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04 Apostila FGV Dani final Cuiabá (1)

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1 
Sumário 
1. Programa da disciplina 
1.1 Ementa 
1.2 Carga horária total 
1.3 Objetivos 
1.4 Metodologia 
1.5 Critérios de avaliação 
1.6 Bibliografia recomendada 
1.7 Currículo resumido 
 
2. O crime de Lavagem de Dinheiro 
2.1. O que é, como e onde acontece. 
2.2. Instrumentos internacionais de cooperação. 
2.3. Marcos históricos para o Brasil. 
2.4. Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD). 
2.5. Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI/FATF). 
2.6. O papel das Unidades Financeiras de Inteligência e o Grupo de EGMONT. 
2.7. COAF - A FIU brasileira. 
2.8. Legislação Brasileira. 
2.9. As modernas técnicas de investigação contra a Lavagem de Dinheiro. 
2.10. Bibliografia 
 
3. Decisões importantes sobre Lavagem de Dinheiro 
 
4. Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro (Organizado pelo Conselho de 
Controle de Atividades Financeiras – COAF), datado de 30 de abril de 2015. 
 
5. Slides a serem apresentados em sala de aula, disponibilizados por meio eletrônico. 
 
6. Legislação Brasileira: Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo. (Organizado 
pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF), disponibilizado por meio 
eletrônico. 
 
LEI Nº 9.613 
LEI Nº 7.170 
LEI COMPLEMENTAR Nº 105 
LEI Nº 8.072 
LEI Nº 12.850 
LEI Nº 12.846 
LEI Nº 11.343 
D. LEI Nº 7.560 
LEI Nº 10.744 
LEI Nº 8.072 
DECRETO Nº 2.799 
PORTARIA Nº 330 
PORTARIA Nº 350 
PORTARIA Nº 537 
RESOLUÇÃO Nº 6 
 
 
 
 
2 
 
NORMAS DO COAF 
RESOLUÇÃO Nº 7 
RESOLUÇÃO Nº 10 
RESOLUÇÃO Nº 15 
RESOLUÇÃO Nº 21 
RESOLUÇÃO Nº 23 
RESOLUÇÃO Nº 24 
RESOLUÇÃO Nº 25 
RESOLUÇÃO Nº 26 
RESOLUÇÃO Nº 27 
 
NORMAS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN) 
CIRCULAR Nº 3.583 
CIRCULAR Nº 3.612 
CIRCULAR Nº 3.654 
CARTA-CIRCULAR N° 3.151 
CARTA-CIRCULAR Nº 3.342 
CARTA-CIRCULAR Nº 3.409 
CARTA-CIRCULAR Nº 3.430 
CARTA CIRCULAR Nº 3.542 
 
NORMA DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC) 
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.445/13 
 
NORMA DO CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES IMOBILIÁRIOS (COFECI) 
RESOLUÇÃO-COFECI Nº 1.168/2010 
 
NORMA DO CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA (COFECON) 
RESOLUÇÃO Nº 1.902 
 
NORMAS DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) 
TEXTO INTEGRAL DA INSTRUÇÃO CVM Nº 301 
PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 31 
 
NORMA DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL (DPF 
PORTARIA Nº 3.233/2012-DG/DPF 
 
NORMA DA SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL 
DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (PREVIC) 
INSTRUÇÃO SPC Nº 26 
 
NORMA DA SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) 
CIRCULAR SUSEP N.º 445 
 
NORMA DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS) 
RESOLUÇÃO NORMATIVA N.° 117 
 
NORMA DO DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO (DREI) 
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24 
 
NORMA DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS (FEBRABAN) 
NORMATIVO SARB 011/2013 
 
 
 
 
 
 
3 
1. Programa da disciplina 
1. Ementa 
 
As modernas técnicas de investigação do crime de Lavagem de Dinheiro e a atuação do Poder 
Judiciário. 
 
 
2. Carga horária total 
16 horas/aula 
 
 
3. Objetivos 
Apresentar temas polêmicos e soluções possíveis acerca do crime de lavagem de dinheiro, bem 
como problematizar situações enfrentadas por Magistrados em sua atuação diária, apontando as 
posições mais atuais dos Tribunais Superiores. 
 
 
4. Conteúdo programático 
Indicado no sumário e na apostila. 
 
 
5. Metodologia 
Adota-se a metodologia participativa na qual as aulas ministradas visam possibilitar a 
participação ativa dos alunos não somente na construção e apreensão de conceitos trabalhados ao 
longo do curso, mas também na aplicação destes conceitos às suas atividades práticas. 
 
 
6. Critérios de avaliação 
Análise e julgamento de situações concretas postas como casos geradores de discussão 
 
 
7. Bibliografia recomendada 
Indicada no corpo da apostila. 
 
 
8. Currículo Resumido 
Danielle Garcia Alves é Delegada de Polícia Civil do Estado de Sergipe desde 01 de novembro 
de 2001, atualmente Diretora do Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e 
Administração Pública e Coordenadora do Laboratório de Tecnologia de Combate a Lavagem de 
Dinheiro da Polícia Civil de Sergipe. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, 
possui especialização lato sensu em Gestão Estratégica em Segurança Pública pela Universidade 
Federal de Sergipe, especialização em Inteligência Estratégica pela Escola Superior de Guerra 
(ESG) e Mestrado em Direito Público pela Universidade Federal de Sergipe. Na área acadêmica, 
 
 
 
4 
é docente do Ministério da Justiça nos cursos de Investigação dos Crimes de Lavagem de 
Dinheiro. 
 
Endereço eletrônico: deldanigarcia@yahoo.com.br; danielle.soares@pc.se.gov.br 
Endereço para acessar o CV na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq/8403728536714978 
CPF: 871.277.685-87 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
2. O crime de Lavagem de Dinheiro 
 
A lavagem de dinheiro no Brasil somente foi tipificada como crime após a promulgação 
da da Lei 9.613, de 03 de março de 1998, em decorrência de compromissos internacionais 
assumidos pelo país e em razão da preocupação da comunidade estrangeira com a macro 
criminalidade. 
De acordo com textos publicados na página do COAF 
(http://www.coaf.fazenda.gov.br/backup/pld-ft/publicacoes) e do Ministério da Justiça, através 
da ENCCLA (http://www.justica.gov.br/sua-protecao/lavagem-de-dinheiro/enccla), Lavagem de 
dinheiro pode ser conceituada como o processo pelo qual o criminoso transforma recursos 
ganhos em atividades ilegais em ativos com uma origem aparentemente legal. Essa prática 
geralmente envolve múltiplas transações, usadas para ocultar a origem dos ativos financeiros e 
permitir que eles sejam utilizados sem comprometer os criminosos. A dissimulação é, portanto, a 
base para toda operação de lavagem que envolva dinheiro proveniente de um crime antecedente. 
Nas duas últimas décadas, a lavagem de dinheiro e os crimes correlatos – entre os quais, 
narcotráfico, corrupção, sequestro e terrorismo – tornaram-se delitos cujo impacto não pode mais 
ser medido em escala local. Se antes essa prática estava restrita a determinadas regiões, seus 
efeitos perniciosos hoje se espalham para além das fronteiras nacionais, desestabilizando 
sistemas financeiros e comprometendo atividades econômicas. 
Por causa da natureza clandestina da lavagem de dinheiro, fica difícil estimar o volume 
total de fundos lavados que circulam internacionalmente. As técnicas de análise disponíveis 
envolvem a mensuração do volume de comércio em atividades ilegais tais como tráfico de 
drogas, de armas ou fraude. 
Por essa razão, o tema tornou-se objeto central de inúmeras discussões realizadas em todo 
o mundo. Chefes de Estado e de governo, bem como organismos internacionais, passaram a 
dispensar mais atenção à questão. Poucas pessoas param para pensar sobre a gravidade do 
problema, principalmente porque a lavagem de dinheiro parece distante de nossa realidade. 
Entretanto, assim como todo tipo de crime organizado, o tema merece reflexão, 
especialmente se considerarmos que o controle da lavagem de dinheiro depende, entre outras 
coisas, da participação da sociedade. 
Em março de 1998, o Brasil, dando continuidade a compromissos assumidos desde a 
assinatura da Convenção de Viena de 1988, aprovou a Lei nº 9.613, que representou um avanço 
no tratamento da questão, pois tipificou o crime de lavagem de dinheiro. Também instituiu 
medidas que conferiram maior responsabilidade a intermediários econômicos e financeiros e 
 
 
 
6 
criou, no âmbito do Ministério da Fazenda, oConselho de Controle de Atividades Financeiras 
(COAF). 
A principal tarefa do COAF é promover um esforço conjunto por parte dos vários órgãos 
governamentais do Brasil que cuidam da implementação de políticas nacionais voltadas para o 
combate à lavagem de dinheiro, evitando que setores da economia continuem sendo utilizados 
nessas operações ilícitas. 
Esta publicação foi produzida com o intuito de sensibilizar a sociedade para a gravidade 
do problema. Resultado da parceria estabelecida entre o COAF e o Programa das Nações Unidas 
para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP), agência responsável pela articulação de 
atividades voltadas para a questão, representa a continuidade de um trabalho conjunto bem-
sucedido. 
É importante destacar, ainda, que as ações do Conselho não seriam efetivas se não 
contássemos com o apoio incondicional do Ministério da Fazenda. A posição que esse Ministério 
assume frente ao combate à lavagem de dinheiro é corajosa e pioneira no país, tendo sido, por 
essa razão, reconhecida em diversos foros internacionais. 
 
