do espólio e fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens do espólio.
Não se desincumbindo de seu mister ou agindo de forma irregular, o inventariante será removido de ofício ou a requerimento. As hipóteses de remoção são taxativamente previstas no art. 622. O incidente de remoção será processado – com observância ao princípio do contraditório – em autos apensos ao inventário e sem a suspensão deste. Contra o julgamento do incidente caberá recurso de agravo.
Entendemos ser possível a renúncia, desde que haja apreciação judicial e prévia intimação dos herdeiros, que deverão se manifestar sobre a nomeação do um novo inventariante para o processo. Nesse caso, a responsabilidade do inventariante “originário” tem que perdurar até a sua efetiva substituição.
C- Primeiras declarações do Inventariante 
Nomeado o inventariante, este deverá prestar as primeiras declarações, nas quais devem constar as informações indispensáveis à realização do inventário. As primeiras declarações deverão ser prestadas nos 20 dias seguintes ao compromisso do inventariante, sob pena de remoção, como visto.
São informações indispensáveis a serem contempladas nas primeiras declarações a qualificação completa do de cujus, incluindo a data e lugar do óbito; a qualificação dos herdeiros, seu grau de parentesco com o falecido e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, o regime de bens do casamento ou da união estável; a relação completa e individuada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que devem ser conferidos à colação. A menção expressa aos bens a serem colacionados torna mais simples a tarefa de fiscalização, por parte do magistrado e do inventariante, da obrigação dos herdeiros de procederem à colação dos bens recebidos em vida pelo de cujus. É importante ressaltar que o herdeiro que omitir bens da colação perderá o direito que sobre eles lhe cabia, nos termos do art. 1.992 do Código Civil.
O objetivo dessa fase no procedimento de inventário é dar ao magistrado a perfeita delimitação do patrimônio sucessível e dos herdeiros que serão aquinhoados com os bens.
D- Citação
Nomeado o inventariante e feitas as primeiras declarações, é hora de citar todos os interessados para compor o feito. Serão obrigatoriamente citados o cônjuge ou companheiro, os herdeiros, os legatários e o testamenteiro, se houver testamento, e intimados a Fazenda Pública e, havendo herdeiro incapaz ou ausente, o Ministério Público.
O chamamento dos interessados se presta para que estes apontem alguma incorreção ou omissão nas primeiras declarações. A citação dos interessados residentes dentro ou fora da comarca será feita, em regra, pelo correio (art. 274). Quando houver interessados incertos ou desconhecidos, abre-se a possibilidade de citação por edital (art. 259, III, do CPC/2015). O mandado será acompanhado de cópia das primeiras declarações, as quais também serão remetidas à Fazenda Pública, ao Ministério Público, ao testamenteiro – se houver – e ao advogado da parte que já esteja representada nos autos (art. 626, § 4º).
E- Impugnação às primeiras declarações
No prazo comum de 15 dias, as partes poderão impugnar as primeiras declarações. Se a impugnação versar sobre erros, omissões e sonegação de bens, o juiz mandará retificar as primeiras declarações para fazer constar ou suprimir bens, ou alterar sua descrição, por exemplo (art. 627). A impugnação quanto à nomeação do inventariante pode se dar em virtude da preterição da ordem estabelecida no art. 617, hipótese em que, verificando-se a existência de herdeiro mais bem situado na ordem preferencial do mencionado artigo, o magistrado deverá nomeá-lo.
Por fim, poderá a impugnação referir-se à qualidade de quem foi incluído como herdeiro. Nessa hipótese, o juiz, verificando que um dos interessados arrolados nas primeiras declarações não ostenta a condição de herdeiro, determinará a sua exclusão do feito. Pode ocorrer também de aquele que se julga herdeiro não ser contemplado nas primeiras declarações. Nesse caso, deverá, nos termos do art. 628, pleitear sua inclusão no inventário, antes que ocorra a partilha. Ouvidas as partes em 15 dias, o juiz decidirá.
F- Avaliação dos bens e últimas declarações
A avaliação tem o propósito de determinar o monte partível e possibilitar que a Fazenda Pública proceda ao cálculo do imposto mortis causa.
As conclusões da avaliação serão lançadas em laudo, sobre o qual as partes deverão se manifestar em quinze dias. Se o laudo for impugnado, o juiz, acolhendo a impugnação, determinará a retificação ou a repetição da perícia. Por outro lado, aceito o laudo pelas partes, será lavrado o termo de últimas declarações.