2.1 O que é? Como e onde acontece? 
 
Pela definição mais comum, a lavagem de dinheiro constitui um conjunto de operações 
comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país dos recursos, 
bens e serviços que se originam ou estão ligados a atos ilícitos. 
Em termos mais gerais, lavar recursos é fazer com que produtos de crime pareçam ter 
sido adquiridos legalmente. 
Especialistas estimam que cerca de US$500 bilhões em "dinheiro sujo" – cerca de 2% do 
PIB mundial - transitam anualmente na economia. 
Trata-se de uma ameaça global crescente e as medidas para controlar o problema 
tornaram-se foco de um intenso esforço internacional. Durante os últimos dez anos, inúmeras 
organizações envolveram-se na luta contra a lavagem de dinheiro, promovendo a cooperação 
para assegurar que as instituições financeiras tomem as providências necessárias a fim de 
minimizar os efeitos danosos dessa prática. 
Conceitualmente, a lavagem de dinheiro merece séria consideração sob dois principais 
aspectos. Primeiro, permite a traficantes, contrabandistas de armas, terroristas ou funcionários 
corruptos - entre outros - continuarem com suas atividades criminosas, facilitando seu acesso aos 
lucros ilícitos. Além disso, o crime de lavagem de dinheiro mancha as instituições financeiras e, 
se não controlado, pode minar a confiança pública em sua integridade. 
 
 
 
7 
Numa época de rápido avanço tecnológico e globalização, a lavagem de dinheiro pode 
comprometer a estabilidade financeira dos países. Vigilância constante é necessário por parte de 
reguladores, bancos, centros financeiros e outras instituições vulneráveis para evitar que o 
problema se intensifique. 
Para disfarçar os lucros ilícitos sem comprometer os envolvidos, a lavagem de dinheiro 
realiza-se por meio de um processo dinâmico que requer: primeiro, o distanciamento dos fundos 
de sua origem, evitando uma associação direta deles com o crime; segundo, o disfarce de suas 
várias movimentações para dificultar o rastreamento desses recursos; e terceiro, a 
disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos depois de ter sido suficientemente 
movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado "limpo". 
Os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem de dinheiro envolvem 
teoricamente essas três etapas independentes que, com frequência, ocorrem simultaneamente. 
 
1. Colocação – a primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema 
econômico. Objetivando ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em 
países com regras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A 
colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de 
bens. Para dificultar a identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas 
sofisticadas e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam 
pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham 
com dinheiro em espécie. 
2. Ocultação – a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento 
contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da 
realização de investigações sobre a 
origem do dinheiro. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os 
ativos para contas anônimas – preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo bancário 
– ou realizando depósitos em contas “fantasmas”. 
3. Integração – nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema 
econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas 
atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, 
torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal. 
 
O caso de Franklin Jurado (EUA, 1990-1996) ilustra o que seria um ciclo clássico de 
lavagem de dinheiro. Economista colombiano formado em Harvard, Jurado coordenou a lavagem 
 
 
 
8 
de cerca de US$ 36 milhões em lucros obtidos por José Santacruz-Londono com o comércio 
ilegal de drogas. 
O depósito inicial - o estágio mais arriscado, pois o dinheiro ainda está próximo de suas 
origens - foi feito no Panamá. Durante um período de três anos, Jurado transferiu dólares de 
bancos panamenhos para mais de 100 contas diferentes em 68 bancos de nove países, mantendo 
os saldos abaixo de US$ 10 mil para evitar investigações. 
Os fundos foram novamente transferidos, dessa vez para contas na Europa, de maneira a 
obscurecer a nacionalidade dos correntistas originais, e, então, transferidos para empresas de 
fachada. Finalmente, os fundos votaram à Colômbia por meio de investimentos feitos por 
companhias europeias em negócios legítimos, como restaurantes, construtoras e laboratórios 
farmacêuticos, que não levantariam suspeitas. 
O esquema foi interrompido com a falência de um banco em Mônaco, quando várias 
contas ligadas a Jurado foram expostas. Fortalecida por leis antilavagem, a polícia começou a 
investigar o caso e Jurado foi preso. 
Além do comércio ilegal de drogas, a lavagem de dinheiro pode servir para a legalização 
de bens oriundos de outros crimes antecedentes, como sequestro e corrupção, entre outros, todos 
especificados pela já citada Lei nº 9.613/98. 
Alguns setores são muito visados no processo de lavagem de dinheiro. Entre eles 
destacam-se: 
Instituições financeira – no Brasil controladas pelo Banco Central (BACEN), 
compõem um dos setores mais visados pelas organizações criminosas para realização de 
operações de lavagem de dinheiro. A razão disso é que as novas tecnologias e a 
globalização dos serviços financeiros imprimem uma velocidade sem precedentes à 
circulação do dinheiro. Recursos em busca de taxas de juros mais atraentes, compra e 
venda de divisas e operações internacionais de empréstimo e financiamento misturam-se 
num vasto circuito de transações complexas. Nessas transações, o dinheiro sujo se 
mistura com quantias que essas instituições movimentam legalmente todos os dias, o que 
favorece o processo de dissimulação da origem ilegal. As redes mundiais que interligam 
computadores, a exemplo da Internet, favorecem amplamente este processo, ampliando 
as possibilidades de movimentação dos recursos, conferindo maior rapidez e garantindo o 
anonimato das operações ilegais. Este setor é, portanto, o mais afetado e o mais utilizado 
nos processos de lavagem de dinheiro, mesmo quando as operações criminosas não são 
realizadas pelas próprias instituições financeiras. Elas acabam sendo o “meio” por onde 
transitam os recursos atéa chegada ao mercado – ocorrendo a integração, última etapa do 
processo de lavagem. 
 
 
 
9 
Paraísos fiscais3 e centros off-shore4 – tanto os paraísos fiscais quanto os 
centros off-shore compartilham de uma finalidade legítima e uma certa justificação 
comercial. No entanto, os principais casos de lavagem de dinheiro descobertos nos 
últimos anos envolvem organizações criminosas que se aproveitaram, de forma 
generalizada, das facilidades oferecidas por eles para realizarem manobras ilegais. 
Bolsas de valores – No Brasil, o controle e a fiscalização dessas instituições é 
responsabilidade da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As bolsas de valores 
visam a facilitar a compra e venda de ações e direitos. Nas bolsas de valores é possível a 
realização de operações em cinco modalidades: (i) a vista; (ii) a prazo; (iii) a termo; (iv) a 
futuro e (v) por opção. Enquanto nas quatro primeiras formas se negociam ações, no 
mercado de opções o que se negocia é o direito sobre essas ações. Os investidores, 
porém, não compram ações diretamente em uma bolsa. Compram-nas através das 
sociedades corretoras membros daquela entidade. O cliente emite uma ordem de compra 
ou venda à sua corretora e esta se encarrega de executá-la no pregão. Para isto as 
corretoras mantém, no recinto de negociação, seus operadores, que são habilitados por 
meio de um exame de qualificação. Para fechar uma operação na bolsa, qualquer pessoa, 
banco ou empresa tem que usar os serviços de uma corretora, que recebe uma taxa de 
corretagem por realizar essa transação. 
As bolsas de valores oferecem condições propícias para se efetuarem operações de 
lavagem de dinheiro, tendo em vista que: 
a) permitem a realização de negócio com características internacionais; 
b) possuem alto índice de liquidez; 
c) as transações de compra e venda podem ser efetuadas em um curto 
espaço de tempo; 
d) as operações são realizadas, em sua grande maioria, por intermédio de 
um corretor; e 
e) existe muita competitividade entre os corretores. 
Companhias seguradoras – o mercado de seguros, capitalização e previdência 
privada aberta, fiscalizado no Brasil pela Superintendência de Seguros Privados 
(SUSEP), é outro setor vulnerável à lavagem de dinheiro. 
Quer em relação aos acionistas, quer em relação aos segurados, subscritores, participantes 
e intermediários pode haver a tentativa de “limpeza” de recursos: 
a) os acionistas podem usar seu poder de deliberação realizando investimentos que 
possibilitem a prática de lavagem de dinheiro; 
 
 
 
10 
b) os segurados, por sua vez, podem lavar recursos mediante a apresentação de avisos de 
sinistros falsos ou fraudulentos, o mesmo ocorrendo com os subscritores e participantes, 
os quais podem, respectivamente, transferir a propriedade de títulos de capitalização 
sorteados e inscrever pessoas inexistentes ou falecidas em planos de previdência privada 
aberta; e 
c) a intermediação, materializada na corretagem, também pode ensejar a 
malfadada lavagem nas transações envolvendo terceiros ou clientes não residentes. 
Mercado imobiliário – a lavagem de dinheiro é uma prática muito frequente no 
setor imobiliário. Por meio da transação de compra e venda de imóveis e de falsas 
especulações imobiliárias, os agentes criminosos lavam recursos com extrema facilidade, 
principalmente se eles utilizam recursos em espécie. A criatividade das organizações 
criminosas faz com que suas atuações no setor sejam extremamente dinâmicas, 
dificultando o trabalho de detecção das ilegalidades. A ausência de controle do setor 
imobiliário também facilita a ação dos criminosos. 
Jogos e sorteios – são conhecidos os casos de lavagem de dinheiro por meio de 
jogos e sorteios, como bingos e loterias. As principais características dos processos 
criminosos envolvem a manipulação das premiações e a realização de alto volume de 
apostas em uma determinada modalidade de jogo, buscando fechar as combinações. Em 
muitos casos, o agente criminoso não se importa em perder uma parte dos recursos, 
contanto que consiga finalizar o processo de lavagem com êxito. 
 
Há diversas outras operações comerciais realizadas internacionalmente que facilitam a 
lavagem de dinheiro e, por essa razão, merecem exame permanente e detalhado. Entre essas 
operações estão, por exemplo, a compra e venda de joias, pedras e metais preciosos e objetos de 
arte e antiguidades. Esse comércio mostra-se muito atraente para as organizações criminosas, 
principalmente por envolverem bens de alto valor, que são comercializados com relativa 
facilidade. Além disso, essas operações podem ser realizadas utilizando-se uma ampla gama de 
instrumentos financeiros, muitos dos quais garantem inclusive o anonimato. 
 
 
 
 
2.2. Instrumentos internacionais de cooperação 
 
 
 
 
11 
O tema da lavagem de dinheiro, embora conhecido desde a década de 80, difundiu-se, nos 
últimos anos, em conferências internacionais e a preocupação com os aspectos práticos do 
combate a esse crime começou a se materializar de forma mais ampla já no início dos anos 90. 
Desde então, diversos países têm tipificado o crime e criado agências governamentais 
responsáveis pelo combate à lavagem de dinheiro. Essas agências são conhecidas mundialmente 
como Unidades Financeiras de Inteligência – FIU (sigla em inglês de Financial Intelligence 
Unit). 
 
2.3. Marcos históricos para o Brasil 
 
Os acordos internacionais ou tratados que formam a estrutura para cooperação em 
assuntos de lavagem de dinheiro incluem: 
1. A Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de 
Substâncias Psicotrópicas, 1988, Viena; 
2. As 40 recomendações sobre lavagem de dinheiro da Financial Action Task Force - ou 
Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI/FATF)- de 1990, revisadas em 
1996 e referidas como Recomendações do GAFI/ FATF; 
3. Elaboração pela Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas 
(CICAD) e aprovação pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) do 
“Regulamento Modelo sobre Delitos de Lavagem Relacionados com o Tráfico Ilícito de Drogas 
e Outros Delitos Graves”, de 1992; 
4. O Comunicado Ministerial da Conferência da Cúpula das Américas sobre os 
Procedimentos de Lavagem e Instrumentos Criminais, 1995, Buenos Aires; 
5. A Declaração Política e o Plano de Ação contra Lavagem de Dinheiro, adotados na 
Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas, 
1998, Nova Iorque. 
Sobre a Convenção de Viena - A “Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
de Substâncias Psicotrópicas”, aprovada em Viena, Áustria, em 1988, no âmbito das Nações 
Unidas, mais conhecida como “Convenção de Viena”, cabe destacar que teve como propósito 
promover a cooperação internacional no trato das questões ligadas ao tráfico ilícito de 
entorpecentes e crimes correlatos, dentre eles a lavagem de dinheiro. Trata-se do primeiro 
instrumento jurídico internacional a definir como crime a operação de lavagem de dinheiro. O 
Brasil ratificou a Convenção de Viena em junho de 1991. 
 
2.4. Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD) 
 
 
 
12 
 
Com o objetivo principal de desenvolver uma estratégia hemisférica de combate ao 
narcotráfico, a Organização dos Estados Americanos criou a Comissão Interamericana para o 
Controle do Abuso de Drogas (CICAD). Dessa forma, a OEA, por meio da CICAD, tem buscado 
trabalhar no sentido de definir uma pauta de alcance hemisférico que possibilite a implementação 
de planos e programas capazes de fortalecer os esforços nacionais no combate às práticas 
criminosas ligadas ao tráficode drogas, entre as quais a lavagem de dinheiro. 
Elaborado pela CICAD e aprovado pela Assembleia Geral da OEA em 1992, o 
“Regulamento Modelo sobre Delitos de Lavagem Relacionados com o Tráfico Ilícito de Drogas 
e Outros Delitos Graves” é o principal instrumento recomendatório para o continente americano, 
buscando a harmonização das legislações nacionais referentes ao combate à lavagem de dinheiro. 
O Regulamento Modelo trata da repressão e da prevenção do crime de lavagem e da criação de 
um órgão central para combatê-lo em cada país. O Brasil participa ativamente das reuniões 
plenárias da CICAD. 
Dez anos após a assinatura da Convenção de Viena, representantes de 185 países 
reuniram-se em Nova York, na Sede das Nações Unidas, com o intuito de adotar estratégias para 
conter o problema mundial das drogas. Tratava-se da Sessão Especial da Assembleia Geral das 
Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas. 
Durante essa reunião foram adotados seis planos de ação, dentre os quais um referente à 
luta contra a lavagem de dinheiro - o Global Plan Against Money Laundering (GPML), ou Plano 
de Ação Contra Lavagem de Dinheiro. O GPML é um programa trienal de investigação e 
assistência técnica executado pelo Escritório de Fiscalização de Drogas e Prevenção de Delitos 
(Office for Drug Control and Crime Prevention - ODCCP) e tem a finalidade de incrementar a 
eficácia da luta internacional contra a lavagem de dinheiro mediante a prestação de serviços de 
assistência e cooperação técnica aos Estados membros da ONU. 
No Brasil, o GPML é representado pelo Programa das Nações Unidas para o Controle 
Internacional de Drogas (UNDCP), agência da ONU responsável pela articulação do controle 
internacional de drogas e crimes correlatos. A cooperação técnica é o pilar principal do Plano de 
Ação Contra Lavagem de Dinheiro e compreende atividades de sensibilização, criação de 
instituições e capacitação de pessoal. 
E o que vem a ser o UNDCP? 
 
UNDCP é a sigla para United Nations International Drug Control Programme, ou 
Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas - agência da Organização 
 
 
 
13 
das Nações Unidas (ONU) cujo mandato é articular o controle internacional de drogas e crimes 
correlatos, monitorando as tendências de produção, consumo e tráfico ilícito. 
Com uma década de cooperação no Brasil, o UNDCP coordena as atividades das Nações 
Unidas no campo do controle de drogas, o que inclui o combate ao crime organizado, à lavagem 
de dinheiro e à produção ilegal de drogas. Promove o cumprimento dos tratados internacionais 
sobre o tema, apoiando o fortalecimento institucional dos governos e auxiliando na formulação 
de leis e políticas, de acordo com os compromissos assumidos pela comunidade internacional. 
Seu apoio pode acontecer por meio de suporte técnico a um programa nacional ou a 
projetos específicos. 
Paralelamente, o UNDCP ajuda a monitorar e avaliar os resultados dos projetos 
implementados. Atua, também, como centro mundial de informações sobre o problema e as 
alternativas para superá-lo, fomentando o intercâmbio de experiências e conhecimento. 
Para efeitos de cooperação internacional, toma-se como padrão de equivalência dos 
procedimentos para controle da lavagem de dinheiro utilizados pelos países seu reconhecimento 
pleno pela Financial Action Task Force - ou Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de 
Dinheiro (GAFI/FATF). Estabelecido pelo G-7 para examinar medidas de combate à lavagem de 
dinheiro, o GAFI/FATF conta com representantes de 26 governos, incluindo os maiores centros 
financeiros do mundo e as várias áreas de conhecimento que podem auxiliar no controle do 
problema: Finanças, Justiça, Relações Internacionais, Administração Fazendária, Legislação e 
Fiscalização, entre outras. 
 
2.5. Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI/FATF) 
 
O Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI/FATF) foi criado em 
1989 pelos 7 países mais ricos do mundo (G-7) no âmbito da Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a finalidade de examinar, desenvolver e promover 
políticas de combate à lavagem de dinheiro. Essas políticas têm por objetivo impedir que os 
produtos dos crimes de tráfico de drogas e outros delitos graves sejam utilizados em futuras 
atividades criminosas e afetem as atividades econômicas legais dos países. 
Em 1990, o GAFI/FATF publicou as “40 Recomendações” com o intuito de estabelecer 
ações a serem seguidas pelos países imbuídos do propósito de combater o crime de lavagem de 
dinheiro. Duas metas principais são fornecer instrumentos para o desenvolvimento de um plano 
de ação completo de combate à lavagem de dinheiro e discutir ações ligadas à cooperação 
internacional. Em 1996, as 40 Recomendações foram revisadas a fim de que pudessem refletir as 
tendências atuais do crime de lavagem e potenciais ameaças futuras. 
 
 
 
14 
A partir da XI Reunião Plenária do GAFI/FATF, realizada em setembro de 1999, o Brasil 
passou a integrar esse organismo como membro observador. Nosso país se tornará membro 
efetivo do Grupo após aprovação na primeira avaliação mútua a que será submetido. O COAF, 
além de desempenhar o papel de coordenador nacional para os assuntos do GAFI/FATF, 
comprometeu-se a atuar como liderança regional no combate à lavagem de dinheiro. 
 