Denomina-se “últimas declarações” o ato processual pelo qual se põe fim à fase do inventário dos bens. Por tal motivo, faz-se necessário que o termo corresponda exatamente à realidade do acervo hereditário. Com essas declarações finais, retrata-se a situação definitiva da herança a ser partilhada e adjudicada aos sucessores do de cujus. Sobre elas, as partes serão ouvidas em quinze dias (art. 637), cabendo ao juiz decidir a respeito de eventuais impugnações, de plano.
G- Pagamento das dívidas do autor da herança
Com a morte do autor da herança, é muito comum que remanesçam obrigações por ele contraídas, as quais, evidentemente, deverão ser satisfeitas pelo espólio. 
Por tal motivo, no interstício entre o inventário e a partilha, os credores do de cujus poderão requerer o pagamento das dívidas, mediante petição acompanhada de prova literal, a qual será autuada em apenso ao processo de inventário. Frise-se que os credores deverão agir antes de ultimada a partilha, visto que, após a distribuição do acervo hereditário, os herdeiros só responderão pelas dívidas até o montante do seu quinhão, tornando mais penosa a satisfação do crédito.
H- Colação e sonegação
Os herdeiros descendentes que receberam doação do ascendente são obrigados a fazer a colação dos bens a esses títulos recebidos, a fim de reconstituir o acervo hereditário e permitir a exata definição da legítima de cada herdeiro. Colação é a conferência dos bens da herança com outros transferidos pelo de cujus, em vida, aos seus descendentes, promovendo o retorno ao monte das liberalidades feitas pelo autor da herança antes de falecer, para a equitativa apuração das quotas hereditárias dos sucessores legitimários.
No prazo para impugnação às primeiras declarações, o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor (art. 639). Se o herdeiro negar o recebimento da doação, abre-se vista às partes e, uma vez instaurada a controvérsia, remetem-se todos à via ordinária.
O herdeiro que não informar a doação ou dote recebido é considerado sonegador.
III- INVENTÁRIO NEGATIVO
É um procedimento utilizado nos casosem que o de cujus (falecido) não deixa bem algum, sendo necessário que os herdeiros obtenham uma declaração judicial ou escritura pública, o inventário negativo é a maneira de se comprovar a inexistência de bens em nome do falecido, quando necessário. Muito embora o Código não o discipline, o inventário negativo é, às vezes, uma necessidade do cônjuge sobrevivo ou dos herdeiros. Por isso, os juízes e a praxe o admitem como o modo judicial de provar-se, para determinado fim, a inexistência de bens.
Situações em que o presente instituto vem sendo aplicado: Responsabilidade além das forças da herança (art. 1.792 do Código Civil); Substituição Processual; Outorga de escritura a compromissários compradores de imóveis vendidos pelo autor da herança, enquanto vivo; Baixa fiscal ou encerramento legal de pessoa jurídica de que o falecido era sócio, e sem movimentação; Viúvo (a) que deseje contrair novas núpcias (art. 1.523 do Código Civil). 
IV- A PARTILHA PROPRIAMENTE DITA
- Partilha amigável: Na primeira, as partes apresentarão, de comum acordo, negócio jurídico que será homologado pelo juiz por meio de sentença, sendo necessário que todos sejam maiores e capazes. A partilha amigável levada a efeito no bojo do inventário judicial não se confunde com aquela apresentada ao Cartório de Notas (inventário extrajudicial), que dispensa homologação.
- Partilha judicial: Não havendo apresentação de partilha amigável, dar-se-á vista dos autos às partes para que formulem os pedidos de quinhão. Diante dos pedidos, o juiz profere decisão de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que deverão constituir o quinhão de cada herdeiro e legatário (art. 647).
- O parágrafo único do art. 647 faculta ao juiz conceder a qualquer dos herdeiros, antes da partilha, o direito de usar e fruir de bem integrante de sua quota. Nesse caso, o herdeiro beneficiado terá que arcar com todos os ônus e bônus decorrentes do exercício desses direitos, como, por exemplo, as despesas de condomínio e os impostos relativos a bem imóvel.
- O art. 648 fixa algumas regras para a realização da partilha, quais sejam: 
· A observância da máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens partilhados (inciso I) e da máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou companheiro (inciso III);
· A prevenção de litígios futuros (inciso II).
- O objetivo dessas regras é evitar discussões posteriores relativas ao quinhão recebido por cada herdeiro.