2.6. O papel das Unidades Financeiras de Inteligência 
 
Segundo definição do Grupo de Egmont, Unidade Financeira de Inteligência (FIU) é a 
“agência nacional, central, responsável por receber (e requerer), analisar e distribuir às 
autoridades competentes as denúncias sobre as informações financeiras com respeito a 
procedimentos presumidamente criminosos conforme legislação ou normas nacionais para 
impedir a lavagem de dinheiro”. 
A principal função de uma FIU é estabelecer um mecanismo de prevenção e controle do 
delito de lavagem de dinheiro através da proteção dos setores financeiros e comerciais passíveis 
de serem utilizados em manobras ilegais. Essas unidades podem ser de natureza judicial, policial, 
mista (judicial/policial) ou administrativa. O Brasil optou pelo modelo administrativo. 
A criação dessas agências de inteligência ocorreu primeiramente de forma 
individualizada, ligada às necessidades específicas das jurisdições que as estabeleceram. Em 
1995, porém, as FIU promoveram o desenvolvimento do Grupo de Egmont, que, desde então, 
tem agilizado o intercâmbio de informações, permitindo-lhes maior eficiência no desempenho de 
suas funções. 
O COAF tem ampliado seus vínculos e estabelecido um amplo relacionamento com as 
FIU dos outros países. O resultado dessa ação é a agilização dos mecanismos de intercâmbio de 
informações. 
Cabe mencionar, ainda, a existência do Grupo de Egmont, que é um organismo 
internacional informal, criado por iniciativa da Unidade Financeira de Inteligência belga (CTIF) 
e norte-americana (FINCEN) para promover, em nível mundial, a troca de informações, o 
recebimento e o tratamento de comunicações suspeitas relacionadas à lavagem de dinheiro 
provenientes dos outros organismos financeiros. 
O objetivo do Grupo é promover um foro onde as unidades financeiras de inteligência – 
FIU encontrem soluções para ampliar o apoio a seus respectivos programas nacionais de 
combate à lavagem de dinheiro. Esse apoio inclui a expansão e a sistematização do intercâmbio 
de informações financeiras, a ampliação dos programas de capacitação de funcionários das FIU, 
e o aperfeiçoamento de uma melhor comunicação entre as FIU através da aplicação de 
 
 
 
15 
tecnologia. No âmbito do Grupo de Egmont, os grupos de trabalho estão centrados em três 
principais áreas: assuntos legais,tecnologia/treinamento e assistência à criação de novas FIU. 
Atualmente o Grupo de Egmont congrega 48 FIU. O COAF passou a integrar o Grupo na 
VII Reunião Plenária, ocorrida em Bratislava, República da Eslováquia, em maio de 1999. Essa 
atitude demonstra o reconhecimento da organização com os progressos alcançados pela FIU 
brasileira. 
Sabendo-se que as unidades de inteligência financeiras funcionam como uma espécie de 
“filtro”, capazes de receber, analisar e transformar as informações em dados sobre atividades 
suspeitas, tendo em vista o caráter transnacional do crime de lavagem, fica evidente a 
importância do inter-relacionamento entre as FIU – e entre elas e as autoridades competentes de 
cada país – para o sucesso de uma operação de combate a este crime. 
O processo, resumidamente, ocorre da seguinte forma: a partir do exame de indícios que 
permitem comprovar a existência de um delito, as FIU remetem a informação às autoridades 
competentes que dão início aos procedimentos cabíveis. O esquema abaixo mostra como são 
repassadas e tratadas as informações. 
 A participação no Grupo de Egmont autoriza o acesso a informações sobre as outras FIU 
(missões, organizações e capacidades), novas tendências de combate à lavagem de dinheiro, 
ferramentas de análise financeira, e desenvolvimento tecnológico. Para agilizar o processo, foi 
desenvolvida a “Rede de Segurança de Egmont” (Egmont Secure Web) que permite às unidades 
integrantes do sistema se comunicarem e trocarem informações através de um correio eletrônico 
de segurança máxima. 
As FIU, em sua maioria, orientam-se de acordo com as recomendações contidas no Plano 
de Ação Contra Lavagem de Dinheiro: 
1. A adoção de legislação e programas nacionais para conter a lavagem de dinheiro até o 
ano 2003; 
2. Adesão às diretrizes contra lavagem de dinheiro e assuntos correlatos contidas na 
Convenção de Viena; 
3. Maior cooperação internacional e judicial em casos envolvendo lavagem de dinheiro; 
4. Inclusão da lavagem de dinheiro como crime em acordos de assistência legal mútua; 
5. Estabelecimento de um regime efetivo de regulação financeira que impeça os 
criminosos e os recursos ilícitos de penetrarem no sistema financeiro; 
6. Criação de procedimentos de identificação e verificação que apliquem o conceito know 
your customer; 
7. Superação dos obstáculos que o sigilo bancário impõe, dificultando a investigação e a 
punição da lavagem de dinheiro; 
 
 
 
16 
8. Assistência contínua a instituições, organizações e entidades comprometidas com o 
controle da lavagem de dinheiro, principalmente por meio do oferecimento de programas de 
treinamento e cooperação técnica. 
A expressão Know your customer, por sua vez, demonstra que a identificação do cliente 
deve ser satisfatoriamente estabelecida antes da concretização da operação. Caso o possível 
cliente se recuse a fornecer as informações requeridas, a instituição financeira não deve aceitá-lo 
como cliente. Os melhores documentos para identificação são aqueles cuja obtenção, de maneira 
lícita, seja difícil. 
O conceito recomenda que se utilize um formulário de identificação, cujo modelo pode 
ser elaborado pelas próprias instituições, de acordo com suas necessidades. É preferencial que 
cada setor tenha regras similares para elaboração desses formulários. 
As instituições devem ainda ter um sistema interno de controle que assegure as regras de 
compliance, indicando um indivíduo responsável por coordenar e monitorar esse sistema. 
Programas de treinamento também devem ser implementados. 
 
2.7. COAF - A FIU brasileira 
 
A resposta brasileira ao problema veio com a edição, em 3 de março de 1998, da Lei n° 
9.613 - ou Lei de Lavagem de Dinheiro. Essa lei dispõe sobre o crime de “lavagem ou ocultação 
de bens, direitos e valores” e cria, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle 
de Atividades Financeiras – COAF. 
De acordo com o art. 14 dessa Lei, o COAF tem a finalidade de (i) coordenar e propor 
mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes 
no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores, (ii) receber, examinar e 
identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas de lavagem de dinheiro, (iii) disciplinar 
e (iv) aplicar penas administrativas, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades. 
Esses procedimentos, basicamente, implicam a obrigatoriedade pelos agentes econômicos 
de identificar clientes e manter cadastros atualizados, registrar todas as transações acima de 
determinado limite e de comunicar as operações suspeitas aos órgãos competentes. 
O trabalho do COAF está em consonância com as orientações que vêm sendo adotadas 
internacionalmente pelos organismos encarregados de promover o combate à lavagem de 
dinheiro e, considerando que seu funcionamento segue o modelo de uma unidade financeira de 
inteligência – FIU, tem ampliado seus vínculos com organismos internacionais e agências 
congêneres de outros países empenhados na luta contra delitos dessa natureza, estabelecendo um 
amplo relacionamento com entidades no Brasil e no exterior para uma rápida e eficaz troca de 
 
 
 
17 
informações. O resultado concreto dessa ação se materializa nas propostas de assinatura de 
Memorandos de Entendimento com vários países. 
A necessidade de se promover esse intercâmbio constante de informações entre o COAF 
e outros organismos, nacionais e internacionais, fez surgir a preocupação com o 
desenvolvimento de um sistema informatizado que permita ao Conselho desempenhar suas 
funções com maior agilidade e segurança. A implantação do Sistema de Informações COAF 
(SISCOAF) auxilia nos processos internos de tomada de decisão, representando um veículo 
rápido e eficaz de captação, tratamento, disponibilização e guarda dos dados. 
Além de ser um excelente instrumento para a análise de informações, o SISCOAF 
também facilita a comunicação do Conselho com o público. E foi com essa preocupação que 
foram disponibilizados endereços eletrônicos do COAF na internet: http://www.coaf.gov.br – 
para acesso ao sistema de informações (site); coaf@fazenda.gov.br – para acesso ao sistema de 
correio eletrônico (email). 
No site do COAF podem ser encontrados formulários específicos para a remessa de 
comunicações, indicações e denúncias; toda a legislação brasileira referente ao combate à 
lavagem de dinheiro; informações sobre os acontecimentos mais recentes e links para os 
principais órgãos e entidades responsáveis pelo combate a esse crime no Brasil e no exterior. 
O Ministério da Fazenda, ciente da gravidade dos problemas relacionados ao crime de 
lavagem de dinheiro, tem oferecido amplo suporte ao COAF, a fim de que o Conselho tenha à 
sua disposição todos os instrumentos necessários ao melhor desempenho de suas funções. Da 
mesma forma, o COAF atua em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD – e 
com os grupos de trabalho coordenados por ela. São essas colaborações que permitem ao COAF 
dinamizar seu trabalho e fortalecer os mecanismos de combate a essa modalidade criminosa tão 
nociva ao país. 
Todas essas ações visam a fazer com que o Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras cumpra sua missão e seja um eficiente agente na luta contra a lavagem de dinheiro e 
suas ilícitas conexões, reforçando seu compromisso de contribuir com a eficácia global das 
medidas de prevenção/repressão, pois este crime representa uma ameaça, não só à integridade e à 
estabilidade dos Estados e de seus sistemas econômicos, mas também à própria democracia. 
Estrutura do COAF 
O Decreto n° 2.799, de 8 de outubro de 1998, e a Portaria do Ministro de Estado da 
Fazenda n° 330, de 18 de dezembrode 1998, aprovaram, respectivamente, o Estatuto e o 
Regimento Interno do COAF, determinando a seguinte estrutura interna: 
a) Presidência 
 
 
 
18 
O Presidente do Conselho é nomeado pelo Presidente da República, mediante indicação 
do Ministro de Estado da Fazenda, sendo exigida dedicação exclusiva. Entre outras funções, ao 
presidente do Conselho compete: a edição dos atos normativos e regulamentares necessários ao 
aperfeiçoamento dos trabalhos do Conselho; a assinatura dos atos oficiais do COAF e das 
decisões do Plenário; a orientação, coordenação e supervisão das atividades administrativas do 
Conselho e da Secretaria-Executiva; e o compartilhamento de informações com autoridades 
competentes de outros países e de organismos internacionais. 
b) Plenário 
Composto7 pelo presidente e por servidores públicos, nomeados pelo Ministro de Estado 
da Fazenda, escolhidos no quadro de pessoal: 
Banco Central do Brasil; 
Comissão de Valores Mobiliários; 
Superintendência de Seguros Privados; 
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional; 
Secretaria da Receita Federal; 
Subsecretaria de Inteligência do Poder Executivo; 
Departamento de Polícia Federal; e 
Ministério das Relações Exteriores. 
c) Secretaria-Executiva 
A Secretaria-Executiva é dirigida por um Secretário Executivo, nomeado pelo Ministro 
de Estado da Fazenda. Suas competências incluem o recebimento de relatos referentes a 
operações consideradas suspeitas; a solicitação de informações mantidas nos bancos de dados 
dos órgãos e entidades públicas e privadas; e a análise dos relatos, dos dados e das informações 
recebidas, além da elaboração e do arquivamento de dossiês contendo os estudos decorrentes. 
A composição do Plenário reflete a preocupação de se reforçar o caráter multidisciplinar 
do COAF, garantindo também maior celeridade ao órgão na condução de suas funções. 
 
2.8. Legislação brasileira 
 
No cumprimento de suas atribuições, o COAF já regulamentou os procedimentos da Lei 
nº 9.613/98, elaborando legislação específica para todos os setores sujeitos a sua competência. 
As demais autoridades administrativas encarregadas de promover a aplicação da Lei também 
expediram as normas pertinentes, observando as suas respectivas áreas de atuação. 
A Lei 12.683/2012, de 10 de julho de 2012, trouxe inúmeras alterações à Lei 9.613/98, 
notadamente a supressão do rol de crimes antecedentes, bem como a ampliação de agentes 
 
 
 
19 
privados na colaboração às autoridades estatais na prevenção e repressão do crime de lavagem de 
dinheiro. 
 
2.9. As modernas técnicas de investigação contra a lavagem de dinheiro 
 
Não há que se falar em modernas técnicas de investigação conta a lavagem de dinheiro 
sem mencionar a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro 
(ENCCLA), que foi instituída em 2003, sob a coordenação do Ministério da Justiça, e é formada 
por mais de 60 órgãos, dos três poderes da República, Ministérios Públicos e da sociedade civil 
que atuam, direta ou indiretamente, na prevenção e combate à corrupção e à lavagem de 
dinheiro. A Estratégia intensifica a prevenção a esses crimes porque soma a expertise de diversos 
parceiros em prol do Estado brasileiro. 
Anualmente, os órgãos participantes reúnem-se em plenária para, a partir de consenso, 
traçar as ações que serão executadas no ano seguinte. Os órgãos são divididos em grupos de 
trabalho que coordenam, ao longo do ano, a execução de cada uma das ações elegidas. 
O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional 
(DRCI/SNJ) tem por competência articular a implementação da ENCCLA e a Secretaria 
Nacional de Justiça e Cidadania coordena a Estratégia, em parceria com os demais órgãos que a 
compõem. 
Ao longo desses anos, os trabalhos desenvolvidos pela Estratégia trouxeram diversos 
resultados positivos no combate ao crime de lavagem de dinheiro e às práticas de 
corrupção. Destacam-se, dentre os resultados alcançados pela ENCCLA: 
- o Programa Nacional de Capacitação e Treinamento no Combate à Corrupção e à 
Lavagem de Dinheiro (PNLD); 
- a Rede Nacional de Laboratórios contra Lavagem de Dinheiro (Rede-LAB); 
- o Sistema de Movimentação Bancária (SIMBA); 
- a iniciativa de padronização do layout para quebra de sigilo bancário e a posterior 
criação do Cadastro Único de Correntistas do Sistema Financeiro Nacional (CCS); 
- a proposição legislativa que resultou na promulgação de leis importantes para o país, 
tais como a Lei 12.683/12, que modernizou a nossa Lei de Lavagem de Dinheiro. 
Destaque-se que as principais ferramentas de cruzamento de dados bancários e fiscais que 
auxiliam na apuração do crime de branqueamento de capitais estão presentes nos Laboratórios de 
Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro, hoje instalados ou em fase de instalação em todos os 
 
 
 
20 
Estados, seja nas Polícias Judiciárias, seja nos Ministérios Públicos. Tais ferramentas precisam 
ser conhecidas por todos os atores estatais, desde os órgãos de investigação até o órgão julgador, 
para que o combate a esse crime seja eficaz e contundente. 
 
Bibliografia 
ANSELMO, Márcia Adriano. Lavagem de Dinheiro e Cooperação Jurídica Internacional. 
São Paulo: Saraiva, 2013. 
BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de dinheiro: aspectos penais e processuais penais: 
comentários à Lei 9.613/1998, com alterações da Lei 12.683/2012. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2012. 
BOTTINI, Pierpaolo Cruz. A organização criminosa e a Lei de Lavagem de Dinheiro. 
Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-set-25/direito-defesa-
organizacao-criminosa-lei-lavagem-dinheiro>. Acesso em: 10 jan. 2016. 
BRASIL. Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF. Recomendações do 
GAFI. Disponível em: <http://www.coaf.fazenda.gov.br/downloads/40%20Recomendacoes%20-
%20GAFIFAFT. pdf>. Acesso em: 10 jan. 2016. 
BRASIL. Decreto n.° 5.015, de 12 de março de 2004. Promulga a Convenção das Nações 
Unidas contra o Crime Organizado Transnacional. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm>. Acesso em: 15 
jan. 2016. 
BRASIL. Lei n.º 12.683, de 09 de julho de 2012. Altera a Lei no 9.613, de 3 de março de 1998, 
para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12683.htm>. Acesso em: 26 
dez. 2016. 
BRASIL. Lei n.º 12.694, de 09 de julho de 2012. Dispõe sobre o processo e o julgamento 
colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas; 
altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, o Decreto-Lei no3.689, 
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e as Leis nos 9.503, de 23 de setembro de 
1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e 10.826, de 22 de dezembro de 2003; e dá outras 
providências.. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12694.htm >. 
Acesso em: 03 jan. 2016. 
 
 
 
21 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n° 4414/AL. Disponível em 
<http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/informativo667.htm>. Acesso em: 16 
jan. 2016. 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. HC nº 96.007/SP. Disponível em 
<http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/informativo670.htm>. Acesso em: 16 
jan. 2016. 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Penal n° 470/MG. Informativos 675, 676, 677, 681 
e 683. Disponível em <http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/nformativo>. 
Acesso em: 05 jan. 2016. 
CALLEGARI, André Luís. Lavagem de Dinheiro. Barueri, SP: Manole, 2004. 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes.Comentários à Lei n.° 12.683/2012, que alterou a Lei 
de Lavagem de Dinheiro. Dizer o Direito. Disponível em: <http://www.dizerodireito.com.br>. 
Acesso em: 03 jan. 2016. 
MORO, Sérgio Fernandes. Crime de Lavagem de Dinheiro. São Paulo: Saraiva, 2010. 
NAÍM, Moisés. Ilícito: o ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à 
economia global. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2006. 
PINHEIRO, Aline. Advogado pode delatar cliente, decide Corte Europeia Consultor 
Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-dez-06/advogado-obrigado-delatar-
cliente-decide-corte-europeia>. Acesso em: 19 jan. 2016. 
SMITH, Jo Durden. A História da Máfia. São Paulo: M. Books do Brasil, 2015. 
Publicações do COAF: Legislação brasileira – Lavagem de Dinheiro e Financiamento do 
Terrorismo; Casos & Casos – III Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro; 
Cartilha – Lavagem de Dinheiro – Um problema mundial; Cem casos de Lavagem de Dinheiro. 
Disponíveis em WWW.coaf.fazenda.gov.br/backup/pld-ft/publicacoes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
3. Decisões Importantes sobre Lavagem de Dinheiro 
 
Informativo STJ 569 
Sexta Turma 
DIREITO PENAL. HIPÓTESE QUE NÃO CARACTERIZA CONTINUIDADE 
DELITIVA. 
Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos 
Crimes de “Lavagem” de Dinheiro). Há continuidade delitiva, a teor do art. 71 do CP, quando 
o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica crimes da mesma espécie e, em razão 
das condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devam os delitos 
seguintes ser havidos como continuação do primeiro. Assim, não incide a regra do crime 
continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/1986 e 1º da Lei 
9.613/1998 não são da mesma espécie. REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião 
Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe 23/9/2015 
(Informativo 569). 
 
Operação Lava-jato – Conflito negativo de competência. 
PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INVESTIGAÇÕES 
DECORRENTES DA OPERAÇÃO LAVA-JATO EM DETRIMENTO DA PETROBRÁS. 
PREVENÇÃO. HC N. 145.705. CONEXÃO INTERSUBJETIVA E PROBATÓRIA. ART. 
71, § 2º, DO REGIMENTO INTERNO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RISTJ. 
1. A Terceira Seção, por unanimidade de votos, conheceu do Conflito de Competência nº 
145.705/DF e, com base na previsão do parágrafo 2º, do artigo 71, do Regimento Interno desta 
Corte e em precedente do Supremo Tribunal Federal, declarou competente o Ministro Felix 
Fischer para processar e julgar os casos decorrentes da denominada Operação Lava-Jato, "desde 
que constatados os requisitos da interligação entre os sujeitos e organizações envolvidas, além da 
vinculação probatória". 
2. Considerando que se trata do mesmo paciente que o do mencionado precedente, cujo acórdão 
é oriundo do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e decorre de investigações de atos de 
corrupção em detrimento da Petrobrás, levadas a cabo na 13ª Vara Federal de Curitiba, tenho 
como caraterizada a estreita interligação subjetiva e probatória para reconhecer a prevenção para 
o processamento e julgamento do presente recurso com os processos cujas relatorias foram 
atribuídas ao Ministro Felix Fischer. 
 