- Definidos os quinhões, entra em cena a figura do partidor, auxiliar do juízo que organizará o esboço da partilha (art. 651), isto é, o plano ou projeto da partilha definitiva. Para se chegar ao esboço da partilha, o partidor deve, primeiramente, definir o monte-mor, que representa a soma de todos os bens existentes à época da abertura da sucessão. Procede-se, então, ao abatimento das dívidas do espólio, bem como das despesas com funeral, acrescentando, ainda, os bens trazidos à colação. Tem-se, como resultado final, o monte partível, que será o objeto da partilha.
- Definido o patrimônio sucessível, o partidor reservará a meação do cônjuge ou companheiro supérstite. Importante lembrar que, em alguns casos, não haverá meação a ser reservada. É o que ocorre quando o autor da herança era solteiro, viúvo, separado ou divorciado. Também não haverá meação quando o casamento for celebrado em regime de separação de bens.
- Após a reserva da meação, a outra metade do patrimônio sucessível será ainda dividida em duas: a parte disponível e a legítima, parcela da herança que tocará aos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), a teor do disposto no art. 1.846 do CC. O autor da herança não tem livre disposição sobre a legítima, de sorte que esta parte do patrimônio sucessível não poderá ser objeto de testamento (art. 1.857, § 1º, do CC). Se não houver testamento, não há que se falar em reserva de legítima, sendo todos os bens do patrimônio sucessível (excluída a meação) partilhados entre os herdeiros necessários. À falta deles, ou seja, não tendo o autor da herança deixado descendentes, ascendentes ou cônjuge, serão chamados a suceder os parentes colaterais.
- Feito o esboço, as partes, a Fazenda Pública e, se for o caso, o Ministério Público dele serão intimados para, no prazo comum de 15 dias, sobre ele se manifestarem. No caso de eventual impugnação, o juiz resolverá as reclamações (art. 652), após o que a partilha será lançada nos autos, ou seja, o escrivão lavrará termo descrevendo os aspectos mais relevantes da partilha esboçada (art. 653).
- Pago o imposto de transmissão causa mortis e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha (art. 654). Importante lembrar que a sentença que julga a partilha tem natureza constitutiva, haja vista que altera a situação dos herdeiros, extinguindo o estado de condomínio em que se encontravam.
- Transitada em julgado a sentença de partilha, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha (art. 655) ou a carta de adjudicação (no caso de herdeiro único), para documentar a transmissão do domínio. Convém lembrar que, se forem descobertos bens sonegados ou surgirem novos bens após a partilha, será admitida a sobrepartilha.
1 - SOBREPARTILHA
Consiste numa nova partilha. Dá-se a sobrepartilha quando, por qualquer motivo, após a partilha, aparecerem outros bens do falecido. Estão sujeitos à sobrepartilha os bens sonegados, isto é, ocultos até a ultimação da partilha, os pertencentes à herança, mas descobertos após a divisão, os bens litigiosos ou de difícil liquidação, os situados em local remoto do juízo do inventário.
2 - INVALIDAÇÃO DA PARTILHA 
A partilha amigável, levada a efeito nos autos do inventário ou extrajudicialmente, representa, em última análise, verdadeiro negócio jurídico celebrado entre herdeiros maiores e capazes. Assim, é possível que tal negócio contenha vícios de consentimento capazes de ensejar a sua anulação, a teor do § 4º do art. 966. 
A ação anulatória será proposta por qualquer dos participantes do inventário, devendo figurar no polo passivo todos os beneficiados pela partilha. Trata-se, nesse caso, de litisconsórcio necessário e unitário.
A partilha judicial, por sua vez, é resolvida por sentença de mérito. Dessa forma, transitada em julgado a referida decisão, cabe ao interessado manejar a competente ação rescisória, a qual terá lugar sempre que verificada qualquer das hipóteses insculpidas no art. 966 do CPC ou, ainda, dos arts. 658 e 657, parágrafo único, do mesmo diploma.
Situação peculiar é aquela do herdeiro necessário não habilitado no inventário. Na a hipótese de o suposto herdeiro promover ação de investigação de paternidade em face do de cujus, sendo que a partilha foi ultimada antes do reconhecimento da paternidade alegada. Nesse caso, reconhecido na sentença o parentesco, e, por conseguinte, verificado o direito sucessório, pode o herdeiro exercer a sua pretensão por meio da ação de petição de herança, porquanto não pode ele estar sujeito ao prazo decadencial da ação rescisória. A Súmula nº 149 do STF e a doutrina majoritária consideram que a ação de petição de herança prevista no art. 1.824 do Código Civil não é imprescritível, devendo ser proposta no prazo de 10 (CC de 2002) ou de 20 anos (CC de 1916). Há, no entanto, entendimento doutrinário que reconhece esta ação como imprescritível. 