 
 
23 
3. Conflito conhecido para declarar competente o Ministro Felix Fisher, o suscitado. 
(CC 145.589/DF, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
27/04/2016, DJe 04/05/2016) 
 
Operação Lava-jato – Conflito interno de competência. 
PROCESSUAL PENAL. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA. OPERAÇÃO LAVA 
JATO. VOTO VENCEDOR. PREVENÇÃO. ESTREITO LIAME INTERSUBJETIVO E 
INSTRUMENTAL. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 71, § 2º, DO RISTJ. 
1. Há, no caso, nítida conexão a justificar o processamento e julgamento das ações e recursos 
posteriores em simultaneus processus. As peculiaridades do caso concreto impõem toda cautela 
para evitar-se a prolação de decisões contraditórias. 
2. Estreito liame tanto intersubjetivo quanto instrumental que determina a aplicação da regra do 
art. 71, § 2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça para a solução deste conflito. 
3. Conflito conhecido para declarar competente o Ministro Felix Fisher, o suscitado. 
(CC 145.705/DF, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/03/2016, DJe 
22/03/2016) 
 
Lava-jato – Critérios para definição de competência. 
CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. OPERAÇÃO "LAVA JATO". CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE 
COMPETÊNCIA NA PRIMEIRA INSTÂNCIA. PREVENÇÃO DA DÉCIMA QUARTA 
VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA/PR. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA A APRECIAÇÃO NO JUÍZO DE ORIGEM. 
RECURSO NÃO CONHECIDO. 01. Conforme precedentes desta Corte (HC 51.101/GO, Rel. 
Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 02/05/2006; HC 164.717/PR, Rel. Ministra 
Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 17/05/2012; AgRg no AREsp 218.585/AL, Rel. Ministra 
Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 20/08/2013) e do Supremo Tribunal 
Federal, "a competência ratione loci é relativa e prorrogável. [...] Não tendo a defesa alegado o 
vício no momento oportuno, nem oposto exceção de incompetência, ocorre a preclusão da 
matéria, fixando-se a competência no juízo perante em que tramita a ação penal" (RHC 
100.969/DF, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 27/04/2010; 
RHC 119.965, Rel. Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em 22/04/2014). 02. Recurso 
não conhecido. 
 
 
 
24 
(STJ - RHC: 55811 PR 2015/0014205-4, Relator: Ministro NEWTON TRISOTTO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), Data de Julgamento: 17/03/2015, T5 - 
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/03/2015) 
 
Lavagem de dinheiro – Recurso ordinário – HC. 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
OPERAÇÃO “LAVA-JATO”. LAVAGEM DE DINHEIRO. TRANCAMENTO. BIS IN IDEM. 
ALEGAÇÃO DE LITISPENDÊNCIA. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE INEQUÍVOCA ENTRE 
OS FATOS DESCRITOS NA PRIMEIRA DENÚNCIA E NA SUPERVENIENTE, A FIM DE 
SE RECONHECER A ILEGALIDADE DA SEGUNDA AÇÃO PENAL PELA PROIBIÇÃO 
DA DUPLA PERSECUÇÃO PENAL. REVOLVIMENTO DE MATERIAL FÁTICO-
PROBATÓRIO INVIÁVEL NA PRESENTE VIA. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 
I - O trancamento da ação penal constitui medida excepcional, justificada apenas quando 
comprovadas, de plano, sem necessidade de análise aprofundada de fatos e provas, a atipicidade 
da conduta, a presença de causa de extinção de punibilidade, ou a ausência de indícios mínimos 
de autoria ou prova de materialidade (precedentes). 
II - Por outro lado, a litispendência "guarda relação com a ideia de que ninguém pode ser 
processado quando está pendente de julgamento um litígio com as mesmas partes (eadem 
personae), sobre os mesmos fatos (eadem res), e com a mesma pretensão (eadem petendi), que é 
expressa por antiga máxima latina, o ne bis in idem" (HC n. 
320.626/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe de 22/6/2015). Assim, ocorrida 
tal situação, conclui-se pela ofensa ao princípio da vedação ao bis in idem, não havendo justa 
causa para o prosseguimento da ação subsequente. 
III - A resolução da controvérsia reside na definição se a conduta objeto da segunda denúncia 
pela prática do delito de lavagem de dinheiro seria ou não mero desdobramento do delitos de 
lavagem inseridos no contexto da primeira ação penal. 
IV - Na hipótese, contudo, não se verifica, de plano, a identidade dos fatosa fim de se 
reconhecer eventual litispendência entre as ações, uma vez que, do cotejo entre as denúncias 
ofertadas nas duas ações penais sob exame, não se pode concluir, inequivocamente, que o delito 
descrito na segunda seja mero exaurimento ou pós-fato impunível em relação aos delitos de 
lavagem de dinheiro inseridos no contexto da primeira ação penal, constituindo a terceira fase do 
delito de lavagem, denominada de integração. 
V - Dessarte, mostra-se prematuro o trancamento da segunda ação penal em trâmite na origem, 
haja vista a imprescindibilidade de um melhor delineamento fático a fim de se eventualmente 
acolher a tese da litispendência, exame que efetivamente será realizado em primeiro grau por 
 
 
 
25 
ocasião da sentença, e que é vedado na presente via pela necessidade de revolvimento de 
material fático-probatório (precedentes). 
Recurso ordinário desprovido. 
(RHC 68.070/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 26/04/2016, 
DJe 04/05/2016) 
 
Lava-jato. Colaboração premiada. 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO 
"LAVA-JATO". NULIDADE. INOCORRÊNCIA. INDEFERIMENTO DE ACESSO À 
INTEGRALIDADE DOS TERMOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA. RESGUARDO DE 
INVESTIGAÇÕES AINDA EM CURSO. DEPOIMENTO DE CORRÉUS COMO 
TESTEMUNHAS, UM COLABORADOR E OUTRO NÃO. POSSIBILIDADE DE 
INQUIRIÇÃO DO COLABORADOR. PREVISÃO LEGAL. TERCEIROS ACUSADOS EM 
PROCESSO DIVERSO. AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL. 
RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 
I - Tendo em vista a necessidade de se resguardar investigações ainda em curso, e considerando-
se a complexidade das investigações e ações penais decorrentes da denominada "Operação Lava-
Jato", não constitui nulidade o indeferimento do acesso do recorrente à integralidade dos termos 
de colaboração premiada de terceiro, mormente se franqueado o acesso àquilo que seria 
pertinente ao exercício do direito de defesa. 
II - O sistema processual penal brasileiro impede a oitiva de corréu na qualidade de testemunha, 
na mesma ação penal, em razão da incompatibilidade entre o direito constitucional ao silêncio e 
a obrigação de dizer a verdade imposta nos termos do Código de Processo Penal. 
III - No entanto, não há impedimento ao depoimento de colaborador como testemunha, na 
medida em que, não sendo acusado no mesmo processo em que o recorrente figure como réu, sua 
oitiva constitua verdadeira garantia de exercício da ampla defesa e do contraditório dos 
delatados, ao mesmo tempo que também consubstancia mecanismo de confirmação das 
declarações e de validação dos benefícios previstos no acordo de colaboração. 
IV - Neste sentido, ainda que sob a égide da Lei n. 9.807/1999, o Plenário do col. Supremo 
Tribunal Federal consignou que "O sistema processual brasileiro não admite a oitiva de co-réu na 
qualidade de testemunha ou, mesmo, de informante, (...) Exceção aberta para o caso de co-réu 
colaborador ou delator, a chamada delação premiada, prevista na Lei 9.807/1999" (Sétimo 
Agravo Regimental na AP n. 
 
 
 
26 
470/MG, Tribunal Pleno, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 2/10/2009), entendimento que 
deve ser reforçado se considerado o § 14 do art. 4º da Lei 12.850/2013, o qual dispõe que "Nos 
depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao 
silêncio e estará sujeito ao compromisso de dizer a verdade". 
V - Por razão semelhante, se o sistema processual penal, como regra geral, não admite a oitiva de 
corréu na qualidade de testemunha, na mesma ação penal, não há que se falar em qualquer 
ilegalidade quanto ao depoimento de Carlos Alexandre de Souza Rocha, porquanto, ainda que 
não seja colaborador, foi denunciado em processo diverso, sob outro contexto, o que permite sua 
oitiva como testemunha nos autos da ação penal em questão. 
VI - Por último, insta consignar que, em se tratando de nulidade de ato processual, e de acordo 
com o princípio pas de nullité sans grief, mostra-se imprescindível, para o reconhecimento da 
nulidade, a demonstração do prejuízo sofrido, o que inocorreu na espécie. 
Recurso ordinário desprovido. 
(RHC 67.493/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2016, 
DJe 02/05/2016). 
 
TRF 4ª Região 
Lavagem de dinheiro – Provas. 
DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que, em embargos à 
execução fiscal, assim decidiu: (...) 1. A parte embargante, na petição inicial, protestou por 
provar o alegado por "todas as provas em direito admitidas, sem exceção, o que desde já fica 
requerido, especialmente a juntada posterior de outros documentos, prova pericial e prova 
testemunhal, para o necessário deslinde da lide". Pugnou também pela intimação da parte 
embargada para juntar aos autos os documentos pertinentes aos processos administrativos e à 
inscrição em dívida ativa (evento 1 - INIC1). A parte embargada impugnou os embargos e 
requereu o depoimento pessoal da parte embargante e a oitiva de testemunhas que arrolou. 
Aduziu, ainda, pretender provar o alegado por meio dos documentos que apresentou e pelos 
anexos à petição inicial da Medida Cautelar Fiscal 5002188-15.2013.404.7003 (evento 24 - 
CONT1). (...) Defiro os requerimentos de prova oral formulados pelas partes, bem como a 
utilização, como prova emprestada, dos documentos anexos à petição inicial da Medida Cautelar 
Fiscal 5002188-15.2013.404.7003. No que tange à prova pericial, esta deve ser admitida quando 
o julgador, carecedor de conhecimentos técnicos específicos sobre a matéria a ser dirimida, 
constate a necessidade de esclarecimentos por profissional especializado. In casu, observo que as 
questões controvertidas não exigem conhecimentos técnicos especializados, sendo suficiente 
para dirimi-las a prova documental e testemunhal, revelando-se descabida a prova pericial 
 
 
 
27 
contábil requerida pela parte embargante, razão pela qual a indefiro. 2. Prevenindo, todavia, 
futura arguição de cerceamento de defesa, concedo à parte embargante o prazo de 10 dias para 
apresentação de outros documentos que entenda necessários à comprovação de seus direitos. Na 
mesma oportunidade, querendo, deverá a parte embargante juntar os autos do processo 
administrativo correlato, pois, até prova em contrário, tem livre acesso ao processo 
administrativo na repartição pública competente, inclusive para retirar fotocópias. Caso a parte 
embargada tivesse negado acesso aos documentos ou se tratasse de informações protegidas por 
sigilo, cuja obtenção necessitasse de ordem judicial, tornar-se-ia justificável a intervenção do 
juízo, o que não é a hipótese, visto não haver prova, indício ou alegação da parte embargante 
neste sentido. Portanto, entendendo a parte embargante que os autos do processo administrativo 
são necessários à demonstração do seu direito, deverá ela própria apresentá-los, visto que seu o 
ônus (art. 333, I, CPC). Juntados novos documentos pela parte embargante, intime-se a parte 
embargada para manifestação, no prazo de 10 dias. 3. Nos autos de Embargos à Execução Fiscal 
5003964-79.2015.404.7003 designei audiência de oitiva do representante legal da parte 
embargante para 11 de março de 2016, às 14 horas. Considerando que tramitam neste juízo, ao 
todo, sete embargos em face das mesmas execuções, todas vinculadas à Medida Cautelar 
5002188-15.2013.404.7003, entendo conveniente, a fim de otimizar o processamento dos feitos, 
a realização de audiências para oitiva das partes embargantes em um só dia, para os sete 
embargos, postergando a inquirição das testemunhas para momento oportuno. Assim, designo o 
dia 11 de março de 2016, às 15 horas e 30 minutos, para audiência de oitiva da parte embargante, 
aser realizada na sala de audiências da 1ª Vara Federal desta Subseção Judiciária de Maringá. 
(...) Sustenta a parte agravante, em síntese, que o depoimento pessoal da parte embargante exige 
a sua intimação, nos termos do art. 343, § 1º, do CPC. Alega que a intimação endereçada ao 
procurador regularmente constituído, para que a parte compareça na audiência de instrução, não 
supre essa exigência. Diz que deve ser deferida a perícia contábil, para comprovar a inexistência 
de qualquer vínculo ou benefício da embargante em relação às empresas executadas e aos 
tributos, bem como a ausência de qualquer benefício financeiro ou transferência bancária que 
justifique a aplicação do art. 135 do CTN. Alega que não se pode utilizar prova emprestada de 
ação criminal. Postula a concessão de efeito suspensivo. É o relatório. Decido. A concessão de 
efeito suspensivo, em matéria de agravo de instrumento, depende do preenchimento dos 
requisitos da relevância das alegações e do risco de dano irreparável ou de difícil reparação, nos 
termos do art. 558 do CPC. Passo então, à análise desses requisitos. A questão posta neste agravo 
é, aparentemente, apenas relativa à produção de provas em embargos de devedor. Contudo, uma 
cautelosa análise da questão permite verificar que, na realidade, a questão fática é bastante 
complexa. Não se trata de simples execução fiscal contra determinada empresa que foi, 
 
 
 
28 
posteriormente redirecionada por sucessão de empresas e por dissolução irregular. A contestação 
da União Federal, nos embargos do devedor nº 50039647920154047003, bem retrata a situação 
fática relativa aos devedores (evento 24, CONT1, dos referidos embargos): (...) Em 01/03/2013, 
a Fazenda Nacional ajuizou incidentalmente às execuções fiscais ora embargadas a Medida 
Cautelar Fiscal nº 5002188-15.2013.404.7003/PR, cuja petição inicial foi assim relatada por 
Vossa Excelência: "Como embasamento da pretensão, a União - Fazenda Nacional sustentou 
que: a) o requerimento de medida cautelar fiscal é um desdobramento da denominada 'Operação 
Laranja Mecânica', deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal do Brasil nos Estados do 
Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul; b) a investigação mencionada 
evidenciou a existência de um esquema fraudulento de sonegação fiscal e previdenciária, 
blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro criado e mantido por membros da família Tolardo, 
proprietários de fato de uma das maiores redes distribuidoras de autopeças do Brasil; c) 25 
empresas do denominado grupo 'Rede Presidente' acumularam dívidas junto ao Fisco Federal na 
ordem de R$ 134.000.000,00 (cento e trinta e quatro milhões de reais), motivando a montagem 
de esquema fraudulento de planejamento tributário e de blindagem patrimonial que tinha por 
objetivo afastar os verdadeiros sócios das responsabilidades tributárias e dar continuidade aos 
negócios do grupo por intermédio de cerca de 70 empresas comerciais em nome de 'laranjas' ou 
'testas-de-ferro'; d) para dissimular a expressiva movimentação financeira da organização (...). 
Evidenciado, pois, que os membros da família Tolardo, por meio da REDE PRESIDENTE de 
Auto Peças, formaram um grupo econômico de fato com abuso do instituto da personalidade 
jurídica para o fim de fraudar os direitos da Fazenda Nacional, foi deferida a medida cautelar 
fiscal liminarmente com o decreto de indisponibilidade de bens e direitos dos membros da 
família Tolardo, das pessoas jurídicas por eles utilizadas no mencionado esquema, bem como das 
pessoas físicas utilizadas como 'laranjas' para ocultar patrimônio (veículos) e dos adquirentes dos 
imóveis alienados após a deflagração da denominada 'Operação Laranja Mecânica'. Em razão 
dos mesmos fatos e fundamentos jurídicos, Vossa Excelência determinou ainda a reunião das 
execuções fiscais embargadas nos termos do art. 28 da Lei nº 6.830/1980, assim como o 
redirecionamento da cobrança com a inclusão no polo passivo de (...) Vê-se, portanto, que a 
gravidade dos fatos narrados permite concluir que a instrução dos embargos é especialmente 
relevante, sendo necessária especial cautela na apreciação dos pontos trazidos a este agravo. 
Portanto, até mesmo em consideração ao trabalho que até agora vem sido desenvolvido pelas 
partes e pelo juízo na apuração dos fatos, e tendo em vista a necessidade de uma jurisdição que 
atenda aos interesses de todas as partes, mostra-se necessário que o cumprimento da decisão 
agravada seja suspensa, ao menos até a manifestação do Colegiado acerca do mérito do recurso. 
Importante dizer que tal medida não traz qualquer prejuízo à embargada, pois nem decisão 
 
 
 
29 
agravada nem o julgamento deste recurso interferem na cobrança dos tributos, já que, de 
qualquer forma, os embargos do devedor não foram recebidos no efeito suspensivo. Ademais, 
aguardar a manifestação do Colegiado acerca da instrução pretendida pela recorrente impedirá 
futura alegação de nulidade da futura sentença de mérito dos embargos por inadequação da 
instrução do feito. Feitas essas ponderações, e prestigiando a necessidade de resguardar o 
resultado útil da decisão do Colegiado quando do julgamento definitivo deste agravo, considero 
preenchidos os requisitos do art. 558 do CPC, ainda que por razões diversas das invocadas pela 
agravante. Isso posto, defiro o pedido de efeito suspensivo, para determinar que não seja 
cumprida a decisão agravada, ao menos até futura manifestação do Colegiado. Intimem-se, sendo 
que a agravada para apresentar contrarrazões. Publique-se. Comunique-se com urgência ao MM 
Juízo a quo. (TRF4, AG 5049620-19.2015.404.0000, Primeira Turma, Relator Joel Ilan 
Paciornik, juntado aos autos em 17/12/2015) 
 