3 - PARTILHA E A SUCESSÃO DO NASCITURO
De acordo com o art. 650, “se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe caberá será reservado em poder do inventariante até o seu nascimento”. O CPC/2015 fala em “reserva de quinhão”, pois o nascituro tem mera expectativa de direito e, assim sendo, o seu direito à herança só estará concretamente efetivado após o nascimento com vida.
Na prática, ao realizar a partilha judicial, ou antes da homologação da partilha amigável, já tendo sido feita prova da gestação, o juiz mandará reservar o quinhão no processo de inventárioou de arrolamento de bens até o nascimento do herdeiro esperado.
Se, no entanto, a partilha tiver sido realizada sem a referida reserva, seja porque não houve requerimento ou porque não se tinha conhecimento, à época, da fecundação, pode-se pleitear a rescisão da partilha judicial nos termos do art. 658, III.
V- ARROLAMENTO SUMÁRIO
Arrolamento vem de arrolar, fornecer rol, relação. E é exatamente o que acontece com essa modalidade de inventário simplificado: fornecesse relação de bens do autor da herança e rol de herdeiros. Além da concentração de atos processuais, o arrolamento sumário é marcado pela supressão de algumas fases ou atos do inventário tradicional, como a lavratura de quaisquer termos e a avaliação dos bens inventariados, que somente terá lugar caso algum credor do espólio se insurja contra a estimativa feita pelos herdeiros.
O arrolamento sumário é forma abreviada de inventário-partilha nos casos de concordância de todos os herdeiros, desde que maiores e capazes, não importa o valor dos bens, se diminuto ou grandioso, nem a sua natureza. Basta que os interessados (meeiros, herdeiros e legatários) elejam essa espécie de procedimento, constituindo procurador, e apresentando para homologação a partilha amigável.
É questionado a subsistência do arrolamento sumário no ordenamento jurídico, haja vista que os herdeiros maiores, capazes e concordes deverão procurar a via administrativa. Parece razoável a opinião de Alexandre Freitas Câmara, para quem o arrolamento sumário somente terá lugar quando se tratar de um único herdeiro incapaz. Nessa hipótese, conquanto haja apenas adjudicação dos bens à pessoa do herdeiro universal, não é possível utilizar-se da via extrajudicial, haja vista a existência de interesse de incapaz.
- A primeira peculiaridade desse arrolamento é constatada logo na petição inicial, a qual é apresentada por todos os herdeiros, que já elegeram de antemão o inventariante. Acompanharão a inicial as declarações de bens, sua descrição, documentos comprobatórios de propriedade e estimativa dos valores de cada um. Também é necessário que os herdeiros já tenham deliberado sobre a partilha, fazendo-se indispensável a apresentação do plano indicando a forma de divisão dos bens.
- Recebendo a inicial, o juiz nomeará o inventariante (que já fora indicado na inicial) e homologará a partilha.
VI – ARROLAMENTO COMUM
O arrolamento comum é forma simplificada de inventário de bens de pequeno valor, aplicável quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 salários mínimos (art. 664). Contudo, a simplificação do rito é bem menos significativa do que no arrolamento sumário.
- São as seguintes as fases do procedimento do arrolamento comum:
a) o interessado requer a abertura do arrolamento mediante petição dirigida ao juiz, instruída com a certidão de óbito;
b) nomeia-se inventariante, segundo a ordem de preferência legal, independentemente de assinatura de termo;
c) o inventariante apresenta suas declarações, consistentes na atribuição do valor dos bens do espólio e plano de partilha;
d) procede-se à citação dos herdeiros não representados nos autos. A partir dessa fase torna-se necessária a intervenção do Ministério Público, caso haja herdeiros incapazes e na hipótese de testamento;
e) havendo acordo sobre a partilha e apresentadas as quitações fiscais, o juiz a homologa por sentença;
f) impugnado o valor dos bens por qualquer das partes ou pelo Ministério Público, procedesse à avaliação judicial, ouvem-se as partes sobre o laudo e, na audiência que se designar, o juiz decidirá as reclamações e impugnações apresentadas a respeito do plano de partilha e mandará pagar eventuais dívidas, de tudo lavrando termo (art. 664, §§ 1º, 2º e 3º);
g) provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha, conforme deliberada na audiência.
- Pode-se dizer que, relativamente ao arrolamento comum, a novidade trazida pela Lei nº 13.105/2015 está no art. 665, que permite essa forma de inventário mesmo quando houver interessados incapazes.

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