Conflito de competência – Lava-jato. 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. "OPERAÇÃO LAVA-JATO". AÇÕES CIVIS 
PÚBLICAS POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM OBJETOS E CAUSAS DE 
PEDIR AFINS, MAS NÃO IDÊNTICOS. COMPETÊNCIA. PREVENÇÃO NÃO 
CONFIGURADA. 1. No caso de ações civis públicas por improbidade administrativa, a 
modificação da competência pela prevenção é regida por regra especial, prevista nos artigos 17-§ 
5º da Lei 8.429/92 e 2º-§ único da Lei 7.347/85 (com a redação que lhes deu a Medida Provisória 
2.180-35/2001), que estabelecem como critério, para a configuração da prevenção do juízo para 
quem foi distribuída a ação mais antiga, que as ações posteriores tenham a mesma causa de pedir 
ou o mesmo objeto da primeira ação. 2. A regra especial, assim posta, é mais exigente do que 
aquela regra geral de prevenção para ações conexas disciplinada nos artigos 103 e 105 do CPC, 
que exige apenas objeto ou causa de pedir comuns (afins), mas não necessariamente idênticos. 
Ter objeto ou causa de pedir comuns ou ter os mesmos objetos ou causas de pedir são critérios 
distintos. 3. Essa maior rigidez no caso das ações de improbidade decorre da necessidade de que, 
sempre que for possível, se observe a regra do juiz natural, que é aquele a quem o processo foi 
livremente distribuído (artigos 251 a 253 do CPC), considerando a relevância constitucional 
desse tipo de ação de proteção da integridade da coisa pública (artigo 37-§§ 4º e 5º da CF). Essa 
previsão constitucional específica basta para justificar um tratamento legal diferenciado em 
termos de regras de prevenção. 4. No caso concreto, nem os objetos nem as causas de pedir das 
ações em debate são idênticos, pois os fatos tratados em cada ação são diversos, assim como são 
diversos os contratos examinados e as respectivas partes contratantes. A afinidade meramente 
acidental, casual, entre as ações não justifica a reunião dos processos, seja porque não há risco de 
 
 
 
30 
decisões lógica ou juridicamente contraditórias, seja porquea comunhão da prova é apenas 
parcial, sem que se tenham ganhos relevantes que justifiquem a reunião dos processos, com a 
quebra dos respectivos juízos naturais determinados pela livre distribuição. 5. Competência 
firmada do juízo suscitado, para quem a ação fora distribuída livremente. (TRF4 5007894-
65.2015.404.0000, Segunda Seção, Relator p/ Acórdão Candido Alfredo Silva Leal Junior, 
juntado aos autos em 14/04/2015 
 
Lavagem de dinheiro – Prisão preventiva. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO 
NACIONAL. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. LAVAGEM DE DINHEIRO. PRISÃO 
PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS E REQUISITOS. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. LÍDER DO ESQUEMA CRIMINOSO. SUBSTITUIÇÃO. 
MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. DESCABIMENTO. REITERAÇÃO DE 
HABEAS CORPUS ANTERIOR. EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. 1. Hipótese em 
que o paciente encontra-se preso preventivamente por decisão fundamentada, já analisada e 
mantida por esta Corte em impetração anterior, diante da existência de elementos concretos 
acerca dos riscos à ordem pública e à aplicação da lei penal. Examinado o conjunto probatório, o 
Colegiado entendeu que a prisão do paciente era essencial para a desestruturação do esquema 
criminoso e para evitar a reiteração delitiva, bem como em razão da ausência de comprovação de 
atividade lícita, sobretudo a corroborar o alto padrão de vida demonstrado durante o período em 
que foi investigado e à falta de comprovação acerca da alegada residência fixa no distrito da 
culpa, tendo a autoridade policial apontado concretos indícios de intenção de fuga do réu para o 
exterior. 2. A necessidade da prisão cautelar para garantia da ordem pública subsiste em relação 
ao paciente, haja vista que se mostra essencial para a desestruturação do esquema criminoso e 
para evitar a reiteração delitiva 3. O excesso de prazo no curso da ação penal só pode ser 
reconhecido quando a demora for injustificada, impondo-se a adoção de critério de razoabilidade 
no exame da ocorrência de eventual constrangimento ilegal. (TRF4, HC 5022476-
07.2014.404.0000, Sétima Turma, Relator p/ Acórdão Márcio Antônio Rocha, juntado aos autos 
em 02/10/2014) 
 
 
N. 245/2015/VPGR-EWC 
 
SINDICÂNCIA N. 456/DF 
REQUERENTE : JUSTIÇA PÚBLICA 
REQUERIDO : EM APURAÇÃO 
 
 
 
31 
RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO - CORTE ESPECIAL 
PENAL. GOVERNADORES. CRIMES 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E 
LAVAGEM DE BENS, DIREITOS E 
VALORES. TERMOS DE DECLARAÇÃO COLHIDOS 
EM ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA. 
INDÍCIOS DE CRIMES. 
Acordos de colaboração premiada celebrados no decorrer da 
chamada “Operação Lava Jato”, conjunto de investigações e 
ações penais que tratam de crimes de corrupção de agentes 
públicos e lavagem de ativos relacionados à sociedade de 
economia mista federal Petróleo Brasileiro S/A – 
PETROBRAS, e homologados pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
Indícios de crimes de corrupção passiva e lavagem de ativos 
praticados por governadores e outros, cujas circunstâncias 
ainda dependem de apuração. 
Manifestação pela instauração de inquéritos e 
desmembramento em autos correspondentes. 
Senhor Ministro, 
Cuida-se de expediente contendo depoimentos colhidos 
junto a Paulo Roberto Costa (f. 89-104) e Alberto Youssef (f. 109-124) no âmbito de acordos de 
delação premiada celebrados com o Ministério Público Federal e homologados pelo Supremo 
Tribunal Federal, que contêm indícios de crimes de corrupção passiva e lavagem de ativos 
praticados por LUIZ FERNANDO DE SOUZA, governador do Rio de Janeiro, além de outros, e 
de SEBASTIÃO AFONSO VIANA MACEDO NEVES, governador do Acre, em circunstâncias 
distintas, que ainda precisam ser melhor detalhadas. 
– Contextualização dos fatos no âmbito da chamada “Operação Lava 
Jato” 
2. A intitulada “Operação Lava Jato” desvendou um grande ajuste criminoso relacionado a 
corrupção de agentes públicos e de lavagem de bens, direitos e valores relacionados à sociedade 
de economia mista federal Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS. A operação assim 
denominada abrange, na realidade, um conjunto diversificado de investigações e ações penais 
vinculadas à 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, em Curitiba. 
 
 
 
32 
3. Inicialmente, procurava-se apurar atos de lavagem de ativos1 praticada pelo ex-Deputado 
Federal José Mohamed Janene, o doleiro Carlos Habib Chater e as empresas CSA Project 
Finance Ltda. e Dunel Industria e Comercio Ltda. Essa apuração resultou no ajuizamento da 
ação penal n. 5047229-77.2014.404.7000. 
4. A investigação inicial foi, a seu tempo, ampliada para alcançar a atuação de diversos 
outros doleiros, revelando a ação de distintos grupos criminosos. Esses doleiros relacionavam-se 
entre si para o desenvolvimento das atividades ilícitas. Formavam, todavia, grupos autônomos e 
independentes, mas com alianças ocasionais. Isso deu origem a quatro operações, que acabaram, 
em seu conjunto, por ser conhecidas como “Operação Lava Jato”: 
a) Operação Lava Jato (propriamente dita), referente às atividades do doleiro Carlos 
Habib Chater, denunciado nos autos n. 5025687- 
03.2014.404.7000 e n. 5001438- 85.2014.404.7000 ; 
b) Operação Bidone, referente às atividades do doleiro Alberto Youssef, denunciado nos 
autos n. 5025699-17.2014.404.7000, além de outros; 
c) Operação Dolce Vitta I e II, referente às atividades da doleira 
Nelma Mitsue Penasso Kodama, denunciada nos autos n. 5026243- 
05.2014.404.7000; 
d) Operação Casa Blanca, referente às atividades do doleiro Raul Henrique Srour, 
denunciado nos autos n. 025692- 25.2014.404.7000. 
5. No decorrer das investigações sobre lavagem de ativos, foram detectados elementos de 
ocultação de recursos provenientes de crimes de corrupção praticados na PETROBRAS. O 
aprofundamento das apurações conduziu a indícios de que, no mínimo entre os anos de 2004 e 
2012, as diretorias da sociedade de economia mista estavam divididas entre partidos políticos, 
que eram responsáveis pela indicação e manutenção de seus respectivos diretores. 
6. Por outro lado, apurou-se que as empresas que possuíam contratos com a PETROBRAS, 
notadamente as maiores construtoras 
brasileiras, criaram um cartel, que passou a atuar de maneira mais efetiva a partir de 2004. Esse 
cartel era formado, dentre outras, pelas empreiteiras 
GALVÃO ENGENHARIA, ODEBRECHT, UTC, CAMARGO CORRÊA, 
 
1
 Expressão doutrinariamente utilizada para se referir ao crime de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e 
valores, previsto na Lei 9.613/98. 
 
 
 
33 
TECHINT, ANDRADE GUTIERREZ, MENDES JÚNIOR, PROMON, 
MPE, SKANSKA, QUEIROZ GALVÃO, IESA, ENGEVIX, SETAL, 
GDK e OAS. Eventualmente, participavam dos ajustes as empresas 
ALUSA, FIDENS, JARAGUÁ EQUIPAMENTOS, TOME ENGENHARIA, CONSTRUCAP e 
CARIOCA ENGENHARIA. 
7. Especialmente a partir de 2004, essas sociedades passaram a dividir entre si as obras da 
PETROBRAS, evitando que outras empresas não participantes do cartel fossem convidadas para 
os correspondentes processos seletivos. Referido cartel atuou ao longo de anos, de maneira 
organizada, inclusive com “regras” previamente estabelecidas, semelhantes ao regulamento de 
um campeonato de futebol. Havia, ainda, a repartição das obras ao modo da distribuição de 
prêmios de um bingo. Assim, antes do início do certame, já se sabia qual seria a ganhadora, eis 
que as demais empresas apresentavam propostas em valores maiores do que aqueles 
apresentados pela empresa vencedora, apenas para dar aparência de legalidade ao certame, em 
flagrante ofensa à Lei de Licitações. 
8. Para garantir a manutenção do cartel, era relevante a cooptação

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